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Estruturas de Concreto e Fundações

Estruturas Especiais - Muros de Arrimo


Exemplo 06 – Alvenaria Estrutural

Prof. M.Sc. Antonio de Faria


Agosto-2015

1
Muros de Arrimo AE – Exemplo numérico

Projetar um muro de arrimo isolado em alvenaria


estrutural, com fundação em sapata (concreto
armado), para um talude vertical de altura 1,0 m,
considerando:
σsolo = 200 kN/m2 = 0,20 MPa
coeficiente de atrito solo/concreto = 0,55;
γsolo = 18,0 kN/m3 ,
φ = 300
Aço CA-50
fck = 20,0 MPa.
Bloco: 19x29x39 cm – fbk = 6,0 MPa;
Argamassa: farg = 8,0 MPa
Graute: fgk = 15,0 MPa
Muros de Arrimo AE – Exemplo numérico

Propriedades físicas da parede:


 fbk ≥ 6,0 MPa (19x19x39 cm) – Bloco tipo AE;
 fpk = 0,8.fbk = 0,8.6,0 = 4,8 MPa;
 Ealv = 800.fpk = 800.4,8 = 3840,0 MPa;
 farg = 8,0 MPa – Traço  1:0,5:4,5
Muros de Arrimo AE – Exemplo numérico

Planta Elevação
Muros de Arrimo AE – Exemplo numérico

NBR 15961-1:2011 – Item 6.2.5.3 – Compressão Simples:


 A resistência característica à compressão simples da alvenaria fk deve
ser determinada com base no ensaio de paredes (ABNT NBR 8949) ou
ser estimada como 70% da resistência característica de compressão
simples de prisma fpk ou 85% de pequena parede fppk;

 0,7 ⋅ fpk
fk ≤ 
0,8 ⋅ fppk
NBR 15961-1:2011 – Item 6.2.5.5 – Tração na flexão:
 No caso de ações variáveis como, por exemplo, a do vento, permite-se
a consideração da resistência à tração da alvenaria sob flexão,
segundo os valores característicos definidos na Tabela 3, válida para
argamassas de cimento, cal e areia, sem aditivos e adições e juntas
verticais preenchidas. Para outros caos, a resistência de tração na
flexão deve ser determinada conforme procedimento descrito no
Anexo C da ABNT NBR 15961-2-2011, ou de acordo com a ABNT NBR
14322.
Muros de Arrimo AE

Nomemclatura usual para flexão da parede:


Muros de Arrimo AE – Exemplo numérico

Tabela 3 – Valores característicos da resistência à tração na flexão - ftk

Resistência Média à compressão da argamassa MPa


Direção da Tração
1,5 a 3,4a 3,5 a 7,0b Acima de 7,0c
Normal à fiada 0,10 0,20 0,25
Paralela à fiada 0,20 0,40 0,50
NOTA: Valores relativos á área bruta:
a
Classes P2 e P3, conforme ABNT NBR 13281.
b
Classes P4 e P5, conforme ABNT NBR 13281.
c
Classe P6, conforme ABNT NBR 13281

falv, t, k, par = 0,50 MPa falv, t, k, per 0,25


µ= = = 0,50
falv, t, k, per = 0,25 MPa falv, t, k, par 0,50
Muros de Arrimo AE – Exemplo numérico

Determinação da pressão de terra ocasionada pelo empuxo,


considerando um paramento interno liso e vertical:

onde:
p  pressão do solo na base do muro;
Ka  coeficiente de empuxo ativo;
q = ka .γsolo ⋅ h γsolo  peso específico do solo;
h  altura livre do muro;

kN
1 m 2 kN
q = .18,0 ⋅ 2,0 = 12,0 =
3 m m
Muros de Arrimo AE – Exemplo numérico

Verificação da estabilidade do painel – Norma britânica


BS 5628-1/1992:
Em todos os casos a altura do painel (H) e a largura do painel (l)
devem ser menores que 50.tef e, além disso, devem ser verificadas as
condições especificadas abaixo:
Painéis com 3 lados apoiados com pelo menos 2 lados contínuos:
H.l ≤ 1500.tef2
Demais casos:
H.l ≤ 1350.tef2
Em balanço:
H ≤ 12.tef

H ≤ 12 ⋅ tef 2
200 ≤ 12 ⋅19
200 < 228 → ok!
Muros de Arrimo AE – Exemplo numérico

Verificação do deslocamento:
Para peças em balanço, os deslocamentos não devem ultrapassar
l/150 ou 20,0 mm;
Para considerar de forma aproximada o efeito da fissuração e
deformação lenta na alvenaria, o módulo de deformação da parede
será reduzido em 40%, assim, tem-se:
Em = 800.4,8.0,6 = 2304,0 MPa;
Momento de inércia do painel:
b ⋅ h 3 100 ⋅19 3 cm 4
Iparede = = = 57158,3
12 12 m
Deslocamento máximo, admitindo barra engastada-livre com carga triangular:

q ⋅ l4 0,12 ⋅ 200 4 δ lim =


l
=
200
= 1,33 cm
δ= = = 0,486 cm
30 ⋅ E ⋅ I 30 ⋅ 230,4 ⋅ 57158,3 150 150
Muros de Arrimo AE – Exemplo numérico

Verificação da espessura efetiva (esbeltez da parede), conforme


NBR 15961-1, item 9.4.2;
O índice de esbeltez é a razão entre a altura efetiva e a
espessura da parede ou pilar:

he 24,0 para paredes não armados


λ= λ≤
te  30,0 para paredes armadas

t = 19,0 cm
l = 100,0 cm
Muros de Arrimo AE – Exemplo numérico

A espessura efetiva (tef) da parede fica:


tef = t = 19,0 cm
No caso de muro de arrimo, a altura efetiva (hef) da parede deve ser
considerada como sendo 2.h assim, tem-se:
hef = 2 ⋅ h = 2 ⋅ 200,0 = 400,0 cm

he 400
λ= = = 21,05 < 30,0 → ok!
tef 19,0
Muros de Arrimo AE Exemplo numérico

Para a determinação dos esforços solicitantes no painel, será


considerado como sendo uma barra engastada e livre, cujo
momento fletor máximos é dados por:

q ⋅ h2 Md = γf ⋅ M
M=
6
sendo:
M  momento fletor perpendicular a junta de assentamento;
γf  coeficiente de ponderação;
q  pressão do solo sobre o muro;
h  altura do muro;
Muros de Arrimo AE Exemplo numérico

O coeficiente de ponderação (γf) é obtido por meio da Tabela 7 da


NBR 15961-1, a saber:
Considerando edificações Tipo 1 (aquelas em que as cargas
permanentes superam 5,0 kN/m2  γf = 1,35;

Momento fletor perpendidulcar à junta de assentamento:

q ⋅ h2 12,0 ⋅ 2,0 2 kN.m kN.cm


MSd, per = γf ⋅ = 1,35 ⋅ = 10,8 = 1080
6 6 m m
Muros de Arrimo AE Exemplo numérico

Alvenaria Armada – Seções retangulares com armadura simples –


NBR 15961-1:20011 – Item 11.3.3
2  As.fs 
MRd = As.fs.z ≤ 0,4.fd.b.d z = d.1 - 0,5.  ≤ 0,95.d
 b.d.fd 
fk = 0,7.fpk = 0,7.4,8 = 3,36 MPa
fk 3,36 0,5.fyk 0,5.500
fd = = = 1,68 MPa fs = = = 217,4 MPa
γm 2,0 γs 1,15

MRd ≤ 0,4.fd.b.d 2 = 0,4 ⋅ 0,168 ⋅100 ⋅ 9,52 = 606,5 kN ⋅ cm

Como MSd=1080 kN.cm > MRd=606,5 kN.cm, pode-se pensar em duas soluções:
- alterar a altura últil “d”, com a utilização de espaçador;
- utilizar enrijecedores;
Muros de Arrimo AE Exemplo numérico

a) alterando o valor da altura últil “d”;

d = tef - d' = 19,0 - 4 = 15,0 cm


MRd ≤ 0,4.fd.b.d 2
MRd ≤ = 0,4 ⋅ 0,168 ⋅100 ⋅15,0 2 = 1512,0 kN ⋅ cm

Determinação da armadura do painel – considerando z ≅ 0,95.d, tem-se:


MSd 1080,0 cm 2
As = = = 3,49
z ⋅ fs 0,95 ⋅15,0 ⋅ 21,74 m
Muros de Arrimo AE Exemplo numérico

Armadura mínima – NBR 15961-1:20011 – Item 12.2:


As, mín, principal ≥ 0,1% ⋅ Aparede
0,1 cm 2
As, mín, principal ≥ ⋅19 ⋅100 = 1,9
100 m
As, mín, secundária ≥ 0,05% ⋅ Aparede
0,05 cm 2
As, mín, secundária ≥ ⋅19 ⋅100 = 0,95
100 m
Espaçamento entre barras – NBR 15961-1:20011 – Item 12.5:

Dmáx, agr + 5 mm
 emax → não há limitação normativa
emín ≥  1,5 ⋅ φl
 20 mm

Muros de Arrimo AE Exemplo numérico

Para o caso em questão, adotou-se:


1 φ 12,5 mm a cada 40,0 cm
cm 2
As, efetivo = 3,13
m
Muros de Arrimo AE Exemplo numérico

Verificação do Esforço Cortante – NBR 15961-1:2011 – item 6.2.5.6


p ⋅ h 6,0 ⋅ 2,0 kN
Vk, base = = = 6,0
2 2 m
kN
Vd, base = γf ⋅ Vk, base = 1,35 ⋅ 6,0 = 8,10
m
As 3,13 cm 2
fvk = 0,35 + 17,5 ⋅ ρ ≤ 0,7 MPa ρ = = = 0,00209
b ⋅ d 100 ⋅15,0 cm 2
fvk = 0,35 + 17,5 ⋅ 0,00209 = 0,387 MPa

Vd 8,10 kN
τvd = = = 0,0054 2
= 0,054 MPa
b ⋅ d 100 ⋅15,0 cm
Muros de Arrimo AE Exemplo numérico

Verificação da resistência – NBR 15961-1:2011 – item 11.4.2


0,387
fvk 0,054 MPa ≤ MPa
τvd ≤ 1,2
γm
0,054 MPa < 0,323 MPa → ok!
Armadura de cisalhamento – NBR 15961-1:2011 – item 11.4.3
Va = fVd ⋅ b ⋅ d
Va = 1,35 ⋅ 0,0387 ⋅100 ⋅15,0 = 78,37 kN
Va  parcela do esforço cortante absorvido pela alvenaria;

Va = 78,37 kN > Vd = 8,10 kN


Não há necessidade de armadura transversal!
Muros de Arrimo AE Exemplo numérico
Muros de Arrimo AE Exemplo numérico

Drenos e barbacãs:
É de extrema importância a instalação de sistema de drenagem
no maciço contido, para que haja o alívio de poro-pressões e
de empuxo sobre o muro;

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