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MÓDULO II – ESTRUTURA DE CUSTOS

CONTABILIDADE DE CUSTOS

A contabilidade de custos nasceu da contabilidade financeira, quando da necessidade de


avaliar estoques na indústria. Seus princípios derivam dessa finalidade primeira e, por isso, nem
sempre conseguem atender completamente a suas outras duas mais recentes e provavelmente mais
importantes tarefas: controle e decisão.
As recessões econômicas dos anos 80 e 90, aliadas a rápida ascensão da competição
internacional, reduziram sensivelmente as margens de lucro, tornando fundamental o custeio de
produtos, bem como o controle de custos para tomada de decisões administrativas.
Com a atual competividade dos mercados, sejam eles industriais, comerciais ou de serviços,
os custos tornam-se cada vez mais importantes no que diz respeito às tomadas de decisões das
organizações, pois estas já não podem mais definir seus preços de acordo com os custos incorridos,
mas sim baseadas nos preços praticados no mercado em que atuam.

2.1. TERMILOGIA CONTÁBIL

GASTO: Sacrifício financeiro com que a entidade arca para a obtenção de um produto ou
serviço qualquer, sacrifício esse representado por entrega ou promessa de entrega de ativos.

INVESTIMENTOS: Sacrifícios ocorridos na aquisição de bens ou serviços (gastos) que são


“estocados” nos ativos da empresa para baixa ou amortização quando de sua venda, de seu
consumo, de seu desaparecimento ou de sua desvalorização são especificamente chamados de
investimentos.
Exemplo: Matéria – prima é um gasto contabilizado temporariamente como investimento circulante; a
máquina é um gasto que se transforma em um investimento permanente.

CUSTO: Gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção bens ou serviços. O custo é
um gasto, mas no momento da utilização dos fatores de produção, para a fabricação de um produto
ou execução de um serviço.
Exemplo: A matéria prima foi um gasto em sua aquisição que imediatamente se tornou um
investimento, e assim ficou durante o tempo de sua estocagem; no momento de sua utilização na
fabricação de um bem, surge o custo da matéria-prima como parte integrante do bem elaborado.

DESPESA: Bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a obtenção de receitas.

PERDA: Bem ou serviço consumido de forma anormal ou involuntária.


Exemplo: O gasto com mão de obra durante um período de greve é uma perda, não um custo
de produção. O material deteriorado por um defeito anormal e raro de um equipamento provoca uma
perda e não um custo.

CUSTO DA PRODUÇÃO ACABADA: É a soma dos custos contidos na produção acabada


no período. Pode conter custos de produção também de períodos anteriores existentes em unidades
que só foram completadas no presente período.

CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS: É a soma dos custos incorridos na fabricação dos
bens que só agora estão sendo vendidos. Pode conter custos de produção de diversos períodos,
caso os itens vendidos tenham sido produzidos em diversas épocas diferentes.

2.2. CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS: DIRETOS E INDIRETOS

Alguns custos podem ser diretamente apropriados aos produtos, bastando haver uma medida
de consumo (quilogramas de materiais consumidos, embalagens utilizadas, horas de mão-de-obra
utilizada e até quantidade de força consumida). São os Custos Diretos com relação ao produto.
Outros realmente não oferecem condição de uma medida objetiva e qualquer tentativa de
alocação tem de ser feita de maneira estimada e muitas vezes arbitrária. São os custos indiretos com
relação ao produto.
A classificação de direto e Indireto que se faz é com relação ao produto feito, e não a
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produção no sentido geral.


Custos Diretos e Indiretos dizem respeito ao relacionamento entre custo e o produto feito: os
primeiros são fáceis, objetivos e diretamente apropriáveis ao produto feito, e os indiretos precisam de
esquemas especiais para a alocação, tais como bases de rateio e estimativas.

2.3. CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS: FIXOS E VARIÁVEIS

O valor das matérias-primas gasta por mês depende diretamente do volume de produção.
Quanto maior a quantidade fabricada, maior o seu consumo. O valor do custo com as matérias-
primas varia de acordo com o volume de produção, logo, matérias-primas são Custos Variáveis.
Por outro lado, o aluguel da fábrica em certo mês é de determinado valor, independente de
aumentos ou diminuições naquele mês do volume elaborado de produtos. Por isso, o aluguel é um
Custo Fixo.
Custos Fixos e Variáveis são classificações que não levam em consideração o produto, e sim
o relacionamento entre o valor total do custo em um período e o volume de produção. Fixos são os
que em um período tem seu montante fixado não em função de oscilações na atividade, e variáveis
os que têm seu valor determinado em função dessa oscilação.

2.4. O USO DA INFORMAÇÃO DOS CUSTOS PARA TOMADA DE DECISÃO GERENCIAL


Atualmente, fala-se muito em Gestão Estratégica de custo. Na verdade, trata-se de uma
moderna contabilidade de custos, mais ampla do que a tradicional, pois tem como papel prevenir,
evitar, reduzir, eliminar ou otimizar os custos e as despesas dando aos gestores informações mais
precisas e atualizadas e, consequentemente, condições de serem mais competitivos no mercado em
que atuam.
2.4.1. ESQUEMA BÁSICO PARA APURAÇÃO DOS CUSTOS DOS PRODUTOS

Suponha que estes sejam os gastos de determinado período da empresa X:

Comissões de Vendedores 8.000,00


Salários de Fábrica 12.000,00
Matéria-prima Consumida 35.000,00
Salários da Administração 9.000,00
Depreciação na Fábrica 6.000,00
Seguros da Fábrica 1.000,00
Despesas Financeiras 5.000,00
Honorários da Diretoria 4.000,00
Materiais Diversos – Fábrica 1.500,00
Energia Elétrica – Fábrica 8.500,00
Manutenção – Fábrica 7.000,00
Material de Consumo – Escritório 500,00
TOTAL DOS GASTOS 97.500,00

1º PASSO: A SEPARAÇÃO ENTRE CUSTOS E DESPESAS

Custos de Produção
Salários da Fábrica 12.000,00
Matéria Prima Consumida 35.000,00
Depreciação na Fábrica 6.000,00
Seguros na Fábrica 1.000,00
Materiais Diversos – Fábrica 1.500,00
Energia Elétrica – Fábrica 8.500,00
Manutenção – Fábrica 7.000,00
TOTAL 71.000,00

Despesas Administrativas
Salários da Administração 9.000,00
Honorários da Diretoria 4.000,00
Material de Consumo – Escritório 500,00
Despesas Financeiras 5.000,00
TOTAL 18.500,00
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Despesas de Venda
Comissões de Vendedores 8.000,00
TOTAL 8.000,00

2º PASSO: A APROPRIAÇÃO DOS CUSTOS DIRETOS

Suponha que a empresa elabore três produtos diferentes, chamados de A, B e C.


Para o consumo de matéria-prima, a empresa mantém um sistema de requisições de tal
forma que sabe sempre para qual produto foi utilizado o material retirado do almoxarifado. E, a partir
desse dado, conhece-se a seguinte distribuição:

Matéria-prima:
Produto A 7.500,00
Produto B 13.500,00
Produto C 14.000,00
TOTAL 35.000,00

Para a Mão-de-obra, a situação é um pouco mais complexa, já que é necessário verificar do


total de 12.000,00 quanto diz respeito à mão-de-obra direta e quanto é a parte pertencente a mão-de-
obra indireta. A empresa, para poder conhecer bem esse detalhe, mantém um apontamento
(verificação) de quais foram os funcionários que trabalharam em cada produto no mês e por quanto
tempo. Conhecidos tais detalhes e calculados os valores conclui-se:

Mão-de-obra
Indireta 3.000,00
Direta
Produto A 2.200,00
Produto B 4.700,00
Produto C 2.100,00
9.000,00
TOTAL 12.000,00

A verificação da Energia Elétrica evidencia que, depois de anotado o consumo na fabricação


dos produtos durante o mês 4.500,00 são diretamente atribuíveis, já que existem medidores apenas
em alguma máquinas.

Energia Elétrica:

Indireta 4.000,00
Direta
Produto A 1.800,00
Produto B 2.000,00
Produto C 700,00
4.500,00
TOTAL 8.500,00

2º PASSO: APROPRIAÇÃO DOS CUSTOS DIRETOS


Diretos Indiretos Total
Produto A Produto B Produto C
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Matéria-prima 7.500 13.500 14.000 - 35.000


Mão-de-obra 2.200 4.700 2.100 3.000 12.000
Energia Elétrica 1.800 2.000 700 4.000 8.500
Depreciação - - - 6.000 6.000
Seguros - - - 1.000 1.000
Materiais Diversos - - - 1.500 1.500
Manutenção - - - 7.000 7.000
TOTAL 11.500 20.200 16.800 22.500 71.000

Comentários: Observe que além dos custos diretos foram relacionados os custos que fizeram parte
da 1º separação entre custos e despesas, mas não foram apropriados a algum produto.

3º PASSO: A APROPRIAÇÃO DOS CUSTOS INDIRETOS

Uma alternativa simplista seria a alocação aos produtos A, B e C proporcionalmente ao que


cada um já recebeu de custos diretos. Esse critério é relativamente usado quando os custos diretos
são a maioria dos custos totais, e não há outra maneira mais objetiva de visualização de quanto dos
indiretos poderia, de forma menos arbitraria ser alocado a A, B e C.

RATEIO DOS CUSTOS INDIRETOS EM RELAÇÃO AOS CUSTOS DIRETOS


Diretos Total
Reais % Reais
Produto A 11.500,00 23,71 5.334,75 16.834,75
Produto B 20.200,00 41,65 9.371,25 29.571,25
Produto C 16.800,00 34,64 7.794,00 24.594,00
Total 48.500,00 100,00 22.500,00 71.000,00

Comentários: como foi utilizado os custos diretos como base para rateio encontrou-se quanto
cada custo direto de cada produto representou em relação ao total. Depois de encontrada a
proporção rateou os custos indiretos 22.500 pelas porcentagens. O total é encontrado pela soma dos
custos diretos + custos indiretos.

Se a empresa resolver fazer outro tipo de alocação. Conhecendo o tempo de fabricação de


cada um, pretende fazer a distribuição dos custos indiretos proporcionalmente a ele, e faz uso dos
próprios valores em reais da mão-de-obra direta, por ter sido esta calculada com base nesse mesmo
tempo.

RATEIO DOS CUSTOS INDIRETOS EM RELAÇÃO À MAO-DE-OBRA


mão-de-obra Diretos
Reais % Reais
Produto A 2.200,00 24,44 5.499,00
Produto B 4.700,00 52,22 11.749,50
Produto C 2.100,00 23,34 5.251,50
Total 9.000,00 100,00 22.500,00

CUSTO TOTAL DE CADA PRODUTO


Custos Diretos Custos Indiretos Indiretos

Produto A 11.500,00 5.499,00 16.999,00


Produto B 20.200,00 11.749,50 31.949,50
Produto C 16.800,00 5.251,50 22.051,50
Total 48.500,00 22.500,00 71.000,00

O esquema de apuração de custos dos produtos consiste, dentro do visto até o momento,
em:
a) Separação de custos e despesas;
b) Apropriação dos custos diretos aos produtos; e
c) Rateio dos custos indiretos aos produtos.

Exercício resolvido de rateio dos custos indiretos


Salários da Fábrica 20.000,00
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Matéria-prima consumida 40.000,00


Salários da administração 8.000,00
Depreciação da fábrica 4.000,00
Despesas Financeiras 2.000,00
Pró-labore 4.000,00
Energia elétrica da fábrica 6.000,00
Manutenção da fábrica 8.000,00
Material do escritório 800,00

A empresa produz 3 tipos de produtos denominados de Alfa, Beta e Gama


Matéria-prima
Alfa 8.000,00
Beta 20.000,00
Gama 12.000,00

Mão-de-obra Energia Elétrica


Alfa 3.520,00 Alfa 1.200,00
Beta 6.400,00 Beta 900,00
Gama 6.080,00 Gama 900,00
Indireta 4.000,00 Indireta 3.000,00

Pede-se:
Apropriar os custos indiretos de fabricação baseado nos seguintes critérios:
A) Proporcional aos custos diretos
B) Proporcional à mão-de-obra direta
Resultado

SEPARAÇÃO

Custos de Produção
Salários da Fábrica 20.000,00
Matéria Prima Consumida 40.000,00
Depreciação na Fábrica 4.000,00
Energia Elétrica – Fábrica 6.000,00
Manutenção – Fábrica 8.000,00
TOTAL 78.000,00

Despesas Administrativas
Salários da Administração 8.000,00
Pró-labore 4.000,00
Material de Consumo – Escritório 800,00
Despesas Financeiras 2.000,00
TOTAL 14.800,00

APROPRIAÇÃO DOS CUSTOS DIRETOS


Diretos Indiretos Total
ALFA BETA GAMA

Matéria-prima 8.000,00 20.000,00 12.000,00 - 40.000,00


Mão-de-obra 3.520,00 6.400,00 6.080,00 4.000,00 20.000,00
Energia Elétrica 1.200,00 900,00 900,00 3.000,00 6.000,00
Depreciação - - - 4.000,00 4.000,00
Manutenção - - - 8.000,00 8.000,00
TOTAL 12.720,00 27.300,00 18.980,00 19.000,00 78.000,00

RATEIO DOS CUSTOS INDIRETOS EM RELAÇÃO AOS CUSTOS DIRETOS


Diretos Indiretos Total
Reais % Reais %
Produto ALFA 12.720,00 21,56 4.096,40 21,56 16.816,40
Produto BETA 27.300,00 46,27 8.791,30 46,27 36.091,30
Produto GAMA 18.980,00 32,17 6.112,30 32,17 25.092,30
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Total 59.000,00 100,00 19.000,00 100,00 78.000,00

RATEIO DOS CUSTOS INDIRETOS EM RELAÇÃO À MAO-DE-OBRA


mão-de-obra Diretos Indiretos
Reais % Reais %
Produto ALFA 3.520,00 22,00 4.180,00 22,00
Produto BETA 6.400,00 40,00 7.600,00 40,00
Produto GAMA 6.080,00 38,00 7.220,00 38,00
Total 16.000,00 100,00 19.000,00 100,00

CUSTO TOTAL DE CADA PRODUTO


Custos Diretos Custos Indiretos Indiretos

Produto ALFA 12.720,00 4.180,00 16.900,00


Produto BETA 27.300,00 7.600,00 34.900,00
Produto GAMA 18.980,00 7.220,00 26.200,00
Total 59.000,00 19.000,00 78.000,00

2.4.2. DEPARTAMENTALIZAÇÃO

Uma empresa produz 03 produtos X, Y e Z , e já alocou a eles os seguintes custos diretos e


faltam serem alocados os custos indiretos.

Diretos Indiretos Total


X Y Z
Custos Diretos 50.000 30.0000 45.000 - 125.000
Depreciação - - - 20.000 20.000
Manutenção - - - 35.000 35.000
Energia Elétrica - - - 30.000 30.000
Supervisão Fabrica - - - 10.000 10.000
Outros - - - 20.000 20.000
TOTAL 50.000 30.000 45.000 115.000 240.000

Devido à grande preponderância de Custos Indiretos ligados a equipamentos (depreciação,


manutenção, energia), decide-se então fazer a distribuição aos diversos produtos com base no tempo
de horas-máquinas que cada um leva para ser feito.

Produto X 400 horas-máquina


Produto E 200 horas-máquina
Produto F 400 horas-máquina

Portanto, a atribuição dos Custos Indiretos e o cálculo do Custo Total ficaria:

Diretos Indiretos Total


Reais Reais %
Produto ALFA 50.000 46.000 40 96.000
Produto BETA 30.000 23.000 20 53.000
Produto GAMA 45.000 46.000 40 91.000
Total 125.000 115.000 100 240.000

Ao analisar o processo de produção, verifica-se que existe uma disparidade entre os produtos
com relação as horas-máquina, pelo seguinte: o produto X gasta um total de 40 hm, mas distribuídas
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nos setores de corte, montagem e acabamento, enquanto que o produto Y só passa pelo corte, não
necessitando de montagem e nem acabamento. Sendo assim, a distribuição total é a seguinte:

Corte Montagem Acabamento Total


Hm Hm Hm Hm
Produto X 100 50 250 400
Produto Y 200 - - 200
Produto Z - 250 150 400
Total 300 300 400 1000

Verifica-se também, que o gasto com os custos indiretos não é uniforme entre o os setores,
distribuindo-se assim:

Corte Montagem Acabamento Total

Depreciação 10.000 3.000 7.000 20.000


Manutenção 20.000 3.000 12.000 35.000
Energia 6.000 4.000 20.000 30.000
Supervisão 5.000 2.000 3.000 10.000
Outros 4.000 3.000 13.000 20.000
Total 45.000 15.000 55.000 115.000

Pode-se fazer uma apropriação dos custos indiretos de forma mais adequada, levando em
conta o tempo de cada produto em cada departamento.

Corte Montagem Acabamento Total

Produto X 15.000 2.500 34.375 51.875


Produto Y 30.000 - - 30.000
Produto Z - 12.500 20.625 33.125
Total 45.000 15.000 55.000 115.000

Comentários: Para se encontrar o valor apropriado a cada produto dos custos indiretos o cálculo é o
seguinte. Total dos custos indiretos do departamento de corte (45.000) dividido pelo total de horas
máquina do departamento de corte (300) vezes o total de horas máquina do produto X (100) = total
dos custos indiretos apropriado ao departamento de corte do produto X.

Fazendo uma comparação dos Custos Indiretos alocados a cada produto sem
departamentalização e o com departamentalização.

Sem Com Departamentalização Total


Departamentalização

Produto X 46.000 51.875 5.875


Produto Y 23.000 30.000 7.000
Produto Z 46.000 33.125 (12.875)
Total 115.000 115.000 -

Exercício resolvido de rateio dos custos indiretos por departamentalização.

Uma empresa produz 04 tipos de produtos: A, B, C e D.


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Custos Diretos Prod. A 32.000


Prod. B 56.000
Prod. C 66.000
Prod. D 54.000

Custos Indiretos
Materiais Auxiliares 6.000
Energia Elétrica 23.000
Mão-de-obra indireta 35.000
Material de Embalagem 23.000
Salário dos Supervisores 30.000

Horas Gastas com os produtos. Quantidades Fabricadas


Prod. A 5h Prod A 100
Prod. B 3h Prod. B 200
Prod. C 7h Prod. C 50
Prod. D 10h Prod. D 100

Após vários estudos, chegou-se conclusão que empresa deveria ser departamentalizada para que
seus produtos tivessem um custo mais justo.
Os departamentos ficaram divididos em Depto n.º 1 a Depto n.º 3

Depto 1 Depto 2 Depto 3 Total


H H H H
Produto A 2 1 2 5
Produto B 3 - - 3
Produto C - 4 3 7
Produto D 2 3 5 10
Total 7 8 10 25

Depto 1 Depto 2 Depto 3 Total

MateriaisAuxiliares 1.000 2.000 3.000 6.000


Energia Elétrica 10.000 5.000 8.000 23.000
Mão-de-obra 5.000 13.000 17.000 35.000
Embalagens 15.000 4.000 4.000 23.000
Sal. Supervisores 14.000 8.000 8.000 30.000
Total 45.000 32.000 40.000 117.000

Pede-se:
a) Calcular o custo unitário dos produtos sem departamentalização;
b) Calcular o custo unitário dos produtos com departamentalização;
c) Montar comparativo;
d) Fazer o rateio dos custos indiretos em relação as horas máquina.

Resultado

Diretos Indiretos Total


A B C D
Custos Diretos 32.000 56.000 66.000 54.000 208.000
MateriaisAuxiliares 6.000 6.000
Energia Elétrica 23.000 23.000
Mão-de-obra 35.000 35.000
Embalagens 23.000 23.000
Sal. Supervisores 30.000 30.000
TOTAL 32.000 56.000 66.000 54.000 117.000 325.000

Diretos Indiretos Total


Reais Reais %
Produto A 32.000 23.400,00 20 55.400,00
Produto B 56.000 14.040,00 12 70.040,00
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Produto C 66.000 32.760,00 28 98.760,00


Produto D 54.000 46.800,00 40 100.800,00
Total 208.000 117.000,00 100 325.000,00

Depto 1 Depto 2 Depto 3 Total Ind. Diretos Total

Produto A 12.857,14 4.000,00 8.000,00 24.857,14 32.000,00 56.857,14


Produto B 19.285,71 - - 19.285,71 56.000,00 75.285,71
Produto C - 16.000,00 12.000,00 28.000,00 66.000,00 94.000,00
Produto D 12.857,15 12.000,00 20.000,00 44.857,15 54.000,00 98.857,15
Total 45.000,00 32.000,00 40.000,00 117.000,00 208.000,00 325.000,00

Sem Com Diferença


Departamentalização Departamentalização

Produto A 55.400,00 56.857,14 1.457,14


Produto B 70.040,00 75.285,71 5.245,71
Produto C 98.760,00 94.000,00 ( 4.760,00 )
Produto D 100.800,00 98.857,15 ( 1.942,85 )
Total 325.000,00 325.000,00

2.5. ANÁLISE DOS CRITÉRIOS DE RATEIO

Todos os Custos Indiretos só podem ser apropriados, de forma indireta aos produtos, isto é,
mediante estimativas, critérios de rateio, previsão de comportamento de custos. Todas essas formas
de distribuição contêm, em menor ou maior grau, certo subjetivismo; portanto, a arbitrariedade
sempre vai existir nessas alocações, sendo que às vezes ela existirá em nível bastante aceitável, e
em outras oportunidades só aceita por não haver alternativas melhores.

Para minimizar erros é necessário analisar os itens que compõem o total dos custos indiretos de
fabricação (CIFs):

a) Se os maiores itens são Depreciação de máquinas, energia elétrica, manutenção e lubrificantes,


que respondem por 80% daquele total; o restante é mão-de-obra indireta e outros custos
recebidos de outros departamentos. Portanto, já que o fator mais relevante dos Custos Indiretos
de Fabricação é a existência e utilização de máquinas, não haveria muita dúvida em se eleger o
rateio com base no número de horas-máquina como o mais adequado.
b) Se fosse verificado, por outro lado, que o mais importante item é mão-de-obra indireta e seus
encargos pelo fato de haver uma supervisão cara, e esta supervisão se deve basicamente ao
controle do pessoal direto de produção, não haveria também nessa hipótese dúvida em se fazer a
distribuição com base na Mão-de-obra direta.
c) O custo indireto de fabricação pode ter outros tipos de influência, e pode ser aceito outros
critérios de rateio.

CUSTEIO: Significa o método de apropriação de Custos.

CUSTEIO POR ABSORÇÃO: É o método derivado da aplicação dos princípios contábeis. Consiste na
apropriação de todos os custos de produção aos bens elaborados, e só os de produção; todos os
gastos relativos ao esforço de fabricação são distribuídos para todos os produtos feitos.

CUSTEIO VARIÁVEL: No custeio variável só são alocados aos produtos os custos variáveis, ficando
os fixos separados e considerados como despesas do período, indo diretamente para o resultado;
para os estoques só vão, como conseqüência, custos variáveis.

2.6. CONCEITO DE MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO

Margem de contribuição é a diferença entre o preço de venda e o custo variável de cada


10

produto; é o valor que cada unidade efetivamente traz a empresa de sobra entre sua receita e o custo
que de fato provocou e que lhe pode ser imputada sem erro.

Verifique o exemplo abaixo:


Produtos Custo Variável Total Preço de Venda Margem de
Contribuição
A 800 1.600 800 / un
B 1.500 2.500 1.000 / un
C 1.000 1.950 950 / un

Cada unidade de A contribui com 800; isso não é lucro, já que faltam os custos fixos; trata-se
de sua margem de contribuição, que multiplicada pelas quantidades vendidas e somada a dos
demais, será a margem de contribuição total. Desse montante, deduzindo os custos fixos, chega-se
ao resultado, que pode ser de Lucro ou prejuízo.

A alocação de custos fixos é uma prática contábil que pode, para efeito de decisão, ser perniciosa;
por sua própria natureza, o valor a ser atribuído a cada unidade depende do volume de produção e, o
que é muito pior, do critério de rateio utilizado. Por isso, decisões tomadas com base no lucro podem
não ser as mais corretas.
A margem de contribuição, conceituada como a diferença entre a receita e soma de custos e
despesas variáveis, tem a faculdade de tornar bem mais facilmente visível a potencialidade de cada
produto, mostrando como cada um contribui para, primeiramente, amortizar os gastos fixos, e, depois,
formar o lucro propriamente dito.

2.7. FIXAÇÃO DO PREÇO DE VENDA COM BASE NA APURAÇÃO DE CUSTOS

Para administrar preços de venda, sem dúvida é necessário conhecer o custo do produto;
porém essa informação, por si só, embora seja necessária, não é suficiente. Além do custo, é preciso
saber o grau de elasticidade da demanda, os preços de produtos concorrentes, os preços de
produtos substitutos, a estratégia de marketing da empresa, Tudo isso depende também do tipo de
mercado em que a empresa atua.
O importante é que o sistema de custos produza informações úteis e consistentes com a
filosofia da empresa, particularmente com sua política de preços.
Considerando-se esses aspectos citados, os preços podem ser fixados: com base nos custos,
com base no mercado ou com base em uma combinação de ambos.

2.7.1. FORMAÇÃO DE PREÇOS COM BASE EM CUSTOS

O ponto de partida, para calcular preços, dentro para fora, é o custo do bem ou serviço
apurado segundo um dos critérios estudados: custeio por absorção ou custeio variável. Sobre esse
custo agrega-se uma margem, denominada markup, que deve ser estimada para cobrir os gastos não
incluídos no custo, os tributos e comissões incidentes sobre o preço e o lucro desejado pelos
administradores.

Suponha a seguinte situação:


• Custo unitário: $ 20,00
• Comissões dos vendedores: 5% do preço de venda bruta
• Impostos incidentes sobre o preço de venda = 27,25% (Pis = 1,65%, Cofins = 7,6% e ICMS =
18%)
• Margem de lucro desejada 5% sobre a receita bruta

O markup seria, então, calculado da seguinte forma:


- Comissões = 5%
- Impostos = 27,25
- Lucro desejado = 5%
TOTAL = 37,25 sobre o preço de venda bruto = markup

O preço de venda será o custo acrescido de 37,25% do preço de venda:


11

PV = $ 20,00 + 0,3725 PV
PV – 0,3725 = 20,00
0,6275 = 20,00

PV = 20,00 / 0,6275
PV = 31,87

Ou seja, depois que se encontra o markup do produto subtrai de 100 (100 – 37,25 = 62,75). O preço
de venda é calculado pela divisão do custo unitário do produto pelo resultado da subtração de 100
pelo markup.

Observações importantes:
• o custo deve ser o de reposição, à vista. Assim, o preço calculado também é para venda à
vista.
• Para calcular preços de venda a prazo, é necessário embutir os encargos financeiros
correspondentes.
• Se o critério de custeio for o variável, então o markup terá que ser acrescido de um
percentual estimado para cobrir os custos fixos de produção, não incluídos no custo do
produto.
• Os tributos a considerar são os incidentes direta e proporcionalmente sobre a receita, como
ICMS, PIS, Cofins, ISS, CPMF, etc.
• O lucro desejado pode ser expresso de várias outras formas inclusive em valor absoluto,
tomando-se por base o capital investido, o custo de oportunidade.

Exercício resolvido de formação de preço de venda com base nos custos


Uma empresa produz 04 tipos de produtos: A, B, C e D

Custos Diretos Prod. A 45.000


Prod. B 66.000
Prod. C 76.000
Prod. D 84.000
Custos Indiretos
Materiais Auxiliares 10.000
Energia Elétrica 33.000
Mão-de-obra indireta 30.000
Material de Embalagem 53.000
Salário dos Supervisores 80.000

Horas Gastas com os produtos. Quantidades Fabricadas


Prod. A 10h Prod A 200
Prod. B 13h Prod. B 400
Prod. C 17h Prod. C 250
Prod. D 20h Prod. D 300

Após vários estudos, chegou-se a conclusão que empresa deveria ser departamentalizada para que
seus produtos tivessem um custo mais justo.
Os departamentos ficaram divididos em Depto n.º 1 a Depto n.º 3

Depto 1 Depto 2 Depto 3 Total


H H H H
Produto A 4 3 3 10
Produto B 8 2 3 13
Produto C - 11 6 17
Produto D 12 7 1 20
Total 24 23 13 60

Depto 1 Depto 2 Depto 3 Total


12

MateriaisAuxiliares 4.000 3.000 3.000 10.000


Energia Elétrica 10.000 12.000 11.000 33.000
Mão-de-obra 15.000 10.000 5.000 30.000
Embalagens 15.000 15.000 23.000 53.000
Sal. Supervisores 25.000 30.000 25.000 80.000
Total 69.000 70.000 67.000 206.000

Custos de Vendas:
ICMS: 18 %
PIS: 0,65%
COFINS: 3%
Outros: 6%
Lucro Desejado: 10%

Pede-se:

a) Calcular o custo unitário dos produtos sem departamentalização


b) Calcular o custo unitário dos produtos com departamentalização
c) Calcular o preço de venda e montar demonstrativo.

Resultado

Diretos Indiretos Total


A B C D
Custos Diretos 45.000 66.000 76.000 84.000 271.000
MateriaisAuxiliares 10.000 10.000
Energia Elétrica 33.000 33.000
Mão-de-obra 30.000 30.000
Embalagens 53.000 53.000
Sal. Supervisores 80.000 80.000
TOTAL 45.000 66.000 76.000 84.000 206.000 477.000

Diretos Indiretos Total Custo Unitário


Reais Reais %
Produto A 45.000 34.340,20 16,67 79.340,20 396,70
Produto B 66.000 44.640,20 21,67 110.640,20 276,60
Produto C 76.000 58.359,80 28,33 134.359,80 537,44
Produto D 84.000 68.659,80 33,33 152.659,80 508,87
Total 271.000 206.000 100 477.000,00

Depto 1 Depto 2 Depto 3 Total Ind. Diretos Total

Produto A 11.500 9.130,43 15.461,54 36.091,97 45.000,00 81.091,97


Produto B 23.000 6.086,96 15.461,54 44.548,50 66.000,00 110.548,50
Produto C - 33.478,26 30.923,08 64.401,34 76.000,00 140.401,34
Produto D 34.500 21.304,35 5.153,84 60.958,19 84.000,00 144.958,19
Total 69.000 70.000,00 67.000,00 206.000,00 271.000,00 477.000,00

PREÇO DE VENDA
C/ DEPARTAMENTALIZ. S/ DEPARTAMENTALIZ.
Produto A 650,30 636,25
Produto B 443,26 443,62
Produto C 900,74 861,97
Produto D 774,96 816,15
13

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTAO COM DEPARTMENTALIZAÇÃO


A B C D
Vendas 650,30 443,26 900,74 774,96
Deduções ( 179,81 ) ( 122,56 ) ( 249,05 ) ( 214,28 )
Vendas Liquidas 470,49 320,70 651,69 560,68
Custo ( 405,46 ) ( 276,37 ) ( 561,61 ) ( 483,19 )
Lucro 65,03 44,33 90,08 77,49

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTAO SEM DEPARTAMENTALIZAÇÃO


A B C D
Vendas 636,25 443,62 861,97 816,15
Deduções ( 175,92 ) ( 122,66 ) ( 238,33 ) ( 225,67 )
Vendas Liquidas 460,33 320,96 623,64 590,48
Custo ( 396,70 ) ( 276,60 ) ( 537,44 ) ( 508,87 )
Lucro 63,63 44,36 86,20 81,61

2.8. PONTO DE EQUILIBRIO (Pe)

O ponto de equilíbrio (também denominado ponto de ruptura – break-even point) nasce da


conjugação dos custos e despesas totais com as receitas totais.

Custos R
CDT
e
Receita Lucro

CDV Prejuízo

CDF

0 30.000 Qtde.

Figura 1 – Ponto de Equilíbrio

Até esse ponto, a empresa está tendo mais custos e despesas do que receitas, encontrando-
se, por isso, na faixa do prejuízo; acima, entra na faixa de lucro. Esse ponto é definido tanto em
unidades (volume) quanto em reais.

• Para encontrar o ponto de equilíbrio:

Fórmula:

Custos + Despesas Fixas


Ponto de equilíbrio = ______________________________________
Preço de Venda – Custos e Despesas Variáveis
(Margem de Contribuição)
14

Exemplo:
Suponha que uma empresa com os seguintes dados:

Preço de Venda = 600,00 por unidade


Custos e despesas Variáveis = 350,00 por unidade
Custos e Despesas Fixas = 800.000,00 por mês

800.000,00 800.000,00
Pe = _________________ _____________
600,00 – 350,00 250,00

Pe = 3.200 unidades mês

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO


QUANTIDADE PREÇO UNITÁRIO
VENDIDA TOTAL
VENDA 3.200 600,00 1.920.000,00
CUSTO VARIÁVEL 3.200 350,00 1.120.000,00
CUSTO FIXO 800.000,00
LUCRO 0

• Suponha que a empresa deseje obter de lucro 20% sobre as vendas.

Fórmula:
Custos + Despesas Fixas
Ponto de equilíbrio = ___________________________________________
Margem de Contribuição – (20% x Preço de Venda)

Exemplo:
Suponha que uma empresa com os seguintes dados:

Preço de Venda = 600,00 por unidade


Custos e despesas Variáveis = 350,00 por unidade
Custos e Despesas Fixas = 800.000,00 por mês

Fórmula:
800.000,00 800.000,00
Pe = _________________________ _______________
(600,00 – 350,00)- (600 x 20%) 250,00 – 120,00

Pe = 6.154 unidades mês aproximadamente

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO


QUANTIDADE PREÇO UNITÁRIO
VENDIDA TOTAL
VENDA 6.154 600,00 3.692.400,00
CUSTO VARIÁVEL 6.154 350,00 2.153.900,00
CUSTO FIXO 800.000,00
LUCRO 20% 738.500,00

• Suponha que a empresa deseje um lucro 1.000.000,00.

Fórmula:
(Custos + Despesas Fixas) + Lucro desejado
Ponto de equilíbrio = ___________________________________________
Margem de Contribuição
15

Exemplo:
Suponhamos que uma empresa com os seguintes dados:

Preço de Venda = 600,00 por unidade


Custos e despesas Variáveis = 350,00 por unidade
Custos e Despesas Fixas = 800.000,00 por mês

800.000,00 + 1.000.000,00 1.800.000,00


Pe = _________________________ _______________
(600,00 – 350,00) 250,00

Pe = 7.200 unidades mês

DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO


QUANTIDADE PREÇO UNITÁRIO
VENDIDA TOTAL
VENDA 7.200 600,00 4.320.000,00
CUSTO VARIÁVEL 7.200 350,00 2.520.000,00
CUSTO FIXO 800.000,00
LUCRO 1.000.000,00

2.9. MARGEM DE SEGURANÇA (MS)

• Suponha que uma construtora esteja produzindo um tipo de casa com as seguintes
características:

Custos e despesas fixas = 1.000.000,00 mês


Custos variáveis = 200.000,00 por unidade
Preço de venda = 300.000,00 por unidade

Seu ponto de equilíbrio é de:

1.000.000,00
Pe = ______________
100.000,00

Pe = 10 casas
• Suponha que ela esteja produzindo e vendendo 14 casas obtendo com isso um lucro de
400.000:
Quantidade de casas acima do Pe x Margem de contribuição
4 casas x 100.000,00 = 400.000,00

A empresa está com uma Margem de segurança de 4 casas, pois pode ter essa redução sem
entrar na faixa de prejuízo. Em termos percentuais podemos dizer que está com uma margem de
segurança de 28,6 %

Fórmula:
MS em quantidade
MS = __________________
Quantidade vendida

4
MS = ______________ = 0,29 x 100 = 28,6%
14

2.10. ALAVANCAGEM OPERACIONAL

• Se passar a uma atividade de produção e venda de 17 unidades, seu resultado passará:


16

Quantidade de casas acima do Pe x Margem de contribuição


7 casas x 100.000,00 = 700.000,00

Comparando esses números com os atuais (14 unidades e lucro de 400.000,00) nota-se que houve:
• Aumento no volume de 3 unidades, ou seja 21,43% (aumento na quantidade vendida / venda
anterior = 3/14).
• Aumento no lucro de 300.000,00, ou seja 75 % (aumento no valor do lucro / lucro anterior =
300.000,00 / 400.000,00)

75
Onde: __________ = 3,5 vezes
21,43
A cada 1% de aumento sobre seu atual volume corresponderá um acréscimo de 3,5% sobre o seu
atual resultado. Isso se chama alavancagem operacional.

Referências bibliográficas

MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. São Paulo. Editora Atlas

LYLLE, L. Jacobsen. Contabilidade de Custos. São Paulo. Ed. Mc Graw Hill

CHARLES, T. Hornhgren. Contabilidade de Custos. São Paulo. Editora Atlas

IUDICIBUS, Sérgio. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas.

IUDICIBUS, Sergio. Análise de custos. São Paulo: Atlas.

NAKAGAWA, M. ABC Custeio baseado em atividade. São Paulo: Atlas.

MÓDULO III – RISCOS DO NEGÓCIO

RELAÇÃO ENTRE RISCO E RETORNO

Risco e retorno são as bases sobre as quais se tomam decisões racionais e inteligentes
sobre os investimentos. De modo geral, risco é uma medida da incerteza dos retornos, e retornos são
receitas esperadas ou fluxos de caixa previstos de qualquer investimento.
Não se espera um retorno elevado de um negócio que aparentemente seja seguro. Porém, é
razoável exigir um retorno elevado ao investir dinheiro em um negocio arriscado. Em outras palavras,
os investidores devem ser adequadamente recompensados pelos riscos que assumem.
O retorno sobre o seu dinheiro deve ser proporcional ao risco envolvido. Risco é uma medida
da volatilidade dos retornos e da incerteza dos resultados futuros.

3.1. DEFINIÇÃO DE RETORNO

O retorno sobre um investimento é medido pelos ganhos ou prejuízos dos proprietários


decorrentes do investimento durante um determinado período de tempo. A expressão para calcular a
taxa de retorno obtida sobre qualquer ativo durante o período é definida como:
17

(Pt - Pt – 1) + D
Retorno esperado =
Pt – 1

Onde:

Pt = preço do ativo no ano corrente


Pt – 1 = preço do ativo no ano anterior
D = dividendo ou fluxo de caixa recebido do investimento
t = período de tempo

Exemplo:

Uma determinada empresa deseja determinar a taxa de retorno atual sobre duas de suas
máquinas. A maquina A foi comprada exatamente há um ano atrás por 30.000 e atualmente tem um
valor de mercado de 32.000. Durante o ano, ela gerou 1.000 de receitas após o imposto de renda. A
máquina B foi comprada há quatro anos atrás e seu valor, no inicio e no final do ano, caiu de 15.000
para 14.000. Durante o ano ela gerou 3.000 de receitas após o imposto de renda. A taxa de retorno
de cada máquina fica a seguinte:

Máquina A
(32.000 – 30.000) + 1.000
Retorno esperado =
30.000

3.000
Retorno esperado = = 10%
30.000

Máquina B
(14.000 – 15.000) + 3.000
Retorno esperado =
15.000

2.000
Retorno esperado = = 13,33%
15.000

Embora o valor da máquina B tenha caído durante o ano seu fluxo de caixa fez com que ela
gerasse uma taxa de retorno mais alta que aquela obtida pela máquina A durante o mesmo período.
Evidentemente o impacto combinado das mudanças no valor e no fluxo de caixa medido pela taxa de
retorno é o que interessa.

3.2. CONCEITOS BÁSICOS DE RISCO

O risco em seu sentido fundamental pode ser definido como a possibilidade de prejuízo
financeiro. Os ativos que possuem grandes possibilidades de prejuízos são vistos como mais
arriscados que aqueles com menos possibilidades de prejuízos
É importante avaliar o risco do ponto de vista comportamental e quantitativo. A análise de
sensibilidade pode ser usada para se ter uma noção do risco, enquanto que probabilidades,
distribuição de probabilísticas, desvio padrão e o coeficiente de variação podem ser usados para uma
avaliação mais quantitativa do risco.
18

3.3. MÉTODOS QUALITATIVOS PARA DIMINUIÇÃO DO RISCO

• Pesquisa de Mercado;
• Técnica Delphi;
• Painel de Especialistas

3.3.1. PESQUISA DE MERCADO

Na pesquisa de mercado, são feitos levantamentos por meio de questionários ou de


entrevistas e as informações são interpretadas para indicar os fatores mais relevantes que influem na
preferência do consumidor ou de pessoas envolvidas.

3.3.2. TÉCNICA DELPHI

Um coordenador passa um questionário para um grupo previamente escolhido e com


experiência e/ou conhecimento sobre assunto a ser pesquisado. As respostas são processadas pelo
coordenador, que faz um novo questionário, incorporando as informações levantadas. Desse modo,
todos os especialistas são realimentados com as informações disponíveis, permitindo que o segundo
questionário seja respondido com um consenso maior. Após algumas rodadas chega-se a um
consenso que expressa a opinião explícita e razoável.

3.3.3. PAINEL DE ESPECIALISTA

O procedimento consiste em reunir um grupo de especialistas para um ou poucos encontros.


Nessas condições, o custo é sensivelmente menor e o resultado também é obtido em menor tempo.

3.4. ABORDAGENS ESTATÍSTICAS PARA AVALIAÇÃO DO RISCO

• Análise de Sensibilidade;
• Probabilidade;
• Desvio-padrão;
• Coeficiente de Variação;

3.4.1. ANALISE DE SENSIBILIDADE

A análise de sensibilidade é uma abordagem comportamental para avaliar o risco, a qual usa
inúmeras estimativas de retorno possíveis para se obter uma percepção da variabilidade entre os
resultados. Um método comum envolve a estimativa dos retornos pessimistas (piores), dos mais
prováveis (esperados) e dos otimistas (os melhores) relativos a um dado ativo.
Nesse caso o risco do ativo pode ser medido por uma faixa, a qual é encontrada subtraindo-
se os resultados pessimistas dos resultados otimistas. Quanto maior for a faixa para um dado ativo,
maior é o risco que ele representa.

Exemplo:

ATIVO A ATIVO B
Investimento inicial 30.000 30.000
Taxa de retorno anual
Pessimista 10% 8%
Mais provável 15% 15%
Otimista 20% 22%

FAIXA 10% 14%


O ativo A é menos arriscado que o ativo B, uma vez que sua faixa de 10% (20% - 10%) é menor que
a faixa do ativo B que é de 14% (22% - 8%).

3.4.2. PROBABILIDADES

As probabilidades podem ser usadas para uma avaliação mais exata do risco de um ativo. A
19

probabilidade de um dado resultado é sua possibilidade de ocorrência. Se um resultado tem 80% de


probabilidade de ocorrência, espera-se que ele possa ocorrer oito vezes em dez. Se um resultado
tem uma probabilidade de 100%, há certeza de que ele ocorra.

3.4.3. DESVIO PADRÃO

O indicador estatístico mais comum do risco de um ativo é o desvio padrão o qual mede a
dispersão em torno do valor esperado. O valor esperado é o retorno mais provável de um ativo que
pode ser calculado pela multiplicação da taxa de retorno estimada pela probabilidade.

ATIVO A
Taxa de retorno estimadas Retornos Probabilidades Valor
Estimados (1) (2) Ponderado
(1) x (2)

Pessimista 10% 0,25 2,50


Mais provável 15% 0,50 7,50
Otimista 20% 0,25 5,00

Retorno esperado 15,00

ATIVO B
Taxa de retorno estimadas Retornos Probabilidades Valor
Estimados (2) Ponderado
(1) x (2)

Pessimista 8% 0,25 2,00


Mais provável 15% 0,50 7,50
Otimista 22% 0,25 5,50

Retorno esperado 15,00

A expressão para o desvio padrão do retorno é a seguinte

Desvio Padrão = ∑ ( K –⎯K)² x Pr


Onde:

K = retorno estimado
K = retorno esperado
Pr = probabilidade
Exemplo:

Ativo A
(retorno estimado – retorno esperado)2 x Probabilidade
Pessimista (10 – 15)2 x 0,25 = 6,25
Mais provável (15 – 15)2 x 0,50 =0
Otimista (20 – 15)2 x 0,25 = 6,25
Somatória = 12,50

Desvio Padrão = 12 50

Desvio padrão = 3,54 do ativo A

Ativo B
(retorno estimado – retorno esperado)2 x Probabilidade
Pessimista ( 8 – 15)2 x 0,25 = 12,25
Mais provável (15 – 15)2 x 0,50 =0
20

Otimista (22 – 15)2 x 0,25 =12,25


Somatória = 24,50

Desvio Padrão = 24 50

Desvio padrão = 4,95 do ativo B

QUANTO MAIOR FOR O DESVIO PADRÃO, MAIOR SERÁ O RISCO. O ATIVO B É O MAIS
ARRISCADO

3.4.4. COEFICIENTE DE VARIAÇÃO

O coeficiente de variação é uma medida de dispersão relativa usada na comparação do risco


de ativos que diferem nos retornos esperados. A expressão para o coeficiente de variação é a
seguinte:

Desvio Padrão
Coeficiente de Variação =
Taxa de retorno esperada

Exemplo:

Ativo A
3,54
Coeficiente de Variação =
15

Coeficiente de Variação = 0,24 do ativo A

Ativo B

4,95
Coeficiente de Variação =
15

Coeficiente de Variação = 0,33 do ativo B

QUANTO MAIOR FOR O COEFICIENTE DE VARIAÇÃO, MAIOR SERÁ O RISCO. O ATIVO B É O


MAIS ARRISCADO

Referências bibliográficas

BRUNI, Adriano Leal; FAMA, Rubens. As decisões de investimentos. São Paulo: Atlas, 2003.

CASAROTTO FILHO, Neto. Análise de Investimentos: Matemática Financeira, engenharia


econômica, tomada de decisão, estratégia empresarial. São Paulo: Atlas, 2000.

KASSAI, J.R.;KASSAI S., SANTOS, A., ASSAF NETO, A. Retorno do investimento, 2º ed. Ed. Atlas,
2000.

ASSAF NETO, A., SILVA A.T.S.; Administração de Capital de Giro. São Paulo: Altas, 2002.

MOTTA, Regis da Rocha; CALÔBA, Guilherme Marques. Análise de Investimentos: tomada de


Decisões em projetos industriais. Ed. Atlas, 2002.
21

MÓDULO IV – FLUXOS DE CAIXA E ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

4.1. VALOR PRESENTE

É o montante de unidades monetárias que poderiam ser investidas hoje a uma dada taxa de
juros durante um período especificado, para se igualar ao montante futuro desejado.
O valor presente fornece uma base para comparar a lucratividade de vários projetos ou
investimentos diferentes durante um período de vários anos. A taxa de desconto ou de capitalização
é uma taxa de juro aplicada a uma série de futuros pagamentos ou recebimentos ajustados ao risco e
a incerteza do fator tempo.

Exemplo:
O Sr. Fulano tem a oportunidade de receber 3.000,00 em 03 anos. Se ele pode obter 6% aa. sobre o
seu investimento, qual o valor que ele deve investir hoje por essa oportunidade?

Cálculo do valor presente na HP12C

Passo Teclas Descrição


01 [ON] Liga a calculadora
02 [f] [Reg] Limpa os registradores da calculadora
03 3.000 [CHS] [FV] Armazena o valor futuro do fluxo de caixa
04 6 [i] Armazena o valor da taxa de capitalização
05 3 [n] Armazena o tempo de investimento
06 [PV] Solicita o valor do VP
Resp. 2.518,86 Valor presente

Cálculo do valor presente no Excel

A B C D
1 Descrição valores Função
2 Valor futuro 3.000,00
3 Taxa de capitalização 6%
4 Tempo de investimento 3
5 Valor presente 2.518,86 = VP(C3;C4;;C2)
6 Importante: É possível buscar pelas
funções financeiras o cálculo do valor
presente.

4.1.1. VALOR PRESENTE ANUIDADE

Quando administradores financeiros deparam com uma série constante e fixa de futuros
pagamentos ou recebimentos e desejam avaliar o valor presente dessas quantias, podem calcular de
duas maneiras:
1. calcular o valor presente de cada ano futuro descontando cada pagamento ou
recebimento pelo seu fator de valor presente apropriado e, depois, somar todos os
valores presentes para encontrar o total. Esse método é longo e redundante.
2. calcular o valor presente da anuidade dos fluxos de caixa futuros, empregando o fator
de valor presente de uma anuidade. Esse método é curto e fácil.

Exemplo:
Uma determinada empresa está disposta a investir em uma anuidade específica. A empresa
22

requer um retorno mínimo de 8% em todos os investimentos, e a anuidade consiste de fluxos de caixa


de 900 por ano durante 5 anos. Qual valor total que deverá investir?

Cálculo do valor presente anuidade na HP12C

Passo Teclas Descrição


01 [ON] Liga a calculadora
02 [f] [Reg] Limpa os registradores da calculadora
03 900 [CHS] [PMT] Armazena o valor dos pagamentos anuais de fluxos
de caixa futuros
04 8 [i] Armazena o valor da taxa de capitalização
05 5 [n] Armazena o tempo de investimento
06 [PV] Solicita o valor do VP
Resp. 3.593,44 Valor presente anuidade

Cálculo do valor presente anuidade no Excel

A B C D
1 Descrição valores Função
2 Valor dos pagamentos anuais de fluxos 900,00
de caixa
3 Taxa de capitalização 8%
4 Tempo de investimento 5
5 Valor presente 3.593,44 = VP(C3;C4;C2)
6 Atenção: No exemplo anterior de valor
presente, tínhamos a informação do valor
futuro, neste exemplo temos a
informação do pagamento anual. Na
fórmula atual = VP(C3;C4;C2), há
somente um ponto e vírgula antes do C2

O valor presente de uma anuidade mostra o quanto tem que se investir hoje para que se
possa, durante um determinado período, conseguir o valor de fluxos de caixa estabelecidos por ano.
No final do tempo estabelecido o valor do investimento será zerado.

Exemplo:

Investimento com saques de fluxos de caixa mensais durante 5 anos

Valor Saques dos Saldo do


investido Juros Saldo Acumulado fluxos de caixa Investimento
3.593,44 287,48 3.880,92 900,00 2.980,92
2.980,92 238,47 3.219,39 900,00 2.319,39
2.319,39 185,55 2.504,94 900,00 1.604,94
1.604,94 128,40 1.733,33 900,00 833,33
833,33 66,67 900,00 900,00 0,00

4.1.2. VALOR PRESENTE PERPETUIDADE

Uma perpetuidade é uma anuidade com uma vida infinita, em outras palavras é uma
anuidade que nunca deixa de oferecer ao seu detentor pagamentos ao final de cada ano.
23

Exemplo:
Utilizando o mesmo exemplo anterior, mas agora considerando uma perpetuidade. A empresa
requer um retorno mínimo de 8% em todos os investimentos, e a anuidade consiste de fluxos de caixa
de 900 por ano para sempre. Qual valor total que deverá ser investido?

Cálculo do valor presente perpetuidade na HP12C

Passo Teclas Descrição


01 [ON] Liga a calculadora
02 [f] [Reg] Limpa os registradores da calculadora
03 900 [CHS] [PMT] Armazena o valor dos pagamentos anuais de fluxos
de caixa futuros
04 8 [i] Armazena o valor da taxa de capitalização
05 999 [n] Armazena com o tempo de investimento
06 [PV] Solicita o valor do VP
Resp. 11.250 Valor presente

Cálculo do valor presente perpetuidade no Excel

A B C D
1 Descrição valores Função
2 Valor dos pagamentos anuais de fluxos 900,00
de caixa
3 Taxa de capitalização 8%
4 Tempo de investimento 999
5 Valor presente 11.250 = VP(C3;C4;C2)
6 Atenção: Quando buscamos uma
perpetuidade a única coisa que altera é o
tempo, que passa a utilizar 999.

4.2. MÉTODOS PARA AVALIAR OS INVESTIMENTOS

Muitas empresas têm objetivo maximizar o retorno de seus investimentos de capital. A


decisão de investimento depende de muitos fatores quantitativos e qualitativos, incluindo a duração
do projeto, o emprego de tecnologias existentes ou em desenvolvimento, o tamanho e abrangência
do projeto. As técnicas utilizadas para avaliar a viabilidade financeira dos projetos de investimentos
incluem:
• Fluxos de Caixa;
• Parâmetros de Atratividade;
• Payback;
• Valor Presente Líquido – VPL;
• Taxa Interna de Retorno – TIR;

4.2.1. FLUXOS DE CAIXA

Investir consiste em fazer um desembolso presente em prol da obtenção de uma série de


fluxos de caixa futuros. A análise da viabilidade dos investimentos deve preocupar-se em verificar se
os benefícios gerados com investimento compensam os gastos realizados. Para isso, é preciso
construir estimativas futuras de fluxos de caixa.
Geralmente as estimativas de fluxos futuros são realizadas com base em três elementos
principais:

• O investimento inicial;
24

• Os fluxos de caixa incrementais ao longo da vida do projeto;


• O valor residual.

O Investimento Inicial: consiste em todos os gastos para o investimento. Se o investimento


consiste na aquisição de uma máquina, por exemplo, no cálculo do investimento serão considerados
os gastos com o transporte e a montagem da máquina, e o treinamento dos funcionários, etc.
Porém, se a presente máquina substitui uma outra já sucateada, o valor de venda da sucata
das máquinas antigas serão deduzidas do investimento inicial.

Os Fluxos Incrementais ao Longo da Vida do Projeto: por incremento entende-se a


alteração ocorrida nos fluxos de caixa da empresa em função da realização do investimento.
O Valor Residual: corresponde ao quanto valerá os equipamentos no final do tempo
estimado da análise do investimento. No caso de uma máquina ou bem industrial, corresponde ao
valor depreciado do bem após os períodos de utilização.

4.2.1.1. ANÁLISE DOS FLUXOS DE CAIXA

A análise de fluxo de caixa é o ponto principal no processo de tomada e compreensão das


decisões financeiras. O fluxo de caixa representa o volume de recursos colocados no investimento ou
que poderiam ser retirados do investimento ao longo dos anos. Para construir a estimativa de fluxos
de caixa, basta analisar as entradas e saídas de dinheiro.
As análises financeiras, baseadas em regimes de caixa, reconhecem os ingressos e
desembolsos de dinheiro, enquanto análises contábeis, baseadas em regimes de competências,
envolvem considerações sobre receitas, custos e despesas. Assim, torna-se necessário integrá-las
para a realização de análises de investimentos.
As estimativas dos fluxos de caixa são feitas a partir de demonstrativos contábeis, parte do
lucro líquido e efetuam-se alguns ajustes, como a soma da depreciação (já que a depreciação
consiste em despesa que é diminuída do lucro, mas que não ocasionou um desembolso de caixa) e a
adição ou subtração dos novos investimentos feitos ou realizados.

Exemplo de estimativa de fluxos de caixa com base no resultado contábil

(+/-) Resultado líquido após impostos (lucro ou prejuízo)


(+) Depreciação
(+/-) Novos investimentos
(=) Fluxo de Caixa

O lucro líquido é visto como o indicador contábil mais importante para uma empresa, mas sob
a ótica das finanças, mais significativo do que o lucro é a noção de fluxo de caixa, especialmente o
fluxo de caixa livre que corresponde aos recursos disponibilizados ou necessários em decorrência
das operações da empresa. Corresponde basicamente ao lucro somado ou subtraído de novos
investimentos (que incluem além de máquinas e equipamentos, o capital de giro).
O fluxo de caixa livre representa a diferença entre as entradas operacionais de caixa e suas
saídas, e é composto do lucro operacional após os impostos, mais a depreciação, menos quaisquer
investimentos feitos em ativos que sejam necessários para continuidade das operações da empresa,
de acordo com a estratégia empresarial determinada. Isso inclui investimentos em capital de giro, em
ativo permanente, e quaisquer outros investimentos em ativos.

Exemplo de como obter o fluxo de caixa livre

(+) Receitas
(-) Custos e despesas variáveis
(-) Custos e despesas fixas (exceto depreciação)
(-) Depreciação
(=) Lucro Operacional Tributável
(-) Imposto de Renda
(=) Lucro Líquido Operacional
25

(+) Depreciação
(=) Fluxo de Caixa Operacional
(+/-) Investimentos ou desinvestimentos líquidos em equipamentos
(+/-) Investimentos ou desinvestimentos em capital de giro
(=) Fluxo de Caixa Livre

Exercício resolvido de montagem do fluxo de caixa livre

Estudo de Caso

A presidência da Transportadora Sai da Frente Ltda. estuda a possibilidade de investir em


novos equipamentos com o objetivo de modernizar uma filial da empresa, situada na cidade de
Campinas, estado de São Paulo.
Estimativas iniciais apontam para um investimento em equipamentos da ordem de 80.000,00.
Acredita-se que os equipamentos têm uma vida útil e contábil igual a cinco anos. No final de sua vida
útil, estima-se que o equipamento poderá ser vendido por 50% do valor de aquisição.
As receitas incrementais do novo investimento deverão ocorrer sempre no final de cada um
dos cinco anos e são estimadas em 45.000,00 no ano um, com acréscimos de 5.000,00 por ano.
Custos variáveis são estimados em 40% das receitas e custos fixos em 9.000,00 por ano.
Para gerir o novo negócio, o capital de giro da entidade deveria ser ampliado em cerca de
20.000,00, integralmente investido no momento da aquisição dos equipamentos.
Sabe-se que a alíquota de Imposto de Renda da empresa é igual a 15%.
Com base nos dados fornecidos, pede-se construir o fluxo de caixa livre do empreendimento.

Resultado

Montagem do fluxo de caixa livre


Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3
(+) Receitas 45.000,00 50.000,00 55.000,00
Custos de despesas
(-) variáveis (18.000,00) (20.000,00) (22.000,00)

(-) Custos de despesas fixas (9.000,00) (9.000,00) (9.000,00)

(-) Depreciação (16.000,00) (16.000,00) (16.000,00)


(=) Lucro Operacional Tributável 2.000,00 5.000,00 8.000,00

(-) Imposto de Renda (300,00) (750,00) (1.200,00)


(=) Lucro Líquido Operacional 1.700,00 4.250,00 6.800,00
(+) Depreciação 16.000,00 16.000,00 16.000,00
(=) Fluxo de Caixa Operacional 17.700,00 20.250,00 22.800,00
Investimentos em
(+/-) equipamentos (80.000,00)
Investimentos em capital de
(+/-) giro (20.000,00)

(=) Fluxo de Caixa Livre (100.000,00) 17.700,00 20.250,00 22.800,00

4.2.2. PARÂMETROS DE ATRATIVIDADE

Na análise de investimentos, é necessária a definição prévia de alguns parâmetros mínimos


de comparabilidade, como por exemplo, a taxa mínima de atratividade, período mínimo de
26

atratividade.
Entende-se por taxa mínima de atratividade (TMA) a taxa mínima a ser alcançada em
determinado projeto; caso contrário, o mesmo deve ser rejeitado. É também, a taxa utilizada
para descontar os fluxos de caixa quando se usa o método do valor presente líquido e o parâmetro de
comparação para a TIR. É o rendimento mínimo de uma segunda melhor alternativa do mercado.

4.2.3. PAYBACK

Técnica simples e fácil de avaliação de investimentos consiste na obtenção do prazo de


recuperação do capital investido, geralmente expresso pela expressão em língua inglesa payback.
É importante que a empresa estabeleça algumas principais premissas e dentre elas é
necessário dizer o prazo máximo tolerado para a recuperação do capital investido.
O tempo necessário para recuperar o investimento realizado é geralmente mensurado pelo
pagamento de volta, do inglês payback.
O método do payback é uma forma simples, fácil e direta, que estima o prazo necessário para
se recuperar o investimento realizado.

Exemplo de cálculo de Payback

anos Fluxo de Caixa Saldo do investimento


0 (900,00) (900,00)
1 300,00 (600,00)
2 400,00 (200,00)
3 500,00 300,00

Do investimento de 900,00 feito no ano 0 a empresa consegue recuperar 300,00 no primeiro


ano restando 600,00, no segundo ela recupera mais 400,00 conseguindo recuperar o total dos
investimentos feitos no 3º ano.

4.2.4. VALOR PRESENTE LÍQUIDO - VPL

Como o próprio nome já revela, o Valor Presente Liquido (VPL), geralmente representado
pelas iniciais VPL ou VAL, de Valor Atual Líquido, ou, ainda, NPV, do inglês Net Present Value,
resulta da adição de todos os fluxos de caixa na data zero.
Em caso de projetos de investimentos, onde é feito um desembolso inicial com o objetivo do
recebimento de uma série de fluxos de caixa futuros, ele representa os recebimentos futuros trazidos
e somados na data zero, subtraídos do investimento inicial – sendo, assim, um Valor Presente
Líquido do investimento inicial
Quando o VPL é maior que zero, esse fato indica que os fluxos futuros trazidos e somados a
valor presente superam o investimento inicial. Logo, o projeto de investimento deve ser aceito.
Assim, o critério de seleção de projetos de investimentos com base no método do VPL pode
ser apresentado como:

• se o VPL for maior que zero, o projeto deve se aceito;


• se o VPL for igual a zero, torna-se indiferente aceitar ou não o projeto;
• se o VPL for menor que zero, o projeto não deve ser aceito.

Principais vantagens do método do VPL são:

• são analisados todos os fluxos de caixa originários do projeto;


• o custo de capital é considerado nas análises;
• considera também o risco, já embutido no custo de capital.

Principais desvantagens do método do VPL são:

• necessidade do conhecimento do custo de capital;


27

• resposta em valor monetário: é muito difícil, por exemplo, responder se é melhor investir $
200 para a obtenção de um VPL de $ 10 ou investir $ 50 para um VPL de $ 6.

Exemplo de cálculo do Valor Presente Líquido:

Uma empresa deseja substituir suas máquinas que contribuirá para reduzir gastos com
manutenção e, ao mesmo tempo, aumentar suas vendas. Os fluxos incrementais estão apresentados
na tabela seguinte e o custo de oportunidade da empresa é estimado em 10% ao ano.

Anos 0 1 2 3 4 5
Fluxos de Caixa (250) 50 60 80 80 120

Cálculo do valor presente líquido na HP12C

Passo Teclas Descrição


01 [ON] Liga a calculadora
02 [f] [Reg] Limpa os registradores da calculadora
03 250.000 [CHS] [g] [CF0] Armazena o valor do capital inicial investido
04 50.000 [g] [CFj] Armazena o valor do fluxo de caixa no
tempo 1
05 60.000 [g] [CFj] Armazena o valor do fluxo de caixa no
tempo 2
06 80.000 [g] [CFj] Armazena o valor do fluxo de caixa no
tempo 3
07 80.000 [g] [CFj] Armazena o valor do fluxo de caixa no
tempo 4
08 120.000 [g] [CFj] Armazena o valor do fluxo de caixa no
tempo 5
09 10 [i] Armazena a taxa de capitalização
10 [f] [NPV] Solicita o valor do VPL
Resp. 34.298,14 Valor presente líquido

Observações importantes

Função Descrição
[g] [CF0] Do inglês Cash Flow 0, registra o fluxo de caixa na data zero
[g] [CFj] Do inlgles Cash Flow j, registra o fluxo de caixa na data j (j entre 1 e 20
[g] [Nj] Registra o número de fluxos de caixa repetidos
[f] [NPV] Do inglês Net Present Value, calcula o valor presente líquido de um fluxo de
caixa misto (não uniforme)
[f] [IRR] Do inglês Internal Rate of Return, calcula a TIR de um fluxo de caixa misto.

Cálculo do valor presente líquido no Excel

A B C D
28

1 Ano Fluxo Caixa Função


2 0 (250.000,00)
3 1 50.000,00
4 2 60.000,00
5 3 80.000,00
6 4 80.000,00
7 5 120.000,00
8 VPL 34.298,14 =VPL(10%;C3:C7)+C2
Importante: Na função VPL, o
investimento inicial deverá ser
9 somado por fora da função

4.2.5. TAXA INTERNA DE RETORNO - TIR


A taxa interna de retorno (TIR) é definida como a taxa de desconto que iguala o valor
presente das entradas de caixa ao investimento inicial referente a um projeto.
A TIR, em outras palavras, é a taxa de desconto que faz com que o VPL de uma
oportunidade de investimento iguale-se a zero.

Exemplo de cálculo do Taxa Interna de Retorno:

Exemplo utilizado para o cálculo do VPL.

Anos 0 1 2 3 4 5
Fluxos de Caixa (250) 50 60 80 80 120

Cálculo da taxa interna de retorno na HP12C

Passo Teclas Descrição


01 [ON] Liga a calculadora
02 [f] [Reg] Limpa os registradores da calculadora
03 250.000 [CHS] [g] [CF0] Armazena o valor do capital inicial investido
04 50.000 [g] [CFj] Armazena o valor do fluxo de caixa no
tempo 1
05 60.000 [g] [CFj] Armazena o valor do fluxo de caixa no
tempo 2
06 80.000 [g] [CFj] Armazena o valor do fluxo de caixa no
tempo 3
07 80.000 [g] [CFj] Armazena o valor do fluxo de caixa no
tempo 4
08 120.000 [g] [CFj] Armazena o valor do fluxo de caixa no
tempo 5
09 [f] [IRR] Solicita o valor da TIR
Resp. 14,54% Taxa Interna de Retorno
Observação: é possível calcular a TIR em seguida ao cálculo da VPL, simplesmente teclando [f]
[IRR].

Cálculo da taxa interna de retorno no Excel

A B C D
1 Ano Fluxo Caixa Função
29

2 0 (250.000,00)
3 1 50.000,00
4 2 60.000,00
5 3 80.000,00
6 4 80.000,00
7 5 120.000,00
8 TIR 14,54% =TIR (C2:C7)

O critério de decisão, quando a TIR é usada para tomar decisões do tipo “aceitar ou rejeitar”,
é o seguinte: Se a TIR for maior que o custo de oportunidade (sua outra opção de investimento)
aceita-se o projeto; se for menor, rejeita-se o projeto, pois a sua outra opção investimento dará um
retorno maior. Esse critério garante que a empresa obtenha, pelo menos, sua taxa requerida de
retorno.

4.3. SELEÇÃO DE PROJETOS DE INVESTIMENTOS

A análise de investimentos envolve a aplicação de diferentes técnicas, como o payback, o


VPL e a TIR. Dependo da informação requerida, diferente é a técnica sugerida para a análise.
A seleção de projetos de investimentos a serem conduzidos pela empresa depende
substancialmente da natureza dos investimentos.
Basicamente, os projetos analisados podem ser de dois tipos:
• Projetos independentes ou não mutuamente excludentes;
• Projetos mutuamente excludentes.

4.3.1. PROJETOS INDEPENDENTES OU NÃO MUTUAMENTE EXCLUDENTES

São projetos que podem ser analisados de forma independente. Ou seja, a aceitação ou
rejeição de um projeto de investimento independe da aceitação ou rejeição dos demais investimentos
analisados.

4.3.2. PROJETOS MUTUAMENTE EXCLUDENTES

Nesse caso, a aceitação de determinado projeto implica a rejeição dos demais investimentos
sob análise. Exemplos clássicos de projetos de investimentos excludentes dizem respeito à aquisição
ou reforma de um equipamento industrial, por exemplo. Obviamente, a reforma implica a não
aquisição de um novo equipamento e vice-versa.

Referências bibliográficas

BRUNI, Adriano Leal; FAMA, Rubens. As decisões de investimentos. São Paulo: Atlas, 2003.

CASAROTTO FILHO, Neto. Análise de Investimentos: Matemática Financeira, engenharia


econômica, tomada de decisão, estratégia empresarial. São Paulo: Atlas, 2000.

KASSAI, J.R.;KASSAI S., SANTOS, A., ASSAF NETO, A. Retorno do investimento, 2º ed. Ed. Atlas,
2000.

ASSAF NETO, A., SILVA A.T.S.; Administração de Capital de Giro. São Paulo: Altas, 2002.

MOTTA, Regis da Rocha; CALÔBA, Guilherme Marques. Análise de Investimentos: tomada de


Decisões em projetos industriais. Ed. Atlas, 2002.

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