Você está na página 1de 2

Criação: O Fracasso

Evangelical Por P.
Andrew Sandlin
By Guilherme6 de fevereiro de 2019
Se você se pergunta por que tantos evangelicais estão se rendendo ao
“casamento” entre pessoas do mesmo sexo ou a “atração” homossexual,
“barrigas de aluguel”, “fluidez de gênero” e transgenerismo, parte da culpa
está no DNA do próprio evangelicalismo. Os evangelicais defendem o
evangelho bíblico, as boas novas de que Jesus Cristo morreu pelos nossos
pecados e ressuscitou dos mortos para que os pecadores pudessem ser salvos.
Essa é a sua especialidade paradigmática e devemos agradecer a Deus de eles
terem grande sucesso em promovê-la nos últimos dois séculos.
A marginalização criacional
Mas com essa especialização veio a marginalização de outras partes da Bíblia,
a saber, a criação. Não é que os evangelicais neguem a criação. Eles
frequentemente são os primeiros a defender a criação em seis dias de 24h e
um dilúvio global. Todavia, eles tendem a não integrar a criação à sua
cosmovisão. Pior: eles não entendem que a criação é o fundamento do
evangelho. Isso é muito fácil de se provar, se você parar para pensar. O
evangelho oferece a salvação dos pecados, mas o que é pecado? É uma violação
da lei de Deus (1Jo 3.4). Mas como essa violação aconteceu? Ela aconteceu
como resultado da distorção humana da criação. Os capítulos 1 e 2 de Gênesis
expõem as leis ou normas criacionais. Elas incluem a distinção Criador-
criatura, a humanidade feita à imagem de Deus, a distinção entre homem e
mulher nessa imagem divina única, o imperativo da procriação, o mandato
cultural, o Sábado e a bondade da própria criação. Podemos chamar isso do
sistema operacional da criação. É assim que Deus montou o cosmos para
funcionar.
E é justamente dentro desse sistema operacional que o software do evangelho
funciona. O pecado introduziu um vírus nesse sistema operacional. O objetivo
do evangelho é eliminar a esse vírus cada vez mais. O vírus não oblitera o
sistema operacional, mas o danifica. O evangelho é a missão de Deus para
caçar e eliminar o vírus.
Os evangélicos tendem, todavia, a internalizar, privatizar e gnosticizar o
evangelho. O evangelho trata principalmente sobre conseguir que pecadores
sejam perdoados por Deus e comungar com ele e levá-lo para o céu. É
compreensível que, nessa linha de pensamento, tratar do “casamento” entre
pessoas do mesmo sexo possa ser algo periférico que tire a atenção da igreja do
evangelho.Enfrentar barrigas de aluguel, armazenamento de óvulos
fecundados e trans-humanismo (como o Center of Bioethics and Culture faz) é na
melhor das hipóteses uma causa secundária e, na pior, uma distração da
missão da igreja.
Mas se entendermos que o objetivo do evangelho é a restauração da ordem
criacional de Deus, aumentar a aderência a suas normas criacionais, não só
para a sua glória, mas para o nosso deleite, reconheceremos que essas tarefas
e muitas outras estão bem detnro da estrutura do evangelho bíblico.
O Mediador da criação
Uma falha teológica fundamental está na raiz desse evangelho truncado. Os
evangélicos modernos sabem que Jesus é o mediador da redenção, mas eles
parecem menos interessados em vê-lo como o mediador da criação. Mas a
Bíblia claramente ensina que ele é ambos. Veja o que Paulo escreve em
Colossenses 1.13-20:
Ele [Deus o Pai] nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do
Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados [aqui temos
Jesus como mediador da redenção]. Este é a imagem do Deus invisível, o
primogênito de toda a criação; pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e
sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer
principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de
todas as coisas. Nele, tudo subsiste [aqui temos Jesus como mediador da criação].
Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos,
para em todas as coisas ter a primazia, porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda
a plenitude e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele,
reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus.
Para Paulo, a mediação de Jesus tanto na criação quanto na redenção integra
ambas para transmitir a plenitude de Deus para e dentro do cosmos. O Jesus
que morreu na rude cruz é o mesmo Jesus que moldou as leis do universo e
sustenta a sua existência.
Porque os evangélicos abraçaram uma visão truncada da Bíblia, porque eles
enfatizaram o evangelho (numa construção mais estrita) como tudo que
importa, eles estiveram dispostos a sacrificar as verdades criacionais mais
fundamentais em que o verdadeiro evangelho está fundamentado. Eles não
planejavam fazer isso. E se alguém tivesse lhes dito há 20 anos que eles um dia
endossariam ou se renderiam a “fluidez de gênero” ou “‘casamento’ entre
pessoas do mesmo sexo”, eles dariam risada. Mas a sua preocupação com uma
parte vital da Bíblia e a relativa negligência de outras partes vitais pavimentou
o caminho para essas mudanças indiscriminadas. As sementes do
comprometimento atual estavam ali desde o princípio. A negligência não foi
intencional, mas foi negligência mesmo assim e agora estamos pagando um
preço alto por ela.
A solução para essa negligência é um retorno a uma visão robusta e completa
da criação e das normas criacionais. Vamos pregar o antigo evangelho da rude
cruz de Jesus e o mais antigo ainda do senhorio criacional.
Original no blog do autor aqui.
Traduzido por Guilherme Cordeiro.

Você também pode gostar