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Aprendizagem Histórica Nos Anos Iniciais Do Ensino Fundamental
Aprendizagem Histórica Nos Anos Iniciais Do Ensino Fundamental
FUNDAMENTAL
INTRODUÇÃO
Ensinar História para crianças não é tarefa das mais fáceis. Principalmente por ser esta a
disciplina que encontra maior resistência entre os alunos do ensino fundamental. As
questões mais freqüentes são: porque devo estudar o que já passou para que guardar
todas estas datas o que tem a ver com minha vida estes fatos Existe uma comunidade de
sentidos no que se refere à disciplina História.
Este mal estar é fruto dos rumos tomados pelo ensino de História desde sua implantação
como disciplina autônoma em 1837. Deste momento em diante, o ensino de História passou
a servir a determinados objetivos políticos e seu método era baseado na memorização de
datas e na repetição oral de textos escritos.
O presente texto procura refletir acerca do ensino de História. Inicia-se com um breve
histórico da disciplina nos currículos escolares. Posteriormente tenta-se expor as principais
mudanças sofridas nos anos 80. Na seqüência reflete-se sobre algumas questões que devem
nortear o ensino de História nas séries iniciais.
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Esta concepção científica é denominada Iluminismo, que grosso modo refere se a crença no progresso
através da ciência
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ABUD, Kátia. Currículos de História e políticas públicas: os programas de História do Brasil na Escola
Secundária.
Ensinava-se nas escolas a idéia de um Brasil sem preconceito racial, no qual cada um
colabora com aquilo que tem para a felicidade geral. A História não era o espaço para
discussões dos problemas brasileiros.
Durante o regime militar, a História é definitivamente substituída pelos chamados Estudos
Sociais, a partir da lei n. 5692/71. Os Estudos Sociais constituíram-se ao lado da Educação
Moral e Cívica em fundamentos dos estudos históricos mesclados por temas da Geografia.
Os temas da História e Geografia foram diluídos, ganhando contornos ideológicos de um
ufanismo nacionalista destinado a justificar o projeto nacional organizado pelo governo
militar implantado no País a partir de 1964.
A proposta metodológica tinha como pressuposto que os estudos sobre a sociedade
deveriam estar vinculados aos estágios de desenvolvimento psicológico do aluno, devendo
pois, partir do concreto ao abstrato em etapas sucessivas. Neste sentido, iniciava-se o
estudo do mais próximo, a comunidade ou o bairro, indo sucessivamente ao mais distante, o
município, o estado, o país e o mundo.
Neste momento assiste-se a uma divulgação da história de reis, heróis e batalhas, redutoras
do homem a categoria de objeto ínfimo no universo de monstros grandiosos que decidem o
caminho da humanidade e o papel de cada um de nós. Do passado só se recordava dos fatos
heróicos, a versão que engrandece. Da escravidão lembra-se apenas da lei áurea, os seus
quase 400 anos devem ser esquecidos. O desaparecimento da população indígena fica sem
explicação, mas comemora-se o dia do índio. E assim não tendo compromisso em buscar na
história as diversas vertentes explicativas, nada se discutia do presente, do vivido. Como se
este fosse obra de um destino, de uma predestinação.
Este modo de ver a História predominou nos currículos escolares até bem pouco tempo. Foi
somente com o processo de democratização no país acontecido em meados dos anos 80 é
que verificamos algumas mudanças em relação à disciplina.
6
ANPUH, Associação Nacional de História. AGB, Associação de Geógrafos.
7
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: história, geografia.
Secretaria de Educação fundamental. Brasília: MEC. SEF, 1997. p.28
integrada. Na primeira proposta trabalha-se com eixos temáticos, revendo a dimensão
cronológica do tempo histórico, as concepções de linearidade e progressividade. Na
segunda, intercala-se os conteúdos de história do Brasil com os de História geral.
Os métodos tradicionais de ensino foram questionados, buscando alternativas que levassem
o aluno a construção do conhecimento histórico na sala de aula. Rompia-se com métodos
de ensino baseado na leitura de livros didáticos. O cinema, a música, a literatura foram
trazidos para o ensino de História como linguagens alternativas para se construir o
conhecimento histórico.
Todavia, esta mudança de perspectiva não atingiu de forma generalizada o ensino de
História. Nas séries iniciais a História tem permanecido distante do interesse dos alunos,
presa as fórmulas prontas do discurso dos livros didáticos ou relegada a práticas
esporádicas determinadas pelo calendário cívico. É necessário que se reafirme a
importância da História no currículo escolar e, acima de tudo, que se entenda que esta
disciplina pode desenvolver os alunos como sujeitos conscientes na pratica da cidadania.