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Capítulo 1

Já eram 16h. Eu estava totalmente atrasado para aquela reunião deprimente. Já estava
tão atrasado que o melhor que eu tinha a fazer era sentar na pequena escadaria branca de
marmore -ou algo semelhante a marmore- que conduzia à entrada e esperar que todos
saíssem.
Eram 16:04 e o calor estava insuportável. Os edifícios ao redor, todos marcados pelo
tempo, já faziam sua sombra habitual para o horário. Essas sombras são pouco suficiente para
amenizar o calor - pensei - Quando eu for presidente lançarei um projeto que preencha todas
essas paredes morta desses edifícios com ar-condicionados! E dos mais potentes!
O calor me venceu… Entrei. O Edifícil estava vazio, era domingo. Nem sinal da
recepcionista ou zeladores, inclusive. Entrei e avistei, sentada, uma Mulher. Quero que vocês,
meus caros leitores, a imaginem. Mas peço que a imaginem como uma mulher de aparência
doce, meiga e, por favor, dêem enfase aos lábios.
Irritado por ter pedido a reunião, porém, não a dei muita atenção. Mas cheguei até ela e
perguntei:
- Você também iria pra reunião?
- Sim. Mas acabei passando um pouco mal lá dentro e resolvi sair.
- O que você tem?
E assim começamos a conversar. Naquela sala branca, aspera, vazia e, graças a deus,
gelada, eu a conheci. Nossa primeira conversa foi algo cativante. Era como se eu a sentisse
em minha mente, pois tudo o que eu falava pra ela vinha de forma automática. Parecia que eu
havia treinado durante toda a minha vida para aquele momento, e acabei fazendo isso muito
bem. Ela, enfim, me cativou.
O tempo passou e não percebemos que a reunião havia acabado. Fui socializar com todos
antes de ir embora. Quando estava saindo do recinto para o meu carro alguém me puxou.
- Você tem aqueles programas de mensagem no celular? Lá seria melhor de
conversarmos.
Era ela pedindo o meu numero. Aceitei, peguei o daquela linda mulher, e peguei o
caminho de casa.
Enquanto dirigia pelas ruas insólitas desse domingo abafado, me perguntava como era
possível alguém ter me tocado daquela maneira em tão poucos minutos, sem nenhuma
intenção. Eu só me perguntava: “Será que eu a toquei de alguma forma também?”.

Capítulo 2

Em casa, enrolado em uma toalha humida depois de um banho gelado, eu não conseguia
vencer o ímpeto de falar com aquela mulher. Eram 18:30h da noite e eu mandei a primeira
mensagem. Alguns minutos depois, resposta! Era como se eu pudesse ve-la falando aquelas
palavras escritas em um conjunto de pixels na tela no meu celular. Não eram meras letras
mortas… Eu via aquelas palavras. Podia ver seus lábios se mexendo para articula-las e sua
voz penetrando os meus ouvidos, como se eu estivesse ouvindo um lindo canto de uma sereia
em um deserto oceanico. Era engraçado como ela parecia tímida e, ao mesmo tempo, tão
direta e decidida. Ela era agradável e desengonçada e isso era legal. Será que eu teria alguém
ao meu lado que me faria tão bem, mesmo ao quebrar um vaso caríssimo ao bater nele sem
querer?
Ainda era cedo pra saber, assim como também era cedo na noite. Já era 23h e, pelo tanto
que haviamos conversado, ainda era cedo. Não fiquem chateados comigo, meus amigos
leitores, por eu estar omitindo toda a minha conversa com essa adorável moça. Eu, no lugar de
vocês, também ficaria extremamente chateado! Mas entendam que nossas conversas são
particulares, e particulares permanecerão. Mas meus sentimentos a cada silaba trocada, isso
não há de ser segredo pra ninguem.
Conversar com ela era uma rotina. Uma agradável e doce rotina que eu já estava
pensando, de forma inexplicável, em querer manter para o resto da minha vida. Ainda era
cedo…

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