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Física Moderna

Corpo negro
Corpo negro: corpo que absorve toda a radiação
incidente (não reflecte nem se deixa atravessar pela
radiação...)
Se um corpo negro estiver em equilíbrio térmico com a
sua envolvente, tem de emitir exactamente a mesma
radiação que absorve (em qualquer comprimento de
onda...)
A temperatura do corpo negro determina o seu
espectro de emissão

I(T ) = R( , T )d Radiância
Corpo negro
Corpo negro
Caixa oca com um
pequeno orifício

Radiação que entre


dificilmente sai...

O orifício comporta-se como um corpo negro!


Corpo negro

5000 K λmax(T)
Radiância (unidades arbitrárias)

I(T ) = R( , T )d

4000 K

3000 K
0 250 500 750 1000 1250 1500 1750 2000 2250 2500 2750 3000
λ (nm)
Corpo negro
Lei de Wien

max T = 2, 898 ⇥ 10 3
m·K

Lei de Stefan

P = ✏A T 4

= 5, 670399 ⇥ 10 8
W·m 2
·K 4

(constante de Stefan-Boltzmann)
✏ ! emissividade (corpo negro: ✏ = 1 )
Corpo negro
Lei de Rayleigh-Jeans
8⇥ c
R( ) = k T
4 B 4

Catástrofe do
ultravioleta!
0 250 500 750 1000 1250 1500 1750 2000 2250 2500 2750 3000
Corpo negro
Lei de Planck
⇤ ⇥ ⌅
8⇥ c hc 1
R( ) = 4
4 ehc/ kB T 1

8⇥ c
R( ) = kB T
4 4
x
uma função
“apropriada”
0 250 500 750 1000 1250 1500 1750 2000 2250 2500 2750 3000
Corpo negro
Lei de Planck
⇤ ⇥ ⌅
8⇥ c hc 1
R( ) = 4
4 ehc/ kB T 1

A radiação dentro da cavidade resulta da


absorção e re-emissão de quanta de energia
pelos átomos da parede (Planck, 1900)
c
E = nh⇥ = nh
Corpo negro
Na teoria clássica,
8⇡ c
R( ) = 4 ⇥ kB T
4

Energia média de um modo


normal de vibração

Número de ondas independentes (modos


normais de vibração) que existem no interior
do corpo negro, por unidade de
comprimento de onda e de volume
Corpo negro
Na teoria dos quanta de Planck:
⇤ ⇥ ⌅
8⇥ c hc 1
R( ) = 4
4 ehc/ kB T 1

Altera-se apenas o valor médio da energia


de um “oscilador”...
P1 nh⌫

n=0 nh⌫ e h⌫
kB T
< E >6= kB T < E >= P1 nh⌫ = h⌫

n=0 e
kB T
e kB T
1
Corpo negro
Notar que no limite em que o quantum tende para
zero, a teoria quântica coincide com a teoria
clássica de Rayleiygh-Jeans:
De facto, se
h⌫ ⌧ kB T,

h⌫ h⌫
< E >= ⇠ = kB T
1 + kB T + · · ·
h⌫
1
h⌫
e kB T
1
Efeito foto-eléctrico

− − −
e-
− − −

Mede a corrente V
de foto-electrões
Mede o potencial de paragem
dos foto-electrões
Efeito foto-eléctrico

Se os electrões tiverem energia cinética suficiente


para vencer o potencial de paragem, atingirão o
ânodo (à esquerda); caso contrário, não haverá
corrente no circuito (à direita).
Efeito foto-eléctrico

Esperava-se:
que o potencial de paragem fosse proporcional à
intensidade da luz
que a frequência (“cor”) da luz não tivesse influência
nos resultados da experiência
que a emissão de luz não fosse instantânea
Efeito foto-eléctrico
Efeito foto-eléctrico

Phillip Lenard (1899):


•A energia cinética máxima é Metal ϕ
proporcional à frequência da luz
Na 2.28
•Só há emissão de foto-electrões se a
frequência da luz for superior a um Al 4.08
valor característico de cada material Cu 4.7
•A corrente de foto-electrões é Ag 4.73
proporcional à intensidade da fonte
luminosa Pt 6.35
Efeito foto-eléctrico

Albert Einstein (1905):

★A luz são quanta de fotões, cada um com energia



E=hν
★ Há um valor crítico para a frequência dos fotões que
depende da função trabalho do metal:

Ecmax=hν−ϕ
★ A corrente de foto-electrões é dada por

I=nhν
Efeito foto-eléctrico
A teoria fotónica prevê que para todos os metais o
gráfico do potencial de paragem em função da
frequência da luz deve ser uma recta de declive h
e

Esta previsão é amplamente confirmada pela


experiência!
Teoria Corpuscular da Luz
Segundo a teoria corpuscular da luz os corpos luminosos
emitem partículas de luz que se deslocam em linha recta
num meio homogéneo, sujeitas às leis da Mecânica.
• Para além da propagação rectilínea da luz, esta teoria
explica também os fenómenos da reflexão e da refracção,
através da interacção da partícula de luz com os meios
reflectores e refractores.

• As diferentes cores da luz


seriam devidas às massas
das partículas

Pierre Gassendi Isaac Newton


(1660) (1675)
Teoria Corpuscular da Luz
Reflexão

✓i ✓f

A reflexão é o resultado do choque elástico das


partículas de luz com o meio reflector.
Teoria Corpuscular da Luz
Refracção
vk sin(✓i ) vagua
n= = >1
sin(✓f ) var
✓i
var

vk
sin(✓i ) =
var ✓f vagua
vk
sin(✓f ) =
vagua
vk
Teoria Corpuscular da Luz

Segundo a teoria corpuscular da luz

vagua > var

mas a experiência mostra que

vagua < var

(contudo a medida só foi possível


em 1850, por Roemer)
Teoria Corpuscular da Luz
Outras dificuldades da teoria corpuscular:

Polarização da luz (dupla refracção


observada em certos cristais, como a
calcite)
Fenómenos de interferência e difracção

que uma teoria rival (de Hooke) à corpuscular (de


Newton) conseguia explicar...
Teoria Ondulatória da Luz

Segundo a teoria ondulatória (Hooke, Huygens, Young) a


luz seria uma perturbação que se propaga num meio
elástico; a cor da luz seria uma propriedade ligada à
frequência da onda
Esta onda deveria ser transversal, para explicar a dupla
refracção (polarização)
A luz deveria contornar obstáculos (difracção) e sofrer
interferência (efeitos de sobreposição de ondas)
Teoria Ondulatória da Luz
Em meados do séc XIX a teoria ondulatória fora
definitivamente aceite sobre a corpuscular; os trabalhos de
Fresnel e Poisson sobre os fenómenos de interferência,
difracção e polarização da luz, pareciam ter encerrado
definitivamente a contenda entre a teoria corpuscular e a
ondulatória.

Augustin Fresnel Siméon-Dénis Poisson


(1788-1827) (1781-1840)
Teoria Ondulatória da Luz

Em 1862, Maxwell propõe que a luz seria uma onda


electromagnética, o que viria a ser confirmado mais
tarde pelas experiências de Hertz.

James C. Maxwell Heinrich Hertz


(1831-1879) (1857-1894)
Difracção de raios X
Comprimento de onda dos raios X: ∼ 0.1 - 100 Å

Difracção num cristal



(“obstáculos”/”fendas” de dimensão ∼ 1 Å)

Maurice
 James

Wilkins Watson

Rosalind
 Francis

Franklin Crick
Difracção de raios X

Lei de Bragg
2d sin = n⇥
Teoria Quântica da Luz

A luz, que é uma onda


electromagnética, apresenta
características também de
partícula!
Efeito Compton

E + me c = E + Ee
2

h
p = pe cos ⇥ + p cos ⇥ ⇥= (1 cos )
me c
0 = pe sin ⇥ p sin
Efeito Compton

A. Compton
(1920)
Ondas de de Broglie

Para uma partícula:

h
=
p
Difracção de electrões

Clint Davisson (1881-1958)


Lester Germer (1896-1971)

Experiência de Davisson-Germer (1927)


Difracção de electrões

George Thomson (1892-1975)

Experiência de Thomson (1927)


Espectros atómicos

Gás rarefeito
sujeito a descargas
eléctricas

Alvo

Prisma
Fenda
Espectros atómicos

Emissão Hidrogénio

Ferro

Absorpção
Sol
Série de Balmer

Hidrogénio

Parte visível do espectro de emissão:

✓ ◆
1 1 1
=R n = 3, 4, 5, . . .
22 n2

Constante de Rydberg R = 1, 0973731568525 ⇥ 107 m 1


Séries de Lyman, Paschen,
Brackett e Pfund
✓ ◆
1 1 1
=R
12 n2
n = 2, 3, 4, . . . Lyman Ultravioleta

✓ ◆
1 1 1
=R
32 n2
n = 4, 5, 6, . . . Paschen Infravermelho

✓ ◆
1 1 1
=R
42 n2
n = 5, 6, 7, . . . Brackett Infravermelho

✓ ◆
1 1 1
=R
52 n2
n = 6, 7, 8, . . . Pfund Infravermelho
Modelo atómico de Rutherford
Os electrões movem-se em torno do
núcleo em órbitas “planetárias”
Mas uma carga
acelerada devia perder1 2 1 q 2
F c = Fe E + E = mv
(irradiar) energia, 2
c p
4⇥ 0 r
2 2 espiralando até cair no
mv 1 q 1 1 q2 1 q2
= 2
núcleo... =
r 4⇥ 0 r 2 4⇥ 0 r 4⇥ 0 r
Para o hidrogénio (q=e)...
s
2 2
1 q 1 1 q
v= =
4⇥ 0 mr 2 4⇥ 0 r
Modelo atómico de Bohr
s
1 q2 1 1 q2
v= E=
4⇥ 0 mr 2 4⇥ 0 r
s r
1 q2 mr
l = mvr = m r=q
4⇥ 0 mr 4⇥ 0

As únicas órbitas permitidas são aquelas em que


l = n~ n = 1, 2, 3, . . .
Modelo atómico de Bohr
4⇥ 0 2
r= 2 l
q m 4⇥ 0 ~2 2
rn = n
Ze2 m
Se o núcleo tiver carga Ze e
um electrão tiver carga e: mZ 2 e4 1
En =
32⇥ 2 20 ~2 n2
4⇥ 0 2
r= l n~ En ..
Ze2 m l= .
2 4
n=3
mZ e
E= n=2
32⇥ 2 20 l2
n=1
Modelo atómico de Bohr

A perda de radiação fica “proibida” pela regra de


quantização do momento angular
As séries de Lyman, Balmer, etc. são explicadas
teoricamente
✓ ◆
mZ 2 e4 1 1
En E2 =
32⇥ 2 20 ~2 22 n2
2 4
✓ ◆
1 mZ e 1 1
= 2 3
⇥ 8 0 h c 22 n2
hc
E=
Constante de Rydberg
Níveis discretos de energia

Hidrogénio

E
Ferro

Sol
Como prever quando ocorrem as transições no
modelo de Bohr?
Talvez seja possível construir uma teoria com
base na probabilidade de ocorrer uma dada
transição...

Probabilidade de ocorrer a transição


do nível i para o nível j
Aij

Energia do fotão associado à transição


Ei Ej
wij =
~
Werner Heisenberg, Z. Phys. 33 (1925) 879

Vamos analisar a órbita do electrão usando uma


expansão de Fourier...

Z 1
fˆ(!) = f (t)e i!t
dt
1
A combinação das regras de
Bohr com a expansão em série
de Fourier mostra que na Mec.
Quântica pode acontecer que:

x(t)y(t) 6= y(t)x(t)
Pascual Jordan Max Born

M. Born and P. Jordan, Z. Phys. 34 (1925) 858


Equação de Schrödinger

• Hipótese dos quanta de Einstein


h
E = h = ~⇤, ~=
2⇥

• Hipótese de de Broglie
h
p= = ~k

p~ = ~ ~k
Equação de Schrödinger
• A uma partícula está associado um pacote de
ondas...
• Um pacote de ondas obtêm-se por
sobreposição de ondas sinusoidais de
frequências próximas.
Equação de Schrödinger
• Poderemos encontrar uma equação linear
que determine a evolução de uma
componente sinusoidal do pacote de
ondas?

• Se for válido o princípio da


sobreposição, essa equação
deverá aplicar-se também ao
trem de ondas...

Erwin Schrödinger
(1887-1961)
Equação de Schrödinger
• Consideremos uma onda sinusoidal que
se propaga a uma dimensão:

(x, t) = Aei(kx t)

• Segundo Einstein,
E = ~!

• Ora,
⇤ ⇤
= i⇥ !E = ~⇥ = i~
⇤t ⇤t
Equação de Schrödinger

• De forma semelhante,
@ @2
= ik = k 2
@x @x2

• Segundo de Broglie
2
2
p 2
= (~k) ! p2 = ~2
x2
Equação de Schrödinger
• Aplicando a conservação da energia,

p2
E =T +V = + V (x, t)
2m
✓ 2

p
E = + V (x, t)
2m

~2 2
i~ = + V (x, t)
t 2m x2
Equação de Schrödinger
• Generalizando para 3 dimensões,
✓ 2 2 2

@ @ @
p 2
= ~ 2
+ +
@x2 @y 2 @z 2

= ~ r 2 2

~2 2
i~ = r
t 2m
Equação de Schrödinger
independente do tempo
• Se o potencial não depender (explicitamente) do tempo, a
solução da equação de Schrödinger tem uma forma
bastante simples:
iE
(x, y, z, t) = e ~t (x, y, z)

onde (x, y, z) obedece à equação de Schrödinger


independente do tempo:
2 2

d
+ V (x) (x) = E (x)
2m dx 2
Equação de Schrödinger
• Primeiro grande sucesso da equação de
Schrödinger: a resolução da equação para o
potencial coloumbiano de atracção entre um protão
e um electrão permite obter o espectro de energias
do átomo de H!

13, 6
E= 2
eV
n
Equação de Schrödinger
•A resolução da equação de Schrodinger
permite-nos obter os níveis de energia, E,
da partícula sujeita ao potencial V(x)...

• ... e as funções de onde correspondentes


a essas energias.

• Qual é o significado físico da função de


onda?
Função de onda
• Max Born dá a interpretação do significado físico
de | |2

A probabilidade de encontrar a
partícula no elemento de
volume dV é | | dV
2

Max Born
1882-1970
Batimentos

A sin(k1 x 1 t)

+A sin(k2 x 2 t)

= 2A cos( kx t) sin(kx t)

k1 + k2 !1 + !2 k1 k2 !1 !2
k= != k= !=
2 2 2 2
k1≠k2,ω1=ω2

Δx


Δx 1/Δk
Princípio da incerteza

Δpy≈p0Δθ

p0 Δθ p0=h/λ
a Δθ≈λ/a

Δy≈a

ΔyΔpy≈h
Microscópio de Heisenberg
Resolução óptica “clássica”:
x=
sin (✏/2)

Incerteza no momento do electrão


devido ao efeito Compton:
h
px ⇡ sin (✏/2)

x px ⇡ h
Princípio da incerteza

• A incerteza não é uma medida do erro na medida!


• A incerteza mede a dispersão das medidas em torno
do valor médio
• Mesmo que se faça a experiência perfeita, sem erros
experimentais, a incerteza não desaparece
Porque há magnetes
permanentes?

Bússola chinesa? 

(dinastia Han: 206 A.C.-220 D.C.)

Momento dipolar magnético


permanente Spin
Análogo clássico do spin?
Campo magnético

Corrente eléctrica

“Bola” carregada
Campo magnético
em rotação
Mas o spin é uma propriedade intrínseca das
partículas quânticas...
Experiência de
Stern-Gerlach

⌅⇥ = µ
⌅ ⌅
B

Átomos
de prata
Alvo

Este era o resultado esperado...


Experiência de
Stern-Gerlach

Átomos
de prata
Alvo

Mas este foi o resultado obtido...


Experiência de
Stern-Gerlach

O spin está quantizado...


...e o princípio da incerteza impede a determinação
precisa da sua orientação
Princípio da incerteza

Incerteza

“Erro”

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