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Fundação Biblioteca Nacional

Ministério da Cultura - Escritório de Direitos Autorais


Copyright© 2010 by
Raul de Moraes Breves Sobrinho
Todos os direitos reservados
Edição pessoal do autor

Título original da obra:


Terapia do Bem - A missão dos cristais radiônicos
Número do registro:
483.285 - livro 912 - folha 228
Capa e projeto gráfico:
Everton Luiz
Revisão do texto:
Enelise Arnold
Impressão:
Edelbra Gráfica

Holista é um projeto Editorial da


Galeria Marketing e Design
“A vida é arte do encontro embora
haja tanto desencontro pela vida...”
(Vinicius de Moraes)
Esforça-te!
De nada valem tuas lamentações.
A ação atrai ação.
A inércia atrai inércia.
O medo atrai o medo.
A coragem atrai a força.
A vida sorri para quem sorri.
A lei de ação e reação atua em tudo.
Nós somos os donos de nossos pensamentos.
E temos o dever de aprender a controlá-los...
Depende de ti!
PREFÁCIO

Há uns dez anos atrás, convidei Raul Breves para ministrar aulas no CEATA. Era
um engenheiro eletrônico que resolveu pesquisar a Acupuntura depois de ver as
medições Ryodoraku, obtidas com seu instrumento Acuspointer, e estava ainda
meio cético em relação às técnicas diagnósticas não eletrônicas.

Gradativamente, ele foi introduzindo nos métodos de Akabane e EAV, e


finalmente no mundo da Radiestesia e Radiônica. Nesse universo novo superou-
se de vez, quando começou a acreditar cada vez mais na intuição e criou
equipamentos avançados de Radiônica, com os quais desenvolveu os Cristais
Radiônicos!

A respeito do Raul, posso dizer que ele é um bom profissional! É também um


grande filósofo, um excelente amigo, uma pessoa humilde, um pesquisador
dedicado e incansável!

É o escritor mais prolífero entre os acupunturistas, tendo lançados os seguintes


livros: CQSabe (1988), Saúde Global (1994), Acupuntura Tradicional Chinesa
(1999) e Acupuntura Tradicional Via Radiônica (2007). Percebe-se neles que Raul
sempre valorizou a filosofia e a saúde integral. Ele não fica restrito apenas a citar
esquemas de tratamento em Acupuntura.

Sinto-me muito honrado de escrever as frases iniciais deste livro. Os Cristais


Radiônicos constituem o instrumento mais eficiente e rápido para desativar
(neutralizar, diluir... ou algum outro termo) traumas psíquicos. Por isso, considero
os Cristais Radiônicos o lançamento mais importante em Acupuntura no mundo
nesta primeira década do 3º. Milênio! Onde, com certeza, o espírito e a mente
terão sua importância reconhecida acima da alta tecnologia, e o homem irá
buscar e batalhar pelo seu reequilíbrio com a Natureza, o Planeta e o Universo,
objetivos da Era de Aquarius.
Vou citar alguns trechos do Huang Di Nei Jing (Tratado de Medicina Interna do
Imperador Amarelo), compilado entre 300 a 500 a.C., que tem muito a ver com
este livro:

Imperador Amarelo: Como se diferenciam os terapeutas?

Conselheiro Qibo: O pequeno terapeuta não sabe diagnosticar, só começa a tratar


quando a doença já se desenvolveu e a destruição se estabeleceu. É um ignorante e
incompetente. O grande terapeuta valoriza os primeiros sintomas, diagnostica logo
a desarmonia, previne a doença e afasta a destruição. É um curador de categoria
superior.

Imperador Amarelo: Como aumentar os efeitos das agulhas e moxas, desejo ouvir
mais a respeito!

Conselheiro Qibo: A fim de tornar as agulhas e moxas mais eficientes, deve-se


curar primeiro o espírito. Em seguida, avaliar os pulsos dos cinco órgãos, palpar
as várias regiões do corpo e definir a desarmonia. Então, pode-se aplicar as
agulhas e moxas.

Neste livro, escrito num texto fluido e agradável, acompanhando o estilo em


diálogo do Huang Di Nei Jing, é fácil de se compreender por qualquer leitor..

Raul não vai descrever apenas tecnicamente o uso dos Cristais Radiônicos em
pontos de Acupuntura, mas também sua conexão com a mente e o espírito.
Ensina noções básicas da Filosofia Oriental, e também alguns exercícios
terapêuticos importantes para ganhar saúde e equilíbrio, como o Exercício do
Sorriso Interior e a Postura da Árvore. Todas estas técnicas eficientes, simples,
práticas, e econômicas, pesquisadas por ele, estão agrupadas como “A Terapia do
Bem”.

Raul está oferecendo-a não somente para acupunturistas, mas principalmente


para todas as pessoas do bem!
*Dr. Wu Tou Kwang
 
*Fundador do Centro de Estudos de Acupuntura e Terapias Alternativas (CEATA) em 1981.
Escola pioneira na introdução, divulgação ou popularização das técnicas: Acupuntura,
Auriculoterapia, Magnetoterapia, Terapia Floral, Cinesiologia Aplicada, Radiestesia, Feng Shui,
Astrologia Chinesa, Iridologia, Fitoacupuntura, YNSA, Quiropuntura, Cromopuntura, Acutone,
Stiper, RMA, EAV-Vegatest, Qi Gong, Quiroprática e Quantec. Organizador nos anos 80 e 90
dos principais eventos de Acupuntura, Fitoterapia Oriental, Qi Gong, Massoterapia, Cinesiologia
Aplicada e Florais do país. Organizador desde 1999 de congressos brasileiros e internacionais de
Radiestesia, Radiônica, Fengshui e Geobiologia. As seguintes instituições se derivaram direta
ou indiretamente do seu trabalho, ou dele receberam apoio importantíssimo: ANAMO,

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CONBRAC, ABREFLOR, ABRAPHYTO, ABRAD, ABTK, SATOSP, SINATEN, UNITEN,
CONAT, CONBRAMASSO e COSMOTRON. Especialista em Cirurgia Vascular, Radiologia
Intervencionista, Medicina do Trabalho e Administração Hospitalar;  dois Prêmios
Ignatz Von Peczely de Pioneirismo em Iridologia da AMI em 1998 e em 2009; Prêmio
Acupunturista Notável pela AFA Brasil em 2009; Membro Honorário da ABA e da ABACO;
Presidente Emérito do SATOSP.

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SUMÁRIO

Prefácio 09

Introdução 15

Capítulo Um 19

Capítulo Dois 27

Capítulo Três 33

Capítulo Quatro 37

Capítulo Cinco 43

Capítulo Seis 47

Capítulo Sete 55

Capítulo Oito 61

Capítulo Nove 65

Capítulo Dez 69

Capítulo Onze 77

Capítulo Doze 81

Cursos da Terapia do Bem 85

Relatos via Internet 89

Sobre o Autor 95

INTRODUÇÃO

Um novo recurso terapêutico está entre nós. Nascido pela generosidade


divina, ele foi o fruto de observações antigas. Surgiu quando experimentei gravar
em pequenas esferas cristais, usadas em auriculoterapia, o mesmo rograma mental
que utilizava em minhas sessões de Acupuntura Tradicional via Radiônica*.
Ainda é difícil não me surpreender com os Cristais Radiônicos. São tantos
e admiráveis os resultados que eles, inclusive, estão estimulando pesquisas e
fazendo uma revolução em várias ideias acadêmicas, principalmente devido aos
conceitos que eles contêm.

Como criador, minha preocupação é esclarecer e guiá-los. Para aqueles que


acham que desenvolvi um atalho para o aprendizado de acupuntura, um alerta:
é um ledo engano imaginar que sem um tempo de maturação consigamos refinar
nossos resultados. As escolas sempre serão um celeiro para nossa evolução
terapêutica e pessoal, estou abrindo uma porta.

Razões nos mostram que não é interessante analisá-los cartesianamente. Os


Cristais Radiônicos se influenciam com o quantum de energia do terapeuta. Se
for um terapeuta com a energia muita baixa (por doença ou conflito emocional) a
força dos cristais vai para o terapeuta no momento em que ele o manipula e pode
restar-lhe pouca energia. O Terapeuta, não compreendendo isso, vai achar que o
cristal não funciona, mas, na verdade, foi quem o neutralizou.

Pelas ações rápidas em muitos processos e demoradas em outros, compreenda


que certos pacientes precisam de um momento certo para se livrarem de
determinadas mazelas. Observações ensinam que as doenças também podem
ser vistas como lições... Mas, a decisão de aceitarmos tal conceito, é uma opção
pessoal. Como disse Jung: “Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro
acorda”. Não é culpa dos cristais! Não é culpa do terapeuta! Simplesmente ainda
não é a hora. Daí, tratamentos médicos NUNCA devem ser dispensados.

Acredito também que os Cristais Radiônicos estão criando um processo


pedagógico em seus usuários sinceros. Num futuro não muito distante, esses serão
naturalmente dispensados à medida que o ser humano evoluir mais. Oxalá esse
tempo chegue logo!

Como regra inicial proponho: qualquer terapeuta deve sentir primeiro os


efeitos nele... Primeiro ele tem de sentir NELE!
A primeira constatação de seus efeitos surpreendentes pode ser obtida em
processos álgicos, já que são impressionantes no tratamento de dores. Mas o mais
admirável é a atuação deles em desequilíbrios psíquicos. Eles são extremamente
eficientes para cuidar de traumas, ansiedades, medos, preocupações, desde que se
permita.
No início, encontrava-me sozinho. Hoje já somos centenas, amanhã, milhares
a observá-los. Uma orientação que explica suas atuações nos é doada pelo Huang
Di Nei Jing, livro clássico da Acupuntura: “Aquele que conhece a energia coloca
a agulha com a mão direita e dirige a energia com a mão esquerda. Quem não
conhece a energia usa somente a mão direita”. Logo, o grande legado dos chineses
não foram as agulhas, foram os pontos de acupuntura e a intenção que se deve
impingir a eles.

Não é de hoje que se sabe que o segredo da acupuntura não está na agulha...
Nesse aspecto, quem coloca um Cristal Radiônico num ponto qualquer nota que
a intenção induzida no mesmo pretende o equilíbrio do paciente com o micro
e macrocosmos, ou seja, harmonizá-lo consigo mesmo, com sua família, com a
sociedade e com seu destino.

Quem analisa os resultados vê que os Cristais Radiônicos indubitavelmente


vieram para revolucionar conceitos do psiquismo humano. Pelos efeitos
impressionantemente rápidos, crê-se firmemente que, com eles, o homem dará
um passo gigantesco nessa direção. Exemplos de tratamentos registrados no final
deste livro comprovam o que digo.

A humanidade precisa urgentemente resgatar esse bem, que, muito mais que
uma modalidade de re-equilíbrio, ensina-nos a repensar e compreender a vida
como um processo de aprendizado e aprimoramento individual e social. Daí a
força por detrás deles, aqui denominada por Terapia do Bem.

Para o público geral informo que existem workshops para experimentarem a


técnica somente com profissionais especializados. Aos acupunturistas, peço-lhes
que se aprimorem e nos ajudem nessa fase tão cheia de conflitos em que vivemos.

O assunto está em constante desenvolvimento e há todo um esforço de pesquisas


em andamento. Novas e intrigantes descobertas estão acontecendo agora, querido
leitor.

Se, no final da leitura do livro, você desejar saber mais há muito material na
Internet. Há vídeos, arquivos, informações sobre cursos... Mas CUIDADO! Procure
entrar no site oficial da Terapia do Bem: www.abrateb.com.br
Já somos um grupo. Venha se unir a nós.

14/02/2010

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Raul de Moraes Breves Sobrinho

* Por Acupuntura Tradicional é bom ressaltar que me refiro às raízes primeiras desse bem milenar.
* Radiônica é uma técnica que, através de equipamentos, nos fornece aptidões paranormais..

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CAPÍTULO UM

- As pessoas estão cada vez mais alienadas! - Arthur observava para si.
- Como é que pode? - Continuava distante e divagava seus pensamentos.
- Acorda, Arthur! - José reclamou.
- Você chamou? - Ele respondeu como que saindo de um transe.
- Faz meia hora que tento falar com você! - Exagerou o amigo. - Preciso
saber se você vai ou não vai conosco na palestra...
- É claro que sim! - Ratificou. - Que hora começa mesmo?
- Às 20h, antes vamos nos reunir. - Orientou. - Sairemos todos juntos.

Para iniciar essa história, é bom voltarmos no tempo. Arthur era um jovem
que cresceu interessado pelo conhecimento. Talvez pelo fato de que sempre lhe
tagarelavam: Estude! Se você não estudar, nunca será alguém! O estudo dignifica
o homem!
Tais conselhos fizeram com que se esforçasse nos livros. Alicerçado pelos seus
pais, caminhou assim até os 16 anos quando estes se divorciaram e ele teve que
buscar seu próprio sustento. Segundo confidências, naquela época, seus objetivos
pareciam não ter mais sentido. Mas como tudo nessa vida passa, depois de um
tempo, incentivado por José, um de seus raros amigos, aos 18 anos, mudou-se
para Boigi, cidade próxima de São Paulo, para estudar arquitetura e trabalhar na
marcenaria dele e de Poleto.
Terminado o expediente, foi até sua pensão, tomou um banho ligeiro, trocou-
se, jantou e, num piscar de olhos, dirigiu-se ao ponto de encontro: a padaria
Nossa Senhora Terezinha. Ela ficava em frente da carpintaria e era praticamente
uma extensão do ambiente de serviço. Lá, acomodou-se em uma das mesinhas e
pediu um refrigerante. E eis que, passando pela rua, surgiu seu colega de quarto e
faculdade.
- Percival! - Convidou Arthur. - Não quer tomar algo?
Mediante a gratuidade do convite, ele achegou-se, sentou-se caprichosamente
ao lado, e começou a confidenciar-lhe as novidades.
- Rapaz... Tem horas que a gente se desespera!
- Como assim, Percival? - O colega não entendeu.
- Ontem eu estive no aniversário do Antônio, em Jacarezinho, lembra-se?
- Sim! Você nos avisou.
- Daí, como a festa terminou tarde, seus pais nos convenceram a dormir por
lá. No total, ficamos em cinco espalhados pela casa. Até aí tudo bem, mas quando
eu estava no segundo ronco, lá pelas tantas da madrugada, acordamos ouvindo
muitos tiros na rua. Várias pessoas foram assassinadas! Como é que pode existir
tanta violência? - Ele indignou-se.
- Nossa! - Arthur sensibilizou-se.
- Na hora, ficamos todos rezando! - Reforçou o colega, ainda assustado...
José chegou na maior alegria e sentou-se ao lado.
- Percival! Você também vai conosco na palestra? - Imaginou.
- Ainda estou em dúvida...
- Tenho certeza de que vale a pena. O Rodrigão conhece muita gente
interessante... Vamos! - José incentivou. - Ou será que no seu dia-a-dia só existe
tempo para namoricos?
- E tem coisa melhor? - Ele começou a se descontrair.
- Pois a Paulinha também estará presente... - Ele lembrou.
- Hummm... - O rapaz entusiasmou-se. - Vou aproveitar que ela está me
paquerando e ensinarei o Arthur como é que ele tem que fazer para arrumar
namorada...
E riram.
- Traga mais um refrigerante! - José pediu ao balconista. - A conversa está
ficando boa...
E enquanto Percival e José papeavam, este logo notou que Arthur pôs-se a
divagar.
- Arthur! Viajando de novo?
- Fiquei impressionado com o tiroteio que o Percival presenciou...
- Estava inclusive tentando entender como é que pode haver tantos
problemas sociais.
- É melhor não esquentar a cabeça! - José observou. - Os problemas de hoje
se tornaram um buraco sem fundo...
E desconversaram.
O dia já estava terminando. Na praça ao lado, ouviam-se a algazarra dos
pássaros se recolhendo. As luzes da cidade se misturavam com os últimos clarões
da tarde. Os carros ligavam suas lanternas. O frio úmido, característico da cidade,
fazia-se presente. E a turma se apressou. Pagaram a conta e formaram uma fila
indiana, pois era impossível andar lado a lado nas centenárias calçadas de Boigi.
Seguiram pela Rua Santa Cecília e, em passos ligeiros, depois de algumas quadras,
subiram a escada de acesso ao Colégio Aliança. O diretor cedeu-lhes uma sala
para as palestras. O Rodrigão estava na porta.
O Sr. Rodrigo, vulgo Rodrigão, era um senhor de meia-idade. Ele, além de
líder nato, era um sério pesquisador da natureza humana. Era impressionante o

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seu conhecimento geral. Para ele, a vida era a maior de todas as universidades
e, por isso, rebelava-se contra o ensino convencional. Reunir os amigos para
palestras sempre foi um de seus maiores prazeres. Nesse dia, o público se resumia
a cinco senhoras com algumas crias, a Paulinha com sua prima, mais a turma do
José.
O local era uma típica sala de aulas. Bem iluminada, cheia de cadeiras,
com boa ventilação, uma mesa e um costumeiro quadro negro. Quando se
acomodaram, no seu devido tempo, Rodrigão inspirou-se, colocou-se de frente
para todos e fez uma preleção:
- Meu coração se enche de alegria neste momento. Sinto-me mergulhado
num tênue sentimento de harmonia. Harmonia é o termo exato para descrever tal
estado de consciência no qual nossa percepção do mundo se expande como se
estivéssemos subindo uma montanha, vislumbrando a paisagem que se descortina
bela e insofismável. Saibam que, no exato instante em que abro o início deste
trabalho, fico a imaginá-los como amigos, lado a lado, tendo a mesma percepção
de agora…
- Estamos aqui reunidos para dialogar sobre vários temas. Neles, além
de descobrirem que existe uma enorme ignorância das leis que regem nossa
mente, conhecerão também nossa proposta de solução para os vários problemas
que atormentam vossas vidas. Creiam-me, por conta dessa ignorância é que,
coletivamente, nossos problemas são muitos. Poucos ainda creem ou têm fé em
alguma coisa. Esgotam-se as reservas de petróleo. Há um aumento gigantesco da
população e, devido a isso, teme-se a falta de alimentos. A poluição ambiental
está diminuindo as reservas de água potável. As doenças tecnológicas crônicas
proliferam. A automatização das linhas de produção tira o emprego de milhões...
Depois fez uma pausa para observar a atenção do grupo...
- Conta-se que, certo dia, houve um incêndio na mata. E, no meio daquele
tumulto, com todos os animais fugindo para se protegerem, percebia-se um
beija-flor lutando sozinho para apagá-lo. O tempo todo ele voava de lá para cá a
despejar algumas gotas d´água no fogaréu. Todos que o viam trabalhando riam e
aconselham-no a se abrigar.
- Para com isso! Isso é perda de tempo! - Era o que ele mais ouvia...
No momento em que ele pousou para descansar, um jaboti insistiu:
- Por que você está teimando com essa atitude? Não vê que todos estão
caçoando de você? Que você nunca vai conseguir apagar esse fogo?
Ao que ele, ainda resfolegando, respondeu:
- Eu estou apenas fazendo a minha parte... - E voltou a tentar.
- Com essa história, deixo claro que ao falarmos de uma saída para vossos
problemas que a solução deve partir de vocês mesmos. Isso porque o homem
que se desconhece, por forças das circunstâncias ou não, é quem desrespeita
muitos princípios básicos para um bem-estar pessoal e coletivo. Daí é, com muito
orgulho, que apresento-lhes o Sr. Carlos. Em suas palavras, vocês se fortalecerão
nessa verdade. Tenho certeza absoluta de que nas palestras que se iniciam ele lhes
ensinará antídotos para uma vida melhor. Espero, sinceramente, que aproveitem
ao máximo sua presença. Por favor, deem as boas vindas para ele. - E apresentou-

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lhes o amigo e mestre.
O palestrante aparentava uns 60 anos, seus cabelos denunciavam a idade da
prata. Tinha uma aparência serena, vestia-se de forma simples e logo começou:
- Muito obrigado pelas presenças e, principalmente, ao companheiro Rodrigão
que nos criou esta oportunidade. É sempre um prazer poder passar um pouco dos
conhecimentos que adquirimos. Meu nome é Carlos Antero, também conhecido
como Cacá. Sou igual a todos, um passageiro deste grande e misterioso barco
que é a vida. Como foi adiantado, longe de querermos resolver os problemas
dos outros, entendam que fazemos parte de um grupo unicamente mobilizado
em mostrar que somente o conhecimento de nós mesmos possui o poder da
verdadeira libertação humana. Obras de caridade, agasalhos, comida... Tornam-se
obras superficiais daqueles que ostentam o poder, quando eles não priorizam dar
uma cultura correta para o povo.
- Compreendam também que, para entenderem nosso trabalho, primeiro
precisamos discutir diferentes matérias... Daí iremos contar-lhes coisas antigas
com uma linguagem moderna na tentativa de lhes fornecer peças de um quebra-
cabeças que, somadas, permitirão antídotos para suportar as tempestades que
volta e meia nos assolam. Quem caminhar conosco entenderá melhor essas
palavras iniciais. - Prometeu. - Aviso que a qualquer momento que precisarem
interromper com perguntas, que o façam. Fiquem à vontade.
Andou para o lado e prosseguiu...
- O tema de hoje será sobre o objetivo da vida... - E escreveu no quadro
negro: Qual é o objetivo da vida? - Depois, voltou-se novamente para os ouvintes.
- Preciso de três voluntários! - Escolheu uma criança, uma jovem e uma
senhora, colocando-as lado a lado, e uma a uma dirigiu-lhes a palavra:
- Como é que se chama, menina?
- Patrícia...
- Quantos anos têm?
- 7 anos.
- E você minha jovem? - Dirigiu-se à moça. Diga seu nome e idade.
- Paula... Tenho 27 anos.
- E a senhora? Por favor, qual é seu nome e idade?
- Maria do Carmo, 75 anos.
Depois das apresentações, prosseguiu:
- Pessoal, a vida é uma escola. E estamos diante de três fases dela: Juventude,
mocidade e velhice. O objetivo, ao pedir para a Patrícia, a Paula e a dona Maria
virem aqui na frente, é lembrá-los de que a vida se resume a um ciclo inevitável.
Tal como a luz do sol nasce e se põe no final do dia, nós nascemos e caminhamos
para o inevitável - filosofou. - E eis o caminho: Depois do nascimento, passamos
pela juventude, mocidade e velhice. - Repetiu.
- Pelas idades, obviamente, a Dona Maria tem muito mais tempo de vida em
comparação com a Paula e a Patrícia. Já a Paula possui mais anos em relação a
Patrícia. E a Patrícia tem toda uma vida pela frente.
- Mas tem um detalhe! - Ressaltou: - Nossa mente está em processo de
constante evolução. Daí, em todas as fases de nossa existência, precisamos vigiar

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nossos valores, rejeitando aqueles que nos impedem de ter uma vida melhor. -
Agradeceu às três e pediu para se sentarem e prosseguiu o estudo, contando-lhes
uma história:

A HISTÓRIA DO SAPO

Era uma vez uma família de sapos que morava num poço abandonado.
Ele era escuro e fundo e os isolava do mundo exterior. Lá todos os costumes e
conceitos eram limitados pelo ambiente, mas, apesar disto, todos viviam bem.
Havia problemas, é lógico, pois eles representavam uma família comum no dia-
a-dia. Assim, todo o conhecimento existente passava de geração para geração e a
vida transcorria normalmente.
Um dia nasceu um sapinho muito curioso, sempre desejoso de conhecer mais
e mais. E... Quando, numa bela noite, ele olhou para cima e viu uma estrela,
aquilo o fascinou! O que será aquilo? Perguntou-se a si mesmo... Questionando
os mais velhos e mais experientes, cada um dizia uma coisa diferente e pior, nem
havia o menor interesse em saber mais a respeito. O tédio era geral! Ninguém
o incentivava. Aconselhavam-no a não perder tempo com aquilo. Que devia se
preocupar em arrumar sua vida. Enfim, que havia coisas mais importantes.
Colocavam mil e uma objeções. Todos estavam habituados a morar no fundo do
poço e não havia o menor interesse em mudar seus conceitos e enriquecer suas
vidas. A vida material era mais importante, desprezava-se o mundo do saber.
Mas nada daquilo o afetava. Ele sonhava acordado e passava noites adentro
fitando a estrela. Tanto que estava fascinado e desejava ardentemente descobrir o
mistério que a envolvia. E, assim, foi por muito tempo. Até que... Numa noite de
chuva intensa, como nunca se viu, o poço começou a se encher. E foi quando o
sapinho, num salto fabuloso, teve a oportunidade de pular para fora...
Que maravilha! Havia árvores, pássaros a cantar, o calor do sol, a brisa
suave e muitas flores. Notou que o mundo era imenso e rico de novas informações.
Foi grande a sua satisfação. A sua noção de mundo se expandiu!
Depois de um tempo, satisfeita a sua curiosidade, lembrando-se de sua
família com muitas saudades, resolveu voltar para contar-lhes as boas novas.
Dizer-lhes que fora do poço havia um outro mundo.
E pluft...
Todos ficaram contentes com o seu regresso. Entretanto, quando o sapinho
começou a contar-lhes as boas novas, que o mundo era diferente do que estavam
acostumados a ver e que era necessário reformular alguns conceitos de vida,
começaram a caçoar e a chamá-lo de mentiroso.

- Nessa fábula - continuou o professor, - reside um princípio fundamental


para o nosso trabalho. É importante que pensem e discutam sobre ele no
intervalo. - Insistiu. - Não se demorem... Depois do café, voltaremos com outros
detalhes.
Levantaram-se e foram para uma área social. Lá havia alguns biscoitos, chá e
café. E, neste clima descontraído, começou-se alguns diálogos.

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- O que o Sr. Carlos está querendo dizer? - Iniciou Percival...
- No mínimo, quer dizer que temos muito a aprender! - Arthur adiantou-se...
- Viu, Percival, você precisa sair do poço! - Provocou José.
- Ainda prefiro ficar por aqui. Não vejo vantagens lá fora. Lá fora só tem
formigas, passarinhos e borboletas. Vai lá pra fora, vai! Vai lá comer mosquito
que eu prefiro ficar com a mulherada. - Percival sorriu.
- Xi! Eu acho que você se deu mal nessa, José! - Arthur observou.
Paulinha estava num canto conversando com sua prima. Como eram belas!
É interessante como a natureza conspira. Tal como uma flor que se abre viçosa,
atraindo a abelha, a mulher enfeitiça e prende a alma masculina. Percival se
dirigiu a elas.
- Já tomaram um cafezinho?
- Ainda não! - Observaram.
- Vamos então... - Convidou indicando o caminho.
No percurso, Percival sorrateiramente afastou Paulinha para um canto.
- Gostaria de te conhecer melhor!
- Você está maluco!
- Podemos nos encontrar mais tarde? - Percival insistiu.
- Está bem! - Ela iluminou-se. - Prometi voltar mais cedo. Ligo para seu
celular daqui a pouco.
E voltaram para o grupo a conversar animosidades. Passado uns 10 minutos
depois que elas se foram, no primeiro repique do telefone, Percival chamou Arthur
para escutar ao fone...
- Não fale meu nome! - Paulinha implorou do outro lado. - Daqui a 5
minutos estarei naquele lugar.
E desligou.
- Aprendeu como se faz? - O amigo observou.
- Eu não tenho tanta coragem. - Confidenciou Arthur. - Não acredito que
haja uma garota disposta a enfrentar as minhas dificuldades.
- Deixa disso, Arthur! O segredo para você arrumar uma namorada é muito
simples. É só você se arrumar bem, olhar elas com respeito, fazendo-se de
sensível, mas meio que malicioso, e estar sempre cantando elas para um encontro.
Quanto às suas dificuldades, não se preocupe, elas também possuem um monte. -
Lembrou.
- Você fala isso como se fosse simples, mas, na hora, eu sempre perco a fala...
- Xiiii! Você está mal mesmo! Depois a gente se fala. - E saiu ligeirinho
Rodrigão, estranhando a rapidez do rapaz, aproximou-se.
- Arthur! Você sabe a razão de tanta pressa? - Especulou.
- Só sei dizer que ele teve um compromisso urgente. - Este acobertou.
- Hummmm… Acho bom voltarmos. - Rodrigão preocupou-se com o horário.
Novamente a postos, o professor deu as últimas orientações.
- Abreviarei a conversa de hoje para lhes dar a seguinte tarefa: reflitam
durante a semana sobre o que falamos. - Ordenou. - A história do sapo demonstra
que o sucesso ou fracasso depende de nossas escolhas. Que, para melhorarmos na
vida, devemos estar atentos aos nossos valores... Mas, muito mais importante que

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estarmos atentos aos nossos valores, é DESEJAR melhorá-los! - Ressaltou. - Na
próxima semana, continuaremos o estudo. - Prometeu.
E se despediram...

27
CAPÍTULO DOIS
NO OUTRO DIA...

A marcenaria era um lugar singular. Arthur trabalhava com Poleto nas


reformas enquanto José se encarregava dos clientes. Vez ou outra saíam para
confraternizar na padaria onde normalmente o Rodrigão, vizinho de comércio,
estava no grupo.
Pelo semblante, via-se nos olhos de Arthur que suas ideias se renovavam.
Depois daquela noite, notou a possibilidade de um mundo novo. Inclusive estava
numa saraivada de várias interrogações.
- José? - Arthur dirigiu-se ao amigo.
- O que foi, Arthur? Que cara de preocupação é esta?
- A palestra caiu como uma luva para explicar muita coisa! Até agora estou
matutando. Depois de ontem, você também não tem a sensação de que tudo na
sociedade está de ponta cabeça?
- Nem tudo é assim! - José discordou do amigo.
- Sei não! Ultimamente só encontro pessoas individualistas. - Ele persistiu. -
Será que tais pessoas têm consciência de que elas estão no fundo do poço? Que é
necessário despertar e pensar no coletivo, senão o circo vai pegar fogo?
Nisso, entrou Rodrigão perguntando de sua cadeira...
- Rodrigão! - José alegrou-se. - Chegou em boa hora! Estávamos conversando
sobre ontem. O Arthur inclusive levantou umas questões. - E se afastou para o
fundo da oficina.
- Pois é, Rodrigão! A palestra de ontem me deixou intrigado...
- O que foi, rapaz?
- Se estamos no fundo do poço, como saber reconhecer os valores
verdadeiros?
- Saindo dele e voltando depois, oras! - Este respondeu de pronto.
- Mas e para sair dele?
- Esta história é apenas ilustrativa. Nas próximas palestras falaremos de
valores! O importante agora é fixar a mensagem: É necessário QUERER despertar
para o novo! - Ressaltou.
- Confesso que está muito difícil entender...
- Com o tempo, ficará mais simples! As palestras vão ajudá-lo. - Rodrigão
incentivou, referindo-se ao que ele sentia. - Individualmente, são raros os que
conseguem sair do poço sozinhos. Sua pergunta significa que você está entrando
na primeira etapa para fixar os valores que desejamos.
- Você pode dar uma dica? - Arthur pediu.
- Agora é dar tempo ao tempo! - Rodrigão aconselhou. - Converse mais com
as pessoas a respeito. Você pode se surpreender com a sabedoria popular. Muitas
vezes, o conhecimento vem de onde você menos espera.
E José interrompe a conversa trazendo a cadeira.
- Nossa! Ficou ótima! - Rodrigão elogiou. - Pendure na minha conta. Quanto
às suas dúvidas, Arthur, depois voltaremos nela.
E se afastou.

* * *

É impressionante como o tempo anda rápido. Com serviços manuais, então,


ele voa. No final do dia, achegavam-se na padaria para mais um momento de
final de expediente.
- Cadê o Poleto? - Rodrigão observou.
- Ele foi para São Paulo. - José explicou.
- Hoje eu pago! - Rodrigão comprometeu-se.
- É bom mesmo. - Estamos meio fracos de grana. - José confessou. - Temos
vários móveis prontos, mas ninguém veio pegar.
- Trabalhar no comércio é assim mesmo. - Ele começou a animá-los. - Eu
também passei por essa fase. Aliás, acho que foi até mais difícil. Há 50 anos, as
ruas nem eram calçadas. Não havia indústrias como existem hoje. Lavava-se as
roupas todas na mão. Meus sapatos tinham que durar uma eternidade. Os
telefones eram raríssimos. Os meios de transporte então... Precaríssimos!
- Interessante! - Eles gostaram de saber.
- Minha bisavó dizia que na época dela era pior. - Rodrigão continuou. - Que
se vivia no meio do mato que nem bicho. Não havia estradas pavimentadas. Em
termos de alimentos, plantava-se hoje para comer amanhã. Nos fins de semana, o
que mais se fazia era encher a cara de cachaça para ver o tempo passar.
- Puxa! Observando por este ângulo, estamos num paraíso! - Aliviaram-se.
- E realmente estamos! - Rodrigão ressaltou. - Voltando na história do sapo,
compreendam que estamos continuamente saindo de uma situação para entrarmos
em outra. Pode-se, inclusive, dizer que a minha geração fez a sua parte
permitindo a vocês jovens condições para galgarem degraus maiores.
E eles pararam para pensar.
- O que vocês querem tomar? - Rodrigão lembrou.
- Só um cafezinho. - José pediu.
- Um café com leite. - Pediu Arthur.
Enquanto sorviam um gole e outro, notava-se um alívio nas preocupações de

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José e Arthur que se maravilharam com a conversa. Num dado instante, Arthur
voltou à questão:
- Mas deve ter algo errado Rodrigão... O que mais se vê são pessoas querendo
levar vantagens umas sobre as outras. Eu acho que a humanidade está é
regredindo. Não vejo muito lucro com tantos problemas sociais!
Rodrigão primeiro tomou seu café, depois respondeu:
- Realmente! Por isso que são importantes as nossas escolhas... Parafraseando
Leonardo Boff, infelizmente a humanidade evoluiu de costas para a natureza
quando deveria fazê-lo de joelhos para ela. Mas chega de perguntas por hoje.
Muito conhecimento agora pode cegá-lo. Na próxima palestra, aprenderá mais um
detalhe para a compreensão do que desejamos. O importante agora é começar
analisar como as pessoas estão em termos de querer sair do poço. Converse e
observe. Faça a sua parte, Arthur, que já estará contribuindo em muito.- Orientou.
- O importante é que apenas o amor inspire nossas ações. - Aconselhou.
- Até que enfim! - José aliviou-se. - Vamos mudar de assunto... Vejam só
quem está chegando! - E indicou o outro lado da calçada. - Olha só que avião!
Uau! Vocês vão ficar perdendo esta visão? Que tal voltarmos para o fundo do
poço?
José se referia à Paulinha, que entrou radiante na padaria. Ela realmente era
um espetáculo da natureza. Uma pintura estonteante! Seus cabelos; seu vestido
acentuando suas curvas; seu perfume; seu sorriso; o brilho dos olhos; enfim, tudo
contribuía para chamar a atenção.
- Vocês viram o Percival? - Ela docemente lhes perguntou.
- Não! - Rodrigão surpreendeu-se.
- Se ele aparecer, pede para ele me procurar...
- É claro! - José suspirou.
E lá se foi ela toda contente.
- Percival... Paulinha... Hummm... Sei não! Será que o rapaz já está de cachos
novos? - Rodrigão especulou.
- Adivinhão! - José respondeu de pronto.
- Hã! Então foi por isto que ele saiu correndo logo depois dela?
- Você não sabe nem a metade. - Este sorriu.
- Éééééé! - Rodrigão admirou-se. - Depois eu quero saber dessa história -
ordenou. - Espero que ele agora sossegue. Na idade dele, se eu conhecesse uma
moça como a Paulinha, não ia querer saber de mais ninguém.
A noite ia se produzindo. As luzes da cidade permitiam visualizar minúsculos
raios de prata. Era o efeito de uma ligeira garoa que se misturava aos fachos de
luz. José e Arthur ainda acompanhavam a silhueta da moça que se afastava mais
e mais.
- Lá vem o Pedro! - José percebeu a presença do colega do outro lado da
calçada.
Ao dizer isto, todas as atenções se dirigiram para o novo integrante que
também se reunira ao grupo. Era um momento mágico de confraternização que se
misturava com mais um final de trabalho.
Depois dos cumprimentos formais, Pedro principiou novo assunto:

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- A vida tem mais mistérios do que julga nossa vã filosofia!
- Por que você diz isto? - Arthur quis saber.
- Fiquei sabendo do pai do Miguel. - Ele explicou.
- Pai do Miguel?! - Arthur quis saber mais.
- Ninguém melhor que ele para explicar. - Pedro indica o colega chegando...
Ao entrar na padaria, Miguel confirmou-lhes que os médicos ainda não
descobriram a doença dele e que seu pai tem muitas dores pelo corpo e que não
pode mais comer qualquer coisa.
- Sério! - Arthur condoeu-se da angústia do colega.
- Tem horas que a vida não é fácil! - Miguel resignou-se. - A princípio, os
remédios ajudavam a aliviar, mas agora eles não funcionam mais. Amanhã, ele
tentará novos exames, mas agora não posso ficar, tenho que ir... Tchau gente!
- Para que tanta pressa! Fica um pouco mais. - Rodrigão quis ajudar. - Toma
pelo menos um cafezinho.
- Fica pra próxima vez! Preciso encontrar minha namorada. - Explicou-se já
se afastando.
- Ah! Entendi. Está certo! Vai com Deus.
Enquanto o colega ia se tornando um vulto, começaram a discutir o
problema.
- Recentemente, conheci a família do Miguel. - Arthur observou. - O Sr.
Manoel sempre foi um homem dinâmico e trabalhador, com uma saúde invejável.
Espero que descubram um remédio. Senão... Cruz credo! Deixa-me tocar na mesa.
- E bateu três vezes, depois completou. - Que raios de vida! Hoje estamos aqui
saudáveis, rindo, mas amanhã... Quem sabe o dia de amanhã?
E despediram-se. Preocupado, Arthur apressou seu passo, ele havia acabado
de sair de um resfriado e não queria pegar outro. Além disto, estava na hora do
jantar.

A PENSÃO

Ela ficava na rua José Bonifácio, esquina com a rua Olavo Bilac, num casarão
antigo, cheio de cômodos. Arthur compartilhava o seu quarto com Pedro e
Percival. A proprietária, dona Cida, uma senhora muito cordata, aceitava apenas
universitários. Ela entrou para o ramo depois que um administrador gatuno a fez
arruinar-se e perder seu hotel em Caraguatatuba. Por conta disso, mudou-se para
Boigi e montou a pensão juntamente com dois funcionários antigos: Dona Maria
e Tizinho. Dona Maria, uma mulata forte e trabalhadeira, era encarregada da
cozinha e da roupa. Tizinho, um mulato meio desajeitado, era o encarregado da
arrumação dos quartos e de servir as refeições diárias.
Rapidamente, ele pegou uma muda de roupas, uma toalha e correu para o
banheiro. Ensaboou-se rápido, enxaguou-se, enxugou-se, vestiu-se, voltou para o
quarto e desceu para o refeitório. O jantar estava sendo posto. O prato da noite
era macarronada. Acompanhava frango mineiro e salada. Pedro e Percival já
estavam à mesa.
- Tizinho! Pode me servir?

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- É claro! - E mais que de pronto, ziguezagueando entre as mesas, trouxe a
mistura.
- O que vocês farão hoje? - Percival especulou aos amigos.Arthur, entre uma
garfada e outra, respondeu:
- Eu e o Pedro trabalharemos naquele projeto.
- Ah! Me esqueci. - Arthur continuou. - A Paulinha procurou você.
- Eu sei! Nós já conversamos.
Saciada a fome, os três se levantaram e foram para o quarto que dava de
frente para a rua. Nele, havia dois beliches, três guarda-roupas pequenos e mesas
individuais para estudo. Nas paredes, entre fotos de mulheres desnudas, viam-se
prateleiras como forma de aproveitar os espaços. Elas eram uma das invenções de
Pedro. Havia de tudo nelas: ferramentas, livros, sapatos, biscoitos, e tudo bem
arrumado. Exigências da dona Cida que só permitiu se mantivessem a limpeza.
Cada um deitou e relaxou.
- Vocês não estão com azia? - Arthur reclamou.
- Eu estou! - Pedro confessou.
- Eu também! - Percival assustou-se.
- É estranho, nós estarmos ao mesmo tempo com o mesmo sintoma. - Arthur
preocupou-se. - Estou desconfiado do molho da macarronada! Toda sexta-feira
tem uma caixa de tomate estragando debaixo da pia. De noite eu já surpreendi as
duas fazendo o molho da semana.
- Xi! E agora? - Pedro enojou-se.
- Que tal reclamarmos? - Arthur sugeriu. - Se elas não melhorarem a
qualidade das refeições, a gente come em outro lugar!
E concordaram.
Para aliviar, tomaram sal de frutas. Percival saiu ligeiro e foi encontrar-se
com a Paulinha. Pedro e Arthur começaram a mexer no projeto. Há seis meses
eles estavam pesquisando materiais para casas populares.
Adaptaram as mesas de estudo para bancadas de desenho e espalharam os
papéis do projeto, e começaram a trabalhar.
- Já pensou, Pedro! Se esta ideia se popularizar ficaremos ricos!
- Pois é, Arthur! Imagine todas as pessoas podendo construir suas casas pela
metade do preço.
E sorriram.
Depois de trabalhar até tarde, preocuparam-se com Percival. Abriram a janela
para ver se o amigo estava chegando. Havia só uma imensa neblina misturando-
se com o silencioso frio da madrugada e dormiram.

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CAPÍTULO TRÊS
A GREVE

No dia seguinte, mesmo cansados, lá pelas 7h30min, encaminharam-se para


o refeitório.
- Será que está tudo bem com o Percival? - Preocupou-se Arthur pelo
caminho.
Sentaram-se afastados da cozinha e começaram a arquitetar o que iam dizer
para a dona Cida.
Tizinho, notando a falta de um deles, foi logo perguntando:
- Cadê o homem?
- Dormiu fora novamente! - Arthur respondeu.
- Pois veja se não dá com a língua nos dentes. Se a sua patroa descobrir vai
encher o saco! - Pedro lembrou.
- Pode deixar, eu sou um túmulo. - Tizinho prometeu.
Depois, entre um gole e outro de café com pão e manteiga, os dois
continuaram.
- Pô! Bem que o Percival podia estar aqui. Em três a coisa ia ser mais
convincente. - Arthur pressentiu.
- Espera aí! - O colega lembrou-se. - Vou ligar para ele. - E pegou seu celular.
Logo que atendeu, Pedro foi logo bronqueando:
- Tá louco meu!
- Chi rapaz, nem te conto. - Percival respondeu.
- Devia pelo menos ter avisado! - Pedro reclamou. - Estamos querendo saber
se vai demorar. Daqui a pouco vamos reclamar do molho.
- Xiii!... Não vai dar. Mas o que vocês decidirem está bom para mim. Assim
que puder estarei aí. - E desligou.
E eles resolveram tomar a iniciativa sem ele. Encheram-se de coragem e
dirigiram-se até a cozinha. Elas já estavam adiantando o almoço.
- Com licença, dona Cida! - Arthur começou cuidadosamente, como que
preparando o terreno. - Podemos conversar?
- Claro! - Ela concordou de pronto.
- É uma questão delicada, e não queremos que a senhora nos leve a mal.
Podemos ser curto e grosso, mas sem querer ofender?
- Pode falar, estamos ouvindo. - As duas se antenaram.
- Eu, o Pedro e o Percival ficamos com azia logo após as refeições e estamos
desconfiados que ela se acentua quando vocês fazem macarronada. Não seria do
molho?
Dona Maria ofendeu-se:
- Eu já trabalhei em cozinha industrial e o molho que nós fazemos é idêntico
ao que se faz nos melhores restaurantes.
- Com os tomates que vocês usam?!!! - Pedro deixou escapar.
- Como assim? - Dona Cida quis saber.
- Sempre vejo uma caixa de tomates quase estragando em baixo da pia. É
com aqueles tomates que as senhoras fazem o molho? - Arthur ajudou.
- Agora vocês estão sendo insolentes! - Agitaram-se as duas.
- Pois não é do nosso molho! - Dona Maria insistiu.
- Mas tudo indica que é! - Arthur persistiu.
- Vocês devem estar com algum problema - defenderam-se as duas. - Por que
não passam na farmácia e compram algum sal de fruta? Melhor ainda, por que
não consultam um médico?
- Se todos na pensão estivessem com azia, poderíamos até acreditar, mas
como isto não acontece, o problema deve ser de vocês. - Dona Cida argumentou.
Ao perceberem a impossibilidade de um acordo, eles só viram uma saída:
comer em outro lugar, pois tinham certeza do que estava acontecendo...
- Vocês que sabem. - Elas concordaram meio a contragosto.
E saíram pensativos. Morar numa pensão em pé de guerra com a proprietária
não era um bom negócio.
- Eu queria que o Percival estivesse aqui! Periga o chumbo grosso sobrar
apenas para nós. - Arthur observou.
- Por falar nele, olha quem está chegando! - Pedro notou.
E Arthur logo foi desabafando.
- Percival! Seu malandro! Você falou que demorava.
- O que foi? - Este estranhou a ansiedade do colega.
- É sobre o molho de tomates! Vamos para o quarto que explicaremos.
- Tizinho! Você pode nos acompanhar? - Pedro pediu ao vê-lo passar.
- Olha lá no que vocês estão querendo me meter! - Este amedrontou-se.
- Só queremos que você fique a par da conversa para que a dona Cida não
fique pensando coisas. - Pedro tranquilizou.
- Ta bom! Mas seja rápido... Tenho muito serviço!
- O Tizinho está de prova! - Arthur pediu a este uma confirmação.
- Pra mim, vocês se precipitaram! Não tinha outro jeito? - Tizinho criticou...
- Se tinha, não sabíamos. Agora não temos outra saída a não ser provar para
elas que o problema é do molho. - Arthur insistiu.
- Por mim, tudo bem! - Percival aprovou... - O que vocês resolveram, assino
embaixo!

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- Que tal comermos uns tempos no restaurante da dona Keiko? - Arthur
sugeriu... - Vamos gastar o triplo do que gastamos aqui, mas saúde não tem
preço!
E se dispersaram. Uma estranha nuvem reflexiva pairava no ambiente.
Tizinho aproveitou a deixa e se encaminhou para seus afazeres domésticos.
Depois de um tempo, Arthur quebrou o silêncio.
- Onde será que a história do sapo se encaixa no que estamos passando?
Espero que elas estejam tão pensativas como nós. - Pediu aos céus.
- Disto eu tenho certeza! - Pedro arrematou. - Inclusive já devem estar
pensando em comprar tomates de melhor qualidade.
- Hummmm... Acho que vocês mataram a charada! - Arthur matutou em voz
alta. - Elas vivem num poço e nós vivemos em outro. Ao que tudo indica, está
havendo um choque de interesses.
E se acalmaram de vez! No silêncio do momento, notavam-se apenas os
movimentos lerdos do ventilador do teto. Vez ou outra se ouvia também os
ruídos surdos dos carros que passavam na frente da janela. Lá pelas 11h30min
acordaram e se encaminharam para a dona Keiko. Na saída da pensão, passando
pelo refeitório, o momento esteve tenso. Na rua, um alívio sem fim.
Percival começou a conversar sobre família.
- Tem notícias dos seus pais, Arthur?
- Faz um bom tempo que não.
- Sério! Você nem telefona? - Assustou-se o amigo.
- Eu não tenho assunto...
- Por quê? - Quiseram saber.
- Sei lá! Eu sinto uma barreira impedindo. Acho que é porque ainda estou
meio atordoado com a separação deles. Não tem um dia que eu não me entristeça
disso!
- Como é seu pai? - Especulou Percival.
- Meu pai é uma pessoa muito amargurada. Quando menino, apanhei muito
dele. Depois que se separou de minha mãe, ficou pior. Por conta disto, até hoje,
não consigo manter um diálogo amigo.
- E sua mãe?
- Se não fosse por ela, a coisa seria pior. Só Deus sabe o esforço dela para
amenizar as coisas.
- Vocês são em quantos irmãos?
- Somos em 5.
- O que você faz nas férias longe da família?
- Eu sempre ocupo o meu tempo. Se não estou trabalhando, estou estudando.
- Você tem ajuda financeira?
- Não! Tudo que ganho dá apenas para pagar a faculdade e a pensão. É uma
luta que só Deus sabe!
Pedro admirou-se:
- Nossa! Você é um herói!
Arthur tentou justificar-se:
- O meu dilema é que cresci com um sonho e acordei para o mundo real.

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Ainda bem que passo todo o meu tempo trabalhando e estudando. Só assim para
não pensar nos problemas.
Diante da espontaneidade do amigo, Percival animou-se...
- Em casa, acontece mais ou menos a mesma coisa. Meu pai tem várias
amantes e minha mãe sofre muito com a situação. Ela só não separou por causa
da fortuna da família. Para meu pai, eu tenho que ser engenheiro como ele. O que
eu quero realmente é estudar música e isso não interessa para ele.
Pedro, aproveitando a deixa, também faz sua confissão.
- Pois eu estou na mesma situação. Eu também preciso me formar para dar
um diploma para a família. Meu pai manda o dinheiro, pensando que eu estou
estudando, mas não tenho o menor tesão no que faço. É uma merda! Quando ele
descobrir que eu estou dependente de três matérias, ele me esgana.
E assim passou o tempo.

* * *

Na manhã seguinte, pelo barulho dos pingos na janela, via-se que o dia não
seria dos mais convidativos. Chovia muito. Arthur trocou-se em silêncio e foi
tomar seu desjejum. Depois, esperou o tempo melhorar... Vendo que ela não dava
tréguas, já preocupado com o horário, abriu seu guarda-chuva, despediu-se de
Tizinho e dona Cida, e foi à luta. Sorte que a carpintaria ficava nas proximidades
da pensão.
No caminho, preocupava-se com tarefas corriqueiras: finalizar alguns móveis,
receber suas comissões, pagar as contas... Enquanto pensava, ia se esgueirando
das poças e postes das estreitas calçadas de Boigi.
- Isto são horas! - José bronqueou com o atraso.
- Nossa, que temporal! Não consegui chegar antes. - Justificou-se este que,
fechando o guarda-chuva, demonstrou estar pronto para o serviço.
- É... O dia promete! - José relaxou.
- Bem que podia melhorar! - Arthur pediu aos céus.
E, rapidamente, organizou-se. Vez ou outra, surgia algum assunto extra para
quebrar a rotina do silêncio. Até que, inexoravelmente, surgiu um momento. E
Arthur, não resistindo, especulou sobre o assunto da próxima reunião.
- O assunto será sobre educação! - Lembrou José - Mas veja se você se
concentra no trabalho senão já viu... Você fica sem grana e nós também -
desconversou.

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CAPÍTULO QUATRO
INICIANDO A TERAPIA DO BEM

- Cadê o pessoal? - Arthur assustou-se.


Das pessoas da primeira reunião, viam-se apenas 7. Rodrigão, que estava do
lado, explicou-lhe numa frase feita.
- Muitos serão chamados, mas poucos os escolhidos...
Paulinha, que estava atenta, opinou:
- Credo! Isso não é preconceito? - Incomodou-se. - Coitados!
- Deixe-me esclarecer... - Rodrigão pediu. - Em nossas reuniões, existe a
necessidade de refletir as lições em casa - observou, - mas, infelizmente, poucos o
fazem, por isso que muitos desistem.
Aproveitando o gancho, o Sr. Carlos assumiu o controle perguntando ao
grupo se a história do sapo os ajudou a entenderem os comportamentos das
pessoas.
E Arthur logo foi contando a sua versão.
- Observei que, devido a interesses, muitos vivem em mundos diferentes...
- Fale um pouco mais a respeito do que observou, Arthur! - O Sr. Carlos
gostou da iniciativa.
- Descobri inclusive que muitos de meus valores precisam ser atualizados,
principalmente em relação às mulheres. - Ele exemplificou.
- Mulheres?! - Os colegas se intrigaram.
A gargalhada foi geral.
- Calma pessoal! - O Sr. Carlos interferiu, percebendo um exagero. - Será que
alguém conhece tudo sobre o sexo oposto? Vocês sabiam que mesmo Freud, que
escreveu mais de 70 livros, não conseguiu decifrar o espírito feminino? - Brincou...
E eles gradativamente pararam de caçoar. Quando o silêncio foi total,
continuou.
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO

Havia um sábio num determinado país que era respeitadíssimo pela sua
oratória. Ele era muito querido e amado por todos.
Certo dia, o presidente dessa nação pediu-lhe para fazer um discurso para o
povo sobre a importância da educação.
Quando ele, depois de uma breve reflexão, pediu um ano para realizá-la,
todos ficaram indignados da razão de alguém com tamanho poder de oratória
necessitar de tanto tempo para um discurso relativamente simples. Todavia, assim
foi feito. O jeito foi esperar pelo dia marcado.
Depois de um ano, e no dia combinado, montaram um palanque no centro da
praça. Milhares de pessoas vieram assisti-lo.
Na hora pretendida, o sábio surgiu com três gaiolas. Uma continha dois cães
pastores, a outra continha dois gatos selvagens. A terceira estava vazia.
O silêncio se fez presente! Todos estavam atentos.
Num determinado instante, ele ordenou para seus ajudantes que misturassem
um dos cães com um dos gatos selvagens na gaiola vazia. E presenciaram uma
briga de vida e morte.
Em seguida, misturaram o outro cão com o outro gato. O que se viu foi os
dois brincando como se fossem os maiores amigos.
- Compreenderam porque lhes pedi um ano de prazo? - Disse-lhes o sábio. - A
razão foi única e exclusivamente para eu ter um tempo para educar este cão e
este gato selvagem para que os mesmos fossem amigos. Daí a importância da
educação. Sem ela nada seria possível.

- Nossa, nem precisa falar mais nada! - Paulinha elogiou.


- Que história interessante! - Arthur completou.
Enfim, todos ficaram admirados da forma simples como o professor ia
tecendo seus ensinamentos. E este aproveitou o momento para concluir:
- Todos nós sabemos que estamos no meio de uma tremenda confusão. Há
numerosos problemas: Exaurem-se as reservas do planeta. Há muita fome. A
poluição ambiental está piorando... O importante é que precisamos ver o mapa
inteiro e não parcial.
Em termos de educação, há, porém, um detalhe: o homem precisa se educar
para proteger a razão primordial da sua vida... Aprender a viver em harmonia
consigo mesmo. E, para isso, é necessário despertar! - O professor ressaltou.

PSICOLOGIA MODERNA

- Há milênios acredita-se que o homem, além de um corpo, possui uma alma,


individualidade, ou seja lá o nome que se dê a ela. E que nosso destino é permitir
a manifestação dessa força maior. Mas Freud desviou muita gente desse princípio
quando fez-nos sobrevalorizar a força das emoções inconscientes contidas
principalmente na ambivalência das relações precoces entre pais e filhos e da

40
presença, desde o nascimento, de pulsões sexuais.
Tomou novo fôlego e prosseguiu.
- Estudos modernos comprovam que nossa mente pode ser dividida em
duas partes: mente consciente e mente inconsciente (subconsciente). Nossa
mente consciente é representada pela parte visível de um iceberg. Já, a mente
inconsciente, poderosíssima, seria representada pela parte submersa desse. Sabe-se
hoje que nossa mente consciente consegue lidar com, no máximo, 6 informações
por segundo, sendo a responsável por nos manter ligados ao mundo exterior. Já
nossa mente inconsciente articula, aproximadamente, 1.500.000 de informações
por segundo. Por isso, além da função de memorização, é considerada como a
depositária de todas as nossas experiências. Onde consideram-se os dados mais
importantes aqueles que são gravados até os 5 anos, época em que a qualidade
dessas gravações é tão forte que criam uma tendência comportamental. Isso sem
considerar as informações que registramos ao longo da vida. Afinal estamos em
constante evolução.
Fez uma breve pausa para observar a atenção do grupo e prosseguiu.
- Agora, se considerarmos a existência de uma essência, e que ela deve
governar nossa mente na formação da personalidade, digamos assim, devemos
valorizar tais conceitos, protegendo-a. Caso contrário pode ocorrer um processo
de distorção da personalidade.

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ENVENENAMENTO MENTAL

- Acredita-se que, na sociedade atual, a circulação de informações no planeta


é tanta, que se dobra o conhecimento nele a cada ano. Consequentemente,
estamos diante de sérios problemas. Observem como era o mundo antes dos
modernos meios de comunicação. Antigamente, as crianças evoluíam menos,
mas é inegável que, depois de crescidas, elas possuíam mais equilíbrio. Nossos
pais inclusive tiveram melhores condições para serem Eles mesmos, ou seja, de
manifestarem suas essências em todas as fases de suas existências. É claro que
havia muita ignorância, mas eles viviam num ambiente muito menos agressivo no
aspecto mental. Digo isto no sentido de que eram menores, infinitamente menores
em relação à hoje. Pois hoje uma criança, normalmente, em 18 anos, vê mais
de 20.000 cenas de violência diferentes. E isso está provocando consequência
imprevisíveis.
- Somente para exemplificar: em 1982, havia no Brasil cerca de 30 milhões
de crianças sem uma boa estrutura familiar e pouco se fez por esses jovens, a não
ser aumentar o número de policiais para coibir a maioria que se marginalizou.
Tanto isso é verdade que, em 1990, os crimes na cidade de São Paulo eram tantos,
que se conseguissem parar com todos, levaria mais de 10 anos para julgar os que
já foram cometidos. E, por conta desse descaso, a UNICEF recentemente alertou:
anualmente, 6.000 jovens, de 16 e 20 anos, são assassinados no Brasil.
- Mentalmente, numa estatística revelada em 1988, soube-se que, na época,
existiam mais de 80 milhões de americanos com transtornos mentais. E, no Brasil,
o número ultrapassava os 30 milhões. Hoje, segundo dados da OMS, um, entre 4
dos que procuram clínicos gerais, possui problemas mentais.
- Muitos alegam que tais questões são contornáveis financeiramente ou que
é uma dívida social ou que basta destinar verbas para o povo! Ora, soube-se
que N. York construiu mais reformatórios entre 1980 e 1990 do que nos 40 anos
anteriores. Eis os custos: reformatórios: 35.000 dólares per capta; creches: 3.000
dólares per capta; e, apesar disto, 75% das mães americanas ou são sozinhas
ou são casadas com homens cujos salários estão abaixo do considerado como
pobreza. Em 1990, uma americana de 25 anos tinha 40% de probabilidade de se
tornar mãe solteira ou divorciada. E 50% dos homens divorciados nunca mais
viam seus filhos. Triste homem moderno!
E a turma parou para pensar.
Nesse instante, todos sentiram um aroma agradável de café fresquinho. Foi
um momento de descontração e o Sr. Carlos liberou a turma para as guloseimas
que a dona Maria gentilmente preparou. Na mesa, havia biscoitos, chá e café.
Arthur, José, Paulinha, Aninha, Rodrigão, Percival, enfim todos os presentes rodearam-na.
Arthur, que não perdera o Sr. Carlos de vista, aproximou-se e foi logo
esticando o assunto.
- Nossa! O buraco é bem mais embaixo! Agora entendo porque o senhor
falou que estamos no fundo do poço... Estamos inclusive tremendamente poluídos
mentalmente!

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- Realmente! - Aninha concordou.
- É mesmo! - Observou Paulinha que também se interessou. - Pelo discurso de
hoje, parece que não temos mais saída para tantos problemas sociais.
- Não pensem assim! - O professor discordou. - Julgar desta maneira significa
menosprezar as capacidades humanas. É inegável a necessidade de educar
nossos filhos para viverem em um mundo altamente competitivo. Que tal fazê-lo
permitindo que eles sejam Eles mesmos? - Sugeriu.
E eles se surpreenderam…
- Para o nosso caso, que é o que nos interessa, deixo claro que vivemos
num ambiente tipo Matrix - fez alusão ao primeiro filme da série, - tanto que
em nossos ensinamentos é bom adiantar que não devemos colocar esforços
exclusivamente no impacto das milhões de informações a que estamos sujeitos
hoje. Tal como a luz elimina as trevas, aqui ensinamos que o nosso foco deve
ser depositado na ideia que temos uma essência e que ela precisa se manifestar
dentro de cada um de nós. Daí, se esforcem na ideia que temos uma chama
interior e que Ela precisa brilhar - repetiu. - Foi por isso que desenvolvemos essas
palestras. Agora inclusive estamos preparados para conhecer a primeira etapa
de nosso trabalho. - E mostrou-lhes uma cartela contendo minúsculas esferas de
vidro adesivadas. - Esses Cristais Radiônicos, quando fixados em certos pontos da
orelha, e mesmo no corpo, dentre outras coisas, são excelentes para livrá-los de
pensamentos obsessivos e memórias desagradáveis. Mas, para isso, é necessário
desejar! Entenderam a razão da história do sapo antes dessa etapa do trabalho? É
necessário DESEJAR melhorar vossos comportamentos - reforçou. - Quem vai ser
o primeiro?
- Eu quero! - Dona Maria atenta se antecipou. - Eu tenho uma lembrança que
me perturba há mais de 20 anos.
- A senhora tem certeza que deseja se libertar dessa lembrança? - O professor
especulou.
- É claro! - Ela reforçou...
- Pois fique pensando nela o tempo todo... - Ele pediu.
Dito isso, Sr. Carlos adesivou alguns cristais em sua orelha... Passado alguns
segundos ele especulou:
- Consegue pensar na lembrança desagradável?
- Incrível! Sumiu...
- Até a pouco ela lhe incomodava. E agora? - Ele insistiu...
- É indescritível a sensação. Eu me lembro da cena, mas ela não me incomoda
mais...
E a turma se admirou...
- Mais alguém quer experimentar?
E fizeram fila... Depois de demonstrar para todos, preocupou-se com as horas
e acelerou...

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O ENIGMA DO PADRE

Era uma vez um padre catequista que certo dia tornou-se prisioneiro de uma
tribo indígena. Ela possuía um estranho ritual de morte para os seus reféns.
Explicou-lhe o pajé que, ao nascer do sol, ele seria executado. Contudo, poderia
escolher como morrer. Na hora de sua execução, ele seria chamado para dizer
suas últimas palavras para um conselho. Se ele falasse uma mentira, morreria
flechado.
Se falasse uma verdade, seria queimado numa fogueira.
E o padre, diante de seu drama, depois de uma noite de insônia, chegou na
hora da execução. Ao raiar do sol, todo o conselho indígena que julgaria as suas
últimas palavras estava reunido. De um lado estavam arqueiros afiando suas
flechas e, do outro, empilhava-se lenha para fazer uma fogueira. Tudo estava
pronto para a execução.
E o pajé imponente ordenou que trouxessem o refém.
A expectativa era geral. Suspense no ar. Todos os olhos e ouvidos estavam
dirigidos para o padre que, depois de um breve instante, disse as suas últimas
palavras:
- Eu vou morrer flechado!
Todos ficaram estupefatos! Esta frase soou como um rojão, provocando uma
discussão geral entre os aborígenes.
Se o matassem flechado, o que ele afirmou seria uma verdade, e morrer
flechado era reservado somente para quem dissesse uma mentira.
Se o matassem na fogueira, o que ele afirmou seria uma mentira e a fogueira
era reservada para quem dissesse uma verdade.
E diante desse impasse, ele foi solto...

Terminada a história, o professor fez um último aviso...


- Lembrem-se! Seja lá qual for o problema e por mais difícil que o mesmo
se apresente, sempre existe uma solução. Na próxima reunião, continuaremos o
papo. - Prometeu.

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CAPÍTULO CINCO
REFLETINDO COMPORTAMENTOS

Ao sair da reunião, Arthur sentiu que a noite estava com o costumeiro vento
frio. Nas ruas, as poucas pessoas que circulavam confirmavam que a madrugada
prometia ser gélida.
- Como é que pode a temperatura cair tão rápido? - Impressionou-se. - E
agilizou o passo preocupado em não se resfriar.
Na pensão, tudo já estava em ritmo reduzido. No corredor, encontrou Tizinho
com um cobertor nas costas.
- Arre! Não está com frio não? - Este observou.
- Imagina! - Arthur tremia. - Olha só como estou! - E mostrou os pelos do
braço eriçados. Por acaso você não tem um chocolate quente aí? - Imaginou.
- Você quer? Estou fazendo um...
- Joia! Volto já! - E correu para pegar um agasalho. Já mais protegido,
aproximou-se do fogão à lenha e, esfregando as mãos, serviu-se de uma caneca.
- Tizinho! Você nunca pensou em estudar?
- Pobre não tem vez nessa vida, Arthur!
- Como assim?
- Pobre nasceu só para trabalhar e trabalhar. Sempre foi assim e sempre será
assim.
Neste meio tempo, Arthur tomou o primeiro gole.
- Que delícia!
- Está do seu gosto? - Tizinho gostou do elogio.
- Está ótimo! - Reconheceu. - Nada como um chocolate quente numa noite de
frio.
Mais animado, Arthur pensava no que Tizinho lhe confidenciou. Resolveu
inclusive especular se havia uma conexão com o que aprendera.
- Pelo que me disse, creio que você não acredita na possibilidade de melhorar
de vida...
- Mas é claro! - Concordou. - Graças a Deus que encontrei a dona Cida. Se
não fosse por ela eu tinha morrido de fome. Tudo eu devo a ela! - Enfatizou.
- Mas... Tizinho! Por que você não aproveita a oportunidade que a dona Cida
lhe dá e faz pelo menos um curso profissionalizante? - Tentou novamente.
- Esquece essa ideia de estudar! Minha cabeça é muito fraca. Não ia adiantar
muito. - Este objetou mais uma vez.
- Oras! É apenas uma questão de começar! - Arthur insistiu. - Se quiser, eu
ajudo.
- Eu agradeço sua boa vontade, mas também não tenho tempo. Minha vida é
trabalhar, trabalhar... E trabalhar...
Nisto, ouve-se do quarto.
- Ele é vagabundo mesmo, Arthur! Não adianta teimar com ele! - Dona Cida
atirou!
E ambos riram.
- Xiiii! Agora você se ferrou, meu amigo. Depois desta, eu vou até dormir.
Boa noite, Tizinho! Boa noite, dona Cida!
- Boa noite, Arthur! - Responderam.
Já no quarto, ele encontrou Pedro ainda desperto.
- Fala, Pedrão! Estudando o quê? - Ele quis saber.
- Mecânica de fluídos. Ainda bem que você chegou para eu me distrair um
pouco! Como foi a reunião?
- O Sr. Carlos falou sobre a importância da educação. - Explicou-lhe.
- Como assim?
- Eu ainda não entendi direito, mas ele enfatizou sobre a importância de
desenvolvermos uma cultura voltada para a harmonia de nós mesmos. Inclusive
nos apresentou uns cristais. É incrível o que eles fazem! Quer ler um pouco sobre
o tema? - Sugeriu Arthur passando a apostila para ele.
Enquanto este ia lendo, ele tomou um banho rápido. Depois, ajeitou seu
beliche com dois cobertores, colocou seu pijama e se enfiou debaixo das cobertas.
Neste meio tempo, Pedro, se inteirando do assunto, voltou na conversa.
- Interessante! Segundo ele nossa mente está cheia de vírus. - Observou.
- Realmente! Mas depois a gente continua o papo. - Pediu Arthur. - Estou
com um sono danado! Desculpe ter atrapalhado seu estudo. Boa noite!
No dia seguinte, os dois costumeiramente se encaminharam para o café
matinal. Percival continuava a dormir. Para variar, tinha chegado de madrugada.
No ar, a mesma rotina de sempre, apenas havia a diferença dos pensamentos que
gravitavam pela cabeça deles. Entre um gole e outro de café com pão e manteiga,
os dois continuaram a conversa da noite anterior.
- Arthur?
- Fala, Pedro!
- Que raios de estudo o Sr. Carlos está armando?
- Conforme lhe disse, ele salientou que devemos nos preparar para a vida com
valores que nos permitam libertar nossa essência dos medos, raivas, ansidades,
máguas, que acometem nossa mente. Se você visse o pessoal experimentando os
Cristais Radiônicos, ficaria impressionado! Eu, inclusive, consegui me livrar de
algumas lembranças que me perturbavam.

46
- Pois confesso que fiquei intrigado...
E neste papo vai, papo vem, Pedro seguiu com Arthur. Ele tinha que ir para
a faculdade que ficava no caminho. Ao chegarem à carpintaria, eis que se via
acenar da padaria Rodrigão, Poleto e José. Era um convite para mais um encontro
rápido.
- Bom dia, meus jovens! Vai um aí? - Rodrigão ofereceu um cafezinho.
- Opa! Mas é claro! - Aceitaram.
- O de sempre para eles! - Arthur pediu ao balconista.
Pedir o de sempre, só era possível devido ao fato de que periodicamente
esta cena se repetia. Qualquer balconista, com o passar dos dias, até adivinhava
os horários em que eles viriam tomar café. Funcionava como um cortejo. Um
fantástico ritual que a vida reproduz em milhares de cantos. Só que, neste grupo,
os assuntos se revestiam de magia.
- Posso fazer uma pergunta? - Arthur aproveitou o momento. - É sobre
aqueles cristaizinhos... Podemos saber mais?
- Nas próximas reuniões, isso vai ficar mais claro. De imediato, só posso
dizer que ele é uma ferramenta importante para limpar a mente de memórias
desagradáveis.
- Interessante! Pode-se dizer, a princípio, que estou começando a entender o
que vocês estão propondo, mas ainda existem muitas dúvidas na minha cabeça...
- Nessa fase, as dúvidas são normais, fale mais. - Rodrigão se interessou.
- Ontem à noite, estive conversando com o Tizinho...
- Tizinho? Quem é?
- Ele trabalha na minha pensão. Ele é o ajudante geral.
- Ah!
- Estive especulando porque ele não estuda um pouco para melhorar de vida.
- Continue...
- Tentei de todas as formas argumentar para que ele fizesse algum curso
profissionalizante, mas a cada argumento meu ele criava uma desculpa diferente.
Depois de um tempo, desisti. Será que é possível fazer alguma coisa por ele?
- Só se ele quiser sair do poço! - Enfatizou. - Se ele não desejar, nada poderá
ser feito. Melhorar o comportamento humano inclusive nos faz pensar na
importância dos pais e educadores criarem um ambiente no sentido de permitirem
às crianças desejarem ser Elas mesmas...
E eles pararam para pensar.
José interrompeu.
- Que tal um recreio? Vejam só do outro lado da rua.
Estavam passando pelo outro lado da calçada duas moças. Como eram belas!
- Ta vendo só! - E suspiraram. - Se não sou eu vocês ficam aí bobeando.
- Ainda bem que você é o nosso cão de guarda, José! - Arthur sorriu.
- Lindíssimas! - Concordaram.
Rodrigão aproveitou o momento.
- Até entendo esses arroubos da juventude! As mulheres possuem uma aura
sedutora! Inclusive na idade em que vocês estão, os hormônios são tantos que
tais visões deixam qualquer garoto aceso. Só que o tempo passa e a vida ensina:

47
o segredo para o sucesso com elas está em vocês aprenderem a utilizar a energia
delas em seu favor. Daí a importância da educação.
- Que tipo de educação? - Eles interessaram-se.
- Oras, somente o coração pode ensinar vocês a se aproximarem delas com
sabedoria! Em resumo, é necessário saber que se uma garota estiver envolvida por
você e você por ela, ela pode alimentá-lo, e você a ela, com uma energia incrível.
- Completou Rodrigão.
- Nossa! Pelo visto temos muito que aprender. - Observaram.
- Realmente! - Rodrigão concordou. - Deem tempo ao tempo. Ao longo das
palestras, entenderão muita coisa, mas vamos trabalhar. Agora tenho que ir para
São Paulo.
E foi cada um para o seu lado. Pedro se encaminhou para a faculdade; José e
Arthur foram para a oficina; cada qual com sua interrogação.

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CAPÍTULO SEIS
EXERCÍCIO PARA A HARMONIA DO EU

- Silêncio, por favor! - Pediu o professor. - Hoje iniciaremos uma técnica


milenar. Ela contém princípios importantíssimos para nosso trabalho. Inclusive
se complementa para explicar a terapia dos Cristais Radiônicos. - E cobrou um
momento de muita atenção.
- Vocês já aprenderam que atualmente vivemos mergulhados num universo
de informações ruins e que nossa essência pode ficar sufocada diante delas. Aliás,
não é bem pode, uma grande parcela já se perdeu em suas mazelas.
E fez sua pausa costumeira para observar a atenção o grupo.
- Sabe-se que quem se aventura a dar cultura para o povo, sem uma base
sólida, sem alicerçar-se no autoconhecimento, holisticamente falando, provoca
grandes problemas. Aliás, já estamos com enormes dificuldades! Recentemente,
a OMS publicou um relatório alertando as nações para uma epidemia mundial de
doenças crônicas. Hoje, sabe-se que 24.000.000 de pessoas morrem, anualmente,
principalmente de câncer, problemas circulatórios e respiratórios, e no ano 2020
este número vai dobrar.
- A razão? Qualquer observador da natureza humana descobre a lógica de um
processo natural que o homem está evoluindo e que somos animais aprendendo a
amenizar nossos instintos, permitindo a manifestação de nossas essências. Assim,
concluímos sobre a necessidade, que sempre houve de educadores, com grande
compreensão da vida, para indicar-nos o caminho.
- Nota-se que, no início dos tempos, as ideias necessárias para desenvolver a
essência individual de cada um sempre existiram. Nós, ocidentais, é que, em nossa
luta particular, e com nosso espírito de conquistadores egocêntricos, limitamo-nos
ao raciocínio cartesiano. Tanto que, atualmente, a maioria infelizmente só aceita
aspectos científicos. Aspectos em que, para nossa cultura, podem ser magistrais,
mas é um ponto de vista em que sabemos, no fundo de nossos corações, não ser
tudo.
- Mas hoje, devido aos inúmeros problemas sociais e graças à globalização,
o homem está sendo forçado a ampliar seus horizontes. Romper paradigmas...
Repensar o passado.

LUZ DO ORIENTE

- Acreditem! Somos constantemente bombardeados por efeitos cósmicos,


ambientais e telepáticos. Daí, no meio de tantas influências sutis, se quisermos
ampliar nossa consciência da vida humana, podemos fazê-lo através da Medicina
Tradicional Chinesa (MTC).
- Por que a MTC?
CÉU
- A MTC e toda a filosofia taoísta que ela
representa, é considerada como um patrimônio da
humanidade. O objetivo máximo dela é ensinar o
homem a viver em harmonia com as energias celestes e
terrestres.
- Para se ter uma ideia da grandiosidade dessa
ideologia, ao longo de mais de 5000 anos, os mestres
taoístas, ao centrarem as atenções na compreensão das
conexões entre as forças do universo exterior e as forças
do corpo humano, notaram que o nosso mundo interior
é idêntico ao mundo exterior. Logo, descobriram que
toda vida humana é estruturada e influenciada por um
grupo de estrelas que incluem os planetas e as partículas
TERR A cósmicas. Em outras palavras, eles descobriram que o ser
humano necessita absorver muito mais que nutrientes.
Ele necessita também das energias contidas nas estrelas.
- Segundo tais preceitos, conclui-se que as forças naturais dos astros e
da Terra também alimentam o nosso sistema nervoso, nossos órgãos, nossas
glândulas, nossos sentidos... E nossa essência.
- No aspecto prático, duas grandes escolas se sobressaem: A Escola yin-yang
e a Escola dos 5 movimentos ou 5 elementos.

ESCOLA YIN-YANG

- Dizem que foi Fou Hi, 2953 a.C., o formulador da teoria yin-yang. Reza a
tradição que ele, observando os céus, contemplou as estrelas e, baixando os olhos,
viu o que acontecia na Terra, percebendo que vivemos em extremos mutáveis
denominados de yin e yang. Segundo observações de Fou Hi, o yin e yang
são a causa da produção e do desenvolvimento dos fenômenos manifestados e
também a causa da destruição e desaparecimento deles. Não pode haver yin sem
yang e vice-versa! Dentro do yin existe uma parcela de yang. Dentro do yang
uma parcela de yin. Daí a noite transformar-se no dia e o dia na noite e assim por
diante. Eis alguns exemplos:

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YIN YANG
Terra Céu
interior exterior
noite dia
sono atividade
maciço oco
gorduroso musculoso
mole duro
digestão lenta digestão rápida
frio calor

ESCOLA DOS 5 ELEMENTOS

- Dizem que foi Cheng Nong, 2838 a.C., o fundador da escola dos 5 elementos
ou movimentos. Apaixonado pela lavoura e criador do arado de madeira, ao
observar a natureza, encontrou o número 5 relacionado. Ele notou: Temos
5 pontos de referências: Norte, sul, leste, oeste e centro. Centro porque sem
uma referência central os outros 4 pontos cardeais não existem. Predominam
5 cores na Natureza: Verde, vermelho, amarelo, branco e preto. Há 5 sabores
básicos: Azedo, amargo, picante, doce e salgado. Ouvimos 5 sons básicos: Grito,
gargalhada, canto, choro e gemido. Temos 5 sentidos, 5 órgãos e 5 vísceras.

SAÚDE! MANIFESTAÇÃO DO SHEN

- Dentre outras coisas, para o que nos interessa, a MTC, através do Imperador
Amarelo, ensina-nos a analisar a quanto nossa essência ou Shen, produto de um
Shen celestial destinado a uma vida terrena, está atuando nos 5 elementos, nos 12

51
meridianos principais e, consequentemente em nosso organismo. Vejam a figura.
- Para a MTC, não existem
doenças como as que conhecemos
no ocidente. Segundo ela, são
várias as causas que provocam
as enfermidades: alimentação
inadequada, dormir pouco, muito
esforço físico, qualquer excesso...
Mas nada é tão intenso quanto o
desligamento de nossa essência.
Afinal, sem Ela nos perdemos na
estrada e ficamos ao léu...
- Outro detalhe dessa cultura
milenar é como ela explica a relação
da essência com a mente. Para ela
- continuou - nossa mente deve
ser considerada como uma CPU -
orientou.
- Nela, as memórias inconscientes
abrangem um todo, onde os órgãos:
coração, baço-pâncreas, pulmão, rim
e fígado armazenam e são afetados por cinco emoções. - E especificou cada uma delas.

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- Detalhe: É importante ressaltar que o coração possui a função de albergar
a essência. Logo, o coração é o grande imperador - ressaltou. - Os outros órgãos:
rins, fígado, baço-pâncreas, pulmões, são os ministros a serviço Dele. Na figura,
isso fica bem claro. O sangue, que é bombeado para o cérebro, sempre estará à
mercê de medos, raivas, tristezas e preocupações. Emoções estas armazenadas,
respectivamente, nos rins, fígado, pulmões e baço-pâncreas, caso nossa essência
deixe de governar.
- Daí o segredo dos Cristais Radiônicos! - Ressaltou. - Quando eles são
colocados nos pontos auriculares que representam os órgãos dos 5 elementos,
com o paciente focalizado no problema que deseja se livrar, instantaneamente
eles corrigem a energia desses órgãos para padrões que somente se encontram em
lugares santos... Nesse padrão, a essência volta a brilhar! E é por conta Dela que
as emoções desagradáveis se humanizam... Mas é ilusório imaginar que apenas
os cristais, aliviando vossos medos, angústias, raivas, depressões... Sejam por si
suficientes. É necessário aprender a andar no caminho Dela.
E fez uma breve pausa como que preparando o momento.
- O exercício de agora é denominado exercício do sorriso interior. Feito
regularmente ele ajuda exteriorizar as memórias ruins a que estivemos
submetidos. Auxilia também a nos proteger daquelas a que estivermos sujeitos.
Vejam uma constatação com fotos kirlian.
- A foto 1 tirei antes
de aprender os exercícios
que ensinar-lhes-ei.
-A­­­ foto 2 foi depois
de três meses de práticas
diárias.
- A foto 3 foi para
saber se havia um
resultado imediato logo
após o exercício. Ela foi
tirada 15 minutos depois
da foto 2.
A seguir, ele os convocou. Primeiro mandou sentarem na ponta da cadeira,
mantendo a coluna ereta. Depois, que colocassem a palma da mão direita sobre
a palma da mão esquerda, entrelaçando-as e repousando-as suavemente sobre o
colo. Completou as preleções avisando:
- Caso sintam tonturas, vertigens ou algo estranho, dirijam a atenção para as
solas dos pés.
Ressaltou que, concentrando-se nas solas dos pés, o problema logo
desaparecia. Finalizou dizendo que sempre que ele pedisse para sorrirem para suas
funções orgânicas, que o fizessem de verdade, tanto interna como externamente.

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EXERCÍCIO DO SORRISO INTERIOR

Concentre-se nas solas dos seus pés... Imagine uma tênue energia da terra
subindo pelos seus pés em direção aos seus joelhos... Permita que a energia que
subiu dos pés para os joelhos se dirija para as suas coxas e depois em direção
ao seu sexo e púbis... Concentre-se agora na sua bexiga e rins... Permita que
a energia que sobe pelos pés e pernas se acumulem nos rins, bexiga e órgãos
sexuais, formando uma imensa bola energética aí... Agora, imagine esta bola
energética subindo pela sua coluna em direção ao seu cérebro... Permita que a
energia se transfira para o seu cérebro via coluna... Relaxe-se e expanda cada vez
mais esta energia no seu cérebro... Segure esta sensação no cérebro.
Agora visualize o imenso oceano azul na sua frente... Veja as ondas do mar...
Ouça o mar... Sinta a brisa da praia... Imagine também um tênue vapor saindo
do mar azul em direção a você... Imagine este vapor sendo sugado pelos seus
rins e bexiga, somando-se à energia da terra proveniente de seus pés... Sinta esta
energia lhe trazer frescor e bem-estar... Sorria esta energia nos seus rins e alegre-
se cada vez mais com essa revigorante energia azul do oceano... Agora converse
com seus rins e veja se existe medo ou insegurança aí... Se houver, pinte todo
medo e toda insegurança com a energia azul do oceano... Sorria a energia azul
nos seus medos e nas suas inseguranças... Ao mesmo tempo, permita que esta
energia centralizada e acumulada nos seus rins se interligue com seu fígado...
Sinta o seu fígado ficar repleto com a energia azul do rim...
Agora visualize uma floresta iluminada pelo sol... Veja o verde... Ouça e
sinta todo o frescor do vento suave da floresta... Permita que a energia verde
e refrescante da floresta seja sugada pelo seu fígado... Sorria e alegre-se com
a energia da floresta no seu fígado... Sinta o seu fígado recebendo a energia
proveniente do rim juntamente com a energia proveniente da floresta... Converse
com seu fígado e veja se existe raiva ou frustração nele. Se houver, pinte toda a
raiva e toda frustração com a energia verde da floresta... Sorria a energia verde
nas suas raivas e frustrações... Espalhe esta sensação para todo o seu corpo,
principalmente para o seu coração... Permita que a energia alegre e verde do seu
fígado passe para seu coração.
Agora visualize um belo sol nascente... Sinta o calor e a energia vermelha que
o resplandecente sol nascente lhe trás... Sinta-se mais e mais revigorado... Sorria
e permita que seu coração alegre-se sugando os raios vermelhos do sol, transmita
através da corrente sanguínea esta sensação vermelha de bem-estar para todo o
seu corpo... Converse com seu coração e veja se existe alguma emoção forte nele...
Lembre-se de que todas as emoções passam pelo seu coração... Se houver, pinte
todas essas emoções com a energia vermelha do sol... Agora interligue seu coração
com seu baço e pâncreas... Visualize a energia vermelha do coração alimentando o
seu baço e pâncreas.
Agora visualize uma fonte de intensa luz dourada, reflexo da luz do sol,
brotando da terra... Imagine o seu baço e pâncreas sugando esta luz dourada da

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terra... Sorria e sinta o seu baço e pâncreas alegrando-se mais e mais com esta
luz dourada... Converse com seu baço e pâncreas e veja se existem preocupações aí.
Se houver, pinte todas as preocupações com a energia dourada... Sorria
a energia dourada da terra nas suas preocupações... Permita que a sensação
de bem-estar do seu baço e pâncreas se espalhe para todo o seu corpo,
principalmente para seus pulmões... Visualize um alegre canal de interligação
dourado de seu baço e pâncreas com seus pulmões... Permita que a revigorante
energia amarela do seu baço e pâncreas se some à energia do ar em seus pulmões.
Agora se transporte mentalmente para o alto de uma montanha... Veja, ouça
e sinta o ar branco e cristalino da montanha... Sinta toda a energia que o ar da
montanha contém... A cada inspiração, sorria o ar puro e branco da montanha...
Sorria e sinta os seus pulmões se revigorarem com ele... Converse com seus
pulmões e veja se existe tristeza ou melancolia aí... Se houver, pinte toda a
tristeza e toda a melancolia com a energia branca do ar da montanha... Sorria a
energia branca nas suas tristezas e melancolia.
Agora, interligue os seus pulmões com os seus rins... Visualize um canal de
interligação de seus pulmões para seus rins... Permita que a energia acumulada
nos seus pulmões se transfira para seus rins... Sinta a energia nos seus rins e
bexiga aumentarem mais e mais... Finalmente, transfira-as para seu cérebro via
coluna...
Agora, volte-se para o seu cérebro e sinta ele se expandir com a energia do
sorriso proveniente dos rins... Faça a energia do seu cérebro tomar conta de seu
ambiente... Expanda esta energia por toda a sua casa... Por todo o seu bairro...
Pela sua cidade... Pelo seu Estado... Pelo seu país... Pelo seu continente... Pelo
planeta Terra... Pelo sistema solar... Pelo universo... Faça uma pausa e sinta-se
uma célula no coração do Criador do Universo... Deixe a resplandecente energia
do Criador agasalhar você... Agora, ao seu tempo, recolha a energia expandida
para o universo novamente para você... Demore-se o tempo suficiente para isto...
Finalmente, abra seus olhos sentindo-se muito melhor que antes.

Terminado a atividade, ensinou armazenarem a energia do sorriso. Para tanto,


orientou circularem as mãos ao redor do umbigo. Fizeram 36 vezes no sentido
horário e 24 vezes no sentido anti-horário - para os homens, - e 36 vezes no
sentido anti-horário e 24 vezes no sentido horário - para as mulheres. Depois
pausaram...
- Nossa! Que sentimentos de paz! - Paulinha gostou.
- Incrível a sensação! - Arthur elogiou...
- Realmente! - Percival concordou.

* * *

- Podemos afirmar categoricamente que somos seres de luz governados ou


não pela nossa essência. - Recomeçou o professor. - Hoje, depois das teorias da
física quântica, não há a menor dúvida. Cientistas afirmam que se tirarmos todos
os espaços atômicos do planeta Terra, com 40.000 km de circunferência, o planeta

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fica deste tamanho: - Exemplificou gesticulando como se tivesse uma bola de
futebol entre as mãos. - Agora imaginem o que significa nosso corpo físico diante
dessa premissa. - Sugeriu.
Naquele momento, tudo que se via eram olhares antenados nas palavras que
pouco a pouco davam forma às ideias que o professor desejava transmitir.
- E é dentro deste contexto que temos o significado do que Lao Tse descreveu
faz milhares de anos em seu livro Tao Te King: “Casas são feitas de paredes; rodas
são feitas de aros; vasos são feitos de barro... Enfim, em tudo que há no mundo, o
que se vê parece ser o mais importante, mas o que é realmente importante está no
imaterial”.
- Segundo Lao Tse, o mundo das aparências nem sempre traduz a realidade.
Ele alertou a procurarmos no interior das coisas o verdadeiro valor de tudo
- aconselhou. - E ninguém conhece melhor o caminho que nossa essência. -
Enfatizou.
- Outro detalhe se refere à descoberta de que nosso corpo compõe-se de,
pelo menos, 75% de água, e que esta armazena em suas moléculas a emoção do
ambiente. - Citou Massaru Emoto.
- Daí a origem das doenças. Quando permitimos que o medo, a raiva, a
inveja, a luxúria e tantas outras coisas negativas ganhem força em nossas mentes,
a água contida em nosso organismo deixa de ser metabólica.
Nisso, o Sr. Carlos pausou por alguns instantes para saborearem o momento.
Depois, prosseguiu.
- Em palavras mais objetivas para o momento - continuou, - se quisermos
aprender a andar pelas próprias pernas, precisamos permitir a manifestação de
nossa essência. E um caminho é sorrir para Ela! Como tarefa de casa façam o
exercício do sorriso todos os dias. Tenho aqui alguns CDs gravados. - E entregou
uma cópia para cada um.
- Façam-no pelo menos 3 vezes ao dia. Uma vez ao levantar, outra depois do
almoço e outra antes de dormir. Pratiquem, pratiquem... Pratiquem! - Ordenou.

56
CAPÍTULO SETE
COMEÇO DAS PRÁTICAS

Nos primeiros lampejos da manhã, Arthur pegou seu aparelho de som,


colocou o fone para não perturbar seus colegas, encaixou o CD com o exercício
do sorriso, sentou-se na ponta da cadeira e seguiu as instruções. Depois foi tomar
seu café matinal.
Percival e Pedro ainda dormiam.
Terminado seu desjejum, despediu-se do pessoal e saiu acelerado para mais
um dia de trabalho. Pelo seu semblante, via-se que tinha assunto para o dia todo.
Logo que entrou na carpintaria, cumprimentou José e Poleto e pôs-se às tarefas.
Poleto logo foi cobrando resultados.
- Arthur! Este conserto precisa ficar pronto até às 12:00.
- Qual é o problema dele? - Ele quis saber.
- Dá uma olhada na ficha! Você não sabe ler? - Reclamou.
- É que sua letra parece letra de médico. - Justificou-se.
Poleto meio mal-humorado esbravejou.
- Pô! Ta mais que legível. Dá uma confirmada, José. - Pediu a ele:
E ele pegou a ficha...
- De... de... O quê? Arre! Impossível! - Confessou o amigo...
Para José e Arthur, Poleto era como um pai. Ele tinha aprendido a profissão
com imigrantes italianos. Tanto que nos seus 30 anos de prática era reconhecido
como um dos melhores marceneiros da região, mas não perdiam a oportunidade
para provocá-lo. Escrever não era seu forte.
- Viu, Poleto! - Arthur aliviou-se. - Duvido que alguém consiga ler.
No meio da conversa, eis que chega Rodrigão.
- Que risadas foram aquelas? Dava para ouvir até do outro lado da rua...
- Quer saber o motivo, Rodrigão? É a letra do Poleto. Veja se consegue
entender o que está escrito aqui? - E José entregou-lhe a ficha.
- Nossa! Não estou entendendo nada. - Também confessou.
Aí não teve jeito...
- Vão se ferrar! - Poleto esquentou pra valer. - Vocês estão querendo é me gozar...
E haja risadas. Quanto mais o amigo tentava se justificar, mais eles se divertiam.
Até que num dado instante, depois que se acalmaram, ouviu-se o clássico convite:
- Que tal um cafezinho?
E lá foram eles para a padaria. No caminho, Arthur, costumeiramente
aproveitou a presença de Rodrigão.
- Hoje fiz o exercício do sorriso pela primeira vez.
- Muito bem, Arthur! - Ele gostou de ouvir. - Fico feliz que esteja se
esforçando. Você notou como a alegria é importante em nossas vidas? - Observou,
referindo-se ao que tinha acabado de ocorrer. - Com alegria no coração, tudo se
ilumina!
Na oficina, Arthur pegou o móvel, desparafusou a fechadura, e descobriu
na hora o problema. Daí, desmontou a fechadura, encaixou a mola e,
instantaneamente, abriu e fechou a porta, testando-a. Depois, voltou-se para
Poleto.
- Pronto! O que faço agora?
- Preciso que você vá para São Paulo... - Lembrou. - E deu-lhe uma lista.
- O Rodrigão vai daqui a pouco para São Paulo. Que tal pegar uma carona? -
José sugeriu.
E Arthur saiu voando para o comércio do amigo. Rodrigão trabalhava com
projetos industriais, o que o obrigava a, periodicamente, ir para a capital contatar
várias empresas.
Mal o carro deu partida, ele puxou assunto.
- Interessante as palestras...
- Está gostando, Arthur?
- Muito! Tanto você como o Sr. Carlos falam de coisas muito sérias. É como
se vocês adivinhassem meus problemas. Questionamentos que para mim não
tinham solução começaram a clarear.
- A vida é uma escola, Arthur! E a maior lição que ela ensina para todos nós
é que sem alegria tudo fica difícil...
- Estou começando a compreender isso, mas confesso que ainda estou
confuso.
- Não se preocupe! É assim mesmo... Para tudo é necessário um tempo de
maturação - e Rodrigão exemplificou:
- Uma pessoa só se transforma em médico porque passa seis anos numa
faculdade de Medicina. Outra pessoa só se transforma em engenheiro porque
estuda cinco anos. Um auxiliar de pedreiro só se transforma em pedreiro se passar
um bom tempo trabalhando com um pedreiro e assim por diante.
- Mas de nada adianta a gente estudar para ser engenheiro, médico ou
qualquer outra coisa. Tão importante quanto aprender uma profissão é desejar
fazer o bem com ela. Sucesso profissional sem seguir os desígnios de nossa
essência é um martírio!
- Ouça, Arthur, ter uma profissão não é garantia nenhuma de felicidade. De
nada adianta ter uma profissão se você perder a si mesmo...
Neste instante, fez-se silêncio. Eles já estavam na subida da serra. E entre

58
uma curva e outra o assunto ia se aquecendo.
- Sobre o exercício do sorriso, você apenas teve um vislumbre. Os benefícios
do seu esforço nele se farão mais evidentes depois de seis meses. Tempo mais
do que suficiente para ele fazer uma faxina no seu interior e condicioná-lo a se
proteger de pensamentos obsessivos. O segredo está em praticá-lo. - Ressaltou. -
A luz elimina as trevas! Não existe negatividade que sobreviva na chama de sua
essência.
- Mas não é nada fácil!
- Estamos prontos para ajudá-lo! Em termos de importância, a terapia dos
cristais e o exercício do sorriso são complementares. O exercício do sorriso
exteriorizando os problemas do qual não tem consciência! Os Cristais Radiônicos
atuando na limpeza e conscientização. Depois virá o melhor da história. Já ouviu
falar que semelhante atrai semelhante?
- Sim, mas também não entendi bem o que isso significa.
- Pessoas negativas atraem pessoas negativas. Pessoas positivas atraem
pessoas positivas. Eis o caminho para o sucesso! Ele é o prêmio de quem
perseverar conosco.
Neste ponto, já estavam na rodovia principal que levava ao destino proposto.
Agora já não eram mais curvas e matas. Entraram numa estrada deveras
movimentada, barulhenta e enfumaçada. Ao longe, viam-se os primeiros prédios
da capital e fez-se uma pausa. Quando menos esperavam, já estavam em pleno
centro de São Paulo.
- Então, Arthur! - Rodrigão quebrou o silêncio. - Continue com as práticas.
Depois nós continuaremos o papo. Agora precisamos colocar os pés na terra e
trabalhar um pouco no mundo dos homens. A rua do Gasômetro é logo ali - e
mostrou. - Prepare-se para descer.
Rodrigão parou rapidamente. E, enquanto Arthur via o carro do amigo se
distanciando, ele ia confabulando suas obrigações. Passou nas lojas indicadas,
comprou as peças e dirigiu-se para a estação ferroviária no Brás. Quando viu
aquele monte de gente se apinhando nos trens, pensou consigo mesmo: “Hoje o
bicho vai pegar!”.
Adquiriu sua passagem, criou coragem e se atirou no meio da multidão. Era
um Deus nos acuda! A massa humana que esperava o trem era imensa.
Entrou milagrosamente num vagão e se pendurou apertado no suporte do
teto. Olhou para as pessoas e tudo que se via eram rostos perdidos na solidão de
si mesmos. E ele ali no meio da confusão... Aproveitou e foi matutando: “Nossa!
O que faz as pessoas serem assim? Isso não é vida! Pra que tanto sofrimento?”. E
o trem chacoalhando de um lado para outro. Vez ou outra passava um ambulante
se esgueirando no meio dos corpos.
- Olha a água geladinha!
- Amendoim quentinho!
- Chocolate!
- Uma ajuda pro ceguinho...
O trem era um circo humano. O espetáculo? A própria vida! E Arthur ia
pensando com seus botões: Será que não é possível uma vida melhor para todos?

59
De tempos em tempos, o trem parava em uma estação e era aquele empurra
de entra e sai até que chegou em Boigi. Ao descer do vagão, teve a impressão de
que emagreceu 10 quilos. Aprumou-se e se encaminhou para a carpintaria. Devia
ser quase meio-dia. Enquanto andava, ia pensando no que se passou... E teve
um estalo: Estou começando a entender a mensagem... Se as pessoas quiserem
melhorar suas vidas, elas precisam eliminar os obstáculos que impedem a
manifestação de suas essências. O mal não pode ser combatido no mundo! Ele só
pode ser combatido dentro de mim.

O PROCESSO DE HARMONIZAÇÃO

Arthur ajeitou-se na cama. E, enquanto ouvia o exercício do sorriso, o sono


foi chegando, chegando... Até que adormeceu.
No dia seguinte, acordou preocupado. Teve alguns pesadelos. Levantou-se
e viu as horas. Eram apenas 6h. No caminho para o banheiro, recordou de suas
últimas lembranças: “Credo! Que noite tenebrosa!”.
De volta ao quarto, refez o exercício. Ele não queria esmorecer. Notou que
tinha uma oportunidade de ouro em suas mãos. Daí, determinou-se a praticar pelo
menos duas vezes todos os dias.
Terminando o mesmo, tomou seu café regularmente e foi à luta, no caminho,
encontrou Rodrigão.
- Que coincidência! - Arthur exclamou.
- Coincidências não existem, meu jovem. - Observou este.
- Sério?
- Podes crer. Está tudo bem com você?
- Nem te conto, Rodrigão. Tive um pesadelo danado!
-Sério?
- Faz um tempão que eu não tinha um sonho destes. - Reclamou.
- Você está fazendo o exercício direitinho? - Quis saber o amigo.
- Sim! Por quê?
- Então foi por isto que você teve o pesadelo... Eu lhe avisei. Lembra-se?
- Realmente! - Concordou Arthur.
- É o processo de exteriorização que lhe falei. - Explicou ele... - Alguns ficam
com diarreia, outros ficam com medo. As reações variam de pessoa para pessoa.
Em resumo, o exercício do sorriso faz com que toda a sujeira acumulada em seu
interior, ao longo dos anos, seja empurrada para fora.
- Inclusive pensei em pedir ajuda aos cristais. - Arthur observou...
- Sem dúvida, mas além dos cristais - ele tranquilizou - você também pode
se auto limpar, permitindo que tais negatividades sejam encaminhadas para a
terra. Para tanto, basta refazer o exercício do sorriso. A dica é imaginar qualquer
negatividade que aflorar ser absorvida naturalmente pela terra. Se for medo, deixe
a terra absorvê-lo, se for irritação, deixe a terra absorvê-la e assim por diante.
Entendeu?
- E resolve?
- Ajuda bastante! Na próxima reunião, o Sr. Carlos ensinará a postura da

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árvore.
- Postura da árvore?! - Ele antenou-se.
- É uma técnica que, dentre outras coisas, irá educá-lo nas limpezas de todas
as emoções perversas que tentem influenciá-lo no dia-a-dia. Mas agora não é o
momento para falarmos dela. Sigamos um passo de cada vez...
Já na marcenaria, Arthur logo foi cumprimentando seus colegas. Depois,
começou a se organizar. Pegou uma escrivaninha antiga e começou a trabalhar.

61
CAPÍTULO OITO
O FIM DA GREVE

- Então vai ser agora! - Arthur levantou-se, lembrando o combinado.


E seguiu na frente. Tizinho logo arregalou-se todo quando viu os três se
sentarem à mesa. Susto parecido deu-se com os demais presentes. Dona Cida e
Maria, então, não acreditavam no que estavam presenciando. No ar, formou-se
um clima de suspense. Os três sabiam disto e qualquer deslize agora seria fatal.
Pedro diplomaticamente começou:
- Que cheirinho bom! O que temos hoje, Tizinho?
- Feijoada!
- Você pode nos servir? - Arthur completou.
Tizinho, meio sem saber o que fazer, olhou para o lado buscando aprovação
nas duas que espiavam atentamente pela porta. Quando sentiu um sinal positivo,
relaxou.
- É claro! Trago já!
Enquanto ele providenciava os pratos, não passou um minuto para que a
curiosidade feminina não se antecipasse.
- Ué! O que é que houve com os três mocinhos hoje? - Começou dona Cida
como que pronta para um bote.
- Ficamos arrependidos! - Pedro respondeu com uma cara de cachorro sem
dono que só ele conseguia reproduzir. Arthur e Percival começaram a rezar.
- Hum! Não me diga! - Continuou ela, meio desconsertada com a resposta.
- Pois é, dona Cida... Precisamos passar uma borracha no passado. - Pedro
continuou medindo as palavras.
- Mas que vocês nos ofenderam, nos ofenderam. Foi coisa de moleques! -
Desabafou.
- Nós não imaginávamos que aquilo tomasse tanto vulto. - Explicou Arthur
aproveitando a brecha do Tizinho que trazia a mistura. - Nós só queríamos
resolver a nossa azia. A senhora nos desculpe.
Ao notar a postura deles, mais as palavras de desculpa, dona Cida amoleceu.
- Se vocês vieram aqui para se desculpar tudo bem.
- Pois é, dona Cida, afinal, nós moramos aqui e não fica bem isso tudo -
ajudou Percival.
- É mesmo! - Arthur concordou.
- Então está bom! - Ela desarmou-se de vez gostando do que ouvira. Dona
Maria, então, ficou radiante. Ambas deixaram transparecer que tinham vencido a
batalha.
Depois do almoço, que caiu como chumbo na pança deles, os três se
recolheram para o quarto. Lá, pensativos, começaram a analisar as perdas e
ganhos. Eles sentiam que nunca mais seria o mesmo ambiente.
- Pelo visto nos entregamos nas mãos delas. - Arthur concluiu.
- Pois é! Eu sabia que elas não iam dar moleza! - Concordou Pedro que logo a
seguir emendou. - Pau que nasce torto morre torto.
- O que vamos fazer agora? - Percival preocupou-se.
- Podemos esperar pra ver. - Arthur raciocinou. - De uma coisa é certa:
voltando a comer aqui isso significa uma grana a mais para elas. Neste aspecto,
temos esse trunfo a nosso favor. Com o tempo, elas podem suavizar mais.
- É, mas nunca mais será o mesmo! A gente podia começar a sondar outro
lugar para nos garantirmos. Que tal perguntarmos se ainda existem aquelas vagas
na república do Toshi? - Sugeriu Percival.
- Olha que a ideia não é má! - Pedro concordou. - Vamos conversar com eles
agora mesmo? - Incentivou.
Imediatamente, levantaram-se e foram à luta. A república ficava a uns 15
minutos da pensão, numa casa de fundos com uma praça. Andaram um pouco e
atravessaram a mesma. No caminho, sujeitaram-se à típica e leve garoa de Boigi.
Ao chegarem, logo foram chamando.
- Toshi!... Toshi! - Pedro gritou.
E eis que surge o colega à porta.
- Fala pessoal!
- Podemos conversar um pouco? - Pedro pediu.
- É claro! Entrem, não reparem na simplicidade! - Avisou o colega.
Ao adentrarem, via-se uma bagunça generalizada. Havia roupas espalhadas
pela sala. Pratos e copos também enfeitavam o chão. A cena era típica para uma
confirmação de que homem para serviços domésticos é uma catástrofe. E Pedro
foi logo no assunto:
- Queríamos saber se ainda existem aquelas vagas na sua república?
- São para vocês?
- Sim!
- Por quanto tempo?
- Nosso curso vai demorar ainda! - Explicou.
- Xiiii! Acho que não será vantajoso!
- Nossa! Por quê?
- O proprietário está pedindo um reajuste alto no contrato, daí vamos ficar só
até o final deste semestre.
- Vai subir muito o aluguel? - Pedro quis saber.

64
- Vai dobrar!
- Cacetada! - Assustaram-se.
Depois disso, os três se entreolharam pensativos. Parecia que aquele dia
realmente não era dos bons. Tudo parecia sair às avessas. E quando resolveram
voltar para a pensão, ouviu-se alguns sussurros ao longe...
- Que gemidos são esses? - Arthur observou.
- É o Marcão com a namorada. - Explicou o japonês.
E isso fez com que prestassem atenção triplicada aos suspiros que se
ampliaram.
- Pelo visto o caso está firme? - Percival concluiu.
E resolveram tomar algo para não atrapalharem os pombinhos. Caminharam
até um bar. O balconista logo reconheceu o japonês. Vez ou outra participava das
festinhas da república.
E enquanto eles eram servidos, Arthur começou uma conversa.
- Toshi! É sempre assim na sua república?
- Como assim, Arthur?
- As namoradas ficam assim à vontade?
- É claro! - Toshi observou. - Tudo que você precisa é ganhar elas... De que
planeta você é?
E ele avermelhou-se todo.
- É que você ainda não conhece o Arthur! - Interferiu Pedro. - Deixa-me
apresentá-lo. Ele é nosso colega de pensão. É ele que trabalha na marcenaria do
José e Poleto. Aquela de quem lhe falei.
- Ah! Sei! - Toshi lembrou-se. - Você que é o cara? - Alegrou-se. - O Pedro
tem falado muito de você! Se você imagina que o que viu hoje aqui é estranho,
Arthur, você precisa participar de uma festa nossa. Mulher é o que não falta
nelas...
- Do jeito que vocês falam, no mundo tudo é sexo, sexo... E sexo! E onde é
que entra o amor? - Arthur se indignou.
- Amor e sexo andam juntos, Arthur! - Toshi argumentou. - Você é que está
fazendo confusão... Como dizia meu pai: Segurem suas cabritas que meu cabrito
está solto! Hoje ninguém é de ninguém. Escorregou, o cachimbo cai... Bobeou, a
fila anda. Fica esperto!
Sentindo que a conversa não ia dar em nada, e como já passava das 16:00,
Arthur resolveu sair de fininho. Ele tinha que fazer suas lições e argumentou
nesse sentido. Percival e Pedro continuaram a conversar com o colega.
Já no seu quarto, arrumou seus livros, mas, antes pegou seu gravador, refez
o exercício do sorriso. Depois, pensou consigo mesmo: “Pois, para mim, amor
combina principalmente com compromisso... O senhor é meu pastor, nada me
faltará”... E se dedicou às suas tarefas.
Seguindo a rotina diária, tomou seu banho, foi jantar e depois dormir. Lá
pelas 3:00 da madrugada, acordou novamente com pesadelos e lembrou-se
da explicação do Rodrigão, repassou mentalmente o exercício do sorriso... E
adormeceu.

65
O CONVITE

Ainda meio atordoado com o dia anterior, Arthur foi encontrando suas forças no
trabalho. Tanto que depois de algum tempo ele estava completamente envolvido em
suas tarefas normais. No meio da tarde, surgem de surpresa Rodrigão e o Sr. Carlos.
- Olá pessoal! Bom dia José, Poleto... Com licença! Eis ali o nosso jovem amigo.
- Rodrigão apontou para Arthur.
- Tudo bem Arthur? - Sr. Carlos se aproximou.
- Tudo! - Arthur se alegrou com a visita repentina deles.
- Viemos aqui hoje para lhe fazer um convite. - Explicou o professor. - É para
você estudar em nosso grupo avançado. O Rodrigão me disse que você já está
preparado.
- Vocês possuem um grupo avançado? - Arthur gostou de ouvir.
- Sim! O grupo no qual você começou é apenas para iniciantes. -
Complementou.
- Mas e as reuniões das quais já participo?
- Não se preocupe! Você pode continuar a frequentá-las. - Explicou o professor.
- Interessante. - Ele simpatizou-se.
- Não é qualquer um que pode participar do grupo avançado. - Explicou o Sr.
Carlos. - Nele é necessário dedicação. Por isto é que a cada dia que passa a sua turma
está diminuindo.
- É verdade! - Arthur concordou. - Na primeira reunião, éramos em muitos, na
segunda diminuiu, na terceira, vieram menos ainda e tenho observado que muitos
não estão nem aí.
- Então, meu caro jovem - Sr. Carlos continuou, - você está oficialmente
convidado.
- Mas será que estou pronto? - Ele duvidou de si.
Percebendo a insegurança, o professor continuou.
- Vê-se que você é uma pessoa humilde. Pelo visto, vai ser uma honra tê-lo
a nosso lado. Aqui está o endereço - e deu-lhe um cartão. - Nos reunimos lá aos
sábados às 15:00. Quando quiser, é só aparecer.
E despediram-se. Arthur leu o cartão: Grupo Avançado para o Estudo do
Homem.
Quando Rodrigão e Sr. Carlos saíram, Arthur puxou conversa com José e
Poleto...
- Por que será que ele não estendeu o convite para vocês?
- Não é minha praia. - José confessou. - Lá a gente sempre tem muitas coisas
para estudar. Prefiro participar de reuniões menores, sem grandes responsabilidades.
Acho que você vai se dar bem nesse novo grupo. Quanto ao Poleto, imagina só ele
estudando. Ele nunca comprou um livro...
- Vai te catar! - Retrucou Poleto.
E assim passou o dia. Já eram quase 10h e o dia se encaminhava para mais uma
etapa. Pouco a pouco Arthur ia notando que as reuniões estavam se incumbindo de
esclarecer suas dúvidas existenciais.

66
CAPÍTULO NOVE
NOVA REUNIÃO

Depois de usar os Cristais Radiônicos nos participantes e sem perder tempo,


o professor pediu para todos se sentarem na posição inicial para o exercício
do sorriso interno. Fizeram o chacoalhar da coluna e logo depois repetiu as
instruções. Ao final de meia hora, tempo mais que suficiente para o exercício,
começou com novas instruções.
- Sabem a razão de colocar os cristais em vocês antes do exercício? É para
eles atuarem instantaneamente nas limpezas dos problemas que o exercício
exterioriza em vocês.
E a turma se admirou...
- Compreenderam a razão da expansão da consciência na última etapa do
exercício?
E, motivado pelo silêncio, o Sr. Carlos insistiu:
- Vocês nem imaginam? - Andou de um lado para outro e fez suspense...
- Dentre outras coisas é para que sejamos bem recebidos em qualquer lugar! -
Completou.
- Como assim? - Interessou-se Arthur.
- Pensem um pouco! - E começou a elucidar. - Um dos segredos do sucesso
está em emitirem sempre pensamentos de alegria para todos os seres. Ao
expandirem alegria para todos os cantos do universo, sutilmente deixarão um
pouco de perfume nas mãos de todos os seres. Perfume este que um dia será
reconhecido pelas pessoas. Daí serão inconscientemente bem recebidos por elas...
- Mas, para isto, é necessário praticar. - Cobrou o Sr. Carlos. - Sem dedicação,
nada cairá do céu. Alguém tem alguma colocação sobre o exercício do sorriso? -
Especulou.
E mais uma vez fez-se silêncio... E ele tentou ajudar com perguntas.
- Alguém sentiu tonturas?
Ao que Aninha se pronunciou.
- Eu senti! - Ela interessou-se.
- Isto acontece quando você está sem ground ou terra. Quando fizer
novamente o exercício e sentir tonturas, concentre-se na sola dos seus pés
imaginando um fluxo de energia para a terra. Faça isso até a tontura passar.
- Sr. Carlos? - Interpelou Arthur.
- Sim, meu jovem!
- Explica sobre o calor que nós sentimos quando fazemos o exercício do
sorriso?
- Simples! Quando vocês sorriem para os órgãos, libera-se calor neles. Isso
indica um movimento de exteriorização dos problemas armazenados nos órgãos!
Quando eles estiverem limpos, a sensação de calor some. - Ele explicou.
- Nossa! - Arthur iluminou-se...
- Pois pratiquem e observem. Tem certas coisas que só a prática consegue
explicar. - O professor completou.
- E como é que vocês estão se sentindo no geral? - Continuou o professor. -
Estão se sentindo mais dispostos?
- Eu particularmente estou me sentindo muito melhor. - Aninha confessou...
- O exercício do sorriso foi apenas um começo. - Sr. Carlos lembrou. - Preciso
ensinar hoje um novo exercício. Ele é muito importante nas nossas lutas visíveis e
invisíveis - e escreveu na lousa: Postura da árvore.
- O exercício da postura da árvore também é uma técnica muito antiga. -
Explicou. - Todas as artes marciais a ensinam. Ela nos educa para uma conexão
energética entre os céus e a terra. Aliás, eu costumo dizer que a postura da árvore
é para nos lembrarmos continuamente de manter nossa cabeça nos céus e os pés
na terra.
- Já ouviram falar: Maria vive com a cabeça na lua; João é um sonhador;
Fulano é extremamente materialista - especulou. - Tais comportamentos -
continuou, - ocorrem devido à falta dos princípios da postura da árvore. Para os
taoístas, devemos ter sempre os pés no chão e a cabeça nos céus... - Repetiu.
Depois disso, ele mostrou uma figura.

- Vejam que pelo desenho vocês devem dobrar levemente os joelhos. Tal
inclinação deve ser feita da seguinte forma - e explicou: - Primeiro afastem seus
pés no comprimento de seus ombros, deixando a linha interna deles formarem um
paralelo. Feito isso, dobrem seus joelhos até que os mesmos tapem a visão de seus
pés. Posteriormente alinhem suas colunas, encaixando o cóccix. Detalhe: deem

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uma leve torção nos seus calcanhares, como se estivessem torcendo os mesmos
para dentro, mas sem mexerem os pés - avisou. - Quando vocês torcerem seus
calcanhares, haverá uma pressão do lado interno dos joelhos. - Prosseguindo,
levantem seus braços como se estivesses abraçando uma árvore, mantendo os
cotovelos dobrados e na linha do coração. Finalizando, deem uma leve torção
para fora nos antebraços. Sintam seus pés enraizados na terra e a cabeça plugada
no céu. Procurem ficar nessa posição pelo menos 10 minutos todos os dias. Depois
de alguns meses, essa conexão se tornará automática.
Prosseguindo, ele complementou:
- Outro detalhe importantíssimo é compreender a filosofia da figura - e
explicou-a: - O espaço interior do círculo representa o homem. O caldeirão
representa uma usina gerando e distribuindo energias pelo nosso corpo para que
ele seja operacional. Já os oito trigramas: reflexão, água, céu, lago, terra, fogo,
vento, trovão possuem uma mensagem velada - frisou.

- Para ter sucesso nesta vida - continuou - os mestres orientais indicam


várias fórmulas. Uma delas é observar um dos ensinamentos da filosofia dos oito
trigramas. Nele, aprendemos que devemos ser adaptáveis (água) como a natureza
da água. Que devemos refletir (montanha) a vida como um todo, incitando-nos
(trovão) a ela. Contudo, devemos nos lembrar de que todas as obras da natureza
são feitas com suavidade (vento). A suavidade vence o pior inimigo! Ao seguirmos
pela vida nos adaptando... Refletindo e nos incitando a ela com suavidade,
estaremos em condição ideal para plantar (terra) e colher alegrias (lago). Teremos
daí muitas chances de um sucesso brilhante (fogo), pois, com certeza, estaremos
caminhando rumo aos desígnios do nosso Eu (céu).
- A filosofia dos trigramas juntamente com a postura da árvore complementa

69
o exercício do sorriso. Conhecê-las bem faz a diferença entre o sucesso e o
fracasso. Ninguém pode dar um soco no Universo! - Ressaltou. - Paralelamente, é
por isso que se lê na Bíblia: O pouco com Deus é muito. O muito sem Ele é nada.
Já passava das 22h e um a um foi se despedindo.
- Arthur! - O Sr. Carlos interpelou o jovem ao vê-lo sair. - Não se esqueça do
nosso grupo avançado.
- Pode deixar! Prometo que darei um pulo por lá.

70
CAPÍTULO DEZ
O GRUPO AVANÇADO

Como havia prometido, Arthur arrumou-se, pegou o cartão com o endereço


e, lá pelas 14h30min, foi para o local indicado: Rua Dr. Correa, 322.
Ao chegar nas proximidades, notou um sobrado. Procurando uma referência,
viu que do lado esquerdo do prédio havia uma pequena placa com os dizeres:
Grupo Avançado para o Estudo do Homem. Tomou coragem e subiu a escada.
No final, deu de frente com uma porta. Bateu três vezes... E eis que o Sr. Carlos
atendeu.
- Arthur! Que bom que veio! - Este abriu um sorriso. - Seja bem-vindo!
Naquele momento, apenas o professor estava no local. O espaço era amplo
e aconchegante. Raios de sol, provenientes da janela que dava para os fundos,
iluminavam e acaloravam o ambiente. No centro da sala, havia uma mesa
redonda. Viam-se diversos quadros exóticos, uma estante cheia de livros,
um aquário com peixes ornamentais, uma lareira para os dias de frio, mapas
anatômicos emoldurados pelas paredes, algumas macas.
- Arthur! - Começou Sr. Carlos enquanto arrumava alguns papéis sobre
a mesa. - Você chegou num dia especial... O resto do pessoal foi buscar um
paciente. Logo mais eles estarão aqui.
Terminada a organização, prosseguiu mais tranquilo.
- Hoje estamos para iniciar um novo tratamento. Nele, você poderá
compreender inclusive sobre o aspecto consciencial da doença. É impressionante
como as doenças nos ensinam lições...
- Como assim? As doenças nos ensinam lições?! - Arthur quis saber.
- O Rodrigão vai nos trazer um caso extremamente didático - continuou
este. - Você conhece a pessoa. Ele é o pai de um amigo seu chamado Miguel. - E
convidou o jovem para se sentar.
- Conheço sim! - Ele lembrou-se. - Outro dia fiquei sabendo da sua doença.
Ele já foi em tudo quanto foi médico.
- Pois é! Sabe porque o pai do Miguel não melhorou ainda, Arthur?
- Não!
- Pense um pouco. Isso foi tema de nossas palestras. - Insistiu.
- No momento nem consigo imaginar. - Confessou.
- Então vou refrescar sua memória. Posso fazê-lo em forma de perguntas?
- É claro! - Este consentiu.
- Primeira: Do que é composto o nosso corpo? De matéria ou de energia?
- De energia. - Arthur respondeu de pronto.
- E você se lembra da proporção que existe de energia na matéria?
- A energia é infinitamente maior.
- Perfeito! Vê-se que você está pegando o jeito. Nunca devemos nos esquecer
de que nosso corpo é composto de 99,9999% de energia, sem nunca ignorar que
tudo é consciência! - Ressaltou. - A energia é apenas uma manifestação desta.
- Realmente... Mas isso ainda está difícil de acatar.
- Sabe por que é difícil?
- Não...
- Nossos sentidos nos condicionam a valorizar mais a matéria. Eu também
tive muitas dificuldades, mas estudando fui entendendo que tudo é consciência...
Sem nunca esquecer que a consciência precisa estar atrelada à essência. Daqui a
pouco você terá uma prova sobre o aspecto consciencial da energia e de seu efeito
na saúde humana. Nada como a prática para vencer certas dificuldades.
- Agora mais uma pergunta: Onde é que os médicos estão procurando a
doença do pai do Miguel?
- No físico, logicamente! - Arthur respondeu de pronto.
- Ótimo! O que você deduz daí?
- Já que somos 99,9999% de energia consciencial, e que esta deve ser
governada pelo Shen ou essência, para haver saúde no físico, eles, obviamente,
estão procurando uma agulha num palheiro.
- Dedução primorosa! - O professor gostou de ouvir.
- Não é burrice deles? - Arthur especulou.
- Não pense assim, na realidade, existe um tremendo paradigma nessa
história. Toda a sociedade ocidental foi e é vítima de um sistema político e
educacional que ainda se assusta com a essência humana... Quer ver como é que
analisamos o desequilíbrio do pai do Miguel?
- É claro! - Ele animou-se.
- Então primeiro vejamos as queixas principais. Elas nos foram antecipadas
pela sua mulher: Ele tem muitas dores de cabeça. Possui dores musculares pelo
corpo todo. Sente queimação no estômago. Sente muito calor. Tem insônia. Vive
irritado. Grita muito com os outros...
- Nossa! - Arthur espantou-se. - O pai do Miguel está tão mal assim?
- Não tanto quanto pensa! - O professor tranquilizou. - Os problemas do Sr.
Manoel serão facilmente resolvidos visto que eles ainda não se materializaram
no seu corpo. Digo isso porque ele já fez todo tipo de exame clínico e não
descobriram nada!
- Entendi...
- Pois é! - Sr. Carlos continuou. - É por isso que estamos animados. Com

72
certeza, o problema é somente psíquico. Veja como é simples o raciocínio para
se utilizar um tratamento que ensinamos - e começou a entrar em explicações
superiores. - A primeira etapa é analisar as queixas dele pela ótica da escola yin-
yang. Lembra-se da lei yin-yang?
- Mais ou menos...
- Então vamos lá! O primeiro passo é saber se nos sintomas predominam
aspectos yin ou yang? - E rabiscou para explicar melhor...
- Note que ele possui várias sintomatologias
YI N YANG yang... - Continuou o professor.
- Ele é calorento, suas dores são fortes, móveis e
estático movimento generalizadas. O problema dele também é imaterial,
interior exterior ou seja, ninguém descobriu a causa por que ela ainda
material imaterial não se materializou no corpo.
friorento calorento - Realmente...
fraco forte - Já entendeu por que isso tudo significa
patologia yang?
- Sim! Agora percebi.
- A próxima etapa neste caso é compreender as queixas dele pelos 5
elementos ou movimentos. Como se diz: A vida é uma escola onde nossas
vivências são nossos mestres. Em resumo, tudo indica que ele está com
desequilíbrio de fígado.
- Fígado?! - Arthur estranhou.
- É importante que se diga que muito além do fígado estamos falando da
energia consciencial que alimenta o fígado e suas funções fisiológicas. O fígado
na medicina chinesa é o responsável por várias sintomatologias: irritabilidade,
dores musculares, insônia...
- Mas e os problemas digestivos?
- São decorrentes da agressão do fígado no aparelho digestivo...
- Não entendi...
- Quando dispomos nossas funções orgânicas no pentagrama fica fácil de entender:

73
- Veja que há dois ciclos naturais: um ciclo de geração e outro de controle.
Na natureza, nada se cria, nada se forma, tudo se transforma - lembrou Lavoisier.
- No ciclo gerador, temos: madeira gera fogo. Fogo gera terra (cinzas). Terra
gera metal (pedras, minérios). Metal gera água (as nascentes brotam das pedras).
Água gera madeira.
- No ciclo de controle, temos: água diminui o fogo. Madeira segura a terra.
Fogo derrete o metal. Terra seca a água. Metal corta a madeira.

- No caso do Sr. Manoel, os problemas do elemento madeira, representados


pelo Fígado e Vesícula biliar, estão se espalhando para o elemento fogo e terra.
Daí os calores, a insônia, os problemas digestivos.
- Nossa! Que explicação simples! - Arthur agradeceu.
- Para encerrar, só mais um detalhe - continuou o professor. - Lembra-se da
função do exercício do sorriso?
- Aflorar as emoções negativas que se alojaram nos órgãos.
- Perfeito! O medo contamina os rins, a frustração prejudica o fígado, as
emoções fortes o coração, as preocupações o aparelho digestivo, a tristeza os
pulmões... - Revisou
- Nossa!... Agora entendo porque o fígado dele está bastante prejudicado, e
o estômago também. Deve existir nele uma mistura de preocupação com raiva e
frustração - o jovem concluiu.
- Sim! Inclusive hoje você vai entender melhor os Cristais Radiônicos.
- Por falar neles... O que eles contêm?
- Eles surgiram de pesquisas agregando Radiônica e princípios da Acupuntura
Tradicional Chinesa. Por isso que eles se denominam Cristais Radiônicos.
- E isso tem algum embasamento? - Ele estranhou...
- Plenamente... Em 1959, o físico Richard Feynman, considerado o pai da
nanotecnologia, já afirmava sobre essa possibilidade. Inclusive dizia que todas
as palavras escritas na história da humanidade poderiam ser armazenadas
em um cubo de 0,2 milímetros de aresta, bastando, para isto, que as palavras

74
fossem escritas com átomos. Hoje, 40 anos depois, cientistas da Universidade de
Wisconsin-Madison tornaram esse sonho em realidade. Eles criaram memórias em
escala atômica... Descobriram inclusive que as moléculas de DNA usam 32 átomos
para armazenar cada uma das informações genéticas.
- E a Radiônica? No que consiste ela?
- A técnica Radiônica surgiu em 1920 pelas mãos do médico americano
Albert Abraham. Foi ele quem desenvolveu o primeiro equipamento eletrônico
capaz de potencializar e focalizar incrivelmente nossos pensamentos.
Particularmente investiguei e desenvolvi vários equipamentos nessa linha.
Durante anos curei muita gente à distância. Quanto à criação dos Cristais
Radiônicos, ele surgiu quando experimentei gravar em cristais, usados em
auriculoterapia, um dos programas que usava em meus trabalhos radiônicos... Em
resumo, eles possuem um programa mental que visa à harmonia do homem com
as energias dos céus e da terra.
E houve uma pausa para descontração.
- Quer tomar algo? - Ofereceu...
E enquanto Sr. Carlos se dirigia para a cozinha, Arthur levantou-se e
começou a ler os títulos dos livros espalhados pelo local. Além de uma Bíblia
enorme tinha muitos livros de filosofia, medicina chinesa, esotéricos e de
psicologia. Depois se voltou para o aquário e começou a observar os peixinhos
que serpenteavam entre os labirintos criados pelas plantas marinhas. Passados
alguns minutos, o Sr. Carlos retornou.
- Pronto! Eis o nosso chá! Trouxe também alguns biscoitos...
Entre um gole e outro, Arthur elogiou...
- Nossa que saboroso!
- Gostou?
- Está ótimo! De que é feito?
- Isso também é coisa da Dona Marta...
- Dona Marta?!
- Você vai conhecê-la qualquer dia destes... Hoje ela teve de sair para
compromissos sociais, mas antes nos preparou essa delícia. Ela foi num
casamento.
- Ah!...
- Fale um pouco de você, Artur! Fiquei sabendo que mora numa pensão e que
trabalha para estudar. Fale um pouco de você. - Insistiu.
- Pois é! Até hoje não sei como é que vim parar em Boigi. Em resumo, passei
minha infância no interior paulista. Como lá não teria futuro, quando completei
18 anos, me mudei para cá para estudar e tentar algo melhor.
- Está gostando da cidade?
- Pode-se dizer que ainda estou me adaptando... - Resumiu.
- A vida é assim mesmo, Arthur. É uma adaptação atrás da outra. Nada é
estático! Tudo é dinâmico!
Neste meio tempo, chegou o Rodrigão com o pai do Miguel. Junto com eles
vieram mais duas pessoas do grupo.
- Sente-se um pouco, Sr. Manoel. - O Sr. Carlos pediu. - Tome um chá

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enquanto conversamos - ofereceu.
Enquanto ele se servia, o professor iniciou algumas perguntas.
- O senhor nos permite especular um pouco sobre a história da sua doença?
- Estou às suas ordens. No que o Senhor precisar saber. - Sr. Manoel
consentiu...
- Preciso conhecer a origem dos seus problemas para auxiliá-lo. Já me
anteciparam algo, mas é necessário confirmar algumas coisas. Pode nos contar
como tudo começou?
- Meus problemas começaram há 10 anos. - Recordou-se a contragosto.
- Naquela época, meus negócios começaram a andar mal e fiquei devendo pra
todo mundo. Como sempre fui uma pessoa cumpridora de meus compromissos,
os juros bancários acabaram comigo. Depois de alguns anos, comecei a dormir
mal. Depois, vieram os calores noturnos e, finalmente, as dores pelo corpo todo.
Recentemente, apareceram os problemas digestivos. Hoje, dependendo do que me
alimento, meu estômago arde em brasa.
E fez-se uma pausa.
- O senhor acredita realmente na possibilidade de que sua doença tenha
origem nesse longo período de irritação? - Insistiu o professor.
- Tenho certeza absoluta! - Ele reforçou.
- Então podemos dizer então que o senhor ainda não se perdoou? - O Sr.
Carlos deduziu.
- Sim! Nem tenho como me perdoar. A família toda sofreu consequências
desastrosas. Inclusive todos os filhos tiveram que trabalhar para ajudar... - E
correu uma lágrima ao se lembrar.
- O que o impede de superar o ocorrido?
- Não sei! Simplesmente não consigo... - Novas lágrimas correram.
- Você quer superar esse trauma? - Propôs o professor.
- E isso é possível?! - Ele estranhou
- É claro! Estamos aqui para isso.
Percebendo a seriedade da afirmação do professor, o Sr. Manoel permitiu que
se iniciasse o tratamento.
Neste meio tempo, Sr. Carlos pegou um aparelho eletrônico e interligou no
mesmo dois fios contendo dois terminais. Assim que o Sr. Manoel segurou uma
espécie de tubo metálico na sua mão, com o outro terminal, parecido com uma
caneta com algodão umedecido, inserido na ponta, o professor foi pesquisando
diversos pontos. Os valores numéricos, colhidos no instrumento, ia transpondo
para uma tabela.
- O que é isto? - Ele quis saber.
- É uma técnica diagnóstica japonesa denominada Ryodoraku. Através
dela hoje consigo avançar e analisar a quanto seu organismo somatizou seus
problemas através de referências de seu Sistema Nervoso Autônomo. Por favor,
tire os sapatos e as meias. - Pediu o professor.
Terminadas as mensurações, o Sr. Carlos debruçou-se sobre o resultado, fez
anotações, pensou um pouco, abriu a gaveta de sua escrivaninha e retirou um
pêndulo. Depois de questionar várias vezes o mesmo, prosseguiu...

76
- Por favor, Sr. Manoel deite-se nesta maca - orientou.
E o professor adesivou vários cristais em pontos nos braços e pernas dele.
Depois continuou...
- Agora pense nas raivas e frustrações pelas quais o senhor passou...
- Nem preciso me esforçar! - Reforçou Sr. Manoel. - Esses sentimentos nunca
me abandonam.
- Ótimo! - Ele gostou de ouvir - Se o senhor parar de se punir isso lhe
prejudicará? - Especulou novamente.
- Creio que não!
- Ótimo! - Sr. Carlos gostou novamente de ouvir. - Então se foque nessa
vontade de se livrar delas.
Quanto ele se concentrou, o professor adesivou um cristal em sua orelha
direita e esperou alguns segundos. Logo após perguntou.
- Como é que você está sentindo as lembranças aí na sua mente?
- Engraçado, está dando uma aliviada. - Ele estranhou.
- Elas continuam aí?
- Sim! Mas estão mais leves.
Sentindo a necessidade de um reforço, o Sr. Carlos colocou novo cristal em
outro lugar da mesma orelha.
- E agora?
- Não acredito... Elas perderam sua força!
- Se esforce um pouco. Tente lembrar-se das mágoas. - Insistiu o professor.
- É impossível! Não existe mais uma razão...
- Elas ainda lhe incomodam?
- Não! De jeito nenhum! - Ele esboçou um sorriso.
E houve um novo silêncio. Mais alguns minutos, o Sr. Carlos pediu para o Sr.
Manoel se levantar.
- Que sensação interessante! - Admirou-se este. - As minhas dores estão
sumindo e no lugar está aparecendo um grande bem-estar!
- Já?! - Ele brincou.
E todos sorriram...
- Que milagre é esse? - Maravilhou-se. - Não acredito! Passei dois anos da
minha vida desesperado, de médico em médico. Confesso que já estava desiludido
- desabafou. - Pelo visto eles tem muito que aprender!
- Bem-vindo à Terapia do Bem, Sr. Manoel! Mas não se iluda, serão
necessárias mais sessões. Você pode voltar na próxima semana? - Pediu.
- É claro! Quanto é que lhe devo? - Preocupou-se em pagar.
- Se quiser colaborar com qualquer quantia fique a vontade. Hoje nosso
ambulatório é popular. Nós é que agradecemos a sua presença - ressaltou.
E se despediram. Enquanto Rodrigão foi acompanhando Sr. Manoel até
a rua, o Sr. Carlos se reuniu com o grupo e começou a explicar o sucedido.
Particularmente, ele mais se dirigiu a Arthur, devido a ele ser novato no grupo.
- Arthur! Entendeu o que fizemos? Compreendeu sobre o aspecto consciencial
das doenças?
- Sim... - Ele admirou-se. - Confesso inclusive que estou me sentindo no meio

77
de mágicos. Como é que pode? Em alguns minutos, o homem sarou!
- Calma! Ele ainda não sarou! - O Sr. Carlos avisou. - Ele está apenas em
processo de recuperação...
- Como assim? - Arthur quis saber mais.
- Nós teremos de fazer uma limpeza nas suas couraças... - Orientou o
professor. - Depois que ele se recuperar, caso ele queira, poderemos lhe ensinar as
técnicas que você está aprendendo. Gostou?
- É claro! Mas quanto tempo será o suficiente para ele nunca mais sentir os
mesmos sintomas? - Arthur espichou um pouco mais o assunto.
- Creio que o problema principal dele já foi resolvido, mas lembremo-nos do
I Ching: “É a perda de contato com nossa essência e a resistência às mudanças a
origem das doenças”. - Explicou o professor. - Se ele aprender técnicas como as
do exercício do sorriso interno e a postura da árvore, estará muito mais protegido.
- Sério! - Admirou-se mais uma vez.
- Podes crer! No dia em que as pessoas acordarem para a necessidade de
se adaptarem continuamente às rápidas mudanças do mundo moderno, sem
prejudicarem a manifestação de suas essências, muitas dores serão evitadas.
Nesse meio tempo, Arthur vendo o horário já tardio, já eram quase 19h,
resolve ir embora. Ele não queria perder o horário do jantar. Na porta, o Sr. Carlos
faz outro convite:
- Quer almoçar comigo nesse feriado. Estarei em uma chácara e será um
prazer tê-lo conosco. Se quiser, posso pegá-lo na pensão. É só me dar o endereço.
Arthur pensou um pouco e diante da oportunidade rara, concordou.
- É claro! A que horas o Sr. me pega?
- Lá pelas 9h está bom pra você?
- Perfeito!
Escreveu o endereço da pensão num papel, entregou-o para o Sr. Carlos e
despediu-se de todos.
- E volte sempre! - Disseram Rodrigão e os outros.
- Eu volto! Eu prometo!

78
CAPÍTULO ONZE
O PORRE

- Arthur! Ninguém é de ferro. Vamos sair um pouco. A vida acontece lá fora.


- Pedro insistiu. - Decididamente precisamos relaxar. Vamos ao Bar do Alcides.
O bar do Alcides era o ponto da moçada. Lá os estudantes se reuniam
periodicamente para qualquer coisa. Comer um lanche, tomar umas cervejinhas,
namorar... Chegando, sentaram junto a uma mesinha e pediram uma cerveja.
Entre um gole e outro, a conversa ia divagando. Numa hora, uma piada.
Noutra, uma recordação, noutra, uma observação, principalmente quando viam
garotas bonitas. E assim o tempo foi rolando. Quando deram por si, tinham
tomado 10 garrafas de cerveja sem contar com as batidas. Devia ser umas 3 horas
da madrugada. E pior, estavam praticamente bêbados. Sorte que a pensão ficava a
algumas quadras. Pagaram a conta e, em passos trôpegos, foram ziguezagueando
e chegaram felizes. No dia seguinte, quando o sol já estava a pino, os dois
notaram que tinham dormido com roupa e tudo. Na boca a sensação de uma
ressaca. No coração, um alívio sem fim.
Percival logo foi avisando:
- Vocês chegaram num fogo só. Deu um trabalhão danado colocar vocês na
cama. Sorte que o Tizinho ajudou. Dona Cida então... Ela está possessa.
- Sério! - Arthur preocupou-se.
- Por Deus! Ela ficou uma fera!
E riram.
Depois de um tempo, encaminharam-se para o refeitório. Já na mesa, dona
Cida não resiste e começa a armar um sermão:
- Arthur... Pedro... Cuidado! Vejam lá o que vocês estão aprontando.
- Me desculpe dona Cida! Foi sem querer - justificou-se Arthur. - Resolvemos
descontrair, mas creio que exageramos.
- Sabe como é Dona Cida, ninguém é de ferro! - Pedro ajudou.
- Por hoje está bom! - Avisou. - Mas se houver outra cena dessa infelizmente
terei que tomar medida mais drástica. Isto aqui não é casa da mãe Joana. -
Alertou. - Já pensou se todo mundo aqui começar a seguir o exemplo de vocês?
- Realmente, dona Cida... Nós compreendemos - justificou-se Pedro. - Mas
o que fizemos foi por uma nobre causa. Não é nada fácil fazer o Arthur sair do
sério!
Sentindo o ambiente de companheirismo entre os pensionistas, dona Cida
afrouxou...
- Desta vez passa. Mas cuidado! Vocês ainda são jovens e precisam se
precaver das armadilhas desta vida. A bebida é umas delas - ressaltou. - E se
afastou para seus afazeres.
Notava-se que a atmosfera ficou luminosa. Para todo lado que Arthur olhava
havia um clima de aprovação para a bebedeira. E ele passou o resto do dia
estranhando aquilo.
No dia seguinte, foi ao trabalho ainda ruminando o sucedido e começou a
desejar que o Rodrigão aparecesse. Ele queria comentar com ele o sucedido.
E eis que surge a figura.
- Rodrigão! Você não morre mais...
- Fala, meu jovem!
- É que aconteceu algo interessante neste final de semana que está me
intrigando.
- Sobre o quê?
- É a respeito de umas ideias - e começou a explicar. - No sábado, passado
tomei um porre com o Pedro.
- Porre! Você?!!! - Ele espantou-se.
Neste meio tempo, José e Poleto também se ligaram na conversa.
- Estive no bar do Alcides com o Pedro e quando percebi já tinha tomado
todas. Pior foi quando cheguei na pensão meio dopado lá pelas 3 da madrugada.
Dizem que dei um trabalhão danado para ir para a cama.
- Quem diria, heim Arthur! - Poleto e José admiraram-se...
- Pois é! Confesso que estou envergonhado - continuou Arthur, - mas esta
não é a questão. O que me intriga é o grau de aprovação das pessoas para o que
fizemos. Sei que o que aconteceu não é nada bom. Tanto que a dona Cida foi
durona e já nos avisou que não quer mais ver outra cena dessa. A curiosidade
é que muitos dos companheiros de pensão que me são estranhos - observou, -
começaram a conversar amistosamente comigo... O que será que se sucedeu?
- Isto é para você ver como funciona a ressonância mental. - Rodrigão
começou a explicar. - Todos nós funcionamos como emissores e receptores de
radiofrequências. Por isso é que devemos vigiar e orar o tempo todo. Vigiar e
orar para nos manter no equilíbrio e atrairmos sempre coisas positivas. Sempre
que você foge do equilíbrio, você se sintoniza com pessoas desequilibradas. Vou
contar uma experiência parecida para você entender: faz um bom tempo também
tomei um porre e os bêbados do local começaram a conversar comigo como
se fôssemos velhos amigos. Assim como você, também achei isso estanho. Por
via das dúvidas, noutro dia voltei lá e coincidentemente encontrei as mesmas
pessoas. Só que eu estava sóbrio e eles novamente de porre. Foi uma experiência
interessante. Eles se aproximavam de mim, mas logo que notavam que estava

80
sóbrio se afastavam. Era como se eu fosse uma miragem. Percebeu a ligação?
- Saquei! - Arthur entendeu.
- Compreendeu agora sobre a importância do sorriso interno? - Relembrou
Rodrigão.
- É mesmo! - Admirou-se. - Ouvindo você falar disso agora estou começando
a entender onde é que os conhecimentos das reuniões estão me levando...
- Bom garoto! Vê-se que não é à toa que a turma do grupo avançado gostou
de você... Inclusive eles mandaram entregar-lhe esta apostila - e entregou. - Leia
com atenção que depois ficará mais fácil entender sobre o que o nosso grupo
avançado se propõe.
E este mais do que pronto leu o título: Radiestesia do Eu.
- Vou estudar hoje mesmo! - Prometeu.
- Agora chega de conversa - José interferiu. - Vamos trabalhar! Trabalhar
também cura ressaca! - Reclamou.
- Primeiro um cafezinho! - Rodrigão Sugeriu... - Café cura melhor a ressaca!
- Cacete! Meu! Ao que parece este é o único lugar em que ninguém trabalha.
- José ralhou. - Qualquer coisa que acontece aqui é motivo para um relax!
- Deixa de frescura José, num dia destes vai sentir saudades desta época. -
Observou Rodrigão.
Rumaram para a padaria e Arthur aproveitou o ensejo para especular outras
dúvidas.
- Com relação ao exercício da árvore, estou tendo algumas dificuldades...
- Como assim? - Rodrigão quis saber.
- Não consigo ficar muito tempo nela. Depois de alguns minutos, minhas
pernas começam a tremer, inclusive sinto algumas dores pelo corpo.
- Tais dores e tremores indicam onde o corpo está precisando ser trabalhado.
Onde há tremores significa pouca energia. Onde há dores significa bloqueios de
energia. Nosso corpo é visto como uma camisa que se aloja ao redor do nosso
esqueleto. Persista! Com o tempo, a postura da árvore inclusive lhe ensinará a
lidar com o invisível.
- Como assim? - Ele quis entender.
- No início, ela dá a impressão que você está apenas ganhando controle
físico, mas muito mais que isso a postura da árvore estará lhe educando contra
as milhões de informações de inveja, raivas, ciúmes... Que as pessoas possam
dirigir para você. Com o tempo, e assim que você encontrar o seu centro, tudo se
explicará por si só.
Na padaria, tomaram cada qual o seu café e rapidamente se dispersaram
para mais um dia de labuta. Na oficina, Arthur abriu a apostila e leu rapidamente
algumas folhas.

Um grande princípio domina o mundo: o princípio da energia. 99,9999% do


que se vê é energia consciencial. Praticamente não existe matéria. Daí... Todas
as transformações que se produzem na natureza animada ou inanimada, são
manifestações da consciência.
É por isto que, desde o princípio, a humanidade se sente perturbada por forças

81
ocultas. Sentimo-nos rodeados de perigos e riscos. Eis a função principal de todas
as religiões: sintonizar e captar forças benéficas para nos proteger.
RADIESTESIA é a ciência que ensina a perceber as radiações invisíveis que
nos rodeiam utilizando para isto um pêndulo...

Pode-se dizer que depois deste dia, Arthur não teve mais tempo para nada a
não ser trabalhar direto. A carpintaria teve muitos serviços novos e ele tinha que
aproveitar e colocar os pés no chão ganhando uma grana extra para cobrir suas
despesas que não eram poucas. E foi assim até o feriado.

82
CAPÍTULO DOZE
O FERIADO

Sentados à sombra de uma frondosa mangueira, o Sr. Carlos e Arthur


divertidamente olhavam para o infindável céu azul. Nele, havia a algazarra de
algumas andorinhas que deslizavam alegremente ao léu.
Nas proximidades, havia vários chalés formando uma vila. Ao lado de
onde estavam, viam-se patos, gansos e algumas galinhas que ora corriam, ora
ciscavam. Nas proximidades, jazia um cachorro preguiçosamente estirado.
O calor do sol aquecia prazerosamente o dia e uma brisa suave denunciava
um aroma de café sendo preparado. Entre uma sensação e outra, surgiu um
assunto:
- Arthur! Desde o início de nossas palestras, estivemos ensinando sobre
maturidade e nos preparando para compreender como ela deve ocorrer. Não é de
hoje que a humanidade sabe que a vida é uma escola para o desenvolvimento
harmonioso de nossas essências e que nela existem vários ciclos de aprendizados
que devem ser respeitados.
- Interessante! - Arthur dobrou sua atenção ao mesmo tempo em que
saboreava o café que lhe foi servido.
- A Antroposofia é uma das que nos informa desses períodos: na hora e local
do nascimento, inicia a jornada da essência no corpo humano. Até os 7 anos cabe
aos pais a responsabilidade de preparar, com muito amor, o caminho Dela. Dos 7
aos 14 anos, Ela deve estar pronto para se socializar fora da família. Dos 14 aos
21 anos Ela descobre sua sexualidade e se prepara para bater as asas, é algo que
normalmente ocorre dos 21 aos 28. Dos 28 aos 35 anos Ela deve construir uma
vida independente segundo Seus propósitos. E assim sucessivamente...
- Me responda rápido! - Continuou o professor. - Sem estudar as quatro
operações aritméticas conseguimos aprendê-las?
- É claro que não! - Este respondeu de pronto.
- Então você concorda que não adianta aprender equações matemáticas sem
antes ter um tempo para estudar as quatro operações?
- Sim! O rapaz concordou. - Em tudo é necessário um tempo de maturação...
- Ótimo! - Continuou o professor. - Agora imagine uma escola de ensino
fundamental onde se ensina inclusive matérias de séries superiores. Logicamente
que ela não faz isso. Mas, na vida real, os modernos meios de comunicação o
fazem. A todo momento, milhares de informações tentam se impor em nossas
mentes. As propagandas inclusive tentam incutir-nos sutilmente a ideia de que os
produtos em pauta: cerveja, roupas, brinquedos, computadores, carros, perfumes
devem fazer parte de nossa existência para que estejamos bem com a vida.
Como se a felicidade dependesse exclusivamente de fatores externos, quando, na
realidade, ela é uma consequência do autoconhecimento e de exercermos a nossa
individualidade. Uma pessoa realmente feliz é aquela que possui a si mesma.
- Nossa! - Arthur se admirou. - Nunca pensei sobre esse ângulo! Inclusive
estou começando a entender onde é que o Sr. deseja chegar.
- Saber disto é valoroso: pessoas de sucesso são positivas, acreditam em
si mesmas, lutam pelo que desejam, não possuem tantos bloqueios mentais. Já
pessoas que vivem se lamentando da sorte, que são negativas, estas tendem ao
estresse e ao fracasso! Todas as evidências nos mostram que a natureza traçou
um plano divino para nós. Contudo, nota-se a importância de um ambiente e de
um tempo de maturação. Uma flor rara não cresce em condições inadequadas. -
Reforçou o professor.
E pausaram para sentir uma brisa refrescante que inclusive provocava o
farfalhar das folhas.
- Então é por isso que a maioria só consegue piorar seus problemas? - Arthur
observou...
- Sim! No mundo moderno, com o excesso de informações, as chances das
pessoas perderem o centro de si mesmas são muito grandes. Para reconhecer
alguém nesse estado, basta conferir se ele consegue deter o fluxo de seus
pensamentos. Se ele não controla sua imaginação, suas emoções, percebemos que
já aconteceu isso.
- Interessante! - Arthur concordou. - Inclusive acho que estou precisando de
ajuda, professor. - Confidenciou o rapaz. - Já melhorei bastante, mas a história da
separação de meus pais ainda é uma sombra a me perturbar.
Que sentimentos estão lhe incomodando neste momento? - Quis saber o
professor.
- Há mais de 3 anos que sinto uma mistura de angústia, abandono e desgosto.
Dito isso, o professor aplicou alguns cristais na orelha de Arthur. Passados
alguns segundos ele especulou...
- Consegue sentir agora aquela angústia, abandono, desgosto?
- Nossa! Minha mente clareou instantaneamente. - Observou o rapaz - É
incrível!
- A separação de seus pais ainda lhe provoca sofrimento?
- Não! De jeito nenhum...
- Você consegue se visualizar dando um abraço carinhoso neles?
- Sim!... É muito curioso! - Ele sorriu.
- Ótimo! - Observou o professor. - Agora é uma questão de tempo! De

84
caminhar um pouco mais...
E enquanto Arthur se admirava com as possibilidades, distraíram-se
observando uma andorinha que, teimosamente, resolveu fazer voos rasantes,
incomodando o cão.
- Em quanto tempo conseguirei libertar minha essência? - Arthur especulou.
- Responderei sua pergunta contando-lhe duas histórias. A primeira é a do
bambu chinês:

Depois de plantada a semente deste incrível arbusto, nada se vê por


aproximadamente cinco anos. Durante todo esse tempo, todo crescimento é
invisível a olho nu, onde uma maciça estrutura de raiz está sendo construída.
Então, no final desse período, os brotos do bambu chinês surgem e crescem até
atingirem a altura de 15 metros.

- A segunda história é um trecho de Lao Tse, contida no seu livro: Tao Te


King. E abriu um pequeno volume que estava em suas mãos:

Quando ingressa na vida, o homem é tenro e fraco; quando morre é duro e forte.
Ao entrarem na vida, as plantas são tenras e frágeis, quando morrem são
secas e duras.
Por isso os duros e fortes são companheiros da morte e os tenros e frágeis são
companheiros da vida.
Não há nada tão terno quanto a brisa, mas o vento brando pode irar-se e
derrubar o rijo carvalho.
Nada há tão duro quanto o furacão, porém o bambu, sem abandonar suas
raízes, não lhe resiste, não obstante persiste. Por isso: se as armas são fortes não
sairão vitoriosas; quando as árvores são duras e fortes são abatidas.
O que é grande e forte diminui. O que é suave e fraco prospera.

- Em nossa Terapia do Bem, cujo projeto é o aprimoramento de nosso


caráter para o desenvolvimento de nossa essência, a história do bambu chinês,
juntamente com este trecho do Tao Te King, ensina-nos que não existe um tempo
determinado para a plena libertação Dela. Estamos em constante evolução. A
única lei que existe é que tudo muda e mudará. - Ele citou o I Ching. - Na fase
inicial, em que você se encontra, além do exercício do sorriso e da postura da
árvore, é importante utilizar-se periodicamente dos cristais para ajudá-lo a livrar-
se de suas couraças... Ademais, o importante é estar no caminho com paciência e
persistência. Só existe o caminhar - ressaltou...
- Mudando um pouco, o Sr. pode falar um pouco mais daquela apostila que
me entregaram? Comecei a ler, mas não entendi...
- A Radiestesia também faz parte de nossos aprendizados. Ela nos liga com
um conhecimento maior. Depois de um tempo, você estará preparado para esse
passo. Através do pêndulo é possível abrir um contato com o Tao, Deus ou seja lá
o nome que se dê a Ele.
- Nossa! É impressionante o trabalho de vocês!

85
- Cuidado com essa observação... Vaidade de vaidades! É tudo vaidade! E
olhei eu para todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também para o
trabalho que eu, trabalhando tinha feito, e eis que tudo era vaidade e aflição de
espírito, e que proveito nenhum havia debaixo do sol... Todo o dever do homem
consiste em temer a Deus e em guardar os seus mandamentos. - O professor citou
o livro bíblico Eclesiastes.
- Compreendeu, Arthur?
- Mais ou menos...
- Não é de hoje que sabemos que qualquer trabalho que façamos só tem valor
quando estamos agregados a uma força maior. Ademais, tudo é vaidade! Somente
a companhia dessa força nos vacina contra a estupidez e nos protege contra a
infelicidade.
E pausaram mais uma vez para saborear o momento.
Depois, o professor proferiu suas últimas palavras...
- Arthur, desde o início, tínhamos certeza de que você estaria conosco.
- Alegrou-se... - Volte para o convívio de sua família e tenha a certeza de que
conseguirá melhorar sua vida. - Aconselhou... - Atreva-se a ser o que você é! Sua
espada deve ser o amor. Sem amor nada tem sentido. Ele sempre deve inspirar
suas ações. De resto, descubra aquilo de que gosta e aprenda a viver disso.
Procure uma companheira que o ame e você a ela. Compreenda que tudo que fizer
deverá estar atrelado à sua essência. Ela o colocará nas asas Dele. Não precisa
correr, apenas dar um passo de cada vez...
E veio o silêncio. Arthur espreguiçou-se e olhou novamente a algazarra das
andorinhas. Acompanhando a pureza dos seus voos rasantes, ele sentia que não
estava mais só. Depois de longos anos numa árdua jornada, eis que via-se um
brilho sereno nos seus olhos... Ele finalmente estava aprendendo a viver.

* * *

Sócrates ensinava que


as verdadeiras questões
não se esgotam nas respostas.
Ele ensinava a observar
melhor um objeto, uma ação,
um pensamento...
A olhar em outra direção.

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Cursos da Terapia do Bem

CURSO INTRODUTÓRIO
Curso para capacitação de grupos interessados na formação básica abaixo. Sobre dis-
ponibilidade veja no site da ABRATEB - Associação Brasileira da Terapia do Bem: www.
abrateb.com.br.
Público: Sociedades Civis, ONGs, Empresas no geral.
Duração: 3 finais de semana, 1 por mês.

FORMAÇÃO BÁSICA
Curso efetuado em 5 meses consecutivos, 1 final de semana por mês.
Público: Grupos que fizeram o curso introdutório, alunos de acupuntura, acupunturis-
tas, auriculoterapeutas.

Primeiro mês - Módulo I


Técnicas de rapport, recurso da PNL, para o terapeuta atingir um estado de sintonia
terapêutica com seus pacientes. Somente em rapport os pacientes se permitem serem
tratados emocionalmente. Tudo flui melhor com as técnicas de conversação ensinadas no
módulo 1. Sem esta sintonia, é como acertar na loteria sem jogar.
Duração: 1 final de semana.

Conteúdo
- Visão psíquica da MTC;
- Definição moderna de energia vital;
- Programa dos Cristais Radiônicos;
- Potencialização dos Cristais;
- Demonstração prática do Protocolo de Liberação do Shen, PLS;
- Estudos de PNL:
- Os 3 níveis de psiquismo;
- Mecanismos de defesa;
- Formação da personalidade;
- Reações comportamentais;
- Emoções;
- Canais de comunicação;
- Palavras processuais;
- Rapport;
- Recuperação da estrutura profunda;
- Âncoras;
- Melhorando comportamentos;
- Técnica de Ressignificação Consciente, TRC;
- Introdução às Técnicas de Meditação Evolutivas, TME.

Segundo mês - Módulo II


Diagnósticos Eletrônicos EAV/Ryodoraku exclusivos da Terapia do Bem.
A cada 2,5 anos, todas as células do organismo humano se renovam. Por conta disso,
traumas antigos se somatizam nos órgãos pela perda da memória saudável anterior. Por
meio de um aprimoramento dos diagnósticos Ryodoraku e EAV, você aprenderá a analisar
a quanto as emoções estão se refletindo nos órgãos pelos sinais reflexos do SNA. A ver-
dadeira alta dos pacientes se dá quando não existem somatizações.
Duração: um final de semana.

Conteúdo
- Fases psíquicas das doenças;
- A importância dupla dos diagnósticos eletrônicos:
(1) Analisar o reflexo do psiquismo nos órgãos;
(2) Verificar a funcionalidade dos tratamentos.
- Apresentação do método Ryodoraku:
- Como medir os pontos;
- Como construir o gráfico adaptando-o para o psiquismo;
- Utilização da planilha Excel;
- Como analisar as somatizações;
- Estudo de casos clínicos;
- Prática entre os alunos;
- O que é EAV? Como surgiu? Diferenças Ryodoraku e EAV;
- Como medir os pontos auriculares pelo método EAV;
- Como interpretar; Prática entre os alunos;
- Técnicas de tratamento: Combinando o módulo 1 com o módulo 2;
- Coerência Cardíaca.

Terceiro, 4º e 5º mês - Módulo III


A utilização das técnicas da Terapia do Bem consta em resumo de duas fases: (1) Na
primeira fase, os pacientes se confrontam com seu passado e seus impulsos reprimidos,
resolvendo-os com a liberação do Shen. (2) A segunda fase visa fortalecer a conexão do
paciente com seu espírito, Shen. Nesta fase do tratamento, além do aprendizado da Radi-
estesia Evolutiva, há três técnicas de meditações taoístas, TME, aplicadas via relaxamento
theta: (1) Exercício da Árvore; (2) Sorriso interior; (3) Meditação do Baguá.
Nelas, o paciente aprenderá a se posicionar de maneira correta para seu destino de
escolha.
Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro acorda. - Jung.

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Conteúdo
- Revisão geral;
- Radiestesia Evolutiva;
- Técnicas de relaxamento alpha e theta:
- Técnicas de Meditação Evolutivas - TME:
- Meditação da Árvore;
- Meditação do Sorriso Interior;
- Meditação do Baguá.

MÓDULOS AVANÇADOS
Módulo I
Diálogo do imperador amarelo com seu conselheiro Qibo:
Imperador Amarelo:
- Como aumentar os efeitos das agulhas e moxas, desejo ouvir mais a respeito.
Conselheiro Qibo:
-Para tornar os pontos dos meridianos mais eficientes, deve-se curar primeiro o espírito.
Na Terapia do Bem, aprende-se que o mais importante é a presença do Shen… E que
a aplicação das diversas leis cronológicas do livro Conceitos da Terapia do Bem para
o estímulo dos pontos dos meridianos, por vezes, se fazem necessária. Unir os con-
hecimentos dos módulos anteriores com as leis dos meridianos é a arte suprema deste
módulo de formação.
- Tonificação e dispersão dos meridianos segundo as diversas estações do ano;
- Vasos Maravilhosos;
- Tartaruga sagrada;
- Exemplos de tratamentos com CRs.
Duração: 3 finais de semana.

Módulo II
Estudo da psicologia do destino familiar do Dr. Szondi, humanista húngaro. Dentro dos
tratamentos na Terapia do Bem, muitos dos problemas emocionais só se resolverão depois
que os pacientes entenderem a dinâmica familiar deles.
Afora isso, o Dr. Szondi nos brinda com paralelismos importantes, inclusive complemen-
tando sobre as técnicas de liberação do Shen. Para ele, nossa mente lida melhor com as
emoções quando há equilíbrio entre os hemisférios cerebrais. O que nos remete a obser-
var sobre a importância de se educar em permanecer em estado mental alpha. Em nível
mental betha, predomina o hemisfério cerebral esquerdo. Em nível alpha, os hemisférios
cerebrais esquerdo e direito funcionam em harmonia. Em tetha, predomina o hemisfério
cerebral direito.
Importante: Cada aluno deverá fazer, antecipadamente, o seu teste
experimental.
Para tanto, ser-lhe-á enviado um arquivo eletrônico contendo orientações.
Deverá fazer, também, a árvore genealógica de sua família, contendo: profissão, doen-
ças e comportamentos, até bisavós (se possível).
Duração: 3 finais de semana.

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RELATOS VIA INTERNET

Simone
Atendi um rapaz com câncer na cabeça. Usei os cristais com ele e ele me fez
o seguinte relato: “Não estava enxergando e passei a ver, minhas dores no
corpo acabaram, minhas mãos e braços estão soltos e livres, preciso me tratar
com esta técnica. E fez a seguinte pergunta: Por que os médicos não me
indicaram isto antes? É maravilhoso!!!

Sheila
Simplesmente perfeito... Juntei a técnica de EFT e cristais na aurículo nos
pontos que tratam obesidade, resultado surpreendente, tive uma paciente que
relatou até sentir náusea caso repetisse ou exagerasse no prato.

Marilia
Estou usando os cristais em alguns dos meus clientes aqui na Inglaterra desde
que voltei das férias trazendo os cristais comigo. O caso que quero relatar é de
uma cliente com dor ciática há mais de 8 anos. Ela relatou que, após tentar
várias drogas e tratamentos, estava tomando gabapentina. Ela sentia um
pequeno alívio, mas não se livrara das dores e os efeitos colaterais estavam
sendo insuportáveis e os médicos disseram que não havia mais nada que
pudessem fazer por ela. Comecei seu tratamento com as agulhas em dezembro
antes de sair de férias, na primeira sessão, ela quase não conseguia subir na
maca e deitar de bruços, nem pensar! Com algumas poucas sessões, ela se
sentia melhor no geral, as dores diminuíram, mas ainda continuavam.
Recomeçamos o tratamento assim que cheguei no começo deste mês, as dores
continuavam, embora mais suportáveis. Expliquei a ela que eu usaria os
cristais radiônicos em pontos da orelha e ela aceitou. Ao final da primeira
sessão, ela se sentia bastante relaxada, mas não reportou nada mais marcante.
Após uma semana, quando veio para a segunda sessão, relatou que sentiu
uma mudança de atitude perante vários problemas que estava enfrentando
na família, e isso depois de um sonho visionário que teve e me disse que as
dores haviam diminuído bastante.
Hoje, depois de 11 dias, ela veio para a terceira sessão, os cristais ficaram
na orelha por 6 dias, as dores diminuíram muito logo no começo da semana,
ela começou a diminuir o medicamento durante esses dias, mas, como tinha
um curso para atender na terça, resolveu não tomar nenhum comprimido... 
Bem, desde segunda-feira ela não toma o medicamento e só teve um
pouquinho de dor quando precisou sair do carro rápido num frio intenso
quando dirigia de volta pra casa (250 km de viagem) ontem. Hoje, sexta-feira,
ela chegou e saiu do consultório sem dor, com um imenso sorriso e me pediu
pra te dar um recado, Raul. Ela disse: - “Please, tell him that I love him!”

Adriano
Outro dia tratei uma paciente (ela tem entre 55 e 60 anos) que tinha, entre
outras coisas, muito medo da mãe dela morrer (sua mãe tinha Mal de Alzheimer).
Perguntei se ela gostaria de trabalhar esse aspecto. Ela concordou. Perguntei se
isso ajudaria ela, aquele consentimento de praxe. Ela respondeu afirmativamente.
Ela só faz acupuntura a cada 15 dias e não veio no retorno. Uma semana
depois, ela ligou dizendo que faltou porque não estava em condições, pois s
ua mãe havia morrido. Ela falou também que gostaria de dar continuidade ao
tratamento e que precisava conversar comigo. Quando chegou o dia da sessão,
ela me falou que se achava responsável pela mãe ter ficado viva tanto tempo
(pois tinha medo de deixá-la ir) e que, quando ela passou a não ter mais medo,
sua mãe partiu. Agora ela não tem mais lembranças nítidas da mãe doente
(essa imagem estava ficando cada vez mais nebulosa) ela só consegue lembrar
da mãe bem e brincalhona como sempre foi”.

Fabiana
Tive a oportunidade de receber um atendimento com cristais radiônicos. Os
resultados são mesmo incríveis!!! Me senti muito bem, tanto na parte física
(bursite de quadril) quanto na parte emocional (preocupações com familiares
próximos). Hoje, a preocupação logicamente existe, mas não me deixa mais
em aflição, não me perturba, é uma preocupação normal que temos todos os
dias. Hoje estou utilizando cristais em todos os meus pacientes no consultório,
tanto em aurículo, como na sistêmica. Todos referem se sentir muito bem.
Meu filho faz tratamento com vacina semanalmente para alergia e, às vezes,
necessita de antialérgico para complementar. Na última crise, utilizei apenas
os cristais em pontos de alergia, pulmão e consegui manter apenas cristais,
sem remédio.

Lineia
Estou com uma paciente tratando, desde janeiro, tendinite de quervain e
artrose em punho (diagnóstico pelo médico, raio-x e ultrassom), com dores
lancinantes em polegar, chegando a irradiar até ombro. Já tinha feito de tudo:
acupuntura, laser, magneto, RMA, etc. Anti-inflamatórios os mais potentes
não deram resultados. Enfim, recebi os cristais e usei a técnica para preocupações,

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ansiedade, medos e mágoas. Ao final da técnica, o dedo que estava travado
abriu, mas continuaram as dores. Na segunda semana, o dedo permanecia
com a mobilidade bem melhor, mas com muita dor. Repassei os cristais
novamente E TEVE TOTAL AMPLITUDE DO DEDO no final da sessão, mas as
dores continuaram só no dedo e punho, o ombro não tinha dor. Para minha
surpresa, retornou ontem ao consultório com muita dor de cabeça e fiquei até
com medo de perguntar do dedo; aliviaram em 90% as dores do polegar,
estava feliz, só coloquei uns cristais em VB, bexiga e fígado e as dores de
cabeça sumiram!

Cláudia
Ontem eu coloquei uns cristais na minha filha. A experiencia foi interessante.
Ela tem 10 anos, e tem aquelas frivolidades de uma menina de sua idade...
Ela estava vendo o programa do Gugu e estavam falando do acidente dos
“Mamonas Assassinas”, e ela veio até mim bastante ansiosa, achei que era
brincadeira, ela referia medo de cair de avião como aconteceu com os mamonas.
Perguntei quanto aquilo a incomodava de 0 a 10, ela disse que era 10, então
coloquei o Shen men e o Rim, quando a escala baixou para 3 e, conforme eu
fui colocando nos demais pontos, ela foi se acalmando, e na hora que
terminei, perguntei quanto ainda restava de sensação incômoda, e ela falou
que tudo tinha passado, e que lembrava apenas da palavra mamonas, não
lembrava da outra palavra... Ela também sentia um pouco de raiva dos
amiguinhos da escola que tiram sarro dela, a raiva diminuiu também. Ela
ficou zen e foi dormir. ­Hoje quando fui buscá-la na escola, ela me perguntou
se eu havia feito “lavagem cerebral” nela, porque uma amiga que a irrita muito,
sentou atrás dela e a ficou irritando, repetindo em voz alta o que ela falava
para todos ouvirem na sala. E ela falou que suportou bem... Se fosse em outra
ocasião, talvez teria agredido a menina. Mas, em todo caso, eu orientei para
ela se sentar longe da menina zombeteira, afinal, não é justo aguentar esse t
ipo de coisa... Mas ela veio me perguntar se eu tinha feito lavagem cerebral
nela... legal, né?

Cris & Flávio


Meu filho tem sete anos e, após o falecimento da minha mãe, há 1 ano e 3
meses, ele se descompensou completamente, tenho tratado dele constantemente
com florais e aurículo. De um tempo pra cá, ele tem comido demasiadamente,
sente uma fome exagerada. Acompanhando seus vídeos e ensinamentos,
adquiri os Cristais e coloquei na criança. Pedi que ele imaginasse uma mesa
bem grande de guloseimas e que me dissesse o que tinha nessa mesa e ele me
relatou, perguntei a ele o que ele sentia vendo aquela mesa, e ele disse que
sentia muita fome. Perguntei a ele se isso era bom pra ele, e ele respondeu
que não. Perguntei por quê? E ele disse que iria engordar muito. Perguntei se
podia ajudá-lo a esquecer aquela mesa toda e ele disse que sim. Comecei a
colocar os Cristais, e questioná-lo se ele se lembrava o que tinha na mesa a
cada Cristal colocado, ele chegou a chorar porque não conseguia esquecer. A

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coisa tava demorada, mas teve uma hora que perguntei e ele disse que não
sabia mais o que tinha na mesa. Resultado, ele não lembra mais dos doces,
sua fome diminuiu e está mais calmo.

Gostaria de relatar aqui a experiência que tive hoje com uma paciente. Não
sei se o Sr. lembra de uma paciente que tenho que tem câncer, que vive com
dores, além do seu psicológico estar muito ruim, pois viveu muitos anos com
uma pessoa que a magoou muito e foi constatado pela médica oncologista que
seu desgosto de um tempo pra cá fez com que o câncer avançasse. Hoje foi
incrível, antes de começar a sessão de relaxamento, comecei a trabalhar os
cristais nela. Pedi que focasse nessa pessoa que a incomodava e pedi que me
desse uma escala de 0 a 10. Ela me disse que era 9,99. Então comecei a colocar
os cristais, e sempre pedindo a ela que medisse os sentimentos. Em um
determinado momento, percebi uma certa confusão em seu olhar, e pedi que
me relatasse o que estava acontecendo. Sua resposta: “Não consigo mais me
concentrar nele”. Pedi novamente que me desse uma escala, e ela disse que nem
lembrava mais dele. Maravilhoso! Na hora de ir embora após a sessão de
relaxamento, quando entrou no carro, disse: “Olha, estou sem dor e com o
pensamento muito vago”. Pois até para sentar no carro hoje sentia dores. Foi
muito bom ter vivido essa experiência, principalmente com essa paciente que
tem sofrido muito.

Cláudia
Coloquei os cristais numa paciente (essa foi a mais sensível em termos de
relato imediato) ela sentiu na hora o corpo mais leve, energia correndo pelo
corpo e as preocupações desapareceram no primeiro cristal, mas eu coloquei
muitos cristais: shen men, rim (ela tem um cisto nesse órgão), pulmão, baço,
coluna toda, ansiedade, neurastenia. No dia seguinte, teve uma queda de
pressão, após de tomar o remédio controlado, concluiu, então, que o cristal
equilibrou tanto que a dose do remédio ficou alta, ela foi ao médico e ele
concluiu o mesmo e o que o fez diminuir a dosagem do remédio para a pressão.

Cláudia
Recentemente, atendi uma senhora a pedido de seu marido. O filho do casal
tinha sido assassinado há um mês. Foi emocionante o resultado. Na hora ela,
conseguiu se libertar da raiva, do ódio, da angústia e de tudo de ruim que
consumia seu coração.

Nelson
Cada vez mais vejo a influência dos crystais (prof. Coloquei o y proposital
pois meu relato se dá sobre tratamento do psiquismo, letra das 3 incógnitas)
em nível mental das pessoas. Paciente com relacionamento falido, envolvida
com outro, com labirintite, sem energia, triste, angustiada, sentindo-se
culpada, etc... Fazendo 2 semanas de tratamento, nos pontos que achei
importante, o relato da paciente é muito interessante: “Não tenho mais

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labirintite, continuo dividida, mas sem culpa, me alimentando melhor e me
considerando a personagem mais importante da história”. Importante: não
se trata com remédios, não tem psicólogo, apenas associei um floral. Ela
mesmo não entende a melhora e me perguntou o que aconteceu.
Respondi-lhe: Nada de milagres, é pura cientificidade associada à vontade e
intencionalidade. Obrigado, professor.

José Leonardo
Tenho Acompanhado seu trabalho à distância há algum tempo, e gostaria de
dizer que tenho muito respeito e admiração pela forma séria, pioneira e
responsável com que você divulga a Radiônica aplicada à saúde. Sou coronel
paramédico do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco e acupunturista
formado pela NESSA – Escola de Acupuntura da Nova Inglaterra, por algum
tempo experimentei o uso do seus cristais radiônicos para tranquilizar vítimas
de traumas (emocionais e físicos) nas ocorrências do Grupamento de Emergências
pré-hospitalares do Corpo de Bombeiros e a resposta ultrapassou em muito as
nossas expectativas. Infelizmente, ingressei na Reserva (aposentei-me) e tive
de parar com as pesquisas sobre o uso da acupuntura e cristais radiônicos no
Corpo de Bombeiros, mas gostaria de dar esse meu depoimento. Hoje,
lecionamos a cadeira de Acupuntura Reflexas (Microssistemas) em diversos
cursos de Pós-Graduação para fisioterapeutas no Recife e Campina Grande/
PB, além de cursos de extensão acadêmica no Recife, nos quais o assunto
cristais radiônicos faz muito sucesso, depois de demonstrados os seus efeitos
na prática. São realmente impressionantes e duradouros. Faço o uso da hipnose,
recoloco a pessoa na condição do trauma e aplico os cristais, tanto no
microssistema auricular, quanto no microssistema Sujok (microssistema do
inseto). As respostas são verdadeiramente milagrosas e normalmente permanecem
por longo tempo, com uma única aplicação.

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SOBRE O AUTOR

Permita apresentar-me: Meu nome é Raul de Moraes Breves Sobrinho,


nasci em Mirassol, SP, às 6:45 de 06/11/1955. Resido atualmente em Mogi das
Cruzes, SP. Minha formação universitária é Engenharia Operacional Eletrônica
(UMC/1980).
Conheci a Acupuntura pelos idos de 1980. De lá para cá, sempre existiu em
mim a vontade em decifrar essa cultura milenar. A partir de então, fui estudando
e observando, pois tudo que se pode fazer é observar, jamais compreender. A
princípio, estudava sozinho até que resolvi procurar ajuda especializada. Terminei
meu curso de acupuntura pela ABA (1994), mas ainda foi pouco. Descobri que
600 horas de curso são como uma gota de água para decifrar tanta cultura
milenar. Como forma de organizar minhas ideias e sedimentar satisfatoriamente
as bases dessa terapia, escrevi o livro Acupuntura Tradicional Chinesa. O livro foi
o resultado de 3000 horas de digitação.
Depois que me vi com o livro publicado (set/2000), tornei-me professor
do CEATA e a vida foi me conduzindo para minha bancada eletrônica em que
aprimorei um equipamento digital: Acuspointer. Com ele, descobri que é possível
revolucionar o diagnóstico eletrônico Ryodoraku (Caminhos Permeáveis) através
do método da Eletro Acupuntura de Voll (EAV) que este também consegue
observar. Consegui, inclusive, desenvolver um diagnóstico, aplicado hoje na
auriculoterapia, para analisar processos degenerativos e inflamatórios. Pode-
se dizer que me tornei um grande incentivador dos diagnósticos eletrônicos na
acupuntura brasileira.
Minhas pesquisas não pararam. Depois de mais um tempo, observando
eletronicamente os resultados das sessões de acupuntura em meus pacientes, notei
minhas limitações. Assim, embrenhei-me a estudar Chi Kung e a Radiestesia/
Radiônica (2004). E foi mais uma agradável somatória. O Chi Kung desenvolveu
minha sensibilidade e a Radiestesia ampliou em mim a intuição necessária
às interpretações que os diagnósticos eletrônicos não conseguem visualizar.
Descobri também a possibilidade de fazer Acupuntura via Radiônica. Por conta
disso, criei dois aparelhos radiônicos: Radion e Radion-plus e me desenvolvi
profissionalmente nessa área. A título de divulgação do método, escrevi o livro
Acupuntura Tradicional Via Radiônica (2007) e fui caminhando...
Em 2008, resolvi experimentar gravar em pequenas esferas/cristais auriculares
o mesmo programa que utilizava em minhas emissões radiônicas e adesivá-los em
pontos de acupuntura. Foi daí que surgiram os Cristais Radiônicos. Interrogado
constantemente sobre o programa que eles contêm, e percebendo as dificuldades
de responder tal pergunta, achei mais fácil explicar sobre eles pelos objetivos que
eles contêm. Foi daí que surgiu o movimento da Terapia do Bem.
Venha se unir a nós!
Contato, Cursos, Workshop e Livros.
www.abrateb.com.br
Holista é um projeto Editorial da
Galeria Marketing e Design
www.galeriamkt.com.br

Este livro foi impresso na gráfica


EDELBRA
www.edelbra.com.br

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