Você está na página 1de 8

UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS -ICH

PSICOLOGIA

RELATÓRIO SOBRE AS VISITAS REALIZADAS NO HOSPITAL PSIQUIÁTRICO


CASA CAIRBAR SCHUTEL E PROPOSTA DE OFICINA TERPÊUTICA

ALUNOS: ALANA ALVES FRANCISCO – B973FB-0

ANA TÁLIA MEDEIROS DE LACERDA - C19FDE-5

DAIANE CAROLINE SILVA - C2304H-0

DANIELLE DA SILVA LEITE - C071BD-8

EDMAR APARECIDO SILVÉRIO BORGES - C097AB-3

GRACE KELLI DA SILVA – C13126-1

JESSICA DA SILVA LISBOA – C259DA-7

MAJORIE KAROLINE SALVADOR BARRIOS – C06635-4

NICOLLI JANNONI BERNARDES – C2640F-1

WELSON VINICIUS FERRARA - C22EGJ-8

ORIENTADORA: PROFª FÁTIMA APARECIDA ARENA DO AMARAL

ARARAQUARA, 2017
Descrição e história do hospital

O Hospital Psiquiátrico Espírita Cairbar Schutel – CASA Cairbar, é uma


Instituição Filantrópica, sem fins lucrativos, que atua na área da saúde mental para o
tratamento de indivíduos portadores de transtorno mental, visando à reinserção social
através da reabilitação psicossocial, tendo como estratégias de atuação: trabalho e
renda, formação profissional, inclusão social para promoção da qualidade de vida.

Foi fundado em 16 de julho de 1967, baseado em uma trajetória de mudanças,


de acordo com as necessidades de seus usuários e dos 24 municípios para quais é
referência. Uma instituição sem fins lucrativos, que atua na área da saúde mental. É
um local de acolhimento, internação e oficinas terapêuticas, ajudando aqueles que
precisam de uma atenção, que muitas vezes são deixados pelas famílias, pois “dão
muito trabalho”(SIC), sendo ali bem cuidados. Mesmo com alguns pontos que eles
acreditam ser ruins, como amarra-los quando tem alguma crise, faz parte de todo o
processo de cuidado, de tratamento.

O hospital passou por diversas transformações ao longo do tempo. Iniciou em


2010 o atendimento de dependentes químicos, com uma área específica para estes,
e três anos depois – em 2013 – encerrou este tipo de atendimento. Atualmente o
hospital contas com as modalidades de Moradia; internação; residência terapêutica e
oficinas terapêuticas – dividida em Oficina Produtiva e Oficina Expressiva.

O hospital tem também parceria com algumas empresas, que contratam


pacientes que não tem comprometimento grave para prestar serviços dentro do
hospital. O convênio com as empresas resulta em repasse de valores monetários a
partir da produção e retribuição destes valores, sendo divididos: 60% dos valores da
produção destinados como incentivo financeiro aos pacientes e 40% voltado ao
custeio do Hospital.

Vendo de modo geral o hospital, é possível perceber que falta uma estrutura
melhor. Apesar disso, eles são bem organizados, tanto na divisão de alas, de oficinas,
quanto no cuidado com aqueles pacientes que precisam muito deles. Mas, a falta de
verba do governo, a falta de doações, que são os meios que eles têm para continuar
esse projeto, afeta muito todo o processo. As pessoas que trabalham lá acreditam em
um futuro melhor para seus pacientes, querem ajuda-los, mas ali não é apenas a força
de vontade que move, é preciso uma reforma na estrutura, nos quartos, camas,
banheiros, nas salas das oficinas, cozinha, em tudo.

Descrição e análise das visitas

As duas visitas na instituição tiveram duração de aproximadamente 1h20,


sendo a primeira com o objetivo de conhecer o hospital e as oficinas que o mesmo
oferece para os pacientes, e a segunda com o objetivo de conhecer os pacientes da
internação e moradia, para posteriormente propor o desenvolvimento de uma oficina
terapêutica com os mesmos.

A primeira visita ocorreu no dia 10/04/2017 das 14h00 às 15h20, e quase a sala
toda participou (faltaram apenas alguns alunos). O grupo pôde conhecer o local e os
pacientes que participam das oficinas. Primeiramente, entramos em uma sala grande
junto com a professora, e vimos a apresentação do hospital. Na apresentação,
participaram em maioria os pacientes que já estavam de alta. Falaram sobre como
são tratados, como se sentem, e sobre o que acham do hospital. As perguntas foram
direcionadas pela professora e outros profissionais que trabalham no hospital, além
de alguns alunos que tiveram dúvidas sobre o funcionamento.

Depois, conversamos com a professora sobre como seria a visita, sobre as


pessoas que participavam das oficinas, e sobre as diferentes oficinas oferecidas pela
casa. A professora, após as apresentações iniciais, dividiu os alunos em vários grupos
de 6 pessoas aproximadamente, e então iniciamos. Começamos com uma área
relacionada a leitura, onde os pacientes utilizam para ler e outras atividades
relacionadas. Quando visitamos essa área, já estava fechando. Devido a isso, tinham
poucas pessoas, e estas não estavam desenvolvendo nenhuma atividade no
momento.

Visitamos também a área de artesanato, onde os pacientes fazem tapetes,


peças de decoração, pulseiras e colares, entre outros. O local é parecido com um
barracão, onde há uma mesa grande com várias cadeiras, um balcão, e bastante
decoração. Enquanto visitávamos, alguns faziam tapetes, outros faziam colares e
pulseiras.

No hospital há uma horta, que é mantida e cuidada pelos pacientes. É uma


horta grande, em uma estufa também grande. Nesse local não havia ninguém
cuidando no momento da visita.

Depois, visitamos a área da Lupo. É um espaço amplo, com algumas cadeiras


e uma mesa grande, onde os pacientes produzem artigos da empresa Lupo (meias).
Dessa oficina participam apenas algumas pessoas, aquelas que consideram não ter
comprometimento grave neurológico e motor, e com maior autonomia. Os que
participam da oficina tem carteira assinada, salário, e todos os benefícios e direitos
garantidos pela CLT.

Após a visita, nos reunimos novamente com a professora e conversamos sobre


como foi a experiência e sobre como é o funcionamento do local. Durante todo o
momento de visita, alguns pacientes que não eram da internação nos acompanharam
apresentando o hospital. Não visitamos as alas de internação, sendo a visita destinada
apenas ao conhecimento das oficinas.

A segunda visita ocorreu no dia 27/05/2017 das 8h30 às 09h50, teve a


participação apenas do nosso grupo junto com a professora, onde o grupo pôde
conhecer o local e os pacientes que estavam na internação. Primeiramente, entramos
em uma sala pequena junto com a professora, e conversamos sobre como seria a
visita, sobre os pacientes que estavam ali internados, e sobre as diferentes alas que
iríamos visitar (masculina, feminina e moradia). Depois disso, a professora dividiu o
grupo (9 pessoas) em 2 subgrupos, sendo 1 (5 pessoas) para ala feminina, e 1 (4
pessoas) para a masculina, e então iniciamos a visita.

Fomos levados pela professora para conhecermos a ala masculina da


internação. Porém, todos os pacientes da estavam em um local que utilizavam para
passar um tempo do lado de fora. O local era uma área aberta, grande e com bastante
espaço. Porém, espaço para um número reduzido de pessoas. Nesse local estavam
os homens – 8 homens -, 1 enfermeira e 1 técnico.

Conversamos bastantes com os homens que estavam presentes, onde


disseram o que gostavam, o que não gostavam, e também perguntaram sobre nós
(quantos anos tínhamos, do que gostávamos, etc). Depois desse momento, a
professora levou o grupo que ficou responsável pela ala feminina para conhecer a ala
e as mulheres.

Após esse primeiro contato, a professora trouxe para a mesma área os outros
estagiários e uma mulher da ala feminina – foi liberado somente uma. Com isso,
iniciamos a caminhada, onde cada estagiário ou dois estagiários acompanhou um
paciente. Apenas 6 homens puderam participar.

Na metade da caminhada, paramos todos e formamos uma roda. Depois,


começamos a nos apresentar dizendo cada um seu nome e do que mais gosta.
Pacientes, estagiários e professora participaram sem ninguém ficar de fora, e sem
resistência. Após essa dinâmica, a professora pediu para formarmos duplas ou trios,
e cada dupla ou trio deveria fazer um exercício no meio da roda, e os demais deveriam
imitar. Nessa dinâmica também não houve resistência na participação. Depois das
atividades, continuamos a caminhada até chegar novamente na ala de internação,
onde levamos os pacientes de volta.

Depois dessa interação, fomos até a ala de moradia. Na moradia ficamos pouco
tempo – alguns minutos apenas. Nesta ala ficam os pacientes que tem a parte motora,
psíquica e neurológica mais comprometida. Então, a maioria tem os movimentos
limitados, outros não conseguem falar ou se movimentar sozinhos, e outros não se
comunicam. Há poucos pacientes, e no dia da visita tinha apenas 1 técnico
responsável pelo local.

A moradia é grande, tem alguns quartos com 2 camas cada, 1 banheiro, e a


sala de recepção. Os pacientes ficam alguns no quarto deitado, outros assistindo a
TV que fica na sala de recepção, outros sentados na área em frente a sala de
recepção, e outros andando pela ala. O local tenta parecer o mais próximo possível
com uma casa.

Depois dessa visita na internação, voltamos junto com a professora para a sala
que entramos no começo, e conversamos sobre nossas impressões sobre o local,
sobre os pacientes, e sobre a convivência dos mesmos. No final, a mesma nos propôs
pensarmos em uma oficina para fazer com os pacientes na próxima visita ao hospital.
Com relação às impressões do grupo sobre o hospital, de forma geral, a
percepção foi de um local amplo e bastante acolhedor, onde os profissionais sabem
lidar com os pacientes e atendê-los bem. Diversas pessoas que não tem ou não
tiveram contato com um hospital psiquiátrico tem a visão de que esses locais são de
extrema movimentação por conta dos pacientes, devido aos surtos que os mesmos
podem ter. Porém, a impressão do grupo foi de que é um local calmo, diferente do que
imaginávamos.

Há tanto pontos positivos, quanto pontos negativos com relação ao hospital.


Durante a visita realizada, foi possível notar que o mesmo, apesar de grande e de ter
diversas atividades, está em condições precárias com a relação à investimento. Pois,
algumas áreas pareciam precisar de manutenção e reforma. Além disso, o hospital
tem uma área grande entre a horta a oficina da Lupo que poderia ser utilizada para
desenvolver atividades ao ar livre, mas que está aparentemente abandonada. Nessa
área há apenas alguns barracões grandes sem uso e com peças abandonadas
descartadas dentro.

Além disso, os pacientes se queixaram sobre falta de atividades nos fins de


semana e das condições precárias em que vivem. Pois, o local é grande, mas os
quartos têm camas e colchões aparentemente muitos velhos e desgastados pelo uso
por tempo prolongado. Essa precariedade pode ser devido ao fato de o hospital ser
dependente também de doações, e essas doações não são suficientes para o que os
pacientes precisam.

Quanto aos pontos positivos, destaca-se o desenvolvimento das oficinas. Nota-


se que os pacientes gostam e se sentem bem ao participarem das oficinas. É uma
forma de se sentirem produtivos. Quando conversamos com alguns deles, disseram
que eles acham importante participar das atividades, pois, se sentem produtivos, e
também porque lá não são tratados com diferença como ocorre lá fora (nas ruas, nas
empresas, etc).

Relacionando a visita com o filme “Bicho de 7 cabeças” notamos que ao


contrário do filme, o hospital parece ser um local acolhedor, onde os pacientes são
respeitados e onde há um esforço para manter o bem-estar dos mesmos. Não
notamos problemas de tratamentos abusivos, nem ouvimos reclamações sobre
tratamento com “camisa de força”, como o apresentado no filme. Porém, as condições
precárias de moradia são um pouco semelhantes, pois, camas e colchões são muito
velhos e gastos, e os pacientes ficam boa parte do tempo sem ter o que fazer –
aqueles que não podem participar das oficinas. Além disso, outra parte que se
assemelha é o uso de medicamento em “copinhos” descartáveis, onde alguns dos
pacientes se recusam a tomar e descartam.

Essa diferença no tratamento entre o hospital Cairbar Schutel e o retratado no


filme pode se dar devido a diferença de época vivida, pois, o filme retrata uma situação
vivida nos anos 70. Desde então, ocorreram diversas mudanças no atendimento dos
hospitais psiquiátricos. Apesar das mudanças positivas – raro uso das chamadas
“camisa de força”, tratamento mais humanizado -, ainda há uma precariedade tanto
no atendimento, quanto nas condições físicas do local.

Oficinas terapêuticas

As oficinas terapêuticas oferecem bem-estar aos pacientes, fazendo com que


estes se ocupem com algo produtivo. São atividades de encontro de vidas entre
pessoas em sofrimento psíquico, promovendo o exercício da cidadania, expressão de
liberdade e convivência dos diferentes através da inclusão pela arte.

Essas referidas oficinas já apareceram ao longo do processo histórico da


psiquiatria, mas tinham um objetivo diferenciado do referencial da reabilitação
psicossocial. Atualmente vem se constituindo através de princípios específicos, ou
seja, a partir da reinserção das pessoas em sofrimento psíquico, mas respeitando a
singularidade de cada instituição, de acordo com suas peculiaridades e
regionalidades.

As oficinas terapêuticas oferecidas pelo hospital são divididas em duas


modalidades: Oficina Produtiva, para a produtividade dos itens encaminhados pelas
empresas parceiras, sendo esta oficina composta por pacientes com maior autonomia,
assiduidade e alta produtividade; e Oficina Expressiva, que são atividades
direcionadas aos pacientes com maior limitação cognitiva e psicomotora.
Através de parcerias com empresas como a multinacional Big Dutchman, e as
locais, Mac Lub e Indalfa, os pacientes são encaminhados para fazer parte de sua
linha de produção, para execução e transformação dos produtos e reenvio dos
mesmos aos seus fornecedores.
O paciente recebe seu tratamento multidisciplinar e recebe também o incentivo
financeiro – advindo dessas empresas - de modo que este indivíduo passa a participar
economicamente da dinâmica familiar, bem como recebe um preparo e treinamento
para atender o objetivo final do projeto oficinas terapêutico produtivas, que é sua
reinserção no mercado de trabalho.

O hospital também tem uma parceria com a empresa Meias Lupo, que instalou
uma unidade nas dependências físicas da Instituição. Os pacientes que participam
desta oficina têm todos os direitos trabalhistas garantidos.

Há oficinas com produção própria da Instituição, que são:

- Horta Orgânica e Hidropônica: Produção sem agrotóxicos para consumo e


comercialização junto à comunidade interna e externa.

- Oficina de Reciclagem de Produtos Eletrônicos: Com o intuito de


desmontagem destes e posterior venda para geração de recursos na correta
destinação deste tipo de resíduos, e na disposição final de rejeitos.

Com relação à oficina que pretendemos propor, a ideia principal do grupo é


trabalhar com os pacientes da casa Caibar Schutel em uma oficina circense, com o
objetivo de estimular a motivação, a autoestima, concentração e consciência corporal,
fazendo com que eles se apoderem e acreditem em seu potencial. Utilizaremos
instrumentos do circo, como malabares para trabalhar o equilíbrio, tecidos para o
movimento, acrobacias para uma consciência corporal, músicas para criatividade e
outros, de acordo com as possibilidades existentes. A ideia é enfeitar uma sala,
deixando-a colorida, com várias imagens de circo, assim estimulando a visão e todos
os outros aspectos já citados.

Você também pode gostar