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ARTIGO ORIGINAL

As redes de atenção à saúde


Health care networks
Eugênio V ilaça Mendes

RESU M O

A transição dem ográfica e epidem iológica resultante do envelhecim ento e do aum ento D outor em O dontologia,E specialista em Planejam ento de
Saúde
da expectativa de vida significa crescente increm ento relativo das condições crônicas.
A crise contem porânea dos sistem as de saúde caracteriza-se pela organização da aten-
ção em sistem as fragm entados voltados para a atenção às condições agudas,apesar da
prevalência de condições crônicas,e pela estrutura hierárquica e sem com unicação
fluida entre os diferentes níveis de atenção.O perfil da situação de saúde do B rasil é
de tripla carga de doenças,pela presença concom itante das doenças infecciosas e
carenciais,das causas externas e das doenças crônicas.A solução para o SU S consiste
em restabelecer a coerência entre a situação de saúde de tripla carga de doenças e o
sistem a de atenção à saúde em prática,pela im plantação de redes de atenção à saúde.
A dota-se com o princípio que cada nível de atenção deva operar de form a cooperativa
e interdependente.O s elem entos constitutivos das redes são: a população,a estrutura
operacional e o m odelo de atenção à saúde.C onclui-se que há evidências na literatura
internacional sobre as redes de atenção à saúde de que essas redes podem m elhorar
a qualidade clínica,os resultados sanitários e a satisfação dos usuários e reduzir os
custos dos sistem as de atenção à saúde.
Palavras-chave: A ssistência Integral à Saúde; Transição D em ográfica; Transição Epide-
m iológica; D oença C rônica.

ABSTRACT

The demographic and epidemiologic transition resulting from aging and the life
expectation increase mean increasing increment related to the chronic conditions. The
healthcare systems contemporary crises is characterized by the organization of the fo-
cus on fragmented systems turned to the acute conditions care, in spite of the chronic
conditions prevalence, and by the hierarchical structure without communication flow
among the different healthcare levels . Brazil healthcare situation profile is that of
the triple diseases load, due to the concomitant presence of infectious diseases and
needs, external causes and chronic diseases. The solution for SUS is to restore the
consistence between the diseases triple load on the healthcare situation and the cur-
rent system of healthcare practice, with the implantation of healthcare networks. The
adopted principle is that each level should operate under the cooperative and interde-
pendent form. The networks constitution elements are: the population, the operational
structure and the health care model. The conclusion is that there are evidences in the
international literature on health care networks that these networks may improve the
clinical quality, the sanitation results and the users’ satisfaction and the reduction of Endereço para correspondência:
Eugênio V ilaça Mendes
the healthcare systems costs. Rua do O uro,1.920/601 B
B elo H orizonte – MG
Key words: Comprehensive Health Care; Demographic Transition; Health Transition; C EP 30210.90
Chronic Disease. E -m ail: eugenio.bhz@ terra.com .br

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A s redes de atenção à saúde

O P R O B LEM A transm issíveis e não -transm issíveis. Essa tipologia


é largam ente utilizada,em especial pela epidem io -
O s sistem as de atenção à saúde são respostas logia.É verdade que essa tipologia tem sido m uito
sociais deliberadas às necessidades de saúde da útil nos estudos epidem iológicos, m as, por outro
população.O B rasil vive um a situação de saúde que lado, ela não se presta para referenciar a organi-
se expressa em um a transição dem ográfica acele- zação dos sistem as de atenção à saúde. A razão é
rada e um a transição epidem iológica singular,com sim ples: do ponto de vista da resposta social aos
forte predom ínio relativo das condições crônicas. problem as de saúde – o objeto dos sistem as de
Essa situação de saúde não pode ser respondida atenção à saúde – certas doenças transm issíveis,
adequadam ente com sistem as de atenção à saúde pelo longo período de seu curso natural, estão
fragm entados e voltados para a atenção às condições m ais próxim as da lógica de enfrentam ento das do -
agudas.Esse é o problem a fundam ental dos sistem as enças crônicas que das doenças transm issíveis de
de atenção à saúde em todos os países do m undo e curso rápido. Por isso, tem sido considerada um a
não pode ser solucionado fazendo m ais do m esm o.É nova categorização,com base no conceito de con-
preciso um a m udança radical nesses sistem as.1 dição de saúde.4,5
Essa m udança im plica o restabelecim ento da A s condições de saúde podem ser definidas
coerência entre a situação e o sistem a de atenção com o as circunstâncias na saúde das pessoas
à saúde por m eio da construção social das redes que se apresentam de form a m ais ou m enos per-
de atenção à saúde. sistente e que exigem respostas sociais – reativas
ou pró -ativas; eventuais ou contínuas; e fragm en-
tadas ou integradas – dos sistem as de atenção à
A S IT U A Ç Ã O D E S A Ú D E N O B R A S IL saúde.A s condições de saúde têm sido divididas
em agudas e crônicas. A s condições agudas, em
O B rasil vive um a transição dem ográfica ace- geral, apresentam curso de curta duração e ten-
lerada. A população brasileira, apesar de baixas dem a se autolim itar; ao contrário, as condições
taxas de fecundidade,vai continuar crescendo nas crônicas têm um período de duração m ais ou
próxim as décadas, com o resultado dos padrões m enos longo e, nos casos de doenças crônicas,
de fecundidade anteriores. Mas, m anifesta-se um tendem a se apresentar de form a definitiva e per-
envelhecim ento da população em decorrência da m anente.A s condições agudas,em geral,são m a-
queda da fecundidade e do aum ento da expecta- nifestações de doenças transm issíveis de curso
tiva de vida. O percentual de jovens de zero a 14 curto, com o dengue, am igdalite, febre am arela e
anos,que era de 42% em 1960 passou para 30% em outras ou de causas externas, com o os traum as.
2000, deverá cair para 18% em 2050. D iversam en- A s doenças transm issíveis de curso longo, com o
te, o percentual de pessoas idosas m aiores de 65 tuberculose, hanseníase e H IV/A ID S, são consi-
anos, que era de 2,7% em 1960, passou para 5,4% deradas condições crônicas porque seu enfren-
em 2000 e alcançará 19% em 2050, superando o tam ento pelo sistem a de atenção à saúde exige
núm ero de jovens.2 respostas pró -ativas e contínuas. A s condições
U m a população em processo rápido de enve- crônicas vão, portanto, m uito além das doenças
lhecim ento significa crescente increm ento relativo crônicas (diabetes, doença cardiovascular, cân-
das condições crônicas porque as doenças crôni- cer, doença respiratória crônica, etc.) ao envol-
cas afetam m ais os segm entos de m aior idade. O s verem doenças infecciosas persistentes (hanse-
dados da Pesquisa N acional de A m ostra D om ici- níase, tuberculose, H IV/A ID S, tracom a, hepatites
liar do IB GE m ostram que 77,6% dos brasileiros de virais,etc.); condições ligadas à m aternidade e ao
m ais de 65 anos de idade relataram ser portadores período perinatal (acom panham ento das gestan-
de doenças crônicas,um terço deles com m ais de tes e atenção ao parto,às puérperas e aos recém -
um a doença crônica.3 natos); condições ligadas à m anutenção da saúde
A análise epidem iológica m ostra um a form a de por ciclos de vida (puericultura, herbicultura e
transição singular. m onitoram ento da capacidade funcional dos ido -
Tradicionalm ente,trabalha-se,na análise de si- sos); distúrbios m entais de longo prazo; deficiên-
tuação de saúde, com um a divisão entre doenças cias físicas e estruturais contínuas (am putações,

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cegueiras,deficiências m otoras persistentes,etc.); riscos,com o o tabagism o,o sobrepeso e a obesida-


e doenças bucais. de,a inatividade física,o estresse e a alim entação
U m a análise da m ortalidade no país indica que, inadequada; e o forte crescim ento da violência e
em 1930, as doenças infecciosas respondiam por das causas externas.9
46% das m ortes e que este valor decresceu para Essa situação de saúde de tripla carga de doen-
próxim o de 5% em 2000; ao m esm o tem po, as do - ça, com predom ínio das condições crônicas não
enças cardiovasculares, que representavam em pode ser enfrentada com sucesso por sistem as de
torno de 12% das m ortes em 1930, responderam , atenção à saúde fragm entados e voltados para a
em 2000,por quase 30% de todos os óbitos6.A m or- atenção às condições agudas.
talidade proporcional, em 2004, foi determ inada
em 9,3% pelas doenças infecciosas e nutricionais; O S S IS T E M A S F R A G M E N T A D O S D E A T E N Ç Ã O
em 11,3% por causas externas; em 3,2% por cau- À SAÚDE
sas m aternas e perinatais; em 62,8% por doenças
não -transm issíveis; e em 13,4% por causas m al
definidas. Isso significa que, som ando -se as cau- A transição da situação de saúde, juntam ente
sas m aternas e perinatais e as doenças crônicas, com outros fatores com o o desenvolvim ento cientí-
66,0% das m ortes ocorridas em 2004 foram por fico,tecnológico e econôm ico,determ ina a fase de
condições crônicas. D o ponto de vista da m orbi- m udança da atenção à saúde. Por essa razão, em
dade hospitalar, no ano de 2005, das prim eiras 15 qualquer tem po e em qualquer sociedade, deve
causas de internações pelo SU S, nove foram por haver coerência entre a situação e o sistem a de
condições crônicas.7 atenção à saúde. Q uando essa coerência se rom -
A análise da carga de doença,m edida em anos pe,com o ocorre,neste m om ento,em escala global
de vida perdidos ajustados por incapacidade, de- e no B rasil, instala-se um a crise nos sistem as de
m onstra que 14,7% dessa carga são por doenças atenção à saúde.
infecciosas, parasitárias e desnutrição; 10,2% por A crise contem porânea dos sistem as de aten-
causas externas; 8,8% por condições m aternas e ção à saúde reflete o desencontro entre um a situa-
perinatais; e 66,3% por doenças crônicas.8 O som a- ção epidem iológica dom inada relativam ente pelas
tório das suas últim as,que são condições crônicas, condições crônicas – nos países desenvolvidos de
revela que 75% da carga de doença no país são de- form a m ais definitiva e no B rasil pela situação de
term inados por condições crônicas. tripla carga de doenças – e um sistem a de atenção
A situação epidem iológica brasileira distancia- à saúde voltado para responder às condições agu-
se da transição epidem iológica clássica om ram ia- das. Isso não está dando certo nos países desen-
na, observada nos países desenvolvidos. Ela se volvidos,logo,não dará certo no nosso país.
define por alguns atributos fundam entais: a super- H am 10 faz um a análise histórica dos sistem as
posição de etapas,com a persistência concom itan- de atenção à saúde, m ostrando que até a prim ei-
te das doenças infecciosas e carenciais e das con- ra m etade do século X X,eles se voltavam para as
dições crônicas; as contratransições, m ovim entos doenças infecciosas e, na segunda m etade desse
de ressurgim ento de doenças que se acreditavam século, para as condições agudas. E afirm a que
superadas, as reem ergências de doenças com o a neste início de século X X I,os sistem as de atenção
dengue e febre am arela; a transição prolongada, à saúde devem ser reform ados profundam ente
a falta de resolução da transição num sentido de- para darem conta da atenção às condições crô -
finitivo; a polarização epidem iológica, representa- nicas.O autor resum e as razões num a citação: “O
da pela agudização das desigualdades sociais em paradigm a predom inante da doença aguda é um
m atéria de saúde; e o surgim ento das novas doen- anacronism o.Ele foi form atado pela noção do sé-
ças ou enferm idades em ergentes.4 Essa com plexa culo X IX da doença com o um a ruptura de um es-
situação tem sido definida,recentem ente,com o tri- tado norm al,determ inada por um agente externo
pla carga de doenças porque envolve, ao m esm o ou por um traum a... Sob esse m odelo a atenção
tem po: um a agenda não concluída de infecções, à condição aguda é o que enfrenta diretam ente
desnutrição e problem as de saúde reprodutiva; o a am eaça... D e fato, a epidem iologia m oderna
desafio das doenças crônicas e de seus fatores de m ostra que os problem as de saúde prevalecentes

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hoje, definidos em term os de im pactos sanitários 50% dos portadores estão diagnosticados,30% não
e econôm icos,giram em torno das condições crô - estão controlados, 35% desenvolvem nefropatias e
nicas”. N a m esm a linha, a O rganização Mundial 58% doenças cardiovasculares,pouco m ais de 50%
da Saúde4 enfatiza que o paradigm a do enfoque realizam o exam e oftalm ológico de rotina e a carga
agudo é dom inante e, no m om ento, prepondera econôm ica da doença é de 90 bilhões de dólares
em m eio aos tom adores de decisão,trabalhadores anuais.Em relação à hipertensão arterial,som ente
da saúde, adm inistradores e pacientes. Para lidar 15 a 24% têm a hipertensão controlada,27 a 41% não
com a ascensão das condições crônicas,é im pres- sabem que têm hipertensão e 17 a 19% não aderem
cindível que os sistem as de atenção à saúde trans- aos tratam entos recom endados.13 E a terceira causa
ponham esse m odelo predom inante.A atenção às de m ortes no país são as iatrogenias m édicas,o que
condições agudas será sem pre necessária, pois pode alcançar,a cada ano,40 a 98 m il m ortes.1
a m aior parte delas surge em função de agudiza-
ções de condições crônicas; contudo,os sistem as
de atenção à saúde devem adotar o conceito de A S RED ES D E ATEN ÇÃ O À SA Ú D E
cuidados inovadores para as condições crônicas.
U m a observação dos sistem as de atenção à saú- A solução do problem a fundam ental do SU S
de, num a perspectiva internacional, m ostra que consiste em restabelecer a coerência entre a si-
eles são dom inados pelos sistem as fragm entados tuação de saúde de tripla carga de doenças com
voltados para a atenção às condições agudas e que predom inância de condições crônicas e o sistem a
se (des)organizam a partir de um conjunto de pon- de atenção à saúde. Isso vai exigir m udanças pro -
tos de atenção à saúde isolados,sem com unicação fundas que perm itam superar o sistem a fragm en-
entre eles e, por conseqüência, são incapazes de tado vigente a partir da im plantação de redes de
prestar atenção contínua à população. Em geral, atenção à saúde.
não há um a população adscrita de responsabiliza-
ção, o que im possibilita a gestão baseada na po -
pulação. N eles, a atenção prim ária à saúde não se O conceito de redes de atenção à saúde
com unica fluidam ente com a atenção secundária e
esses dois níveis tam bém não se com unicam com A s redes de atenção à saúde são organizações
a atenção terciária nem com os sistem as de apoio. poliárquicas de conjuntos de serviços de saúde vin-
A atenção prim ária não pode exercitar seu papel culados entre si por um a m issão única,por objetivos
de centro de com unicação do sistem a de atenção à com uns e por ação cooperativa e interdependente,
saúde.E a atenção prim ária não pode exercitar seu que perm item ofertar atenção contínua e integral a
papel de centro de com unicação desse sistem a. determ inada população, coordenada pela atenção
O s sistem as fragm entados caracterizam -se por: a prim ária à saúde – prestada no tem po certo,no lu-
form a de organização hierárquica; a inexistência da gar certo,por custo certo,com a qualidade certa e
continuidade da atenção; o foco nas condições agu- de form a hum anizada – e com responsabilidades
das por m eio de unidades de pronto-atendim ento; sanitária e econôm ica por essa população.
a centralidade em indivíduos; a passividade do pa- D essa definição em ergem os conteúdos básicos
ciente; a ação reativa à dem anda; a ênfase relativa das redes de atenção à saúde: apresentam m issão
nas intervenções curativas e reabilitadoras; o m o- e objetivos com uns; operam de form a cooperativa
delo fragm entado de atenção à saúde e sem estra- e interdependente; intercam biam constantem ente
tificação dos riscos; a atenção centrada no cuidado seus recursos; são estabelecidas sem hierarquia
m édico; e o financiam ento por procedim entos.11 entre os diferentes com ponentes, organizando -se
O s sistem as fragm entados têm sido um desastre de form a poliárquica, em que todos os pontos de
sanitário e econôm ico.Tom e-se o exem plo dos Es- atenção à saúde são igualm ente im portantes e se
tados U nidos. A quele país gastou, em 2005, 15,2% relacionam horizontalm ente; im plicam contínuo
do PIB em saúde, um dispêndio per capita de U S$ de atenção nos níveis prim ário, secundário e ter-
6.350,0012, de longe o m aior gasto per capita do ciário; convocam a atenção integral com interven-
m undo. N ão obstante, apresenta resultados sanitá- ções prom ocionais, preventivas, curativas, cuida-
rios insatisfatórios.Em relação ao diabetes,apenas doras, reabilitadoras e paliativas; funcionam sob

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A s redes de atenção à saúde

coordenação da atenção prim ária à saúde; prestam A e s tr u tu r a o p e r a c io n a l


atenção oportuna,em tem pos e lugares certos,de
form a eficiente e ofertando serviços seguros e efe- O segundo elem ento constitutivo das redes de
tivos,em consonância com as evidências disponí- atenção à saúde é a estrutura operacional constitu-
veis; focam -se no ciclo com pleto de atenção a um a ída pelos nós das redes e pelas ligações m ateriais e
condição de saúde; têm responsabilidades sanitá- im ateriais que com unicam esses diferentes nós.
rias e econôm icas inequívocas por sua população; A estrutura operacional das redes de atenção
e geram valor para a sua população. à saúde com põe-se de cinco elem entos: o centro
de com unicação, a atenção prim ária à saúde; os
Os elem entos constitu tiv os da atenção à pontos de atenção secundários e terciários; os sis-
saúde tem as de apoio, os sistem as logísticos e o sistem a
de governança da rede de atenção à saúde. O s
três prim eiros correspondem aos nós das redes e
A s redes de atenção à saúde constituem -se de o quarto às ligações que com unicam os diferentes
três elem entos: a população,a estrutura operacio - nós.E o quinto,o com ponente que governa as rela-
nal e o m odelo de atenção à saúde. ções entre os quatro prim eiros.
O centro de com unicação da estrutura opera-
cional é o nó intercam biador no qual se coorde-
A p o p u la ç ã o nam os fluxos e os contrafluxos do sistem a de aten-
ção à saúde e é constituído pela atenção prim ária
O prim eiro elem ento das redes de atenção à à saúde (U nidade de A tenção Prim ária à Saúde ou
saúde e sua razão de ser é um a população coloca- equipe do Program a de Saúde da Fam ília).
da sob sua responsabilidade sanitária e econôm i- Isso perm ite afirm ar que os sistem as de aten-
ca.É isso que m arca a atenção à saúde baseada na ção à saúde baseados num a forte orientação para
população,um a característica essencial das redes a atenção prim ária à saúde,analisados em relação
de atenção à saúde. aos sistem as de baixa orientação para a atenção
A população de responsabilidade das redes prim ária à saúde, são: m ais adequados porque se
de atenção à saúde vive em territórios sanitários organizam a partir das necessidades de saúde da
singulares, organiza-se socialm ente em fam ílias e população; m ais efetivos porque são a única form a
é cadastrada e registrada em subpopulações por de enfrentar,conseqüentem ente,a situação epide-
riscos sócio -sanitários. A ssim , a população total m iológica de hegem onia das condições crônicas e
de responsabilidade de um a rede de atenção à por im pactar significativam ente os níveis de saúde
saúde deve ser totalm ente conhecida e registrada da população; m ais eficientes porque apresentam
em sistem as de inform ação potentes.Mas não bas- custos m ais baixos e reduzem procedim entos m ais
ta o conhecim ento da população total: ela deve ser caros; m ais eqüitativos porque discrim inam positi-
segm entada, subdividida em subpopulações por vam ente grupos e regiões m ais pobres e dim inuem
fatores de riscos e estratificada por riscos em re- o gasto do bolso das pessoas e fam ílias; e de m aior
lação às condições de saúde estabelecidas. O co - qualidade porque enfatizam a prom oção da saúde
nhecim ento da população de um a rede de atenção e a prevenção das doenças e porque oferecem tec-
à saúde envolve processo com plexo, estruturado nologias m ais seguras para os usuários e para os
em vários m om entos: o processo de territorializa- profissionais de saúde.11,14,15,16
ção; o cadastram ento das fam ílias; a classificação Entretanto, para que a atenção prim ária à saú-
das fam ílias por riscos sócio -sanitários; a vincula- de possa resultar em todos esses benefícios, ela
ção das fam ílias à U nidade de A tenção Prim ária à deve ser reform ulada para cum prir três papéis
Saúde/Equipe do Program a de Saúde da Fam ília; a essenciais nas redes de atenção à saúde: a reso -
identificação de subpopulações com fatores de ris- lução, a capacidade para solucionar m ais de 85%
cos; a identificação das subpopulações com condi- dos problem as de saúde de sua população; a co -
ções de saúde estabelecidas por graus de riscos; e ordenação, a capacidade de orientar os fluxos e
a identificação de subpopulações com condições contra-fluxos de pessoas e produtos entre os com -
de saúde m uito com plexas. ponentes das redes; e a responsabilização,a capa-

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cidade de acolher e responsabilizar-se, sanitária e operam ; os insum os dos sistem as de atenção à saú-
econom icam ente,por sua população. de e os processos relacionados a eles,incluindo a
O segundo com ponente das redes de atenção política e a organização,a infra-estrutura sanitária,
à saúde são os pontos de atenção secundária e os recursos hum anos e os recursos financeiros; a
terciária, que são os nós das redes onde se ofer- perform ance dos sistem as de atenção à saúde; os
tam determ inados serviços especializados, gera- resultados produzidos em term os de m ortalidade,
dos a partir de um a função de produção singular. m orbidade,carga de doenças,bem -estar e estado
Eles se diferenciam por suas respectivas densi- de saúde; e a equidade em saúde.
dades tecnológicas, sendo os pontos de atenção O quarto com ponente das redes de atenção à
terciários m ais densos tecnologicam ente que os saúde são os sistem as logísticos,que são soluções
pontos de atenção secundários e,por essa razão, tecnológicas fortem ente ancoradas nas tecnolo -
tendem a ser m ais concentrados espacialm ente. gias de inform ação.Estas garantem um a organiza-
C ontudo, na perspectiva das redes poliárquicas, ção racional dos fluxos e contrafluxos de inform a-
não há,entre eles,relações de principialidade ou ções, produtos e pessoas nas redes de atenção à
subordinação,já que todos são igualm ente im por- saúde,perm itindo um sistem a eficaz de referência
tantes para se atingirem os objetivos com uns das e contra-referência das pessoas e trocas eficientes
redes de atenção à saúde. de produtos e inform ações ao longo dos pontos de
O terceiro com ponente das redes de atenção atenção à saúde e dos sistem as de apoio,nas redes
à saúde são os sistem as de apoio. O s sistem as de de atenção à saúde. O s principais sistem as logísti-
apoio são os lugares institucionais das redes onde cos das redes de atenção à saúde são: o cartão de
se prestam serviços com uns a todos os pontos de identificação dos usuários,o prontuário clínico,os
atenção à saúde nos cam pos do apoio diagnóstico sistem as de acesso regulado à atenção à saúde e
e terapêutico, da assistência farm acêutica e dos os sistem as de transporte em saúde.
sistem as de inform ação em saúde. O quinto com ponente das redes de atenção à
O sistem a de apoio diagnóstico e terapêutico saúde são os sistem as de governança.
envolve os serviços de diagnóstico por im agem , A governança das redes de atenção à saúde
os serviços de m edicina nuclear diagnóstica e é o arranjo organizativo que perm ite a gestão
terapêutica, a eletrofisiologia diagnóstica e te- de todos os com ponentes das redes de atenção
rapêutica, as endoscopias, a hem odinâm ica e a à saúde, de form a a gerar um excedente coo -
patologia clínica (anatom ia patológica,genética, perativo entre os atores sociais em situação,
bioquím ica, hem atologia, im unologia e m icro - a aum entar a interdependência entre eles e a
biologia e parasitologia). obter resultados sanitários e econôm icos para a
O sistem a de assistência farm acêutica envolve população adscrita.A governança objetiva criar
um a organização com plexa exercitada por um um a m issão e um a visão nas organizações, de-
grupo de atividades relacionadas com os m edi- finir objetivos e m etas que devem ser cum pri-
cam entos, destinadas a apoiar as ações de saúde dos no curto, m édio e longo prazo para cum -
dem andadas por um a com unidade, englobando prir com a m issão e com a visão, articular as
intervenções logísticas relativas a: seleção,progra- políticas institucionais para o cum prim ento dos
m ação, aquisição, arm azenam ento e distribuição objetivos e m etas e desenvolver a capacidade
dos m edicam entos,bem com o ações assistenciais de gestão necessária para planejar,m onitorar e
da farm ácia clínica com o o form ulário terapêutico, avaliar o desem penho dos gerentes e da orga-
a dispensação,a adesão ao tratam ento,a concilia- nização. A governança das redes de atenção à
ção de m edicam entos e a farm acovigilância. saúde,no SU S,deve ser feita por m eio de arran-
A construção social das redes de atenção à jos interfederativos, coerentes com o federalis-
saúde,para ser conseqüente,tem de ser am parada m o cooperativo que se pratica no B rasil.São as
por inform ações de qualidade,ofertadas por bons C om issões Intergestores que se m aterializam :
sistem as de inform ação em saúde. O s sistem as de no plano nacional, na C om issão Intergestores
inform ação em saúde com preendem : os determ i- Tripartite; nos estados, nas C om issões Interges-
nantes sociais da saúde e os am bientes contextuais tores B ipartite; e nas regiões de saúde, nas C o -
e legais nos quais os sistem as de atenção à saúde m issões Intergestores Regionais.

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A s redes de atenção à saúde

O m o d e lo d e a te n ç ã o à s a ú d e para produzir m elhores resultados sanitários e


funcionais para a população.
O terceiro elem ento constitutivo das redes de H á evidências abundantes e robustas,na lite-
atenção à saúde é o Modelo de A tenção à Saúde. ratura internacional,sobre os efeitos positivos do
O m odelo de atenção à saúde é um sistem a ló - m odelo de atenção crônica,seja na sua avaliação
gico que organiza o funcionam ento das redes de conjunta,seja na avaliação de seus elem entos se-
atenção à saúde, articulando, de form a singular, paradam ente.O estudo avaliativo clássico desse
as relações entre a população e suas subpopula- m odelo foi realizado pela Rand Corporation e
ções estratificadas por riscos, os focos das inter- pela U niversidade de B erkeley,C alifórnia23,e teve
venções do sistem a de atenção à saúde e os dife- dois objetivos: avaliar as m udanças ocorridas
rentes tipos de intervenções sanitárias, definidos nas organizações de saúde para im plem entar o
em função da visão prevalecente de saúde, das MA C e estabelecer o grau em que a adoção des-
situações, dem ográfica e epidem iológica, e dos se m odelo m elhora os processos e os resultados
determ inantes sociais da saúde vigentes em de- em relação às condições crônicas. E ssa avalia-
term inados tem po e sociedade.A necessidade de ção durou quatro anos e envolveu aproxim ada-
se m udarem os sistem as de atenção à saúde para m ente 4 m il portadores de diabetes,insuficiência
que possam responder com efetividade,eficiência cardíaca, asm a e depressão em 51 organizações
e segurança a situações de saúde dom inadas pe- de saúde e gerou significativa quantidade de pu-
las condições crônicas levou ao desenvolvim ento blicações que m ostram que o m odelo funciona.
dos m odelos de atenção à saúde. Por isso, eles Vários outros trabalhos de avaliação do m odelo
têm sido dirigidos,principalm ente,para o m anejo de atenção crônica estão disponíveis na literatu-
das condições crônicas. ra. A lguns são de avaliação geral da aplicação
O s m odelos de atenção à saúde, destinados do m odelo 24,25,10, m as há os que avaliam : a m e-
à orientação dos sistem as de atenção à saúde, lhoria da qualidade dos serviços de atenção às
voltados para as condições crônicas, são cons- condições crônicas26; condições crônicas parti-
truídos a partir de um m odelo sem inal, o m o - culares27; aspectos organizacionais28; e avalia-
delo de atenção crônica.17 D ele derivam várias ção econôm ica.29
adaptações aplicadas em diferentes partes do
m undo,tanto em países desenvolvidos com o em A S E V ID Ê N C IA S S O B R E A S REDES DE
países em desenvolvim ento.Ele tem sido adota- ATEN ÇÃ O À SA Ú D E
do,com m odificações adjetivas,no C anadá18,na
E spanha19, nos E stados U nidos20, na H olanda21,
no Reino U nido 22 e em diferentes países em de- N o tocante às evidências sobre as redes de aten-
senvolvim ento11.N o B rasil,Mendes7 propôs,tam - ção à saúde, há, na literatura internacional, provin-
bém com base no m odelo sem inal de W agner,o da de vários países, evidências de boa qualidade
m odelo de atenção às condições crônicas para de que essas redes podem m elhorar a qualidade
utilização no SU S. clínica, os resultados sanitários e a satisfação dos
E sse m odelo com põe-se de seis elem entos, usuários e reduzir os custos dos sistem as de atenção
subdivididos em dois grandes cam pos: o sistem a à saúde.Esses resultados foram positivos em várias
de atenção à saúde e a com unidade.N o prim ei- situações: na atenção às pessoas idosas30,31; na saú-
ro,as m udanças devem ser feitas na organização de m ental32,33,34,35; no controle do diabetes 36,37,38,39; no
da atenção à saúde, no desenho do sistem a de aum ento da satisfação dos usuários40; e na redução
prestação de serviços, no suporte às decisões, da utilização de serviços especializados.25,41,
nos sistem as de inform ação clínica e no auto -
cuidado apoiado.N a com unidade,as m udanças
estão centradas na articulação dos serviços de R E F E R Ê N C IA S
saúde com os recursos da com unidade. E sses
seis elem entos apresentam inter-relações que 1. Institute of Medicine.C rossing the quality chasm : a
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