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AS REAÇÕES ORGÂNICAS
1- Rupturas de ligações
Nas reações orgânicas é muito comum a formação de grupos intermediários instáveis, sendo, portanto, de
existência transitória, nos quais o carbono não tem efetuadas suas quatro ligações. Estes grupos se originam
da ruptura de ligações entre átomos, que pode ocorrer de modo homogêneo ou heterogêneo.
a) Rompendo-se heteroliticamente a ligação entre o carbono e o bromo, de modo que o bromo, sendo
mais eletronegativo, leve consigo o par eletrônico, temos a formação do íon brometo e do carbocátion.
b) Rompendo-se heteroliticamente a ligação entre o carbono e o hidrogênio, de modo que o carbono leve
consigo o par eletrônico, temos a formação de um carbânion ou carboânion, e um íon H+ (próton).
Reagente eletrófilo (E) - O eletrófilo é uma espécie que possui afinidade por elétrons, e se liga a
espécies capazes de fornecer-lhe esses elétrons. O eletrófilo pode ser um cátion ou uma molécula com
deficiência eletrônica (com orbital vazio para receber um par eletrônico). Quando um eletrófilo se combina
com um reagente orgânico (substrato), temos uma reação eletrofílica. Pelo conceito de Lewis, o reagente
eletrófilo é um ácido e o substrato é uma base.
Reagente nucleófilo (:Nu) - O nucleófilo é uma espécie que possui par de elétrons disponíveis
para efetuar uma ligação, e se liga a espécies capazes de comportar esses elétrons. O nucleófilo pode ser um
ânion ou uma molécula com disponibilidade eletrônica (com orbital preenchido para coordenar elétrons não-
ligantes). Quando um eletrófilo se combina com um reagente orgânico, chamado de substrato (S), temos
uma reação nucleofílica. Pelo conceito de Lewis, o reagente nucleófilo é uma base e o substrato é um ácido.
Mecanismo iônico - Inicia-se com a ruptura heterolítica de uma ligação covalente, originando íons
(entre eles, o carbocátion). Normalmente a ligação a ser rompida é polarizada e a reação ocorre em solvente
polar. Assim, os íons formados se estabilizam por solvatação.
Mecanismo via radicais livres - Inicia-se com a ruptura homolítica de uma ligação covalente,
formando radicais livres, em geral, muito instáveis, portanto, muito reativos. Por não possuírem carga
elétrica, não podem ser estabilizados por solvatação, e tendem a se combinar instantaneamente com outros
radicais para adquirir estabilidade.
Muitas vezes, num sistema em reação, existem, por exemplo, mais de uma espécie de nucleófilo ou
eletrófilo, que então competem para a reação com o substrato. No entanto, vários fatores físicos e químicos
vão determinar qual deles é que vai efetivamente reagir, como por exemplo, reagentes muito volumosos,
força ácido-básica, etc. Antes de se realizar uma reação, todas as características dos reagentes são
verificadas e os reagentes são escolhidos convenientemente, dependendo do produto que se deseja obter.
Deve-se deixar bem claro: O mecanismo de uma reação é uma maneira didática de explicar passo a passo a
formação de determinado produto. Não importa se existem possibilidades de formação de outros produtos.
O mecanismo tem que explicar o que aconteceu realmente na prática.
A+B C
Adição via Radical livre- Reação comum nos alcenos que contêm peróxidos ou hidroperóxido que
reagem com HBr ( ver adição anti-Markovnikov do Brometo de Hidrogênio).
Adição nucleofílica - Reação comum dos compostos carbonilados, ocorre quando o substrato adiciona
na primeira etapa um reagente nucleófilo.
Vejamos como se comporta um aldeído (ou cetona) quando em contato com HCN. Primeiramente ocorre
uma cisão heterolítica do HCN, que é um ácido fraco (dissociação):
HCN H+ + CN –
Adição eletrofílica - Reação comum em alcenos e alcinos, ocorre quando o substrato adiciona na
primeira etapa um reagente eletrófilo:
Veja um exemplo:
A-B + C A-C + B
grupo retirante
Nu : - + R : X Nu : R + : X: -
heterólise
Substituição nucleofílica - Essa reação é típica dos haletos, e em sua primeira etapa um dos grupos
do substrato é substituído por um reagente nucleófilo.
A reação por SN2 origina um produto cuja configuração absoluta é oposta à inicial (inversão total de
configuração). Isso porque a entrada do nucleófilo (no caso do exemplo acima, o OH-) se dá em lado
contrário ao grupo abandonador (no caso do exemplo acima, o Br), devido às repulsões entre pares
eletrônicos dos grupos ligantes. O carbono, inicialmente tetraédrico, adquire uma estrutura radial, no estado
de transição, com cinco ligantes: a ligação com o Br está sendo desfeita e, simultaneamente, está se
formando a ligação com o OH. EM seguida, após a saída do Br, o carbono reassume a forma tetraédrica, mas
em configuração invertida à original.
Por quê iria um nucleófilo atacar um carbono?! A resposta está no simples fato de que cargas
opostas se atraem.
Um nucleófilo é uma espécie química que é atraída por cargas positivas - algumas vezes, chega a
possuir, de fato, carga negativa. Como o grupo de saída ligado ao carbono que irá sofrer o ataque do
nucleófilo invariavelmente saca elétrons do carbono, deixa-o com uma carga parcialmente positiva -
um forte candidato para a substituição nucleofílica.
O ataque do nucleófilo sempre é ao longo do eixo de ligação C-X - o caminho de menos energia
para a reação. Uma das principais características da SN2 é que o processo provoca uma inversão da
configuração do átomo de carbono ligado ao grupo de saída (inversão de Walden). Se o reagente de
partida for um composto quiral e na forma pura, o produto também será quiral, mas com a
configuração oposta. Por exemplo: a reação entre o íon acetato e o (S)-2-bromo-1-fenilpropano produz
o composto (R)-2-acetato-1-fenil-propano.
Outro detalhe importante nesta reação é que não se observa a formação de um intermediário
iônico. Como conseqüência, nos casos onde, via SN1, o haleto de alquila formasse um carbocátion
primário - altamente instável - as reações parecem optar pelo mecanismo SN2. Em solventes menos
polares, também, onde o carbocátion do SN1 é pouco estável, a reação ocorre preferencialmente via
SN2.
Solvente apolar - Como o estado de transição (complexo ativado) no mecanismo SN2 é uma estrutura
sem carga elétrica, um solvente polar poderia desestabilizar a estrutura, por distorcer a nuvem eletrônica
dessa estrutura. Nesse caso, um solvente apolar seria o ideal para manter o estado de transição durante a
reação.
Cadeia pequena - Se a cadeia carbônica for pequena, sem ramificações, será mais fácil a aproximação do
nucleófilo, para efetuar a ligação com o substrato e formar o estado de transição, sem a necessidade de
eliminar antes o grupo abandonador. O mecanismo SN2, portanto, é favorecido.
Efeito indutivo -I - Quando a cadeia carbônica apresenta grupos elétron-atraentes, que "puxam" elétrons
para eles, esses elétrons "parcialmente retirados" contribuirão para desestabilizar o carbocátion que
possivelmente se forme. Portanto, o mecanismo mais favorecido será o SN2, que não forma carbocátion.
Os produtos de uma reação SN1 são similares aos da reação SN2, mas o mecanismo é completamente
diferente. Nesta reação não ocorre inversão da configuração do carbono eletrófilo, e podem acontecer
rearranjos do carbocátion: neste mecanismo, há a formação de um intermediário iônico.
Veja um exemplo:
A reação por SN1 origina uma mistura racêmica. Isso porque o carbocátion tem geometria trigonal plana,
oferecendo dois lados para a entrada do nucleófilo. No entanto, a racemização não é completa, e geralmente
predomina o enantiômero de configuração invertida. Isto ocorre provavelmente devido ao fato de o haleto,
durante sua saída, proteger (por causa das repulsões intereletrônicas com o OH-) esse lado do carbono contra
o ataque do nucleófilo, que então entra preferencialmente, pela retaguarda.
Solvente polar - Por possuir carga elétrica, o carbocátion pode ser estabilizado por um solvente polar. A
atração eletrostática que as moléculas polares do solvente exercem sobre o carbocátion facilita a formação
do carbocátion.
Cadeia ramificada - Se a cadeia carbônica for muito ramificada, criar-se-á uma certa "dificuldade" de
aproximação e ligação do nucleófilo com o substrato, ou seja, será mais difícil a formação de um estado de
transição. Logo, o mecanismo SN1 será favorecido. Essa dificuldade é denominada impedimento estérico.
Atente para o seguinte fato: A molécula volumosa do (CH3)3C - Br tem geometria tetraédrica, de difícil
aproximação do nucleófilo para formar o complexo ativado. Porém, com a saída do Br ela adquire uma
geometria trigonal plana (carbocátion), menos volumosa, facilitando a entrada do nucleófilo.
Efeito indutivo +I - Quando a cadeia carbônica do carbocátion apresenta grupos elétron-repelentes, ou
seja, que "empurram" elétrons para o carbono sp2, esses elétrons contribuirão para estabilizar o carbocátion.
V = k . [substrato].
Como o nucleófilo não participa da etapa limitante da velocidade, a nucleofilicidade do nucleófilo não
tem efeito sobre a reação: isto significa que nucleófilos pobres, como água e álcoois, podem reagir via
SN1.
Substituição por radical livre - Nessa reação, típica de alcanos, o substrato sofre na primeira etapa
um ataque por radical livre. Veja um exemplo:
B-A-A-C A=A + B + C
Eliminação E1 ou de primeira ordem - O mecanismo E1 tem certa semelhança com a reação SN1.
Forma-se um carbocátion na primeira etapa e a velocidade da reação só depende da concentração do
substrato. Os fatores que favorecem esse mecanismo são os mesmos que favorecem SN1. Vejamos um
exemplo:
Eliminação E2 ou de segunda ordem - O mecanismo E2 tem certa semelhança com a reação SN2.
Forma-se um estado intermediário na primeira etapa e a velocidade da reação depende da concentração de
ambos os reagentes. Os fatores que favorecem esse mecanismo são os mesmos que favorecem SN2.
Vejamos um exemplo: