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ACESSIBILIDADE ESPACIAL PARA IDOSOS EM ZONAS TURÍSTICAS

BALNEARES: ESTUDO DE CASO EM BALNEÁRIO CAMBORIÚ/SC

FANTINI, Franciele (1);


DISCHINGER, Marta (2)
(1) Universidade Federal de Santa Catarina, Arquiteta
e-mail:franfantini@gmail.com
(2) Universidade Federal de Santa Catarina, PhD.
e-mail:martadischinger@gmail.com

RESUMO

O turismo é uma das atividades econômicas que possui as maiores taxas de crescimento anual há várias
décadas sendo, dentre as modalidades de lazer, uma das mais praticadas pelos idosos. Por outro lado,
muitas das zonas balneares do Brasil ainda não são acessíveis espacialmente. Diante deste cenário,
este estudo de caso visa analisar uma zona balnear de significativo fluxo de turistas, sob a ótica da
acessibilidade espacial, buscando, a partir da classificação dos problemas existentes, uma proposta de
diretrizes e parâmetros projetuais que complementem as normas e leis de acessibilidade existentes no
Brasil.

ABSTRACT

Tourism is the economic activity that has the highest annual growth rates for several decades. Among
many leisure forms, it's one of the most practiced by the elderly. Moreover, many of the brazilian bathing
areas aren't spatially accessible yet. In view of this scenario, this case study aims to analyze a significant
tourists flow bathing area, from the perspective of spatial accessibility, searching from the existing
problems classification, a proposal of project guidelines and parameters, that can complement the
standards and accessibility laws existing in Brazil.

1. INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional representa uma vitória da humanidade ao mesmo tempo em


que traz consigo uma série de demandas e desafios. Nos próximos cinqüenta anos, a
população idosa dos países em desenvolvimento deverá ser multiplicada por quatro. A previsão
é de que, até o ano 2050, o número de idosos aumentará para quase dois bilhões. Em menos
de 50 anos, pela primeira vez na história, o mundo terá mais pessoas acima de 60 anos do que
pessoas com menos de 15 anos (PESSINI; QUEIROZ, 2002).
O Brasil, de acordo com o IBGE, está seguindo a direção dessas estatísticas. Para o ano de
2025 projeta-se que esse grupo será formado por 32 milhões de habitantes, sendo que 8,1%
estarão na faixa etária entre 60 e 69 anos e 5,7% com 70 anos ou mais. (IBGE,2009)
Na perspectiva do envelhecimento ativo, o convívio social, fundamental para o ser humano,
assume uma grande importância para os indivíduos idosos, prevenindo a solidão e o
isolamento, tão comuns após a aposentadoria (DIOGO, 1999)
Esse convívio freqüentemente se dá em forma de lazer, o qual assume, nos dias atuais, um
caráter essencial frente à busca pela melhoria na qualidade de vida. Dumazedier (1973) define
o lazer como sendo um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre
vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou, ainda para
desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou
sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais,
familiares e sociais.
Dentre as modalidades de lazer, o turismo é a mais praticada atualmente, por aqueles que
possuem autonomia, tempo livre e condições financeiras. O direito de todos os indivíduos ao
turismo é assegurado no Artigo 2º do Código de Ética Mundial do Turismo (WTO,1999), o qual
ressalta o seu papel como meio de desenvolvimento pessoal e coletivo, além de promotor dos
direitos humanos em grupos populacionais mais vulneráveis.
Ao mesmo tempo em que o turismo para a terceira idade, enquanto manifestação cultural e
psicossocial é um importante instrumento de inclusão do idoso, permitindo-lhe uma participação
mais efetiva na sociedade (FROMER; VIEIRA, 2003), o aumento das viagens realizadas, ainda
não permitiu que todos fossem favorecidos no usufruir do turismo de lazer.
Isso ocorre uma vez que pessoas com diferentes deficiências e mobilidade reduzida, tais como
alguns idosos, encontram dificuldades para se adaptarem às instalações e equipamentos nas
cidades turísticas, ao mesmo tempo em que se deparam com prestadores de serviços sem
qualificações adequadas, para um atendimento específico.
O Desenho Universal, diante desse contexto, traz com seus instrumentos a possibilidade de se
pensar espaços que visam à máxima autonomia e independência na realização de atividades,
pelo maior número de pessoas, considerando suas diferenças e criando condições ambientais
para a inclusão, complementando, assim, o conceito de acessibilidade espacial utilizado
atualmente (DORNELES, 2006).
De acordo com Bins Ely e Cavalcanti (2001), ambientes além de atrativos a todos, devem estar
de acordo com as características biomecânicas e antropométricas do usuário. Caso o ambiente
não atenda às demandas do usuário, apresentando meios que exijam um esforço físico
demasiado ou riscos de acidentes, a conseqüência verificada é o “stress” e a impressão de
impotência (ASSIS,2006).
Na mesma linha de pensamento, Lehr (1999) destaca que o ambiente físico e o meio ambiente
interferem no comportamento de indivíduos com limitações, determinando seus
comportamentos. O ambiente pode, então, contribuir para a dependência e restrição na
realização das atividades ou pode ser favorável e adaptável, estimulando o usuário e
aumentando suas competências existentes.
Diante do exposto, verifica-se a complexidade que abrange questões relacionadas ao turismo
para idosos. Adequar a oferta de acordo com as demandas não é um processo simples.
Transformar potencialidades em realidades exige estudos aprofundados, delimitação de
necessidades e estratégias, as quais implicam recursos, coordenação, estímulos, inovação e
informação.

2. OBJETIVO

O objetivo geral desta pesquisa é traçar diretrizes e desenvolver parâmetros projetuais a fim de
complementar as normas e leis existentes no âmbito da acessibilidade espacial no Brasil,
focando as soluções desse estudo em zonas turísticas balneares para idosos.

3. METODOLOGIA E RESULTADOS ESPERADOS

A pesquisa iniciou-se com a revisão bibliográfica e estudo de conceitos teóricos sobre o tema.
Buscou-se de fontes de pesquisa e referenciais teóricos com as palavras chave: acessibilidade
espacial, desenho universal, zonas balneares, idosos, deficiências, restrições, participação,
funcionalidade.
Nessa etapa visou-se identificar e entender as dificuldades e capacidades relacionadas às
deficiências e as restrições advindas da relação das pessoas com os espaços, na realização de
suas atividades.
Na segunda etapa, será feita uma comparação da legislação brasileira e a legislação
internacional que tratam de acessibilidade espacial, a fim de que seja elaborado um quadro
resumo com comparação dos principais aspectos retirados dessas determinações e sejam
levantados parâmetros existentes nessas normas que possam ser utilizados como base para
tornar zonas balneares acessíveis espacialmente aos idosos.
Posteriormente, será feito um estudo de caso em uma zona balnear com um grande número de
freqüentadores, como a orla de Balneário Camboriú/SC sob a ótica da acessibilidade espacial
(orientação, uso, deslocamento e comunicação) com o intuito de classificação dos problemas
existentes que impedem a acessibilidade aos mais distintos usuários.
Por fim, serão avaliados os resultados obtidos de modo que se possam verificar as lacunas
existentes, que sirvam de base para a proposta de diretrizes projetuais para zonas balneares,
sob a ótica da acessibilidade espacial, com base em conclusões retiradas a partir de um estudo
de caso. Esses parâmetros a serem elaborados visam aprimorar a legislação existente, nortear
o profissional projetista, buscando contribuir com os futuros projetos de concepção ou
reformulação de zonas balneares, bem como, pesquisas relacionadas à área.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSIS, Adriana de. Novos modelos de assistência à saúde do idoso: desafios e tendências da
arquitetura frente ao envelhecimento populacional brasileiro. Rio de Janeiro: UFRJ/FAU, 2006.
BINS ELY, Vera Helena Moro; CAVALCANTI, Patrícia Biasi. Avaliação dos Asilos para Idosos em
Florianópolis. Relatório de pesquisa PET – Grupo Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de
Santa Catarina. Florianópolis, 2001.

DIOGO, M.J.D. Consulta de enfermagem em gerontologia. In: PAPALÉO NETTO,M. (Coord).


Gerontologia: a velhice e o envelhecimento em visão globalizada. São Paulo: Atheneu,1999

DORNELES, Vanessa Goulart. Acessibilidade em áreas livres públicas de lazer. Florianópolis, 2006.
195 p. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade Federal de Santa Catarina,
Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo, 2006.

DUMAZEDIER, J. Lazer e cultura popular. Tradução de Maria de Lourdes Santos Machado. São Paulo:
Perspectiva, 1973.

FROMER,B; VIEIRA, D.D. Turismo e terceira idade. São Paulo: Aleph, 2003. 93p.

IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2008. Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2009.
Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em 02 de outubro de 2010.

LEHR, U. A revolução da longevidade: Impacto na sociedade, na família e no indivíduo. Estudos


interdisciplinares sobre o envelhecimento. Porto Alegre, v.1, n.1, p.7-35, 1999.

PESSINI, L; QUEIROZ,Z.V. Envelhecimento e saúde: desafios para o novo século. O mundo da saúde,
São Paulo, v.26, n.4, p.455-456. out/nov. 2002.

WORLD TOURISM ORGANIZATION (WTO). Aprobación del código ético mundial para el turismo.
(Chile, 1999). Disponível em: <http://world-tourism.org./presrel/code_R.htm>. Acesso em: 06/05/2010.

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