Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CUMPRIMENTO DA PENA
Abstract: this article has as its theme the resocialization of the person who committed a
criminal offense and, therefore, fulfills or has served a sentence in a prison establishment. The main
objective is to address the way in which the institute of resocialization is implemented - or not. The
Brazilian legal system establishes that the custodial sentence should be served in a closed, semi-open
or open regime, which means that the convicted person will be incarcerated and deprived of his
freedom. However, some rights are also assured, including those classified as "fundamental" by
doctrine. The Federal Constitution provides for the guarantee of some basic and inviolable rights, such
as the dignity of the human person and the contradictory one. These themes will also be involved in
this article. With overcrowded penitentiaries, answers are sought to clarify the motives and
consequences of thousands of prisoners. Re-socialization is guaranteed to the prisoner, who has
guaranteed the right to be reinserted in society, even after having carried out a conduct that is
disapproved by society. It is not only a new opportunity given to the prisoner, but an effective
Brazilian justice, which does not admit of life imprisonment or any infinite penalty. Therefore, aiming
to bring research and data about the resocialization of society and bring to the knowledge of
academics, this article will address the issue related to the fulfillment of the sentence in prison and
post-prison.
1. Conceito de ressocialização:
Pode ser conceituada como a recolocação de alguém que sofreu uma punição ao meio
social. Isto é, o retorno do indivíduo à sociedade de forma ampla, passando a gozar de todos
direitos e obrigações que as demais pessoas. Após o castigo, o “castigado” é reinserido à sua
rotina normal, a mesma que tinha antes da punição (CNJ, 2018).
1
Artigo 112 da Lei de Execução Penal.
A súmula 491 do STJ2 veda a progressão por saltos, que é progressão do regime
fechado diretamente ao aberto.
Portanto, o processo de ressocialização é utilizado como base também na progressão
de regime, de modo que o sentenciado seja gradativamente reinserido na sociedade.
2
Súmula 491 - É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional. (Súmula 491, TERCEIRA
SEÇÃO, julgado em 08/08/2012, DJe 13/08/2012)
Contudo, em determinadas situações, entende-se que não pode o Magistrado ater-se a
outros tipos de requisitos que não estejam previstos em lei, como no seguinte julgado:
Note-se, portanto, que após a condenação definitiva, o preso tem seu processo de
execução de pena e, posteriormente, de ressocialização, conduzido, basicamente pelo Poder
Judiciário por meio do juízo da Vara de Execuções Penais.
3. A dignidade da pessoa humana nos presídios
Estampado nos jornais e manchetes dos programas de TV, o estado em que os presos
vivem no presídio é um assunto que costuma despertar curiosidade entre as pessoas.
Cadeias lotadas, maus tratos, locais sujos e sem condições de habitação são comuns
nas penitenciarias do país.
As celas dos presídios, em sua maioria, não oferecem o mínimo existencial e nem
garantem a saúde física e mental dos presos, o que contraria, inclusive, o artigo art. 12 da LEP
que prevê:
Segundo Bitencourt/2011:
Nota-se, assim, que as situações precárias presentes nos presídios brasileiros exercem
um papel de “pena extra” que o preso está, mesmo sem determinação judicial a cumprir.
3.1 A importância do Poder Judiciário enquanto ressocializador
Além disso, o CNJ também atua na seara presidiaria por meio do programa
“Cidadania nos Presídios”, ferramenta útil para levantamento de processos e delitos que
ocasionam o encarceramento. A ação supervisiona a atuação das varas de execução penal e a
superlotação nos presídios. Embora o programa sustente que existem relatórios que
comprovam as condições dignas nas unidades prisionais, a prática mostra o contrário.
A partir da prisão, a unidade prisional custodiante passa a ser o endereço do preso, que
se vê limitado às grades, muros e cercas. A fim de se promover o inicio do ciclo de
ressocialização do apenado, o judiciário passou por grande evolução social e humanitária que
visa a ressocialização do preso.
Verifica-se, então, que o poder judiciário, embora esteja longe de assegurar o respeito
ás garantias fundamentais a promover a efetiva ressocialização, avançou de forma
significativa nos últimos anos.
Uma matéria divulgada pelo canal de noticias G1 mostrou que, embora o governo
exija e estimule a contratação de ex detentos a fim de inseri-los no mercado de trabalho, existe
uma resistência muito grande das empresas em contratar quem já esteve preso. A pesquisa
mostrou que não há interesse por parte das empresas em contratar o ex egresso porque existe
muito preconceito e, mesmo com vantagens tributarias e diminuição de impostos, as empresas
não dão o braço a torcer.
“A liberdade que eu sonhava e almejava passou a ser uma tormenta”, disse um ex
detento de 31 anos, após procurar emprego em várias empresas e ser rejeitado em razão de seu
passado, quando entrevistado.
A escrivã responsável pelo encaminhamento, Cristina da Silva, admite que muitos não
têm interesse. Contudo, afirma que os que têm raramente conseguem ser inserido no mercado
de trabalho.
4
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
4.Como ressocializar quem nunca foi socializado: a culpa do Estado.
Exigir de alguém algo que ele não pode te oferecer é uma missão previamente
fracassada; Cobrar conhecimento de quem não teve acesso a ele é, no mínimo, irracional;
Assim como tentar ressocializar alguém que nunca foi socializado é o mesmo que esperar a
água se transformar em vinho.
O Estado tem culpa sim! Essa afirmação parece tão paternalista que há quem diga: “Tá
com dó? Leva pra casa”. Não se trata de dó e nem de qualquer outro sentimento capaz de
colocar em jogo a racionalidade. É apenas o reconhecimento de uma ineficiência estatal que
vem perpetuando na vida dos menos favorecidos desde os primórdios.
Uma pesquisa feita no estado de Minas Gerais mostrou que a maior parte dos presos é
pobre e negro. De acordo com a pesquisa, quase 60% da população carcerária não concluíram
os nível fundamental- um exemplo de ineficiência do poder público em garantir o direito a
educação, bem como de fiscalizar a frequência da criança na escola (EM/2015).
Portanto, possível concluir que a maioria dos detentos sequer foram socializados se
considerarmos que a Constituição Federal define o que são direitos sociais:
Sabe-se que os valores das penas de multa, principalmente quando o crime cometido é
trafico, são altíssimos, somada a situação financeira do réu, que na maioria das vezes é pobre,
resulta numa possível reincidência.
Destaque-se que o sentenciado que não pagar a multa tem seu titulo de eleitor e, em
determinadas situações o CPF, suspensos; não tem credito na praça e a cereja do bolo: conta
com uma condenação penal.
5
Sentença retirada dos autos n° 610.297 da Vara de Execução Penal da Comarca de São Vicente/SP. Acesso aos
autos em 26/07/2018.
Conclusão
A partir do estudo do presente tema, pode-se concluir que existe uma omissão latente
por parte do poder público em promover a ressocialização. Direitos fundamentais, em especial
a dignidade da pessoa humana, devem ser respeitados de forma absoluta, pois, além de
figurarem na Carta Magna Brasileira, são clausulas pétreas.
Possível observar, diante dos estudos, que a legislação não consegue alcançar seus fins
quando aplica uma pena de multa estratosférica a um pobre que, por sua vez, cometerá um
crime para pagar. Notável também a ineficiência do estado quando superlota penitenciarias
sem capacidade de fornecer segurança aos seus próprios servidores.
FRANCO, Alberto Silva. Temas de Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 1986.
PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro: parte geral, v.1.São Paulo: RT.
FERRAJOLI, Luigi. Direito e Razão: teoria do garantismo penal. Tradutores Ana Paula
Zomer, Fauzi Hassan Choukr, Juarez Tavares e Luiz Flávio Gomes. São Paulo: RT, 2002,
334.
ROXIN, Claus. Problemas Fundamentais de Direito Penal. Tradução de Ana Paula dos
Santos Luís Natscheradetz. 3. ed. Lisboa: Veja, 2014.
PIOVESAN, Flavia. Manual de Direitos Humanos 14ª Edição. Editora Saraiva, 2015.
FRANCO, Alberto Silva. Temas de Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 1986, p. 159-160.
PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro: parte geral, v.1.São Paulo: RT, p.
565.
Luiz Regis Prado esclarece que a “objeção de que a multa é desigual não se dirige, na
verdade, à teoria da multa, mas antes à sua organização defeituosa”, o que carece de
importância, hodiernamente, em vista da utilização do sistema apropriado. (PRADO, Luiz
Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro: parte geral, v.1.São Paulo: RT, p. 565-566).
VIEIRA, Oscar Vilhena. Direitos fundamentais. Editora Malheiros, 2017.
BRASIL.Superior Tribunal de Justiça. REsp 699286. Relator: Min. José Arnaldo da Fonseca.
Quinta Turma, do Tribunal de Justiça de São Paulo . Brasília, DF, 08.11.2005. Disponível
em: <http://www.stj.gov.br/SCON/jurisprudencia/doc.jsp?livre=MULTA+E+PENAL+E+CO
MPET%CANCIA+E+LEGITIMIDADE&&b=ACOR&p=true&t=&l=10&i=6#>. Acesso
em: 21 jul. 2018.
https://www.em.com.br/app/noticia/nacional/2015/06/23/interna_nacional,661171/levantamen
to-aponta-que-maioria-dos-presos-no-brasil-sao-jovens-negro.shtml