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Palestras Espirituais

Os Cinco Agregados

Pelo espírito pai Joaquim de Aruanda atraves de Firmino Leite

Ao longo de toda existência do ESPIRITUALISMO ECUMÊNICO


UNIVERSAL, os amigos espirituais que nos orientaram sempre
abordaram temas práticos da vida cotidiana ao invés de transmitirem
ensinamentos filosóficos profundos. No entanto, sempre que falavam de
alguma situação da vida carnal procuraram nos passar a VISÃO
ESPIRITUALISTA do tema e não a materialista.
Os Cinco Agregados

Anteriormente fizemos uma palestra onde afirmamos que tudo que


existe na vida é uma ilusão, ou seja, alguma coisa que o ser
humanizado vive achando que é verdade, mas não é. Também já
conversamos sobre a Realidade do Universo, ou seja, sobre a emanação
de Deus. Vimos a vida do espírito e como Deus vai criando o Universo a
cada micro fração de tempo.

Hoje para encerrar este ciclo, juntaremos as duas coisas. Agora que já
sabemos que Deus é quem cria e que os seres humanizados se iludem
dando valores para as coisas, vamos descobrir de onde nascem e como
se formam as ilusões.

Vamos descobrir neste trabalho como o espírito “vê”, “ouve” ou


“entende” as coisas do universo enquanto humanizado. Falaremos hoje
sobre os instrumentos utilizados pelo espírito preso ao processo de
elevação no Mundo de Provas e Expiações para “entender” as coisas do
universo.

A base daquilo que conversaremos hoje está estampada em um sutta de


Buda (Devadaha – SN XXII.2). Para melhor compreensão, vamos
comentar a história que este sutta relata.

Existiam no acampamento alguns seguidores que queriam sair e habitar


em uma outra região. Estes seguidores procuram o Buda e pedem
autorização para isso. O mestre diz: vocês sabem como responder às
pessoas do seu local de destino quando forem perguntados sobre a
doutrina que seguem?

Os discípulos dizem que não sabem e que por isso mesmo vieram
conversar com Sidarta. O mestre pede, então, que eles conversem com
Sariputta (um discípulo de Buda que já podia ser considerado um
mestre), pois ele saberia orientá-los.

Quando fazem a mesma pergunta a Sariputta, este lhes ensina: a base


da doutrina de Buda é o desapego às paixões e os desejos gerados os
pelos “cinco agregados” do espírito. O mestre ainda completa: Buda
ensina assim, porque sabe que quem se desapega das paixões e desejos
gerados pelos “cinco agregados” consegue a felicidade nesta vida e
também uma boa colocação quando sair da carne.
A partir deste sutta, podemos entender que o desapego das paixões e
desejos gerados pelos “cinco agregados” são a base da elevação
espiritual dentro da visão de Buda, bem como que sua execução leva o
ser humanizado a promover a sua reforma íntima.

Hoje vamos estudar exatamente estes agregados, ou seja, como o


próprio nome diz, cinco elementos que não são do espírito. [b]Eles estão
agregados ao espírito e só se mantêm assim enquanto o ser estiver
humanizado. A partir do momento que o espírito alcance a sua elevação,
os “cinco agregados” deixam automaticamente de existir.[/b]

Agora, é preciso lembrar que Sariputta não disse que o espírito


humanizado não deve ter estes agregados, pois enquanto estiver ligado
à carne necessitará deles. O que o mestre ensinou é que o espírito não
pode apegar-se às paixões e desejos que nascem a partir da ação
através deles se quiserem alcançar uma boa colocação após o
desencarne (ressurreição).

Quando o espírito, mesmo utilizando-se destes agregados, libertar-se da


paixão e do desejo fruto da ação através deles, terá conseguido para
esta vida felicidade incondicional e para a próxima uma boa colocação.

É sobre estes “cinco agregados” e a vida vivida através deles que iremos
falar. Falaremos sobre a formação da realidade que cada espírito vive
como real, mas que é maya, ilusão, pois é formada através da ação dos
“cinco agregados”.

Mostraremos que tudo que para o ser humanizado é real, tudo que é
verdadeiro, é formado pela ação destes “cinco agregados”. Veremos,
ainda, que este caráter de verdadeiro e real que o ser humanizado
aplica ao fruto da ação através dos “cinco agregados” é uma “paixão”.
No entanto, precisamos antes falar mais um pouco sobre as paixões e
desejos humanos.

As paixões do ser humanizado podem ser de dois tipos: positiva ou


negativa. Paixão positiva é o que se sente por tudo que se “gosta”, acha
“certo”, é “bom”. Já a negativa é ao contrário: tudo que não se “gosta”,
se considera “errado” ou “mal”.

A partir do momento que o espírito cria uma paixão gera também um


desejo, que da mesma forma, pode ser positivo ou negativo. O desejo
de se vivenciar aquilo que se “gosta” é o positivo; a busca de não se
vivenciar o que é considerado “errado” ou “mal” é o negativo.
Toda esta forma de viver (querer vivenciar as paixões positivas e não as
negativas) é oriunda do aprisionamento aos “cinco agregados” do
espírito que cria as paixões. É sobre esta criação e sobre este “estilo” de
vida que falaremos hoje.

São estes os “cinco agregados” que estudaremos: formas, percepções,


sensações, formações mentais e consciência. Estes são os cinco
elementos agregados do espírito, ou seja, algo que não existe no mundo
menos denso (espiritual), mas que está presente no espírito
humanizado.

Vamos conversar sobre cada uma deles. Comecemos pela forma, ou o


desenho que se dá aos objetos e coisas materiais do universo.

Através do Livro dos Espíritos aprendemos (pergunta 27) que tudo que
existe é formado primariamente por um único elemento do universo.
Naquele livro este elemento é chamado de fluído universal, mas
também é conhecido como fluído cósmico universal, matéria energética
força, etc. O nome pelo qual se trata o elemento primário do universo
não importa, mas sim a compreensão de que tudo que existe no
universal materialmente falando é formado por ele.

No mesmo livro aprendemos também (perguntas 30, 31 e 32) que só


este elemento existe, ou seja, que todas as demais coisas são
decorrentes de combinação e fusão do próprio fluído universal.
Decompondo-se qualquer coisa material do universo, conhecida ou não
pelos humanos, até a sua mínima parte encontraremos sempre o fluído
universal. Por isto o chamamos de “átomo universal”:

Este fluído universal, ainda segundo o Livro dos Espíritos1, é uma


energia. Por favor, olhe agora para uma lâmpada acesa em sua casa e
preste atenção para ver se consegue ver a energia. Não conseguiu, não
é mesmo? Você não vê a energia, pois ela não tem forma para poder ser
“vista” (captada).

O ser humanizado até cria algumas representações materiais que chama


de “forma da energia” (pergunta 27a). Alguns ainda confundem a forma
do raio com a da própria energia, mas tudo isso é apenas uma forma
que os humanos dão a ela, pois a energia não tem forma.

Se tudo é formado primariamente por energia e se essa não possui


forma, o desenho com o qual o ser humanizado representa as coisas é

1
Pergunta 27 a.
maya. É algo que os seres utilizam apenas enquanto estão presos ao
mundo de provas e expiações, enquanto está humanizado.

A forma das coisas é um agregado do espírito, não pertence ao universo


real. Esta compreensão é fundamental para o fim das paixões, pois os
seres humanizados não conseguem idealizar uma forma sem ligá-la a
uma paixão, positiva ou negativa, e conseqüentemente gerar um
desejo.

Precisamos nos desapegar das formas, pois elas são geradoras de


paixões que levarão a um desejo, a um condicionamento para ser feliz.
Para isso é preciso declarar expressamente para si mesmo: a forma é
uma ilusão, é um maya, é uma criação do espírito, não é uma Realidade
do universo.

Vejamos agora ver este ensinamento na prática. Aplicando-se a idéia de


que tudo que existe é apenas fluído universal combinado de diversas
formas, podemos afirmar que a vida humana processa-se em uma
massa de fluídos universais, ou seja, o espírito humanizado vive em
uma massa compacta de matérias energéticas. Apesar disto, o ser
humanizado distingue formas isoladas nesta massa compacta.

Por exemplo: você está sentado em uma cadeira. Este objeto que apóia
o corpo não existe, pois é fluído universal. O corpo que o espírito está
habitando e que imagina ser ele mesmo, por ser material, também é
fluído universal. O ar que existe entre o corpo e a cadeira e ao redor
dele, não é ar, mas sim fluído universal.

Desta forma, onde se vê uma pessoa sentada o que existe, na


realidade, é uma massa homogênea formada só do elemento universal.
A distinção que se dá criando as diversas formas não é real, mas apenas
o fruto da ação dos “cinco agregados”.

Todo “espaço” que você imaginar é na verdade uma condensação de


fluído universal, uma massa compacta deste elemento. Desta forma,
como pode o ser distinguir formas nestas coisas? Como alguém pode ser
capaz de dizer que uma coisa é cadeira, “eu” ou ar?

Pela “forma” que é criada pelo ser humanizado preso aos “cinco
agregados”. Neste trabalho ainda falaremos como se criam as formas,
mas neste momento o importante é entender que a forma não é do
objeto, mas apenas criação do espírito humanizado.
Para poder viver a Realidade do universo (uma massa compacta de
fluído universal) é que o espírito precisa se libertar da ação do agregado
“forma”. Se você não criar formas para as coisas não se apaixonará
positiva ou negativamente por elas. Abolindo as formas da sua
existência compreenderá, então, o maya em que vive: a ilusão de estar
sentado numa cadeira, fumando um cigarro, tomando um café e
olhando para este papel.

Nenhum destes elementos (cadeira, cigarro, café e papel) existe


distintamente, pois são simples variações do fluído universal. Mas você
cria a ilusão que tudo isto existe e, por isso, vive o maya de se achar
sentado, de fumar, de beber e de ler.

Tudo é maya, o objeto e a ação, mas “existem” para o ser humanizado


porque ele está preso ao agregado “forma”.

Podemos agora falar, então, em como se criam estas formas. Elas são
criadas pelas percepções do espírito. Vamos conversar sobre o segundo
agregado do espírito, ou seja, um elemento que não é dele, mas que
utiliza enquanto humanizado.

Antes, porém, uma ressalva importante. Estamos falando


constantemente em espírito humanizado e não encarnado, pois os
“cinco agregados” existem em espíritos mesmo quando fora da carne.

Os espíritos podem ser considerados humanizados quando encarnados,


mas também os desencarnados podem ser desta forma. A humanização
do espírito se dá pelo seu grau de consciência e não pela densidade da
matéria que ocupe. A humanidade de um ser não é ditada pela sua
situação física, mas pelo seu grau de elevação espiritual.

Assim, se o espírito estiver espiritualizado, na carne ou fora dela, estes


elementos desaparecerão, mas enquanto estiver humanizado (vivendo
com a consciência humana) eles existirão independente de órgãos
físicos. Voltemos agora ao tema percepção.

Percepções são “coisas” que são percebidas pelo espírito através dos
órgãos sensoriais do corpo. Como dissemos antes, a percepção existe
mesmo quando o ser está desencarnado. Por isso, o corpo a que nos
referimos aqui não é apenas o físico, mas também o perispiritual. As
percepções podem ser recebidas tanto pelo olho, por exemplo, do corpo
físico como pelo olho que existe no perispírito.
A percepção é o fruto daquilo que entra pelo olho, pelo ouvido, pelo
nariz, boca e pelos órgãos de sensibilidade espalhados por todo
elemento material que o espírito está utilizando. A imagem captada pelo
olho, o som captado pelo ouvido, o cheiro, o paladar e a sensibilidade
captados pelos seus órgãos próprios são percepções.

Agora, o que é um olho? É uma peça material, um órgão de percepção,


tanto no corpo físico como no astral. O “olhar” (a percepção visual) não
é criada pelo olho, pois ele é apenas um órgão do corpo físico. O “olhar”,
como veremos adiante, é mais do que a simples percepção captada pelo
olho.

Além disto, o olho é um órgão que limita a percepção do espírito.


Quando estudamos o Livro dos Espíritos havia uma pergunta (pergunta
245) que dizia: O espírito enxerga pelo olho? A resposta foi “não, o
espírito vê pelo corpo inteiro. No entanto, enquanto ele estiver
humanizado se apega ao órgão olho como única fonte de percepção o
que limita a sua capacidade de ver”.

Podemos afirmar então que a percepção do espírito é irreal, uma ilusão,


maya, porque é limitada e não abrange tudo. A irrealidade acontece
porque existem muitas mais coisas além daquelas que o ser humanizado
está percebendo.

Por exemplo: Você é capaz de dizer o que está acontecendo em


ambientes diferentes daquele que está, ou mesmo onde se encontra
agora? Não, porque está preso ao som que entra pelo seu ouvido. Se
você não está ouvindo nada é sinal de que nada está ocorrendo.

Mas, muita coisa está se passando ao seu redor. Por exemplo: à sua
volta, não importa onde esteja, existem diversos espíritos conversando
entre si: isto faz parte da Realidade do universo. Como você não os
ouve afirma que eles não existem ou que está sozinho.

O “achar que está só” ou a afirmação de que “espíritos não existem”,


são mayas (ilusões) geradas por aqueles que acreditam apenas nas
percepções captadas pelos seus respectivos órgãos.

É isso que o Buda nos ensina. Você não pode se apaixonar pelo que
ouve (acreditar apenas nisso), porque existem muito mais coisas do que
aquilo que consegue perceber pelos órgãos. Não pode se apaixonar pelo
que vê, porque existem milhares de coisas além daquelas que a sua
pequeníssima capacidade de perceber “visão” é capaz de enxergar.
É justamente desta limitada percepção e desta limitada capacidade de
conhecer o universo que nascem suas verdades. Elas estão presas ao
que você vê, ouve, cheira, prova sabor ou que tem sensação pelo corpo.
Mas, elas não são verdadeiras, pois, existem milhares de coisas além do
que é percebido pelo ser humanizado.

A prisão a estas percepções como verdades absolutas gera o maya,


porque gera a “falsa verdade”, ou verdade relativa. Gera ilusão de, por
exemplo, acreditar que não serve para nada: Quem disse isso? Você?
Mas, além do que consegue compreender existem mais coisas.

O que diz que é “erro” pode se transformar em “acerto” se conseguir


compreender tudo o que se passou. Mas, para isso, é preciso “ver”
realmente o que se passou. Mas, você não vê tudo o que acontece, pois
não enxerga tudo. Acusa-se só porque acredita que agiu errado, mas
esta compreensão acontece apenas porque não viu, teve sensibilidade,
ouviu ou sentiu o gosto e o cheiro da Realidade.

Este é o segundo elemento agregado do espírito: a percepção. Quando


liberto da humanização o espírito exercerá a sua real capacidade de
perceber que está além daquelas que são captadas pelos órgãos físicos
e poderá ver, então, a emanação de Deus. Só assim se libertará dos
mayas, das ilusões.

O terceiro agregado trata-se de uma ação do espírito sobre a forma


percebida através das percepções. Sensação são sentimentos
individualizados que o espírito coloca sobre todas as formas que são
percebidas através dos órgãos de sensibilidade.

O que é uma cadeira? É uma cadeira. O que é um computador? É


apenas um computador. Ou seja, as coisas que são percebidas são
apenas o que elas são, mas nada que isso.

Uma cadeira é uma forma percebida através dos órgãos de percepção.


Enquanto não houver a ação da sensação, ou seja, a ação do
sentimento individualista do espírito humanizado sobre a percepção ela
não terá qualidades. Uma cadeira é uma cadeira, mas a partir da
sensação que o ser humanizado coloca na percepção ela se transforma
em “nova ou velha”, “bonita ou feia”, “limpa ou suja”, “prática ou não”.

A sensação é a ação individualista do espírito utilizando o amor de Deus


para determinar valores sentimentais as coisas que são percebidas.
Deus emana o amor universal, mas o espírito humanizado utiliza-se
deste sentimento para viver “paixões” individualizadas.
Isso só o espírito humanizado faz. O desumanizado não promove
sensações individualistas. Ele vive a realidade, ou seja, o amor de Deus
em ação. Por isso a sensação, apesar de ser um sentimento, é um
agregado do espírito e não algo universal (espiritual).

A sensação reflete uma decisão de foro intimo sentimental do espírito e


por isso é diferente entre os espíritos de acordo com o seu grau de
elevação espiritual. No espírito humanizado há o dualismo que é a
marca das paixões (positivas e negativas) que produzem a diversidade
de “sentimentos”, mas o espírito universalizado vive na perfeita
integração com Deus.

Estamos falando do caminho da criação do maya: viver uma forma que


é percebida e sobre ela agir pronunciando-se sentimentalmente. Isso
também é a vida, o processo “viver” para o espírito como já falamos.

É deste processo que surgem as “coisas da vida”. O espírito olha uma


forma, aplica sobre ela a sensação “gostar” e aí aquilo vira alguma coisa
“boa” (paixão positiva). Olha uma forma sobre a qual aplica o “não
gostar”, aquilo passa a “não ser bom”. Aí está a origem, o surgimento,
do dualismo que os mestres ensinam que os seres humanizados vivem e
que é preciso acabar para se unir ao UM.

Mas também, é exatamente quando o espírito utiliza-se do agregado


“sensação” que nascem as desavenças do universo. Isto ocorre porque
não existem dois espíritos que coloquem, em intensidade, a mesma
sensação sobre a mesma percepção.

Agora que já conhecemos o agregado sensação e a formação das


“verdades” (sensação que se aplica às formas percebidas), vamos
buscar compreender um elemento da vida carnal a partir deste aspecto.
Alguém me pediu para falar um pouco mais sobre o sexo, então
utilizaremos este acontecimento da vida para isto, mas poderia ser
qualquer outro.

O que é o ato sexual? É um acontecimento que ocorre no encontro de


duas formas. Se você é heterossexual precisa perceber para que ele
ocorra uma forma diferente da sua. Se você é homossexual, precisa
perceber uma forma semelhante à sua.

Ao perceber a forma desejada o ser humanizado cria a sensação “paixão


sexual” (desejo). Esta sensação, entretanto, é o próprio amor de Deus,
que é universal, individualizado. O individualismo da sensação existe
porque os seres humanizados praticam o ato sexual para seu próprio
benefício, não se importando com o outro.

O amor de Deus é equânime, mas a sensação “paixão sexual” é


individualista, porque busca amar (contentar) a si mesmo acima de
todos e de tudo. Esta sensação ou sentimento é exatamente o que põe
tudo a perder no sentido espiritual durante a realização de atos.

Sempre que o ser humanizado vivenciar qualquer acontecimento deve


seguir os mandamentos ensinados por Cristo: amar a Deus sobre todas
as coisas e ao próximo como a si mesmo, ou seja, não pensar em si,
mas em servir ao Pai e ao próximo.

É este amor incondicional que não possui qualquer intenção


individualista, que se usado no lugar das sensações, que são
individualistas, transforma a vida do espírito, a existência do ser
humanizado. Aí está a raiz do problema. Quando o ser humanizado se
deixa levar pelo seu egoísmo (quere satisfazer os desejos oriundos da
sua paixão) não cumpre o mandamento de Cristo e por isso não se
eleva.

Apesar de haverem ainda dois agregados a serem estudados para


melhor compreensão da elevação espiritual, podemos afirmar que aí
está o problema do ser humanizado. Isto porque na escolha entre uma
sensação ou a utilização do amor universal (incondicional) está o uso do
livre arbítrio do espírito.

Na escolha entre utilizar-se de uma sensação (individualizar o amor de


Deus) ou utilizar o universalismo (servir ao próximo e a Deus) está a
ação da vida espiritual mesmo encarnado. Esta é única ação que o
espírito pode fazer a qualquer momento enquanto humanizado.

Pergunta: Por favor, fale sobre o sexto sentido e a percepção extra-


sensorial.

Sexto sentido e percepção extra-sensorial, na verdade, são a mesma


coisa. É um tipo de percepção que alguns espíritos, por carma ou
missão têm. No entanto, ainda é uma percepção humanizada.

Além delas poderíamos ainda incluir a clarividência, clariaudição e


outras mais. Trata-se de algumas percepções que o espírito possui como
carma ou missão.
No entanto elas são percepções do corpo e não do espírito, ou melhor
do espírito utilizando-se de instrumentos do corpo.

Pergunta: E o orgasmo?

O orgasmo como você conhece é físico, portanto, é ilusão, é maya. O


orgasmo espiritual é explosão de penetrar na graça de Deus.

Os espíritos elevados durante a oração alcançam um clímax: isto é um


ato sexual. A comunhão com O Pai que o leva a penetrar no Amor que
banha o universo e que elimina todas as sensações oriundas das
percepções, é o orgasmo espiritual.

Pergunta: E a masturbação?

Física, é a mesma coisa que sexo: ilusão, maya.

Espiritual, é uma oração individual, pois neste momento você faz sexo
com Deus. Quando você busca Deus através da oração solitariamente e
se liga perfeitamente ao Pai e entra em êxtase, realizou uma
“masturbação”.

Pergunta: É possível acontecer o orgasmo em um sonho?

Sim, é um ato material. Aliás, o ato material não é você nem o corpo
que faz: é Deus.

Pergunta: Eu acredito, como o sonho nunca se revela para nós como é,


mas sim em códigos, que possamos ter entrado em algum tipo de
êxtase espiritual e isto nos parece como um ato sexual.

Sim. Mesmo durante este êxtase espiritual (fora da carne) você


comanda o corpo porque ainda está preso às percepções. Daí resulta
que você também comanda o orgasmo do corpo físico.

Apesar de estar em êxtase espiritual fora da carne está ligado na carne,


está ligado à realidade espiritual e por isso pode transportar a sensação
para o corpo físico.

Pergunta: E o sexo entre almas gêmeas e companheiras?

Você está falando em “sexo grupal”? Só posso entender assim porque


almas gêmeas são todas as almas do universo, ou todos os espíritos.
Não existem dois espíritos feitos para o outro. Isso é ilusão. Achar que
um é melhor do que o outro, que tem mais amor a alguém do que a
outro é ilusão que você precisa vencer para poder entrar no amor
universal, o amor igual a todos.

Portanto, interpreto a sua pergunta como êxtase de toda coletividade


espiritual ao mesmo tempo? Não, isso é impossível.

Ainda existem os seres humanizados, aqueles que acreditam amar mais


a alguém do que a outro e que se acreditam “propriedades” de outros
por causa deste amor, que não entrariam nesta “brincadeira”.

Estes seres não participariam do sexo grupal, pois ainda acham que o
seu companheiro é o único com quem, por respeito ou qualquer outra
crença individualista, podem fazer sexo.

Pergunta: E os jovens que “ficam”?

Talvez estejam mais preparados para o amor universal do que o marido


que cobra da esposa ou vice-versa o que não dá: companheirismo. A
união carnal sem obrigações e posse é o primeiro passo para se libertar
da percepção de estar com um determinado corpo para poder atingir um
clímax.

No entanto, gostaria de deixar bem claro: não estou dizendo que tem
que “virar bagunça”. O que estou querendo afirmar é que é necessário
se libertar da obrigação, pois enquanto alguém achar que só pode fazer
sexo com seu marido ou mulher, estará preso a uma percepção.

O que estou querendo dizer é: mesmo fazendo só com seu marido ou


sua mulher, não ter esta verdade, esta obrigação.

Esclareço isto para não dizerem que eu sou anarquista. Quem faz com
um ou com vários parceiros está sempre perfeito no sentido espiritual,
desde que o faça livremente, sem culpa ou prazer.

Não se pode culpar ninguém que se liberte dos conceitos, pois, quem
está liberto da lei está melhor de quem é preso à lei: palavras de Paulo.

O próximo agregado que veremos, chamamos de formação mental.


Podemos também chamá-lo de pensamento, ou seja, aqueles valores
que são criados na “mente” do ser humanizado através de vozes, idéias
ou imagens. Enfim, tudo o que vem a “mente” e conscientemente é
percebido é uma formação mental.
A formação mental é um agregado ao espírito, ou seja, não é um
elemento espiritual, mas resultado da humanização do espírito. Agora
que definimos formação mental, vamos entender a sua ação e como ela
se inicia.

Como já vimos, o ser humanizado percebe uma forma e escolhe uma


sensação para aquela forma. Esta sensação deu um valor à forma
percebida. Por exemplo: alguém “não gostou” de uma resposta que dei.
“Não gostar” foi uma sensação escolhida por este espírito humanizado
para uma forma (som) percebido.

Logo depois que o espírito escolhe a sensação, inicia-se um raciocínio


que dará um “valor” à percepção. Ele irá pensar, ter pensamentos sobre
o som percebido. Este pensamento será pautado pela sensação
escolhida: “não gostei”.

Apesar da formação mental se espelhar na sensação do ser humanizado


não é criação deste, mas de Deus. O espírito tem o livre arbítrio de
sentir e Deus transforma esta sensação, que é inconsciente, na
formação mental que é consciente.

As formações mentais são, portanto, Deus falando com o ser


humanizado para lhe trazer à consciência o conhecimento daquilo que
realizou inconscientemente. Ele diz ao espírito através do pensamento
aquilo que ele sentiu e não sabe.

Dentro do exemplo que nós demos, quando ouvir uma coisa que falei e
ter uma sensação de “não gostar”, Deus dirá: você não gostou por isso,
por aquilo, por causa daquilo outro. Os motivos porque não gostou não
importam, pois são mayas (verdades individuais, ilusões). A ação divina
ao dar a formação mental é no sentido de mostrar ao ser humanizado
uma só coisa: você não gostou, ou seja, você teve uma sensação
individualista para a percepção da forma que teve.

Se a sensação é o ponto chave na elevação espiritual, a formação


mental é uma “cola” que Deus dá para aqueles que estão realizando
provas e que não sabem definir o seu sentimento, pois ainda não tem
consciência do maya e da ilusão que vive. É Deus mostrando ao ser a
ação espiritual que fez para lhe dizer: é preciso mudar esta sensação. É
precisa sair da sensação individualista e entrar no amor universalista.

Esta é a formação mental. Ela é um agregado e não é espírito, ou seja,


o espírito desumanizado não tem pensamentos, não tem idéias, não ou
vozes na sua mente nem tem valores para coisas. Por que? Porque ele
não tem sensações, só tem amor incondicional. Ele está livre das formas
percebidas através dos órgãos do corpo.

O pensamento não é o criador do maya, pois é dependente da sensação,


mas o pensamento é a conscientização do maya (sensação escolhida)
que você está vivendo. “Eu não gostei” é o maya, a sensação que você
criou ao perceber e que agora precisa vencer, precisa derrotar.

É preciso a compreensão perfeita deste agregado para podermos


entender que o pensamento nada mais é do que Deus mostrando a cada
um onde deve lutar, ou seja, na sensação que causou aquele
pensamento.

Pergunta: Você conhece o conceito de pensamento que gera sentimento


e que gera energia?

Eu não conheço este conceito. O que eu posso lhe dizer é que


sentimento é energia, pois tudo no universo é energia. Então, o
sentimento já é uma energia e não poderia gerar uma.O que eu posso
lhe dizer ainda, por conhecimento, é que o sentimento, a sensação, vem
antes do pensamento.

Então eu diria que nós temos sensações que geram pensamentos e


ações. Estes são os três estágios da vida.

É o sentimento que gera o pensamento. Agora isso vocês não


conseguem ter consciência, pois este sentir é inconsciente. Por isso,
talvez a humanidade acredite diferente.

Pergunta: E o sentimento, onde ficou?

É a sensação, pois ela é o sentir individualista: “eu não gostei”.

Pergunta: Estou falando isso porque nós conhecemos sensação como


aquilo que é recebido através dos órgãos do sentido.

Isso é sensibilidade. Sensação é sentir sentimentos, ter a sensação de


“não estar gostando”, de “não querer”, de que a coisa “não será boa”.

A dúvida sobre o “sentir” é válida, pois para a humanidade realmente


ele só ocorre quando se pensa. Vamos explicar mais para retirar todas
as dúvidas.
Universalmente posso afirmar que o que acontece é que o espírito sente
e Deus lhe dá o pensamento. No entanto, a consciência do ser
humanizado não consegue captar esta seqüência. Ele ainda acredita que
sente durante o pensamento.

Você sente (escolhe a sensação) “não gostei” inconsciente, mas só


quando Deus lhe mostra pelo pensamento (através da razão) a sua
decisão de “não gostar” é que começa a sentir conscientemente os
efeitos do que já escolheu antes. Só quando está raciocinando o espírito
se dá conta do “peso” da amargura embutida na sensação “não gostei”
escolhida para vivenciar alguma situação.

Na verdade o sentimento já tinha sido escolhido inconscientemente


antes do pensamento e estes reflexos já estavam presentes. Entretanto,
como o ser humanizado só toma consciência de que “não gostou”
através do pensamento (pelos valores que o compõem) só sente os
“reflexos” da escolha sentimental posteriormente.

Isto ocorre porque o ser humanizado é guiado pela lógica, pela razão.
Ele só acredita naquilo que pensa e nada mais existe. Por isso acha que
pensa para depois sentir. No entanto, os acontecimentos acontecem
nesta seqüência. É por isso, também, que Buda ensina os agregados
nesta ordem: ele conhecia a realidade.

Pergunta: Nosso livre arbítrio, então, é inconsciente?

Sim, o seu livre arbítrio é inconsciente ao ser humano, mas é consciente


ao espírito.

Você quando ligado ao mundo através da carne, ou seja, quando está


acordado, vive “duas vidas” simultaneamente: a consciente e a
inconsciente.

A vida consciente é maya, é ilusão, pois os acontecimentos não existem


como você declara que são.Mas, ao mesmo tempo, você espírito está
vivendo a vida que é conhecida no planeta como inconsciente que é
vivenciada na consciência espiritual.

Podemos, então, afirmar que como ser humano (dentro da consciência


humana) você escolhe inconscientemente o sentimento, mas para a
Verdade espiritual (a existência real do espírito) você escolhe
conscientemente.
Pergunta: Acho que o entendimento para este ensinamento é muito
difícil. Acho que nossa capacidade de compreender não alcança
totalmente isto.

É porque está fora da realidade de vocês, pois estão presos à


percepção: só o que percebo existe.

Pergunta: Dá para explicar de novo?

A dificuldade existe porque estamos conversando sobre aquilo que não


tem valores para vocês, não está dentro da lógica humana e por isso é
muito difícil compreender.

É difícil falar sobre aquilo que vocês não possuem valores, formas, que
não pode ser mensurado. É muito difícil falar da vida inconsciente que
existe junto ao consciente porque o ser humanizado é apegado ao
consciente como única realidade.

Por isso, me deixe explicar algo que é o que cada um precisa


compreender e saber. Sempre que surgir um “gostei ou não” sobre
alguma coisa foi decisão do seu livre arbítrio.

Estas duas sensações precisam ser combatidas, pois quando o ser


humanizado utiliza o seu livre arbítrio está “falando” com Deus, pois é
pela linguagem sentimental que se “fala” com o Pai.

Quando o ser humanizado opta (livre arbítrio) por viver no dualismo


está sempre julgando a ação divina e, ao sentir desta forma, comunica a
Deus o resultado do seu julgamento. É o ser humanizado agindo do alto
da sua falsa autoridade individualista.

Isso você pode e precisa compreender e a partir daí optar por utilizar o
seu livre arbítrio para estar sempre harmonizado com os
acontecimentos da vida, em paz e na felicidade incondicional.

Agora, que Deus traduz a escolha feita pelo livre arbítrio em idéias,
pensamentos, tenha apenas como informação e não tente entender
como isto se processa, pois este conhecimento ainda está além do seu
conhecimento.

Tenha apenas a informação de que tudo o que você pensa no


consciente, é Deus lhe mostrando, na essência, o que você decidiu
sentimentalmente. Ele quer que você tenha consciência do que está
fazendo: julgando-O.
Deus está lhe mostrando que você “mora” na casa Dele, vive as custas
Dele e mesmo assim ainda se acha no direito de saber o que é certo, ser
o detentor da Verdade Universal.

Mas, porque o espírito age assim? Para explicarmos isso vamos agora
falar do último agregado: a consciência. O que é consciência? Memória.
Ela é composta por verdades arquivadas, sejam elas sentimentais
(sensações) ou materiais (formas).

Por exemplo, uma cor. O conhecimento de uma determinada cor, dar


valor como nome, características, etc., só acontece porque o ser
humanizado possui verdades arquivadas que estampam estes valores.
Quando o ser humanizado percebe (capta pelos órgãos do corpo) a
forma que é uma cor, busca na consciência todas as verdades
arquivadas sobre ela.

Entretanto, a consciência possui ainda mais elementos guardados sobre


a forma percebida: as sensações escolhidas anteriormente quando esta
forma foi percebida. Todo fruto do seu livre arbítrio (sensação) fica
arquivado na memória junto com as formas que foram julgadas.

No momento em que o ser humanizado for utilizar o seu livre arbítrio


(escolher uma sensação), as decisões anteriores que foram arquivadas
na consciência estarão presentes. No entanto, não só elas, mas também
o “estado de espírito” atual.

Na escolha da sensação, que chamamos de raciocínio espiritual, o ser


humanizado “lembra-se” das sensações anteriores, mas os sentimentos
que nutre no momento também influenciam. Ele pode, por exemplo, ter
arquivado na consciência uma lembrança de “não gostar” de
determinada cor, mas naquele momento sua “base sentimental” ser de
paz e harmonia e não se deixar influenciar pela sensação anterior.

Durante a execução da formação mental (pensamento), Deus utilizará


os valores arquivados (nome, características), mas a “história” que será
criada com estes valores (raciocínio) poderá ser diferente a cada
momento. Isto porque ela será baseada na sensação fruto do livre
arbítrio, que como já vimos, surge da escolha entre o seu “estado de
espírito” atual e os seus sentimentos arquivados.

A consciência, na verdade, é um conjunto de informações sobre as


formas e sensações que auxilia o espírito na vivência do seu carma. É
nela que se encontram os elementos necessários à prova que o ser
executa enquanto humanizado: escolher entre sensações dualistas ou
amar universalmente.

A partir do momento que compreendemos a consciência, podemos agora


falar sobre ela. Como se forma a consciência, ou seja, como se forma
este agregado do espírito? O ser “forma” os valores que comporão a sua
consciência humana antes da encarnação. Para tanto escolhe valores
sentimentais (sensações) e verdades.

Esta escolha é de responsabilidade exclusiva do espírito, por isso


também é considerada com livre arbítrio (Livro dos Espíritos – perguntas
258 e 258a). Depois que ele encarna este livre arbítrio não mais existe,
ou seja, o espírito não tem mais a liberdade de alterar a sua consciência
(Livro dos Espíritos – pergunta 267) apenas por vontade própria.

Portanto, cada espírito antes de encarnar “prepara” a sua consciência,


que vou passar a chamar de ego, pois é a mesma coisa, com verdades
materiais e sensações específicas. Esta escolha é fundamental para o
espírito que irá encarnar, pois o ego terá a função de “tentador”, ou
seja, como propositor de provas.

Exemplifiquemos para poder facilitar a compreensão. Um ser precisa


libertar-se por carma da arrogância. Este sentimento é uma sensação
individualista, pois reflete a aspiração de ser melhor, maior, mais certo,
mais bonito, mais perfeito que os outros.

Aquele que crê na sua superioridade precisa vencê-la, pois somos todos
iguais perante o Pai. Para mostrar a Deus que pode utilizar o seu livre
arbítrio amando-O acima de todas as coisas e ao próximo, o ser coloca
em sua consciência verdades e sensações que exprimam esta
superioridade.

Depois que encarna (vive no consciente material) ele precisa vencer


essa sensação para alcançar a vitória. Mas para isto precisa possuir esta
sensação, pois vencer significa tê-la e não usá-la. É por este motivo que
o ser “organiza” a sua consciência material com essa sensação.

Sem a existência dela a vida não teria valor algum, pois não haveria
vitória se o ser humanizado estivesse sem a arrogância. Como vencer
uma coisa que não se combate?

Desta forma, podemos afirmar que se você é arrogante é porque, antes


da encarnação, “colocou” esta sensação na sua consciência. Isto vale
para todos os sentimentos que compõem a “personalidade” do ser
humano: nervoso, tímido, covarde, soberbo, etc.

Depois que o ser organiza a sua “personalidade”, ou seja, o conjunto de


sensações que precisa vencer, vem para a Terra: encarna. Agora terá
que aprender a conviver com estas tendências sem aprisionar-se a elas.

Além dos sentimentos, a memória contém também verdades materiais,


que auxiliarão o ego a conscientemente forçar a utilização das
sensações que compõem a personalidade. Por exemplo. Aquele que
buscar vencer a arrogância terá que ter verdades como: “eu não vou
acreditar em nada que me disserem”, “tudo que me falarem é mentira,
errado, pois só eu sei a verdade”.

Estas “verdades” serão utilizadas por Deus para formar conscientemente


o pensamento sobre qualquer coisa da vida, seja em ensinamentos, nas
pessoas, na felicidade da vida, em qualquer coisa.

Agora que está formado o “exército” que deverá ser combatido (o ego),
o espírito precisa organizar o “campo de batalha”. Para isto ele
escreverá as situações da vida (acontecimentos) que participará e Deus,
como provedor da oportunidade de elevação, fará acontecer.

Estes acontecimentos, obviamente, não poderão satisfazer o ser


humanizado, ou seja, não estarão de acordo com o que ele espera da
vida. Eles terão que ser contrários àquilo que o ser humanizado espera
para que haja a oportunidade dele optar entre o dualismo (certo ou
errado) ou manter-se em paz.

Neste ensinamento está a essência da vida humana que o espírito vive,


mas que pelo “véu do esquecimento” não tem consciência enquanto
humanizado.

Então, durante a vida carnal o ser tem uma percepção de alguém


falando. Se optar por seguir a sua personalidade sentimental o
pensamento lhe dirá que esta pessoa está contrariando a sua verdade.
Por esta decisão sentimental Deus lhe dará, através do pensamento, o
desejo de gritar e brigar para provar ao outro que está certo.

Esta escolha sentimental leva ao fracasso na “prova”, pois o


ensinamento de Cristo é amar a Deus sobre todas as coisas e ao
próximo como a si mesmo. A sensação que o espírito precisa escolher
para ser aprovado é o amor a Deus acima do “amor ao que se gosta”.
Quando este for o fruto do livre arbítrio o ser não terá mais o
pensamento de brigar, mas sim o de doar ao próximo a razão. Ao invés
de espelhar o desejo de querer “pular no pescoço” do seu irmão, o
pensamento será construído no sentido de ter vontade não contrariá-lo.

Na história que o pensamento forma para conscientemente se sentir o


desejo de combater o próximo está o maya. O ser humanizado ao viver
em maya (acreditando nos motivos que o pensamento expõe) não vê
que todas estas histórias não são reais, pois foram montadas a partir de
valores fictícios criados antes da encarnação.

Quando ele vivencia a ilusão (“eu não gosto”) como verdade, não
compreende que ela foi criada justamente para ser vencida. As histórias
da vida (valores que o pensamento dá às coisas) não são reais, pois
seus valores são criação dos espíritos. As histórias da vida são meras
obras de ficção que os seres criam para, pela interação entre ambos
depois de encarnados, poderem executar suas provas.

Já o ser espiritualizado, aquele que compreende que tudo que está no


seu ego e que é utilizado por Deus para formar os pensamentos são
apenas proposições de carma (provas), supera tudo. Esse diz a cada
pensamento: “não maya, não ego, eu não vou dar razão a você, eu não
vou acreditar em você”.

Se a vida para o ser espiritualizado só oferece limão, ele não luta contra
ela sonhando em comer laranja. Ele chupa o seu limão com paz, com
harmonia, doando a sua intenção a Deus (propositor dos carmas) que só
lhe deu limão para chupar.

Nesta simples análise que fizemos a partir do ensinamento dos mestres


reside a “ciência” da vida. Aqueles que buscam ser fiéis a estes
ensinamentos precisam ensinar desta forma também. É por isso que
nosso ensinamento é, na maioria das vezes, diferente daqueles que são
passados pelas religiões criadas sobre estes mesmos ensinamentos.

Nós jamais poderíamos fazer ou dizer algo apenas para satisfazer


(atender suas verdades) apenas para lhe manter fiel a nós. Se nós
disséssemos o que você quer ouvir, ou seja, aquilo no que você acredita
e que está dentro da sua lógica humana, estaríamos corroborando com
as suas ilusões, com os seus mayas.

Além de não estar auxiliando ninguém a vencer, estaríamos


aprisionando os espíritos humanizados aos seus próprios mayas. Não
estaríamos a serviço de Deus, mas sim do diabo, do ego, do ser
humanizado: aquele espírito puro que “caiu do céu” (teve que encarnar)
por se achar capaz de julgar a Deus (escolher sensações dualistas).

O conhecimento do ensinamento de Sidarta Gautama sobre os “cinco


agregados” fundido aos ensinamentos dos mestres Krishna, Cristo e do
Espírito da Verdade através de Kardec, que explicam a forma de “ver”
as coisas do mundo através do processo raciocínio como fizemos hoje,
explica tudo que um ser humanizado precisa compreender sobre a vida
para utilizá-la como instrumento da elevação espiritual.

A visão espiritualista, ecumênica e universalista dos ensinamentos


mostra como se processa a vida. Como o ser humanizado cria a ilusão e
como a utiliza: como um preconceito, um conceito (verdade) formado
anteriormente até a própria existência.

Fala da ilusão de que o ser humano tem de que “nasceu” para ser
servido pelo mundo quando é exatamente ao contrário: ele “nasceu”
para que o mundo lhe sirva não o contentando, pois só quando eles
agem desta forma o ser tem condições de executar o seu trabalho
espiritual.

Agora se utilizássemos estes mesmos conhecimentos para lhe fazer


sonhar com um mundo criado completamente dentro das suas
verdades, estaríamos aprisionando-o ao que você gosta, ao que quer
fazer, ao que sabei fazer e aí você não conquistaria nada.

Para que você seja servido pelo mundo (só acontecer o que “gosta”)
seria necessário que os outros lhe servissem (fizesse aquilo que você
quer). Isto para mim tem um nome: exploração. Aquele que quer mudar
o mundo e não a si (suas sensações) explora os outros para ser feliz.

A felicidade é incondicional. Ela jamais poderá ser alcançada através de


sensações individualistas que a condiciona. Ela só poderá ser alcançada
com a união perfeita com Deus através do amor universal. Com a
consciência espiritual que nos coloca de frente para o Pai, que vê Deus
ao nosso lado nos “carregando no colo” e incitando-nos: “vamos filho,
vamos, sai desta ilusão, sai deste maya”.

É por isso que o mundo não trabalha ao nosso favor (não acontece só o
que queremos). É por isso que a vida acontece contrariamente ao que
queremos. Se acontecesse apenas o que queremos era mais fácil
permanecer vivo (viver na consciência material), do que buscar a
ressurreição (vida na consciência espiritual) e nenhum trabalho
espiritual seria realizado.
É por não ter a consciência de que aquele que não faz o que queremos é
nosso amigo (nos auxilia na elevação espiritual) que o tratamos como
“inimigo”. Não viemos a este mundo para viver apenas com as pessoas
que nos satisfazem, pois como Cristo ensina, é fácil abraçar um amigo,
quero ver é cumprimentar o inimigo. Nós pedimos para interagir com
pessoas que não nos satisfazem para poder aprender a “caminhar” ao
lado do suposto inimigo sem guerreá-lo, mas servindo-o, ou seja,
amando-o.

Acho que agora fica claro que o que é real para você é ilusão, pois ainda
está preso à obra fictícia que você mesmo criou e colocou “dentro” de
você para se libertar e assim conseguir alcançar a felicidade
incondicional nesta vida e uma boa posição depois do desencarne.

Pergunta: Como saber se o que o senhor fala não é maya também?

Tente aplicar o que eu falo nos ensinamentos dos mestres. Tente aplicar
os ensinamentos de Cristo no que conversamos hoje.

Se seu olho lhe faz pecar, arranque-o fora, pois é melhor entrar no reino
do céu sem um olho do que ir para o inferno com o corpo inteiro: deixe
de “ver” as coisas, ou seja, deixe e dar valor aos acontecimentos da
vida.

Quando um cego guia o outro os dois caem no buraco: enquanto houver


verdades sempre existirão desavenças. Portanto, deixe de ser cego (ter
verdades) para poder auxiliar bem o seu próximo.

Aí os apóstolos perguntam: você está dizendo que nós somos cegos?


Cristo responde: se você diz que pode ver então é cego, pois aquele que
vê de verdade nada enxerga, ou seja, não atribui valor algum às coisas.

Retire a trave que está no seu olho e não o cisco que está no olho do
próximo, pois o problema é o que você “enxerga” (atribui sensação) e
não o que o outro está fazendo.

Porque você se preocupa com o amanhã, se o amanhã é criado por


Deus.

Colocar o que conversamos hoje sobre o ensinamento do Buda não


precisa porque foi o que usamos, mas compare com o ensinamento do
Krishna: tudo que existe é fruto da ação de um guna pensante com um
guna pensado e por isso é maya.
Coloque tudo que falamos hoje em comparação com o ensinamento do
Espírito da Verdade à Kardec: Deus causa primária de todas as coisas,
se existe uma inteligência inferior tem que haver uma superior e é ela
que comanda todas a inferior.

Os espíritos conhecem os nossos pensamentos? Muito mais do que


penas, pois são eles que lhe dão os pensamentos. E como saber o que é
nosso pensamento e o que vem de fora? O pensamento que o espírito
lhe traz de fora é sempre uma idéia, uma palavra, uma voz que lhe fala
enquanto que o seu é inconsciente.

Para saber se o que estamos falando é Real, é só compará-lo com os


ensinamentos do mestre. Agora, se você quiser compará-lo às verdades
que seres humanizados, ou seja, em busca da satisfação material,
criaram em cima dos ensinamentos dos mestres aí não vai dar certo.

Agora, apesar disso, eu posso lhe afirmar que o meu ensinamento é


maya. Sabe por que? Porque você está querendo raciocinar logicamente
o que estou falando e ao fazer isso criou um maya.

Desta forma, o que eu falo é Real, mas o que você compreende é maya.

Pergunta: Em outra palestra o senhor afirmou que o espírito está


parado, deitado, apenas vivendo uma vida mental. O senhor pode
comentar melhor isso?

Essa realidade ou informação real foi trazida por André Luiz no livro
“Nosso Lar”.

Quando ele entra na enfermaria e vê espíritos deitados em macas com


movimentos faciais pergunta ao seu mentor: o que está acontecendo. O
mentor diz: são os espíritos vivendo a sua vida.

Sim isso é verdade. A sua vida, o que você conhece como vida é uma
atividade mental e não física. Nem física de corpo nem física de espírito:
é somente a ação dos cinco agregados do espírito.

Não é com o braço, com a perna ou com qualquer outra parte do corpo
(ações físicas) que se vence a elevação espiritual. Por isso Cristo disse
que se qualquer parte do corpo lhe atrapalhar á jogue fora.

A elevação espiritual se conquista no trabalho junto aos “cinco


agregados”, ou seja, com atenção plena às formações mentais que
retratam as sensações escolhidas e os conceitos sobre as formas
percebidas que foram armazenados na consciência.

Aí a partir deste trabalho que se “vive” ou se “morre”. É aqui que se


vence ou se perde no sentido espiritual. Todo resto, todas as ações e
movimentações que você percebe é apenas ação carmática.

São ficções que você valoriza criando mayas, vivendo a ação dos cinco
agregados como se fosse realidade.

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