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EUA, 2092
A doutora Lia já vestia o seu traje térmico para que não se afetasse pela
temperatura ambiente. Andou a passos rápidos em direção à entrada da casa e
esperou que se aproximassem o sargento e dois agentes que os acompanhavam.
— Bom, vocês vieram numa hora errada. Desculpe, eu não quero receber
visitas — ia fechando a porta, quando o Sargento o impediu segurando a mesma.
— Não, velhote. Você não entendeu, nós queremos falar com você — fixou
o olhar nos do velho que estava de boca entreaberta, espantado com a ousadia
do sargento.
— Ora bolas, se não pudessem, iriam querer ter o papo mesmo assim.
— Veja bem, eu não sei o que vocês fazem aqui, mas seja o que for, eu não
sei de nada. Não fiz nada de errado, disso eu tenho certeza — sentou-se o velho
em sua poltrona. Em uma pequena mesinha, ao lado da poltrona, tomou um
antigo charuto marrom e o acendeu ali mesmo. Entretinha-se com as labaredas
do fogo que queimava na lareira, formando figuras curiosas.
— Senhor Joseph, nós não estamos aqui para incriminá-lo. Nós apenas —
olhou de relance para o sargento — Queremos conversar com o senhor —
continuou. Enquanto respondia, ia sentando em um dos sofás, de frente ao velho.
Tinha os cotovelos sobre os joelhos e as mãos entrelaçadas, ansiosa.
— Bolas! Em que eu, nesse mundo, sou útil para a gente do governo? —
não retirava os olhos da lareira, mas reclamava consigo. Tragou o seu charuto e
o depositou em um cinzeiro para charutos. Removeu então os óculos e limpou as
lentes na camisa.
Inglaterra, 2039
— Ei, pequena. Pediu alguma coisa pro Papai Noel esse ano? — o rapaz se
agachou e limpou o ombro da garotinha, arrumando a gola do pijama dela. A
garota fez com a cabeça que sim.
— Estou mais que ótimo, é Natal! — ia subindo as escadas, tinha uma das
mãos no corrimão quando parou de repente, pensativo — Carl, sabe o que tá
fazendo falta? — sempre falava e fazia os gestos com as suas mãos, para que sua
filha o entendesse sempre, como um costume.
— O que senhor Robert? — respondeu, curioso.
— Tá, primeiro, não precisa me chamar por senhor, já lhe disse — falou,
embaraçado — A essência de tudo, Carl — o androide apertava as sobrancelhas,
pensativo — Vamos, Carl, você sabe o que é, não se faça de bobo — subia as
escadas, rindo. Carl olhou de Robert para Natalie, buscando respostas.
— Filha — já não fazia gestos com as mãos —, você vai ter um irmãozinho.
Foram as primeiras palavras que ouviu. Iria ganhar um irmão caçula.
Lucas
Inglaterra, 2045