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\3S. y
Paulo Paixão
César S a n t o s Silua
J o r g e Luiz Brand
H
e nipnose
sem Mania
Remodelada e ampliada
"BPM EM"
M. Soares
Gráfica e Editora Padre Berthier
Passo Fundo - RS - Brasil CATANDUVA-SP
1995
Copyright by Paulo Paixão
César Santos Silva e
Jorge Luiz Brand, 1995
• •
Pedidos para:
Dr. Jorge Luiz Brand
R. Rocha Pombo, 311
Toledo-PR
CEP: 85904-030
Tel.: (045) 277-1473
Cap. I - Letargia 11
Çap. II - Respiração Culturista 17
Çap. III - Exercícios Letárgicos , 23
Cap. IV - Bases da Letargia 33
Cap. V - Resumo da Técnica Letárgica 45
Cap. VI - Acupuntura e Letargia 53
Cap. VII - Estados Letárgicos 63
Cap. VIII - Regressão de Memória 71
Cap. IX - O caso Bridey Murphy , 75
Cap. X - A Igreja Católica e a Hipnose 81
Çap. XI - Prática da Hipnose , • • 83
Cap. XII - Auto-hipnose 93
Cap. XIII - Sugestões Noturnas para corrigir maus
hábitos infantis r . . . . 99
Cap. XIV - Que é o Tratamento Autógen? 105
Cap. XV - Liberte sua Personalidade. ............. 109
Cap. XVI - Letargia nos Esportes ,.,, 115
Cap. XVII - IBRAP 123
Apêndice •• 125
Glossário •• • 135
Agradecimentos , 142
Bibliografia 143
" O que havia em todos esses homens era unia confiança ímpar no que faziam.
Uma convicção poderosa de que teriam êxito. Uma segurança absoluta no seu
m o d o de o p e r a r . Sem isso, não h á modelo conceituai, reflexológico,
cibernético, X ou Y, que funcione".
Dr. George Alakija em Hipnose Pitoresca, página 76.
LIVROS DE PAULO PAIXÃO
IRMÃO V I T R Í C I O E A LETARGIA
Coletânea - 4 Edição - Rio, 1960 (Esgotado)
a
P A R A P S I C O L O G I A , CIÊNCIA OU MAGIA?
C o m a colaboração do Dr. César dos Santos da Silva
Ed. IBRAP, 15 Ed., Rio de Janeiro, 1978 (Esgotado)
a
E L H I P N O T I S M O DE H O Y
da Dra. Galina Solovey, 4 ed. a
Ed. 1995
Prefácio, atualização ampliação de Paulo Paixão, César Santos Silva e
Jorge Luiz Bratid
L E T A R G I A E HIPNOSE SEM MAGIA
de Paulo Paixão, César Santos Silva e Jorge Luiz Brand.
8 Êd. Editora Padre Berthier
a
M. Soares
CAIANDUVA-SP
o Padre Maximiliano Hell: "não se sabe ainda quantas superstições há na
Ciência e quanta Ciência há nas superstições".
Para os críticos apressados e, por isso m e s m o , expostos à superficiali-
dade no julgamento, esclarecemos que os vários senões existentes, resulta-
ram da rapidez c o m que foram elaboradas estas páginas. Os erros serão
facilmente corrigidos pelo leitor honesto e inteligente.
C o n v é m frisar u m a palavra que nos apraz repetir, convencido que
estamos da sua profunda verdade psicológica: o melhor método, o melhor
c o m p ê n d i o e os melhores processos muito pouco, e m rigor quase nada
valem, sem a contribuição pessoal, decisiva e sempre meritória do próprio
"iniciado".
Cada u m a das questões indicadas poderia dar m a r g e m a intermináveis
debates. A conceituação dos estudos letárgicos, magnéticos e hipnóticos
não se mostram, de fato, definida de m o d o pacífico.
Entregamos à publicidade e à crítica dos doutos este modesto trabalho
de equipe, não olvidando, porém, a sentença de Chateaubriand: "quand la
critique est juste, j e me corrije: quand le mot est plaisant, j e ris; quand il est
grossier, j e Foublie."
Pedimos aos interessados que nos escrevam apontando as falhas e
deficiências, enviando suas sugestões para que sejam aproveitadas numa
provável e futura edição.
Até lá, repetimos as palavras que se encontram na primeira página
deste livro: "Emende e acrescente quem souber, aprenda quem não souber,
mas todos dêem glória ao Senhor".
Paulo Paixão
César Santos Silva
Jorge Luiz Brand
CAPITllO I
LETARGIA
1 - RESENHA HISTÓRICA
É fato incontestável que a introdução da Letargia, ou Técnica Letárgi-
ca, no Brasil, pelo internacionalmente famoso - Irmão Vitrício (Padre Luiz
Benjamim Henrique Rech) - superou a toda e qualquer expectativa. Resu-
midamente, relataremos os fatos.
E m 1956, em visita à Casa Provincial dos Irmãos Maristas em Bruxe-
las, pelo marista Frère Médard, ouvimos falar das proezas realizadas pelo
Frère Vitrício. E m 1957, tivemos conhecimento que o Prof. lecionava no
Colégio Marista de Santa Maria (RS). Fomos até lá e assistimos à primeira
demonstração de Letargia. Lá mesmo, fizemos um curso intensivo c o m o
Irmão Vitrício. Posteriormente, assistimos a diversos cursos por ele minis-
trados. E m dezembro de 1957, o convidamos a fazer uma demonstração no
Colégio São José, no Rio de Janeiro. O Jornal O Globo (Rio, 21/12/57)
divulgou o sucesso da demonstração inserindo o seguinte comentário -
"Todas as demonstrações foram muito aplaudidas, porém, as que mais
entusiasmo causaram foram as de transe moderado e agitado". Naquela
época o Irmão Vitrício já era bastante conhecido no Rio Grande do Sul,
mas, ainda desconhecido no resto do Brasil.
Ele ministrou o primeiro curso de sua técnica em São José do Rio Preto
(SP), a convite da Sociedade Rio-pretense de Hipnologia. O jornal - A
Notícia - (São José do Rio Preto, 19/07/58) noticiou: "Acompanhando o
ilustre visitante chegou a esta cidade, proveniente do Rio de Janeiro,
numerosa comitiva." Em dezembro de 1958, ele ministrou novo curso de
Letargia no Colégio São José (Rio de Janeiro). O período de 1958 a 1962
marcou o auge de suas atividades, tendo sua fama atravessado as fronteiras
do Brasil. Portanto, é lícito dizer-se que o aparecimento da Letargia no
Brasil ocorreu em 1958.
Depois de 4 0 anos de estudos e prática divulgamos a Letargia em
diversos países da América do Sul e da Europa - sempre c o m agrado geral.
O método sempre atraiu a preferência dos praticantes do hipnotismo clás-
sico. Todos, sem exceção alguma, foram unânimes em afirmar: "A Letargia,
como método de indução hipnótica, é dos melhores que conhecemos."
Todos ficam impressionados com a rapidez da Técnica Letárgica na obten-
ção de alguns fenômenos.
2 - IRMÃO VITRÍCIO
- Padre Luiz Benjamim Henrique Rech
Resumo Biográfico - O Padre Luiz Benjamim Henrique Rech (Irmão
Vitrício) nasceu em 16/08/1917, em Santa Cruz do Sul (RS - Brasil).
Descendente de pais alemães: Nicolau Rech e A n a Rech.
Iniciou seus estudos no Colégio Marista de Santa Cruz do Sul (RS),
completando-os em Porto Alegre. Aos 2 de janeiro de 1933, entrou para a
Congregação dos Irmãos Maristas (Frères Maristes des Écoles) recebendo
o nome religioso de Irmão Vitrício. Foi um dos fundadores da Faculdade
de Ciências Políticas e Econômicas Santa Maria (RS) e também da Facul-
dade de Direito, daquela cidade. E m ambas, foi Professor e Secretário
durante vários anos. E m 1953, fez o segundo noviciado em Saint Paul Trois
Châteux (França). Em 1956, publicou um fascículo, "Não Leiam Letargia",
desde há muito completamente esgotado, o qual foi refundido e ampliado
em nosso livro Noções de Letargia. N o período de 1958 a 1962, nas
principais cidades brasileiras, fez demonstrações e ministrou cursos de
Letargia em diversas Faculdades e Associações Científicas, sendo focaliza-
do em mais de 300 reportagens (cujos recortes estão no arquivo do I B R A P )
pelos grandes jornais e revistas do Brasil e exterior. Em 1962, visitou
Portugal, onde pronunciou diversas conferências, sempre com grande su-
cesso, e ministrou cursos de Técnica Letárgica, em Lisboa.
Em 1966, deixou a Congregação Marista, registrou-se c o m o Psicólogo
Clínico, casou-se com Aparecida Carneiro Rech, passou a residir e m
Itanhandu (MG) e a exercer a sua profissão. Tendo deixado os Maristas,
perdeu o nome religioso de Irmão Vitrício, mas adotou-o como pseudôni-
mo, pois com ele ficara conhecido no Brasil e no exterior. Foi Patrono da
Associação Brasileira de Estudos Letárgicos (hoje desaparecida) e u m dos
fundadores do I B R A P (Instituto Brasileiro de Parapsicologia), 1958.
Para todos - o Irmão Vitrício é o Introdutor da Letargia no Brasil, mas
para alguns - ele é o próprio Criador da Letargia.
Em 1988, ficou viúvo e logo depois ordenou-se Padre. Atualmente
(1995), o Padre Luiz Rech é o pároco da cidade de Serranos (MG) que dista
60 km da cidade hidro-mineral de Caxambu (MG).
3 - OPINIÕES
I- Dr. Vinitius da Costa Rodrigues, um dos mais arguntos pesquisadores
do Hipnotismo e da Letargia, escreve:
"Reina certa controvérsia entre aqueles que acreditam ser a Letargia
apenas u m a modalidade do Hipnotismo e outros que só admitem as
duas técnicas completamente diferenciadas. N ã o obstante, impõem-se,
desde já, as seguintes observações: I ) A denominação de "Letargia"
a
não pode ser confundida aqui com o primeiro grau hipnótico ("sono-
lência ou letargia"). 2 ) As técnicas de indução hipnótica e letárgica,
a
LES OPINIONS
L a léthargie a été crée pour ordonner et simplifier l'hypnotisme (Frère
Vitrício).
C'est une méthode d'hypnotisme qui produit des résultats immédiats
et surprenants.
Au Brésil, la Léthargie est très employée dans les expériences E S P
(Paulo Paixão).
Dans ma spécialité d'odontopédiatre, j ' a i obtenu de bons résultas par
la méthode de Léthargie du Frère Vitrício (Dr. Alberto Lerro Barretto).
En tant que procédé initial d'induction hypnotique, la léthargie est un
des meilleurs que nous connaissions, à tel point qu'il est pratiqué de routine
dans notre clinique. Il présente par rapport aux autres procédés initiaux qui
se pratiquent (battement synchronique des paupières, soulèvement du bras,
fixation du regard, etc.) certains avantages qu'il ne faut pas oublier.
L e principal avantage que le procédé léthargique offre par rapport à
tous les autres est de ne pas exiger du sujet la fatigue musculaire initiale des
paupières et du regard. (Osmard Andrade Faria).
A N A T O L M I L E C H N I N , conhecido
internacionalmente, é autor de inúmeros
trabalhos sobre o tema versado e de
Dr . 3
GALINA SOLOVEY, HYPNOSIS, Ed. John Wright, 2 ed,
autoridade internacional em Londres, 1967. Vide biografia de Anatol
hipnose médica, é autora do no livro a Hipnose de Hoje de Galina
best-seller A H I P N O S E DE Solovey.
H O J E - Ed. Berthier, Passo Ele criou a frase: las gatitas de Charcot.
Fundo, RS, Brasil, 1995. Vide biografia de Anatol, no livro - A
No Brasil, já ministrou cursos em: HIPNOSE DE HOJE- de Galina Solovey
Brasília, Rio de Janeiro, Recife e . Ed. Berthier, Passo Fundo - RS - Brasil,
João Pessoa. 1995.
1, Milechnin, Anatol - Hypnosis - Ed. John Wright & Sons Ltd. 2". ed. Londres, 1967, página 158.
RESPIRAÇÃO CULTURISTA
N u n c a é demais insistir sobre a importância da respiração, cujo valor
simbólico é bastante conhecido: não épor meio de uma inspiração violenta
que entramos em contato com o mundo? E não é dando o "último suspiro"
que terminamos nossa jornada? O exercício respiratório deve preceder a
todo e qualquer tipo de relaxamento. T a m b é m na técnica letárgica exigimos
que o paciente pratique exercícios respiratórios. A respiração culturista foi
idealizada pelo Prof. Mareei Rouet, cujos ensinamentos resumiremos nas
linhas abaixo.
P o d e m o s , voluntariamente, apressar ou retardar o ritmo respiratório,
prender ou suspender a respiração. A técnica da respiração nasceu dessa
faculdade de controlar tão importante função vital, atingindo seu apogeu na
índia, na seita dos iogues. E m u m a respiração normal, inspiramos e expira-
mos cerca de meio litro de ar, enquanto numa respiração profunda inspira-
mos è expelimos de quatro a cinco litros. São evidentes as imensas
vantagens que essa supersaturação da superfície pulmonar pode trazer ao
organismo: o sangue, amplamente oxigenado, fixará esse oxigênio no
âmago das células, principalmente nos tecidos musculares e nas células
nervosas, proporcionando-lhes uma total depuração e u m a regeneração
permanente.
Após a respiração completa experimenta-se u m a sensação de b e m - e s -
tar e de euforia que seria inútil negar. Após u m a sessão de educação física,
qualquer fadiga física será dissipada por alguns instantes de respiração
completa como por encanto.
Aqui estão as características da respiração completa: existem três tipos
de respiração: o tipo costal superior, o costal inferior e o abdominal. O
primeiro é típico da mulher, que respira elevando a parte superior do peito;
o segundo levanta as últimas costelas e o terceiro dilata a base dos pulmões.
Este último é, geralmente, característica do homem. A respiração completa
utiliza-se desses três processos para atingir ao máximo^a superfície dos
pulmões.
A respiração completa pode ser executada de pé, sentado ou andando;
deve ser praticada; sempre que possível, ao ar livre ou diante de u m a janela
bem aberta.
O corpo deve ser esticado sobre uma superfície dura, assoalho ou chão,
os músculos descontraídos, os braços descansando relaxados, as mãos meio
fechadas, a cabeça sobre o chão. A inspiração e a expiração devem ser feitas
muito lentamente, pelo nariz. Deve-se contar mentalmente, durante o
.exercício, na razão de um número por segundo. Para começar, você pode
contar até 5 para inspirar e outro tanto para expirar, continuando, você pode
elevar esse número até 15 ou mesmo 20. Eis c o m o deve proceder: sem
mover as costelas, você inspira lentamente, elevando o ventre o m á x i m o
possível. E a respiração diafragmática ou abdominal (primeira fase). Sem-
pre inspirando, você deve levantar a parte superior do peito sem abaixar a
parede abdominal e sem retrair a parte superior do tórax; é a respiração
costal superior. Assim, em uma única respiração você reuniu os benefícios
das três maneiras de respirar e encheu os pulmões ao m á x i m o . Para expirar,
deTxe o ar escapar lentamente pelo nariz e force, no fim da respiração, em
uma contração enérgica dos músculos expiradores, expulsando assim com-
pletamente o ar viciado (quarta fase). A inspiração e a expiração efetuam-se
sem interrupções, pois a três fases citadas não são distintas mas contínuas
e o tempo de passagem d e uma para outra é imperceptível.
E necessário chegar, pelo treino, a efetuar respiração completa sem
esforços excessivos, sem tensão inútil. Quando você conseguir inspirar
contando até 15, poderá introduzir variações na respiração para obter
resultados diferentes.
T e n d o inspirado até 10, retenha o ar nos pulmões contando sempre
mentalmente até 5 e pensando intensamente: "Eu armazeno nos meus plexos
toda a força vital contida no ar", depois expire lentamente pelo nariz,
contando até 10, pensando. "Eu expulso de meu organismo todas as forças
más, todas as coisas doentias que lá podem estar". Esse processo pode
parecer pueril, mas se você estiver doente (se for doença pulmonar é
aconselhável procurar a orientação de u m médico) você conseguirá benefí-
cios inacreditáveis e obterá talvez o restabelecimento da saúde. Depois de
expirar a fundo, fique sem inspirar, com a boca fechada, cinco segundos, e
então inspire. Você pode levar o tempo de inspiração a 12 ou 16 e ficar sem
inspirar 6 a 8 segundos.
Depois de algum tempo desse exercício, você sentirá que se estabele-
ceu no seu organismo um ritmo regular. É esse ritmo que você deve cultivar,
contando mentalmente de acordo com seu ritmo cardíaco, isto é, cada
número deve corresponder a uma pulsação do seu coração. Você consegui-
rá, assim, a respiração rítmica, chave de todos os poderes. Você sabe que o
ritmo que rege a natureza toda é uma força considerável. Essa força será
sua quando sua respiração tornar-se perfeitamente ritmada. Você sentirá
então seu organismo vibrar no ritmo de uma gigantesca pulsação. E essa
espantosa força do ritmo vai ser utilizada por você para o desenvolvimento
muscular como poderá ser empregada para o desenvolvimento de suas
faculdades mentais ou para influir à distância sobre seus semelhantes ou
curar uma doença. Pense com força, com o ritmo firme: "A força que existe
em mim vai agir sobre um tal grupo de músculos e contribuir para o seu
desenvolvimento"; faça um esforço mental para projetar toda a força
acumulada em seus plexos em direção à região do corpo que pretende
desenvolver ou ao órgão que pretende fortificar. Você obterá assim resul-
tados espantosos.
Para vencer a emoção, para fortificar seu plexo solar, eis uma variante
da respiração completa: inspire da forma habitual mas sem levantar a parte
superior do tórax; retenha o ar; depois, sem expirar, projete bruscamente e
o máximo possível o ventre para a frente, em seguida, retraia o ventre
bruscamente, fazendo o ar subir às regiões mais altas dos pulmões, projete
novamente o ventre para a frente. Assim cinco ou seis vezes, sem expirar,
depois expire profundamente.
,
'..• .•. _-
tinuar a inspirar,
fazendo o ar atingir o
ponto mais alto dos
pulmões e levantan-
do ligeiramente os
ombros; 4a
fase:
Expirar, encolhendo
os ombros e, no fim
da respiração,
contrair vigoro-
samente os mús-
culos abdomi-
nais.
Figura 10 - I fase.
a
Figura 11 - 2 fase.
a
Figura 12 - 3 fase.
a
CAPÍTULO III
EXERCÍCIOS LETÁRGICOS
Quando rezamos, unimo-nos à força motriz
inexaurível que liga o universo. Faça orações em
toda a parte: nos transportes, no escritório, nas
lojas, na escola, assim como na solitude de seu
próprio quarto ou na igreja. A verdadeira prece
é a luz da vida. Hoje como nunca a oração
representa uma grande necessidade na vida do
homem e das nações.
Aléxis Carrel
1 - PRELIMINARES
Os conhecimentos atuais sobre a matéria e a energia, as últimas
descobertas psicofisiológicas têm aproximado de maneira singular as deli-
mitações da matéria e do espírito, mantendo, entretanto, a irredutibilidade
essencial desses dois elementos. As referidas descobertas nos facilitam a
compreensão de u m a união misteriosa no homem, microcosmo, síntese
perfeita da Criação.
"É a alma que, começando pela microscópica célula que lhe serve
de suporte, constrói seu corpo de conformidade às leis da evolução
biológica e, este corpo, ela o constrói à sua i m a g e m e semelhança.
N ã o haverá, portanto, propriamente, luta alguma entre ambos os
elementos, visto que nada há neles contraditório, pelo contrário, da
parte da alma - elemento superior - há formação, educação, direção,
e, da parte do corpo - elemento inferior - docilidade e colaboração."
(D
(1) O R. P. Gratry, numa obra de perpétua atualidade: Do conhecimento da alma; o R. P. Poucel em Plaidoyer
pour le corps; os Doutores Biot e Carton bem como o Dr. Carrel têm manifestado admiravelmente essas harmonias
entre a alma e o corpo. '
LETARGIA E HIPNOS
M. Soares
CATANDUVA-SP
As leis psicofisiológicas nos ensinam que u m corpo é mais forte, mais
sadio e mais calmo estando sob a influência do espírito do que abandonado
aos seus caprichos e instintos. A lei do corpo está no espírito.
Os exercícios letárgicos têm por finalidade precípua preparar o pacien-
te para entrar nos diversos estados. D e v e m ser praticados diariamente,
durante quinze minutos pelo menos. A repetição dos exercícios confere ao
praticante: autodomínio e sensibilidade. D e v e m ser praticados tanto pelo
operador quanto pelo paciente; mas sobretudo pelo paciente.
Alguns dos exercícios abaixo mencionados são t a m b é m executados
pelos yoguins, rozacruzes e umbandistas, o que vem demonstrar que
realmente produzem efeitos misteriosos.
letargia.
O terceiro exercício é feito com os dedos entrelaçados, mãos esticadas
à altura da região mamilar, sem apoiá-las; procurar contrair bruscamente os
músculos peitorais ao se fazer pressão contra as raízes dos dedos; a contra-
ção brusca do músculo peitoral poderá ser percebida pelo ouvido e m u m a
percussão surda.
Executamos este exercício com u m movimento de aproximação e
afastamento das mãos (só das falanges), sem que os dedos se despreguem
(Figura 16). Respirar naturalmente pelo nariz.
4 o
EXERCÍCIO
É destinado à oxigenação do cérebro, pela normalização da respiração;
idêntica posição dos dedos e das mãos que são levadas à altura do queixo
ou da boca, palmas abaixo; a respiração é feita pela boca e não pelo nariz;
portanto, respirar fortemente pela boca, olhando vagamente o horizonte.
(Figura 17).
6" EXERCÍCIO
É feito na posição do precedente, só que viramos as palmas das mãos
para cima, polegares para frente, procurando apoio máximo sobre a cabeça,
um pouco mais para frente, deixando descansar os cotovelos, mantendo-se
a pressão contra a cabeça. Se movimentarmos a cabeça para frente, para
trás, para a direita, para a esquerda ou em círculo, os músculos do pescoço
é que devem impelir ou arrastar os braços. O tempo deste movimento
corresponde ao de contarmos mentalmente até dez; haverá u m a certa
dificuldade em soltar as mãos nas pessoas sensíveis. (Figura 19).
7 EXERCÍCIO
o
8° EXERCÍCIO
Corresponde ao segundo movimento
assimétrico: é também feito com as mãos -
uma bate na cabeça enquanto a outra esfrega
o peito. O movimento é depois repetido
trocando-se as mãos. Deve-se procurar rea-
Fig, 22 lizar os movimentos com desembaraço e
perfeição. (Figura 21).
9 EXERCÍCIO
o
10° EXERCÍCIO
C h a m a d o a "posição do Papa
Pio XII"; posição inicial idêntica à
anterior: de pé, braços estendidos,
mãos esticadas, palmas levemente
voltadas para cima.
Eleva-se o corpo sobre a ponta dos pés umas dez vezes. Respirar
fortemente pelo nariz. Fig. 23.
N. AA "Não tendo havido na dinastia gloriosa dos Vigários de Cristo
um Papa, que tanto e tantas vezes tenha falado aos médicos como Pio XII,
poderíamos com toda justiça intitulá-lo: "o Papa dos Médicos".
A Universidade de Brasil, a 5 de dezembro de ¡957, homenageou a
Pio XII, em atenção a seus numerosos e exímios trabalhos sobre a medicina
e suas relações com a religião.
A medicina era uma das ciências que mais o atraíam. Sua Santidade
sempre traçou diretrizes claras e seguras, preocupado com seu Movimento
por um Mundo Melhor, um mundo mais santo e mais digno dos filhos de
Deus."
O Prof. Galeazzi-Lisi, médico particular de Pio XII, informou que ele
praticava exercícios letárgicos diariamente. Por ocasião da morte de Pio
XII, o Prof. Galeazzi-Lisi provocou um escândalo - vendendo a diversas
revistas - as fotos particulares do Papa praticando exercícios.
11° EXERCÍCIO
Posição de joelhos, braços arqueados para frente, como querendo
envolver algo e fazer movimentar os pés, flexionando os joelhos para frente
e para trás, o mais possível. E u m a posição meio incômoda; procuramos
calcar sobre as rótulas e sobre a ponta dos dedos dos pés. Verificaremos u m
certo tremor nos braços, conseqüência de estarem sendo mantidos rígidos.
Fig. 24
12° EXERCÍCIO
O quarto exercício do equilíbrio é um movimento de oscilação; colo-
camo-nos de pé, u m pé na frente do
outro; abrimos as mãos e procuramos
equilibrar-nos fazendo força com os pés
de encontro ao solo e flexionando os
joelhos. D e v e m o s andar na posição in-
dicada durante u m minuto. Depois tro-
camos os pés e repetimos os mesmos
movimentos. A posição dos braços não
muda. As vezes, parece que vamos cair,
mas o próprio joelho traz ajuda à reali-
zação dos movimentos c o m segurança.
Tudo é feito c o m a boca fechada respi-
rando-se pelo nariz. Fig. 2 5 .
Figura 25a. - Deitado de costas - a mais repousante e
neuroléptica.
~
CAPITULO IV
BASES DA LETARGIA
A Letargia pode ser produzida desde que fa~amos uso dos meios
adequados, todos eles extern os, oferecidos pel a nossa tecnica. Esta tecnica
coloca a nossa disposi~ao os seguintes procedimentos: 1) toques baseados
no princfpio da acupuntura; 2) acupuntura; 3) sons; 4) posturas; 5) combi-
nar;;aodos itens anteriores.
Figura 26 - Regioes do
abdome.
1) Diafragma; 2) Hipoc6ndrio
direito; 3) Regiiio umbilical; 4)
Regiiio lombar dire ita; 5)
Espinha ilfaca anterior e
superior; 6) Regiiio fliaca
dire ita; 7) Bordo lateral do reto
anterior do abdome, na espinha
pubica lateral; 8) Epigastrio; 9)
Hipoc6ndrio esquerdo; 10) loa
costela; 11) Bordo lateral do
musculo reto (linha semilunar);
12) Regiiio lombar esquerda;
13) Regiiio iliaca esquerda; 14)
Hipogastrio.
b) a China e no Japao, a acupuntura e ensinada nas escolas tecnicas e
especializadas e, apos a conclusao de urn curso de 5 anos, e uma vez
aprovados nos rigorosos ex ames de aptidao, recebem os diplomas que
lhes dao 0 direito de exercer a fun<;ao de acupunturista nos territorios
respectivos.
c) Introduzida na Europa, a acupuntura se desenvolveu sucessivamente,
ate que, nas ultimas decadas, chegou a ser ensinada em larga escala pel a
"Societe Internacionale D' Acupuncture" atraves do seu "Institut du
Centre D' Acupuncture de France", em cursos com a dura<;ao de dois
anos, e vem sendo aceita e praticada por cerca de 6.000 medicos
acupunturistas, organizados em sociedades e sindicato (Syndicat Natio-
nal des Medecin§ D' Acupuncture de France).
Na Alemanha, Austria, Italia, Suecia, Dinamarca e Portugal tambem
foram organizadas sociedades de Acupuntura, as quais estao filiadas a
"Societe Internacionale D' Acupuncture" de Fran<;a.
Nas Americas, a acupuntura esta progredindo rapidamente. Na Argen-
tina, 0 Dr. Rebuelto foi 0 introdutor da acupuntura. No Uruguai, Para-
guai, Equador e Peru ja existe grande divulga<;ao da tecnica chinesa.
d) A terapeutica na acupuntura e praticada pela introdu<;ao subcutanea de
agulhas finfssimas, numa profundidade mInima, nos pontos predetermi-
nados, as quais provocam reflexos procurados, estimulando a fun<;ao do
organismo.
e) 0 campo da sua utilidade e restrito a:
I) A<;ao profilatica (pel a manuten<;ao do equilibrio energetico do or-
ganismo);
II) A<;ao antialgica em geral (reumatismo, cefaleia, neuralgias, ecze-
mas);
III) A<;ao regularizadora dos disturbios funcionais: digestivos, respira-
e
torios urogenitais.
..L
Figura 33 - Cilena e 0 encantamento de cobras venenosas
Embora alguns animais possam sentir-se surpreendidos ou ate aterrorizados
ao enfrentarem uma cobra, nenhum zoologo aceita a ideia de que os repteis
possuam poderes hipnoticos. Contudo, diversos aspectos ainda nao foram
abordados cientificamente. Por sua vez, 0 encantamento de serpentes e uma
forma de hipnotismo a que a cobra e sujeita. As cobras, que tem um sentido
auditivo muito limitado, apenas detectam sons de baixa freqiiencia. Elas ficam
presas pelo ritmo batido pelo pe. pela osci/arao do corpo e da flauta - e nao
pela musica que 0 encantador toea. A reputarao hipnotica da serpente procede
de que suas palpebras, soldadas entre si, sao transparentes e recobrem 0 olho
com uma especie de redoma de cristal. Como 0 globo ocular tem pouca
mobilidade, resulta um olhar jixo que se chama de fascinador.
Franz Volgyesi, eximio hipnotista hungaro, realizou centenas de experiencias
com anima is no zoologico de Budapest, relatadas em seu livro - "Hypnosis of
Man J:1 Animals", Ed. Bailiere, Tindal J:1 Cassel, Londres, /962.
~
CAPITULO V
I'
LETARGICA
RESUMO DA PRATICA
1) 0 paciente podera estar de pe, sentado ou deitado. Com 0 paciente de.
pe, pedimo-Ihe que junte os pes, que se relaxe ao maximo,junte as maos,
entrelace os dedos e feche os olhos.
N.A. - Este capitulo foi extraido na integra de uma grava~ao feita durante 0 curso de Letargia ministrado pelo
Irmao Vitricio em Sao Paulo, em 1961.
N.A. - Metodos ~ Nao devemos confundir metodos com processos e com normas. Metodo e 0 conjunto de
processos para atingir um determinado fim. E cada processo e que segue determinadas normas.
2) Ao mesmo tempo em que se fez ligeira compressao com as maos que
deverao estar na posi<;ao indicada pelas figuras 37 e 38 procedemos a
uma oscila<;ao, figura 36. Por essa oscila<;ao verificaremos 0 maior ou
menor grau de barreira emocional do paciente. Em seguida, observare-
mos a posi<;ao do globo ocular, cuja reversao nos dani a c1assifica<;aodo
paciente.. Quanto maior for a reversao mais sensfvel sera 0 paciente.
I'-
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II" ~
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(I II \
\ ,. ,. .
I
FIG. B
FIG. C
Practica
1) El sujeto podra estar parado, sentado 0 acostado. Con el sujeto parado,
solicitamos que junte los pies y se relaje al maximo, junte las manos y
cierre los ojos. .
2) Al mismo tiempo que se hace una compresion indicada de la figura (36)
haremos un balanceo, con este balanceo, verificamos el mayor 0 menor
grado emocional del sujeto, enseguida observaremos la posicion que
tiene el ojo, cuya reversion nos dara el estado y grado en que esta el
sujeto. Cuando mayor fuera la reversion, mas sensible sera el sujeito.
3) Cuando hacemos el balanceo vamos al mismo tiempo contando de cinco
a cera para que se marque un tiempo necesario en el cual el sujeto ser
relajara.
4) Pedimos luego al sujeto que se siente comodamente en un siIlon,
decimos, yo voy a con tar de uno a cinco y luego Ud, cierre los ojos y
respire profundamente por la nariz y expire por la boca. Cuando Ilega-
mos a cinco decimos cierre los ojos y respire. Al mismo tiempo tocamos
el pecho del paciente como esta indicado en la fig. 37 e 38.
5) Para las senoras haremos el mismo ejercicio pera tocaremos con el fndice
y el pulgar de la mana derecha en el esternon en la parte alta.
6) Los mandos dados al sujeto son los seguientes: quiera se sienta bien,
calma, tranquila y muy feliz. Debemos hablar bajo y al ofdo del sujeto.
7) Para que se prafundice los estados, se procede con las tecnicas clasicas
de la sugestion.
8) Para regresar al sujeto del estado letargico al estado normal comenzamos
a contar de cinco a cera diciendo antes. Mientras cuente de cinco a cera
y all Ilegar a cera yu, ud, vol vera al estado normal con toda calma,
tranquilidad y muy feliz. Para los sujetos que presenten algun mareo ou
obnubilacion ordenamos que aplauda con fuerza.
9) Depues de cada experimentacion debemo agradecer al sujeto la colabo-
racion.
~~"
ACUPUNTURA E LETARGIA
o~~~~
M. ~oares
CA TAN lIll~- S.:i
Para 0 "Meridien du Rate-Pancreas": a sigla RP. (meridiano do
ba~o-pancreas).
Sao dois os Circuitos Medianos (ou ligeiramente para-medianos):
"Vaisseau MerveiIIeux de la Conception": cuja sigla e V.c. (vaso maravi-
lhoso da concep~ao. .
"Vaisseau MerveiIIeux Gouverneur": cuja sigla e V.G. (vaso maravi-
lhoso timoneiro).
o numero de pontos em cada meridiano:
Em C: ha 9 pontos.
Em !.G.: 19
Em V: 67
Em R: 27
EmM.C.S.: 9
Em T.R: 23
Em V.B.: 44
Em F.: 14
Em P.: 11
Em G.!.: 20
Em E.: 45
Em RP.: 21
Em V.c.: 24
Em V.G.: 27. Figura 45 - Observe 0 ponto INN
TRANG indicado nafigura.
Para designar urn "ponto" qualquer situado em "meridiano" usa-se a
sigla do meridiano mais 0 numero de "pontos": por exemplo: C. 2; !.G. 16;
V. 67; R 22; M.C.S. 7; T.R II; V.B. 43; F. 13; P. 7; G.!. 4; E. 24; RP. 21.
V.c. 19; V.G. 12.
Aos letargistas, de modo especial, interessam os seguintes pontos:
Fong Chen (VB 20); VesfculaBiliar; Tien Tchou (V 10); Vesicula; Pae Roe
(VG 20); Vaso Governador, e, 0 Inn-Trang, fora dos meridianos, e situado
entre os dois cflios (Fig. 45).
Outrossim, ensina 0 Dr. Frederico Spaeth: "para os excessos de
nervosismo que incluem tambel11.uma agitar;aoj{sica - 0 triangulo da calma
- Chen Tchou - VG 11, Vaso Governador e Sinn Iu (V 15). Parafacilitar
a indur;ao hipn6tica, como mencionei acima, usa 0 Inn Trang - Fong Chenn
(VB 20). Tien Tchou (V 10) e 0 Pae Roe (VG 19) como sedativo" (Apud,
revista - Acupuntura - Sao Paulo, ana II, n° 2, pag. 19).
N.A. - Separata da Revista Brasileira de Medicina, volume 25, junho de 1968, n° 6, Rio de Janeiro. 0 Dr. Ervin
Wolffenblittel reside em Sao Paulo (SP).
o Dr. Ervin Wolffenbtittelpublicou na Revista Brasileira de Medicina
uma serie de substanciosos artigos intitulados - Hipnose e Acupuntura, nos
quais aborda 0 assunto com discernimento e imparcialidade. Data venia,
transcrevemos suas palavras no que se refere a zonas hipn6genas.
"Curioso e que parte dos "pontos" indicados pela Acupuntura para
dispor 0 indivfduo a aceitar a induerao hipn6tica mais facilmente encontra~se
dentro das assim chamadas "zonas hipn6genas".
Alguns dos "pontos" de Acupuntura recomendados para dispor 0
organismo a aceitar mais facilmente a hipnose situam-se dentro das chama-
das "zonas hipn6genas" neste trabalho referidas.
Nos cotovelos.
Nos c6ncavos dos cotovelos.
(+) Nos punhos. No meio da prega do punho: MeS. 7.
Na extremidade inferior da goteira radial:
P.9.
a raiz da orelha.
O segundo no meio deste buraco que se forma ao pavilhão; é seme;-
lhante de tal forma ao interior de uma ostra - que se chama concha. E
necessário pressionar e esfregar várias vezes por dia esses pontos para
livrar-se do tabagismo.
3 - INDUÇÃO À LETARGIA
Primeiro balançamos o paciente conforme está indicado na figura 36.
Depois mandamos que respire profundamente pelo nariz e expire pela boca,
enquanto contamos até cinco. Logo após, pedimos que feche os olhos e que
imagine uma sensação de calma, de bem-estar ou que viva em pensamento
uma situação que lhe foi agradável. Logo depois do balanço inicial o
paciente deverá deitar-se ou sentar-se (o melhor é sempre deitar-se). Em
Figura 49 - Os pontos que interessam aos letargistas são: Fong Chen (VB 20);
Tien Tchou (V 10); Paé-Roé (Ve 20); Chao-Ting (Ve 19), todos assinalados na
figura acima, e também o 1nn-Trang, fora dos meridianos e assinalado na figura
45.
58 - LETARGIA E HIPNOSE SEM MAGIA
Figura 50 - Observe a posição dos dedos da mão direita no toque básico. Os
pontos VG 11 e V 15 (duplos) devem ser abrangidos pela mão como indicam
as figuras 39 e 40, e, pressionados quando se procede ao balanço inicial
indicado nafigura 36.
Para suprimir a tensão, comprimir e soltar alternadamente o ponto VB 21 e
toda área do ombro.
seguida tocamos o ponto INN-TRANG, o VB 20, V 10 e o VG 19. Com o
paciente sentado ou deitado de lado, poderemos ainda dedilhar a coluna
vertebral, várias vezes, de cima para baixo. Com o procedimento acima
indicado o paciente entrará rapidamente no primeiro estado letárgico, ou
seja, obnubilação.
1° ESTADO: OBNUBILAÇÃO
É um estado especialíssimo de nossa natureza, quando estamos com a
musculatura relaxada; toda ela está em "resolução". Esta é a denominação
técnica que adotamos. Em termos mais simples: relaxamento muscular.
.~ . :@-.; ~
Fig. 54 - Quarto e quinto estado letárgicos acumulados, rigidez de alguns
membros e flacidez de outros.
7° ESTADO: PRÉ-SUGESTÃO
Iniciam-se os estados predominantemente psíquicos. O paciente tor-
na-se sugestionável. Alguns antecipam o fenômeno de "andar dormindo"
(sonambulismo), que é a característica do 13° estado.
8° ESTADO: SUGESTÃO
Impropriamente chamado alucinação, se bem que nele se possa pro-
duzir alucinação. Quem diz alucinação, confunde a parte com o todo,já que
isto é um dos fenômenos possíveis de serem realizados neste estado.
As sensações características são de frio, calor, bem-estar, mal-estar,
medo, confusão de bebidas, coragem; tocar os mais variados instrumentos,
cantar como um "Caruso" e muitas variantes outras; personifica o pescador,
o jóquei, o dançarino exímio, com ou sem par, o esportista, o orador, o
maestro de música, executando todos os movimentos, tomando todas as
atitudes para "encarnar" os papéis todos com perfeição. É o estado "teatral",
e o mais empregado, nas representações ,e exibições dos artistas, dos quais
falamos na primeira parte deste estudo. E a diversão do povo.
Este estado pode ser provocado pelo éter, pelo lança-perfume ... e o
Carnaval que fale! Sugestionados, por exemplo, na dança, agüentam noites
inteiras, demonstrando uma resistência incrível (uma pessoa dançando
desenvolve capacidade de caminhar 50 ou mais quilômetros, sendo que a
dança de uma valsa normal exige um "passeio" de mais de mil metros, de
acordo com observações e experiências realizadas). Daí o abuso de bebidas,
de narcóticos, que favorecendo a sugestão, aumentam a capacidade de
movimentos, até o frenesi, nas festas mundanas.
0
Coloca-se o paciente no 8 estado para receber sugestões de melhorar:
nos estudos, nos esportes, memorizar com facilidade, abandonar vícios, etc.
Fig 54 - O DI'. César Santos Silva toca com um canivete o globo ocular de uma
paciente allestesiada pela técnica letárgica. Observe a reversão do globo ocular.
Dentre os sinais físicos, indicativos de estado de hipnose, destaca-se a posição
dos olhos
"
CAPITULOvm
REGRESSÃO DE MEMÓRIA
I- Um dos capítulos mais interessantes e mais controvertidos da hipnose
é a regressão de memória ou regressão de idade. Para os leigos é uma
panacéia que soluciona todos os traumas.
A regressão de idade é um fato ou um artefato? É uma realidade ou
uma fantasia?
À luz dos trabalhos de Erickson, Kubie e Weitzenhoffer há 3 tipos de
regressão: Tipo I - é chamado desempenho de um papel, isto é
artefato; Tipo 11- um verdadeiro retorno a um estado psicofisiológico
passado; Tipo 111 - estado em que as duas condições anteriores
coexistem. A regressão tipo 11só se consegue com o paciente em estado
de hipnose profunda.
Nenhum tribunal aceita confissão de réu em estado de regressão,
porque os próprios especialistas se contradizem.
Para esclarecer o tema vamos citar a opinião de quatro autores abali-
zados. Os leitores tirarão suas próprias conclusões.
11- JUNG - Para vários autores, Jung em particular, consideram a regres-
são como uma espécie de peça teatral onde o paciente é um ator que
desempenha seu papel.
111- JEAN DAUVEN (médico e hipnólogo francês:
Regressões à Primeira Infância
As regressões experimentais no tempo podem ser comparadas às
façanhas do grande período do sonambulismo. Não se diz mais ao
indivíduo hipnotizado que ele está viajando para outro continente ou
para a lua, mas sim que ele é novamente uma criança. E o indivíduo
regride a esta idade em poucos momentos. Os experimentadores não
ficam perturbados pelo fato de o indivíduo, que, supostamente, não
tem mais do que seis meses de idade, entenda o que eles estão lhe
LETARGIA E HIPNOSE SEM MAGIA - 71
dizendo. Não pensam, nem por um momento, que uma criança tão
nova seria incapaz de entender o que eles querem, e que, portanto,
não poderia obedecer às instruções de retornar à idade normal - e,
assim, teria de permanecer na idade a que havia regredido!
Ninguém parece ter notado este detalhe; no entanto, as reportagens e
artigos nunca param de criticar as circunstâncias destas regressões. Os
indivíduos regredid'os são testados para que se certifiquem de que eles não
regrediram mais do que à idade prescrita. Então, os incidentes ou cenas da
infância a que eles se referem são conferidos para verificar se realmente
/ aconteceram.
A concentração da memória certamente permite que alguns indivíduos
lembrem-se de detalhes esquecidos e, sem dúvida, permite-lhes reviver
acontecimentos distantes que não fazem mais parte da sua memória norma!.
Porém, são necessárias provas melhores que testes de interpretação de
borrões de tinta ou de desenhos infantis, antes de podermos afirmar que a
hipnose pode obliterar tudo do cérebro, de modo que o indivíduo não se
lembre de nada além da idade a que regrediu, a não ser as palavras que irão
terminar com a regressão. Os testes de borrões de tinta e desenhos podiam
ser feitos com a mesma inocência por indivíduos que não estivessem
hipnotizados. Tampouco os gestos e as entonações infantis dos indivíduos
regredidos são provas adequadas de regressão absoluta; imitadores lúcidos
podem reproduzir versões que são tão boas quanto estas.
Associando estas duas possibilidades, alguns investigadores concluí-
ram que, sob hipnose, o paciente devia conseguir lembrar-se da vida feta!.
Alguns indivíduos até corresponderam a esta expectativa. Em 1953, no
Journal ofMental Science (Revista de Ciência Mental), o Dr. D.E.R. Kelsey
publicou as lembranças pré-natais de uma mulher que, sob hipnose, lem-
brou-se de que sua mãe havia usado um bico de clister para tentar interrom-
per a gravidez na sexta semana. Regredindo ainda mais, lembrou-se de sua
ovulação e do doloroso impacto causado pela ejaculação dos esperma-
tozóides. Um paciente lembrou-se de sua própria fertilização e também
do desconforto que lhe causava a determinação de seu pai em manter
seus deveres conjugais.
O famoso caso Bridey Murphy, ocorrido nos Estados Unidos, em
1956, que relataremos a seguir, deu origem a milhares de reuniões onde as
pessoas se "reencarnavam" à vontade. Um hipnotizador chegou até a
anunciar que podia encontrar uma existência anterior para qualquer pessoa
que lhe pagasse uma taxa de 25 dólares, é claro.
No mesmo período, um tal de Dr. Tawney, almejando o mesmo
sucesso, publicou uma regressão de cinco mil anos. Uma mulher lembrou-se
até de ter vivido no Egito dos Faraós, três mil anos A.c. Sete sessões
hipnóticas, alguns capítulos introdutórios e o livro estava escrito, tendo a
sua primeira edição vendido centenas de milhares de cópias. O atraente
subtítulo anunciava que a hipnose fornecia provas de reencarnação. O autor
era descrito como "Presidente da Associação Nacional dos Hipnotizadores
e Terapeutas". O prefácio era escrito por Bordeaux, "Consultor de Psicolo-
gia e Psicoterapia". A. Bordeaux, que era também autor de um trabalho, e
Le Cron, de Los Angeles, foi atribuída a indução hipnótica em 60 fraciona-
mentos (re-hipnotizações múltiplas em uma sessão) - recorde mundial.
Estando a hipnose reduzida a isto, é fácil compreender por que os
grupos científicos sérios dos Estados Unidos franzem o cenho ao escu-
tarem a palavra "hipnose". (15)
IV -GEORGE ALAKIJA (médico psiquiatra e hipnólogo):
Em determinadas fases da vida, o indivíduo vai encontrando aconte-
cimentos que estavam esquecidos e que muitas vezes representam
soluções definidas para o seu problema atual, pois esclarecem porque
o paciente está apresentando determinados sintomas. Não se pense que
isso acontece sempre resolvendo assim facilmente todos os casos
clínicos, curando todas as neuroses. Nem todos os distúrbios psíquicos
podem ser tratados dessa forma.
Regressão a vidas passadas e terapia de vida passada não constituem
matéria de hipnose e sim de parapsicologia: Nunca utilizei esses procedi-
mentos na minha clínica. *
A Regressão está dentro de um posicionamento analítico e seu uso
terapêutico consiste, como já falamos, em ir buscar em alguma época da
vida atual do paciente as causas de seu sofrimento.
Quando se regride um paciente a um determinado período de sua vida
e se descobre acontecimentos traumatizantes, a terapia está começando. Não
basta isso para curar ou aliviar o indivíduo. Não basta ser médico e
hipnotizar bem, mas é necessário, se não for psiquiatra, que esteja familia-
rizado com aquele tipo de terapia. Os relatos impressionantes feitos por
pessoas leigas e, o que é pior, também por profissionais não habilitados,
dão uma visão distorcida desta técnica. Uma única sessão de regressão,
mesmo quando os resultados são miraculosos, nada significará se o paciente
não for acompanhado, fazendo outras sessões hipnoterápicas e também em
vigília. (1)
* N.AA. A escola de Rhine, nos USA, não faz nenhuma experiência parapsicológica com pacientes hipnotizados.
O próprio Rhine, Pai da moderna Parapsicologia Experimental, afirmava: "a hipnose já foi egressa e promovida
da Parapsicologia". Contudo a escola francesa e a escola russa utilizam a hipnose.
News Experiments in Parapsychology - J. B. Rhine. FRNM, DURHAM, N. C. (U. S. A.), 1980.
* N.AA. Ruth Simmons é o pseudônimo de Virginia Tighe. No citado livro ela aparece sempre com o pseudôrnino.
N.AA - REENCARNAÇÃO: PRÓS E CONTRAS. Ed. Maler Eclesia.
Pedidos para: Escola Mater Eclesia. Rua Benjamin Constant. 23 - 3° ando 20241-150 - Rio de Janeiro - RJ.
nunca fizera, mas que ele sabiajá ter sido realizada por médicos, psiquiatras,
engenheiros e outros técnicos do hipnotismo).
Ruth, de fato, rendeu-se a intimação e pôs-se a contar uma história
nova, que ela foi desenvolvendo em sucessivas sessões de hipnotismo, até
completá-Ia; entrementes, Bernstein e os demais observadores se admira-
vam grandemente: Bridey Murphy (assim se teria ela chamado nessa vida
anterior) haveria nascido em Cork, na Irlanda, aos 20 de dezembro de 1798,
como filha do casal Duncan Murphy, advogado, e Kathleen Murphy.
Habitâvam em uma casa de madeira. Aos 17 anos de idade, conheceu
o filho do advogado John MacCarthy, o jovem Brian MacCarthy, com o
qual se casou mais tarde, indo ambos residir em Belfast; moravam perto de
Dooley Road, numa pequena mansão freqüentemente visitada pelo Pe. John
Goran, da igreja de Santa Teresa. Bridey comprazia-se então tocar lira,
dançar o bailado irlandês chamado "jiga matinal" e jogar cartas (o jogo dito
"da fantasia"). Seu marido lecionava Direito na "Queen's University" de
Belfast e escrevia para o periódico "News-Letter" dessa cidade; Bridey
lembrava-se muito bem de que comprava sua roupa na loja "Cadenns
House". Enquanto falava, a paciente tomava sotaque genuinamente irlan-
dês, usava de expressões raras e típicas da Irlanda, de modo a não deixar
dúvida de que realmente estava revivendo episódios históricos. Finalmente
narrou a sua morte, ocasionada por um tombo; descreveu, outrossim, os
seus funerais e a sua existência subseqüente no "astral", após a qual se teria
de novo encarnado no ano de 1923 nos Estados Unidos da América.
À guisa de ilustração, transcrevemos aqui um dos trechos finais do
diálogo de Bernstein com Bridey Murphy:
Prossigamos até o tempo de sua morte ... Você disse que assistiu aos
seus próprios funerais. Viu como a enterravam. Não é?
-É.
- Bem. Se se lembrava disso, deve lembrar-se também do ano em que
morreu. Talvez o tivessem marcado na cova ou numa lápide ou onde se
costuma fazer. Provavelmente presenciou isso. Em que ano foi?
- Foi ... em mil oitocentos ... uhmmm ... mil... um-oito-seis ... quatro.
- Um-oito-seis-quatro?
- Estava na lápide ... um-oito ... creio ... Vi um-oito-seis-quatro (1864).
- Está vendo a lápide agora?
- Estou.
- Que diz ela? Leia tudo o que está escrito, além dos números. Que
está escrito?
- Ah ... Bridget ... Kathleen ... Uhmmm ... M ...MacCarthy ...
- Talvez os primeiros números lhe possam dizer quando nasceu.
- Um ... sete ... nove ... oito.
- Bem. Agora, que dizem os outros números?
(Nesse ponto ela fez um movimento com a mão, ao dizer "Há um
traço").
- Um ... Há um traço ... um traço e depois ... um-oito-seis e quatro.
- Está certo. Esqueçamos isso. Descanse e relaxe o corpo.
Tão minuciosas é verossímeis eram as informações fornecidas por
Bridey Murphy a respeito da sua "pré-vida" que os observadores se impres-
sionaram. Resolveram então enviar à Irlanda uma comissão de repórteres e
peritos encarregados de examinar até que ponto tais notícias podiam cor-
responder à realidade; os resultados do inquérito deram a ver que, ao lado
de elementos imprecisos ou incoerentes, Bridey havia referido muitos dados
que, de fato, eram fiéis à realidade.
À guisa de espécimes, citamos aqui os seguintes tópicos:
Bridey: Teria nascido em Cork no dia 20 de dezembro de 1798, e
morri do em Belfast num domingo do ano de 1864.
Realidade: Os registros irlandeses de nascimentos não são anteriores
ao ano de 1864; nenhum deles refere nascimento ou morte de Bridey
Murphy. Também não se encontrou diretório da cidade de Cork que
mencionasse a sua família. Poder-se-ia supor que, como esposa de um
advogado, tivesse deixado um testamento, coisa da qual não foi encontrado
vestígio. Nem a imprensa de Belfast noticiou a morte de Mrs. Bridey
MacCarthy em 1864.
Bridey: "Raspei toda a pintura de minha cama ... de metal", quando
tinha 4 anos (1802).
Realidade: Antes de 1850 não se usavam camas de metal na Irlanda.
Bridey: Como criança, teria feito uma excursão a Antrim. "Aí há
alcantis. A água corre, as águas dos riachos correm rápidas e formam
redemoinhos ... quando chegam ao mar. .. Os alcantis são realmente bran-
cos".*
Realidade: Descrição notavelmente exata.
Bridey: Ter-se-ia casado com Sean Brian MacCarthy.
Realidade: Brian é o segundo nome do esposo atual de Virgínia Tighe
(ou Ruth Simmons).
Bridey: Brian teria sido professor de Direito na "Queen's University"
de Belfast e haveria escrito alguns artigos para o "News-Letter" dessa
cidade.
t
LETARGIA E HIPN •. SMEM~jê'S
CATAI'JDUVA·SP
7
Realidade: A "Queen' s Uni\'ersilY" só foi fundadLl em 1908: desde
1849 havia, sim, um "Queen' s College" em Belfast. mas nenhuma Facul-
dade de Direito. - Quanto ao "News-Letter" de Belfast, existiu, mas em seus
arquivos não se encontra artigo algum de Brian.
Bridey: Muitas vezes preparava para Brian "um bom prato irlandês":
um cosido de carne de vaca e cebolas.
Realidade: Tal prato só nos últimos cinqüenta anos é comum na
Irlanda; anteriormente, a alimentação típica se preparava com toucinho e
couve.
Bridey: Teria morado perto de Dooley Road. "Eu freqüentava a igreja
de Santa Teresa ... na rua principal ... quase na esquina de Dooley Road."
Realidade: Segundo John Bebbington, bibliotecário de Belfast, nunca
existiu nessa cidade uma dita "Dooley Road"; quanto à igreja de Santa
Teresa, data de 1911.
Bridey: Haveria comprado sua roupa no "Caddens House"; recodava-
se até de ter pago certa vez uma libra e seis pences por uma camisola.
Realidade: Não se descobriu vestígio do "Caddens House"; na época
pressuposta seria acontecimento muito estranho vender-se uma camisola
por preço tão elevado.
Bridey: Referindo-se aos seus conhecimentos musicais, declarou que
tocava a lira.
Realidade: Richard Hayward, conceituado harpista irlandês, assegura
que a lira nunca foi conhecida na Irlanda.
Bridey: Interrogada acerca dos nomes de algumas companhias de
Belfast, declarou: "Havia uma grande companhia de tecelagem.
Sim, uma tabacaria ... "
Realidade: Com efeito. Uma das mais importantes fábricas de cigarros
de Belfast, Murray Sons and Company, foi fundada em 1805; a "Belfast
Rop work Company", constituída em 1876, formou-se de pequenas empre-
sas que já tinham muitos anos de existência.
Todavia, ao lado de tão entusiastas adeptos, havia também observado-
res e cientistas que mantinham suas reservas em torno do caso "Bridey
Murphy". Sabiam que o hipnotismo, no decorrer da história, já apresentara
semelhantes fenômenos de regresso à "encarnação anterior", fenômenos
que podiam, sem dúvida alguma, ser explicados por impressões colhidas
pelo paciente dentro dos trâmites mesmos da vida corrente. Sendo assim,
puseram-se a pesquisar atentamente o currículo de vida juvenil de Virgínia
Tighe e chegaram finalmente a uma explicação do caso bem diferente da
preconizada (veja-se a respeito o pronunciamento de abalizada comissão de
médicos e psicólogos que estudaram o caso na obra "A scientific Report on
78 - LETARGIA E HIPNOSE SEM MAGIA
'The Search for Bridey Murphy''', edited by Milton V. Kline - The Julian
Press, Inc. New York, N. Y. 1956).
Mais precisamente, pergunta-se, que descobriram os estudiosos?
,
A IGREJA CATOLICA
E A HIPNOSE
A Igreja, através do pronunciamento de três Papas: Pio IX, Leão XII
e Pio XII, já se pronunciou favorável ao emprego da hipnose como coadju-
vante de terapia - desde que sejam respeitadas as prescrições da ética e da
moral.
Importante discurso de conteúdo atualíssimo pronunciou o Papa Pio
XII, no dia 24 de fevereiro de 1957, perante uma seleta assembléia de
clínicos, cirurgiões, cientistas e anestesistas.
Na ocasião o Santo Padre falou em francês. O texto que aqui reprodu-
zimos é dos Serviços de imprensa do Vaticano.
O IX Congresso Nacional da Sociedade Italiana de Anestesiologia, que
se realizou em Roma de 15 a 17 de outubro de 1956, apresentou-nos, por
intermédio do Presidente da Comissão organizadora, o Professor Pedra
Mazzoni, três questões, sobre os aspectos religiosos e morais da analgia
considerada perante a lei natural, e sobretudo perante a doutrina cristã
contida no Evangelho e proposta pela Igreja.
CONCLUSÕES
I- A hipnose praticada pelo médico, psicólogo e odontólogo, a serviço
de um fim clínico, observando togas ~s precauções tanto da ciência
médica como da ética médica - E LICITA - porque neste caso, a
supressão da consciência é permitida pela moral natural e compatível
com o espírito do Evangelho.
U - É LÍCITA também a hipnose praticada por pessoa competente para
fins científicos.
lU - N~O $ qCIT A a hipnose praticada por pessoa que não é competente.
IV - NAO E LICITA a hipnose praticada como divertimento num grupo de
pacientes, seja por leigos, seja por eclesiásticos. (REB Jun. 1957).
Convém notar que a maioria dos autores condena de maneira formal
a hipnose praticada como divertimento e os shows de hipnose pela
t~levisão por pseudos "professores".
E ainda conveniente recordar que os hipnotizadores teatrais mesclam
suas demonstrações de "hipnotismo" com truques engenhosamente
preparados que dão a falsa idéia de "um poder sobrenatural" que eles
não têm. Decreto lei n° 51.0009 de 22.07.1961.
O Decreto-Lei de 22.07.1961 que proibia espetáculos de hipnotismo
em circo, teatro e televisão, foi revogado pelo ex-presidente ColloL
V - MORALIDADE
"Sendo a palavra bíblica: Darás à luz na dor, uma assertiva e não um
mandamento, tudo o que pode aliviar o sofrimento dos humanos, seus
inconvenientes graves, para a saúde física ou moral das pessoas em
causa, é não somente permitido, mas louvável. As investigações
destinadas a aliviar as dores do parto são boas; a lembrança de dores
menos intensas pode favorecer na mulher, liberta de um excesso de
ansiedade, a perspectiva de novos nascimentos". (Código Social de
Malinas ou .~sboço da Doutrina Social Católica - Código Familiar,
Capo IV - Pa 56). b.
N. A. - o Papa Pio XII solicitado a externar a opinião da Igreja sobre o palpitante assunto do "Parto sem dor",
fê·lo nUIll congresso em que se reuniram 700 ginecologistas em Roma, provenientes de vários países. Sua
Santidade chegou à conclusão <k que a Escril"ra não proíbe Pano sem Dor. A íntegra deseu discurso foi publicada,
no seutexlO francês original. na e<.li,ão de "L'Ossel'valore Romano" de 10 de janeiro de 1957.
CAPÍTULO XI
,
PRATICA DA HIPNOSE
Ninguém jamais se manifestou contra o
hipnotisnw próprio, senão unicamente contra o
hipnotismo dos outros.
PRELIMINARES
É curioso observar que em cada período áureo do hipnotismo tenham
procurado mudar a terminologia. Mesmer o chama de Magnetismo: Braid
de Hipnotismo; Irmão Vitrício de Letargia. Alfonso Caicedo de Sofrologia,
e, finalmente Alberto Lerro Barreto de Panose.
Hipnose ou Hipnotismo? Qual o certo? Como queiram, responde o Dr.
L. Chertok em seu livro: L' Hypnose: leurs problémes théoriques et
pratiques (Paris 1989). "Pode-se usar um ou outro. Na prática, são vocábu-
los sinônimos, entretanto alguns autores preferem dizer que: hipnotismo é
a técnica e hipnose o estado conseguido pela técnica". Braid depois de 4
anos de ter proposto o neologismo - hipnotismo - já se lamentava da infeliz
escolha e propôs - monodeísmo. Ia adotar: - consciência dupla - quando
morreu em 1860.
No Brasil, o I Congresso Pan-Americano de Hipnologia realizado no
Rio de Janeiro, em 1961, recomendou que HIPNOSE seria a praticada pelo
médico, psicólogo e odontólogo, e seus praticantes serão chamados de
hipnotistas ou hipnologistas. Hipnotismo é o praticado no teatro e circo pelo
hipnotizador, sempre misturado com truques e fraudes.
Atualmente, a palavra hipnose é utilizada nos meios científicos de
quase todos os países.
Um bom hipnotista é o que sabe improvisar métodos. Todos os
métodos podem ser resumidos em: preâmbulo, relacionamento interpessoal
e técnica.
O hipnotista tem necessidade de possuir uma técnica e não um poder.
Todos os estados hipnóticos podem ser resumidos em 3 fases: leve, médio
e profundo, apesar de haver inúmeras classificações que variam de 3 a 50
estados. Segundo KarI Weissmann: "Hipnotismo é também uma arte. É a
arte de convencer. Hipnotizar é convencer. E convencer é sugestionar. Só
sugestiona quem convence. E só quem. convence hipnotiza".
Para se hipnotizar uma pessoa, 5 requisitos são necessários: prestígio,
preâmbulo, relação interpessoal ou rapport, técnica e paciência.
1) PREÂMBULO
William T. Heron recomenda o seguinte preâmbulo (contudo cada
hipnotista deverá esquematizar seu próprio preâmbulo que poderá variar de
acordo com os pacientes e com as circunstâncias):
"O processo de nos submetermos à hipnotização é algo que uma pessoa
normal pode aprender, da mesma forma que aprendemos a dançar, a
escrever, etc. É necessário que você coopere comigo e que siga as minhas
instruções, para adquirir perfeita capacidade. O máximo que posso fazer é
ajudá-Io a seguir o caminho certo. "A idéia é a seguinte: - Não pare para
analisar ou calcular o que estou tentando fazer. Deixe apenas que as minhas
palavras penetrem em seus ouvidos e saiam novamente sob a forma de ação
sugestionada, sem fazer quaisquer indagações a respeito de si próprio.
"Você sabe que quando se bate na região que fica abaixo do joelho, a
perna faz um ligeiro movimento. A pancada feita no tendão envia impulsos
para dentro e eles voltam novamente sob a forma de ação. Você não pára a
fim de pensar se deve mover a perna ou se ela se move, simplesmente. Da
mesma forma, as minhas palavras devem penetrar nos seus ouvidos e
retomar sob a forma de ação".
"Estou tentando explicar-lhe o significado da Hipnose da melhor
maneira possível. Para verificarmos o seu grau de aprendizado, teremos que
submetê-I o a alguns testes. Estes terão a forma de movimentos musculares
simples e você os deve encarar como simples testes de diagnóstico. Eles
serão muito simples e você os achará muito fáceis".
Se for n~cessário usar a palavra "sono" em sua fraseologia ao paciente,
seria interessante explicar-lhe, que está sendo usada diferentemente do
significado ·comum. A vossa frase deve aproximar-se destas linhas: -
"Quan,d~ eu usar a palavra "sono" não estarei me referindo ao sono noturno.
Você sabe que quando está adormecida à noite, você está inconsciente. Mas
84· LETARGIA'E HIPNOSE SEM MAGIA
nesta espécie de sono você não ficará inconsciente, porque sempre poderá
ouvir as minhas palavras. Usamos a palavra "sono" para que você possa
relaxar-se e ficar mais à vontade. Seus olhos poderão se fechar e se alguém,
eventualmente, vê-Io, poderá pensar que está dormindo. Você achará que é
uma condição muito agradável".
Os cometários devem ser feitos num tom de voz calmo e seguro e, no
final, seria interessante obter-se uma expressão de afirmação do paciente.
Isto poderá ser feito dizendo-se: - "Certo?" de forma interrogativa, ou do
modo mais natural possível.
Agora, ao se usar uma cadeira, o paciente, invariavelmente, cruzará as
pernas. Se ele assim proceder, pedi-lhe que as descruze, explicando-lhe que
no estado hipnótico há pouco movimento espontâneo e que se as pernas
ficarem cruzadas durante longo tempo, ocorrerá uma interferência na
circulação sanguínea e isto poderá causar um desconforto. De qualquer
modo, pedi ao paciente que ponha os pés no chão e deixe que as mãos caiam
naturalmente no colo ou nos braços da cadeira. "Quando você entrar no
estado hipnótico, terá pouca vontade de mover os braços ou as pernas.
Portanto, para começar, queremos que eles fiquem confortavelmente. A
experiência toda será agradável".
Com tudo isso, estaremos, não somente trabalhando para livrar a
pessoa de quaisquer ansiedades que possa ter, como, também, para bom-
bardeá-Ia com sugestões com o fito de induzi-Ia fortemente a submeter-se
ao estado hipnótico.
Cada uma das frases é verdadeira e, conquanto sugestivas, não produ-
zem malefícios. O hipnotista pode proferir estas frases, confiando plena-
mente em que, se o paciente se submete ao estado hipnótico é porque
considerou corretas estas frases, desde que o hipnotista seja suficientemente
habilidoso para não dar sugestões que façam com que o paciente pense de
outra forma.
O propósito oculto, através da movimentação do paciente de uma
cadeira para outra ou de fazê-Ia ter os pés em posição normal, é o de fazê-Ia
apresentar uma disposição receptiva. Ninguém se negará a realizar estas
instruções e, quando o faz, se aproxima da aceitação de outras sugestões.
Tanto quanto possível, procurai sempre dar ao paciente uma razão pelo
seu comportamento. Ele vai para a outra cadeira "porque é mais confortá-
vel". Ele descruza as pernas "para que não seja interrompida a corrente
sanguínea", etc. Lembrai-vos - o vosso objetivo é fazer com que o paciente
fique em posição passiva, portanto, nunca lhe dando a oportunidade de
perguntar por que motivo deve fazer isto ou aquilo. Dai-lhe as respostas,
tornando-as lógicas. Não provoqueis a sua credulidade. Ao mesmo tempo, ....
LETARGIA E HIPNo\~BP~d~M';
~yt -.;O a ! e s
CA1ANDlIVA-SP
lançai sugestões sobre a maneira pela qual ele deve agir ou sentir, tais como
"a perna cruzada pode produzir desconforto, porque há pouco movimento
espontâneo no estado hipnótico". Não queremos que o paciente comece a
movimentar-se enquanto está no estado hipnótico. Queremos que os seus
movimentos sejam razoavelmente controlados pelo mecanismo verbal do
hipnotista.
Procurai, também, dar ao paciente a sugestão de que ele é responsável
pelo que acontecer. A única coisa que lhe poderá impedir de entrar no estado
hipnótico é a sua própria incapacidade de seguir ádequadamente as instru-
ções que lhe são dadas.
O hipnotista é somente um professor e, aquilo que pode fazer, depende
da espécie de material com o qual ele tem de trabalhar.
Estas frases são também corretas, mas sua principal finalidade é lançar
a responsabilidade ao paciente, de modo que, em caso de ocorrer alguma
falha o prestígio do hipnotista não seja atingido. *
2)RELAÇÃOINTERPESSOAL
Diz a Dra. Galina Solovey.
"O contato hipnótico não é mais um instante teórico o qual pode
desvanecer-se em seguida, ou constituir o ponto de partida duma relação
interpessoal hipnótica, mais ou menos profunda e duradoura. Na nossa vida
diária abundam os contatos hipnóticos fugazes e as relações hipnóticas
incompletas ou breves, ao ponto de se poder dizer que nossa vida se encontra
repleta deles.
O próprio caráter cotidiano de tais experiências faz com que não se
lhes preste maior atenção nem se lhes tome como objeto de estudo. Entre-
tanto, elas constituem a base das relações que tem lugar no consultório do
médico ou dentista hipnólogo, no laboratório do pesquisador psicólogo, ou
no palco do hipnotizador de teatro.
Por conseguinte, é evidente que a disposição emocional do sujeito (a
"extremidade-sujeito" do todo que constitui o "bom rapport" de vários
autores) para entrar em transe hipnótico não se obtém com sugestões de
levantamento da mão, fechamento dos olhos, etc., mas pela "preparação"
sutil que as precede e graças à qual o "sujet" pode atender tanto às
mencionadas sugestões como a outras adequadas que se lhes faça.
* N.A. - o livro de William T. Heron - Aplicações Clínicas da Sugestão e da Hipnose, Ed. Monte Scopus, 3'
ed., Rio, 1958, é especialmente recomendado para médicos e odontólogos.
Watkins disse, com razão, que "a indução dum transe hipnótico não é
questão de manipulação técnica, mas um problema de compreensão e
interação no ambiente duma relação interpessoal íntima". *
Sobre o rapport escreve o Dr. Envin Wolffenbüttel: "Uma definição
de rapport é difícil, uma explicação será mais fácil: "Mesmer descobriu que
precisa desenvolver-se um interesse entre o médico e o paciente. Ele
descreveu isso como rapport, um conceito francês que quer dizer "hanno-
nia" ou "conexão". Esta palavra tem permanecido em uso, na psiquiatria,
até o presente, para descrever a relação na qual o médico conquistou o
interesse e a cooperação de seu paciente."
"Excelente maneira de estabelecer ou
reforçar o rapport com o paciente é fazê-Io
falar a respeito do seu estado de saúde. E,
se necessário, fazê-Io contar ainda mais ou
novamente". "Também, deixá-Io contar os
seus êxitos" (e ouvi-Io com simpatia).
Há, pois, no rapport "uma dupla cor-
rente de sentimentos entre o operador e o
paciente".
3) TÉCNICA
É natural que métodos hipnóticos de
épocas passadas pareçam antiquados aos
jovens. Entretanto, desta opinião não par-
tilham destacados psicólogos, como bem
acentua J. H. Schultz. Além da técnica é
necessário que se tenha muita paciência.
a) O MÉTODO DE BERNEHEIM
"Eu começo por hipnotizar - diz Ber- ••
Fig. 55 - Uma das provas de
neheim - da ~guinte maneira: inicio di- sugestionabilidade.
zendo ao paciente que acredite que grandes O operador sugere ao paciente:
benefícios advirão para o seu caso, através "Ao retirar minhas mãos de seus
da terapêutica sugestiva, e que é perfeita- ombros, você sentir-se-á atraída
para trás ". O mesmo teste poderá
mente possível curá-I o ou pelo menos me- serfeito com o paciente defrente,
lhorar o seu estado de saúde por meio de se elefor para trás, como mostra
hipnose. Acrescento que nada há de peno- a figura, será facilmente
so ou de estranho nesse processo, que é um hipnotizável.
* N.A. - Galina Solovey, EI Hipnotismo de Hoy, Ed. Hachelle, 4' Ed. Buellos Aires, 1988, pág. 56.
b) O MÉTODO DA AUTO-VISUALIZAÇÃO
Um dos métodos mais tipicamente subjetivos é o da autovisualização.
O paciente, acomodado em uma cadeira, poltrona ou leito, recebe a
recomendação de imaginar-se a si mesmo (assentado ou deitado) de olhos
fechados, enquanto ele próprio se esforça durante algum tempo por manter
os olhos abertos.
Imagine-se, pois, de olhos fechados, dormindo. Mas enquanto a sua
imagem visualizada está de olhos fechados, você continuará de olhos
abertos, enquanto puder. Você está conseguindo imaginar-se a si mesmo de
olhos fechados, dormindo? (O paciente responderá afirmativamente, com
um movimento da cabeça ou da mão). Você vai sentindo sono também ... A
exemplo de sua imagem, você vai entranclo também num profundo sono ...
Você está sentindo sono, também ... Você não consegue ficar com os olhos
abertos, pensando em si mesmo de olhos fechados Você também vai
fechando os olhos ... Já está querendo dormir também etc, etc ..."
Este método tem-se mostrado particularmente eficiente com certos
"sujets" refratários aos processos menos subjetivos de indução. Já se disse
que a hipnose se baseia acima de tudo nas leis da imaginação. E imaginar
é, antes de mais nada, visualizar, ver mentalmente.
\
.
,:.
Fig. 56 - Dr. Alberto Lerro Barretto coloca a paciente em estado de hipnose
profunda. Observe a reversâo do globo ocular. A reversâo total indica um estado
de hipnose profunda.
Fig. 57 - O assombroso prestidigitador-JAMES RANDI-observando o baralho
Zener. Este ilusionista norte-americano afirma que está em condições de igualar
e repetir os truques de Uri Geller e Tômas Morton. O que eles fazem, afirma:
"não tem nada que se possa qualificar de paranormal. "
~
CAPITULO xn
AUTO-HIPNOSE
o melhor e mais rápido método para aprender auto-hipnotizar-se é ser
primeiramente hipnotizado por um hipnotista.
A maior barreira em conseguir auto-hipnose é não saber reconhecer o
estado de hipnose. Por isso, é bom gravar os seguintes pontos que são de
suma importância:
1) Hipnose é um estado normal e natural. É um fenômeno da vida diária.
2) A não ser em estados profundos a pessoa não adormece e nem perde a
consciência.
3) É um estado de hipersugestibilidade.
4) A única prov'a da hipnose eficaz ou da auto-hipnose é a reação post-hip-
nótica.
5) São requisitos necessários para aprender auto-hipnose: mente normal,
vontade de aprender e prática constante.
Com auto-hipnose, um de nossos amigos, Severino Rocha, faz verda-
deiras proezas, mas ele a pratica há mais de quarenta anos.
Para um programa de treinamento observe o seguinte:
Estude estas primeiras regras: Você deve: (1) querer relaxar, (2)
compreender que isso não é uma novidade, porém uma prática antiqüíssima
e evidentemente racional; (3) decidir a fazê-lo em intervalos regulares, e
compreender que auto-hipnose não pode ser forçada.
Noutras palavras, não cometa erro de tentá-lo de maneira demasiado
árdua, pois isso, simplesmente, o impediria de relaxar totalmente. Modera-
da, suave, paciente, deve ser a sua linha de introdução. Se de maneira
demasiado árdua ou tornar-se impaciente, você criará um sentimento de
tensão, o qual implica em contração muscular, que é justamente o que nos
esforçamos por evitar. *
Escolha um lugar e uma hora durante a qual esteja seguro de não ser
incomodado. Isto é vital. Você faz a tentativa de eliminar toda sensação.
* PAUL ADAMS - Ajuda-te pela Nova AUlo-hipnose, Ed. !BRASA, 4' edição, página 46, São Paulo, 1978.
r fase: Auto-Relaxamento.
Para indução ao estado de auto-relaxamento dinâmico, siga, cuidado-
samente, as seguintes instruções:
1) Escolha um lugar ou quarto em sua casa onde possa estar mais ou menos
seguro de não ser perturbado pelo t,elefone ou por outros ruídos e, ainda,
por desnecessárias interrupções. E aconselhável cerrar as cortinas ou
escurecer o ambiente. Verificamos também, pela experiência, que quase
sempre urna música suave põe o paciente mais depressa em estado de
ralaxamento hipnótico. Você poderá querer fazer uma experiência,
N.A. o teste foi extraído de Melvin Powers - Técnicas avançadas de Hipnotismo, Ed. Glem, 5' ed. Buenos Aires.
página 41.
Escolha algum objeto que esteja colocado acima do nível dos seus
olhos, de modo que para olhá-Ia você tenha que fazer um ligeiro esforço
tanto do globo ocular como da pálpebra. Pode ser, por exemplo, uma
mancha no teto. Tente fazer com que as suas pálpebras se fechem, enquanto
você conta até dez. Se você sentir uma necessidade irresistível de fechar os
olhos no instante em que você chegar a dez ou antes, isso significa que você
está em estado de alta sugestibilidade ou de auto-hipnose. Se você não
conseguir o objetivo da primeira vez, é possível que você não esteja
suficientemente relaxado.
Se os seus olhos não se fecham involuntariamente, feche-os volunta-
riamente e, a seguir, faça as sugestões pós-hipnóticas desejadas, tal como
se você estivesse em estado hipnótico.
Eis aqui algumas sugestões que você poderá usar para realizar o teste
de fechamento dos olhos. Não decore as palavras com exatidão, o impor-
tante é obedecer a forma:
Quando eu completar a contagem até dez, minhas pálpebras se tornarão
muito pesadas, úmidas e cansadas. Até mesmo antes de chegar a dez,
poderei ser obrigado a fechar os olhos. No instante em que eu fechar os
olhos, cairei em estado de auto-hipnose. Estarei plenamente consciente,
ouvirei tudo e poderei dirigir sugestões à minha mente subconsciente. Um ...
minhas pálpebras estão ficando muito pesadas ... Dois ... minhas pálpebras
estão ficando úmidas ... Três ... minhas pálpebras estão ficando muito can-
sadas ... Quatro ... Mal posso manter os olhos abertos ... Cinco ... Estou
começando a fechar os olhos ... Seis ... Minhas pálpebras estão se fechando
cada vez mais ... Sete ... Estou completamente relaxado e à vontade ... Oito ...
Quase não posso mais ficar com as pálpebras abertas ... Nove ... Meus olhos
estão fechados, estou em estado auto-hipnótico ... Dez ... Posso dar a mim
mesmo qualquer sugestão pós-hipnótica que quiser.
Você aprendeu a técnica do auto-relaxamento e pôs à prova a sua
própria sugestibilidade. Como dissemos anteriormente, a capacidade de
fazer essas coisas sempre existiu em você - tal como um músculo não usado.
Agor51você está pondo essa força a trabalhar - possivelmente pela primeira
vez. E como se estivesse ligando um interruptor de força. Você está pronto
para dar a si mesmo sugestões no sentido de analisar e resolver problemas
pessoais, destruir um hábito, adquirir melhor personalidade ou uma filosofia
de vida mais positiva.
3 fase: Auto-análise.
3
4 fase: Autoterapia.
3
N.A. Atendemos a inúmeros pedidos e, com a devida autorização do autor. reproduzimos o excelente trabalho
do Df. Alberto Lerro Barreto, Cirurgião-Dentista, inserido na n;vista "Seleções Odontológicas", nO43,julho-agos-
to, 1953, e já traduzido para diversos idiomas. Omitimos os relatórios. que avaliam a eficácia do método. O
procedimento do Df. Barreto também poderia ser chamado de HIPNOPEDIA (vide significado no glossário).
ra: Depois que a criança estiver adormecida, o pai, a mãe ou qualquer pessoa
que tenha autoridade sobre ela, deve entrar no quarto, chegar à distância de
50 centímetros a 1 metro da cabeça da criança e, concentrando-se, repetir
de 10 a 20 vezes uma frase curta, simples, de preferência que não tenha a
palavra NÃO, falando em primeiro lugar o nome da criança e em seguida
dizendo o "PORQUÊ" ela deve corrigir o defeito, isto durante uns 10 a 20
dias seguidos e sem interrupção.
A criança não deve despertar porque perder-se-ia então o valor da
sugestão que é o de agir no subconsciente e não no consciente. A frase será
feita de acordo com o mau hábito que a criança apresenta. Usa-se em
primeiro lugar o nome da criança ou seu apelido para chamar a atenção do
subconsciente. Em seguida deve dizer-se o "PORQUÊ" não deve continuar
com o defeito, pois a criança também tem a sua lógica e um dom intuitivo
do certo ou errado.
Quanto menos se chamar a atenção da criança, durante o dia, sobre o
mau hábito, será melhor. Geralmente as crianças não "negativistas", isto é,
tendem sempre a fazer o contrário. Quando sabem que os pais querem
alguma coisa, aí é que não a fazem, porque sentem-se aborrecidas o dia todo
por mandarem-nas comer, dormir, estudar, etc ... Aproveitam-se então disto
para vmgarem-se.
Em casos de enurese poderia dizer-se, assim: - "Carlinhos, é feio
urinar na cama e lhe faz mal. "
Quando bem aplicado, o "Método das Sugestões Noturnas" corrige de
uma maneira maravilhosa, de 4 a 5 dias, qualquer mau hábito. Mas mesmo
assim devemos continuar usando-o durante 20 dias mais ou menos, para
que a sugestão fique bem gravada no subconsciente. Poder-se-ia comparar
o cérebro da criança a um disco virgem de vitrola, em que, gravada a frase,
esta aparecerá no consciente quando se fizer qualquer ato involuntário. Nós
sabemos que a nossa personalidade é comandada pelo subconsciente, e é
este que transmite ao consciente a maneira de agir.
Para melhor compreensão, poderemos considerar o cérebro dividido
em 3 partes: 1) Consciente, 2) Censura e 3) Subconsciente.
A noite, quando dormimos, ou quando estamos sob a ação da hipnose
ou de um hipnótico, a censura relaxa a sua vigilância e daí o aparecimento
dos sonhos, que são as imagens do subconsciente transmitidas ao conscien-
te. São endógenas, isto é, vêm de dentro para fora. Pelo "Método das
Sugestões Noturnas", agiremos de modo inverso, de fora para dentro e as
imagens são exógenas.
Uma das principais causas dos maus hábitos infantis é o "Ciúme". Isto
se dá comumente em filhos únicos, tratados com todos os mimos e como
pequenos "Reis" do lar, e cujos pais têm depois um segundo filho. Esta
criança sente-se desamparada e desambientada, pois acha (no seu subcons-
ciente), que os pais dão mais atenção ao menor e, portanto, gostam mais
dele. De maneira nenhuma o ambiente será o mesmo e daí aparecendo os
mais variados maus hábitos, tendo como fin'alid~e principal chamar a
atenção dos pais sobre ele.
Infelizmente e para maior dificuldade de aplicação do "Método das
Sugestões Noturnas", há muitos pais que não compreendem o papel do
subconsciente dominando o consciente, aceitando sem maior preocupação
a afirmação do filho quando este diz que gosta muito do irmão ou quando
afirma que deseja deixar o mau hábito.
No caso de "ciúme" (subconsciente) é surpreendente o resultado, uma
vez que se repita durante umas 10 vezes, à noite, por 10 a 20 dias, a seguinte
frase: "Zezinho, a mamãe e o papai gostam tanto de você como do Jorge".
Depois de uns IO dias, fazer a frase de acordo com o mau hábito, se é
que este já não desapareceu só com a simples frase citada.
Tivemos um caso interessante de uma menina cuja gagueira, bem
pronunciada, aparecia somente quando estava nervosa. Havia outra irmãzi-
nha de 1 ano. Mandamos que a mãe fizesse a frase acima. Verificamos, em
3 dias apenas, uma melhora extraordinária na criança, que já havia percor-
rido diversos médicos psiquiatras para corrigir este defeito; sem resultado
algum.
,
QUE E O TREINAMENTO
,
AUTOGENO?
N .A. OS exercícios de treinamento autógeno podem causar distúrbios no organismo. Portanto, é perigoso adotá-I os
sem supervisão médica.
-'
CAPITULO XV
Na Bíblia, lemos que Jesus ensina: "O que quer que um homem
pense, assim ele o será". Num sentido muito real, nós somos o que
acreditamos ser.
Princípios Gerais
A "auto-imagem" é a chave da personalidade humana e do comporta-
mento humano. Mudemos a auto-imagem e mudaremos a personalidade e
o comportamento.
Mais ainda: a "auto-imagem" estabelece as fronteiras das realizações
individuais. Expandir a auto-imagem é expandir a "área do possível". A
aquisição de uma auto-imagem realista, adequada, parece insuflar no indi-
víduo novas faculdades, novas aptidões e, literalmente, transformar o
fracasso em sucesso.
A psicologia da auto-imagem não apenas foi comprovada graças a seus
próprios méritos, como também explica muitos fenômenos que desde há
muito tempo eram conhecidos, mas que não foram devidamente compreen-
didos no passado. Por exemplo: existem hoje no campo da psicologia
individual, da medicina psicossomática e da psicologia industrial, irrefutá-
veis provas clínicas de que há "personalidades do tipo sucesso", e "perso-
nalidades do tipo fracasso", "personalidades propensas à felicidade" e
"personalidades propensas à infelicidade", e "personalidades propensas à
saúde" e "personalidades propensas à doença". A psicologia da auto-ima-
gem projeta nova luz sobre o "poder do pensamento positivo" e, o que é
mais importante, explica por que este "dá certo" com alguns indivíduos e
não com outros.
Para compreender a psicologia da auto-imagem e poder aplicá-Ia em
sua própria vida, você precisa conhecer um pouco do mecanismo que ela
emprega para atingir seus objetivos.·Há abundância de provas científicas
que mostram que o cérebro e o sistema nervoso humano operam delibera-
damente de acordo com os princípios conhecidos da Cibernética para atingir
os objetivos do indivíduo. O cérebro e o sistema nervoso constituem um
complicado e maravilhoso "mecanismo perseguidor de objetivos", uma
espécie de sistema inerente de orientação automática que trabalha para você
como um "mecanismo de êxito" ou contra você como um "mecanismo de
fracasso", dependendo de como "você", o operador, o opera.
A Cibernética, que por ironia começou como um estudo de máquinas
e princípios mecânicos, está contribuindo muito para restaurar a dignidade
do homem como um ser incomparável, dotado de espírito criador. A
Psicologia, que começou com o estudo da psique, ou alma humana, quase
110 - LETARGIA E HIPNOSE SEM MAGIA
acabou por privar o homem de sua alma. Os behavioristas, que não com-
preendiam nem o homem nem sua máquina, e portanto confundiam um com
a outro, nos afirmavam que o pensamento é o mero movimento de elétrons,
e a consciência simples reação química. A "vontade" e a "resolução" eram
mitos. A Cibernética, que começou com o estudo de máquinas, não comete
tais erros. A ciência da Cibernética não nos diz que o homem é uma máquina
mas sim que o homem tem e usa uma máquina. Além disso, ela nos ensina
como essa máquina funciona e como poder ser utilizada.
A nova ciência da Cibernética ( I) nos esclarece porque a auto-imagem
produz resultados tão surpreendentes e mostra que tais resultados consti-
tuem o funcionamento normal e natural da nossa inteligência e do nosso
cérebro. Ela encara o cérebro, o sistema nervoso e o sistema muscular do
homem como um "servo mecanismo" altamente complexo. (Uma máquina
automática de busca de objetivos, que "dirige" sua rota até a um alvo ou
objetivo, usando para isso dados de "retroação" e informações armazenadas,
e retificando automaticamente seu curso quando necessário). Como disse-
mos anteriormente, este novo conceito não significa que "você" é uma
máquina, mas que seu cérebro e seu corpo funcionam como uma máquina
que "você" opera. Esse mecanismo criador automático que há dentro de nós
atua em uma só direção. Ele precisa de um alvo em que atirar. Como disse
Alex Morrison, precisamos primeiramente ver com nitidez uma coisa em
nosso espírito, antes de podermos executá-Ia. Satisfeita essa condição, o
"mecanismo de êxito", que há em nós assume; o comando e faz o que precisa
ser feito melhor do que nós o poderíamos fazer por meio de esforço
consciente ou da "força de vontade".
Em vez de tentar fazer determinada coisa por meio de uma férrea força
de vontade, preocupando-se continuamente, imaginando tudo que poderá
sair errado, você deve simplesmente relaxar a tensão, interromper o esforço,
desenhar mentalmente o alvo desejado, e "deixar" que seu mecanismo de
êxito assuma a direção. Assim, desenhando mentalmente o objetivo visado,
você se obriga a um "pensamento positivo". Nem por isso você será, depois,
poupado de esforço e trabalho, mas seus esforços serão no sentido de
conduzi-Io para a frente, em direção do seu objetivo. Você não se perderá
em conflitos mentais, que ocorrem quando você "quer" e "tenta" fazer
determinada coisa, mas vê mentalmente outra coisa qualquer.
Quadro Mental N° 1
Mentalmente veja-se a si mesmo deitado numa cama, bem estirado.
Forme de suas pernas a imagem de como seria se fossem de concreto. Veja
a si mesmo deitado com duas pernas de concreto, muito pesadas. Veja essas
pernas afundando no colchão em virtude de seu peso. Agora procure ver
seus braços e mãos como se fossem de concreto. Seus braços e mãos são
também muito pesados e estão afundando no colchão e fazendo tremenda
pressão na cama. Com os olhos do espírito veja um amigo entrar no quarto
e procurar erguer suas pesadas pernas de concreto. Ele agarra seus pés e
tente levantá-Ios. Mas são muito pesados para ele; não consegue fazê-Io.
Repita isso com os braços, pescoço, etc.
Quadro Mental N° 2
Seu corpo é uma enorme boneca de pano. Suas mãos estão amarradas
aos pulsos, de maneira frouxa, por meio de um barbante. Seu antebraço está
frouxamente ligado ao braço e o braço frouxamente ligado ao ombro, por
meio de um barbante. Seus pés, pernas, coxas, também estão ligados um ao
outro por meio de barbante. Seu pescoço consiste de um pedaço de barbante
muito bambo. Os barbantes que controlam seus maxilares e mantêm juntos
os lábios afrouxaram-se de tal maneira que seu queixo caiu molemente no
peito. Todos os barbantes que ligam várias partes do seu corpo estão bambos
e em conseqüências seu corpo está esparramado na cama.
Quadro Mental N° 3
Seu corpo consiste de uma série de balões de borracha, cheios, duas
válvulas se abrem em seus pés, e o ar começa a deixar as pernas. Estas
começam a se esvaziar até não passarem de balões murchos largados sobre
a cama. Em seguida uma vál vula se abre em seu tórax, o ar começa a escapar
e todo o seu corpo fica murcho amarrotando-se sobre a cama. Contiriue com
os braços, cabeça e pescoço.
Quadro Mental N° 4
Muitos acham este exercício o mais relaxador de todos. Busque na
memória alguma aprazível e tranqüilizadora cena do passado. Há sempre
na vida de todos nós uma época em que nos sentimos repousados, à vontade,
em paz com o mundo. Escolha entre suas lembranças o quadro preferido e
procure recordar imagens com todos os pormenores possíveis. Suponhamos
que a cena é um lago na montanha, onde você foi pescar. Em tal caso, preste
atenção nas pequenas coisas incidentais que há nas redondezas. Lembre-se
do rumorejar da água. Que sons estavam presentes? Você ouvia o suave
sussurro das folhas. Ou talvez você se recorde de estar sentado, perfeita-
mente à vontade, e até um pouco sonolento, diante de uma lareira, há muito
tempo. Os troncos de maneira soltavam faíscas e estalavam? Que outros
sons e imagens estariam presentes? Você talvez prefira lembrar-se de
quando esteve deitado ao sol, numa praia. Qual era a sensação da areia em
seu corpo? Você sentia o calor repousante dos raios de sol que tocavam em
seu corpo quase como se fossem um objeto palpável. Havia uma aragem
muito leve? Havia gaivotas na praia? Quanto mais detalhes desse gênero
você puder lembrar e desenhar para si mesmo, melhores serão os resultados
do exercício.
A prática diária tornará esses quadros mentais, ou lembranças, cada
vez mais nítidos. O efeito do aprendizado será também cumulativo. A
prática fortalecerá a correlação entre a imagem mental e a sensação física.
Você terá cada vez maior perícia em conseguir relaxação, e isto será também
"lembrado" em futuros exercícios.
N.AA - Este tipo de relaxamento é aconselhado pelo Dr. Roger Bernhardth e David Martin no livro: Autodomínio
através da Auto-Hipnose, Ed. Recod, São Paulo, 1977. Vide outro tipo de relaxamento no capítulo: LIBERTE
SUA PERSONALIDADE.
IN,DUÇÃO
/ Agora passemos para o processo de indução propriamente dito. O
processo divide-se em três etapas que deverão ser cumpridas sucessivamen-
te:
Um. Levante os olhos em direção às sobrancelhas. Continue a levan-
tá-Ios cada vez mais em direção ao alto da cabeça.
Dois. Mantenha o olhar naquela posição, feche as pálpebras devagar
e inspire profundamente.
Três. Expire. Relaxe os olhos. Deixe-se flutuar.
Assim, de acordo com a nossa contagem progressiva, na primeira
etapa, você faz um único movimento: levanta o olhar. Na segunda etapa são
dois movimentos: fecha os olhos e inspira profundamente. Na terceira etapa,
são três movimentos: expira, relaxa os olhos e deixa-se flutuar.
Sentir-se relaxado e deslizando pela poltrona são sensações muito
agradáveis.
Agora, deixa-se abandonar neste relaxamento e tire umas férias ima-
ginárias. Imagine-se num lugar onde você já esteve ou gostaria de estar,
algum recanto onde você se sinta à vontade, em paz consigo mesmo e com
o mundo.
Muitas pessoas imaginam-se numa praia deserta, sob o calor do sol,
sentindo a bri a do mar, ouvindo o barulho das ondas. Outras imaginam-se
num isolado recanto nas montanhas. Há ainda aqueles que se imaginam
desfrutando de uma grande e morna piscina. Escolha o seu local predileto
para passar as féria . Imagine-se lá. E grátis.
Agora, você e [á no lugar com que sonhou. Seu corpo continua
deslizando mais e mai pela poltrona. Seu corpo agora é uma coisa à parte
de você. Você pode deixá-Io parado e distanciar-se dele. Agora, você pode
dar instruções ao seu corpo, dizer-lhe como ele deve agir.
Aqui entra a fase de indu, ão ao oitavo estado letárgico já descrito no
capítulo: estados letárgicos.
Convém frisar que o hipnoti mo somente mobiliza as capacidades que
estão dentro do indivíduo. É puramente fantasioso o enredo do filme
"Svengali", exibido no Brasil em 1932, com grande sucesso, e, extraído da
novela de George Du Maurier. a referida película, a heroína Trilby,
totalmente incapaz de cantar,· transforma-se numa grande cantora sob a
influência das sugestões dadas pelo hipnotizador "Svengali ". A mentalidade
de Trilby, acreditando nos poderes mágicos de Svengali, ainda permanece
na crença de muitas pessoas no que se refere à hipnose.
Você deve praticar a auto-hipnose algum tempo antes de qualquer
grande partida, jogo ou competição e a cada duas horas no dia do grande
desafio. Com o auxílio da auto-hipnose você se sentirá mais calmo e
confiante e, à medida que o grande momento for se aproximando, seus
músculos estarão relaxados, porém atentos, seu interesse pela próxima
competição será ávido. Além disso, você estará encorajando e incentivando
a sua equIpe.
INSTITUTO BRASILEIRO DE
PARAPSICOLOGIA (IBRAP)
o IBRAP (lntituto Brasileiro de Parapsicologia), primeira instituição
científica no gênero a surgir no Brasil, foi fundado em 06/0111958 - por
idéia e iniciativa do psicólogo Lázaro Brízzio (+ 1972) que o manteve
sempre atuante graças a seus esforços e ajuda financeira. O IBRAP foi
registrado no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, sob o n° 7335, Livro A5,
em 27/0111960, Rio de Janeiro, RJ. O padre Estêvão Bettencourt, O.S.B.
foi Presidente do Instituto Brasileiro de Parapsicologia durante 19 anos,
desde sua fundação até 12/03179.
Segundo o art. 1° dos Estatutos:
"O IBRAP, Sociedade Civil de intuito não lucrativo tem por finalidade:
a) Desenvolver o conhecimento científico da Psicologia, Parapsicologia e
demais ciências afins, através de pesquisas, cursos, conferências, e
publicações;
b) Manter um Centro de Pesquisas e outros Departamentos, em colabora-
ção científica com Institutos congêneres nacionais e internacionais."
Na Assembléia Geral, realizada em 6.6.1995, foi eleita a nova Diretoria
que está assim constituída:
Presidente: Dr. Paulo Paixão; Vice-Presidente: Dr. César dos Santos
Silva; Secretário Geral: Maria Alice Balestrero; Tesoureiro: Dr. Aristeo
Gonçalves Leite; 1° Diretor Assistente: Lúcia Helena do Nascimento; 2°
Diretor Assistente: Severino Rocha; Diretor do Centro de Pesquisa: Dr.
Flávio Infante Vieira; Diretor do Departamento de Psicologia Experimen-
tal: Dra. Teresa Balbi.
SÓCIOS FUNDADORES: Dr. Aristeo Gonçalves Leite; Dom Boa-
.ventura Kloppenburg, Bispo Diocesano de Novo Hamburgo (RS); Dr. César
dos Santos Silva; Padre Estêvão Bettencourt, OSB; Padre Luiz Benjamem
Henrique Rech (Irmão Vitrício); Dr. José Lopes e Dr. Paulo Paixão.
SÓCIOS CORRESPONDENTES no Brasil: Dr. Alberto Lerra Barre-
to; Dr. Avelino Sobrinho, Dr. Eurico da Silva Mattos; Dr. Jorge Luiz Brand;
Dr. Plínio Miranda; Dr. Osvaldo Monteiro Filho; Márcia Danielson; Dr.
João Pedro Matta; Dom Belchior Silva Neto (Bispo émerito de Luz (MG));
Prof. Percy Holanda, Dr. Rui Fernando Cruz Sampaio e Dr. Haeckel
Meyer.
SÓCIOS CORRESPONDENTES no Exterior: (Correspondents mem-
berships): Abdo Fadlala (Paraguai), América Glasfeld (Equador), Dr. Eu-
dora Falconi (Equador), Bianca Montague (Austrália),Célia Watanabe
(Tailândia), Dr. César Paredez (Equador), Df". Diana Lopes Nieto (Equa-
dor), Federico Abente (Paraguai), Df". Galina Solovey (Uruguai), Gilberte
Thirion (Bélgica), Grima Martinez (Equador), Dr. Henrique Guzman
(Equador), Dr. Hubert Larcher (França), Iva Thomson (USA), Larry Carr
(USA), Dra. Magda Volgyesi (Hungria), Padre MareeI Allard (Canadá),
Maria Mercedes Maricevich (Paraguai), Manuel Alfaro (Paraguai), Df".
Olinda Massare Kostianovsky (Paraguai), Df" Josefina Delia Ponce (Argen-
tina), Dr. Robert Amadou (França), Dr. Robert Toquet (França); Dr. Patricio
Bermudez (Equador); Ruth Garcia (Equador), Nizugan (Paraguai), Simon
Moskal (Bélgica), Susana Cairá (Argentina), Scotty Thomson (USA), Dr.
Van Halle (Bélgica) e Dr. Raul Rivelli (Paraguai).
PRESIDENTE DE HONRA: Em Assembléia do IBRAP, realizada em
12/03/81, foi aclamado Presidente de Honra do IBRAP o Padre Dom
Estêvão Bettencourt, OSB, que durante 19 anos dirigiu o IBRAP.
(}bvac.s
AV. PERU 255 E/ MCAL. LOPEZ Y ESPANA
TELEFONO 202363 FAX 213 091
ASUNClON - PARAGUAY
o LIVRO DE SAN MICHELE
o Livro de San Michele ** foi um best-seller na década de 1930.
Chegou a ser traduzido para 20 idiomas. A obra está esgotada
desde 1945. Osjovens não a conhecem. Atendendo a inúmeros
pedidos, vamos reproduzir parte dos capítulos XVIlI - A
Salpêtriere - e o capítulo XIX - O Hipnotismo. Repetimos que
reproduzimos apenas alguns trechos dos referidos capítulos com
nossos agradecimentos à Editora Globo. Os mencionados trechos
são de grande interesse para aqueles que se iniciam no estudo da
História da Hipnose.
Antes, porém, para esclarecer os leitores, faremos um resumo
biográfico de dois personagens envolvidos na história: Charcot e
Axel Munthe.
* N. AA - Esclerose Lateral Amiotrófica ou Mal de Charco!. Doença descrita por Charcot no século passado, é
caracterizada por uma perda progressiva de neurônios, e se manifesta através de uma fraqueza que afeta
geralmente um dos membros e vem acompanhada de atrofia muscular. Com a evolução do mal outros músculos
são afetados. A morte normalmente é causada por colapso respiratório. A doença tem duas variações: a esclerose
periférica que atinge os músculos dos membros, e a do bulbo, que se manifesta inicialmente na fala e problemas
na degustação. O tempo de evolução da esclerose lateral amiotrófica é variável, mas em 50% dos casos a morte
ocorre num período de três a cinco anos depois do começo da doença.
** Munthe Axel- o livro de San Michele Tradução de Jayme Cortezão - 7' edição, Ed. Globo
Porto Alegre - RS, 1945
volumes; Iconografia fotográfica daSalpêtriere: Artropatia de ataxia
locomotora leva o nome: Doença de Charcot*. Era membro da Academia
de Medicina e da Academia de Ciências. Interessou-se pelo hipnotismo
depois de assistir a uma demonstração teatral feita pelo hipnotizador belga
Donato. A exploração do hipnotismo na Salpêtriere, juntamente com a
pesquisa sobre histeria tornou-se muito conhecida em Paris e em todo
mundo.
Charcot, apesar de seu talento em outros campos médicos, cometeu
erros grosseiros em suas considerações sobre hipnotismo e seu trabalho foi
prejudicado pela falta de sinceridade das pacientes e pelas futilidades de
algumas pesquisas. Ele era adorado na Salpêtriere pelas enfermas e enfer-
meiras. As pacientes faziam tudo para agradá-Ia, muitas vezes foi ludibriado
pelas gatitas de Charcot, como escreveu Anatol Milechnin. Rosalie, sua
paciente preferida, após a morte do Mestre, declarou que havia sempre
enganado o ilustre neurologista.
Charcot foi Presidente de Honra do Primeiro Congresso Internacional
de Hipnotismo realizado em Paris, no Hôtel de Dieu, de 8 a 12 de agosto
de 1889.
Figura polêmica e muito discutida, Charcot foi homenageado em Paris,
em 1993, por ocasião do centenário de sua morte. Na França, os capítulos
(\
2 - AXEL MUNTHE
Axel Munthe nasceu em 31 de outubro de 1857, em Oskarshamn,
Suécia. Fez seus primeiros estudos em Estocolmo e se doutorou em Medi-
cina em Paris, aos 23 anos. Rápido foi o seu sucesso como médico, tanto
em Paris como em Roma. Em 1903, foi nomeado médico particular da
Rainha Vitória, da Suécia. Ficou muito conhecido, pelas suas reproduções
literárias até o seu triunfo mundial com o LIVRO DE SAN MICHELE,
publicado em 1929. Também fez curso de Hipnotismo com Charcot.
Axel Munthe passou a maior parte de sua vida na ilha de Capri (Itália).
Na verdade viveu na parte alta da ilha chamada Anacapri, primeiro na Vila
de San Michele (hoje museu muito visitado pelos turistas) e desde 1910 no
Castelo Torre de Materita. Emjunho de 1943, deixou para sempre Anacapri
e morreu em 11 de fevereiro de 1949 no Palácio Real de' Estocolmo, onde
viveu completamente cego, seus últimos seis anos, como hóspede da família
real. No Castelo Torre de Materita, César Santo Silva e Paulo Paixão
fizeram várias demonstrações de Letargia para médicos, psicólogos e_
odontólogos. Todos ficaram impressionados com a rapidez do método.
Ao deixar Anacapri, Axel Munthe escreveu: "A Vila de San Michele
eu a construí de joelhos para fazer um santuário ao Sol, onde busquei a
sabedoria e a luz do glorioso Deus, o qual adorei toda minha vida".
\ C,lqANDUVA.SP
Na suafal1!osa obra,
IcollografiafiJtográfica de
La Salpêtriere, Charcot
registrou nUlnitestaç6es
das quatro fases em que
dividiu o grande ataque
histérico. Acil1Ul, exemplos
das "atitudes passionais"
dafase de contorç6es. Ao
lado, sintol1Ul do período
epileptôide
Fig. 69 - Uma aula de Charcot na Salpêtriere (quadro de Brouilet, 1857-1914,
Museu Nacional de Nice). A histérica desfalece nos braços do Prof Babinski,
o que lhe era sugerido de antemão pela presença da padiola que devia levá-ia.
O resto da tela (que não é reproduzido aqui) se estende apresentando cerca de
30 personagens. Sentado à mesa, à direita de Charcot, o Dr. Paul Richer (Apud
Jean Dauven).
3 - A SALPÊTRIERE
"XVIII - SALPÊTRIERE - Nunca deixava de assistir às famosas
lições das terças-feiras do professor Charcot, na Salpêtriere, então dedicadas
à grande histeria e ao hipnotismo. O vasto anfiteatro regorgitava de um
público multiforme que acorria de todo o país; escritores, jornalistas, atores
e atrizes, semi-mundanas elegantes, todos espicaçados por uma curiosidade
mórbita de presenciar o surpreendente fenômeno do hipnotismo, quase
.esquecido, desde os dias de Mesmer e Braid.
Foi precisamente numa daquelas conferências que travei conhecimen-
to com Guy de Maupassant, já então famoso pelas suas Boule de Suif e a
inolvidável Maison Tellier. Falava sempre de hipnotismo e de toda a espécie
de perturbações mentais, e não se cansava de questionar-me para conhecer
o pouco que eu sabia dessas matérias. Reunia ele então materiais para a sua
terrível obra Le Horla, quadro fiel do seu trágico futuro. Uma vez acompa-
nhou-me até Nancy para visitar a clínica do professor Bernheim, o que me
abriu os olhos sobre os erros da escola da Salpêtriere quanto ao hipnotismo.
1111111111111111111111
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