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Obrigação tributária

Relação Jurídica Tributária

LINHA DO TEMPO

HI→FG→OT→CT

Todo tributo deve estar previsto em lei. O princípio da legalidade rege o Direito Tributário e a
lei que estabelece a exigência de um tributo, prevê que, dada a ocorrência do fato gerador,
deve ocorrer a relação jurídica tributária.

Diante disso, percebemos que a lei estabelece um comando abstrato. Dada a ocorrência de
um determinado fato, de uma determinada conduta pelo sujeito passivo, nasce a relação
jurídica tributária.

Chamamos essa previsão abstrata da lei de hipótese de incidência, que uma vez ocorrida
gera a formação da relação jurídica tributária.

Assim, ocorrido determinado fato, como por exemplo, auferir renda, deve haver o pagamento
do imposto de renda.

Quando se forma concretamente esta relação jurídica tributária?

A relação jurídica tributária se forma de fato, concretamente, a partir da realização deste fato
previsto em lei, a partir da realização concreta deste fato que estava previsto na hipótese de
incidência.

Dada a ocorrência deste fato, concretamente temos a relação jurídica tributária.

Este fato é uma conduta que deve ser praticada pelo sujeito passivo, é um comportamento
que este deve realizar. Uma vez realizado este comportamento previsto em lei, forma-se a
relação jurídica tributária.

Portanto, a relação jurídica tributária é o vínculo existente entre sujeito ativo e sujeito
passivo relativo ao pagamento do tributo.

O sujeito passivo tem o dever de cumprir com a relação jurídica tributária e o sujeito ativo tem
o “direito” de exigir o tributo. O porquê das aspas é em virtude da administração não ter
simplesmente a prerrogativa de exigir o tributo e sim o dever de cobrá-lo. A administração não
pode se furtar ao dever de cobrança do tributo.

O nascimento da relação jurídica tributária depende de duas coisas: previsão em lei quanto à
exigência do tributo e realização do fato gerador, da realização do fato, do comportamento
pelo sujeito passivo.
Dado na previsão legal que se alguém auferir renda deve pagar o IR, logo, por exemplo, se
José auferiu renda, José deve pagar o IR e por conta disso, diz o CTN: tem nascimento a
obrigação tributária, dever do sujeito passivo de pagar o tributo.

Este nascimento do dever de pagar o tributo é um nascimento automático e infalível tendo em


vista a realização do fato gerador. Deste modo, assim que é realizado o fato gerador,
automática e infalivelmente nasce o dever de pagar o tributo. Em virtude disso, a doutrina diz
que a obrigação tributária é “ex lege”, está vinculada à previsão legal, independe da vontade
do sujeito passivo.

Resumindo:

Hipótese de incidência: Descrição contida na lei da situação necessária e suficiente ao


nascimento da obrigação tributária. É a simples previsão. Ex: Aquisição de disponibilidade
econômica ou jurídica de renda... (art. 43, CTN).

Fato gerador: Acontecimento do fato. É a ocorrência concreta no mundo dos fatos, daquilo
que está descrito na lei. O fato é a concretização da hipótese, é o acontecimento do que fora
visto. Ex: auferir renda.

Obrigação tributária: Por conta da realização do fato gerador, tem-se uma obrigação
tributária que leva à obrigação de pagar o tributo (dever do sujeito).

A obrigação tributária pode ser de dois tipos:


1- PRINCIPAL: se refere ao dever do sujeito passivo de efetivar um pagamento, logo
se refere a um dever patrimonial.
2- ACESSÓRIA: se refere a um fazer ou não fazer, logo esta obrigação tributária é não
patrimonial.

Exemplos:
• Tributo é obrigação tributária principal.
• Emissão de nota fiscal é obrigação tributária acessória.
• Multa e toda e qualquer penalidade pecuniária são obrigações tributárias principais,
pois há um dever patrimonial, mesmo no caso da multa decorrer de obrigação acessória.
• Declaração é uma obrigação tributária acessória.

OBS: podemos encontrar na doutrina esta expressão “obrigação tributária acessória”, como
dever instrumental. Esta expressão reflete mais a natureza da obrigação tributária acessória,
uma vez que busca dar instrumentos para a Administração realizar a fiscalização de tributos.

A obrigação acessória não está vinculada à principal. Pode acontecer de não ter obrigação
tributária principal, mas permanecer a obrigação acessória. Exemplo: mesmo não havendo
imposto de renda a pagar, o sujeito passivo tem o dever de fazer a declaração de isento.
A obrigação principal sempre estará prevista em lei, em sentido estrito. Enquanto a obrigação
acessória estará prevista na legislação tributária (art. 96, CTN).
Dispõe o artigo 96 do CTN que:

“a expressão “legislação tributária” compreende as leis, os tratados e as


convenções internacionais, os decretos e as normas complementares
que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a
eles pertinentes”.

SUJEITO ATIVO

Dispõe o art. 119 do CTN que:

“Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público titular da competência


para exigir o seu cumprimento”.

Quando falamos em capacidade material ativa, é para ser credor. Quem poderá ser credor da
obrigação tributária? Os entes competentes e os parafiscais.

“Dada a circunstância de que o sujeito ativo é, o mais das vezes, o Estado, é usual, mesmo
na linguagem técnica, chamá-lo de Fisco, Tesouro, Erário, Fazenda Pública (Federal,
Estadual e Municipal). ” Luciano Amaro

Não confunda competência tributária com capacidade tributária ativa.

A competência tributária legislativa diz respeito à aptidão que é dada às pessoas políticas,
pela Constituição Federal, para elaborar regras jurídicas tributárias inovadoras no
ordenamento jurídico, por meio de procedimento legislativo, criando ou majorando tributos.
As pessoas jurídicas de direito público exercem a competência tributária mediante lei.

A capacidade tributária ativa, por seu turno, está relacionada às funções de fiscalização e
arrecadação tributárias. A lei que institui o tributo indica o sujeito ativo, outorgando-lhe
atribuições para arrecadar e fiscalizar o tributo.

O detentor da competência tributária tem o poder de legislar, desenhando o perfil jurídico do


tributo. O detentor da capacidade tributária ativa, por seu turno, possui atribuições para
fiscalizar e arrecadar tributos.

É comum acumularem-se a competência e a capacidade tributária ativa em uma só pessoa.


Entretanto, isso não significa que o desenho do perfil jurídico do tributo possa ser deslocado
da esfera do poder legislativo dessa pessoa, para o seu poder executivo. A este poder só se
justificam as atribuições de fiscalização e arrecadação.

Repassar, por meio de lei, ao poder executivo, poderes para desenhar o perfil jurídico do
tributo, acaba por ferir a regra implícita na Constituição Federal, da indelegabilidade da
competência tributária, constituindo-se em uma forma de delegação legislativa disfarçada,
totalmente incompatível com o Sistema Tributário Nacional.

SUJEITO PASSIVO

É a pessoa física ou jurídica que tem o dever de cumprir com a obrigação tributária.
Pode-se ter duas espécies de sujeito passivo:

1- Sujeito passivo direto (contribuinte): o dever de pagar o tributo está vinculado à prática
do fato gerador;
2- Sujeito passivo indireto (responsável): tem o dever de pagar o tributo, no entanto este
dever não resulta da prática do fato gerador. Paga-se por ser um terceiro eleito pela lei. Tem
um vínculo com o fato gerador, mas não o realiza.

Exemplos:
1- Pais em relação aos tributos devidos pelos filhos menores (art. 134, I, CTN);
2- O espólio em relação aos tributos devidos pelo “de cujus” até a abertura da sucessão
(art. 131, III, CTN);

3- O adquirente do bem imóvel em relação ao tributo devido pelo alienante.

Afirma o art. 121 do CTN que:

“Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao


pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.
Parágrafo único: O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:
I I- Contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a
situação que constitua o respectivo fato gerador;
II II- Responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte,
sua obrigação decorra de disposição expressa em lei.”

• Na medida em que se compra imóvel com débito de IPTU, a lei entende que o
comprador será responsável pelo débito existente. O responsável não realiza o fato
gerador, mas tem o dever de pagá-lo uma vez que a lei assim entende (art. 130, CTN).

ATENÇÃO!!!! Qualquer pessoa física ou jurídica, independentemente da idade, da


capacidade e da formação da pessoa jurídica, pode ser sujeito passivo (art. 126, CTN).
Aspectos gerais da sujeição passiva:

1- Toda e qualquer pessoa física e jurídica pode ser sujeito passivo (art. 126, CTN). A
capacidade passiva é plena. A incapacidade civil-absoluta ou relativa é de todo irrelevante
para fins tributários;
2- A sujeição passiva não poderá ser modificada por convenções particulares. Sempre
depende de lei! (art. 123, CTN).

Solidariedade

Pode-se ter uma situação de solidariedade entre sujeitos passivos (tem-se solidariedade nos
casos que houver mais de um sujeito passivo). Estes sujeitos passivos são devedores em
igual medida. Cada um deles deve a integralidade do tributo.

EXEMPLO: O valor do IPTU devido do imóvel é de R$ 1000,00.

Ex: Suponhamos que os sujeitos abaixo apontados sejam coproprietários de um imóvel


situado na zona urbana, cada um possuindo uma cota-parte diferente.

Maria→ 70%
José→20%
João→10%

Pergunta-se: há benefício de ordem? E fracionamento do débito?

O CTN afirma não haver benefício de ordem, pois não há ordem preestabelecida de cobrança,
nem fracionamento de débito.

Para o Professor Eduardo Sabbag

“a solidariedade tributária não comporta benefício de ordem, podendo o Estado


escolher que um dos codevedores responda pelo cumprimento total da
obrigação tributária, não observando qualquer ordem de vocação. Assim, não
fica o Fisco adstrito a uma ordem de preferência, cobrando inicialmente de um
para, depois, fazê-lo com relação a outro devedor solidário, sendo defeso a
estes, destinatários da solidariedade tributária, invocar o “benefício de ordem”,
como ocorre em determinadas situações regidas pelo Direito Civil”.

EXCEÇÃO: pode acontecer de uma lei estabelecer uma isenção que atinja este imóvel. Esta
isenção será concedida tendo em vista uma característica pessoal do sujeito passivo.

Ex: lei que determina que ficarão isentos de pagar IPTU todos os maiores de setenta anos.
Suponhamos que João, José e Pedro são três coproprietários de uma área urbana ribeirinha,
devendo-se assim, pagarem o IPTU no valor total de R$ 300,00. Havendo isenção pessoal,
para João, os demais - José e Pedro - continuarão como codevedores solidários de R$ 200,00,
ou seja, R$ 100,00 para cada.

O CTN afirma que por tratar-se de isenção pessoal, ela ficará concentrada a um dos sujeitos
passivos. A parcela do débito de um dos sujeitos passivos (isento) não deve ser tributada. O
saldo restante deve ser pago pelos demais devedores (art. 125, CTN).

A solidariedade pode existir tanto entre contribuintes, como entre responsáveis (sem que haja
benefício de ordem).

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