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CURITIBA
2007
7
Monografia apresentada ao
curso de graduação Comunicação
Social Publicidade e Propaganda
da Pontifícia Universidade
Católica do Paraná.
Orientador: Luis Afonso Caprilhone Erbano
CURITIBA
2007
8
RESUMO
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................ 6
1 TEATRO.................................................................................................. 8
1.2.3.2 Pós-22............................................................................................. 14
3 PESQUISA............................................................................................... 30
CONCLUSÃO............................................................................................. 44
REFERÊNCIAS.......................................................................................... 48
APÊNDICES............................................................................................... 50
11
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo principal estabelecer uma análise do público
consumidor de teatro de Curitiba, com ênfase no público interessado em fazer aulas
de teatro. Sendo esta análise uma base teórica para o futuro desenvolvimento de
uma campanha de comunicação para a Escola de teatro de Curitiba “Pé no Palco”.
A pesquisa apresentada se justifica, pois ao estabelecer um público ao qual
se pretende emitir uma mensagem ou analisá-lo a fundo para outros fins, é
necessário que se conheça o perfil desse público, suas características e
preferências, pois dessa forma previnem-se equívocos de mensagem, facilitando a
decodificação da parte do receptor, e pode-se, até, descobrir novos "nichos" ainda
não explorados dentro deste segmento.
No primeiro capítulo é apresentada uma breve história do teatro começando
pela sua origem. Então se apresenta a história do teatro no Brasil e a evolução desta
arte desde o momento em que chega ao país através dos jesuítas, até os dias de
hoje. O capítulo finaliza mostrando as perspectivas do teatro brasileiro atual. Para
contar esta história utilizam-se importantes autores da área como: Sábato Magaldi,
Paulo Roberto Correia Oliveira, Edwaldo Cafezeiro e Carmem Gadelha.
No segundo capítulo apresenta-se a fundamentação teórica da área de
marketing que estuda os temas: comportamento do consumidor e a segmentação de
mercado, ressaltando sua importância dentro de uma campanha de comunicação
devido à necessidade de conhecimento do público ao se transmitir uma mensagem
e levando em consideração o comportamento de consumo que se baseia em fatores
externos e internos do consumidor. Esta etapa do trabalho busca fundamentos
teóricos em autores como: Philip Kotler e O. C. Ferrell, por serem importantes
estudiosos do marketing mundial; Marcos Cobra, por ser um grande estudioso
brasileiro de marketing; Christiane Gade pois apresenta uma visão do aspecto
psicológico do consumo, sendo este um aspecto fundamental no estudo do
consumidor.
O terceiro capítulo apresenta os dados coletados através de uma pesquisa
constituída de três pesquisas de mercado, sendo a primeira realizada no Festival de
Teatro de Curitiba de 2007 com natureza quantitativa. A segunda pesquisa foi
aplicada nos alunos da Escola de teatro “Pé no Palco”, também de natureza
quantitativa. A terceira pesquisa foi de natureza qualitativa e se destina aos
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1 TEATRO
(PEIXOTO, 1980, p.15). Assim nasce a noção de ficção e a noção de fazer arte e o
teatro encontra seu terreno específico.
O teatro enquanto compensação para a rotina da vida pode ser encontrado
onde quer que as pessoas se reúnam na esperança da magia que as transportará
para uma realidade mais elevada. Portanto, onde existir a vontade de fugir do
normal, da rotina, inerente nos seres humanos, e por isso a história do teatro é tão
antiga quanto a história da humanidade. (BERTHOLD, 2000)
Segundo Peixoto (1980), a função do teatro tem sido constantemente
redefinida. Para ele, o teatro existe enquanto processo desde a origem do homem,
estando em permanente transformação. Estas transformações trazem
conseqüências na maneira de conceber e realizar teatro. E, apesar desta
transformação no decorrer do processo histórico, o teatro conserva vários aspectos
que o distinguem enquanto expressão artística. Um destes aspectos é o fato de o
teatro trazer reflexões em nível de razão e emoção, estabelecendo um diálogo vivo e
revelador com os espectadores.
fazia traduções e parodiava peças estrangeiras como: Filha de Maria Angu (paródia
de La Filhe de Mme Angot); A Casadinha de Fresco (paródia de La Pettit Mariée). E
também escreveu suas próprias obras como: Almanjara, Casa de Orates, O
Oráculo, O Retrato a Óleo, a Jóia, O Dote, O Badejo, O Genro de Muitas Sogras e O
Mambembe. E sua obra mais importante do gênero de teatro ligeiro foi A Capital
Federal (1897), que trata do jeito desconfiado e conservador do povo do interior em
contraponto com o ambiente liberal e mundano do Rio de Janeiro na época. Com
este autor encerra-se um período do teatro brasileiro.
Segundo Cafezeiro (1996), durante o período Imperial no Brasil quase não há
incentivo ao teatro por parte de organismos estatais. Existe um incentivo a
espetáculos que visavam um público seleto com simpatia pela ideologia oficial e
havia também repressão. Em 1843, é criado o Conservatório Dramático Nacional,
que pretende disciplinar o gosto pelo teatro com atitudes de censura. Em 1849 surge
o cargo de Inspetor Geral dos Teatros, que tem por função inspecionar as atividades
relacionadas ao teatro que tivessem fundos do poder público ou das loterias. E em
1871 o Conservatório é fechado e é criado um novo Conservatório Dramático com
os mesmos princípios de censura. A classe artística continua inconformada. Este
Conservatório só vai desaparecer com a República.
sendo este seu maior sucesso, a Jangada, As Sensitivas, Uma Tarde de Maio, A
Escola da Mentira, a Matilha. E João do Rio (1881-1921), pseudônimo de Paulo
Barreto, importante colaborador de vários jornais da época como: cidade do rio,
Gazeta de Notícias, O País e A Pátria. João do Rio pertenceu à Academia Brasileira
de Letra e escreveu peças importantes como: A Bela Madame Vargas, Eva, Última
Noite, Encontro e Um Chá das Cinco. (OLIVEIRA, 1999)
Segundo Waldemar de Oliveira (apud OLIVEIRA, 1999), outro grupo de
autores de teatro se destaca com temas voltados para a alma do povo e da terra,
ainda que ressaltassem mais os vícios urbanos do que as virtudes do povo rural.
Estes autores são: Gastão Cortejo (1880-1965), com as obras: As Obras do Porto, A
Mão Negra, O Tenente era o Porteiro, Sai da Porta, Deolinda!, Minha Sogra é da
Polícia, Onde Canta O Sabiá e O simpático Jeremias. Armando Gonzaga (1889-
1954) com uma comédia de sucesso, Cala a Boca, Etelvina! (1925), O Amigo da
Paz (1922), Mimoso Colibri (1923), Amanhã tem Maionese (1925), És tu, Malaquias
(1927), O Homem do Fraque Preto (1930) e O Troféu (1942). Viriato Correia (1884-
1967) com as peças: Sol do Sertão (1918), Juriti (1919), Nossa Gente (1920), Uma
Noite de Baile (1926), O Caçador de Esmeraldas (1940), À Sombra dos Laranjais
(1944) e Dinheiro é Dinheiro (1949). E Oduvaldo Viana (1892-1972) com sua obra
prima Amor (1933), entre outras peças como: A Vida é um Sonho (1921), Canção da
Felicidade (1934), Mas, que Mulher! (1932) e Feitiço (1938). Viana também fez
cinema, dirigindo, entre outros, Bonequinha de Seda; Alegria e Quase Céu.
Cafezeiro (1996), cita outros autores deste período e suas mais importantes
obras: Afonso Arinos (O Contador de Diamantes), Graça Aranha (Malazarte), Paulo
Gonçalves (A Comédia do Coração), Roberto Gomes (Berenice e A Casa Fechada),
Renato Vianna (Sexo e A Última Conquista). Ainda segundo o autor, até os anos 30
da República não há da parte do governo nenhum tipo de incentivo cultural. Também
segundo o autor, neste período inicial da República os temas usados para o teatro
são os comportamentos e anseios do povo, ideologias e prática social - tanto
urbanos quanto rurais.
1.2.3.2 Pós-22
Segundo Oliveira (1999), durante a década de 20 e 30 do séc XX dois nomes
se destacam: Renato Viana (1494-1953) e Álvaro Moreyra (1888-1964). Em 1922,
Renato Viana escreveu e dirigiu a peça A Última Encarnação de Fausto, de
influência simbolista e que não foi bem aceita pelo público e pela crítica. Ele escreve
também as peças: Fantasma (1929), Sexo (1934), Gigolô (1924) e O Homem
Silencioso dos Olhos de Vidro (1932). Fundou junto com Villa-Lobos o grupo Batalha
de Quimera nesta época, em 1924 criou o grupo Colméia e em 1927, no Rio de
Janeiro, criou a Companhia Caverna Mágica. Foi responsável também pela criação
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Rachel, Leonardo Vilar, Ítalo Rossi, Sérgio Brito, Renato Consorte entre outros; e os
diretores: Flávio Rangel, Antunes Filho e o polonês Ziembinski, que chega ao TBC
após sair de Os Comediantes.
De acordo com Magaldi (1997), em 1953 surge o Teatro de Arena, que visa
uma nacionalização do teatro brasileiro. Eles tinham a intenção de fazer teatro de
qualidade, com produção de baixo custo, com espetáculos que poderiam ser
apresentados em diversos lugares. Augusto Boal (1931) participou deste grupo
desde o início e foi importante para as mudanças ocorridas no teatro no Brasil.
Segundo Oliveira (1999), o período da Ditadura Militar no Brasil (1964 –
1985), interrompe grande parte da atividade artística no país, inclusive a teatral,
devido à censura estabelecida, principalmente a partir de 1968, com a edição do Ato
Institucional nº 5, que potencializou a censura já imposta. Grupos de vanguarda se
desfizeram, autores com talento cessaram atividades, ou diminuíram o ritmo de
produção. E, alguns alteraram a qualidade de seus textos para continuar produzindo
durante o período de repressão.
Apesar disso, para Magaldi (1997), alguns nomes surgidos nesse período
merecem destaque: Dias Gomes (1922 – 1999), com seu drama O Pagador de
Promessas (1960), que baseou um filme cinematográfico de mesmo nome. Este
autor é considerado um dos mais importantes dramaturgos brasileiros e estende sua
produção para a televisão; Millôr Fernandes (1924) autor de comédias com peças
que tratam da condição humana de forma crítica e surrealista; Oduvaldo Viana Filho
(“Vianinha”, 1936 – 1976), que retratava o mundo com cunho de forte crítica social;
Hermilo Borba Filho (1917 – 1976); José Carlos Cavalcanti Borges (1910 – 1983),
com O Poço e o Rei (1952), Osman Rins (1924 – 1978), com Lisbela e o Prisioneiro
(1964); João Bethencourt (1924 – 2006), um dos dramaturgos mais populares e
fecundos do teatro contemporâneo; Plínio Marcos (1935 – 1999), ex-palhaço de
circo e semi-analfabeto, produziu peças de grande impacto como por exemplo
Barrela (1963), que foi proibida pela censura; Chico Buarque de Holanda (1944),
cantor, compositor e dramaturgo, considerado uma grande personalidade brasileira
tem peças como: Roda Viva (1971), Gota d´água (1975), A Ópera do Malandro
(1978), entre outras; Paulo Pontes (1940 – 1976); Bráulio Pedroso (1935 – 1990);
Consuelo de Castro (1947); José Vicente (1943); Timochenko Wehbi (1943 – 1986);
Fernando Melo (1945); Leilah Assunção (1943); César Vieira (1931);Roberto
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Athayde (1949); Flávio Márcio (1944); João Ribeiro Chaves Neto (1945); entre
outros.
mundo atual. Ela afirma que hoje em dia, existe uma grande quantidade de
produções com características diversas, direcionadas para todos os públicos. Existe
também uma mistura de linguagens e tendências no teatro, fazendo com que todos
os segmentos de público sejam bem atendidos.
Magaldi (1997), afirma que as Universidades brasileiras estão dando apoio ao
teatro com cursos montados no interior delas. Apesar da falta de profissionais que
lecionem teatro, esse quadro é promissor. A Universidade que merece destaque
nesse sentido é a da Bahia. No Rio de Janeiro, os cursos de teatro que têm maior
destaque são os particulares. Em São Paulo, a Escola de Arte Dramática de São
Paulo, é a melhor do país e que tem produzido espetáculos importantes, envolvendo
grande número de alunos, donde surgem a maioria dos novos nomes da
dramaturgia paulista.
Ainda segundo Magaldi (1997), os cursos de teatro se multiplicam pelo país, e
em lugares aonde não há cenário para profissionalização, acontecem grandes
mostras de competência e qualidade do teatro amador. E seu caráter, muitas vezes
efêmero, se deve apenas ao fato de os artistas envolvidos não serem assalariados,
pois o nível das apresentações se aproxima de peças de companhias profissionais.
Outra perspectiva com relação ao teatro nacional, são os teatros de
estudantes, que se formam em todo território nacional. O primeiro desses teatros foi
montado em 1938 e recebeu o nome de Teatro do Estudante do Brasil, e teve como
fundador Paschoal Carlos Magno, importante nome do teatro brasileiro
contemporâneo.
Uma importante contribuição para o teatro nacional são as Bienais de Artes
Plásticas de Teatro, que acontecem no quadro das Bienais de São Paulo, que
recebe não apenas contribuições nacionais, mas também de diversos países que
mostram aspectos de produção e aspectos históricos de suas cenas teatrais.
Para Oliveira (1999), existe teatro de diversas qualidades no Brasil, mas pelo
fato de ser contemporâneo é difícil estabelecer análises ou prever perspectivas
futuras. O autor afirma ainda que seria pretensão admitir que o teatro brasileiro
atingiu o patamar estrangeiro, devido a nossa dependência durante o período
colonial e o nosso desenvolvimento tardio. Mas, o autor afirma que existe empenho
da classe artística para mudar a situação e fazer com que o teatro brasileiro alcance
uma posição cada vez mais privilegiada.
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Para Cobra (1986), dentro deste segmento, além das características de estilo
de vida e personalidade, incluem-se também a classe social, os benefícios
buscados, a categoria de crenças e percepções e a predisposição. Esta análise
pressupõe uma base da Psicologia para ser estabelecida.
2.1.2.4 Segmentação Comportamental
Tem como base o comportamento do consumidor. Nesta segmentação são
levados em conta critérios como: conhecimento, atitude, uso ou resposta para um
produto. As variáveis comportamentais podem ser: ocasiões, benefícios, status de
usuário, taxa de uso, status de lealdade, estágio de aptidão de compra e atitude.
Algumas empresas acreditam que este é o melhor critério para a segmentação.
(KOTLER, 1998)
Para Cobra (1986), a relevância desta segmentação está no fato de que,
dependendo do produto comercializado, as pessoas variam de acordo com a
freqüência de compra. Segundo Kotler (1998), frequentemente os grandes
compradores são em menor quantidade, mas no total representam grande parte do
consumo. A maioria das empresas adota a estratégia de atrair principalmente
poucos grandes consumidores, ao invés de muitos pequenos consumidores.
3 PESQUISA
As pesquisas aqui apresentadas têm como objetivo geral analisar o perfil do
público de Curitiba que freqüenta teatro, com ênfase no público com interesse em
freqüentar aulas de teatro amador. Para atingir estes objetivos foram utilizadas três
pesquisas de campo: (1) Pesquisa com o público do “Festival de Teatro de Curitiba
de 2007”; (2) Pesquisa aplicada com alunos da Escola de Teatro “Pé no Palco”; (3)
Pesquisa aplicada com professores da Escola de Teatro “Pé no Palco”. Quanto à
natureza as três pesquisas são aplicadas, pois visam a geração de conhecimentos
para posterior aplicação na solução de problemas específicos. (Mattar, 2001)
restantes. Com relação à idade, 82% dos entrevistados são jovens entre dezoito e
trinta anos (Apêndice B, Gráfico 4). Com relação à renda familiar, as respostas estão
bem distribuídas entre as opções colocadas nas folhas de pesquisa. A maioria tem
renda até R$ 3.000,00 (Apêndice B, gráfico 5).
Na questão em que se pergunta com relação à freqüência com que o
entrevistado costuma ir ao teatro como espectador, algumas pessoas responderam
mais de uma alternativa (Apêndice B, gráfico 6). A maioria respondeu que costuma ir
ao teatro “às vezes”, representando 38% dos entrevistados, e em seguida ficam as
respostas assinaladas na alternativa “sempre”, representando 27% das pessoas. E
36% por cento das pessoas não costumam freqüentar teatro, ou freqüentam apenas
durante o Festival de Teatro de Curitiba. Conclui-se que a maior parte do público do
Festival de Teatro de Curitiba possui certa familiaridade com o teatro, e são poucas
as pessoas que freqüentam o teatro apenas durante o Festival.
Na questão onde se pergunta sobre a motivação de freqüentar teatro, a
maioria das pessoas também assinalou mais de uma alternativa (Apêndice B, gráfico
7). 52% das pessoas afirmaram que freqüentam teatro por interesse cultural, e
quase a metade afirma que freqüenta teatro com intuito de entretenimento ou lazer.
28%, ou seja, a minoria das pessoas, assinalou as alternativas que relacionam a
motivação para freqüentar teatro ao fato de freqüentarem aulas de teatro ou serem
profissionais da área, mesmo aquelas pessoas que, em outras perguntas, deixaram
claro que são profissionais de teatro, ou fazem aula de teatro amador.
Na questão sobre o grau de preferência com relação à cultura, os
entrevistados deveriam enumerar, por ordem de preferência, de um a cinco dentre:
Teatro; Cinema; Shows/ Música; Dança; Artes plásticas. 20% dos entrevistados não
responderam à pergunta ou responderam de forma equivocada ao que se pedia.
Daqueles que responderam, 37% colocaram o número um na alternativa “Teatro” e
62% escolheram “Artes plásticas” como última opção no grau de preferência. Em
ordem crescente a preferência dos respondentes: (1) Teatro, (2) Cinema, (3) Shows/
Música, (4) Dança, (5) Artes plásticas. (Apêndice B, Gráfico 8)
No que se refere à(s) fonte(s) onde buscam informações sobre as peças em
cartaz, a maioria (59%) respondeu que é através de amigos ou colegas (Apêndice B,
Gráfico 9). Grande parte dos entrevistados respondeu também que os sites na
internet são grande fonte de informação desta natureza, ficando o jornal em terceiro
lugar na preferência do público. O jornal mais citado pela grande maioria do
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entrevistados que buscam informações neste meio foi a “Gazeta do Povo”. Os sites
mais citados foram: “Curitiba Interativa”, “Google” e “Onda RPC”. Isso mostra que a
principal forma de divulgação do teatro é informal, ou seja, “boca a boca”, embora a
internet também seja bastante utilizada para a busca deste tipo de informação.
A pergunta que definia se o questionário continuaria a ser respondido pelos
entrevistados diz respeito ao seu interesse em fazer aulas de teatro amador
(Apêndice B, Gráfico 10). As respostas foram equilibradas, pois 52% dos
entrevistados tem interesse em freqüentar aulas de teatro, mesmo aqueles que já
freqüentam aulas de teatro tanto amador quanto profissional. Fica claro nos
questionários preenchidos que muitos alunos de escolas que visam à
profissionalização do ator buscam também o teatro amador. Das escolas citadas
pelos entrevistados pode-se ressaltar a “FAP - Faculdade de Artes do Paraná” e a
“ET UFPR - Escola Técnica da Universidade Federal do Paraná”. 48% dos
entrevistados não têm interesse em freqüentar aula de teatro amador. É importante
ressaltar que, a partir desta questão, o número de respondentes das próximas
questões são noventa e duas pessoas.
A questão que abordava as motivações que levam as pessoas a buscarem
aulas de teatro também obteve resposta equilibrada com relação ao percentual total
de alternativas assinaladas, sendo a maior motivação assinalada a possível
profissionalização na área do teatro (Apêndice B, Gráfico 11).
Para buscar informações sobre aulas de teatro a maioria dos entrevistados
assinalaram as alternativas que se referem às pessoas próximas como colegas e
amigos pessoais. Sites na internet também foram citados como fonte no momento
de saber sobre aulas de teatro, sendo o mais citado o “Google”. (Apêndice B,
Gráfico 15).
A melhor localização assinalada pelos entrevistados para que freqüentem as
aulas de teatro é no Centro de Curitiba ou em locais próximos a suas residências
(Apêndice B, Gráfico 12), sendo o melhor horário o período noturno e durante a
semana (Apêndice B, Gráfico 13). Segundo os entrevistados, cada aula de teatro
tem duração ideal de 2 horas (Apêndice B, Gráfico 14). A maioria dos entrevistados
estaria disposto a pagar de cinqüenta reais a cem reais por mês, por cinco horas
semanais de aula (Apêndice B, Gráfico 16). Apesar disso as principais razões
assinaladas pelos entrevistados para não freqüentarem aulas de teatro são questões
financeiras em segundo lugar e, como principal razão, a falta de tempo (Apêndice B,
40
Gráfico 17).
com idade entre dezessete e quarenta e cinco anos, não havendo pessoas idosas
na platéia. Ortiz afirma que a maior parte do público é constituída de estudantes.
Com relação aos alunos da escola Pé no Palco, os professores afirmam que,
na grande maioria, são dedicados e freqüentes às aulas, pois o teatro tem a
característica de ter continuação entre uma aula e outra, e o aluno que perde muitas
aulas acaba se sentindo deslocado perante o grupo. Os motivos que fazem com que
os alunos faltem às aulas, ou abandonem o curso, normalmente são de influência
externa. A maioria dos alunos não costuma abandonar o curso. No caso dos alunos
jovens universitários, estes acabam por abandonar o curso devido à faculdade, ou
devido a estágio e emprego.
Com relação à motivação que leva as pessoas a procurarem aulas de teatro,
os professores mencionam a busca pela profissionalização, curiosidade, lazer, perda
de timidez, auto-conhecimento, novas experiências, desenvolvimento da
sensibilidade, descontração. Ortiz diz que há o público que busca profissionalização
e o público que necessita de desenvoltura verbal e corporal nas suas áreas de
atuação profissional, e um terceiro público que freqüenta as aulas por gostar de
teatro. Segundo Farah, a maioria das crianças chega na escola através dos pais e
permanece no curso por interesse despertado nas aulas. Outras procuram as aulas
por interesse próprio, e a minoria chega até a escola interessada na
profissionalização futura com intuito de atuar na televisão. Salema afirma que a
maioria das crianças procura a escola por iniciativa própria, pois o teatro é constante
nas brincadeiras e na vida infantil. Os professores afirmam que as turmas são
heterogêneas no sentido profissional dos alunos, como por exemplo há advogados,
universitários, donas de casa, arquitetos, ou seja, não há um perfil definido neste
sentido.
Os professores afirmam que o Festival de Teatro de Curitiba tem influência na
procura pelas aulas de teatro. A maior procura pelos cursos livres acontece no
período entre o mês de Abril e início do mês de Maio, sendo que as aulas têm início
no mês de Março. Durante o mês de Agosto também há uma procura, porém menor
em relação ao período citado. A Pé no Palco costuma disponibilizar novas turmas de
acordo com a procura pelos cursos, ou seja, no início do ano, e com menor
freqüência no início do segundo semestre, normalmente no mês de Agosto. Os
alunos que procuram pelos cursos livres de teatro após o início das aulas têm a
possibilidade de incluírem-se nas turmas através de uma aula experimental sem
45
compromisso. Com relação à procura, Farah afirma que, apesar de no ano de 2007
a Pé no Palco ter feito maior divulgação, em comparação com anos anteriores, a
procura pelos cursos teve uma queda neste ano. Ele afirma, ainda, que as turmas de
teatro infantil são novas na escola e levanta a possibilidade de o público não
conhecer esta nova modalidade como motivo para a queda na procura. Ortiz afirma
que a Pé no Palco faz maior divulgação no início do ano e é nesse período que há
maior procura, mas existe procura durante o ano todo.
Quanto à comparação da Pé no Palco com outras escolas de teatro, a grande
maioria dos professores não expõe sua opinião devido ao fato de não terem
experiência externa. Gaspar, tendo experiência em outras escolas, ressalta como
vantagem da Pé no Palco, principalmente, a organização da escola. Ressalta
também como pontos positivos: a metodologia, a divisão de horários, o espaço
físico, o planejamento de curso, o tempo de duração do curso completo e, por fim, o
fato de as aulas serem lecionadas por dois professores simultaneamente, pois os
alunos nunca deixam de ter aula devido à falta de um dos dois professores. Farah
reforça como ponto positivo da Pé no Palco a estrutura física pois, segundo ele, um
espaço físico adequado é primordial para o ensino de teatro. Ortiz diz que o método
da Pé no Palco, desenvolvido por ela, é o grande diferencial da escola e que este
método sofre atualizações periódicas. Salema afirma que este método está sendo
adaptado para crianças, pois foi inicialmente criado e aplicado em adultos. Ela
reforça que, quando se trata de aulas para crianças tem relevância a educação
como um todo, não apenas o ensino de teatro.
Os professores se mostram bastante satisfeitos com a Pé no Palco e não
propõem mudanças na escola. Bonacin sugere apenas que as aulas sejam
registradas para posterior avaliação das turmas e dos professores, bem como da
metodologia. Farah afirma que o fato de os professores não proporem mudanças
vem das reuniões realizadas no início de cada ano, aonde todos os professores
colocam suas opiniões para todo o grupo e disto saem as soluções. Ele afirma que a
comunicação entre eles é adequada e que as tarefas a serem desenvolvidas para a
melhoria da escola são divididas entre os professores, não havendo níveis de
hierarquia com relação a isso, deste modo os professores moldam a Pé no Palco de
acordo com suas necessidades.
Todos os professores afirmam ser de interesse da instituição o aumento no
número de alunos, sendo que as turmas podem comportar mais alunos da forma
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como estão estruturadas atualmente. Eles afirmam também que não há um perfil a
ser procurado deste público e que a escola é “aberta a todos”. Gaspar afirma que
algumas pessoas envolvidas com o teatro em Curitiba desconhecem a Pé no Palco,
e que isto deve ser mudado. Ele afirma também que a escola deve procurar mais
alunos mas não pode deixar de se posicionar como uma escola que prima pela
seriedade com relação ao ensino de teatro, pois, segundo ele, em Curitiba, muitas
escolas não se posicionam desta forma. Ainda segundo Gaspar, a Pé no Palco se
diferencia por montar espetáculos com os alunos ao fim de um ano de aula, sendo
que muitas escolas montam espetáculos de dois em dois meses. Para que os alunos
percebam os diferenciais da Pé no Palco, é necessário que freqüentem varias aulas
e que percebam isto ao longo do tempo. Ortiz afirma que a meta principal da escola
é dar continuidade aos projetos sociais e que a escola tem limitações estruturais
com relação ao aumento de alunos.
geral. Eles afirmam que o Festival de Teatro de Curitiba tem grande influência no
teatro, tanto para espectadores, quanto para possíveis alunos.
A forma como o público busca informações sobre peças em cartaz é,
principalmente, informal, ou seja, procuram pessoas próximas como amigos e
colegas para terem acesso a estas informações. A internet e os jornais também são
uma forma de busca de informações sobre as peças em cartaz, principalmente sites
e jornais que tenham uma sessão sobre cultura.
Há grande interesse do público em freqüentar aulas de teatro, mesmo
aqueles que já cursam outro curso de teatro profissional. Isto mostra que existe uma
relação entre as pessoas que buscam o teatro como cultura e o interesse pela
prática do teatro, mesmo que ainda se manifeste apenas em desejo.
A pesquisa realizada durante o Festival de Teatro de Curitiba, demonstra que,
pessoas próximas, como amigos e colegas, seriam a principal fonte aonde os
interessados em praticar teatro buscariam informações sobre as aulas. Isto se
confirma com a entrevista feita com os alunos da escola “Pé no Palco”, pois estes
afirmam que conheceram a escola através desse tipo de fonte. Os entrevistados no
Festival de Teatro citam também a internet como fonte de busca de informações
sobre aulas de teatro, e uma pequena parte dos alunos da escola conheceram a
escola desta forma, sendo esta uma mídia de grande possibilidade de utilização pela
escola para futura divulgação.
As motivações que levariam estas pessoas a uma escola de teatro são
diversas e com opiniões equilibradas entre si, demonstrando que a prática de teatro
seduz vários tipos de público, mas, em contrapartida, os alunos da escola “Pé no
Palco” demonstram que quando procuram as aulas já têm uma certa motivação
profissional envolvida.
Com relação às preferências sobre as aulas de teatro demonstradas pelos
entrevistados no Festival, percebe-se que vêm de encontro com as possibilidades
oferecidas pela escola de teatro “Pé no Palco”, pois as aulas têm o tempo de
duração que os espectadores julgam ideal, o preço está de acordo com o que eles
pretendem pagar e os horários são bem distribuídos durante a semana, satisfazendo
o público que, em sua maioria, alegou não freqüentar aulas de teatro devido à falta
de tempo.
Segundo entrevista com os alunos da “Pé no Palco”, as pessoas que
demonstram interesse em freqüentar aulas de teatro e realmente vão à escola para
48
CONCLUSÃO
sobre uma determinada forma de arte colabora para sua perpetuação e para que o
público possa conhecê-la e se interessar por ela. Isso reforça a importância de ter
sido apresentada neste trabalho a história do teatro no Brasil, e foi demonstrado que
grandes autores se dedicam a registrar esta história ao longo do tempo.
As motivações citadas pelos entrevistados durante o Festival de Teatro de
Curitiba para freqüentar aulas de teatro são diversas, o que dificulta a segmentação
neste sentido, mas mostra que as pessoas que têm interesse em freqüentar aulas
de teatro buscam o teatro como forma de cultura, o que facilita o acesso a estas
pessoas.
A Segmentação de Mercado é de grande importância neste processo de
definição de público, pois conhecendo melhor o mercado em que se atua, podem-se
definir segmentos a serem atingidos, facilitando a comunicação entre empresa e
consumidor. Segmentar mercado tem como base a consciência de que, por mais
ampla que seja a comunicação que a empresa se proponha a fazer, não é possível
atingir todos os consumidores devido à grande concorrência, entre outros fatores.
O estudo do comportamento do consumidor completa a definição de
segmentos, pois os consumidores têm diversos hábitos, motivações e poder de
compra. Conhecendo melhor quais são as necessidades dos consumidores faz-se
com que elas sejam melhor e mais facilmente satisfeitas.
Estudando fatores internos e externos influenciadores de compra, percebe-se
que o consumidor sofre diversas influências quando opta por determinado produto,
como fatores de mercado, fatores pessoais, fatores culturais, fatores sociais e
fatores psicológicos.
Quando se aplica estes conceitos na definição de público consumidor de
teatro de Curitiba, percebe-se certa dificuldade em defini-lo com relação a todas as
variáveis envolvidas na teoria, mas pode-se defini-lo com relação à Segmentação
Geográfica e com relação à Segmentação Demográfica.
Com base nas teorias de Comportamento do Consumidor conclui-se que, com
relação aos fatores culturais, a população de Curitiba não possui o hábito de
freqüentar teatro. Com relação a fatores sociais, o teatro está bastante relacionado,
pois as pessoas se interessam e freqüentam teatro por meio de contato social,
buscando pessoas próximas para ter informações relacionadas ao teatro de forma
geral. Com relação aos fatores pessoais, percebe-se que a maior parcela do público
que freqüenta teatro tem similaridades com relação à idade, ciclo de vida, situação
52
REFERÊNCIAS
MAGALDI, Sábato. Panorama do teatro brasileiro. 3ª ed., rev. e ampl. São Paulo:
Global, 1997.
54
APÊNDICES
56
Essa pesquisa acadêmica tem como objetivo analisar o perfil dos consumidores de teatro de Curitiba. É
importante salientar que ninguém será identificado em qualquer momento, uma vez que o interesse está no
público como um todo, e não em indivíduos isoladamente.
Assinale com um “X”, uma ou mais alternativas, de acordo com sua opinião.
Dados pessoais:
Profissão: _________________________
Estado civil: ( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Divorciado ( ) Outros
Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
Idade: ________anos
Renda Familiar:
( ) Até R$ 500,00 ( ) De R$ 1.501,00 a R$ 3.000,00
( ) De R$ 501,00 a R$ 1.000,00 ( ) De R$ 3.001,00 a R$ 5.000,00
( ) De R$ 1.001,00 a R$ 1.500,00 ( ) Acima de R$ 5.000,00
Questionário:
( ) Teatro ( ) Dança
( ) Cinema ( ) Artes plásticas
( ) Shows / música
( ) Centro
( ) Próximo a minha casa. Bairro: _________________________
( ) Próximo ao meu trabalho. Bairro: _________________________
( ) Próximo a minha faculdade / colégio. Bairro: _________________________
( ) Outros: _________________________
10) Como você buscaria informações para escolher a escola de teatro amador?
11) Qual seria a faixa de preço que você paga/ pagaria por mês de aulas de teatro amador de 5 horas
semanais?
12) Caso você tenha interesse em fazer aulas de teatro, mas não faça, qual a razão?
( ) Falta de tempo
( ) Questões financeiras
( ) Não levo a sério meu interesse/ é um interesse passageiro
58
Gráfico 1: Profissão
12%
Artista
Estudante 45%
Professor (a)
35%
Outras
8%
6% 2%
14%
solteiro
casado
divorciado
outros
78%
Gráfico 3: Sexo
59
Masculino 41%
Feminino
59%
3%
2%
Idade
1%
4% 4%
até 17
18 a 20 4% 22%
21 a 25
26 a 30 12%
31 a 35
36 a 40
41 a 45
46 a 50
51 a 60
48%
1. ,
Até R$ 500 00 34%
42%
De R$ 1.501,00 a R$
3.000,00
Acima de R$ 3.001,00
24%
38%
26% 27%
10%
Às vezes
Raramente Sempre Durante o festival
52%
46%
12% 16%
to
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or o
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É
120%
5 5
100% 5
4 5
4
4
80% 3 3 5
3 4
60%
2
2
40% 2
3
4
20% 1
1 1 2
3
1 2
1
0%
Shows/ Artes
Teatro Cinema Dança
Música Plásticas
5
1% 5% 11% 21% 62%
4
14% 14% 13% 37% 22%
3
22% 19% 27% 22% 10%
2
26% 34% 25% 10% 5%
1
37% 28% 24% 10% 1%
59%
55%
45%
25%
21%
14%
6%
os
s
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ai
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rn
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ád
s
co mig
bu ão
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Si
Jo
ga
a
R
sc
N
fo
A
In
62
Sim 48%
Não 52%
Possível
profissionalização 9%
Perder timidez 22%
18%
Conhecer pessoas
Conhecer a si mesmo
15%
Curiosidade diversão
17%
Outros 19%
Centro 6% 3%
4%
Próximo a casa
Próximo a trabalho
29%
Próximo a 58%
faculdade/colégio
Outros
63
12% 11%
Semana - manhã
13%
Semana - tarde
19%
Semana - noite
Fim de semana - manhã
Fim de semana - tarde
Fim de semana - noite
14%
31%
10% 15%
5% 1 hora e meia
2 horas
2 horas e meia
22% 3 horas
3 horas e meia
35%
4 horas ou mais
13%
Sites na internet
Jornais 6% 3%
20%
Colegas de trabalho 8%
6%
Colegas de
faculdade/colégio
Lista telefônica/ Serviço
de informações 102
40%
Outros
64
Gráfico 16: Quanto pagaria por mês por aulas de 5 horas semanais
7%
24%
Falta de tempo
6%
Questões financeiras 3%
12%
Não leva a sério o
38%
interesse
Não conhece lugares
9%
Localização/ Dificuldade
de transporte 5%
Ter vergonha
27%
Outros
Esta pesquisa se apresenta com propósito acadêmico e busca uma análise do público
consumidor de teatro de Curitiba.
Não está incluso na pesquisa a identificação do pesquisado, uma vez que o interesse está na
análise do público como um todo, e não em indivíduos isoladamente.
Dados pessoais:
Profissão: _________________________
Estado civil: ( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Divorciado ( ) Outros
Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
Idade: ________anos
Renda Familiar:
65
Assinale com um “X”, uma ou mais alternativas, de acordo com sua opinião.
Questionário:
( ) Teatro ( ) Dança
( ) Cinema ( ) Artes plásticas
( ) Shows / música
Gráfico 1: Profissão
36%
Estudante
Professor (a)
Outas profissões 55%
9%
67
9%
4%
Solteiro 11%
Casado
Divorciado
Outros
76%
Gráfico 3: Sexo
Masculino 47%
Feminino 53%
Gráfico 4: Idade
7%
16 a 20 2% 7%
21 a 25 2%
26 a 30
2% 38%
31 a 35
36 a 40 11%
41 a 45
46 a 50
51 a 60
31%
68
Até R$ 500,00
De R$ 501,00 a R$
1.000,00
11% 2% 9%
De R$ 1.001,00 a R$
1.500,00
De R$ 1.501,00 a R$
3.000,00 18% 18%
De R$ 3.001,00 a R$
5.000,00
Acima de R$ 3.001,00
2%
4% 18%
Raramente
Às vezes
Sempre 33%
Durante o festival
Sem resposta
43%
120%
3% 3%
100%
3%
12% 15%
24%
80% 15% 30% 15%
55%
60%
34% 49%
40% 43%
70%
33%
20% 30% 15%
21%
9% 9%
6% 3% 3%
0%
Shows/ Artes
Teatro Cinema Dança
Música Plásticas
5 3% 3% 15% 24% 55%
4 0% 3% 15% 49% 33%
3 12% 30% 34% 15% 9%
2 15% 43% 30% 9% 3%
1 70% 21% 6% 3% 0%
100%
87%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20% 11% 13%
10% 4%
0%
Jornais Sites na internet Cartaz, Outdoor, Amigos,
Placas colegas,
familiares
60%
51%
50%
40%
30% 22%
20%
20% 16% 13%
10% 2%
0%
Ter amigos na
Metodologia
Desconhecimento
Facilidade de
Preço
"Pé no Palco"
de outras escolas
Outros
Localização/
acesso
Até 6 meses
De 6 meses a 1 ano 2%
18%
De 1 ano a 1 ano e
meio
De 1 ano e meio a 2 44%
anos
De 2 anos a 2 anos e
11%
meio
De 2 anos e meio a 3
anos
9%
4 anos 7% 9%
60% 56%
50%
40%
30%
18% 20% 20%
20% 16%
11%
10% 4%
0%
profissionalização
profissionalização
Conhecer
Conhecer a si
Curiosidade/
Perder timidez
Outros
pessoas
Conhecer para
diversão
mesmo
Busca por
possível
4%
Sim
Sem resposta
96%
36%
Sim
Não
64%
5) Você acha que Pé no Palco deveria atrair mais alunos? Se sim, como vocês
acham que isto deveria acontecer? Qual o público que deveria ser procurado?
Pedro – Eu acho que é difícil levar o público curitibano pro teatro. A gente tem
público aqui, uma porque as turmas trazem o público. A partir do momento que os
familiares, os amigos destas pessoas começam a freqüentar o Pé no Palco, eles têm
como referência o trabalho do Pé no Palco, então eu acho que isso leva à outros
espaços, quando a gente ta em outros espaços. Mas eu sinto muita dificuldade, eu
sinto falta de ver gente diferente na platéia.
A – Então a gente pode dizer que é um público difícil de cativar, mas quando cativa,
fideliza?
P – Não sei se é difícil de cativar, é difícil de trazer. Eu acho que a partir do momento
que ele entrou aqui, a gente cativa. Pelo menos, boa parte. Eu sinto isso, pode ser
que amanhã, ou depois, eu sinta que é outra coisa, mas desde que eu to aqui, eu
comecei a minha história aqui no Pé no Palco, e desde que eu to aqui é essa a
experiência que eu tenho aqui até hoje.
P – Sete anos.
profissional do Pé no Palco. Aí depois de um ano que eu fiz aula com ela, ela me
chamou para substituir um dos atores da Companhia. Quer dizer, como ator
estagiário, porque eu era aluno, não tinha DRT, não era profissional, então eu
comecei a substituir como estagiário. Daí eu fui estagiário do Círculo de Encenação
e Pesquisa Pé no Palco, que é a Companhia, por dois anos. Aí fiz meu DRT, aí me
“efetivei” como profissional e to até hoje. E os professores são os atores da
Companhia.
P – Olha eu não “lido” muito com as turmas infantis ou infanto-juvenis. Mas eu tive
experiência com o projeto. Porque a gente teve aqui por três anos o projeto de arte e
educação, que é um projeto de ação social que a gente tinha aqui no Pé no Palco,
que era patrocinado, então as crianças não pagavam. O “Criança Encenação”. E aí
muitas crianças começavam porque tinham vontade, mas os pais também tinham
vontade. Acho que era uma coisa que vinha dos dois lados, os pais queriam e as
crianças queriam. Mas a gente não forçava. Se a criança vinha pra cá, conhecia o
“fazer teatral” e não era isso que ela queria, saía na boa. A gente cobrava presença
porque tinha toda uma planilha, enfim, pra prestar conta pro Estado depois, pro
MINC. Mas se a criança não queria, ela não precisava vir. A gente não permitia que
os pais forçassem a criança a vir, se ela não tem vontade não tem que vir. Mas a
gente vê que quando a criança curte, ela vem mesmo. Sabe? Fica ansiosa. E fica
ansiosa com a apresentação. E não dorme à noite porque vai ter apresentação no
outro dia. É um barato! Os adultos, os “adultos-adultos” são mais freqüentes em
relação à turma que eu dou aula à tarde. É que a turma da tarde tem mais um perfil
assim de quinze a vinte e dois anos, que é o pessoal que faz faculdade à tarde ou
que faz faculdade à noite, que não ta trabalhando, ou só ta fazendo estágio meio
período e vem. Mas, tipo começa com umas quinze pessoas, aí a pessoa vê que
não é mais muito aquilo, só queria conhecer, então se desvia da coisa. Então não
leva em frente porque não era bem aquilo. E outros “super” vem assim, a gente tem
até o “troféu-caxias” no final do ano. Alguns brigam no final do ano porque querem o
“troféu-caxias” porque tem gente que não faltou nenhuma vez, nem quando ta com
quarenta graus de febre.
A – Mas com relação à porcentagem das pessoas que vem e vão embora? Tem
muita gente que vai embora? Ou você acha que não?
P – Eu acho que não. Tem a evasão normal assim. Principalmente nessa turma da
tarde. A pessoa faz faculdade à noite ou de manhã e faz aula à tarde, consegue um
estágio ou um emprego, aí tem que deixar. São motivos estes que levam a pessoa a
desistir.
P – Ah, sim. Com certeza, com certeza. Ou, a pessoa não se identifica mesmo.
Pensava que teatro era uma coisa... É difícil. Existe, mas é bem difícil. São motivos
75
externos. Que eu me lembre agora de cabeça, no ano passado, que eu dei aula o
ano inteiro para uma turma à tarde também, foram motivos externos. Foi emprego
que surgiu, foi estágio que surgiu, foi monografia da faculdade que “pegou”. Então
foi isso. Mas que até hoje, vira e mexe, vem aqui. “Ai to morrendo de saudades, mas
to trabalhando, não consigo...”. Sabe? Aquela história.
A – E você acha que tem uma grande porcentagem de alunos aqui da Pé no Palco
que vem pro teatro buscando uma profissionalização? Ou, que motivos eles trazem?
Por que estão aqui? O que você acha que tem mais?
P – O que tem mais? Ai, boa pergunta... Eu acho que muita gente curte teatro, curte
assistir teatro, mas quer saber o que rola por trás. E vem e curte pra caramba. Muita
gente ta aqui e não quer ser ator. Sabe? Tem a vida lá fora, trabalha num escritório o
dia inteiro e vem aqui porque ele “se cuida” sabe? Eu acho que quando você ta na
aula de teatro, você se volta pra você mesmo. Você começa a prestar atenção em
você mesmo. E isso se torna prazeroso pra pessoa. Sabe? Você vai respirar, você
vai prestar atenção na sua respiração. Você começa a trabalhar o corpo, você
começa desde a pontinha do dedinho da mão, até o dedinho do pé, você ta “se
ligando” que existe tudo isso, sabe? Então... e tem a convivência em grupo, que isso
conta muito também. A pessoa se solta, se diverte, vem aqui e coloca um moletom
“todo solto”, e “pezão no chão”, sabe? Imagina aquela pessoa que fica o dia inteiro
no escritório, de terno e gravata, tem muito advogado que faz teatro... E de terno e
gravata, sapato... Chega aqui bota o “pezão no chão”, um moletom, e roda aqui,
respira e pula e grita e dança. E vai curtindo junto com as técnicas de teatro. E
depois que tem a sensação do espetáculo, a luz acende e tem público aqui...
Alguma coisa mexe na pessoa também, sabe? E ela quer voltar e fica. Mas ela,
muitas vezes a gente sabe, que não vai ser ator ou atriz profissional, mas não
porque ela não queria, mas porque a vida é outra. É um hobby que ela leva a sério.
Eu acho que muitas pessoas vêm aqui, como um hobby que ela leva muito a sério,
que exige dedicação. Por mais que sejam só duas vezes por semana, cinco horas
semanais, que é o período que a gente dá aula geralmente, exige dedicação sim.
Porque se você deixar, as aulas que começam a noite, começam as sete, se você ta
no teu escritório, sei lá aonde, na tua empresa, e deu um “pepino” e você não
consegue se liberar pra vir pra aula... Você tem que ta disposto a se liberar e vir pra
aula. Porque o aluno também “saca” que se ele perdeu... Porque chega num estágio
da coisa, que se você perde uma aula, você perde “o fio da meada”. E ele sente
essa falta. A primeira vez que ele perdeu, por um motivo externo, ele volta pra aula.
Ele “samba” um pouquinho, mas ele consegue chegar. Claro, a gente também tenta
usar uma, não sei se é “didática” que eu chamaria isso, mas a gente consegue
traze-lo junto pro grupo. Porque teatro é energia de grupo. O grupo que tem que ta
unido pra acontecer, senão não acontece, então a gente tem que trazê-lo. E ele
“saca” que ele sente um pouco de dificuldade, então ele vai se esforçar pra voltar
depois. É um hobby que ela leva a sério, pra mim. Pode ser que amanhã eu mude
de idéia, mas hoje eu penso isso. Têm muitos que, é um hobby que ela leva a sério.
Ta lá é arquiteto, é advogado... Quem mais? Muitos universitários. Se você vir à
noite tem um perfil bem heterogêneo. Tem dona de casa, que não faz nada da vida,
e vem aqui também e que adora. Tem viúva aposentada que não tem o que fazer e
vem pro teatro. É porque à noite tem desde dezoito anos até sessenta. Então é um
barato ver isso, sabe? Não sei se eu to sendo claro.
76
P – Não dei aula fora da Pé no Palco, não sei te dizer. Eu comecei aqui na Pé no
Palco e to aqui até hoje e tive oportunidade de ter aulas fora, mas não aula de
teatro, daí são aulas de cinema, que é outra coisa. É outra linha, tem muito do
teatro, mas é outra “pira”. Mas de teatro eu não sei te dizer.
P – Eu acho que é aberto pra todo mundo, sabe? Se pudesse trazer mais crianças.
Eu vejo pelas crianças que eu acompanhei. Se eu tivesse oportunidade. Porque eu
comecei a fazer teatro com trinta anos, eu nunca tinha subido num palco na vida.
Imagina? A última coisa que eu achei que eu fosse fazer na vida era teatro. E elas
estão “experienciando“ com oito, nove, dez anos. Eu acho que isso nunca vai ser
apagado. Por mais que daqui dez anos elas estejam, sei lá, em Hong Kong, elas vão
se lembrar dessa experiência, que é muito rica. Eu dando aula eu me vejo fazendo
aula, do que eu já experienciei. Eu cheguei totalmente “cru”, totalmente “verde”, por
mais que eu tinha trinta anos, eu era super “verde”. A criança é mais espontânea, a
criança não se cobra muito, e cai no imaginário muito mais fácil. Imagina você com
trinta anos, depois de ter estudado um monte de coisas, de ter feito faculdade,
aquela coisa. Por exemplo dentista, super técnico, e se soltar no palco. Mas eu acho
que tem que vir todas as idades.
P – Eu acho que sim, com certeza. Eu acho que sim, eu acho que cabe mais gente.
Pode vir à tarde na minha turma porque cabe mais gente. Quer dizer não cabe mais,
porque agora não dá mais pra entrar. Porque perdeu o começo a pessoa não vai
mais chegar. A gente até tentou colocar algumas pessoas, alguns alunos, mas fica
muito longe, sabe? Se fosse no primeiro, segundo mês a pessoa consegue, mas
passou três meses ai... Aquele básico que a pessoa precisa... De fica em pé no
palco, ficar em pé, a gente chama de “ficar alinhado”, “ficar alinhado no palco”. Ele já
não sabe o que é isso. Até o vocabulário que a gente usa é difíci pra ele, então ele
não fica. Ele se sente fora, daí a gente não consegue traze-lo porque é muito
distante.
P – Às vezes tem demanda pra meio de ano. O ano passado, a turma do Diego e da
Janaína, que tem um perfil mais jovem ainda que a minha, se formou em Agosto do
ano passado. As pessoas ligavam porque queriam, queriam, queriam, daí teve uma
lista de espera. E foi ligado e formou-se a turma e continua ainda este ano. Eu acho
que cabe muito, as turmas precisam de mais gente. Tinha que ter vinte pessoas por
turma. A de teatro e cinema tem poucos alunos, mas é pra pessoas que já tem
experiência com o teatro, não é pra iniciantes. Já tem que ter uma carreira aí, um
conhecimento, porque já vai trabalhar o teatro e cinema que já é uma outra
linguagem. Eles estão tentando juntas as duas, que já é uma outra “pira” assim.
Amanda – Como você caracteriza o público que assiste teatro em Curitiba, como
profissional da área de teatro? Com relação à idade, sexo, por que eles vêm pro
teatro, por eles não vêm?
78
Francisco – Assim, é muito comum, não só no Brasil, como no mundo inteiro, que o
público de teatro é gente que faça teatro. É mais comum você vê. Aqui em Curitiba
tem isso, mas além disso eu tenho visto um público de fora da área também. Um
público mais espontâneo, que não é só de teatro. A idade, é muito específico,
dezessete, dezoito, até uns trinta e sete, quarenta anos. No máximo quarenta e
cinco anos. Eu não vejo muita gente idosa assistindo teatro. Eu vejo mais gente
nessa faixa. Classe média. Agora não sei se mais homem que mulher não.
F – Um ano.
A – Você percebe uma diferença no fluxo de alunos durante o ano? Você percebe se
tem uma época em que eles procuram mais, uma época em que eles vão mãos
embora e deixam um pouco de lado?
A – Você já teve experiência em outras escolas dando aula de teatro? E quais são
as principais diferenças que você entre a Pé no Palco e estas outras escolas que
você deu aula? Pontos positivos e pontos negativos. Na visão de professor.
F – Olha, eu não to “puxando o saco” não, mas é difícil achar um ponto negativo. A
organização é muito bem feita. Eu acho que a gente vacilou um pouco esse ano na
divulgação, até na questão de grana, eu não sei, quanto investiu, quanto não
investiu, eu não sei. Mas eu acho que foi menos divulgado do que foi, me parece,
nos outros anos, eu não posso ter certeza. Mas na organização... Neste período
atual, eu falei que não ia achar ponto negativo, mas achei dois já (rs). Nesse período
atual, a gente teve uma mudança de três secretárias, na recepção, as três
recepcionistas. E isso, possivelmente pode criar algum tipo de... Porque a primeira já
era uma aluna muito antiga da casa, já tava aqui há muito tempo, então já tinha um
modo já de recepcionar já bastante seguro. As outras duas já são bem mais novas,
além de ser uma mulher mais velha, as outras duas já são bem mais novas, e talvez
não tenham tanta segurança na recepção e pra saber o que realmente cada turma
realmente faz e indicar os alunos pra cada turma. Mas fora isso, a organização, a
divisão de horários, a organização, o espaço físico, o planejamento de curso, o
tempo que se leva, quer dizer, a cada ano, o que se propõem a cada ano, a
metodologia, é muito mais organizado que q maioria das escolas em que eu
trabalhei.
F – Não, não.
F – Não.
F – Funciona. É uma vantagem, assim, o que acontece, eu dou aula numa outra
escola, que eu divido um dia na semana com uma professora de música, de voz,
assim eu acho muito mais vantajoso. Você poder ter dois profissionais diferentes.
Mas o fato de ta dando aula em dois é bastante interessante, porque você produz
uma motivação maior de trabalho pro grupo, você produz uma garantia de que na
vai haver falta. Se é um professor só, e ele fica doente, você não tem aula naquele
dia. Isso pro aluno pagante é muito importante, ele saber que ele ta chegando aqui e
ele ta tendo aula. Teve um feriado agora, Corpus Christi, que o Diego viajou, e eu dei
aula pra três alunos no meio do feriado, mas isso, pra esses três alunos produz uma
motivação muito grande e eles passam pros outros. Semana passada eu precisei
faltar por uma questão pessoal, e aí, ele, o Diego deu aula. Quer dizer, os alunos
não sentem isso... No final das contas é um curso que tem sempre a cara de que ta
funcionando, e isso, em matéria de organização, eu acho muito bom.
80
A – Pelo que eu tive acesso, vocês têm em torno de cento e cinqüenta alunos, aqui,
hoje, sendo estes cento e cinqüenta alunos pagantes. Você acha que essa
quantidade de alunos ta bom, ou você acha que tem que ter mais gente? Que tipo
de alunos que você acha que deveria vir e como a Pé no Palco deveria trazê-los?
A – Você acha que os alunos, quando chegam aqui, eles tem consciência dessa
seriedade da escola? E você acha que quando eles percebem isso eles demonstram
que isso supera as expectativas deles, ou pelo contrário?
F – É porque eu tenho alguns alunos que vem esperando isso já e outros que não.
Mas, eu não sei, eu acho que o senso comum é de que curso de teatro não é isso.
Então, pra que a expectativa seja superada é preciso um tempo no espaço, nas
aulas pra que a gente possa explicar o que seja um curso de teatro. Porque o censo
comum das pessoas é “eu quero chegar, eu quero fazer cena, eu quero me
apresentar”. É o que se pensa quando se chega, pelo menos a maioria das pessoas.
É como dizer assim, não tem parâmetro, não tem como a gente em três aulas
mostrar pros aluno que teatro é outra coisa, que um curso de teatro é outra coisa.
Porque é tão arraigado nas pessoas o que é fazer teatro. Eu sempre comparo com
capoeira. Capoeira tem isso, você na primeira aula de capoeira não, mas na
segunda aula você já ta na roda, já da um passinho, já dá uma gingada e volta pro
seu cantinho, mas você já ta na roda. Teatro não é tão fácil. Teatro você tem que
ganhar uma habilidade antes de ta começando a participar. E isso causa uma certa
ansiedade, as pessoas não vêm muito preparadas pra isso. Se ultrapassam esse
momento inicial, talvez os seis primeiros meses, e entendem, e fazem a primeira
81
Diego – Cinco anos. Aqui na Pé no Palco eu dou aula há três, os outros dois anos
foram em escolas públicas. Eu dei aula fora daqui mais como aula experimental
mesmo. Eu trazia os relatórios pra Fátima e ela aprovava ou mudava alguma coisa.
A – Como profissional de teatro, como você vê o público que assiste teatro? O que
leva as pessoas ao teatro? É um público mais velho, mais novo?
D – No caso das crianças é bem dividido mesmo. Têm alguns que são os pais que
colocam pra criança perder a timidez, pra criança falar “mais pra fora”, como
embocadura do texto. E tem crianças que vem sonhando em ser atrizes e atores pra
ir pra “Malhação” sabe? Quando crescerem querem trabalhar na Globo, mas
também é a minoria. E outros que vêm por brincadeira, por laser, que começam... A
maioria começa por causa dos pais, que falam pra vir, pra experimentar, e acabam
se encaixando e não querem mais sair, e passam alguns anos e as crianças tão aí.
Inclusive tem umas meninas que entraram com treze anos, hoje estão com
dezesseis, dezessete, tão se formando no Pé no Palco e tão começando a fazer
estágio já pra docência, pra ficar aqui. Que na verdade foi o meu caso, eu comecei
por causa de timidez, eu era muito tímido e falava muito pra dentro, daí eu comecei
a fazer teatro e fui entrando em turmas e quando eu vi eu tava dando aula no Pé no
Palco. É um processo assim, que as crianças entram por um motivo e muda. Na
verdade todos os professores, menos o Francisco, começaram como alunos do Pé
no Palco. Na verdade são alunos da Fátima. Só o Francisco que veio do Rio, e eles
tão herdando o método, porque a Fátima tem um jeito diferente de dar aula e a
gente ta aprendendo e repassando isso.
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A – Com relação à freqüência dos alunos? Você acha que eles são fiéis? Tem muita
gente que desiste no começo do curso? Ou fica um tempo sem vir e depois
aparece? Como é essa freqüência?
D – Quem vem duas aulas, vem pra sempre. Tem bastante aluno que vem fazer aula
experimental, vêm assim três alunos fazer uma aula, ou voltam ou não voltam. É
difícil eles fazerem assim uma semana, duas semanas e depois ir embora, é bem
raro. Raro não, mas é mais difícil, porque o pessoal vem, se gosta ele vai pedir pra
fazer mais uma aula, de vez em quando eu peço pra fazer mais uma aula sem
compromisso. Isso quando pegam o “bonde andando”, que já fizeram tanto, daí
pegam uma aula bem complicada, ou pegam uma aula que é muito “louca” assim,
então a gente pede “Vem assistir mais uma aula porque essa aqui não serve como
exemplo”, porque se a pessoa olhar aquela aula, ela não entraria, porque ta o
“bonde muito andando” e daí eles acham que a turma ta junta faz muito tempo, e
eles se sentem deslocados completamente. Então eu peço que voltem outra aula, eu
falo com o pessoal ali da frente, eles não fazem a matrícula, daí eles voltam, fazem,
se encaixam e vão embora com a turma. Outros não voltam, se assustam mesmo e
fogem, não voltam. Mas no caso da criança, ela tem uma freqüência legal, é que no
caso da criança não é culpa dela quando não vem, geralmente são os pais que não
trazem por algum motivo.
A – E você sente uma diferença na procura pelo teatro ao longo do ano? É mais no
começo do ano, é mais no final do ano? Você acha que o Festival de teatro tem
influência na busca pelas aulas de teatro?
D – Ah, sim. Com certeza. Tem uma influência bacana sim. O curso começa em
Março, as matrículas em Fevereiro. O pessoal só começa a se “espertar” em Maio.
Começo de Maio que as pessoas vão... Março, Abril, meio de Maio assim que as
pessoas vão... É que elas se “assentam” nas outras coisas que elas tão fazendo,
questão de emprego, de escola, tal. E daí que elas vão “Opa, agora que eu já me
entendi aqui, eu vou procurar o curso que eu quero”. Ou isso, ou elas querem entrar
lá em Agosto. E daí depende da turma, se pode ou não. A partir de finalzinho de
Maio, Junho, daí a gente meio que tranca a entrada, porque a gente começa num
ritmo de montagem de meio de ano, então não tem como. A gente dividiu papel pra
todo mundo, deu texto pra todo mundo e daí entra mais um e mais um, sabe? Então,
a gente tranca a entrada, então acumula. A gente acumula todo o pessoal de Maio,
Junho, Julho pra Agosto. Porque daí em Agosto eles perderam essa introdução das
aulas, mas começa um processo novo, com uma peça nova. Então, eles não entram
tão com “o bonde andando”.
A – Você já deu aula fora da Pé no Palco né? Então, quais são as diferenças
principais entre a Pé no Palco e outras escolas que você deu aula? O que você
ressaltaria como ponto positivo e ponto negativo da Pé no Palco?
D – Hum, nessa eu não vou poder responder muito bem porque no outro lugar que
eu dei aula, eu não tinha chefe. Eu não tinha orientador acima, então eu trazia,
exatamente, os métodos do Pé no Palco. Era como se fosse um braço do Pé no
Palco. Então é igual. Questão de método assim, de coisa, não tem como colocar.
Isso quem vai colocar bem é o Francisco, que deu aula em outros lugares antes
daqui. Mas, que o espaço é primordial pra uma aula de teatro, é. Não tem como
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escapar. Eu dei aula assim em galpão, em cancha aberta, sabe? Em salão nobre de
colégio. É muito diferente. Sem dúvida, quando tem um espaço preparado pra aula...
D – Sim, sim. O espaço está preparado para abrigar duas turmas, sabe? Ta
preparado para acolher estes alunos.
D – Não, na verdade eu estou bem feliz... É que sempre quando tem alguma coisa
pra propor, a gente coloca na hora já. A gente senta numa reunião... No começo do
ano sempre tem uma reunião, em que a gente senta e fala o que que quer mudar, o
que que não quer. Geralmente quem propõem é quem vai atrás.
D – Ah, super. Super aberto. E a gente tem uma linha assim que, todo mundo faz
tudo. Então não tem uma pessoa assim, ajudante geral que vai martelar e puxar
coisa. A gente faz a reunião e fala “Ó, vai precisar pintar a pista, vai precisar tirar as
cortinas, e vai precisar de ta, ta, ta”, e faz a lista inteira e divide a tarefa. Então, os
próprios professores que vão fazer a mão de obra do Pé no Palco. Então, a gente
ergue do jeito que a gente quer. A gente faz a reunião e “Ah, o que você acha
daquela parede ser daquela cor?” Daí, a gente chega numa conclusão e vai, e vai
indo. Então, fica com a cara de todo mundo.
A – Você acha adequado o número de alunos da Pé no Palco? Você acha que tem
muito aluno, tem pouco, ta bom assim? Você acha que a Pé no Palco deveria tentar
atrais mais alunos?
D – Sim, na verdade tem bastante turma no Pé no Palco. A gente tem umas oito ou
nove turmas.
D – É, é. É que, a partir do momento que a turma ta aberta, você tem ali vinte vagas,
depende da turma tem vinte e cinco vagas. E tem muitas turmas aqui no Pé no
Palco que ta com doze, treze. Sabe? A minha do juvenil à tarde ta com doze alunos,
o Hapenning ta com quinze, então tem as vagas na turma ainda, que este ano não
encheu. Normalmente enche, principalmente turma de noite assim, que o pessoal
procura bastante, ela enche muito rápido. Só que esse ano deu uma queda na
procura.
D – Não, não sei. Não sei, eu sei que é geral. Tem turma que tem dez, tem turma
que têm doze, que geralmente, que pelo menos elas começam cheias. Não sei por
que inclusive, esse ano que foi feito uma campanha assim pra mostrar, de
publicidade maior assim, que a gente saiu, correu, pra colocar cartaz, tudo... Então,
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não sei. É porque abriu turma nova também, que o pessoal não tem conhecimento,
tipo essas turmas do infantil é a primeira vez que tem no Pé no Palco. Então, o
pessoal ligava pra cá e a gente falava: “Ah, tem que procurar o Abração, pra ver se
eles têm turma de criança...”. Então, é uma turma nova, que o pessoal ainda não ta
acostumado com isso. É, tem umas desculpas assim, que pode ser ou pode não ser
sabe... Tipo, às vezes a pessoa quer fazer básico, daí chega e tem uma turma de
Happening sabe... Que o nome da turma é Happening e daí, “o que é isso?”, daí as
pessoas às vezes ficam com o pé atrás assim... Porque elas queriam começar do
começo, e não parece ser começo. Porque tem outro nome... Mas pode ser isso ou
pode ser um acaso.
A – E qual você acha que deve ser o público a ser procurado? Quem é esse
público? Aonde buscar? Mais criança? Mais adulto?
F – É, concordo. E hoje não da mais pra dizer que é uma questão de qualidade
porque existe teatro pra todos os gostos em Curitiba. Existe teatro comercial, existe
teatro experimental, existem companhias que fazem os textos clássicos, existe
teatro pra comunidade espírita por exemplo, existe é... É muita muita variedade
assim... E a qualidade também melhorou muito do que se faz aqui. Porque, em
função das leis de incentivo, o grupo tem que manter, ele recebe subvenção do
governo através de leis, pra produzir seus trabalhos, então, ele tem recurso pra
produzir e o resultado... A gente tem tido uma percepção da melhora, muito grande
do teatro que é feito em Curitiba. Mesmo assim continua sendo pra poucos.
F – O público do Pé no Palco são os familiares dos alunos. Então é... Porque assim,
os espetáculos que acontecem aqui, são principalmente os espetáculos de
conclusão de curso das turmas do Pé no Palco. A gente não é uma casa de
espetáculo como... Como outros teatros assim... Então, aqui acontecem os
espetáculos dos alunos ou os espetáculos da Companhia. O Pé no Palco tem uma
Companhia permanente. Quando a Companhia ta em temporada, também o público
é muito desse ciclo de alunos, se a gente tem cento e cinqüenta alunos aqui, se
você multiplicar isso... É, pai, mãe, amigos, primos... Acaba formando esse público
que lota, porque é um espaço pequeno. A gente fica em temporada e tem esse
público. Então é um público que vem, assim estimulado pelos alunos, vem prestigiar
o filho, o amigo... Enfim, é muito por esse caminho.
F – Pra ter aula você ta falando? Ah, ta. Então, os alunos... A gente... É, a divulgação
que a gente têm pros cursos livres de teatro é assim, é para atores e não atores,
principalmente o primeiro ano. Que são pessoas que desejam usufruir do “fazer
teatral” pra desenvolvimento da sensibilidade... Às vezes até prefere fazer teatro do
que uma academia... Pessoas que são de áreas que precisam de desenvoltura
verbal, desenvoltura corporal com seu trabalho. Então, a gente tem... Os alunos na
verdade, eles são divididos. Os alunos que tem desejo de ser artista, de ser ator, de
ser atriz. E um outro segmento de alunos que querem, que usam, que usufruem do
teatro como um fator de desenvolvimento da sensibilidade, pra objetivos específicos
assim...
F – Tem aula junto, às vezes, principalmente o primeiro ano, o curso básico que dura
um ano, ele é bem focado assim, pra um aprendizado geral assim, pro
desenvolvimento do “ser criador”, da criatividade, da sensibilidade. E geralmente o
aluno que fica aqui até o terceiro ano é porque tá mais se direcionando. Mas às
vezes tem pessoas que não tem vontade pela profissão e fazem três, quatro anos
porque gosta. Tem pessoas que continuam vinculadas mesmo tendo outras
profissões, mesmo sabendo que não vai ser ator, ou ser atriz.
A – E no caso das crianças. Elas vêm por influência dos pais, por vontade própria?
Elas gostam a principio, ou não? Como se dá esse processo de iniciação da criança
na escola?
R – Ah, tem aqui... A gente trabalha com projetos sociais e trabalha com o público
particular né. Criança que vem... A maioria vem porque quer fazer teatro né. Poucas
são as crianças que vem aqui obrigadas pela mãe.
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F – E quem vem não fica. Se a criança não gosta, não fica. Mas não tem muito essa
situação...
R – Da criança, sim. Foi o que eu te falei, faz parte. O teatro faz parte da vida da
criança, então como ela ficou sabendo que tem uma escola de teatro, então ela vem
fazer na escola. Porque elas querem fazer teatro e fazem nas brincadeiras em
casa... Às vezes a gente vê que criança brinca de fazer teatro. Então, aqui ela vai
ver uma outra linguagem e tal, mas a gente vai brincar, vai continuar fazendo uma
brincadeira, o jogo dramático, que faz parte da criança. Da infância.
A – E com relação ao fluxo de procura pelas aulas durante o ano? Como é? Tem um
período que tem mais procura? O festival de teatro influencia na procura pelas
aulas?
R – É, é direto.
F – Toca o telefone de noite, sábado de manhã, então você ta aqui domingo, ligam...
A procura é bem...
R – Eu acho até que deve até ter uma... Se a gente for ver mesmo... Talvez em
Março, Abril, que a vida das pessoas começam de novo... Que passou carnaval...
Claro, quem resolve “Ah, esse ano eu vou fazer teatro.” Então começa a telefonar
pras escolas, ver preço, ver horário que encaixa. Tem bastante disso, mas tem
durante o ano também.
F – Olha, a gente... Eu... Eu não tenho “as outras escolas de teatro” né. Porque
assim, não sei como te responder isso. Eu posso te dizer qual é o diferencial da
gente né. Que a gente tem um diferencial, que esse método é um método
específico, criado pelo Pé no Palco. Esse método foi criado por mim e as pessoas
que dão aula foram pessoas que fizeram formação comigo. Então, eu não sei como
funcionam as outras escolas, mas aqui todo mundo... Todas as pessoas passaram
por esse processo. E a gente tem um processo de atualização, que esse ano a
gente fez e... Mais consciente assim, pela necessidade, porque agora já são... Já
tem cinco anos que tem outros professores que se formaram comigo e que dão aula.
Então vai acontecendo transformações, mudanças no método. Então, esse ano nós
nos reunimos pra incorporar essas mudanças todas no método, que a gente chama
né, do método “psicodinâmico” né. Que é esse método... A gente usufrui de toda
sabedoria de todos os grandes professores, de todos os grandes ensinadores, de
tudo que se tem da história da arte e educação do teatro, acrescida de
características que são bem específicas dessa invenção que a gente fez, com
determinadas características “Pé no Palco” o “Método Pé no Palco” que caracteriza
bastante assim, uma forma, é de ensinar o teatro. É, muito... Reforçando muito a
questão da convivência criativa, de conviver criativamente... E a questão do respeito,
tolerância, afeto... Em tudo, tudo partindo muito disso né. Dos grupos se formarem e
poder se constituir enquanto grupo, que direciona o processo criador. E... E uma
dinâmica, não existe uma rigidez... Às vezes uma turma vai por um caminho, outra
turma vai por outro... E, principalmente no segundo e no terceiro ano, no primeiro
ano existe uma seqüência assim, de exercícios de interpretação, corpo, voz,
improvisação que faz parte do método né. Pra conscientizar determinados
aspectos... A Rose pode falar mais um pouquinho do Pé no Palco...
R – Então, eu dou aula pra criança aqui no Pé no Palco, então eu acho assim que o
diferencial é... A gente respeita a criança dentro do processo dela... Não vê ela como
adulto em miniatura, a gente vê ela como criança e como um ser completo dentro da
idade dela... Então, que ela tem as necessidades dela, de acordo com a idade dela...
Então, o método Pé no Palco a gente adapta pras crianças, porque ele foi feito e
utilizado primeiro pra adultos. Então, pra criança, a gente adaptou o método do Pé
no Palco dentro do que a criança é. Em primeiro lugar, respeitando ela, e eu,
particularmente, me vejo mais como educadora trabalhando com a criança, do que
como artista, então, eu vejo que a educação é maior do que tudo isso, que o mais
importante pra criança é a educação no sentido maior do que o teatro pode trazer.
Então, ela vai conviver com o outro, ela vai ter que respeitar o outro... É isso que a
Fátima falou... O grupo... O grupo vai revelar quem ela é... Na hora de... Se ela é
líder, se ela é isso, se ela é aquilo, então ela vai se conhecer, então vai servir como
auto-conhecimento... Então, um processo de educação mesmo, no sentido mais
amplo da palavra educação. Por isso que eu acho que o trabalho com criança é um
trabalho de arte e educação. Quando dá, a gente utiliza outras artes também, pra
não ficar só focado no teatro, que eu acho bem importante com a criança que se
tenha uma utilidade mais global da expressão artística... Que ela possa passar isso
além do teatro, que ela possa escrever textos, textinhos pequenininhos que sejam,
uma rima, que seja uma frase que seja dela. Que ela possa pintar, que ela possa
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fazer um adereço do cenário, que ela possa cantar, dançar... Que ela veja tudo isso
de uma forma mais ampla mesmo, uma expressão geral... não focada só no teatro.
Isso no trabalho com criança, especificamente.
A – E, no sentido de atrair mais alunos? Vocês acham que isso é válido, ou que a
escola tem um número de alunos adequado? No caso de a escola buscar mais
alunos, seriam mais adultos, mais crianças, mais idosos? De repente no projeto
social... Como vocês vêem isso, hoje?
A – E, pra fechar, como a gente pode definir o teatro,hoje, no Brasil? O que a gente
tem na cena teatral hoje? O que é o teatro hoje no Brasil?
linguagens. Eu acho que é uma mistura, uma diversidade assim mesmo. Não sei
você, Fátima...
F – É, eu acho que no sentido de, que linguagem teatral se faz hoje no Brasil, eu
acho que se faz de tudo mesmo. E eu acho que muito diferente, deve ter as
diferenças do que se faz no Norte, no Nordeste do Brasil... As diferenças regionais,
de um teatro mais popular, ou menos, enfim, nesse sentido de linguagem... No
sentido assim, que valor o teatro tem para o ser, eu acho que é parecido com aquilo
que eu te coloquei aqui de Curitiba sabe? Eu acho que no geral, as pessoas têm
dificuldade de público em qualquer lugar. Em São Paulo existem muito mais teatros,
né, uma freqüência maior no teatro, mas também existe uma dificuldade... No Rio de
Janeiro, mais ainda por causa da Rede Globo, a questão do público freqüentar mais
ainda os teatros aonde tem os nomes “Globais”... E nas outras capitais, eu acho que
é parecido... Em Porto Alegre existe um público mais... O gaúcho é mais politizado
assim sabe? Eu acho que o público de Porto Alegre existe uma cultura com relação
ao teatro mais assim... O teatro é essa arte aonde... Eu acho difícil o teatro voltar a
ser o que ele já foi em outros momentos da história assim, de ser um teatro popular,
aquela coisa do... Como foi em outros momentos da história do teatro porque,
porque o teatro é essa arte despojada... O ser humano na frente do ser humano né.
E hoje existe muita, a questão de... Do cinema, da possibilidade da pessoa ver o que
ela quer dentro de casa... Então, existe uma facilidade assim de um outro tipo de
entretenimento, que não é esse da pessoa se dispor a sair de casa e sentar na
frente de outro ser humano. Por um lado é isso, por outro lado assim, as pessoas
dizem né, isso a Denise Stoklos fala isso, o Antonio Fagundes também, de uma
outra forma, fala que o teatro vai ser o último reduto né, aonde o ser humano vai se
perceber humano. Porque a gente... A nossa vida cada vez mais baseada na relação
virtual, então no teatro é onde você olha e diz “Ah é, a gente é humano”. Ta ali, a
gente é humano, erra, respira mal, se assusta... “Ah, a gente é assim mesmo né”.
Então, dizem aí que o teatro vai voltar a ocupar esse espaço... Tem uma coisa que
eu tenho pensado, agora bem por esses dias, que é uma questão mesmo da
solidão. A arte e o teatro é um espaço de solidariedade no sentido de... De as
solidões se procuram né. (rs). É um espaço aonde... Porque a gente é só né. Se
você for pensar, a solidão é né é isso.