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Sumário
Definições
1 Chama-se equação diferencial a uma equação que estabelece
uma relação entre uma função desconhecida, as suas variáveis
e as derivadas dessa função.
Exemplos
1 Equações diferenciais ordinárias
′′ 2 ′ 3 d 2y dy
y + x (y ) − 15y = 0 ou 2 2 + 3y + 5x = 0
dx dx
2 Equação diferencial com derivadas parciais
∂2u 1 ∂2u ∂u
u 2− + xt =0
∂x 4 ∂t 2 ∂x
Definições
1 Chama-se ordem de uma EDO à ordem da derivada de maior
ordem que aparece na equação.
2 Chama-se grau de uma EDO ao expoente da derivada de maior
ordem que aparece na equação.
Definições
1 Chama-se solução ou integral duma equação diferencial a toda
a função y = y(x) que verifica identicamente essa equação.
Exemplo
y = 2x + Cex é a solução geral da equação y ′ − y + 2x − 2 = 0
√
y = 2x + 2ex , y = 2x + 5ex , · · · são soluções particulares.
Definição
1 Se pretendermos encontrar a solução particular da equação
diferencial F (x, y, y ′ , · · · , y (n) ) = 0 que verifica as condições:
y (x0 )
= y0
y ′ (x0 )
= y1
y ′′ (x0 )
= y2
···
y (n−1) (x0 ) = yn−1
diz-se que temos um problema com condições iniciais.
2 Quando se impõem n condições a y e/ou às suas derivadas até à
ordem n − 1 em mais do que um ponto do seu domı́nio obtemos um
problema com condições de fronteira.
Exemplo
x
Verifique que y = é solução do problema com condições de fronteira
π
2
y ′′ = 10πy − 10x, y (0) = 0 ∧ y (2) =
π
(Capı́tulo I - Equações Diferenciais) Matemática Aplicada à Engenharia 7 / 35
Definição
Chama-se equação diferencial de variáveis separadas a toda a
equação diferencial na forma
N(y )y ′ + M(x) = 0 (forma normal)
ou
dy
N(y ) + M(x) = 0
dx
ou ainda
M(x)dx + N(y )dy = 0 (forma canónica)
em que M é contı́nua em ]a, b[, N é contı́nua em ]c, d[ e N(y) 6= 0.
Teorema
A solução geral da equação anterior é dada por
Z Z
M(x)dx + N(y)dy = c, c ∈ IR
Exemplo
1 − x2
1 Resolva a equação diferencial dx − ydy = 0.
x
2 Determine a solução geral da equação diferencial
(1 + ex )yy ′ = ex .
Definição
Chama-se equação diferencial de variáveis separáveis a toda a
equação que possa ser escrita na forma
Método de resolução
Dividindo ambos os membros da equação anterior por N1 (y )M2 (x),
ficamos com
M1 (x) N2 (y )
dx + dy = 0
M2 (x) N1 (y )
que é uma equação de variáveis separadas.
Definição
Uma função f (x, y) diz-se homogénea de grau n se
f (tx, ty) = t n f (x, y ), ∀t ∈ IR
Exemplo
A função f (x, y ) = y 2 − xy é homogénea de grau 2.
Definição
Uma equação diferencial homogénea de primeira ordem é uma
equação que pode ser escrita na forma
P(x, y )dx + Q(x, y)dy = 0
onde P(x, y ) e Q(x, y) são funções homogéneas com o mesmo
grau de homogeneidade.
Método de resolução
A eq. dif. homogénea P(x, y )dx + Q(x, y)dy = 0 transforma-se
numa equação de variáveis separadas efectuando a mudança de
variável
y
z= (isto é, y = zx)
x
Exemplo
Resolva a seguinte equação diferencial homogénea de primeira
ordem,
dy y −x
= .
dx x +y
Definição
Chama-se equação diferencial total exacta (DTE) a uma equação
do tipo
A(x, y)dx + B(x, y)dy = 0
∂F ∂F
(x, y) = A(x, y) e (x, y) = B(x, y ),
∂x ∂y
F (x, y) = c, c ∈ IR.
Exemplo
(3x 2 y − 2y 3 + 3)dx + (x 3 − 6xy 2 + 2y)dy = 0 é uma equação total
exacta.
Teorema
Se A e B são funções escalres que têm derivadas parciais
contı́nuas de primeira ordem num certo domı́nio, então a equação
diferencial
Exemplo
u(x, y) = y 2 é um factor integrante de 6xydx + (4y + 9x 2 )dy = 0
Definição
Chama-se eq. dif. linear de ordem n a toda a equação que possa
ser escrita na forma
onde a0 (x), a1 (x), . . . , an−1 (x) e b(x) são funções contı́nuas nalgum
intervalo I, no qual pretendemos resolver a eq. diferencial.
Se b(x) = 0, a equação diz-se homogénea. Caso contrário, diz-se
não homogénea
Exemplos:
1 Determine a solução geral das seguintes equações diferenciais:
(c) yy ′′ − y ′ + (y ′ )2 = 0
y ′′ + y = 0
3 Resolva o problema
y ′′ + y = 1, y (0) = −1 e y ′ (0) = 1
d n y d n−1 y dy
F( , , · · · , , x) = 0,
d x n d x n−1 dx
dy d2 y dp
a substituição = p, = , · · · diminuirá a ordem da
dx d x2 dx
equação diferencial de uma unidade.
d n y d n−1 y dk y
F( , ,··· , , x) = 0,
d x n d x n−1 d xk
dk y d k +1 y dq
a substituição = q, = , · · · reduzirá a ordem da
d xk d x k +1 dx
equação diferencial de k unidades.
d n y d n−1 y dy
F( , , · · · , , y ) = 0,
d x n d x n−1 dx
dy d2 y dp dy dp
a substituição = p, = = p
dx d x2 dy dx dy
2
d3 y 2
d dp dy d p d p
2
= p = p2 +p
dx dy dy dx d y2 dy
etc., reduzirá a ordem da equação diferencial de uma unidade.
Definição
Consideremos f : [0, +∞[ → IR. A transformada de Laplace de f é
a função real de variável real denotada e definida por
Z +∞
F (s) = L{f (t)} = e−st f (t)dt
0
Nota
1 Há funções para as quais não existe qualquer valor s tal que o
integral acima seja convergente. Para essas funções a
transformada de Laplace não existe.
2 Na transformada de Laplace, quando se calcula a primitiva, s
funciona como constante uma vez que a variável de integração é
t. No final, a transformada de Laplace depende de s.
Exemplo
Use a definição para calcular L{1} e L{et }
Exemplo
Z +∞ Z b
2 −st 2
L{t } = e t dt = lim e−st t 2 dt
0 b → +∞ 0
b
(2 + 2st + s2 t 2 )e−st
= lim −
b → +∞ s3 0
(2 + 2sb + s2 b2 )e−sb 2
= lim +
b → +∞ s3 s3
2
= para s > 0
s3 ,
Teorema (Linearidade)
Se a transformada de Laplace de f (t) é F (s) , para s > k1 , e a
transformada de Laplace de g(t) é G(s) , para s > k2 , então para
quaisquer constantes α, β ∈ IR tem-se
Exemplo
Calcule L{2et + 5}.
Definição
Chama-se função de Heaviside ou função degrau unitária à
função
0 se 0 < t < a
Ua (t) =
1 se t ≥ a
Nota
Se
g1 (t) se 0≤t <a
f (t) = g (t) se a≤t <b
2
g3 (t) se t ≥b
então
f (t) = g1 (t) [1 − Ua (t)] + g2 (t) [Ua (t) − Ub (t)] + g3 (t)Ub (t)
para s > k.
Exemplo
t se 0 ≤ t < 1
Calcule L{f (t)} com f (t) =
et se t ≥1
Definição
Sejam f e g funções seccionalmente contı́nuas. A convolução de f
e g é denotada e definida para t ≥ 0 por:
Z t
(f ∗ g)(t) = f (t − u)g(u) du
0
Exemplo
Z t
1 t
Z
cos(t) ∗ sin(t) = cos(t − u) sin(u) du = sin(t)−sin(2u −t) du
0 2 0
t
1 1 t sin(t)
= u sin(t) + cos(2u − t) =
2 2 0 2
Exemplo
1 Determine:
1
1 L
2
2 L{2t 3 }
3 L{sin(2t)}
cos(4t)
4 L +1
2
5 L{tet }
6 L{t 2 et }
+∞
sin(x)
Z
2 Calcule dx
0 x
Definição
A função f (t) diz-se uma transformada inversa de Laplace da
função F (s) se verificar a igualdade L{f (t)} = F (s). Neste caso
escreve-se f (t) = L−1 {F (s)}.
Nota
A transformada inversa de uma função nem sempre existe e, caso
exista, ela pode não ser única.
Notas
1 É imediato verificar que
L−1 {αF (s) + βG(s)} = αL−1 {F (s)} + βL−1 {G(s)}
2 A tabela de transformadas de Laplace também pode servir para
calcular L−1 {F (s)}
Exemplo
12 8 6 2 3
L−1 + = 2L−1 +4L−1
= 2t +4 sin(2t)
s4 s2 + 4 s4 s2 + 4
Exemplo
−1 2 1 e−s
Calcule L { 2+ + }.
s s + 1 (s − 1)2
Exemplos
1 Resolva o problema
y ′′ + y = 1, y(0) = −1 e y ′ (0) = 1
2 Resolva o seguinte problema de valor inicial
y ′′ + y = f (t), y (0) = y ′ (0) = 0,
onde
1, π ≤ t < 2π
f (t) =
0, caso contrário
3 Resolva o sistema
dy
dx + z = x
dz + 4y = 0
dx
com y (0) = 1 e z(0) = 1
(Capı́tulo I - Equações Diferenciais) Matemática Aplicada à Engenharia 35 / 35