Você está na página 1de 7

Introdução a Álgebras Universais

José Victor Gomes Teixeira


Orientador: Prof. Dr. Arkady Tsurkov

PET Matemática UFRN - 2018

Sumário
1 Álgebras e Subálgebras 1

2 Homomorfismos e Congruências 3

3 Os Teoremas de Isomorfismo para Álgebras Universais 5

1 Álgebras e Subálgebras
Seja A um conjunto. Uma operação algébrica é uma aplicação ω : An ! A, em que n é a aridade da
operação algébrica ω. Denotamos esse fato por ρ(ω) = n. Caso n = 0, dizemos que a operação é constante;
escrevemos então ω = cA (para denotar que a operação é constante em A). A partir do conceito de operação
algébrica, temos a definição fundamental
O conjunto A, juntamente com uma lista Ω de operações algébricas, é dito uma álgebra universal, e Ω sua
assinatura.
Os grupos são exemplos de álgebras universais. De fato, seja (G, •) um grupo; então, sua assinatura é dada
por Ω = {1G , • ,−1 }, em que 1G denota o elemento neutro de G (e portanto uma constante, isto é, ρ(1G ) = 0),
o sı́mbolo • denota o produto em G, que pode ser visto como uma aplicação que a cada par de elementos
x, y ∈ G associa o elemento x · y ∈ G (uma operação binária, ou seja, ρ( • ) = 2), e −1 representa a operação
que a cada elemento x ∈ G associa seu inverso x−1 ∈ G (trata-se de uma operação unária, isto é, ρ(−1 ) = 1).
A mesma construção podemos fazer para, por exemplo, semigrupos, anéis e módulos.
No entanto, corpos não são álgebras universais. Seja K um corpo; note que a operação unária −1 : K ! K
não está bem definida para todos os elementos de K. Na verdade, não está definida apenas para 0K , o elemento
nulo de K.

Seja A uma álgebra universal, juntamente com a aplicação “sorting” ηA : A ! Γ. Caso Γ seja um conjunto
unitário, A é dita uma álgebra homogênea; caso contrário, A é chamada álgebra heterogênea. Γ chama-se lista
de nomes de gêneros de A.
Se A é uma álgebra heterogênea , com a aplicação “sorting” ηA : A ! Γ, fixamos a seguinte notação:
−1
ηA (i) = {a ∈ A | ηA (a) = i} = A(i) , i∈Γ

e se i, j ∈ Γ são tais que i 6= j, tem-se A(i) 6= A(j) . Segue que, dada a lista de nomes de gêneros Γ, A é
particionado da seguinte forma [
A= A(i)
i∈Γ

Além disso, dizemos que ω ∈ Ω tem tipo τω = (i1 , ..., in ; j), com n ∈ N e i1 , ..., in , j ∈ Γ, quando é da forma
ω : Ai1 × ... × Ain ! Aj .

Grupos, semigrupos e anéis são exemplos de álgebras homogêneas: contêm elementos de um só gênero.
Como exemplos de álgebras heterogêneas, podemos citar as ações de grupos; de fato, seja X 6= ∅ um conjunto

1
e G um grupo, em que G age em X por meio de uma operação ◦ : G × X ! X. Então, tomando A = X ∪ G,
obtemos a assinatura Ω = {1G , • ,−1 , ◦}, e definimos a aplicação “sorting” ηA : A ! Γ por
(
1 se x ∈ X
ηA (x) =
2 se x ∈ G

em que Γ = {1, 2}. Sendo assim, A, juntamente com Ω e ηA , é uma álgebra heterogênea.
Outro interessante exemplo a ser considerado é o dos grafos orientados. Também se tratam de álgebras
heterogêneas; de fato, considere um grafo orientado qualquer e sejam N o conjunto de vértices do grafo, e E o
conjunto de arestas do grafo. Então tomamos A = N ∪ E, e definimos duas operações

i:E!N (ponto inicial)

f :E!N (ponto final)


Donde temos a assinatura Ω = {i, f } e a lista de nomes de gêneros Γ = {1, 2}, em que 1 representa o gênero
dos vértices e 2 representa o gênero das arestas. Segue que um grafo orientado é um exemplo de álgebra
heterogênea.

Figura 1: Exemplo de grafo orientado.

Sejam A uma álgebra e B ⊆ A. B é dita subálgebra de A, quando B também é álgebra em relação às
operações algébricas definidas em A. Denotamos B ≤ A. As duas proposições a seguir decorrem imediata-
mente dessa definição.

Proposição 1.1: Sejam A uma álgebra e B ⊆ A. B ≤ A se, e somente se, ∀ω ∈ Ω, com ρ(ω) = n, e
∀b1 , ..., bn ∈ B, tais que ω(b1 , ..., bn ) está definido, temos ω(b1 , ..., bn ) ∈ B .
T
Proposição 1.2: Sejam A uma álgebra e Bi ≤ A, com i ∈ I. Então Bi ≤ A.
i∈I

Sejam A uma álgebra e X ⊆ A. Consideramos o conjunto BX = {B ≤ A | X ⊆ B}. A subálgebra gerada pelo


conjunto X é a subálgebra mı́nima no conjunto BX ; denotamos hXi. Em outras palavras, hXi é a subálgebra do
conjunto BX tal que se B ∈ BX , então hXi ⊆ B. As duas proposições seguintes nos dão formas de escrever hXi.
T
Proposição 1.3: hXi = B.
B∈BX
T T
Demonstração: É fácil ver que B ⊆ B, ∀B ∈ BX . Logo, B é subálgebra mı́nima no conjunto BX ,
TB∈BX B∈BX
donde, por definição, hXi = B.
B∈BX

Proposição 1.4: Sejam A uma álgebra e X ⊆ A. Definimos indutivamente os conjuntos Mk (X), com k ∈ N,
por:
M0 (X) = {cA | ω = cA ∈ Ω, ρ(ω) = 0} ∪ X
e, supondo definidos M0 (X), ..., Mk (X), definimos

Mk+1 (X) = {ω(m1 , ..., mn ) | ω ∈ Ω, ρ(ω) = n, mj ∈ Mij (X), ij ≤ k, 1 ≤ j ≤ n}



S
Então, hXi = Mi (X).
i=0

S
Demonstração: Inicialmente, vamos mostrar que M = Mi (X) ∈ BX . De fato, note que se cA é constante,
i=0

2
então cA ∈ M0 (X) ⊆ M ; além disso, sejam ω ∈ Ω, tal que ρ(ω) = n ≥ 1 e τω = (f1 , ..., fn ; f ) , e m1 , ..., mn
tais que ms ∈ Afs , 1 ≤ s ≤ n. Logo, existem i1 , ..., in ∈ N tais que ms ∈ Mis (X), com 1 ≤ s ≤ n. Denotando
k = max{i1 , ..., in }, temos, por definição, ω(m1 , ..., mn ) ∈ Mk+1 (X) ⊆ M . Pela proposição 1.1, M ≤ A; além
disso, note que X ⊆ M0 (X) ⊆ M . Segue que M ∈ BX .
Agora, consideremos uma subálgebra B ∈ BX . Queremos mostrar que M ⊆ B; nesse caso, basta provar que
Mi (X) ⊆ B, ∀i ∈ N. Façamos isso por indução. Quando i = 0, temos que X ⊂ B e ∀cA constante temos
cA ∈ B, donde M0 (X) ⊂ B. Suponhamos que M0 (X), ..., Mk (X) ⊂ B; tomando ω ∈ Ω, tal que ρ(ω) = n e
k
Mi (X), tais que ms ∈ Afs . Nesse caso, m1 , ..., mn ∈ B, o que
S
τω = (f1 , ..., fn ; f ), 1 ≤ s ≤ n, e m1 , ..., mn ∈
i=0
implica em ω(m1 , ..., mn ) ∈ B, e então Mk+1 (X) ⊂ B. Segue que M é subálgebra mı́nima em BX , donde

[
hXi = Mi (X)
i=0

como querı́amos mostrar.

Por exemplo, se considerarmos o grupo (Z, +), sabemos que Z = h1i. Então, temos:

M0 ({1}) = {0, 1}
M1 ({1}) = {0, 1, 2, −1}
M2 ({1}) = {0, 1, 2, 3, −1, −2}
..
.
S
Vê-se claramente que Z = Mi ({1}).
i∈N

2 Homomorfismos e Congruências
Consideremos duas álgebras A, B com mesma assinatura Ω, e aplicações “sorting” ηA : A ! Γ e ηB : B ! Γ.
A aplicação ϕ : A ! B é chamada de homomorfismo quando, para qualquer operação ω ∈ Ω tal que ρ(ω) = n
e quaisquer a1 , ..., an ∈ A, tem-se ϕ(ω(a1 , ..., an )) = ω(ϕ(a1 ), ..., ϕ(an )). Além disso, requeremos também que
ηA = ηB ϕ, de forma que o seguinte diagrama seja comutativo.
ϕ
A B
ηB
ηA
Γ
A nomenclatura utilizada aqui, a respeito da natureza dos homomorfismos, é a mesma utilizada,por exemplo,
em Teoria de Grupos: isomorfismo, monomorfismo, epimorfismo, etc. Sejam ϕ : A ! B e ψ : B ! C
dois homomorfismos; é evidente que a composição ψϕ : A ! C também é homomorfismo. O núcleo de um
homomorfismo de álgebras é definido como sendo o conjunto
( )
[
(i) 2
ker ϕ = (a1 , a2 ) ∈ (A ) | ϕ(a1 ) = ϕ(a2 )
i∈Γ

Para todo homomorfismo ϕ : A ! B vale im(ϕ) ≤ B; caso ϕ seja monomorfismo, denotamos ϕ : A ,! B, e


seu núcleo por ker ϕ = ∆A = {(a, a) | a ∈ A}. Provamos agora o seguinte.

Proposição 2.1: Seja ϕ : A ! B um homomorfismo. Se A = hXi, então im(ϕ) = hϕ(X)i.



S ∞
S
Demonstração: Note que A = hXi ⇐⇒ A = Mi (X), e hϕ(X)i = Mi (ϕ(X)). Vamos mostrar, por
i=0 i=0
indução, que ϕ(Mi (X)) = Mi (ϕ(X)), ∀i ∈ N.

• Quando i = 0, ϕ(M0 (X)) = {cB ∈ B | cB é constante} ∪ ϕ(X) = M0 (ϕ(X));


• Suponha que ϕ(Mi (X)) = Mi (ϕ(X)), ∀i ≤ k;

3
• Note que podemos escrever
( k
)
[
Mk+1 (X) = ω(m1 , ..., mn ) | mj ∈ Mi (X), 1 ≤ j ≤ n, ω ∈ Ω, ρ(ω) = n
i=0

Além disso, temos que ϕ(ω(m1 , ..., mn )) = ω(ϕ(a1 ), ..., ϕ(an )), pois ϕ é homomorfismo, e
k
! k k
[ [ [
ϕ(mj ) ∈ ϕ Mi (X) = ϕ(Mi (X)) = Mi (ϕ(X))
i=0 i=0 i=0

Juntando essas três hipóteses, segue que ϕ(Mk+1 (X)) ⊂ Mk+1 (ϕ(X)). Por outro lado, é evidente que
Mk+1 (ϕ(X)) ⊂ ϕ(Mk+1 (X)). Segue então que Mk+1 (ϕ(X)) = ϕ(Mk+1 (X)).
Sendo assim,
∞ ∞ ∞
!
[ [ [
im(ϕ) = ϕ(A) = ϕ Mi (X) = ϕ(Mi (X)) = Mi (ϕ(X)) = hϕ(X)i
i=0 i=0 i=0

Em
S uma álgebra universal A, podemos definir um tipo especial de relação, chamada congruência. De fato,
T ⊆ (A(i) )2 é dita congruência em A quando é uma equivalência e, para toda ω ∈ Ω tal que ρ(ω) = n, e para
i∈Γ
todos (a1 , b1 ), ..., (an , bn ) ∈ T , se verifica (ω(a1 , ..., an ), ω(b1 , ..., bn )) ∈ T . A proposição seguinte é facilmente
provada a partir dessa definição.

Proposição
T 2.2: Seja ϕ : A ! B um homomorfismo e {Ti }i∈I uma famı́lia de congruências. Então ker ϕ
e Ti são congruências.
i∈I

A tı́tulo de exemplo, vamos considerar um grupo G, e um subgrupo normal H E G. Consideremos a relação


TH dada por
(x, y) ∈ TH ⇐⇒ xH = Hy ⇐⇒ y −1 x ∈ H, x, y ∈ H
Afirmamos que TH é uma congruência em G (deixamos a verificação desse fato a cargo do leitor). Agora,
reciprocamente, suponhamos T uma outra congruência qualquer em G. Seja H = [1G ]T ; note que 1G ∈ H.
Além disso, x ∈ H ⇐⇒ (x, 1) ∈ T ; como T é equivalência, (x−1 , x−1 ) ∈ T , donde (1G , x−1 ) ∈ T , e então
x−1 ∈ H. Por outro lado, se a, b ∈ H, temos (a, 1G ) ∈ T e (b, 1G ) ∈ T , donde (ab, 1G ) ∈ T e ab ∈ H. Logo,
H ≤ G.

Além disso, se tomarmos a ∈ H e x ∈ G, temos (a, 1G ), (x, x) ∈ T , donde (ax, x) ∈ T ; também temos
(x−1 , x−1 ) ∈ T , e então (x−1 ax, 1G ) ∈ T =⇒ x−1 ax ∈ H. Logo, H E G. Afirmamos, por fim, que T = TH .
De fato, se (x, y) ∈ T =⇒ (x−1 , y −1 ) ∈ T =⇒ (y −1 x, 1G ) ∈ T =⇒ (x, y) ∈ TH ; reciprocamente, se
(x, y) ∈ TH , y −1 x ∈ H =⇒ (y −1 x, 1G ) ∈ T . Como (y, y) ∈ T , temos (x, y) ∈ T . Com isso, concluı́mos que a
congruência definida por TH é a única congruência possı́vel em um grupo G.

Dada uma álgebra A, com assinatura Ω e T uma congruência - em particular, T é uma equivalência. Podemos
considerar o conjunto quociente A/T , em que, para cada ω ∈ Ω, com ρ(ω) = n, definimos uma nova operação
dada por
ω([a1 ]T , ..., [an ]T ) = [ω(a1 , ..., an )]T
Juntamente com tais operações, o conjunto A/T é chamado álgebra quociente.

Proposição 2.3: Seja A/T uma álgebra quociente. A aplicação

A ! A/T
a 7! [a]T

4
é um epimorfismo, i.e., um homomorfismo sobrejetivo, e ker τ = T . τ é chamado de epimorfismo natural.

Demonstração: Considere ω ∈ Ω, ρ(ω) = n e a1 , ..., an ∈ A. Temos:

τ (ω(a1 , ..., an )) = [ω(a1 , ..., an )]T


= ω([a1 ]T , ..., [an ]T )
= ω(τ (a1 ), ..., τ (an ))

Donde τ é homomorfismo. É fácil ver que τ é sobrejetiva; por fim, (a, b) ∈ ker τ ⇐⇒ τ (a) = τ (b) ⇐⇒ [a]T =
[b]T ⇐⇒ (a, b) ∈ T , donde segue que ker τ = T .

3 Os Teoremas de Isomorfismo para Álgebras Universais


Os três Teoremas de Isomorfismo para álgebras universais são ferramentas muito importantes em áreas da
Álgebra correlatas, como Geometria Algébrica Universal. Finalizamos esse texto enunciando e provando cada
um deles, com o auxı́lio do seguinte

Lema 3.1 Sejam ϕ : A ! B um homomorfismo, e T1 e T2 duas congruências em A e B, respectivamente.


Se ϕ(T1 ) ⊆ T2 , então existe um homomorfismo ψ : A/T1 ! A/T2 tal que ψτ1 = τ2 ϕ, onde τ1 : A ! A/T1 e
τ2 : B ! B/T2 são os epimorfismos naturais.
τ1
A A/T1
ϕ ψ

B τ2 B/T2

Demonstração: Definamos o homomorfismo em questão por

ψ : A/T1 ! B/T2
[a]T1 7! [ϕ(a)]T2

Verifiquemos que ψ está bem definida. De fato, suponhamos que [a1 ]T1 = [a2 ]T1 ; então, (a1 , a2 ) ∈ T1 =⇒
(ϕ(a1 ), ϕ(a2 )) ∈ T2 ⇐⇒ [ϕ(a1 )]T2 = [ϕ(a2 )]T2 ⇐⇒ ψ([a1 ]T1 ) = ψ([a2 ]T1 ) . Note que ψ([a]T1 ) = [ϕ(a)]T2 ⇐⇒
ψ(τ1 (a)) = τ2 (ϕ(a)), donde ψτ1 = τ2 ϕ. Finalmente, provemos que ψ é homomorfismo; tomemos ω ∈ Ω, ρ(ω) = n
e a1 , ..., an ∈ A, [a1 ]T1 , ..., [an ]T1 ∈ A/T1 . Temos:

ψ(ω([a1 ]T1 , ..., [an ]T1 )) = ψ([ω(a1 , ..., an )]T1 )


= [ϕ(ω(a1 , ..., an ))]T2
= [ω(ϕ(a1 ), ..., ϕ(an ))]T2
= ω([ϕ(a1 )]T2 , ..., [ϕ(an )]T2
= ω(ψ([a1 ]T1 ), ..., ψ([an ]T1 ))

Primeiro Teorema de Isomorfismo: Seja ϕ : A ! B um homomorfismo. Então, existe um isomorfismo


ψ : A/ ker ϕ ! im(ϕ) tal que o diagrama abaixo comuta
ϕ
A im(ϕ)

τ ψ

A/ ker ϕ

isto é, ϕ = τ ψ, onde τ é epimorfismo natural.

Demonstração: Note que (a1 , a2 ) ∈ ker ϕ ⇐⇒ ϕ(a1 ) = ϕ(a2 ) ⇐⇒ (ϕ(a1 ), ϕ(a2 )) ∈ Id. Logo, ker ϕ ⊆ Id.
Então, pelo Lema 3.1, existe homomorfismo ψ : A/ ker ϕ ! im(ϕ) tal que Id ◦ ϕ = ψτ = ϕ, ou seja, o diagrama
a seguir é comutativo.

5
τ
A A/ ker ϕ
ϕ ψ

im(ϕ) im(ϕ)
Id
Provemos que ψ é isomorfismo. De fato, tomando b ∈ im(ϕ), temos que existe a ∈ A tal que b = ϕ(a) = ψτ (a),
donde segue que ψ é sobrejetiva. Além disso, supondo ψ([a1 ]ker ϕ ) = ψ([a2 ]ker ϕ ), temos que ψ(τ (a1 ) = ψ(τ (a2 )),
donde ϕ(a1 ) = ϕ(a2 ), e então a1 = a2 . Segue que ψ é sobrejetiva e injetiva, sendo, portanto, isomorfismo.

Considere a seguinte situação: sejam A e B dois grupos, e H1 E A, H2 E B. Admitindo que existe um


homomorfismo ϕ : A ! B, obtemos o seguinte diagrama
ι1 τ1
{1G } H1 A A/H1 {1G }

ϕ|H1 ϕ ψ
ι2 τ2
{1G } H2 B B/H2 {1G }

onde ι1 , ι2 são monomorfismos de inclusão e τ1 , τ2 são epimorfismos naturais. Note que a imagem de cada
homomorfismo que “entra” é o núcleo do homomorfismo que “sai”. Como ϕ(H1 ) E H2 , o teorema acima nos
garante a existência de ψ, de forma que o diagrama acima é comutativo, ou seja, τ2 ϕ = ψτ1 .

Segundo Teorema de Isomorfismo: Sejam A uma álgebra, B ≤ A e q uma congruência em A. Deno-


tamos [
B•q = [b]q
b∈B

Então, B q ≤ A e B q/q|B q
• • •
∼ B/q|B .
=

Demonstração: Tome ω ∈ Ω, e a1 , ..., an ∈ B • q. Então, ∃bi ∈ B tais que ai ∈ [bi ]q ; logo, (ai , bi ) ∈ q, donde
(ω(a1 , ..., an ), ω(b1 , ..., bn )) ∈ q. Como B ≤ A, então ω(b1 , ..., bn ) = b ∈ B, donde segue que ω(a1 , ..., an ) ∈
[b]q ⊂ B • q, e temos que B • q ≤ A.
Agora, provemos que B • q/q|B q ∼ • = B/q|B . Note que
B • q/q|B q = {[b]q | b ∈ B}

Definimos a aplicação

ϕ : B ! B • q/q|B q •

b 7! [b]q

que claramente é sobrejetiva. Além disso, note que ϕ = τ |B , em que τ é epimorfismo natural, donde segue que
ϕ é homomorfismo. Por outro lado, note que (b1 , b2 ) ∈ ker ϕ ⇐⇒ [b1 ]q = [b2 ]q ⇐⇒ (b1 , b2 ) ∈ q, o que implica
que ker ϕ = q|B . Pelo Primeiro Teorema de Isomorfismo, temos que im(ϕ) = B • q/q|B q ∼ = B/ ker ϕ = B/q|B ,

como querı́amos mostrar.

Terceiro Teorema de Isomorfismo: Sejam A uma álgebra, e q ⊆ r duas congruências em A. Então a


relação q/r dada por ([a1 ]q , [a2 ]q ) ∈ r/q ⇐⇒ (a1 , a2 ) ∈ r é congruência em A/q e (A/q)/(r/q) ∼
= A/r.

Demonstração: Primeiro, provemos que r/q está bem definida. De fato, tomemos [b1 ]q = [a1 ]q e [a2 ]q = [b2 ]q ;
naturalmente, temos (a1 , b1 ), (a2 , b2 ) ∈ q ⊆ r, donde ([b1 ]q , [b2 ]q ) ∈ r/q. Agora, note que
τ
A A/q

Id ψ

A ρ A/r

6
Segue que Id(q) = q ⊆ r. Pelo Lema 3.1, existe homomorfismo ψ : A/q ! A/r tal que Id ◦ ρ = ρ = ψτ .
Além disso, temos, para todo [a]r ∈ A/r, com a ∈ A, [a]r = ρ(a) = ψτ (a), donde segue que ψ é sobrejetiva.
Agora, note que ([a1 ]q , [a2 ]q ) = (τ (a1 ), τ (a2 )) ∈ ker ψ ⇐⇒ ψτ (a1 ) = ψτ (a2 ) ⇐⇒ ρ(a1 ) = ρ(a2 ) ⇐⇒ [a1 ]r =
[a2 ]r ⇐⇒ (a1 , a2 ) ∈ r ⇐⇒ ([a1 ]q , [a2 ]q ) ∈ r/q. Logo, r/q = ker ψ, sendo portanto congruência. Pelo Primeiro
Teorema de Isomorfismo, obtemos (A/q)/(r/q) = (A/q)/ ker ψ ∼ = im(ϕ) = A/r.

Referências
[1] COHN, Paul Moritz. Universal algebra. Dordrecht: Reidel, 1981.

[2] GRÄTZER, George. Universal algebra. Springer Science & Business Media, 2008.
[3] PLOTKIN, Boris; ALADOVA, Elena. Algebraic Logic and Logical Geometry. Notas de
aula, 2015.
[4] TSURKOV, Arkady. Automorphic equivalence of many-sorted algebras. Applied Catego-
rical Structures, v. 24, n. 3, p. 209-240, 2016.

Você também pode gostar