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TRIBUNAL DE JUSTIÇA

PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Registro: 2016.0000715862

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº


0018571-11.2010.8.26.0053, da Comarca de São Paulo, em que é apelante
MARCELO CLEONICE CAMPOS, é apelado FAZENDA DO ESTADO DE SÃO
PAULO.

ACORDAM, em 25ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de


Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso.
V. U.", de conformidade com o voto da Relatora, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores


HUGO CREPALDI (Presidente sem voto), AZUMA NISHI E MARCONDES
D'ANGELO.

São Paulo, 29 de setembro de 2016.

CARMEN LUCIA DA SILVA

RELATORA

Assinatura Eletrônica
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

APELAÇÃO Nº 0018571-11.2010.8.26.0053

APELANTE: MARCELO CLEONICE CAMPOS


APELADO: FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO
COMARCA: SÃO PAULO

VOTO N° 1.166

AÇÃO DE COBRANÇA DE HONORÁRIOS


ADVOCATÍCIOS. Defensoria Dativa. Convênio da OAB
com a Defensoria Pública. Alegação de pagamento a menor
de honorários. Sentença de improcedência do pedido.
Manutenção da decisão recorrida. Defensor que extrapolou
os limites do convênio ao atuar em processos para os quais
não fora designado. RECURSO NÃO PROVIDO.

Trata-se de recurso de apelação interposto contra r.


sentença proferida a fls. 251/253, que julgou improcedente o pedido de
cobrança de honorários advocatícios e, por conseguinte, condenou o
autor ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios
fixados em 10% do valor da causa.
Inconformado, o autor apela (259/265), pugnando
pela reforma da r. sentença, sob a alegação de que houve "error in
judicando”, consistente em julgamento contrário à legislação pátria e às
provas dos autos.
Recurso dispensado de preparo, recebido (fls. 266),
e contrarrazoado (fls. 269/276).

É o relatório.

Apelação nº 0018571-11.2010.8.26.0053 -Voto nº 1.166 2


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Trata-se de ação de cobrança de honorários


advocatícios proposta em face da Fazenda Pública do Estado de São
Paulo, referente à prestação de serviços pelo autor como defensor
dativo.
De acordo com a inicial, o demandante foi indicado
para exercer as funções de defensor dativo, tendo atuado em mais de um
processo patrocinando os interesses do assistido. Contudo, teve seus
requerimentos de certidão de nomeação e pagamento de honorários
advocatícios indeferidos pela Defensoria Pública.
Contestou a demandada o pedido, sob a alegação de
que o autor já recebeu os honorários por sua atuação nos referidos
processos judiciais, tudo em conformidade com o convênio firmado
entre OAB e a Defensoria Pública. Afirmou, ainda, que o demandante
atuou em processos para os quais não fora designado, extrapolando os
limites do referido convênio.
O Douto Juízo singular julgou improcedente o
pedido de cobrança por entender que o autor não tem direito ao
recebimento dos honorários que pleiteia, uma vez que extrapolou os
limites de sua designação e, portanto, sua pretensão não tem amparo
legal. Os honorários somente são devidos diante de nomeação
específica para atuação em dado processo.
E o entendimento da r. sentença deve prosperar, não
trazendo a parte apelante elementos suficientes a ilidir seu
embasamento.
Primeiramente, diante da petição de fls. 281, já
apreciada a fls. 283, cumpre reafirmar que é competência da Seção de

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Direito Privado o julgamento da presente causa, uma vez que se trata de


matéria de natureza privada.

Nesse sentido:

CONFLITO DE COMPETÊNCIA. COBRANÇA DE HONORÁRIOS


ADVOCATÍCIOS. CONVÊNIO ENTRE A
PROCURADORIA/DEFENSORIA DO ESTADO E A OAB/SP.
DEMANDA EM QUE SE INVOCA O DIREITO AUTÔNOMO DO
ADVOGADO À CONTRAPRESTAÇÃO POR SERVIÇO PRESTADO,
MATÉRIA DE NATUREZA PRIVADA. AUSÊNCIA DE DISCUSSÃO
SOBRE A HIGIDEZ DO CONVÊNIO. HIPÓTESE EM QUE A
PREVISÃO DE COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO DE
RECURSOS NAS "AÇÕES E EXECUÇÕES RELATIVAS A
HONORÁRIOS DE PROFISSIONAIS LIBERAIS" DEVE
PREVALECER, SEGUNDO O PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE DAS
NORMAS, SOBRE A REGRA GENÉRICA DE COMPETÊNCIA PARA O
JULGAMENTO. "DOS RECURSOS RELATIVOS A CONTRATO
ADMINISTRATIVO" - CONFLITO PROCEDENTE, RECONHECIDA A
COMPETÊNCIA DA 26ª CÂMARA DE DIREITO PRIVADO PARA O
JULGAMENTO DO RECURSO. (TJSP Apelação Cível:
0308333-82.2011.8.26.0000 Relator: Elliot Akel Órgão
Especial Data do julgamento: 14/03/2012)

Superada tal questão, passa-se ao exame de mérito


das razões do recurso.
Com efeito, a cobrança realizada pelo autor é
improcedente, pois não se verifica qualquer outra nomeação sua, salvo
aquela referente ao processo principal, e pela qual já recebeu os
honorários advocatícios que lhe eram devidos (fls. 218/222).
Apesar de ter demonstrado cabalmente a realização

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do nobre trabalho de defensor do assistido nas searas criminal e


administrativa, o demandante, de fato, extrapolou os limites do
convênio firmado entre a Defensoria Pública do Estado de São Paulo
com a Ordem dos Advogados do Brasil ao atuar em nome do assistido
em processos para os quais não fora especificamente nomeado.
Dessa forma, como bem ressaltou o Magistrado “a
quo”, o Estado não pode ser compelido a ressarcir o autor por atuação
espontânea ou irregular, sob pena de impor prejuízos aos demais
advogados inscritos no convênio.
Diante do exposto, pelo meu voto, NEGA-SE
PROVIMENTO AO RECURSO para manter a r. Sentença, por seus
próprios fundamentos.

CARMEN LÚCIA DA SILVA


Relatora

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