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Scrum and Kanban

Scrum evoluiu ao longo dos anos para tornar-se ainda mais leve e menos prescritivo, de
forma a adaptar-se a seus usos cada vez mais variados. Essa evolução foi também
parcialmente estimulada pelo surgimento de outros métodos como o Kanban, que prima
por sua simplicidade. Essa flexibilização permitiu que surgissem novas formas de se
conduzirem as reuniões do Scrum e de se utilizarem seus artefatos. Da mesma forma,
várias de suas regras estritas tornaram-se recomendações, enquanto outras foram
relaxadas.

Por exemplo, equipes menores que cinco pessoas são hoje aceitas e muitas vezes
desejadas, e brotaram novas formas de se utilizar Scrum com diversas equipes
trabalhando em um mesmo grande projeto. Iterações de uma semana mostraram trazer
melhores resultados, enquanto que as originais de um mês são consideradas longas
demais. Novas práticas passaram a ser importantes, como as sessões de refinamento dos
itens de trabalho (“grooming”), que aproximam pessoas de negócios e desenvolvedores.
Práticas alternativas despontaram, como a quebra em tarefas de cada um dos itens de
trabalho apenas na medida do necessário, durante toda a iteração.

Kanban, um framework criado em 2007, é visto por muitos como uma evolução do
Scrum. Com Kanban, rompem-se as iterações e prega-se o trabalho em um fluxo
contínuo, junto com o que se associam outras práticas importantes. Scrum e Kanban têm
raízes comuns no Sistema Toyota de Produção, rebatizado posteriormente como Lean
Production. O sistema permitiu a Toyota do Japão pós-Segunda Guerra a competir com
a produção de carros em massa de gigantes americanas como a Ford e a GM. Lean traz
os princípios da produção just-in-time, a redução da quantidade de trabalho em
andamento (“work in progress”), a produção em fluxo, o foco estrito no desejo do
cliente, a busca pela eliminação do desperdício e a busca pela melhoria contínua.

Embora seja muito mais leve e menos prescritivo, Kanban em geral tem maiores
chances de sucesso quando complementado com práticas importantes do Scrum, como o
desenvolvimento incremental do produto, a priorização do trabalho a partir do que é
mais importante para os clientes, o trabalho em equipe com maior autonomia, a
presença de um facilitador, as reuniões frequentes de melhoria contínua e o trabalho em
direção a metas de negócios.

Dessa forma, talvez o Kanban possa ser visto não como uma evolução que visa
substituir seu antecessor, o Scrum, já que há tantas equipes no mundo utilizando Scrum
com sucesso e não parece haver motivos para isso mudar tão cedo. Kanban é sim uma
evolução, mas que na realidade flexibiliza Scrum ainda mais em uma direção que Scrum
hoje já caminha naturalmente, tornando-o menos prescritivo e abrindo-o para uma gama
maior de práticas e possibilidades. Seja como for, o conjunto de práticas mais
adequadas varia de projeto para projeto e de equipe para equipe. Uma dessas práticas
possíveis para um time de Scrum poderia ser, por exemplo, o trabalho em iterações tão
curtas que se transformam em um fluxo contínuo.

Assim, deixando de lado antagonismos, marketing e preciosismos, talvez possamos


afirmar que, na realidade, Kanban e Scrum são – ou serão – uma coisa só.

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