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É inegável que hoje o WhatsApp é o aplicativo de mensagens mais usado do mundo.

No Brasil o
número de usuários é de aproximadamente 120 milhões, mais de 50% da população.
Devido a sua facilidade de envio de mensagens, áudios, vídeos e outros arquivos o WhatsApp é
uma ferramenta extremamente útil. Em época de eleição, quando usado com sabedoria e
moderação, pode ser uma ferramenta extremamente importante para a vitória, podendo ser usada
desde marketing até em esclarecimento de dúvidas e evitar a disseminação de notícias falsas.

Por que usar o WhatsApp?


Os meios virtuais, seja em redes sociais ou por aplicativo de mensagem, não são apenas marketing,
são ferramentas extremamente úteis para gerar fidelidade, principalmente para cargos políticos mais
baixos.
Não quero causar discórdia, apenas falo o que convivo e que sei que quem está lendo isso já se
deparou. Quanto mais alto o cargo maior importância damos a ele, por exemplo, um eleitor tem
noção de quem são seus candidatos a presidente ou a prefeito, a medida que esses cargos vão
diminuindo, dá-se menos importância, como para vereador ou deputado. Como mostrava pesquisa
do Datafolha de 2014, em que a um mês das eleições, 7% não sabiam quem escolher para
presidente, enquanto 72% não sabiam quem escolher para deputado federal e 60% para estadual.
Um bom contra-argumento é o de que faltava ainda um mês, mas esse não é o ponto que quero
chegar, o que quero mostrar é que, quanto menor o cargo político maior deve ser seu engajamento
social, pois o eleito dará menos importância e por isso se deve cativá-lo.

Como usá-lo
Gosto de usar uma história como exemplo, uma história bem cotidiana de dois em dois anos:
Você está na sua casa, então batem na sua porta. Ao abrir você se depara com um dos
candidatos a presidência da república, então vocês conversam por um tempo e logo ele
vai para outra casa. Vamos considerar que você seja uma pessoa de "sorte" e bata na sua
porta ao longo da semana mais dois candidatos a presidência. Bem, até a época da
eleição você verá o rosto, o número, os slogans e tudo mais de todos os candidatos a
presidência por um bom tempo e, segundo seus critérios, você decidirá o que fazer.
Agora vamos aos deputados... bem, se três candidatos a presidente bateram na sua porta
durante a semana, não espere menos que cinco deputados, tanto estadual ou federal
bateram também...

Mesmo que na sua casa não bata cinco deputados, o eleitor verá por mais de um mês muitas opções
de deputados e senadores, e, como mostrou um artigo da Scientific American, quando se tem muitas
opções de escolhas se escolhe ou entre a pior ou não se escolhe nenhuma.
Portanto, entre muitas opções que aparecerão aos eleitores, o candidato deve se destacar, deve ser o
mais visto, enfim, deve ser a única escolha para o eleitor. Assim, quando ele for a urna ele não
votará no primeiro que lhe derem um "santinho", mas sim que ele vá votar com um número na
cabeça. Como se fará isso usando o WhatsApp é o que falarei adiante.
Tenha uma relação com seu eleitor
Pegue o número dele
Para começar sua lista de contatos inicialmente deve-se pegar o número, obviamente, e há dois
motivos para você pegar o número pessoalmente:
• O primeiro motivo é devido a lei que proíbe o uso de banco de dados de empresas, assim
sendo deve-se montar uma lista orgânica.
• O segundo motivo é para criar laços com o eleitor. Portanto, converse com seu eleitor ou
alguém da equipe que tenha bom carisma e, no final, pergunte se ele deseja receber
mensagens e se manter informado, então pegue o número e comece seu banco de dados.
Um detalhe importante é ao salvar o nome, o salve como nesse modelo: "data, nome, cidade". Ex:
"24/07, João, São Paulo", a medida que o texto vai seguindo explicarei o porquê disso.
Apenas lembrando que a lei diz que se a pessoa pedir para sair da lista ela deve ser removida,
senão você poderá ser denunciado.

Entre em contato
Após pegar o número o que deve ser feito? Deve manter o eleitor entretido até as urnas, por isso
monte uma equipe, pode ser uma pessoa caso seja um banco de dados pequeno e a medida que ele
for crescendo aumente a equipe e, se possível, para evitar sobrecargas, arranje um celular para cada
membro. Durante a campanha recomendo que sejam pessoas físicas respondendo, pois o objetivo é
gerar interação.
#1 - Como devem ser as mensagens padronizadas?
Mande a primeira mensagem de boas vindas contando uma breve biografia e agradecendo por
participar da lista, nada de "textão", e no fim da biografia fale que ele ("eu") (use a primeira pessoa
ao escrever) está disponível para conversar e que o manterá informado durante o trajeto da
campanha.
As mensagens padronizadas devem ser personalizas, no sentido de, lembra-se que foram salvos os
contatos com o nome da cidade no final? Pois bem, caso seja um candidato buscando a reeleição
mande mensagens, com textos em primeiro pessoa e que não sejam técnicos sobre a cidade do
eleitor. Com isso, evite os que vemos em muitos Facebook: "hoje o deputado, por meio de emenda
parlamentar, destinou 100 mil...". Ao invés escreva algo que faça o eleitor gostar, entender e se
entreter: "quando visitei a cidade de X pela primeira vez, há 4 anos atrás, me senti em casa, uma
cidade bem assim... mesmo não indo muitas vezes não a esqueço, por isso sempre a apoiando
com...". Faça esses textos como legenda de uma foto ou manda uma fotos logo após, nada de
mandar um álbum. Caso seja a primeira vez concorrendo faça textos genéricos de sua vida e seus
feitos (com moderação, senão parecerá que estará se exibindo), também use os feitos de seus
apoiadores.
#2 - Responda as mensagens de WhatsApp
É por isso que deve ser pessoas físicas, pois, em algum momento alguém irá responder alguma
mensagem sua ou irá tirar alguma dúvida. Por isso, antes de iniciar as conversas com seu eleitor nos
meios virtuais, antes peça para que os responsáveis pela comunicação faça uma entrevista sobre seu
posicionamento sobre as mais diversas questões desde simples, como "você é a favor da lei X?" a
questões mais polêmicas como "você é a favor da união gay?", assim, sabendo o posicionamento do
candidato dê as respostas e já chamando pelo nome (salvo nos contatos): "Seu João, desde que era
pequeno meus pais me ensinaram.... por isso sou a favor da lei X porque ela irá melhorar..." Assim,
sempre converse com seu eleitor. Ao terminar esse textão, finalize perguntando se ele quer saber de
algo mais.
E se você receber um maravilhoso gif de "Bom Dia"? Responda-o também, faça o eleitor se sentir
especial, se faça presente: "Bom dia dona Rosalinda, um ótimo dia para a senhora também".
E se ele xingar? Ai irá de você, se for uma ofensa direta, te acusando de algo, te xingando na cara
dura, o bloqueie e apague o contato, afinal ele não se converterá num futuro eleitor. Mas quando for
algo do tipo "Poxa seu X, eu iria votar no senhor, mas ouvir que o senhor é um péssimo caráter" e
então comece conversar, vai puxando conversa e esclareça. E sempre análise se alguma dessas
mensagens pode ser usada a seu favor.
A interação com o eleitor é o ponto fundamental no WhatsApp, eu diria a base de sustentação, creio
que para isso unicamente que servirá as redes sociais nas eleições por alguns anos, pois, quantos
políticos você vê "conversando" livremente com o eleitor?
Além de gerar uma intimidade a conversa poderá gerar militantes físicos e virtuais, assim, quando
disseminarem algo sobre você na mídia você terá um pequeno exercito para lhe apoiar.
#3 - Não fuja da personalidade do candidato
Provavelmente quem irá responder as mensagens não será o candidato, por isso se deve tomar
cuidado.
É evidente que cada pessoa possui sua personalidade e não é por isso que se deve responder do jeito
que bem entender, senão pode causar um certo desconforto. Imagine que o candidato conversou
com o eleitor do jeito dele, que seria um "juridiquês", então quando se manda a mensagem se usa
alguns "pq", "pra", "oc"... Isso gera uma quebra de expectiva.
Por isso se seu candidato é descontraído use as abreviações (com moderação) e seja descontraído;
se ele for religioso, seja religioso; preste atenção em como o candidato fala e age para imitá-lo.
Mas também quem está sobre o controle do WhatsApp deve fazer o melhor para manter o contato
entretido, por exemplo. Imagine que pessoalmente o candidato seja um "brutamontes", no sentido
de a pessoa fazer uma pergunta de umas 10 linhas e ele responder só um "sim" ou "não". Então
quem está sobre o controle do WhatsApp deve incorporar a personalidade do candidato, eliminar as
partes ruins e ser carismático ao mesmo tempo, por exemplo, o eleitor pergunta: "você é a favor de
internet grátis nos ambientes públicos?
Candidato: "Sim"
Como fazer no WhatsApp: "Sou sim, isso deve ser feito! Lutarei para tornar isso realidade! É
essencial, algo tão importe não pode ser privado das pessoas!"
É um exemplo sem muita lapidação, mas que dá para entender de como se adaptar para atender
melhor ao eleitor sem quebrar a expectativa dele.
#4 - Com que frequência mandar as mensagens
As mensagens e perguntas que forem enviadas pelos eleitores, sempre as responda dentro do
horário de trabalho.
As padronizadas devem ser enviadas a todos da sua lista de transmissão por um período de no
mínimo uma vez por semana e no máximo por 10 dias, pois a época da campanha é curta, mas
também não se pode mandar a toda hora nem se pode mandar muito pouco. Assim, com um período
adequado, a pessoa verá sua mensagem e terá menos chance de te bloquear.
Para controlar essas mensagens é por isso que salvamos a data, pois, se eu sei que eu adicionei
aquele contato dia 24/07, todos os salvos com essa data eu enviarei mensagem novamente dia
31/07, senão ficará desorganizado e um contato que salvei dia 28 receberá duas ou três mensagens
em menos de uma semana.

Intensifique as mensagens nos últimos dias


Mesmo fazendo tudo isso ainda não é garantia de que eles irão votar no candidato, pois, como disse,
são muitas as opções, o que se fez até o momento não foi pedir votos, mas sim criar laços. Nos
últimos quatro dias (que é quando o eleitor percebe que precisa, além do presidente ou prefeito,
escolher um outro candidato) é preciso intensificar as mensagens, ai sim pedindo voto. Quando falo
em intensificar não é enviar mensagem a cada hora, mas sim uma no quarto dia, uma no terceiro
dia, uma no segundo dia e, por último, no sábado antes da eleição mande uma de dia e uma de noite,
na faixa das oito até as dez da noite, essa será a última mensagem. Essa última será a principal que,
ao acordar de manhã, ele possa ver o candidato. Assim, caso ele ainda esteja indeciso, depois de
você estar presente na vida dele por aproximadamente um mês ele possa votar com o número
definido.

O que não fazer no WhatsApp


Um político diferenciado já será aquele que não fizer o que muitos farão nas campanhas que vem e
nas que virão:

Não faça grupos


Além de ser algo chato (muitos silenciam os grupos), se for mandada muitas mensagens, seja por
você ou pelos membros, poucos lerão, pois só passarão para a última mensagem e fecham o grupo
(que atire a primeira pedra quem nunca fez isso); se for poucas mensagens será um grupo chato.
Nem se achar um meio termo ainda corre todos os riscos acima e a chance das pessoas saírem do
grupo é muito grande.

Não envie mensagem a toda hora


Não importa se durante toda a semana o candidato fez feitos surpreendentes, compartilhe-os nas
redes sociais, mas não saia contando cada acontecimento por dia no WhatsApp, isso é bastante
cansativo e tem grande chance da pessoa pedir para ser descadastrada ou te bloquear. Pois o
WhatsApp não é uma rede SOCIAL, mas sim um aplicativo de mensagens.
Envie mensagens não padronizadas com algum acontecimento se tiver algum contato que já se
tenha uma boa intimidade, fazendo algo como: "Boa tarde dona Joana, lembra-se que há alguns dias
perguntou se eu era a favor disso? olha essa foto que fiz lembrando dessa nossa conversa"

Mensagem final
Irei direto ao ponto, o WhatsApp poderá ou não ser um fator decisivo na campanha. Explicarei.
Em cidades pequenas, onde poucos fazem campanha, comumente se tem dois ou três candidatos
predominantes e isso facilitará a decisão do eleitor, por se fazer como na televisão um marketing
repetitivo. Assim, em cidade menores e com poucos candidatos os meios tradicionais como o porta-
a-porta, os carros de som, as carreatas, em suma, o meio físico ainda é o principal, mesmo que se
use os meios digitais ainda não será um fator de decisão, mas poderá ajudar a manter o eleitorado,
como no caso de deputados que não vão muito para alguma cidade.
Já em cidades maiores ou onde há mais candidatos na disputa, os meios digitais será o maior
diferencial, pois nesses meios que o eleitor conhecerá melhor o candidato e, se tiver um número de
WhatsApp poderá ganhar mais um eleitor.
Em outros artigos falarei como usar o WhatsApp após a campanha e também como usar as redes
sociais durante e após a campanha também.

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