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CARTA DE REPÚDIO

ao Desmonte do Ensino Público Superior

Os princípios constitucionais de 1988 prezam, nos artigos 206 e 207,


respectivamente, que: "O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: II.
liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III.
pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e
privadas de ensino” e "As universidades gozam de autonomia didática-científica,
administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”.

Partindo desses preceitos, os grupos do Programa de Educação Tutorial (PET) da


Universidade Federal de Alagoas (UFAL) têm como objetivo geral "Promover a formação
ampla e de qualidade acadêmica dos alunos de graduação envolvidos direta ou
indiretamente com o programa, estimulando a fixação de valores que reforcem a cidadania
e a consciência social de todos os participantes e a melhoria dos cursos de graduação"
(MOB, 2006). Além de, segundo a Portaria 976 art.2° inciso VIII, "Contribuir com a política
de diversidade na Instituição de Ensino Superior - IES, por meio de ações afirmativas em
defesa da equidade socioeconômica, étnico-racial e de gênero"., Por esse motivo, tais
grupos vêm por meio desta carta repudiar um conjunto de ações e atitudes que vêm sendo
implementadas, desenvolvidas e demonstradas no intuito de desmontar e desqualificar o
Ensino Público Superior do país.

A primeira delas é a instituição do novo regime fiscal, firmado por meio da PEC 55,
que limita investimentos e despesas públicas mínimos aos ajustes inflacionários por 20
anos, principalmente nas áreas de educação e saúde, que são bastante necessitadas de
incentivos públicos. A segunda é o corte de gastos, anunciado pelo Ministério da Educação
(MEC), ao orçamento da Capes para 2019, o que afeta diretamente o pagamento de bolsas
para mestrados, doutorados, pós-doutorados e programas como o Institucional de Bolsas
de Iniciação à Docência (Pibid) e o Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), entre
outros.

Medidas como essas impedem o desenvolvimento científico, impactam na formação


de professores, na qualificação de profissionais da área da educação, na inserção de
estudantes de graduação nos programas de pós-graduação e reforçam o sucateamento do
ensino, caracterizando, portanto, um desmonte do Ensino Público Superior. Ressalta-se
ainda que as bolsas utilizadas nesses programas também cumprem um papel social, pois
possibilitam a inserção de pessoas de classes econômicas negligenciadas nesses meios,
contribuindo tanto para o desenvolvimento científico como para permanência na
Universidade. Ou seja, a interrupção de investimentos também reforça a elitização do
Ensino Público Superior, pois se configura como uma ameaça às políticas públicas de
afirmação.

A quarta questão refere-se aos diversos discursos de ódio recentemente


disseminados quanto ao papel da Universidade Pública, os quais marginalizam pessoas
fora dos padrões conservadores, ridicularizam movimentos proferidos por elas, ameaçam a
pluralidade de ideias e a liberdade de existência e expressão, embora defendidas pela
constituição.

Sendo assim, os grupos PET da UFAL, afirmando seu dever como um Programa de
qualificação e modernização do ensino e como promotor da produção científica e da
inserção social, entendem como inadmissível esse desmanche do Ensino Público Superior.
Nesse sentido, vimos manifestar nosso: (i). repúdio ao corte de gastos recorrente
materializado pela PEC 55; (ii). integral apoio à Capes em sua solicitação de não aplicação
do teto de gastos previsto para seu orçamento em 2019; e (iii). total combate a quaisquer
discursos que ponham em risco direitos assegurados.

Atenciosamente,

PET UFAL

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