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Curso de Saúde Mental

Transtorno por uso de Álcool –


Abordagem Inicial
Núcleo de Telessaúde Técnico-Científico do Rio Grande do Sul
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS
Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia - PPGEPI
Faculdade de Medicina - FAMED
Estratégias Terapêuticas - 1

• Profissionais da saúde em geral são pessimistas;

• Prognóstico é melhor nos estágios iniciais do uso nocivo de álcool;

• Recomendação de rastreamento
Álcool – Abordagem inicial
ÁLCOOL

INTOXICAÇÃO
• Manejo
• Suporte e expectante
• Se sintomas graves (coma, estupor, hipotermia, anestesia)
- Deitar de lado para evitar aspirar vômito
- Monitorar sinais vitais, glicemia
- Se for necessário repor soro glicosado, fornecer
vitamina B1 : Tiamina 300mg IM
(profilaxia de Wernicke – Korsakoff)

• Se agitação psicomotora: Haloperidol 5mg IM


Álcool – Intervenção Breve

Método

• Intervenção estruturada, focal e objetiva


• Encontros curtos, poucas sessões
• Implementação de estratégias para mudança de
comportamento
• Pode ser realizado por diferentes profissionais
Álcool – Intervenção Breve

Elementos

• Aconselhamento breve;
• Feedback, informações, escolha de metas, aconselhamento,
encorajamento;
• Personalizar orientações conforme estágio de mudança;
• Material de apoio.
Estágios de
ESTÁGIOS DEMudança
MUDANÇA

1- Pré-contemplação: 2- Contemplação:
Não reconhecimento da Pensando sobre a
necessidade de mudança
mudança ou sem
interesse
1 2
3- Preparação:
5- Manutenção:
Mantém hábitos
5 3 Preparando-se para a
mudança
saudáveis
4
4- Ação:
6- Recaída: Adoção de novos hábitos
Pode acontecer a
qualquer momento
Intervenção Breve

Pré-Contemplação Feedback, Informações;

Informações, Escolha de
Contemplação metas;
Escolha de metas, Aconselhamento,
Preparação Encorajamento;

Ação Aconselhamento, Encorajamento;

Manutenção Encorajamento.
Álcool – Abordagem inicial
ÁLCOOL

• Abstinência
• Pode-se fazer tratamento ambulatorial com
sucesso se:
 Ausência de história prévia de sintomas
graves
 Ausência de comorbidades significativas
 Ambiente sociofamiliar confiável
 Acesso a serviços de saúde
Álcool – Abordagem inicial
ÁLCOOL

• Abstinência
• Encaminhar para tratamento especializado em
internação se
 Presença de preditores de gravidade**
 Baixo suporte sociofamiliar
 Tentativas ambulatoriais com desfecho
negativo
 Preferência do paciente ou indisponibilidade
de recursos em ambiente ambulatorial
Álcool – Abordagem inicial
ÁLCOOL

• Abstinência
**Preditores de gravidade:
• Padrão de consumo atual
• Sintomas prévios de abstinência
• Uso concomitante de outras substâncias
• Comorbidades clínicas e psiquiátricas

Apesar disso, difícil prever se vai haver um episódio


grave ou não, mesmo em usuários com uso pesado
ÁLCOOL

Abstinência
• Recomendações
 Ambiente quieto e seguro
 Orientar paciente e cuidador quanto aos
possíveis sintomas de abstinência
 Benzodiazepínicos: sintomas de
abstinência, bem como o risco de convulsão
 Diazepam ou Lorazepam (para evitar
sedação, meia-vida)
 Usar BDZ por até 1-2 semanas
Abstinência – Tratamento ambulatorial

Dosagem fixa

 Manter dosagem fixa de benzodiazepínico nos primeiros 5 dias de abstinência,


avaliar sintomas e, se necessário, medicar com doses adicionais. A partir do 6º
dia, não medicar (ou conforme avaliação).

Paciente sem dano hepático

Dia 1  Diazepam 10 mg 6/6 horas


Dia 2  Diazepam 10 mg 8/8 horas
Dia 3  Diazepam 10 mg 12/12 horas
Dia 4  Diazepam 10 mg ao deitar
Dia 5  Diazepam 10 mg ao deitar

Hepatopata ou com suspeita de hepatopatia

Dia 1  Lorazepam 2 mg 6/6 horas


Dia 2  Lorazepam 2 mg 8/8 horas
Dia 3  Lorazepam 2 mg 8/8 horas
Dia 4  Lorazepam 2 mg 12/12 horas
Dia 5  Lorazepam 2 mg ao deitar
ÁLCOOL

Abstinência
• Recomendações
 Suplementar Tiamina para TODOS (100mg
IM 3x/dia por 3-5 dias; após, 100-300mg VO
por dia por 3 meses)*
 Fornecer Tiamina antes do Soro Glicosado, se
este for necessário
Profilaxia de Wernicke-Korsakoff
*Para pacientes subnutridos, recomeda-se que tal dose
seja fornecida IM ou IV
ÁLCOOL
Abstinência
• Quadros graves
 Convulsões: 6-48 horas após cessar o uso,
generalizadas
Benzodiazepínico; internação por pelo menos
24h para monitorar; descartar outras causas

 Alucinose alcoólica: Visuais e táteis, principalmente


Quadro raro (0,6%); maioria (80-90%) limitado à
abstinência
Tratamento com antipsicóticos (p.ex. Haloperidol,
Risperidona), até melhora dos sintomas e abstinência
ÁLCOOL

Abstinência
• Quadros graves
 Delirium tremens:
-Alterações no nível de consciência e na sensopercepção
-Sono-vigília alterado; alucinações auditivas
-Febre alta, taquicardia, hipertensão, diaforese
-Desidratação, distúrbio hidro-eletrolítico, insuficiência
renal, trauma cerebral, infecções, hemorragia
gastrointestinal, pancreatite, hepatite
-Prevalência de 5-15%
-1% de mortalidade (já foi bem maior)
- INTERNAÇÃO HOSPITALAR – Controle rápido
ÁLCOOL

Dependência
• Dissulfiram 250-500mg/dia
- Pelo menos 12 horas após o último consumo
- Inibe o metabolismo do álcool, provocando
reações adversas quando o paciente
consome álcool
Dependência
• Naltrexona

- Antagonista opióide
- 50mg/dia
• Acamprosato
- Pode ser usado mesmo em pacientes que
tenham recaído
ÁLCOOL
Dependência
• Grupos Terapêuticos (AA, por exemplo)

• TCC

• Manejo de Contingências

• Evitar situações desencadeantes

• Profissional da APS como referência do paciente


• Não existe consumo de álcool isento de riscos.

• O uso nocivo e a dependência de álcool são


pouco diagnosticados.

• O foco deve ser no diagnóstico precoce.


1. Soibelman M, Rocha TBM, von Diemen L. Problemas Relacionados ao Consumo de Álcool. In: Duncan BB, Schmidt MI, Giugliani ERJ. Medicina
Ambulatorial. 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. p 574-85.
2. Gusso G, Lopes JMC, editores. Tratado de medicina de família e comunidade. Porto Alegre: Artmed; 2012.
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versão em espanhol disponível em: http://www.who.int/substance_abuse/activities/en/BImanualSpanish.pdf?ua=1
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http://pubs.niaaa.nih.gov/publications/Practitioner/CliniciansGuide2005/guide.pdf
5. Duarte PCAV, Stempliuk VA e Barroso LP. Relatório brasileiro sobre drogas. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas/IME USP. Brasília:
SENAD, 2009
6. Cannabis Use Disorder, UPTODATE (atualizado até 06/02/2015)
7. Muncie HL Jr, Yasinian Y, Oge’ L. Outpatient management of alcohol withdrawal syndrome. Am Fam Physician. 2013 Nov 1;88(9):589-95
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11. Alessandra Diehl, Ronaldo Laranjeira et al. Dependência química: prevenção, tratamento e políticas públicas . Porto Alegre: Artmed, 2011.
12. Tratamento da dependência de crack, álcool e outras drogas: aperfeiçoamento para profissionais de saúde e assistência social / Supervisão
Técnica e Científi ca Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte – SENAD. Responsáveis Técnicos Lísia Von Diemen, Silvia Chwartzmann Halpern e
Flavio Pechansky - UFRGS. – Brasília : SENAD; 2012.
13. Ronaldo Laranjeira [et al.]: I Levantamento Nacional sobre os padrões de consumo de álcool na população brasileira / Revisão técnica
científica: Paulina do Carmo Arruda Vieira Duarte. Brasília : Secretaria Nacional Antidrogas, 2007.

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