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INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS / USP

INTRODUÇÃO ÀS GEOTECNOLOGIAS
0440221

Princípios de cartografia

Prof.: André Negrão


2017
Sumário
• Definição de cartografia
• Cartografia histórica
• Escala. Definição de mapa, carta e planta
• Erro de grafismo, precisão e exatidão
• Sistemas de projeção
• Sistema UTM
• Carta Internacional ao Milionésimo
• Índice de nomenclatura
• Mapas topográficos
• Mapas temáticos
• Métodos de representação cartográfica
Definição de Cartografia
• Segundo a UNESCO

"A Cartografia apresenta-se como o conjunto de estudos e operações científicas,

técnicas e artísticas que, tendo por base os resultados de observações diretas ou da

análise de documentação, se voltam para a elaboração de mapas, cartas e outras

formas de expressão ou representação de objetos, elementos, fenômenos e ambientes

físicos e socioeconômicos, bem como a sua utilização."


Mapa
• Modelo do mundo real

• Modelo espaço-temporal generalizado que serve


como meio de conhecimento dos fenômenos e/ou
processos nele representados.

• Modelo de regras matemáticas para uma


representação espacial de um determinado
momento do tempo.
História dos Mapas

• O mapa é uma das mais antigas formas de


comunicação gráfica da humanidade. A história
dos mapas é mais antiga que a própria história
documentada.

• Há provas bem remotas de mapas babilônicos,


egípcios, chineses, indígenas, etc.
• Mapa mais antigo
conhecido
• Gravado em uma
placa de barro,
representa a cidade
de Ga-Sur (2400
A.C.) a 300 km ao
norte de Babilônia
Mapa de Bedolina
• Lugar: N da Itália,
localidade: Bedolina
• Gravação rica em
detalhes de cunho
topográfico. Idade:
2400 anos A.C.,
autores: Camônios,
povo de atividades
agrícolas. (Oliveira,
C., 1993a).
Mapa Indígena do Pacífico
Mapa esquemático que
mostra por meio de
hastes de coqueiro e
conchas de praia o
movimento dos frentes
de onda e o arquipélago
Mapa Indígena do Xingu
• Esquema gráfico realizado
por índios da região do rio
Xingu, em que se vêem
representados, nesse rio,
alguns afluentes e inúmeras
corredeiras, com nomes
indígenas. Esta curiosidade
cartográfica deve-se a Karl
von den Steinen (Oliveira,
C., 1993b).
Escala. Mapas, Cartas e Plantas
• Escala - Relação (Razão)
estabelecida entre as • Mapas – Escalas
dimensões de um objeto na menores que
superfície real e sua 1:100.000
representação no mapa.
• Cartas – entre
Distância no mapa 1:100.000 e 10.000
Escala =
Distância no terreno • Plantas – maiores que
• Tipos de Escala: Numérica, 1:10.000
Gráfica
Centímetro /
Quilômetro
Exemplos de escalas gráficas
Erro de Graficismo (eg)
• Erro que se comete ao demarcar
pontos no desenho tendo em conta a
acuidade visual e a habilidade manual
médias de um desenhista, além da
qualidade dos instrumentos de desenho
• Erro máximo aceitável
eg = 0,20 ou 0,25 mm
Precisão da Escala (X)
• Está diretamente relacionada ao denominador
da escala (M) e ao erro de graficismo adotado,
e pode ser expressa como:
X = eg x M
Exemplo:
escala 1:10.000; eg = 0,2 mm
X = 0,2 mm x 10.000
X = 2.000 mm ou 2 m
Projeção Cartográfica
• Imposível representar uma superfície esférica num
plano sem deformação

• Sistema plano de meridianos e paralelos sobre o


qual pode ser desenhada uma representação
carográfica (carta, mapa, planta).

• Uma projeção cartográfica determina a


correspondência matemática biunívoca entre os
pontos da esfera (ou elipsóide) e sua transformação
num plano
Classificação das Projeções
(segundo as propriedades que conservam)

• Eqüidistantes – sem deformações lineares em uma ou


algumas direções, ou seja, conservam a proporção
entre as distâncias. Ex: Cilíndrica Eqüidistante

• Equivalentes (isometrias ou equiáreas)– Não deformam


as áreas dentro de determinados limites de extensão ou
seja conservam as relações de superfície. Ex: Azimutal
de Lambert, Cônica de Albers

• Conformes (isogonais ou ortomórficas) - não deformam


ângulos, porém distorce-se a forma dos objetos. Ex:
Mercator
Classificação das Projeções
(segundo o tipo de superfície de projeção)

• Plana ou Azimutal: Constrói-se o mapa imaginando-o


situado num plano tangente ou secante a um ponto na
superfície da Terra. Exemplo: projeção estereográfica
polar.
Classificação das Projeções
(segundo o tipo de superfície de projeção)
• Cônica: Obtém-se o mapa imaginando-o desenhado
num cone envolvendo uma esfera. Podem ser
tangentes ou secantes. Pode-se constatar que nas
projeções cônicas os meridianos são retas que
convergem em um ponto (que representa o vértice
do cone), e todos os paralelos, circunferências
concêntricas a esse ponto.
Exemplo:Cônica de Lambert
Classificação das Projeções
(segundo o tipo de superfície de projeção)

• Cilíndrica - Obtém-se o mapa imaginando-o


desenhado num cilindro tangente ou secante à
superfície da Terra. Pode-se verificar que em todas as
projeções cilíndricas, os meridianos bem como os
paralelos são representados por retas
perpendiculares. Exemplo: Mercator
Comparação de projeções
Designação das Projeções
• Para dar nomes as projeções deve-se seguir,
em princípio, as seguintes regras:

1) Enunciar em primeiro lugar a natureza da


superfície de projeção (plana, cônica, cilíndrica).

2) A seguir a posição do eixo (ponto) com relação à


linha dos pólos (polar, normal, transversa).
Projeções Planas
Polar Equatorial Horizontal
Projeções Cônicas

Normal Transversa Horizontal


Projeções Cilíndricas
Equatorial Transversa Obliqua
Projeção de Mercator (áreas iguais) (Deetz &
Adams 1969)
COORDENADAS
• Latitude geodésica – ângulo que a normal forma com sua projeção sobre o plano
do equador.

• Longitude geodésica – ângulo diedro formado pelo plano do meridiano geodésico


de Greenwich e o plano do meridiano geodésico local.
Coordenadas geográficas
• Lugares diferentes, coordenadas diferentes (+/-)

• Formato: grau-minuto-segundo

• IGc - 23°33’43.68” -46°43’38.84” (ou S e O no lugar -)


Projeção e coordenadas UTM
(Universal Transversa de Mercator)

• Calculado sobre a denominação de Gauss em 1866


(Hannover, Alemanha).

• Em 1912 surge o sistema Gauss-Krugger, (adotado por


países de Europa e a ex-URSS

• Em 1950, os EUA propuseram uma modificação para


abranger a totalidade das longitudes, e o sistema recebeu
a denominação atual: Projeção Universal Transversa de
Mercator (U.T.M.).

• Transforma o globo em um plano cartesiano, onde as


coordenadas são dadas em metros ou quilômetros.
Projeção e coordenadas UTM
(Universal Transversa de Mercator)

• Projeção cilíndrica com meridiano central específico


para uma zona de UTM

• 60 zonas/fusos para todo o globo

• Esquema da UTM (fusos limitados aos paralelos de


84º N e 80º S
Projeção e coordenadas UTM
Projeção e coordenadas UTM

A norte UTM sempre


84° =9.334.080 m aumenta para N
(até o Equador)

A sul
80° =1.110.400 m
Projeção e coordenadas UTM

Meridiano da zona

166.640 m E 833.360 m E
Brasil dividido em fusos UTM
UTM (Resumo)
• Fusos de 6 graus de amplitude em longitude

• Origem das coordenadas planorretangulares


na interseção do Equador com o meridiano
central do fuso, acrescidas das constantes
10.000.000 m (para o hemisfério Sul) e
500.000 m para as coordenadas N e E
respectivamente.
A forma da Terra
• Pitágoras: a Terra é esférica
• Gauss: a Terra representa um geóide
(superfície média dos oceanos, extrapolada
para o continente)
– A forma do geóide é f(densidade)
NASA (Earth Observatory)
Superfície equipotencial mais recente

Artigo: Geophysical applicability of atomic clocks:


direct continental geoid mapping,
Simplificar para representar
DATUM
DATUM
• Definidas a superfície de projeção e sua
orentação, segue-se a escolha da referência
• Já vimos algumas: geóide, esfera ou elipsoide
idealizado da superfície terrestre
Resumindo
• Datum é um modelo que descreve a forma e o
tamanho da Terra e estabelece a origem dos sistemas
de coordenadas
• O datum horizontal é utilizado para determinar a
origem do sistema xy
• O datum vertical é utilizado para determinar a
altitude em relação ao nível do mar
Carta Internacional
• A convenção de Londres de 1909, ao abordar o
problema de articulação de folhas da Carta
Internacional, recomendou o sistema atualmente em
uso no Brasil, uma vez que adotado o regulamento
pela Diretoria de Serviço Geográfico do Exército
(DSG), consta de seu Manual de Normas Gerais,
com a modificação de sua edição de 1973.
• O esquema de articulação partindo da Carta
Internacional ao Milionésimo (CIM) se estende até a
escala 1:25.000, limite de escala da Cartografia
Sistemática, nos termos do Decreto-Lei número
243/67. Escalas maiores pertencem ao grupo da
cartografia especial e que ainda não foram
regulamentadas
Tabela do índice de nomenclatura correspondente ao
mapeamento sistemático desde 1: 1.000.000 até
1:25.000
Folha Curitiba:
1,000,000

SF22
Folha Itararé 1: 250.000

SF22-X- B
Classificação dos Mapas, segundo
seu conteúdo:
• Geográficos Gerais
- Topográficos – informação detalhada do terreno,
permite determinar a posição planimetrica e
altimetrica de qualquer ponto.

• Temáticos – oferecem informação sobre


determinado fenômeno ou tema específico.
- Fenômenos ou recursos naturais
Ex: Geológicos, Climáticos, Solos, Vegetação
- Fenômenos sócio-econômicos
Ex: População, Econômicos, Políticos, Etnográficos
Métodos de Representação Cartográfica
• Símbolos – Representação de objetos e fenômenos pontuais.
(Mapa de reservas minerais).
- Símbolos lineais e de movimento
• Isolinhas – Fenômenos que possuem distribuição areal são
representados por linhas de isovalor (Mapa de declividade).
• Fundo qualitativo – Representação qualitativa de fenômenos
de distribuição areal (Mapa de Solos).
• Fundo quantitativo – Representação de teor de Nitrôgenio no
solo.
• Pontos – Representação quantitativa por densidade ou
dimensões dos pontos. (Mapa de População).
• Cartodiagramas –Representação quantitativa geralmente
associada a uma unidade de área com diagramas de figuras
geométricas como círculos, barras. (Mapas de dados
estatísticos).
Mapa Topográfico
• Mapa cujo objetivo principal é retratar e identificar as
feições da superfície da terra tão fielmente quanto
possível, dentro das limitações impostas pelas
escala. (Meneguette, 1987)
• Carta elaborada mediante um levantamento original,
ou compilada de outras topográficas existentes, e
que inclui os acidentes naturais e artificiais,
permitindo a determinação de alturas; carta em que
os acidentes planimétricos e altimétricos são
geometricamente bem representados (Oliveira, C.,
1993b).
Mapas Topográficos

Mapa na escala 1:50.000


Legenda do Mapa Topográfico
(escala 1:50.000)
Legenda do Mapa Topográfico
(escala 1:50.000)
Nesta parte da
legenda são
encontrados
elementos da
declinação
magnética; a
equidistância
entre as curvas de
nível; o sistema
de projeção e o
datum de
referência vertical
(Imbituba) e
horizontal
(Córrego Alegre).
Foco aula: mapas topográficos
• Tipo de mapa-base mais utilizado até os
anos 2000
• Representa acidentes naturais e
elementos planialtimétricos
• Levantamentos sistemáticos, datados
das décadas de 70-80 (IBGE)
Mapa topográfico
• Curvas de nível equidistantes
• Escalas pré-determinadas (1:25000, 1:50000,
1:100000, 1:250000)
• Forma das curvas dá indicação da forma do
terreno
E muitos outros mapas...
Carta Naútica ou Hidrográfica
Representa as
profundidades, a
natureza do fundo
do mar, as marés
e as correntes
marinhas e pontos
notáveis costeiros
de uma
determinada área
visando oferecer
informação à
navegação.
Mapas Temáticos
• Representam conjuntos espaciais resultantes da classificação
dos fenômenos que integram o objeto de estudo.
Mapa de Temperaturas

FONTE: Atlas da Folha de São Paulo


Mapa de Fusos Horários

FONTE: Atlas da Folha de São Paulo


Mapa da Vegetação Natural

FONTE: Atlas da Folha de São Paulo


Mapa Geoidal do Brasil

FONTE: EPUSP - PTR – Blitzkow, D.


Simbolização Qualitativa
• Quando a legenda por si só consegue explicar o mapa. Exemplo:
mapa geomorfológico.

Exemplo:
Mapa de
reservas
minerais

FONTE: Atlas da Folha de São Paulo


Simbolização Quantitativa
• Quanto temos uma representação pontual. Exemplo:
mapa de densidade demográfica

FONTE: Atlas da Folha de São Paulo


Simbolização Quantitativa (SIG)
Mapa de Densidade
Demográfica do
Município de São Paulo

Método de
representação:
Cartodiagrama

FONTE: Sposati A.
Bibliografia
• BAKKER, M.P.R. Cartografia - noções básicas. Rio de Janeiro,
DHN - Diretoria de Hidrografia e Navegação, 1965.
• BERLIANT, A.M. Spravochnik po kartografij. Moscou, 1988.
• CINTRA, J.P. Apostila Sistema UTM. São Paulo, EPUSP - PTR,
1993.
• KUPCIK, I. Cartes géographiques anciennes. Paris, Gründ,
1989.
• LIBAULT, A . Geocartografia. São Paulo, Companhia Editora
Nacional e Editora da Universidade de São Paulo - EDUSP,
1975.
• MARTINELLI, M. Curso de cartografia temática. São Paulo.
Contexto Editora, 1991.
• MENEGUETTE, A. A. C. Cartographie accuracy and information
content of space imagery for digital map compilation and map
revision. London, 1987, 464p. PhD Thesis - University College
London.
Bibliografia
• MOURA FILHO, J. Elementos de cartografia - volume 1. Belém.
Falangola Editora, 1993.
• MOURA FILHO, J. Elementos de cartografia - volume 2. Belém.
Falangola Editora, 1997.
• OLIVEIRA, C. Curso de cartografia moderna - 2 ª edição. Rio de
Janeiro, IBGE, 1993a.
• OLIVEIRA, C. Dicionário cartográfico - 4 ª edição. Rio de
Janeiro, IBGE, 1993b.
• RAIZ, E. Cartografia geral. Rio de Janeiro. Editora Científica,
1969.
• ROBINSON, A. H. Elements of cartography. New York, Wiley
International Edition, 1963.
• SBC - Sociedade Brasileira de Cartografia. Revista brasileira de
cartografia no. 11. Rio de janeiro, SBC, dezembro 1973 - março
1974.

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