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Introdução
Um aquário fica sempre bem em qualquer lado da casa, seja na sala, na cozinha ou no
escritório qualquer sítio é um bom sítio para se ter um aquário. E já agora porque não
dois ou mais?
Quem entra no mundo da aquariofilia facilmente fica fascinado com a variedade de
plantas e espécies e ainda mais pelas suas criações. Todo o seu conjunto forma uma
harmonia intensa e rapidamente o papel de observador assíduo e de “pai” ou “mãe”
galinha passa a vigorar na rotina diária. Será que aquele peixe que ontem não comeu
está doente? O que será que causou aquelas manchas castanhas àquela planta? O macho
treme frente à sua fêmea, o que será? As folhas das minhas plantas largam bolhinhas de
ar, porquê?
Todas estas perguntas nos fazem querer saber mais… resta-nos então, pesquisar, trocar
impressões e experiências tudo para que possamos conhecer melhor os
comportamentos, as doenças, as causas e as consequências dos nossos actos e da
personalidade dos nossos peixes. Facilmente mergulhamos no fantástico de informação
e de observação que parece que não tem fim.
Pois bem, primeiro é necessário muita informação, muita pesquisa, saber o que nos
reserva e tomar a decisão baseada nas espécies que vamos querer albergar. É preciso
garantir que as espécies que vão viver em comunidade não sejam provenientes de um
acasalamento cruzado, que não se irão tornar agressivas entre si que partilham dos
mesmos parâmetros da água e sempre que possível que partilhem os mesmos habitats
naturais. As espécies a manter influenciam directamente o tamanho, a ornamentação
(substrato de areia ou areão), a filtragem e até mesmo as rochas que podemos colocar no
aquário. Neste processo prefira uma espécie bem catalogada e bem identificada,
comprar peixes por impulso só porque são bonitos pode não ser a melhor opção.
Certifique-se que o peixe em causa está bem catalogado (compare-o com fotografias de
outros aquariofilistas), do tamanho máximo que atingirá em adulto (geralmente as lojas
vendem-nos ainda muito jovens) e a sua agressividade inter e intra espécie.
... o aquário
Se a sua escolha recair num comunitário com platy (Xiphophorus maculatus), espadas
(Xiphophorus helleri) e guppys (poecilia reticulata) precisaremos de um aquário com
cerca 80 cm (aprox. 85L). Se for um aquário com apenas uma colónia de
neolamprologus similis ou neolamprologus brevis, conchiculas oriundos do Lago
Tanganyika, um aquário de 60 cm (aprox. 60L) será suficiente, uma vez que os peixes
são relativamente pequenos. Considerando peixes de maior dimensão, como é o caso
dos habitantes do Lago Malawi, o mínimo requerido são 120 cm (aprox. 240L) onde é
possível manter cerca de 3 a 4 casais (por exemplo: Pseudotropheus acei, Iodotropheus
Sprengerae e Labidochromis Caeruleus).
Como se pode verificar o tamanho do aquário está directamente relacionado com as
espécies que o vão habitar daí ser necessário fazer a escolha prévia das espécies.
Aquários mais pequenos podem ser utilizados no entanto há sempre uma regra de ouro a
ser seguida: no máximo 1 cm de peixe por cada litro de aquário, sendo o ideal 2 Litros
para 1 cm - não vamos querer um aquário super populado onde os peixes se sintam
“sardinhas enlatadas”! Tudo o que seja superior a estas dimensões os nossos amigos
agradecem e até se podem colocar mais espécies desde que sejam compatíveis entre si,
tanto a nível social como de habitat.
... o filtro
Posto isto há que pensar num bom sistema de filtragem adequado às espécies e volume
do aquário. O ideal será sempre usar um sistema de filtragem externo, pois requer
menos cuidados e mantém melhor a qualidade da água. No caso das espécies de grandes
lagos africanos é essencial que o sistema de filtragem faça pelo menos 6 vezes o volume
do aquário por hora e neste caso poderá usar-se um filtro interno para compensar o
externo. Nos outros casos cerca de 4 a 5 vezes é suficiente no entanto convém sublinhar
que a filtragem é a parte mais importante do aquário sendo que esta nunca é demais.
... o termóstato
... a iluminação
Neste momento já temos aquário, filtragem e aquecimento. Falta-nos aquilo que nos vai
permitir desfrutar do aquário e de todo o seu esplendor: a iluminação. Não sendo um
elemento com grandes requisitos para aquários dos grandes lagos africanos (+-
0.5W/Litro) é essencial uma boa iluminação para um aquário plantado na proporção de
1W/Litro ou até mesmo superior. No campo da iluminação existem diversos tipos de
lâmpadas (fluorescentes, HQI, etc) com diversas temperaturas de cor com
funcionalidades e propósitos diferentes (crescimento das plantas, realce das cores, luz
marinha, etc). Uma iluminação adequada irá fazer toda a diferença na beleza do aquário,
por exemplo um aquário do Lago Malawi não necessita de uma iluminação muito forte
no entanto a correcta iluminação irá fazer realçar as cores dos peixes e até mesmo
produzir um crescimento controlado de algas que são necessárias ao desenvolvimentos
das espécies desse lago, pois são herbívoros. Convém ter em atenção que o excesso de
iluminação poderá originar uma explosão de algas verdes no aquário se não existirem
plantas suficientes para “consumir” essa iluminação em excesso, e do mesmo modo
uma iluminação deficiente irá originar algas castanhas.
A decoração, tal como todos os outros elementos, depende muito do tipo de espécies e
também do tipo de aquário. Existem determinadas espécies que precisam de um
conjunto de conchas para formarem as suas colónias, outras dão-se melhor se
colocarmos um coco. No caso de algumas espécies do Lago Malawi, nomeadamente os
Mbunas (peixes das rochas) é necessário a inclusão de bastantes pedras de modo a
formarem muitos esconderijos. Ou seja, devemos que adequar a decoração às
necessidades das espécies tentado providenciar-lhes o meio mais natural possível.
Conforme o tipo de aquário que estamos a montar poderemos usar areia da praia ou do
rio, por exemplo o adequado para ciclideos africanos, ou areão com cerca de 2 ou 3 mm,
para viviparos sul americanos
... a alimentação
Uma vez que é impossível gerar a quantidade de comida necessária aos nossos amigos e
também em qualidade, teremos de lhes fornecer comida. Este gesto passará a fazer parte
da nossa rotina de vida e é a melhor altura para observar os nossos peixes. Uma boa
alimentação é meio caminho andado para o sucesso do aquário, esta deve ser adequada
aos hábitos alimentares das nossas espécies e deve ser, sempre que possível,
diversificada. Hoje em dia é com grande facilidade que se compra comida de qualidade
tanto para peixes herbívoros como omnívoros havendo inclusivamente comida
especializada para determinados tipos de peixes.
Os peixes, geralmente, assim que vêm o frasco da comida nadam em grande azáfama de
imediato para a superfície, deve-se dar a quantidade suficiente para que eles consumam
tudo num período de 2 a 3 min. Caso verifique que deu comida a mais reduza a
quantidade da próxima vez, comida em excesso vai apodrecer e degradar mais
rapidamente a qualidade da água.
O período da alimentação é crucial para diagnosticar doenças, se determinado peixe não
mostrou interesse na comida é sinal que poderá estar com alguma doença, as atenções a
partir desse momento serão redobradas e um diagnostico atempado permite a sua
recuperação na maioria dos casos.
Bombas de ar: conciliada com o uso de uma pedra difusora além de produzir um efeito
muito interessante, provoca uma ligeira ondulação à superfície da àgua favorecendo as
trocas gasosas entre a água e o meio ambiente contribuindo para uma melhor qualidade
da água.
Móvel: Tendo em conta que um aquário com cerca de 200 Litros de água mais a
decoração pode facilmente chegar aos 250-300 Kg, percebemos logo que este elemento
não pode ser descurado. Deve fornecer um bom e estável suporte ao aquário, servindo
também de arrumação para um filtro externo e o restante material utilizado.
CO2: Para aquários do tipo plantado é indispensável a introdução de CO2 que irá
induzir o crescimento natural das plantas e conceder-lhes um verde resplandecente.
Tapete de campista ou esferovite: É colocado entre o móvel e a base do aquário de
modo a nivelar o aquário para garantir que a distribuição de água é uniforme e que todos
os vidros estão sujeitos à mesma força. Um aquário mal equilibrado poderá, com o
tempo, ganhar fissuras nas colagens ou mesmo partir devido a pressão não uniforme
sobre os vidros.
Com o equipamento essencial adquirido vamos passar à fase seguinte. Primeiro não
esquecer de passar o aquário e as rochas por água de modo a tirar impurezas, lixo e pó
acumulados no processo de fabrico.
Já com o sítio destinado e o móvel pronto a receber o aquário, vamos então colocar a
placa de esferovite ou rolo de campista para equilibrar o aquário nos eventuais
desnivelamentos.
Colocamos o aquário, montamos o filtro e a sua tubagem seguindo as instruções
fornecidas e por fim o termóstato sem os ligar à corrente.
Caso pretenda colocar rochas como decoração é conveniente colocar um tapete de
esferovite no fundo do aquário e por baixo delas não só para evitar deslizamentos mas
também para absorver possíveis quedas.
Enche-se 20-30% do aquário e colocam-se rochas, areia ou areão previamente lavada
para retirar a sujidade maior e, por fim, as plantas.
Com muito cuidado enche-se o aquário até ficar com cerca de 5 cm do topo, ligamos
então o filtro e o termóstato. Colocamos o topo do aquário conjuntamente com a
iluminação e temos o nosso aquário quase pronto mas… ainda não podemos colocar os
peixes!
Esta fase é de extrema importância pois é essencial aos peixes e à qualidade da água: a
água da torneira é tratada com cloro que serve de desinfectante e que garante a
qualidade da água que consumimos uma vez que o nosso organismo tolera bem o cloro
em quantidades controladas. Mas os peixes não toleram tão bem o cloro e os mais
frágeis podem mesmo não resistir e morrer por intoxicação. Para evitar esta situação
existem 2 formas de proceder: tratar a água com um produto anti-cloro próprio para
aquários logo após a introdução no aquário ou colocar a água num recipiente durante
cerca de 2 ou 3 dias antes de introduzir no aquário. Este último procedimento faz com
que o cloro se evapore o que torna a água segura para os peixes. O maior erro e
infelizmente o mais comum é o facto de se comprar um aquário enche-lo de água da
torneira e meter lá dentro um conjunto de peixes. Logo aqui quebram-se um conjunto de
regras essenciais ao bom funcionamento do aquário.
Os peixes e as plantas tal como nós produzem excrementos, na sua primeira fase de
decomposição tornam-se em amónia (NH3) que é altamente nocivo e tóxico para os
peixes. O ciclo do azoto é um processo biológico que converte numa segunda fase o
NH3 noutro tipo de compostos também à base de azoto. Esta conversão é feita por
diversos tipos de bactérias, que formam colónias no substracto filtrante, umas
convertem para NO2- (nitritos) e outras para NO3- (nitratos). A este processo de
transformação de amónia em nitritos e em nitratos chama-se de ciclo do azoto e tem
uma duração aproximada de 1 mês. A colocação de 2 ou 3 peixes resistentes (p.e.
plecostomus) ou adição de comida podem acelerar este processo.
E pronto! Temos o nosso aquário completo mas como é obvio não é eterno e exige
manutenção. Notar que quanto maior for o aquário e melhor o sistema de filtragem,
mais fácil se torna a sua manutenção e estabilização uma vez que a quantidade de água é
maior e terá tendência a degradar-se com menor velocidade.
Manutenção do Aquário.
... a água
Primeira noção a reter: Nunca lavar o aquário por completo, salvo raras excepções como
no caso de algumas doenças. A lavagem do aquário é, muitas vezes feita da seguinte
forma: retiram-se os peixes para um balde (às vezes com água comum da torneira ainda
com cloro ou um balde mal lavado que foi usado anteriormente com detergente),
despeja-se o aquário, retirando as pedras, o areão/areia, o filtro, etc.., lava-se tudo muito
bem e volta-se a encher de novo e a colocar lá dentro tudo o resto. Este procedimento é
comum e completamente errado precisamente por causa do já referido ciclo do azoto.
Então qual é o procedimento correcto? Pois bem, a água nunca se substitui totalmente,
devem-se efectuar trocas parciais de água (TPA). A TPA num aquário é o procedimento
mais importante que se deve realizar, com ela eliminamos os agentes nocivos como a
amónia, nitritos e nitratos e introduzimos novos nutrientes no aquário. A água nova
deverá ser condicionada com anti-cloro, e reguladores de Ph, se necessário, pois este
deve estar com valor mais perto possível da água do aquário. A frequência das TPA
depende de inúmeros factores, nomeadamente da capacidade de filtragem e espécies em
causa. Regra geral troca-se entre 20-30% de água de 2 em 2 ou 3 em 3 semanas.
Durante uma TPA deverá limpar os vidros, por exemplo com um cartão bancário (já
caducado) que sendo de plástico não risca o vidro e aspirar os detritos acumulados no
substrato.
... o filtro
Lavar muito bem o filtro é um erro pois mata grande parte das colónias de bactérias
essenciais para a saúde e bem estar dos peixes. No caso de possuir um filtro externo
deverá aproveitar uma TPA para fazer uma lavagem seguindo exactamente o mesmo
procedimento dos filtros interno, no entanto não necessita de o fazer em todas as TPAs,
de 4 em 4 meses é suficiente.
... a flora
Eventualmente pode aproveitar uma TPA para podar as plantas.
Tudo isto pode parecer muito complicado mas não é, apenas se pretende esclarecer que
tem que existir algum bom senso e muita pesquisa prévia. Geralmente, por falta de
informação, acabam por ser cometidos erros fatais e o resultado final não é dos
melhores, as pessoas acabam por desistir sem que tenham tido o prazer de desfrutar
deste hobby apaixonante. A internet é hoje em dia uma grande fonte de informação
onde podemos encontrar alguns locais de referência em português:
www.ciclideos.com – portal totalmente dedicado a ciclideos