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8 – DIMENSIONAMENTO DE PAVIMENTOS

8.1 - Introdução

Pavimento é a estrutura construída sobre a terraplenagem e destinada técnica e


economicamente a:

• Resistir aos esforços verticais oriundos do tráfego e distribuí-los;


• Melhorar as condições de rolamento quanto ao conforto e segurança;
• Resistir aos esforços horizontais (desgaste) tornando mais durável a superfície de
rolamento.

Trata-se, portanto, de um sistema de varias camadas de espessuras finitas que se assenta


sobre um semi-espaço infinito e exerce a função de fundação da estrutura, chamado subleito.

8.2 – Cargas sobre o pavimento

As cargas que solicitam um pavimento são transmitidas por meio das rodas pneumáticas dos
veículos. A área de contato entre os pneus e o pavimento tem a forma aproximadamente
elítica e a pressão exercida dada a relativa rigidez dos pneus, tem uma distribuição
aproximadamente parabólica, com a pressão máxima exercida no centro da área carregada.

Para efeito apenas do estudo da ação das cargas, visando ao dimensionamento do pavimento,
pode-se admitir uma carga aplicada gerando uma pressão de contato uniformemente
distribuída numa área de contato circular. A pressão de contato é aproximadamente igual à
pressão dos pneus, sendo a diferença desprezível para efeito do dimensionamento.

O raio da área circular de contato pode ser calculado para qualquer valor de carga, desde que
se conheça a pressão aplicada. Seja uma carga Q transmitida por um eixo simples e uma
pressão de contato q:

Q = 2πr2q

Q/2 = πr2q

r = [(Q/2)/πq]1/2

Por exemplo: adotando uma pressão de contato q=7,0kgf/cm 2 e uma carga de roda Q/2 =
5.000kgf, (10 ton por eixo simples de roda dupla), tem-se:

r = [(5.000)/3,14 x 7,0]1/2 = 15,0 cm.

Assim sendo, as cargas dos pneumáticos serão absorvidas por um semi-espaço infinito,
considerado como um sólido contínuo, homogêneo, isotrópico, linear, elástico e semi-infinito,
variando quanto ao número de camadas, tipo e qualidade dos materiais constituintes dessas
camadas, nas espessuras de cada uma e que são construídas entre a fundação e as cargas que
utilizarão o pavimento.

A camada construída para resistir e distribuir os esforços resultantes das cargas do tráfego,
que são predominantemente de direção vertical, recebe o nome de base do pavimento. A
camada superficial e que tem contato direto com os pneumáticos, construída então para
resistir os esforços horizontais, recebe o nome de revestimento ou capa de rolamento, ou
simplesmente capa. Esses esforços horizontais provocam o desgaste da superfície, razão
porque, periodicamente, o revestimento deve ser superposto por uma nova camada
(recapeamento), reforçado ou mesmo substituído.

8.3 – Distribuição das pressões

Para melhor compreender as definições das camadas que compõem um pavimento, é preciso
considerar que a distribuição dos esforços através do mesmo deve ser tal que as pressões que
agem na interface entre o pavimento e o subleito, sejam compatíveis com a capacidade de
suporte desse subleito.

As pressões são distribuídas segundo um ângulo α, de tal maneira que a pressão de contato q
pode ser considerada a pressão aplicada a uma profundidade z = 0. A partir daí as pressões
estão referidas às profundidades crescentes, chegando à interface entre o pavimento e o
subleito, na profundidade z, com uma pressão δz.

Assim, a pressão aplicada no subleito será:

δz = q.[1/[1 + (z/r).tgα]2]

Como a pressão aplicada é reduzida com a profundidade, as camadas superiores estão


submetidas a maiores pressões, exigindo na sua construção materiais de melhor qualidade.
Para a mesma carga aplicada, a espessura do pavimento deverá ser tanto maior quanto pior
forem as condições do material de subleito.

Sem rigorismo extremo, pode-se mencionar a regra de que subleito ruim e cargas pesadas
levam a pavimentos espessos; subleito de boa qualidade, e cargas leves levam a pavimentos
delgados.

8.4 – Dimensionamento – considerações gerais

O dimensionamento de um pavimento consiste na determinação das camadas de reforço do


subleito, sub-base, base e revestimento, de forma que essas camadas sejam suficientes para
resistir, transmitir e distribuir as pressões resultantes da passagem dos veículos ao subleito,
sem que o conjunto sofra ruptura, deformações apreciáveis ou desgaste superficial excessivo.

Consiste em considerar um ponto P qualquer do sistema solicitado por uma carga de roda Q/2
que gera uma pressão de contato q e verificar o estado de tensão e deformação resultante,
visando prever se haverá ou não ruptura.
Pode-se partir da consideração de que as cargas aplicadas são estáticas; no entanto, ele é
submetido a cargas repetidas, sofrendo, devido a essa repetição, deformações permanentes e
elásticas, que serão tanto maiores quanto maior for o número de solicitações.

O concreto asfáltico, após um grande número de solicitações, também pode romper por
fadiga. A ruptura geralmente pode estar ligada ao logaritmo do número de solicitações,
ocorrendo, em alguns casos e em certas áreas mais solicitadas da pista, antes mesmo de ser
atingido o limite de resistência à fadiga.

Os materiais granulares utilizados na construção de bases e sub-bases podem também romper


por fadiga, sendo que os materiais compostos de grãos graúdos sofrem, nesse caso, uma
degradação que os leva ao desarranjo do conjunto.

Em um ensaio de prova de carga sobre um solo, o rompimento pode ser:

• Por ruptura generalizada: uma certa massa de solo rompe e se desloca segundo uma
superfície de cisalhamento, nesse caso, para simples manutenção da carga, os
recalques são contínuos.
• Por ruptura localizada: no interior da massa de solo, rompem-se pontos isolados
quando as tensões no solo, nesses pontos, ultrapassam a sua resistência ao
cisalhamento.

O dimensionamento de pavimentos deve seguir alguns critérios gerais:

a. A carga de roda, embora resulte numa superfície de contato com o pavimento,


aproximadamente elíptica, essa superfície pode ser considerada circular de raio r;
b. Essa carga de roda provoca uma distribuição de pressões sob o pneu, parabólica,
resultando em pressão nula no perímetro da superfície de contato e máxima no centro
dessa superfície. Pode-se, porém, considerar a pressão de contato q uniformemente
distribuída na superfície de contato circular;
c. O subleito recebe, na interface com o pavimento, uma pressão inferior à pressão de
contato e tanto menor quanto mais espesso o pavimento e quanto mais nobres os
materiais componentes das camadas desse pavimento;
d. As especificações dos materiais que irão compor as camadas do pavimento;
e. Considerando que as pressões decrescem com a profundidade, camadas
complementares da base, sub-base e o reforço devem obedecer a condições, quanto à
qualidade, também decrescentes, ou seja, o material da base deve ser mais nobre que
o material da sub-base, e a qualidade desta, superior à do reforço do subleito;

Resumindo, pode-se dizer que o critério geral para o dimensionamento de pavimentos


consiste em, partindo de uma carga repetida provocada pelo tráfego q e, em função das
condições de suporte de semi-espaço infinito que é o subleito δz, calculara espessura total
necessária e as fatias correspondentes às camadas do pavimento, considerando nesse cálculo
a qualidade dos materiais a serem utilizados nessas camadas, que pode ser representada pelo
ângulo de distribuição de pressões.

São três, assim, os elementos ou grandezas a considerar inicialmente:


1. Subleito: a pressão δz, provocada na interface com o pavimento, que é a
mínima condição de resistência a ser exigida desse subleito;
2. Tráfego: representado pela pressão de contato q;
3. Materiais das camadas: representados pelo ângulo α de alargamento do
tronco de cone de distribuição de pressões.

A expressão que pode ser deduzida das considerações feitas tem interesse apenas teórico,
pois cada método empírico de dimensionamento leva em conta, de forma inteiramente
própria, os elementos mencionados.

Os esforços já mencionados levam à condição de equilíbrio:

Q/2 = π.r2.q = π.(r + s)2.δz

Verifica-se que tgα = s/z → s = z.tgα

Então:

r2.q = (r + z.tgα)2 . δz → δz = q.[r2 / (r + z.tgα)2]

Pode-se deduzir duas expressões:

1. δz = q .{ 1/ [1 + (z/r) . tgα]2}

Para uma carga de roda que provoca uma pressão de contato q, uniformemente distribuída
num círculo de raio r, para um pavimento de espessura z, constituído de materiais que dão
uma distribuição de pressões segundo um ângulo α, a resistência mínima do subleito deve ser
δz.

2. z = (r / tgα) . [(q/δz)1/2 – 1]

Para uma carga de roda que provoca uma pressão de contato q, uniformemente distribuída
num círculo de raio r, para um subleito de resistência δz, e pavimento constituído de materiais
que dão uma distribuição de pressões segundo um ângulo α, a espessura do pavimento deve
ser z.

O critério referente à primeira expressão tem aplicação principalmente no dimensionamento


de pavimentos urbanos, pois é muito freqüente a necessidade de se fixar a espessura do
pavimento previamente, quer pelas limitações de nivelamento da parte superior (existência de
meio fio, sarjeta, etc.), quer pelas limitações de nivelamento do subsolo (canalizações de água,
esgoto, etc.).

O critério referente à segunda expressão tem aplicação principalmente no caso de rodovias em


zonas rurais. Nesse caso, as limitações de nivelamento praticamente inexistem.
8.5 – Métodos de dimensionamento de pavimentos flexíveis

Podem-se distinguir dois tipos de métodos de dimensionamento:

• Métodos empíricos: baseiam-se em fórmulas, constantes e coeficientes decorrentes


de experiências e verificações, sempre comparando resultados de cálculo com o
comportamento, no campo, dos pavimentos, procurando dar um grau de sensibilidade
compatível com as variáveis em jogo.
Podem ser divididos em: métodos empíricos que não empregam ensaios de resistência
dos solos e métodos empíricos que empregam ensaios de resistência dos solos.

• Métodos teóricos: têm como ponto de partida a Teoria de Boussinesq, que admite o
subleito como um semi-espaço infinito, contínuo, homogêneo, isotrópico, linear e
elástico. O módulo de elasticidade e o coeficiente de Poisson dos materiais, quer do
subleito, quer das camadas do pavimento, são grandezas que definem esses materiais,
mas também fornecem as relações nas quais se baseiam as deduções feitas.

Tabela 8.1 – Métodos de dimensionamento e seus elementos


Método Resistência do Tráfego (q) Materiais das
subleito camadas
Veículos comerciais
Índice de Grupo IG por dia. Leve, médio Sub base com IG = 0
e pesado
Sub base com CBR
CBR CBR Carga de roda ≥20%. Base com CBR
≥ 60 ou 80%.
Hveem R EWL Coesão (C)
Equivalência
DNER IS N
estrutural (K)
Veículos comerciais
por dia, por direção.
Equivalência
PMSP CBR Muito leve, leve,
estrutural (K)
médio, pesado e
muito pesado.

8.5.1 – Método de dimensionamento do DNER (DNIT)

Baseia-se em três elementos: resistência do subleito (IS), tráfego (N) e equivalência estrutural
das camadas (K).

1 – SUBLEITO

A idéia básica é adotar um Índice Suporte (IS), calculado com média aritmética de dois outros
índices derivados, respectivamente de CBR e do IG.

O Índice de Grupo é um classificador de solos dado por um número inteiro, variando de 0 a 20


e calculado pela expressão:
IG = 0,2 .a + 0,005 . a . c + 0,01 .b . d

Chamando de p o teor silte + argila do solo, ou seja, a porcentagem que passa na peneira nº
200, tem-se:

a = p – 35

a = porcentagem que passa na peneira nº 200 menos 35.

• Sendo p > 75%, adota-se 75


• Sendo p < 35%, adota-se 35
• Assim, a varia de 0 a 40 e (0,2 . a) varia de 0 a 8

b = p – 15

b = porcentagem que passa na peneira nº 200 menos 15.

• Sendo p > 55%, adota-se 55


• Sendo p < 15%, adota-se 15
• Assim, b varia de 0 a 40 e (0,01 . b . d) varia de 0 a 8

c = LL – 40

c = valor do limite de liquidez – 40.

• Sendo LL > 60%, adota-se 60


• Sendo LL < 40%, adota-se 40
• Assim, c varia de 0 a 20 e (0,005 . a . c) varia de 0 a 4

d = IP – 10

d = valor do índice de plasticidade – 10.

• Sendo IP > 30, adota-se 30


• Sendo IP < 10, adota-se 10
• Assim d varia de 0 a 20 e (0,01 . b . d) varia de 0 a 8

O Índice Suporte (IS) é dado por:

IS = _(ISIG + ISCBR)_
2
Onde:

ISIG = Índice Suporte derivado do Índice de Grupo, correspondendo praticamente a uma


inversão de escala, fazendo com que solos de boa qualidade tenham os maiores valores de IS IG.
Os valores de ISIG em função de IG são apresentados na tabela abaixo.

Índice de Grupo IG Índice de Suporte ISIG


0 20
1 18
2 15
3 13
4 12
5 10
6 9
7 8
8 7
9 a 10 6
11 a 12 5
13 a 14 4
15 a 17 3
18 a 20 2

ISCBR = Índice Suporte derivado do CBR

Numericamente ISCBR = CBR

Impõe-se a condição de que o Índice Suporte (IS) seja, no máximo, igual ao CBR, ou seja,
quando o cálculo do IS resultar num índice maior que o CBR, adota-se o valor do CBR como
Índice Suporte: IS ≤ CBR.

EXEMPLOS:

1 - Dados CBR = 10% e IG = 9, calcular IS:

Da tabela: para IG = 9, tem-se ISIG = 6

Para CBR = 10%, tem-se ISCBR = 10

Assim, IS = (ISIG + ISCBR)/2 = (6 + 10)/2 = 8

2 – Dados IG = 1 e CBR = 12%, calcular IS:

Da tabela: para IG = 1, tem-se ISIG = 18

Para CBR = 12%, tem-se ISCBR = 12

Assim, IS = (ISIG + ISCBR)/2 = (18 + 12)/2 = 15

Como IS > CBR → IS = CBR = 12


2 – TRÁFEGO

Quanto ao tráfego previsto, o pavimento é dimensionado em função do número equivalente


de operações de eixo padrão durante o período de projeto escolhido.

N = 365 .Vm . P. (FC) . (FE) . (FR)

Vm = volume diário médio de tráfego no sentido mais solicitado, no ano médio do período de
projeto.

• Para o cálculo de Vm é necessário adotar uma taxa de crescimento de tráfego para o


período de projeto. Essa taxa de crescimento deve levar em conta o crescimento
histórico do tráfego da via a ser pavimentada ou, no caso de uma via nova, da
contribuição das vias existentes que atendem à mesma ligação. A esse tráfego atraído
ou desviado, deve-se somar o tráfego gerado, ou seja, o tráfego que passa a existir
devido às melhores condições oferecidas pela pavimentação. De uma forma
simplificada, podem-se admitir dois tipos de crescimento de tráfego: crescimento
linear e crescimento geométrico ou exponencial.

P = período de projeto ou vida útil, em anos

FC = fator de carga

• Baseia-se no conceito de equivalência de operações, mais especificamente no fator de


equivalência de operações (f). o fator de equivalência de operações é um número que
relaciona o efeito de uma passagem de qualquer tipo de veículo sobre o pavimento
com o efeito provocado pela passagem de um veículo considerado padrão. Assim, por
exemplo, quando o fator de equivalência de operações é igual a 9, deve-se interpretar
como um veículo cuja passagem representa o mesmo efeito que nove passagens do
veículo padrão. Os valores do fator de equivalência de operações são apresentados em
ábacos de escala logarítmica.

FE = fator de eixo

• É um fator que transforma o tráfego em número de veículos padrão no sentido


dominante, em número de passagens de eixos equivalentes. Para tanto, calcula-se o
número de eixos dos tipos de veículos que passarão pela via.

FV = FC . FE = fator de veículo
FR = fator climático regional

• Para levar em conta as variações de umidade dos materiais do pavimento durante as


diversas estações do ano – o que se traduz em variações de capacidade de suporte
desses materiais – o número equivalente de operações do eixo tomado como
referência ou padrão, que é um parâmetro de tráfego deve ser multiplicado por um
coeficiente (FR) que varia de 0,2 (ocasiões em que prevalecem baixo teores de
umidade) a 0,5 (ocasiões em que os materiais estão praticamente saturados).

Ábaco de Dimensionamento

Após o cálculo de N e dispondo dos valores dos Índices Suporte (IS) do subleito, do reforço do
subleito e da sub base, pode-se obter, no ábaco de dimensionamento, em primeira
aproximação, as espessuras necessárias, respectivamente, acima dessas camadas. A
simbologia a ser adotada é:

Subleito: IS = m

Reforço do subleito: IS = n

Sub base: IS = 20

O ábaco dará as espessuras necessárias acima dessas camadas, sem levar em conta a
qualidade dos materiais que irão compor o pavimento. Admite-se que todos os materiais das
camadas são iguais quanto ao comportamento estrutural, correspondente a um coeficiente de
equivalência estrutural k = 1, a ser definido a seguir.

Tem-se:

Subleito = IS = m

Tráfego = N

Ábaco = Hm

• Hm = espessura total necessária do pavimento para materiais de k = 1

Subleito:IS = n

Tráfego = N

Ábaco = Hn

• Hn = espessura necessária de pavimento acima do reforço, ou seja, sub base + base +


revestimento, para materiais de k = 1.
Subleito: IS = 20

Tráfego = N

Ábaco = H20

• H20 = espessura necessária de pavimento acima da sub base, ou seja base +


revestimento, para materiais de k = 1. O material de sub base deve ter um Índice
Suporte ou CBR ≥ 20.

EXEMPLO

Para um subleito de IS = 5 e dispondo-se de material de reforços de IS = 12, determinar os


valores de Hm, Hn e H20 para N = 3,0 x 106.

No ábaco de dimensionamento, entrando com o valor N e traçando uma vertical no ábaco por
esse ponto, encontra-se:

IS = m = 5 → Hm = 62 cm → espessura total

IS = n = 12 →Hn = 36 cm → espessura sub base + base + revestimento

IS = 20 → H20 = 26cm→espessura base + revestimento

3 - COEFICIENTE DE EQUIVALÊNCIA ESTRUTURAL (K)

Nesse método de dimensionamento de pavimentos, a hierarquia dos materiais que vão


compor as camadas é determinada adotando-se um material padrão, a base granular, e
comparando-se os outros materiais com esse padrão em termos de comportamento
estrutural. Assim, chama-se coeficiente de equivalência estrutural um número que relaciona a
espessura necessária da camada, constituída de material padrão, com a espessura equivalente
do material que realmente vai compor essa camada.

Por exemplo, quando se diz que o coeficiente de equivalência estrutural da base de solo
cimento com resistência à compressão, após sete dias de cura, é KB = 1,4, deve ser
interpretado: 10 cm da base de solo cimento têm o mesmo comportamento estrutural que 14
cm da base granular que é o material padrão de k = 1.

Tabela 8.2 – Coeficiente de equivalência estrutural (K)


Componentes dos pavimentos K
Base ou revestimento de concreto betuminoso 2,00
Base ou revestimento pré-misturado a quente, de graduação densa 1,70
Base ou revestimento pré-misturado a frio, de graduação densa 1,40
Base ou revestimento por penetração 1,20
Base granular 1,00
Sub base granular 0,77
Reforço do subleito 0,71
Solo cimento com resistência a compressão a 7 dias > 45kg/cm2 1,70
Idem, com resistência a compressão a 7 dias entre 45 e 35 kg/cm2 1,40
Idem, com resistência a compressão a 7 dias < 38 kg/cm2 1,00

Os coeficientes de equivalência estrutural podem ser calculados em função da relação entre o


CBR dessas camadas e o CBR do subleito:

kRef ou kS = (CBR1/(3 x CBR2))1/3

kRef = coeficiente de equivalência estrutural do reforço do subleito

kS = coeficiente de equivalência estrutural da sub base

CBR1 = CBR do reforço ou sub base

CBR2 = CBR do subleito

Tabela 8.3 – Valores de k em função de CBR1 e CBR2


CBR1-CBR2 KRef ou KS CBR1-CBR2 KRef ou KS
1,1 0,72 2,1 0,90
1,2 0,75 2,2 0,91
1,3 0,76 2,3 0,92
1,4 0,78 2,4 0,94
1,5 0,80 2,5 0,95
1,6 0,82 2,6 0,96
1,7 0,83 2,7 0,97
1,8 0,85 2,8 0,98
1,9 0,86 2,9 0,99
2,0 0,88 3,0 1,00

Cálculo das espessuras das camadas

Para o cálculo das espessuras das camadas é adotada a seguinte simbologia:

Tabela 8.4 - Símbolo das camadas


Camada Espessura (cm) Coeficiente de equivalência
estrutural (k)
Revestimento R KR
Base B KB
Sub base h20 KS
Reforço do subleito hR KRef ou Kn

Em relação ao material padrão de k=1, as equivalências das camadas são:


R . KR = espessura equivalente do revestimento

B . KB = espessura equivalente da base

h20 . KS = espessura equivalente da sub base

hn . KRef ou hn . Kn = espessura equivalente do reforço do subleito

Monta-se então o sistema de inequações:

R . KR + B . KB ≥ H20

R . KR + B . KB + h20 . KS ≥ Hn

R . KR + B . KB + h20 . KS + hn . KRef ≥ Hm

Verifica-se a existência de quatro incógnitas: R, B, h20 e hn, e de apenas três equações. A


indefinição é contornada adotando-se a espessura do revestimento em função da equivalência
de operações N, conforme tabela abaixo:

Tabela 8.5 – Valores de R em função de N


N Rmin (cm) Tipo de revestimento
Até 106 2,5 a 3,0 Tratamento superficial
6 6
10 a 5x10 5,0 Revestimento betuminoso
5x106 a 107 5,0 Concreto betuminoso
107 a 5x107 7,5 Concreto betuminoso
7
Mais de 5x10 10,0 Concreto betuminoso

CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONTROLE TECNOLÓGICO DOS MATERIAIS

Características desejáveis para material do subleito

– CBR ≥ 2%
– Expansão ≤ 2 % (medida com sobrecarga de 10lb)

Características desejáveis para materiais a se utilizar em reforço de subleito

– IS ou CBR > CBR subleito


– Expansão ≤ 1 % (medida com sobrecarga de 10lb)

Características desejáveis para materiais a se utilizar em sub-base

– IS ou CBR ≥ 20
– IG = 0
– Expansão ≤ 1 % (medida com sobrecarga de 10lb)

Características desejáveis para materiais a se utilizar em base:


– IS ou CBR ≥ 80 ( para N ≥ 5 × 106)
– IS ou CBR ≥ 60 (para N < 5 × 106)
– Expansão ≤ 0,5 % (medida com sobrecarga de 10lb)
– Limite de liquidez ≤ 25 %
– Índice de Plasticidade ≤ 6

Casos especiais:

– Para o caso de solos com limite de liquidez e/ou índice de plasticidade superiores àqueles
recomendados previamente, o material pode ser empregado como base (satisfeitas as demais
condições), desde que o equivalente de areia seja superior a 30%
– Para N < 5 × 106, podem ser empregados materiais para base com CBR ≥ 60 e as faixas
granulométricas E e F da AASHTO
– A fração que passa pela peneira nº 200 deve ser inferior a 2/3 da fração que passa pela
peneira n.º 40. A fração graúda deve apresentar um valor de abrasão Los Angeles igual ou
inferior a 50%, podendo ser utilizado um desgaste maior, desde que já se tenha experiência no
uso do material.

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