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Universidade Federal do Pará Faculdade de Oceanografia Instituto de Geociências

RELATÓRIO DA PRÁTICA OCEANOGRAFIA II

ESTUDO DOS PROCESSOS OCEANOGRAFICOS DA ORLA MARÍTIMA DA PRAIA DO


PESQUEIRO, SOURE - PA

Emerson Valino
Irla Ribeiro
Maria Bárbara Sousa
Micaela Machado Valentim
Priscila Pavão

Belém
2016
RESUMO

ESTUDO DOS PARÃMETROS OCEANOGRAFICOS DA ORLA MARÍTIMA DA PRAIA


DO PESQUEIRO, SOURE - PA
Sousa, M.; Valentim, M.; Pavão, P.; Ribeiro, I.; Valino, E.

Na margem leste da Ilha de Marajó, Estado do Pará, as costas de Soure e


Salvaterra apresentam um contraste na compartimentação do relevo, na geologia e
litologia, no gradiente costeiro e na distribuição dos ecossistemas, onde se distinguem
duas principais unidades morfológicos: planalto costeiro e planície costeira. Essa região
apresenta uma variedade de ambientes como praias, manguezais, canais de maré e
falésias. Esses ecossistemas são muito complexos e dinâmicos, sendo fortemente
influenciados pelas variações sazonais, descarga hídrica, marés, ondas, correntes e
ventos. O objetivo desse trabalho e avaliar os fatores de vulnerabilidade da Praia do
Pesqueiro em Soure, Marajó. Para isso, visitamos as orlas marítimas das comunidades de
Joanes, Jubim e Praia grande em Salvaterra e na comunidade da Praia do Pesqueiro em
Soure. Na última, foram realizadas as coletas de sedimento superficial e organismos
bentônicos nos ambientes praial e de mangue e coleta de água superficial na praia. Foram
identificados diferentes tipos de Orlas com índices distintos de sensiblidade. Através da
classificação de Folk e Ward, foi identificada uma uniformidade na granulometria dos
sedimentos de ambiente praial, classificados como areia fina, enquanto no manguezal a
granulometria variou de areia fina a silte grosso e com concentrações de matéria orgânica
maiores que na praia. Após a análise, foram encontrados 4 táxons na zona de manguezal,
sendo eles Uca sp (o mais frequente e abundante), Capitellidae, Ortóptera, Grapsídeo. Na
praia foram encontrados 3 táxons, compostos por Anfípoda (o mais frequente e
abundante), Nephtidae e Stafilinidae. A temperatura não sofreu grandes variações, ficando
entre 28,1 e 29,2 °C. Os valores da alcalinidade total tiveram um mínimo de 63.25 mg/L e
máximo de 72.25 mg/L. Já o pH teve valor mínimo de 7.8 e máximo de 8.1. E a salinidade
teve valor médio de 5.7. As concentrações de oxigênio dissolvido ao longo do dia foram
elevadas entre, 11,48 a 12,06 mL/L, com maior valor durante a vazante da maré. No
momento em que as concentrações de sais totais dissolvidos foram maiores (11,08 ppt), o
valor da condutividade elétrica também foi mais elevado (5,53 mS/cm). As concentrações
de CID e seus principais constituintes (HCO-3, CO2-3 e CO2), teve máxima de 689.1
(µmol/kgSW) e mínima de 592.4 (µmol/kgSW). Foi observado que há uma relação entre o
sedimento e matéria orgânica da praia e manguezal com os organismos bentônicos
residentes. Os parâmetros físico-químicos básicos, temperatura, STD e CE não
apresentaram mudanças significativas ao longo do dia, porém a temperatura pode
influenciar os valores de pressão e fugacidade. As concentrações de oxigênio dissolvido na
água superficial e salinidade foram altas. Dessa forma, fica evidente a importância dos
parâmetros oceanográficos para o estudo das orlas marítimas costeiras, bem como a
interação entre eles.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 4

2 OBJETIVO .............................................................................................................................................. 5

2.1OBJETIVO GERAL.................................................................................................................................. 5
2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO .......................................................................................................................... 5

3 MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................................................................... 6

3.1 ÁREA DE ESTUDO ................................................................................................................................ 6


3.2 AMOSTRAGEM.................................................................................................................................... 7
3.3 ANÁLISES ............................................................................................................................................ 8
3.3.1 OCEANOGRAFIA GEOLÓGICA .............................................................................................................................. 8
3.3.2 OCEANOGRAFIA QUÍMICA ................................................................................................................................. 9
3.3.3 OCEANOGRAFIA BIOLÓGICA ............................................................................................................................. 11

4 RESULTADOS ....................................................................................................................................... 11

4.1 OCEANOGRAFIA GEOLÓGICA .................................................................................................................... 11


4.2 OCEANOGRAFIA QUÍMICA ....................................................................................................................... 14
4.3 OCEANOGRAFIA BIOLÓGICA ..................................................................................................................... 18

5. DISCUSSÃO ......................................................................................................................................... 20

6.CONCLUSÃO ........................................................................................................................................ 21

REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 22
1 INTRODUÇÃO

A Ilha de Marajó, maior ilha fluvio-estuarina do mundo, está inserida no ambiente


estuarino amazônico, sua porção oriental e ocidental apresenta características
sedimentologias, morfológicas e climáticas distintas, e assim, propiciam um interessante
cenário para a pesquisa e caracterização física de ecossistemas envolvendo seu potencial
ecológico e exploração biológica (Silva, 2008).

Na margem leste da Ilha de Marajó, Estado do Pará, as costas de Soure e


Salvaterra são constituídas por sedimentos do grupo Barreiras e Pós Barreiras e
apresentam um contraste na compartimentação do relevo, na geologia e litologia, no
gradiente costeiro e na distribuição dos ecossistemas, onde se distinguem duas principais
unidades morfológicos: planalto costeiro e planície costeira (França; Souza Filho, 2006). É
nesse contexto costeiro, que os processos de erosão e progradação modelam uma
fisiografia dinâmica no NE do Estado do Pará, influenciados por meso-macromaré cujas
amplitudes variam entre 3,5 e 6,5 metros (França; Souza Filho, 2006).

A existência de praias morfologicamente e texturalmente distintas, entre Soure e


Salvaterra, resulta do comportamento diferenciado das duas costas diante da atuação dos
agentes e processos dinâmicos. Dessa forma, de acordo com as definições de Nordstrom
(1992), as praias de Salvaterra, Joanes, Jubim e Soure estão situadas no interior da baía
do Marajó, o que lhes confere o caráter de praias estuarinas.

A margem leste do Marajó apresenta uma variedade de ambientes como praias,


manguezais, canais de maré, falésias, entre outros. Esses ecossistemas são muito
complexos e dinâmicos, sendo fortemente influenciados pelas variações sazonais,
descarga hídrica, marés, ondas, correntes e ventos. Portanto, é de fundamental
importância que haja um monitoramento dessa região, além de buscar entender a
interação dos processos oceanográficos, hidrológicos e atmosféricos com esses
ambientes. A interação ou combinação desses processos nos permite compreender o
comportamento da dinâmica costeira, das comunidades biológicas, dos processos
hidroquímicos e abióticos.
2 OBJETIVO
2.1OBJETIVO GERAL
Avaliar os fatores de vulnerabilidade da Praia do Pesqueiro em Soure, Marajó.

2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO


a) Analisar e classificar os indicadores ambientais de vulnerabilidade ambiental
identificados na orla costeira
b) Caracterizar a granulometria na Praia e no manguezal do Pesqueiro
c) Determinar os valores dos parâmetros físico-químicos e verificar se há variação ao
longo do dia
d) Verificar a distribuição, riqueza e abundância da macrofauna bentônica na Praia e
no manguezal do Pesqueiro
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 ÁREA DE ESTUDO
A área de estudo (figura 1), faz parte da zona costeira dos municípios de Soure e
Salvaterra, Jubim e Joanes (margem leste da Ilha de Marajó-Pará), entre as latitudes
0°39'28.51"S e 0°52'52.57"S; longitude entre 48°29'8.60"W e 48°30'30.10"W), perfazendo
cerca de 24 km de extensão. Essa área pertence à região estuarina compreendida pela
Baía de Marajó e adjacências, dominada por um regime de meso a macromarés, cuja
variação das marés de sizígia alcança valores máximos de 3,6 a 5.5 m, entre as Ilhas de
Mosqueiro e dos Guarás (DHN, 2016).

Figura 1: Mapa da área de estudo.

A Ilha do Marajó é caracterizada por clima tropical quente e úmido, sendo a


temperatura média anual de 27º C, com valores ligeiramente mais baixos em áreas
florestas. Variações anuais e mensais de temperatura são pequenas (25 a 29º C), sendo
estas mais significativas ao longo de um mesmo dia, devido à expressiva queda de
temperatura no período da noite. As características climáticas e meteorológicas, na
margem leste da Ilha de Marajó, definem dois períodos sazonais bem marcados. Os meses
de dezembro a maio correspondem ao período de maior influência da Zona de
Convergência Intertropical (ZCIT), quando se registram os maiores índices pluviométricos.
A precipitação média chega a 2.566 mm e a velocidade média do vento é 6,2 m/s. De
junho a novembro, a média pluviométrica cai para 414,3 mm e a velocidade média do vento
alcança 7 m/s (Ferreira 2001; Lima 2002).
3.2 AMOSTRAGEM
No dia 19 de agosto de 2016 realizamos a visita às orlas marítimas das
comunidades de Joanes, Jubim e Praia grande em Salvaterra e na comunidade da Praia
do Pesqueiro em Soure com objetivo de identificar e avaliar os indicadores de
vulnerabilidade ambiental que servirão para uma proposta de classificação dos tipos de
orlas costeiras.
No dia 21 de agosto de 2016 no ambiente de praia e manguezal do Pesqueiro,
situados no município de Soure foram realizadas as coletas de sedimento superficial e
biológicas referentes ao transecto 3. Para cada ponto de coleta da biota uma amostra de
sedimento correspondente era coletada. Totalizando 18 amostras biológicas e 18 amostras
sedimentares. O perfil de coletas foi dividido em nivel A (zona superior), B (zona meso) e C
(zona inferior) no mangue e níveis D (supramaré), E (mesomaré) e F (inframaré) na praia,
com espaçamento de 10 m entre eles e cada nível contendo 3 pontos de amostragem
(1,2,3) (Figura 2).

Figura 2 - Esquema do padrão de amostragem adotada

Foram coletado aproximadamente 200 g de sedimento por amostra, com o auxílio de


uma pá, e posteriormente foram acondicionadas em sacos plásticos previamente
identificados. Para as coletas biológicas os organismos foram coletados utilizando um
amostrador quadrado de alumínio com área de 0.25 m² no manguezal e um amostrador do
tipo Corer cilíndrico, com 20 cm de diâmetro e 20cm de altura no ambiente praial.
Posteriormente, as amostras de mangue e de praia foram colocadas em malhas de 1mm e
0,3mm, respectivamente, e lavadas até que o máximo de sedimento fosse descartado, em
seguida as sub-amostras foram acondicionadas em frascos plástico de tamanhos e formas
variados, com álcool 70%.

Os pontos foram marcados no aparelho GPS de navegação modelo Garmim, da


seguinte maneira: No manguezal apenas o ponto central B2 foi marcado no aparelho e no
ambiente de praia, todos os pontos centrais foram marcados D2, E2 e F2.

AMOSTRAGEM EM OCEANOGRAFIA QUÍMICA


As amostragens de água superficial foram realizadas na praia do Pesqueiro no dia
21 de agosto de 2016. Foram feitas oito coletas nos momentos de enchente e vazante da
maré, realizadas de hora em hora, com início das 8:57h até 11:57h na maré enchente e
das 12:57h ás 15:57h na maré de vazante.

As amostragens para o oxigênio dissolvido (OD) (Figura) foram as primeiras a serem


realizadas, diretamente com os frascos DBO (demanda bioquímica de oxigênio),
submergindo-os coluna d’água cuidadosamente para evitar a formação de bolhas de ar.
Em seguida, foram adicionados 2,0 mL do reagente sulfato de manganês e 2,0 mL do
reagente iodeto alcalino de potássio, em sequência, e em seguida os frascos foram
cuidadosamente fechados e agitados para facilitar a fixação do OD.
Para a alcalinidade e parâmetros hidroquímicos (temperatura, pH, condutividade
elétrica e sais totais dissolvidos), foram coletadas águas superficiais diretamente em
garrafa de polipropileno de 1L. Após cada coleta foram retiradas subamostras da garrafa
de 1L, 50 mL para a análise da alcalinidade, que foram imediatamente titulados com ácido
clorídrico (HCl) e 50 mL para a determinação dos parâmetros hidroquímicos, com o auxílio
de analisador multiparâmetro (figura 3).

Figura 3: Determinação dos parâmetros hidroquímicos (Temperatura, pH, STD e CE).

3.3 ANÁLISES
3.3.1 Oceanografia Geológica
PENEIRAMENTO A SECO
As análises foram realizadas no Laboratório de Oceanografia Geológica e Geofísica
(LIOG). Este método inicia-se com a lavagem das nove amostras de praia e decantação
das mesmas. Essa etapa foi realizada três vezes para que houvesse a melhor remoção de
sais da amostra. Posteriormente, as amostras foram secadas na estufa a 60ºC. Depois de
secas, foram separados 100 g de cada amostra que foram peneiradas utilizando um jogo
de peneiras com os seguintes intervalos em mm: 2,0 – 1,0 – 0,50 – 0,25 – 0,125 – 0,063 –
<0,063. Por fim, as frações retidas em cada peneira foram pesadas em balança.
PENEIRAMENTO A ÚMIDO

Inicialmente foi realizada a lavagem das nove amostras de mangue e decantação


das mesmas. As amostras foram colocadas para secar ao sol. Após secas, foram
desagregadas utilizando almofariz e pistilo, em seguida, foi separado 5 g de cada. Com
cuidado, as amostras foram despejadas em uma peneira de 0.063 mm, onde foi adicionada
água destilada para separar os grãos mais grossos dos mais finos. A fração que ficou
retida na peneira era areia e o que passou era lama. Essas frações foram secas e em
seguida pesadas.
QUANTIFICAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA POR CALCINAÇÃO

Os cadinhos foram desidratados na mufla a uma temperatura de 100ºC por uma


hora e posteriormente colocados no dessecador com auxílio de uma pinça e luvas, por uma
hora, passado esse tempo foram pesadas para obtenção do P 0. Foi pesado
aproximadamente 1 g da amostra (P1) nos cadinhos, previamente identificados, em uma
balança de precisão, enquanto a mufla estava sendo aquecida gradualmente a 360ºC. Os
cadinhos foram levados a mufla, onde ficaram por duas horas até serem retirados e
colocados no dessecador por uma hora. Os mesmos foram pesados para a obtenção do
P2.
CÁLCULO:
%MO=[(P0+P1)-P2] x 100/P0+P1

Para realizar o tratamento estatístico das amostras de sedimento, utilizou-se o


software SysGran 3.0, que calculou os parâmetros granulométricos de Folk & Ward (1957)
e a classificação de Wentworth (1922) para definição dos sedimentos arenosos e lamosos.

3.3.2 Oceanografia Química


OXIGÊNIO DISSOLVIDO
A metodologia aplicada para a obtenção das concentrações de oxigênio dissolvido
(OD) consistiu-se no método de Winkler citado em (Grasshoff 1976). Por este método, o
OD na água é previamente fixado com os reagentes, sulfato de manganês e iodeto alcalino
de potássio, onde o oxigênio molecular dissolvido oxida uma quantidade equivalente de
hidróxido de manganês II (precipitado branco) a hidróxido de manganês III (precipitado
marrom). Em seguida adiciona-se 2 mL de ácido sulfúrico e o precipitado marrom é
dissolvido, na presença de iodeto, o hidróxido de manganês III oxidado retorna ao estado
reduzido de Mn2+ solúvel, e é liberado iodo em quantidade equivalente ao oxigênio original.
Após o iodo formado é, então, feito a titulação com solução padrão de tiossulfato de sódio
(0,01256 N) até a solução atingir a coloração amarelo claro, neste ponto da titulação
adiciona-se 5 gotas do indicador de amido à amostra, a mesma adquiri a coloração azul e
retoma-se a titulação até que a amostra passe de azul a incolor.
O volume de tiossulfato de sódio gasto na titulação foi substituído nos cálculos da
concentração de OD:
[O2] = (22,4 x NS2O32- x V x 1000) /4 (Vamostra – R)
V = volume de tiossulfato gasto na titulação da amostra (mL)
NS2O32- = normalidade da solução de tiossulfato de sódio
R = volume de reagentes adicionados antes da liberação do iodo
Vamostra = volume total da amostra
22,4 = volume (L) ocupado por 1 mol de oxigênio gasoso nas CNTP (0 oC e 1 atm)
ALCALINIDADE

A metodologia empregada para alcalinidade foi o método do pH, um simples método


e para uma média de n determinações a sua precisão. A alcalinidade é comumente
expressa em termos de carbonato de cálcio. A alcalinidade à fenolftaleína é a medida do
teor de hidróxidos e/ou de carbonatos da amostra, expressa em termos de CaCO3. A
alcalinidade total é medida do teor de hidróxidos, carbonatos e bicarbonatos da amostra,
expressa em termos de CaCO3.

Para as soluções e reagentes utilizada, foi preparada em laboratório a solução-


padrão de ácido clorídrico (HCl) 0,1 N: foi diluído 8,3 mL de HCl concentrado, para 1000
mL com água destilada.

Para a titulação da amostra em campo, utilizou-se em um béquer de 250 mL,


adicionou-se 100 mL de amostra, e foi titulado com agitação da amostra manualmente,
adicionando pequenas porções de titulante e aguardando a estabilidade da leitura antes de
cada nova adição, até que o pH atingisse 4,6 ou valor próximo, indicado pela Tabela 1.

Para os cálculos e expressão dos resultados é utilizado a expressão da alcalinidade


à fenolftaleína ou total, superior a 20 mg CaCO3/L:
mg CaCO3/ L = V x N x 50000/Vamostra
Onde:

V = volume de ácido gasto na titulação até pH predeterminado, podendo ser V F (volume


gasto para alcalinidade fenolftaleína) ou VT (volume gasto para alcalinidade total), em mL
N = normalidade do ácido empregado
Vamostra = volume da amostra, em mL
CÁLCULO DO SISTEMA CARBONATO

Para o cálculo do sistema Carbonato foi baseado no programa CO2SYS (Lewis e


Wallace, 1998) com a entrada de quaisquer valores como alcalinidade total (TA),
temperatura (°C), salinidade e pH, para se obter os valores de carbono inorgânico
dissolvido (CID).
3.3.3 Oceanografia Biológica

O material biológico foi triado em campo, e no laboratório os organismos foram


identificados ao menor nível taxonômico possível, utilizando microscópio, placa de Petri e
pinça.

4 RESULTADOS
4.1 Oceanografia Geológica
CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO TIPO DE ORLAS

A orla marítima é uma unidade geográfica inclusa na zona costeira e delimitada pela
faixa de interface entre a terra firme e o mar, controlada por processos oceanográficos que
se faz sentir de forma mais acentuada e potencialmente mais crítica a medida que efeitos
erosivos ou construcionais podem alterar sensivelmente a configuração da linha de costa
(Muehe, 2001). É necessário entender que a orla possui uma porção aquática, uma porção
terrestre e a porção com sobreposição desses dois meios. Os limites genéricos
estabelecidos são: zona marinha – isóbata de 10 metros; zona terrestre – 50 metros em
áreas urbanizadas ou 200 metros em áreas não urbanizadas demarcados na direção do
continente a partir da linha de preamar ou limite final de ecossistemas. A diminuição desses
limites poderá ocorrer quando houver estudos científicos que comprovem a tendência
progradacional da linha de costa (MMA, 2006).

Os critérios para estabelecer os tipos de orla são quanto: a forma, posição,


características físicas, níveis de ocupação populacional, assim as classificações a seguir
são seguindo os critérios do Projeto Orla desenvolvido pelo Ministério do Meio Ambiente
em 2006.

1. Orla Marítima de Joanes: Localizada no planalto costeiro, a sua região mais


elevada apresenta a feição de uma falésia, região que ocorreu a retirada de
cobertura vegetal para construção do Farol com a presença de erosão natural
que gera depósitos de areia mais grosseira que são retrabalhados pelas ondas e
redistribuídos longitudinalmente na praia. A praia é relativamente pequena de
aproximadamente 2 km de extensão, ausência da vegetação de mangue e com
presença de adensamento populacional próximo a praia principalmente de
restaurantes e bares turísticos junto a isso, a observação de mapas cartográficos
nos auxiliaram para classificar essa orla como Classe B, exposta em processo de
urbanização horizontal, com índices de sensibilidade 1 na região de falésias e 4
na zona de praia (Figura 4).

2. Orla Marítima de Jubim: Está localiza entre o planalto costeiro e na planície de


intermaré e é dividida pelo Canal do Jubim com largura na desembocadura de
170 m, com presença de deltas de maré vazante. A sua margem direita localiza-
se a Vila de Jubim e a margem esquerda é coberta por mangue e várzea. Os
cordões litorâneos formam agrupamento próximo a foz do canal, com forma
estreita e retilínea com área de 0,8 km² e posição no sentido NE-SW (FRANÇA;
FILHO, 2006). Em posse dessas informações classificamos essa Orla como de
Classe B, exposta em processo de urbanização, com índice de sensibilidade 7
(Figura 4).

3. Orla Marítima do setor norte da Praia Grande, Salvaterra: Localizada no


planalto costeiro, o setor norte se inicia na foz do estuário do rio Paracauari e se
estende até os platôs e níveis alagáveis (LISBÔA, 2011), é marcado pelas
modificações causadas pela erosão que resultaram na formação de falésias,
plataformas de abrasão e bancos de cascalho (França, 2003), ausência da
vegetação de mangue, além da presença de ocupação urbana nas proximidades
da linha de costa e construções de muro de arrima para contenção da erosão.
Segundo Lisbôa (2011), essa região é exposta as ondas; com ausência de 70%
a 100% de cobertura vegetal e dunas; presença de banco de cascalhos e mais
de 15 construções, classificado com alto grau de vulnerabilidade. Assim a
classificamos como Orla de Classe C, exposta com urbanização consolidada,
com índice de sensibilidade 1 (Figura 4).

4. Orla Marítima da Praia do Pesqueiro, Soure: Está localizada na planície


costeira da Ilha do Marajó onde os processos geomorfológicos dominantes são
gerados por maré, permitindo o desenvolvimento de planícies de maré e
manguezais, desenvolvimento esse também decorrente do menor nível
topográfico dessa região. É uma praia-barreira dissipativa que permite o
desenvolvimento de zonas protegidas com o sistema barra calha desenvolvido e
com presença de dunas e cheniers que dispõem paralelamente ou quase
paralelamente à linha de costa atual, distantes entre 0,2 a 1,5 km da mesma. Sob
ação das ondas e correntes de maré em contato com dunas e cordões arenosos
os manguezais dessa praia apresentam feições erosivas, com formação de
terraços lamosos e tombamento de árvores adultas (FRANÇA; FILHO, 2006),
além de apresentar o início de ocupação urbana. Após essa identificação
classificamos essa Orla como Classe A, exposta não urbanizada, com índice de
sensibilidade 3. Importante ressaltar que apesar de ser um ambiente exposto
essa orla é dominada pela ação de maré, apresentando gradiente de baixa
energia e zonas protegidas (Figura 4).

Com base na literatura disponível e nas observações em campo podemos dividir a


região leste da Ilha do Marajó em duas unidades: a do Planalto Costeiro, que apresenta
níveis topográficos elevados entre 5 e 20m e seus limites são recortados por desníveis
topográficos marcados pela presença de falésias como as de Joanes e Praia Grande, que
evidenciam o processo erosivo que se processou durante o basculamento tectônico
controlado pelo sistema de falhas normais e transcorrentes, aos ciclos transgressivos e
regressivos do mar e a atual dinâmica costeira (Costa et al., 2002;França; Filho, 2006);a
Planície Costeira apresenta topografia menor que 5 m, com zona influenciada por marés
constituída de por sedimentos lamosos e arenosos e a presença de planícies lamosas,
manguezais, cheniers, dunas e canais de maré.
Figura 4 - Orlas Marítimas, Leste da Ilha do Marajó

GRANULOMETRIA E MATÉRIA ORGÂNICA

Através da classificação de Folk e Ward (1957), foi identificada uma uniformidade na


granulometria dos sedimentos de ambiente praial, classificados como areia fina e
distribuídos entre 2 e 3 ɸ, de acordo com a classificação de Wentworth (1922). O diagrama
de Shepard classificou os sedimentos da praia dentro da convenção 9, caracterizando-os
como areia ou arenito. Já o diagrama de Pejrup mostrou que os sedimentos se encontram
entre as convenções III e IV-A, indicando um ambiente de hidrodinâmica alta a muito alta
(Figura 5). O grau de seleção dos sedimentos variou de muito bem selecionado a
moderadamente selecionado (compreendendo a maioria das amostras).

Figura 5 Diagramas de Shepard e Pejrup, respectivamente, referentes às amostras da


Praia do Pesqueiro.
A granulometria dos sedimentos do manguezal não apresentou uniformidade, sendo
classificados como areia fina, areia muito fina e silte grosso, mas com predominância de
areia muito fina segundo a classificação de Folk e Ward. O diagrama de Shepard
classificou os sedimentos do manguezal dentro das convenções 10, 11 e 12,
representados respectivamente por areia síltica, silte arenoso e silte ou siltito,
predominando o silte arenoso (Figura 6). O diagrama de Pejrup classificou-os dentro das
convenções III e IV-A, indicando um ambiente de hidrodinâmica alta a muito alta,
provavelmente esse resultado foi devido à presença de matéria orgânica que acarretou na
retenção dos sedimentos lamosos na peneira de 0,063 mm. O grau de seleção dos
sedimentos variou de moderadamente selecionado a pobremente selecionado (maioria das
amostras).

Figura 6 Diagramas de Shepard e Pejrup, respectivamente, referentes às amostras do


manguezal.

As concentrações de matéria orgânica (M.O) foram maiores no manguezal em


relação às encontradas na praia. No manguezal, as concentrações de M.O variaram de
0,21% (ponto B1) a 0,63% (ponto A3). Enquanto na praia, essas concentrações oscilaram
de 0,0% (pontos D2, D3 e E2) a 0,04% (ponto F2).

4.2 Oceanografia Química


Os resultados foram obtidos através de coletas realizadas entre enchente e vazante
da maré e os resultados analíticos para temperatura, pH, STD, CE e OD estão
sumarizados nas figuras 4 a 7.
Temperatura

Segundo Custódio e Llamas (1976) a temperatura é considerada um parâmetro


físico de grande importância nos ambientes aquáticos, influenciando de forma direta nos
processos físico, químicos e biológicos e, segundo Deberdt (1996), a temperatura das
águas estuarinas é função das condições meteorológicas e da profundidade do estuário,
constituindo um fator controlador para a vida e para os processos químicos que se realizam
no ambiente aquático (Cunha, 1982).
A temperatura é sempre elevada nos estuários tropicais, e as pequenas variações
que ocorrem durante o ciclo sazonal, dependem do grau de insolação e de outras
condições meteorológicas. Sendo que as variações diárias são maiores que as anuais. O
clima da região do estuário é caracterizado por temperatura em média 26 ºC.

No campo a temperatura medida não sofreu grandes variações, ficando entre 28,1 e
29,2 °C (figura 7). Segundo COHEN (1998) as águas de maré baixa durante o dia são mais
aquecidas do que as de maré alta. Valor observado mais alto 29,2°C no momento de
vazante da maré.

29.2
29
28.8
Temperatura (°C)

28.6
28.4
28.2
28
27.8
27.6
27.4
08:57 09:57 10:57 11:57 12:57 13:57 14:57 15:57
Hora

Figura 7: Variação da temperatura da água superficial ao longo do dia.


STD e CE

A condutividade é a medida da capacidade da água em conduzir corrente elétrica,


cujos valores são expressos em micro Siemens (µS/cm). É função da concentração de íons
presente na água que possam conduzir esta corrente elétrica, mas seu valor, além de
depender da temperatura, também difere para cada íon (Esteves, 1998).

Segundo Esteves (1998) a região amazônica pode ser divida em 3 setores de


condutividade elétrica da água. O setor 1) localizado na Amazônia central local conhecido
por apresentar baixa condutividade variando entre 510 µS/cm; 2) situado na Região
periférica sul e norte, com valores de condutividade elétrica intermediaria 10-20 µS/cm e o
3) região periférica oeste que apresenta maiores valores de condutividade 30-200 µS/cm).

As concentrações de STD (figura 8) bem como a decomposição da matéria orgânica


influenciam na CE (Matta, 2002). No momento em que as concentrações de STD foram
maiores 11,08 ppt o valor da CE também foi mais elevado 5,53 mS/cm. A variação diária
pode indicar um predomínio da fotossíntese ou da decomposição, conforme a
condutividade aumente ou diminua.
12
10
8
6
STD (ppt)
4
CE (mS/cm)
2
0
08:57 09:57 10:57 11:57 12:57 13:57 14:57 15:57
Hora

Figura 8: Variação dos STD e CE ao longo das coletas.


OXIGÊNIO DISSOLVIDO

O oxigênio dissolvido nos corpos d’água é influenciado por fatores abióticos como
pressão, temperatura e salinidade e fatores bióticos como fotossíntese, respiração e
oxidação da matéria orgânica.

As concentrações de OD (figura 9) ao longo do dia foram elevadas entre, 11,48 a


12,06 mL/L, com maior valor durante a vazante da maré, momento em que o pH da água
superficial também foi mais elevado, o que representando uma elevada atividade
fotossintética.

OD (mL/L)
13

12.5

12

11.5

11

10.5
08:57 09:57 10:57 11:57 12:57 13:57 14:57 15:57
Hora

Figura 9: Variação do OD ao longo das coletas.


ALCALINIDADE E PH

O potencial hidrogeniônico nas águas naturais constitui um dos fatores ecológicos


que age como controlador das atividades respiratórias dos animais e plantas e regulador
dos principais processos metabólicos nos seres vivos (Santos, 1986).

Os valores da alcalinidade total tiveram média de 66.96 mg/L, com mínimo de 63.25
mg/L ás 10:57 horas e máximo de 72.25 mg/L ás 11:57 horas. Já o pH teve valor médio de
7.9, com mínimo de 7.8 ás 15:57 horas e máximo de 8.1 . E a salinidade teve valor médio
de 5.7.

Na tabela x, esta representando as as concentrações de CID e seus principais


constituintes (HCO-3, CO2-3 e CO2), teve máxima de 689.1 (µmol/kgSW) ás 11:57 horas e
mínima de 592.4 (µmol/kgSW) ás 15:57.

Hora HCO3 CO3 CO2 CID


(µmol/kgSW) (µmol/kgSW) (µmol/kgSW) (µmol/kgSW)
08:57 605.2 22.6 8.3 636.2
09:57 637.6 27.2 7.8 672.7
10:57 591.4 21.1 8.5 621.1
11:57 649.4 33.0 6.6 689.1
12:57 600.7 22.5 8.4 631.8
13:57 578.9 38.0 4.6 621.5
14:57 575.8 39.3 4.4 619.5
15:57 555.7 31.7 5.0 592.4

A temperatura se relacionou com a fugacidade (fCO2) e pressão parcial do CO2


(pCO2), seguindo o mesmo padrão entre o período de 12:57 – 15:57 horas, e inversamente
proporcional entre período 8:57 – 11:57 horas, onde o gráfico x apresentaram o mesmo
padrão, com picos de máxima as 12:57 tanto para a temperatura quando para fCO2 e
pCO2, e picos de mínimo as 08:57 para temperatura, já para o pCO2 e fCO2 ocorreu as
14:57 horas.
4.3 Oceanografia Biológica
Após a análise, foram encontrados 4 táxons na zona de manguezal, sendo eles Uca
sp, Capitellidae, Ortóptera, Grapsídeo. O caranguejo Uca sp foi o mais presente nas
amostras de mangue com frequência de ocorrência de 78%, também foi os mais
dominantes em termos de abundância com valor de 56 org.m², seguido do caranguejo
Grapsídeo com abundância de 36 org.m² e frequência de ocorrência de 33%. Captellidea e
Ortóptera apresentaram abundância de 4 org.m² e frequência de 11 % cada.
No ambiente praial foram encontrados 3 táxons, compostos por Anfípodas,
Nephtidae e Stafilinidae. O táxon Anfípoda foi o mais frequente nas amostras de praia com
frequência de ocorrência de 67%, e também foi o mais dominante em termos de
abundância de 1369 org.m², seguindo do Nephtidae com abundância de 96 org.m² e
frequência de ocorrência de 22%. Stafilinidae apresentou abundância de 31 org.m² e
frequência de ocorrência de 11%.

Em relação à distribuição dos organismos ao longo do perfil de praia notou-se um


gradiente de distribuição dos organismos, no supralitoral as amostras D1 e D2 não foram
encontrados organismos apenas no ponto D3 com 1 Stafilinidae, o mesolitoral resultou na
maior abundância entre os níveis com média de 371 org.m² ± 157 e o infralitoral com média
de 116 org.m² ± 66. A distribuição do organismo na zona de manguezal não apresentou um
gradiente claro de distribuição como na zona de praia, o mangue superior contendo média
de 10 org.m² ± 2, mangue médio com média de 11 org.m² ± 2 e inferior com média de 12
org.m² ± 4 (Figura 10). A riqueza foi baixa variando entre valores de 1 e 2 na zona de
mangue ou na zona de praia.

Figura 10 - Relação da abundância com os níveis de coleta


5. DISCUSSÃO

Segundo França (2003) e Alves (2005), as praias do setor planície costeira da Ilha
do Marajó, apresentam características de estado dissipativo, com largas faixas de areia, de
declividade moderada a suave e constituídas de areia unimodais quartzosas finas e bem
selecionadas, corroborando com os dados obtidos nesse estudo de areia fina, bem
selecionada a moderadamente selecionada, que permite atribuir características dissipativas
a Praia do Pesqueiro.

Devido ao perfil plano da praia e granulometria fina há uma elevada retenção da


água. Este tipo de praia é considerado o mais favorável para a macrofauna residente
(Mclachlan et al., 1995), assim como foi observado nesse estudo, com uma abundância
considerável de organismos bentônicos.

Na praia, o táxon Anfípoda apresentou a maior abundância e maior frequência de


ocorrência em relação aos demais. Caso este pode estar relacionado com o fato da ordem
anfípoda apresentar diversas estratégias alimentares, como hábito detritívoro e
suspensívoro, que conferem a ela vantagens em relação aos demais grupos (Jacobi,
1987).

A maior abundância de organismos no mesolitoral provavelmente é devido ao fato


de praias arenosas poderem apresentar distribuição em manchas devido à hidrodinâmica
praial e fatores biológicos. Além disso, as variações no nível da maré devem ser
consideradas descritores importantes do gradiente faunístico do mesolitoral, sendo um fator
chave na posição da fauna nos níveis da praia (Brazeiro & Defeo, 1996). Através do
processo de decomposição foliar no sedimento e síntese de matéria orgânica dissolvida, os
manguezais atuam como importante fonte de detritos aos sedimentos adjacentes e atuam
nas cadeias alimentares marinhas (Benner et al., 1986; Lee, 1995).

A granulometria do manguezal foi classificada como areia fina a silte e segundo


Semensatto-Jr et al. (2007) e Coelho-Jr (2003), o alto teor de matéria orgânica relaciona-se
à alta proporção de argila/silte, isso se deve ao alto poder que os sedimentos finos têm de
adsorver a matéria orgânica, que deposita via floculação, além de reter água. Esse fato
permite a presença desses organismos no ambiente já que os mesmos obtêm seus
alimentos por assimilação da matéria orgânica presente no sedimento (Wolcott &
O`Connor, 1992; Maitland, 1990).

No que diz respeito ao táxon mais abundante encontrado no mangue, os


caranguejos do gênero Uca tem como principal fator que influencia a sua distribuição, a
textura do sedimento, conferindo a este grupo estratégias adaptativas, que permitam sua
associação de acordo com as características de cada sedimento, além de ter a capacidade
de extrair matéria orgânica dos sedimentos com partículas de tamanhos selecionados
(Macintosh, 1988; Turman II, 1987; Aspey, 1978; Icely & Jones, 1978).
Os parâmetros físico-químicos básicos, temperatura, STD e CE não apresentaram
mudanças significativas ao longo do dia. As concentrações de oxigênio dissolvido na água
superficial foram elevadas, provavelmente devido à entrada de água de nutrientes a partir
de fontes de água doce, que aumentam a produção de oxigênio em ambiente estuarino
(Santos et al., 2008). Esse padrão também foi observado por Gessner (1962) que
encontraram altos valores de oxigênio na foz do Amazonas.

No que diz respeito a salinidade apresentou valores altos, a a salinidade da praia do


Pesqueiro é considerada relativamente alta, se comparada a algumas áreas adjacentes,
pois ela se localiza mais ao norte e, portanto, é mais exposta à influência marinha (Ferreira,
2010). A relativa pequena mudança diária percebida nos valores do pH pode estar
relacionada com intrusão de água fresca, por ser um fator dominante nas distribuições
estuarinas (Howland et al.), apesar de aumentos significativos in situ no pH, que pode
sofrer influência relacionada com a fotossíntese de microrganismos.

A temperatura é um dos parâmetros que também influencia os valores de pressão e


fugacidade (Pan et al., 2015), de modo que maiores temperaturas aumentam a pressão
parcial dos gases e propiciam, consequentemente, a liberação desses gases para a
atmosfera ou para o meio aquático. Porem a fCO2 e pCO2 apresentaram valores muito
próximos, demonstrando que as águas superficiais estão em equilíbrio com fonte de CO2
para a atmosfera.

6.CONCLUSÃO
Fica evidente a importância dos parâmetros oceanográficos para o estudo das orlas
marítimas costeiras, bem como a interação entre eles. Percebemos que a influência do
regime de maré, a topografia local e a posição da orla do pesqueiro são fatores que
condicionam as características da praia. Ficou evidente a condição de progradação da
linha de costa em direção ao mangue. Consideramos que se faz necessária a compilação
dos dados dos outros transectos para resultados mais claros, assim como a continuidade
de estudos nessa região.
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