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SCI-FI no ENSINO MÉDIO

Filmes de Ficção Científica na disciplina de Sociologia



SCI-FI no ENSINO MÉDIO
RAFAEL CARDOSO SAMPAIO 2
Filmes de Ficção Científica na disciplina Organizador
de Sociologia

SCI-FI no ENSINO MÉDIO


Filmes de Ficção Científica na disciplina de Sociologia



















CURITIBA
2019


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Filmes de Ficção Científica na disciplina de Sociologia



FICHA CATALOGRÁFICA DA EDITORA

S192s Sampaio, Rafael Cardoso (Org.).
Sci-fi no ensino médio: filmes de ficção científica na disciplina
de sociologia / Rafael Cardoso Sampaio (Organizador) - Curitiba:
Carvalho Comunicação, 2019. 75 p.

E-book; Formato PDF.

ISBN: 978-85-52992-03-5

1. Ensino. 2. Sociologia. 3. Ficção Científica. I. Título.

CDD. 300


EDITORA
CARVALHO COMUNICAÇÃO


Capa retirada de uma cena do jogo “Everspace” (2016), sem fins lucrativos.


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Ficha Técnica
Filmes de Ficção Científica na disciplina de Sociologia

ORGANIZAÇÃO Rafael Cardoso Sampaio



TUTOR DO PET Rafael Cardoso Sampaio

AUTORES DO E-BOOK Adriano Iwaya Taques
Aline Adriana de Oliveira
Ana Heloise Lopes Diniz
Gabriel Lucas Bachmann Ribeiro
João Pedro Gonçalves da Silva
Marcus Paulo dos Santos de Freitas
Pedro Henrique Vanzo de Paula
Valentina Françóia Loss
Yasmin Vitória Pschera da Silva

CAPA João Artur Guimarães Cavallet

REVISÃO E NORMATIZAÇÂO Aline Adriana de Oliveira
Ana Heloise Lopes Diniz

João Artur Guimarães Cavallet
Yasmin Vitória Pschera da Silva

BOLSISTAS E VOLUNTÁRIOS DO PET Adriano Iwaya Taques
Alana de Matos Martins
Aline Adriana de Oliveira
Ana Heloise Lopes Diniz
Deivison Henrique de Freitas Santos
Djiovanni Jonas França Marioto
Gabriel Lucas Bachmann Ribeiro
Gabriela Chaves Aguiar
João Artur Guimarães Cavallet
João Pedro Gonçalves da Silva
Letícia Zanatta Bonaccorsi
Lucas Gabriel Motta
Murilo Brum Alison
Pedro Henrique Vanzo de Paula
Valentina Françóia Loss
Yasmin Vitória Pschera da Silva


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Sumário

Agradecimentos .............................................................. 6

Apresentação ................................................................ 7

PROJETO SCI-FI NO ENSINO MÉDIO ............................................. 10

POR QUE SCI-FI? ............................................................ 13

ESTRUTURA DO E-BOOK ........................................................ 15

PLANOS DE AULA ............................................................. 16

“BLADE RUNNER: O CAÇADOR DE ANDROIDES” (1982) ........................ 16

“GATTACA: EXPERIÊNCIA GENÉTICA” (1997) ............................... 21

“HER” ................................................................ 26

“O PREÇO DO AMANHÔ (2011) ........................................... 32

“EXPRESSO DO AMANHÃ (2013) ........................................... 37

“ELYSIUM” (2013) ..................................................... 41

“EX_MACHINA: INSTINTO ARTIFICIAL” (2015) ............................. 45

AULAS JÁ APLICADAS ......................................................... 49

“DISTRITO 9” (2009) .................................................. 49

“MAD MAX: ESTRADA DA FÚRIA” (2015) ................................... 54

“A CHEGADA” (2016) ................................................... 59

EXPERIÊNCIAS E DIFICULDADES DA APLICAÇÃO DO PROJETO ........................ 63

CONCLUSÃO .................................................................. 68

LISTA DE FILMES E TEMAS .................................................... 73


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Agradecimentos

Agradecemos, primeiramente, aos professores e diretores das escolas que aceitaram fazer
parte do projeto: professor Alexandre, do Colégio Estadual Barão do Rio Branco; professora
Joyce, do Colégio Estadual Loureiro Fernandes; professor Leonardo, do Colégio Estadual
Tiradentes; Colégio Estadual Padre João Winslinski.

Agradecemos à ex-bolsista Patrícia Dotti do Prado, que colaborou com o início do projeto e
também à ex-bolsista do Programa de Educação Tutorial, Gabriella Anne Dresch, que trouxe
na mala, na volta de um intercâmbio, a inspiração de juntar o ensino de sociologia e o
gênero Sci-fi.

Um especial agradecimento ao tutor do PET, Rafael Cardoso Sampaio, por acreditar no


projeto, e ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que financia o
projeto e ao Ministério da Educação (MEC), bom como à Universidade Federal do Paraná,
instituição à qual agradecemos pelo amparo que nos abre portas que possibilitam diálogos
com outras instituições, buscando devolver à comunidade nosso trabalho.


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Apresentação
Ao assumir a tutoria do PET de Ciências Sociais, em 2016, eu fiz dois pedidos e
também uma demanda aos petianos então presentes. O primeiro pedido era para
que fizéssemos o maior número possível de atividades pelo PET. O segundo é para
que todos tentassem ter as ideias mais criativas e inovadoras possíveis. Em minha
visão, o curso de Ciências Sociais é um dos mais interessantes e complexos em
termos teóricos presentes na universidade pública. Não obstante, sua formatação
acabou seguindo um caminho conservador em termos didáticos, geralmente
fechado a leituras e discussões teóricas sobre os textos. O principal impacto disso é
que os alunos e as alunas do curso raramente têm chances para realizar atividades
muito distintas da leitura, discussão e escrita intelectuais. Dentre outras questões,
isso tende a tornar o curso “pesado” e fechar as possibilidades para o discente fazer
atividades didáticas não rotineiras e ter efetivas oportunidades para aplicar os
conceitos aprendidos em sala de aula. Então, quando a petiana sugeriu a ideia que
depois se tornou o “Sci-Fi no Ensino Médio”, eu não hesitei em comprar a ideia e
incentivar os petianos a segui-la.

A simples aplicação de filmes para o ensino de sociologia no Ensino Médio já me soa


como algo naturalmente interessante, todavia foi justamente a temática que me
soou como diferencial. Há uma dúzia de gêneros mais realistas e críticos que
poderiam facilmente permitir a aplicação de conceitos das Ciências Sociais, inclusive
com a possibilidade simples e óbvia da escolha de filmes nacionais, mas aí
justamente estava a originalidade da proposta. A ficção científica frequentemente é
vista como um gênero menor da sétima arte, sendo reduzida a ideia de se tratarem
de filmes de ação recheados de efeitos especiais. Sendo ora tachados como restritos
a nichos muito específicos (e.g. grupos geeks, nerds etc.), ora classificados como
blockbusters sem profundidade (como é o caso das grandes franquias, como Star
Wars, Star Trek e afins).

Logo, seria desafiadora em si a escolha de filmes de Sci-Fi para a aplicação dos


complexos conceitos visitados na área (desafios muito bem detalhados pelos
próprios petianos na seção “Por que Sci-Fi?” abaixo). Seria necessário sair do senso
comum e obrigar os próprios alunos e alunas a fazerem reflexões inovadoras.
Portanto, ao olhar para sociedades, organizações e mesmo mundos fictícios,
frequentemente passados em futuros distantes, e ainda ser capaz de apreender os
conceitos e depois discutí-los soava como um desafio instigante e válido. Em
especial, longe de ser apenas uma demanda da licenciatura do curso, o projeto me


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pareceu como uma chance adequada de envolver petianos com interesses bastante
distintos entre si, tendo como base o tripé da universidade pública, nomeadamente
ensino, pesquisa e extensão.

Portanto, antes de ir para as escolas, os diferentes participantes do projeto foram


instigados a pesquisar sobre a aplicação de cinema nas escolas, na sociologia e
também especificamente sobre a aplicação da ficção científica. Foram incentivados
(e cobrados!) a fazerem planos de aulas, a buscarem os professores e professoras do
Ensino Médio nas diferentes escolas e a conseguirem “vender” o projeto para
diretores e diretoras. Foram, também, os responsáveis por fazer os combinados com
as/os docentes, editar os filmes, preparar o material para a discussão e,
efetivamente, realizar as aplicações. Enquanto tutor, atuei exclusivamente como um
mediador, como alguém que os ajudou a pensar em diferentes detalhes, enquanto
também cobrava os resultados.

Aqui, finalmente chego à demanda que realizei aos petianos no início de minha
tutoria. Toda forma de ensino, pesquisa ou extensão precisa, na minha visão, gerar
“produtos”. Alguns poderiam ser aqueles mais formais, como artigos e capítulos de
livro, todavia é importante que outros materiais produzidos por um programa
financiado pelo poder público sejam dedicados ao consumo de outros públicos,
como é o caso de relatórios e como é o caso deste e-book.

Trata-se justamente de nosso primeiro produto pensado justamente para o público


exterior. Ideia dos próprios petianos, o objetivo era ter um e-book na forma de
manual para uma consulta simples para professores e professoras de sociologia no
Ensino Médio. Para que o material não estivesse abaixo da própria originalidade da
ideia, a minha demanda se estendeu para que o material fosse o mais interessante e
abrangente possível. Além dos planos das aulas efetivamente aplicadas (o conteúdo
mais básico em si), o material deveria conter uma miríade de fontes de ajuda. Seja
na forma da indicação de literatura acadêmica relevante, de materiais diversos de
apoio seja na oferta de ideias a serem aplicadas em outros filmes diferentes
daqueles que pensamos. Em especial, gosto de pensar que um dos públicos
interessados poderia ser justamente o de jovens egressos do curso de Ciências
Sociais, apreensivos pelas suas primeiras experiências enquanto docentes e, dentro
disso, pedi aos alunos para incluir ao menos uma seção para tratar dos limites e
dificuldades de cada aplicação. De outra forma, poderíamos vender a falsa
impressão que o simples uso de filmes em sala de aula é capaz de solucionar
quaisquer desafios didáticos. Portanto, o material parece também útil para
antecipar problemas de ordem prática.


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Assim, nenhuma falsa modéstia me impede de acreditar que reunimos, aqui, um
material de qualidade, que poderá, de fato, ajudar a diferentes profissionais que
ousarem inovar no ensino da Sociologia, o que muito me orgulha pelo fato de terem
sido realizados pelos próprios petianos e petianas.

Neste momento, no qual aguardamos angustiados pela reforma do ensino médio,


que tende a diminuir a importância da Sociologia, soa-me como ainda mais
importante que docentes estejam dispostos a demonstrar a relevância e aplicação
da disciplina no cotidiano dos jovens estudantes.

Tendo já falado demais, desejo uma boa leitura a todos e que a Força esteja com
todos!


Rafael Cardoso Sampaio
Tutor do PET de Ciências Sociais


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Projeto sci-fi no ensino médio


O PET (Programa de Educação Tutorial) de Ciências Sociais da Universidade Federal do Paraná –
UFPR, é um programa criado no ano de 1992. Orientado pelos princípios da indissociabilidade
entre ensino, pesquisa e extensão da educação tutorial, nós do PET desenvolvemos diversos
projetos ao longo dos anos, com o intuito de fomentar cada dia mais a vivência e produção do


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mundo acadêmico. Além do professor tutor, o PET conta hoje com dezesseis alunos e alunas do
curso de graduação em Ciências Sociais da UFPR.

Nosso curso é dividido entre quatro linhas de formação, nomeadamente Sociologia, Ciência
Política, Antropologia e a Licenciatura. Os projetos desenvolvidos pelo PET são pensados de
forma com que as quatro áreas sejam sempre contempladas, e que, ao longo do
desenvolvimento dos projetos, os estudantes das quatro áreas do curso possam interagir de
forma integralizadora e interdisciplinar, visando o crescimento através da junção de forças e de
todos potenciais de conhecimento que o curso de Ciências Sociais pode oferecer.

O Sci-fi no Ensino Médio – projeto que deu origem a este e-book – foi inaugurado no PET no
ano de 2017. Sua origem teve como principal elemento uma inspiração que uma das alunas
integrantes do PET teve quando realizou um intercâmbio, no qual a dinâmica cultural e novas
experiências puderam dar luz a ideia desse projeto. Por fim, o contato com uma ideia parecida
realizada pelo PET do curso de História da UFPR, nos mostrou como à troca de experiências
entre cursos serve cada dia mais como fonte e forte potencial para o crescimento da produção
acadêmica.

Neste e-book constam dez planos de aula, que se baseiam em três aplicações de filmes de
ficção científica com alunos de ensino médio regular e EJA da rede pública, que os bolsistas
realizaram em 2017. A partir dessa experiência, desenvolvemos os demais planos de aula de
variados filmes do gênero, a fim de que desses filmes se retirem conceitos sociológicos para
trabalhar em sala de aula com os alunos. Portanto, esse e-book busca ser uma forma de
repertório para professores de Sociologia do ensino médio regular ou EJA, uma plataforma de
conteúdos que possa ser acessada no intuito de fornecer material didático a ser aplicado
dentro das salas de aula, baseado em três experiências de aplicação. Então, além de livros
didáticos que professores de sociologia constantemente acessam, esperamos que este seja
mais uma dentre várias fontes de conhecimentos e de material didático utilizado nas escolas.


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Conceitos sociológicos, em muitos casos, são um grande desafio de serem trabalhados em sala
de aula, devido a grandes complexidades que trazem consigo. Com isso, a ideia de retirar esses
conceitos de filmes, é tornar possível uma visualização prática daquilo que procuramos ensinar
na teoria, de forma que os alunos se entretenham e compreendam melhor que os assuntos que
competem às ciências sociais não estão pairando no ar, mas sim dizem respeito sobre o mundo
social concreto, e estão sendo ensinados a eles porque são de fato uma forma válida e científica
de leitura do mundo.


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Por que sci-fi?


O cinema por si só proporciona uma infinidade de conteúdos que dialogam com as ciências
sociais. Das relações sociais embutidas nos filmes, até o caráter mais ideológico e político
daqueles que procuram passar uma mensagem de forma mais contundente e direta, tudo pode
ser analisado de forma sociológica, política ou antropológica, e desse modo ser passado de
forma mais didática.

Apesar de sua característica fantástica, imaginativa, o Sci-Fi possui enfaticamente esse lado
analítico da epistemologia social, uma vez que se trata de uma retratação ou releitura de uma
realidade “irreal”, mas criada a partir do nosso mundo, ou seja, da nossa realidade. Alguns
exemplos: a partir do exame de nossa sociedade atual, projeta-se um futuro alarmante (Mad
Max, Blade Runner, Idiocracy, Brazil, Wall-e), ou se problematiza uma possível criação humana
que gera contradições na sociedade, como formas de inteligências artificiais, dispositivos de
monitoramento e segurança, alterações genéticas eticamente questionáveis, etc. (Her, Minority
Report, Ex Machina, Gattaca), ou se gera situações nas quais somos obrigados a nos unir ou nos
isolar como humanidade face à um perigo eminente (World War Z, Independence Day, War of
the Worlds) ou ainda, imaginam-se situações nas quais precisamos conviver com o diferente,
tratando de segregação e preconceito (Distrito 9, Bright). Enfim, são infinitos os assuntos que
filmes de ficção científica podem abordar. O que fica claro no entanto, é que todos retêm um
elemento em comum: possuem um forte respaldo na realidade social e partem dela para
imaginar sua problemática e possíveis desenlaces.

Além disso, é um gênero cinematográfico consideravelmente dinâmico. Cenas de ação,


suspense, diálogos empolgantes e efeitos especiais são atributos comuns em filmes de ficção
científica, que aumentam a probabilidade de alunos do ensino médio de se engajarem, de se


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interessarem pelo enredo. Tudo isso promove uma aula que se desenvolve de forma mais
interativa entre aluno e professor, permitindo que as temáticas da aula se aproximem mais de
um possível universo de interesse desses jovens (afinal, eles são parte do público imaginado
desse gênero), facilitando uma participação maior e mais interessada em sala de aula.

São particularidades que despertam a curiosidade e fazem com que, por um momento, o
aluno possa refletir, abstrair e imaginar, distanciando-se da realidade na qual se encontra ao
mesmo tempo que se aproximando de forma mais crítica para poder analisá-la.


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Estrutura do e-book

A seguir, serão apresentados planos de aulas relacionando os filmes ao conteúdo de sociologia


no ensino médio e possíveis abordagens a partir de tais filmes. Inicia-se por planos de aula
feitos a partir da literatura e do filme - organizados a partir do ano de lançamento - caso de
“Blade Runner: O caçador de androides” (1982), “Gattaca: A experiência genética” (1997),
“Her” (2013), “O preço do amanhã” (2011), “Expresso do amanhã” (2013), “Elysium” (2013),
depois parte-se para os planos já aplicados em escolas na cidade de Curitiba em 2017 - filmes
“Mad Max: Estrada da fúria” (2015), “Distrito 9” (2009) e “A Chegada” (2016), a partir dos quais
discute-se possibilidades e desafios de trabalhar a ficção científica no ensino médio. Após, há
uma lista com filmes de ficção científica não trabalhados com planos de aula neste e-book, mas
relacionados a possíveis temas e conteúdos da Sociologia. Por fim, faz-se uma conclusão
pensando as possibilidades de aliar o conteúdo do ensino médio com filmes de ficção científica.

Os planos de aula baseados somente no filme e na bibliografia são organizados em a) perfil da


escola; b) perfil da turma; c) recursos didáticos utilizados; d) atividades e tempo necessário; e)
sugestão de avaliação da aula; f) objetivos com a aplicação do filme; g) expectativas quanto à
exibição e h) bibliografia utilizada na elaboração.

Este e-book é planejado para servir a atuais e futuros professores e professoras de sociologia
do ensino médio. Esperamos que possa ser muito útil!


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PLANOS DE AULA PLANOS E AULA

BLADE RUNNER
O caçador de androides (1982)

PLANO DE AULA - FILME “BLADE RUNNER: O CAÇADOR DE ANDROIDES” (1982)


(Duração: 1h 57 min)


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Escola: Atividade a ser realizada em escola com ensino médio regular.

Turma: Recomendada a aplicação para o 2º ano do ensino médio, as questões levantadas


inserem-se nos temas de antropologia tidos neste ano.

Recursos didáticos utilizados:


1) Datashow;
2) Caixa de som;
3) Quadro negro;
4) Giz.
Aula 1 (2 horas/aula):

1) Inicialmente orientar os alunos para que foquem nos seguintes aspectos do filme e os
anotem para a discussão futura: as causas da rebelião; como se constrói a ideia de ser
humano no longa; quais são os determinantes humanísticos dos personagens; e tendo em
vista que o filme se passa no ano de 2019, como a noção de futuro é idealizada no filme e se
essa ideia confere com a nossa realidade atual. (Introdução breve sobre a sinopse do filme e
algumas questões a serem trabalhadas na discussão).

2) Exibir o filme: se necessário, fazer cortes específicos, por conta do tempo (1h 57min) de
filme. Fica a critério do professor.

Aula 2 (1 hora/aula):

1) Após a exibição do filme, solicita-se aos estudantes que comentem sobre o que
entenderam da narrativa;

2) Solicitar que os alunos falem sobre os temas apresentados anteriormente, quais foram
as impressões sobre o filme e opiniões sobre como essa ficção poderia ser abordada
pela sociologia (possíveis perguntas: O que os alunos sentiram quando o replicante foi


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assassinado? Como eles se sentiriam sabendo que robôs, que parecem ter sentimentos,
foram escravizados? Como que a sociologia consegue trabalhar com o gênero de ficção
científica?);

3) Anotar as palavras que surgiram no quadro e indagar o porquê desses sentimentos


(possivelmente palavras como: tristeza; pena; compaixão; raiva; surpresa; etc.,
aparecerão);

4) Logo após essa dinâmica e momento de troca, o professor insere os conceitos de


alteridade para explicar a condição do outro e da importância da apreensão das
diferenças. Deve-se destacar que a prática da alteridade é a base para o respeito às
diversas culturas (analogia com os Replicantes X Humanos - blade runners);

5) Pedir que os alunos identifiquem como é construída a noção de futuro no filme (objetos
analógicos, indústrias de petróleo em vez de de indústrias alternativas, etc.). Perguntar
se os alunos viram algum elemento do capitalismo moderno e quais são, se eles acham
que esse futuro é parecido com o nosso presente (apontar as semelhanças e
diferenças).

6) Problematizar as condições que levam os avanços tecnológicos, como exploração de


matéria prima, exploração da força de trabalho, desumanização do trabalhador, etc.

Objetivos: O objetivo da aplicação do filme “Blade Runner: o caçador de androides” (1982) é,


além de demandar e tentar desenvolver um senso crítico nos alunos, introduzi-los ao conceito
de alteridade. Apresentando as contradições do trabalho, das relações entre o homem e a
máquina e por meio da discussão dos rumos de nossa sociedade, despertar a curiosidade e o
interesse de analisar e fazer projeções e especulações para o futuro de forma criativa e
investigativa. Além disso, estimulá-los a discutir e interagir uns com os outros, aguçando a
capacidade discursiva do aluno frente aos paradigmas da sociedade.


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Expectativas quanto à exibição: A expectativa primeira da aplicação desse plano de aula é que
os alunos interajam no debate e que a aula não seja unilateral, levantando dúvidas e
apontamentos sobre a relação da ficção científica proposta e os conteúdos da antropologia. A
intenção é que a aula não seja somente expositiva, portanto, após a exibição do filme, seria
interessante organizar as mesas dos estudantes num círculo, alterando a dinâmica da sala. Ou
seja, objetiva-se que o professor seja só um auxiliador do debate e que parta dos alunos a
inserção das questões e impressões sobre os temas propostos.

Bibliografia:

BLADE Runner. Direção: Ridley Scott. Produção: Charles de Lauzirika, Michael Deeley. Estados Unidos:
Michael Deeley Production, Ridley Scott Productions, Shaw Brothers, The Ladd Company, Warner Bros.
Pictures: 1982. 1 DVD.


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CASTEL, R. A nova questão social. In: CASTEL, R. As metamorfoses da questão social: Uma crônica do
trabalho. 2. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 1998. p. 495-561.

IANNI, O. (Org.). Classes Sociais e Contradições de Classes. In: IANNI, O. (Org.). Karl Marx: Sociologia.
Coleção Grandes Cientistas Sociais. 2. ed. São Paulo: Ática, 1980. p. 99-144.

MALINOWSKI, B. Que é cultura?. In: MALINOWSKI, B. Uma teoria Científica da Cultura. 2. ed. Rio de
Janeiro: Zahar Editores, 1970. p. 42-47.


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GATTACA
Axperiência genética (1997)

PLANO DE AULA - FILME “GATTACA: EXPERIÊNCIA GENÉTICA” (1997)


(Duração: 1h 46 min)

Escola: Atividade a ser realizada em escola com ensino médio regular.

Turma: As questões que aparecem no filme inserem-se no conteúdo do 1º ano, através da


discussão sobre os clássicos da sociologia.


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Recursos didáticos utilizados:
1) Projetor multimídia;
2) Computador;
3) Caixa de som;
4) Quadro Negro;
5) Giz;
6) Folhas para redação;
7) Reportagens.

Aula 01 (2 horas/aula):

1) Matérias de portais: A aula se inicia com a projeção de duas matérias divulgadas em


portais de notícia online, “O Globo”1 e “iG - Brasil Econômico”2. O professor orienta a
leitura de ambas, mas explica que quer que os alunos somente leiam e lembrem dos
dados, para depois relacionar ao filme.
2) Filme: Para a apresentação do filme, pede-se que os alunos prestem a atenção nas
cenas sobre a experiência genética e sobre a seleção baseada na genética e façam várias
anotações sobre as cenas, em especial as memórias de Vincent.
Aula 2 (1 hora/aula):

1) Após o filme exibido, solicita-se aos estudantes que comentem sobre o que entenderam
do enredo;
2) Dentre os comentários, possivelmente (também em decorrência do que foi solicitado
antes da exibição do filme) os alunos citarão a questão do aprimoramento genético e a


1
https://oglobo.globo.com/economia/economistas-dados-do-ibge-mostram-que-desigualdade-
ainda-batalha-ser-vencida-22128307
2 http://economia.ig.com.br/2017-12-15/desigualdade-social-brasil.html
2
http://economia.ig.com.br/2017-12-15/desigualdade-social-brasil.html


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seleção de indivíduos geneticamente melhorados para os melhores postos de trabalho.
A partir deste comentário, o professor coloca no quadro palavras que possivelmente
aparecerão na fala dos alunos: nascimento, origem, destino, gênero/espécie, seleção,
diferença, classes;
3) A partir dos termos elucidados pelos alunos, o professor fala da questão da divisão da
sociedade em duas classes exposta no filme, a classe dos “filhos da fé” e a dos
geneticamente melhorados. Através disso, perguntar para a turma se observam na
sociedade em que vivem desigualdades como as apresentadas no filme, ou seja,
desigualdade em decorrência da origem;
4) Com a resposta dos estudantes, discutir as formas de desigualdade que os alunos
observam em sua realidade. Dentre elas, a desigualdade de classe;
5) Retomar, neste ponto, as matérias de portais de notícia exibidas anteriormente.
Projetá-las novamente e discutir com os alunos a questão da origem social (rico versus
pobre) e como tal origem influencia o acesso aos bens e à riqueza do país, por exemplo.
6) Explicar o conceito de desigualdade social segundo Marx;
7) Problematizar, com os alunos, a questão da meritocracia que aparece no filme. Através
do par romântico do protagonista, o filme retrata uma possibilidade de ascensão social
ligada ao mérito individual, ou seja, independente das limitações de origem, a
personagem alcança destaque. Por outro lado, para alcançar o posto mais alto e poder
realizar a viagem espacial, Vincent (o protagonista) teve que burlar o sistema; o enredo
se desenvolve por conta do assassinato do chefe de Vincent, ao qual se tornou suspeito,
e a possibilidade de ter sua identidade revelada, o que o colocaria novamente para fora
do sistema;
8) Perguntar aos alunos o que eles acham dessa contradição entre discurso meritocrático e
estrutura de classes. A partir disso, perguntar sobre como percebem as próprias
possibilidades de futuro.


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9) Por fim, orientar os alunos sobre a avaliação. Como se trata de uma exibição no 1º ano,
provavelmente no início do ano letivo, o professor pede para que os alunos escrevam
sobre sua realidade e suas expectativas quanto ao futuro, conforme melhor
apresentado abaixo.
Avaliação: A avaliação proposta se trata mais de uma possibilidade de diagnóstico das
condições, posições e percepções dos estudantes sobre sua realidade e seu futuro. Pede-se que
os estudantes escrevam um texto sobre sua origem, seu bairro, sua família, sua história. Depois,
pede-se que escrevam o que esperam para seu futuro.

Objetivos: O objetivo geral da exibição do filme Gattaca seria a introdução à disciplina de


Sociologia no Ensino Médio. Por meio da discussão sobre a desigualdade de classes e o
entendimento dos estudantes sobre meritocracia, o objetivo específico seria conhecer a
realidade social dos estudantes pelos próprios estudantes, em especial em contextos de escolas
públicas. Através desta atividade e das discussões propostas, portanto, acredita-se que pode-se
conhecer melhor os estudantes; através disso, torna-se possível planejar melhor as atividades a
serem realizadas ao longo da disciplina.

Expectativas quanto à exibição: O filme não é dos mais longos propostos nesta lista, porém
não conta com cenas de ação e aventura como outros do gênero Sci-fi. Com perfil mais
monótono, indica-se que sejam feitas claras orientações aos alunos de que anotem, na aula 1,
suas observações sobre o filme. Além disso, como se trata de um momento de integração, de
início de disciplina, sugere-se levar pipoca, sucos e refrigerantes para os alunos comerem e
beberem durante o filme. Como a discussão seria feita em outra aula, por conta do tempo
reduzido, a confraternização não a atrapalharia.


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Bibliografia:

GATTACA: Experiência genética. Direção: Andrew Niccol. Produção:Danny Devito, Michael Shamberg,
Stacey Sher. Columbia Pictures Corporation; Jersey Films: 1997.

CASAL, M. Camada 1% mais rica da população brasileira detém 28% riqueza do País. Brasil Econômico,
15 dez. 2017. Seção Economia. Disponível em: <http://economia.ig.com.br/2017-12-15/desigualdade-
social-brasil.html>. Acesso em: 19 mar. 2018.

CORRÊA, M. Economistas: dados do IBGE mostram que desigualdade ainda é batalha a ser vencida. O
Globo, Rio de Janeiro, 29 nov. 2017. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/economia/economistas-
dados-do-ibge-mostram-que-desigualdade-ainda-batalha-ser-vencida-22128307>. Acesso em: 19 mar.
2018.

MARX, K.; ENGELS, F. O Manifesto Comunista. 3. ed. São Paulo: Global, 1988.


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HER
(2013)

PLANO DE AULA - FILME “HER” (2013)


(Duração: 2h 06 min)

Escola: Atividade a ser realizada em escola com ensino médio regular ou EJA.

Turma: As questões que aparecem no filme serão melhor aproveitadas por alunos do 3º ano ou
de EJA.


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Filmes de Ficção Científica na disciplina de Sociologia


Recursos didáticos utilizados:

1) Datashow;
2) Caixa de som;
3) Quadro negro;
4) Giz.

Aula 01 (2 horas/aula):

1) Na primeira parte da aula, é apresentado rapidamente o conceito de “inovação” (e o


surgimento da disciplina Sociologia nesse contexto) e de “globalização”, se utilizando de
slides que facilitem capturar palavras chaves para o entendimento (mesmo que
inicialmente superficial) desses conceitos;

2) Exibição do filme “Her” (2013); pede-se que os alunos prestem a atenção para além da
relação entre Theodore e Samantha, tentando relacionar os conceitos previamente
elencados.

Aula 2 (2 horas/aula):

1) Após o filme exibido, solicita-se aos estudantes que comentem sobre suas impressões
do filme e sua correlação com a nossa sociedade atual e os conceitos de inovação e
globalização;

2) A partir do que os alunos trouxerem (e conduzindo o debate para o tema da tecnologia,


que será o provável tema mais citado) é feito um mapa conceitual no quadro
relacionando palavras que se correlacionem com a fala dos alunos e com os temas que
serão abordados no decorrer da aula (inovação, tecnologia, globalização, comunicação,
modernidade, revolução, realidade virtual, relação social, individualismo, etc.). Todos os


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conceitos serão guiados a partir de exemplos do filme, trazidos tanto pela professora
quanto pelos alunos;

3) Nesse momento, a professora parte para um modelo de aula um pouco mais expositiva,
mas deixando claro a possibilidade de interferência dos alunos a qualquer momento.
Aqui iniciamos apresentando o conceito da “mundialização das culturas” e abordando
mais profundamente do que é a globalização e quais são as suas decorrências, nos
termos dos sociólogos Octavio Ianni e Manuel Castells;

4) Nesse ponto, podemos relacionar a ideia de revolução, usando de objeto estratégico a


Revolução Industrial para pensar a Revolução Tecnológica, para tratar da ideia do que é
tecnologia, e como a inovação pode gerar mudança (e gerou, no caso da Revolução
Industrial) na sociedade e nas relações sócias. Aqui, podemos partir para a explanação
do conceito de modernidade, guiada pela frase de Marx “tudo que é sólido desmancha
no ar”;

5) Tendo em mente a ideia da globalização na modernidade e sua relação com a inserção


da inovação e do aperfeiçoamento tecnológico, que afeta os afazeres cotidianos, as
relações sociais, o modo de comunicar e gera uma cultura mais flexível, de fato uma
modernidade-mundo na sociedade global, é iniciado um debate sobre como os alunos
percebem a inserção da tecnologia no seu próprio cotidiano, e se eles acreditam na
possibilidade da existência de uma “revolução tecnológica”;

6) Finalizar a aula e o debate incitando uma reflexão sobre a relação homem x máquina, a
máquina como simulacro do homem, com luz a ideia de “cultura virtual do real” de
Manuel Castells e finalizando com os seguintes questionamentos: o que torna uma
pessoa humana e que faz com que uma máquina não possa sê-la? Até onde vai a
máquina e até onde vai o humano? É possível viver hoje sem tecnologia?


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Avaliação: Pedir aos alunos e alunas que façam o exercício de colocar no papel o que foi aprendido na
aula e o que acham dos últimos questionamentos levantados (no mínimo 10 linhas). Alternativamente,
pedir aos alunos e alunas para fazer um exercício prático em casa. Ficar um dia sem alguma tecnologia
relevante na sua vida, como celular, notebook, videogame, Netflix (ou mesmo sem usar um único site
específico) e depois fazer uma redação refletindo sobre a experiência e ampliando sobre os limites entre
tecnologia e humanidade.

Objetivos: O objetivo geral da exibição do filme Her, seria a melhor elucidação do papel da
tecnologia no nosso mundo globalizado e quais são suas decorrências. Por meio do debate e da
explanação de conceitos, o objetivo específico seria permitir aos alunos relacionar suas próprias
realidades a conceitos sociológicos, diminuído a distância entre o aluno e a discussão científica
sobre questões que afetam e de forma direta ou indireta são tão presentes no nosso cotidiano,
como a tecnologia, as consequências do mundo globalizado, a efemeridade da modernidade.
Através do exercício proposto, objetiva-se não só conhecer melhor os estudantes e suas visões
de mundo sobre os temas, mas o entendimento que se teve da aula e a possibilidade da
exemplificação desses temas como palpáveis para alunos do ensino médio.

Expectativas quanto à exibição: O filme é relativamente longo, porém rico imageticamente e


contém momentos de descontração, apesar de não contar com cenas de ação ou algo do
gênero. Mesmo se for considerado um filme monótono, pode ser estratégico para observar os
temas propostos, visto que a tecnologia e o mundo globalizado aparecem de forma explícita. É
interessante sugerir aos alunos, por ser um filme de pouco mais de duas horas, anotar as coisas
que lhe chamam atenção para trazer depois no debate ou tirar dúvidas. Uma proposta de
exibição do filme é que seja feita no contraturno, para que seja disponibilizado mais tempo
para a discussão, e tornando de alguma forma um evento mais atrativo, possibilitando os
alunos trazerem lanches, ou ser distribuído pipoca.


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Bibliografia:

HER. Direção, Produção e Roteiro: Spike Jonze. Warner Bros Pictures: 2013.

ARAUJO, S.; BRIDI, M.; MOTIM, B. Sociologia. São Paulo: Editora Scipicione, 2015.

BARROS, E.; ROST, M. “Eu sinto como se pudesse ser qualquer coisa com você”: uma metáfora do filme
“Her”. Educere et Educare: revista de educação. São Leopoldo, v. 11, nº 21, p. 113-124, jan-jul 2016.
Disponível em: <http://e-revista.unioeste.br/index.php/educereeteducare/article/view/13916/10063>.
Acesso em: 27 mar. 2018.

CASTELLS, M. A sociedade em rede: A era da informação. São Paulo: Paz e terra, 1999. v. 1.

CODATO, H. O Corpo e a Voz no Cinema Contemporâneo: reflexões sobre o filme Ela (Her, 2013), de
Spike Jonze. Significação: revista de cultura audiovisual. São Paulo, v. 43, nº 46, p. 106-125, 2016.
Disponível em: <http://www.periodicos.usp.br/significacao/article/view/120992/121181>. Acesso em:
27 mar. 2018.

IANNI, O. Enigmas da modernidade-mundo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.

IANNI, O. Sociologia e sociedade no brasil. São Paulo: Alfa-ômega, 1975.


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Filmes de Ficção Científica na disciplina de Sociologia


MARX, K.; ENGELS, F. O Manifesto Comunista. 3. ed. São Paulo: Global, 1988.

SANTOS, G. Tecnologia e Vigilância no Filme Her. In: CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA


REGIÃO SUL, 18., 2017, Caxias do Sul. Disponível em:
<http://portalintercom.org.br/anais/sul2017/resumos/R55-1244-1.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2018.

TAXI, R.; VERBICARO, L. A solidão da era virtual e o aprisionamento hedonista proporcionado pela
tecnologia: uma análise do filme “Her”. Revista de direito, arte e literatura. Maranhão, v. 3, nº 2, p. 1-
16, 2017. Disponível em:
<http://www.indexlaw.org/index.php/revistadireitoarteliteratura/article/view/2284/pdf>. Acesso em:
27 mar. 2018.


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O PREÇO DO AMANHÃ
(2011)

PLANO DE AULA - FILME “O PREÇO DO AMANHÔ (2011)
(Duração: 1h 41 min)

Escola: Atividade a ser realizada em escola com ensino médio regular.

Turma: As questões que aparecem no filme inserem-se no conteúdo do 1º ano, através da


discussão sobre os clássicos, mais especificamente Karl Marx.

Recursos didáticos utilizados:


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1) Datashow;
2) Caixas de som;
3) Quadro negro
4) Giz.

Aula 01 (4 horas/aula):

1) A aula inicia com a apresentação do filme pelo professor, expondo que é o longa
metragem norte-americano “O Preço do Amanhã”, lançado no ano de 2011 cujo diretor
é Andrew Niccol;

2) Após essa breve apresentação, haverá uma explicação inicial sobre a obra de Karl Marx,
expondo o motivo da grande importância desse autor para o desenvolvimento da
Sociologia enquanto disciplina científica e sua grande crítica ao capitalismo que tem
muito seguidores e críticos até os dias atuais. Atentar para que os alunos assistam o
filme com atenção e tentando fazer conexões com realidade empírica;

3) Exposição do filme;

4) Finalizada a exibição do filme, escrever no quadro “Mais Valia”, e perguntar aos alunos
o que eles pensam que significa esse conceito, estimulando-os a pensar nos assuntos
abordados no filme (principalmente as questão do tempo enquanto moeda);

5) Para Karl Marx, a força de trabalho é uma mercadoria. As mercadorias têm valor de uso
e valor de troca, sendo esses conceitos (respectivamente), a utilidade de uma
mercadoria e o seu preço (quanto ela vale em moeda). A mais valia é, para o pensador,
uma das coisas que embasam o Capitalismo. Trata-se da ideia de que o valor da força de
trabalho do funcionário não é correspondente ao salário que é pago ao mesmo, já que


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os trabalhadores trabalham muito mais do que realmente ganham, tornando possível o
lucro imenso dos detentores dos meios de produção;

6) Em seguida deve-se explicar aos alunos e alunas que há dois tipos de mais valia. Na Mais
Valia Absoluta encaixam-se os operários que em poucas horas de trabalho “pagam” o
seu salário e os gastos do seu trabalho, sendo o que resta de sua jornada de trabalho
inteiro destinado ao lucro do patrão. A Mais Valia Relativa é sobre o aumento de
funções e serviços de um trabalhador sem melhorar suas condições de trabalho,
explorando-o cada vez mais;

7) Após essa breve explicação sobre o conceito de Mais Valia, deve-se iniciar um debate
em que os alunos tentem perceber esse conceito no filme. O professor ou professora
deve incentivar os estudantes a entrarem no debate, dando exemplos de trechos do
filme tais como: a metáfora do tempo enquanto como dinheiro, dos ricos (patrões)
terem todo o tempo que quiserem enquanto os pobres (proletários) estarem sempre
correndo e ganhando pouquíssimo tempo de vida por seus trabalhos, é possível
também incitar um debate sobre desigualdade e mobilidade social.

Avaliação: Pode-se pedir aos alunos e alunas que elaborem um texto curto em que os mesmos
discorram sobre exemplos práticos e contemporâneos de mais valia, tal como a mais valia no
trabalho de seus pais, familiares ou conhecidos, ou em seus próprios trabalhos, a depender do
perfil da turma. Alternativamente, pedir para que os estudantes façam uma entrevista com
familiares que trabalham na indústria, por exemplo, buscando compreender tal relação de mais
valia. Fazer breve explicação sobre métodos de pesquisa com entrevista.

Objetivos: Tornar familiar e factível o conceito de mais valia (absoluta e relativa) e os de valor
de uso e valor de troca, conceitos elaborados pelo pensador Karl Marx no século XIX. Ressaltar
que são conceitos que estão presentes e podem ser observados na realidade empírica dos dias


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atuais. Os temas abordados no filme tornarão mais fácil a compreensão dos alunos da força de
trabalho enquanto uma mercadoria e a grande desigualdade social que há em nossa sociedade
por conta da exploração burguesa.

Expectativas quanto à exibição: As expectativas caminham junto com os objetivos, ou seja, há


a tentativa de explicitar os conceitos sociológicos teorizados por Karl Marx partindo de um
material audiovisual que pode tornar mais fácil compreensão dos alunos, por ter uma
linguagem mais próxima dos mesmos do que a própria escrita do filósofo sobre a mercadoria e
a mais valia no livro O Capital. O professor ou professora deve fazer o possível para tornar o
ambiente bom para que os alunos consigam assistir ao longa da melhor forma, buscando uma
sala em que não haja muitos barulhos externos e se possível um bom material de exibição e
som.

Bibliografia:


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O PREÇO do Amanhã. Direção e Roteiro: Andrew Niccol. Produção: Andrew Niccol, Marc Abraham e Eric
Newmann. Regency Films: 2011.

MARX, K. O Capital. 3. ed. , São Paulo: Nova Cultural, 1988. v. 2.


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EXPRESSO DO AMANHÃ
(2013)

PLANO DE AULA - FILME “EXPRESSO DO AMANHÔ (2013)


(Duração: 2h 06 min)

Escola: Atividade a ser realizada em escola que ofertam o ensino médio regular ou EJA.

Turma: Conteúdo a ser apresentado para o primeiro ano do ensino médio, porém também
pode ser apresentado para o restante do ensino médio, contanto que faça ligações com os


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conteúdos apresentados e que se contextualize os temas de acordo com a oferta para o ensino
médio.

Recursos didáticos utilizados:

1) Datashow;
2) Caixas de som;
3) Quadro negro
4) Giz.
Aula 01 (2 horas/aula):

1) Nesse momento, deve ser anunciado o filme que será utilizado na aula de maneira
breve. “Expresso do Amanhã” (2013): Quando um experimento para impedir o
aquecimento global falha, uma nova era do gelo toma conta do planeta Terra. Os únicos
sobreviventes estão a bordo de uma imensa máquina chamada Snowpiercer. Lá, os mais
pobres vivem em condições terríveis, enquanto a classe rica é repleta de pessoas que se
comportam como reis. Até o dia em que um dos miseráveis resolve mudar o status quo,
descobrindo todos os segredos deste intrincado maquinário.

2) Passar o filme para os alunos até o final.

Aula 02 (2 horas/aula):
1) Pedir aos alunos que falem sobre suas impressões finais sobre o filme. O filme tem
elementos que eles já haviam visto dentro de sala de aula? Quais conceitos sociológicos
poderiam ser relacionados com o filme? Pedir aos alunos que relacionem os conceitos
com cenas específicas do filme;
2) Introduzir os conceitos de estratificação e classes sociais, tendo em vista os diferentes
contextos que o filme expõe;


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3) Ao final, realizar atividade escrita em sala de aula, descrita no item seguinte,
“Avaliação”.

Avaliação: Pedir aos alunos que escrevam livremente sobre o que entenderam dos conceitos
sociológicos apresentados, e depois de apresentarem suas compreensões dos conceitos,
falarem como esses conceitos se relacionam com suas vidas, suas famílias, seus amigos, seus
trabalhos.

Objetivos: Introdução de conceitos sociológicos para os alunos através de filmes e debates


conduzidos pelo professor responsável. O objetivo dessa aula é ter um debate livre com os
alunos para que eles digam como o filme pode se relacionar com os conteúdos de Sociologia
vistos em sala de aula. Além do debate, será introduzido os conceitos de estratificação social e
classes sociais. Por fim, será proposta uma atividade para que os alunos consigam relacionar o
filme visto, com os conceitos sociológicos aprendidos, e com suas próprias vidas e experiências
do dia a dia.

Expectativas quanto à exibição: O filme é uma ficção científica que tem muitas cenas de ação,
portanto espera-se que os alunos consigam manter a atenção no longa, dado que este não é
monótono. Portanto, o esforço do professor, ao aplicar a atividade, deve ser fazer com que os
estudantes atentem para o conteúdo que pode ser relacionado com conceitos, e não somente à
ação e entretenimento proposto na produção audiovisual.


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Filmes de Ficção Científica na disciplina de Sociologia

Bibliografia:

EXPRESSO do Amanhã. Direção: Bong Joon-ho. Produção: Tae-Sung Jeong e Park Chan-Wook. Roteiro:
Joon-Ho Bong. Moho Film, Opus Film e Stillking Film, 2013.

MARX, K.; ENGELS, F. O Manifesto Comunista. 3. ed. São Paulo: Global, 1988.

WEBER, M. Classe, estamento, partido. In: WEBER, M. Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro: Zahar,
1982.


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Filmes de Ficção Científica na disciplina de Sociologia

ELYSIUM
(2013)

PLANO DE AULA - FILME: “ELYSIUM” (2013)


(Duração: 1h 50 min)

Escola: Atividade a ser realizada em escola com ensino médio regular ou EJA.

Turma: Conteúdo pode ser apresentado ao 1º ano do Ensino Médio. É recomendável que o
professor ao utilizar este conteúdo já tenha perpassado por assuntos como “surgimento da
sociologia”, e se necessário relembrar o seu contexto histórico.


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Filmes de Ficção Científica na disciplina de Sociologia


Recursos didáticos utilizados:

1) Datashow;
2) Caixas de som;
3) Quadro negro;
4) Giz.
Aula 01 (2 horas/aula):

1) Fazer um resgate histórico do século XVIII e XIX, expondo o fenômeno da Revolução


Industrial, ascensão burguesa, surgimento do Estado Moderno. Tentar expor dados
factuais para os alunos terem um contexto da desigualdade social, como resultado de
algma pesquisa ou apresentação de matéria jornalística atual;
2) Apresentar o conceito de “luta de classes”, mostrando exemplos da própria época de
como funcionava para Marx esta relação, explicando o que é propriedade, meios de
produção e mais-valia. É importante levantar o conceito de estratificação social,
mostrando que os estratos sociais podem ser variados, não sendo tratado de forma
exclusivamente binária (classe dominante e classe dominada);
3) Apresentar a ideia de “dominação social” utilizando como referência Max Weber,
expondo os três tipos de dominação, legal, tradicional e carismática.
Aula 02 (2 horas/aula):

1) Apresentar o filme, pedir para os alunos prestarem atenção nas cenas que remetem a
desigualdade social, dominação e as diferenças entre as classes dominantes e
dominadas que estão na obra.
2) Começar um debate, pedir a todos que exponham as percepções e analogias que
podem tirar do filme, fazendo um paralelo com as questões trabalhadas na primeira
aula.


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Filmes de Ficção Científica na disciplina de Sociologia


Avaliação: Podem ser passados exercícios aos alunos, questões que peçam para que o aluno
defina os conceitos de dominação e mostre onde isso ocorre no filme. Após, solicitar que as e
os estudantes pesquisem dados sobre desigualdade social, que é uma questão forte no filme,
para serem apresentados na próxima aula. Indicar que matérias de jornais e pesquisas
científicas são fontes confiáveis para pesquisa.

Objetivo: Ao fim da aula, é importante que os estudantes saibam identificar os tipos de


dominação, compreendam a maneira como se opera a luta de classes e façam uma reflexão
acerca da desigualdade social, sua origem desenvolvimento e consequências. É importante
ressaltar que tais conceitos dados são uma visão de uma teoria sociológica, e que como ciência
tais teorias são passíveis de críticas e variadas interpretações.

Expectativas quanto à exibição: O filme deixa bem claro a questão da desigualdade social, é
perceptível a prevalência de um estrato dominante e outro dominado, o que faz com que
facilite trabalhar com a teoria de dominação de Max Weber. Pode ser um pouco complexo
abordar os três tipos de dominação a partir do filme, mas é válido instigar os alunos a
compreenderem com clareza as diferenças entre elas mesmo que seja preciso utilizar exemplos
fora do filme (legal, tradicional e carismática). Perpassado pela ideia de dominação,
consequentemente entra em cena a ideia de “luta de classes” de Marx. Espera-se que através
do filme os alunos percebam como a classe dominada visa sempre atingir o patamar da classe
dominante, com os dominantes constantemente repelindo e marginalizando a dominada. Não
deverá ser difícil ao Professor fazer para analogias e utilizar exemplos do filme para abordar a
ideia de “luta de classes” exposta por Marx, uma vez que o filme explicita a conflituosa relação
entre os dominantes (a qual no filme são tratados como habitantes de “Elysium” e os
dominados que são os habitantes da Terra).


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Bibliografia:

ELYSIUM. Direção e Roteiro: Neil Blomkamp. Produção: Bill Block, Sue Baden-Powell, Simon Kinberg e
Neil Blomkamp. Sony Pictures, 2013.

MARX, K. O Capital. 3 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975. v. 1.

STAVENHAGEM, R. Estratificação social e estrutura de classes. In: VELHO, O.; PALMEIRA, M.; BERTELLI, A.
(Org.). Estrutura de classes e estratificação social. 5. ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1974. p. 133-
170.

WEBER, Max. Ensaios de Sociologia. Ed. Guanabara: Rio de Janeiro, 1981.


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EX MACHINA
Instinto artificial (2015)

PLANO DE AULA - FILME: “EX_MACHINA: INSTINTO ARTIFICIAL” (2015)


(Duração: 1h 48 min)

Escola: A ser realizada em colégio com ensino médio regular ou EJA.

Turma: Sugere-se que a atividade seja realizada com turmas relativas ao segundo ano do ensino
médio.


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Recursos didáticos utilizados:

1) Projetor multimídia;
2) Computador;
3) Caixa de som;
4) Quadro Negro;
5) Giz;
6) Folhas para redação;
7) Reportagens.

Aula 01 (4 horas/aula) (ou Aula 01 (2 horas/aula) até o tópico 2, e os demais em um segundo
momento com mais (2 horas/aula)).

1) Apresentar brevemente os conceitos relacionados aos temas que deverão ser


trabalhados a partir dos currículos do ensino médio, para que haja um
acompanhamento mais atento a determinadas questões que serão suscitadas pelo
filme;
2) Fazer a exibição do filme “Ex-Machina” (2015), estimulando previamente que as alunas
e os alunos se atentem com os conceitos previamente expostos em sala de aula
anteriormente à exibição;
3) Promover uma leitura de textos jornalísticos com temas similares3 para que se
promovam relações entre realidade contemporâneas, possivelmente da qual as alunas e
alunos são partícipes;


https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2018/04/vazamento-de- dados-do-facebook-atinge-
3

443117-usuarios-brasileiros.shtml e
http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2018-04/presidente-do-facebook-fala-
no- congresso-dos- eua-sobre- vazamento-de. Acesso em 21 de maio de 2018.


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4) Promover um debate, com a inserção em um quadro dos conceitos/ideias em que a
turma apresente as suas impressões a respeito do que perceberam através da exibição
do filme, com relações com as reportagens propostas e os conteúdos ministrados
previamente, de acordo com os currículos de sociologia no ensino médio, enfatizando
questões relacionadas aos usos de tecnologia na contemporaneidade, dos limites éticos
e a serem pensados com essa utilização, da globalização que faz transcenderem as
fronteiras do Estados Nação, do controle que as corporações exercem sobre coletivos
humanos e da segurança das informações que são fornecidas às redes mundiais no
tempo presente, e da ideologia que é pertinente a disseminação desses meios.

Avaliação: Como a proposta da aula é gerar discussão entre os alunos e alunas, a proposta de
avaliação segue a mesma linha. Neste sentido, divide-se a turma em grupos menores, sugere-se
grupos de 2 (dois) a 4 (quatro) alunos, e solicita-se que, dentro desses grupos menores, as e os
estudantes relacionem três cenas do filme com os conceitos trabalhados na aula, redigindo, ao
final, um relatório sobre esta atividade. Sugere-se também pedir para que as e os discentes
pesquisem sobre o site de notícias “WikiLeaks”, que vêm expondo situações em que a
segurança da informação é posta a prova. Pedir para que tragam casos de vazamento de
informação por meio deste portal. Atividade a ser realizada também em grupo; cada grupo
apresentará o caso de vazamento, contextualizando-o.

Objetivos: Promover reflexões que sejam suscitadas por relações provenientes de conteúdos
ministrados na disciplina de Sociologia com temáticas inseridas pela exibição do filme Ex-
Machina. Os temas propostos são relacionados com as temáticas relacionadas à globalização,
ideologia, controle, tecnologia, ética e segurança, que são de todo modo, centrais na película
proposta e nos currículos Sociologia no ensino médio.


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Filmes de Ficção Científica na disciplina de Sociologia


Expectativas em relação à exibição: Que sejam compreendidos certos conteúdos pertinentes
ao ensino da sociologia com auxílio de instrumentos a serem utilizados como promotores do
debate, nesse caso o filme “Ex-Machina” e as reportagens tanto da Folha de S. Paulo quanto da
Agência Brasil. Desse modo, pode ser propiciada uma diversificação nas possibilidades da
apresentação de temáticas além de um estímulo de raciocínios diversos na apreensão de fontes
variadas.

Bibliografia:

EX-MACHINA. Produção, Direção e Roteiro original: Alex Garland. EUA, DNA Films, Film4, Scott Rudin
Productions: 2015.

TOMAZI, N. D. Sociologia para o ensino médio. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.


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AULAS JÁ APLICADAS
AULAS JÁ APLICADAS

DISTRITO 9
(2009)

PLANO DE AULA - FILME: “DISTRITO 9” (2009)


(Duração: 1h 50 min)

Escola: Colégio Estadual Tiradentes – EFM.


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Turma: Conteúdo foi trabalhado na modalidade EJA (Educação de Jovens e Adultos).

Recursos didáticos utilizados:


1) Datashow;
2) Caixa de som;
3) Quadro negro;
4) Giz.
Aula 1 (2 horas/aula):

1) Exibição do filme. Dar uma ideia geral da trama e pedir para que os alunos prestem
atenção à questão da segregação social.

Aula 2 (1 hora/aula):

1) Perguntar para os alunos o que eles entendem por etnocentrismo e explicar o conceito
a partir de Everardo Rocha, usando palavras chave como cultura, colonização e
preconceito para mais à frente introduzir a ideia de segregação, dando exemplos no
filme;
2) Introduzir à ideia de diversidade cultural e relativização;
3) Dar uma definição de segregação social: Expor exemplos de marginalização, separação
ou exclusão de um grupo e/ou pessoas. Podem ser usados exemplos cotidianos do dia-
a-dia. Importante apontar que a segregação pode ser geográfica, cultural e econômica;
4) Mostrar como a segregação cria guetos, bem como exemplificar este fenômeno que é
retratado no filme;
5) Explicar o que é gueto a partir de Wacquant: estigma, limite, confinamento espacial e
encapsulamento institucional;
6) Explicação das 4 características abordadas pelo autor;


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7) Retornar ao passo dois. Mostrar exemplos concretos da segregação social presente no
filme e como as 4 características do gueto estão presentes no mesmo;
8) Dar um exemplo histórico da segregação social, mostrando o surgimento dos guetos nos
EUA, um tipo de segregação que tinha um caráter étnico;
9) Mostrar a conclusão de Wacquant, como a segregação social, bem como os sujeitos
segregados que vivem em guetos criam identidades, costumes, crenças e hábitos que
são produtos da intolerância. Tais efeitos e lógicas de viver são presentes no filme. O
distrito 9 é um gueto, este encontra-se conjugado a metrópole, é criado a partir da
intolerância e preconceito dos humanos frente aos “camarões”.
Avaliação: Sugere-se a realização de uma atividade de fixação do conteúdo trabalhado ao longo
da aula. Segue exercícios de “verdadeiro” ou “falso” propostos:

Sobre o etnocentrismo, julgue as seguintes afirmativas como verdadeiras (V) ou falsas (F):

1. o etnocentrismo é colocar sua própria cultura no centro e usa-la como padrão para avaliar a cultura
do outro. (V/F)

2. o etnocentrismo não é preconceito, mas uma ideia que pode ou não se mostrar de forma
preconceituosa. Um índio, por exemplo, pode acreditar que sua cultura é melhor que a do branco e isso
não é uma atitude discriminatória; já um ocidental acreditar que índios são selvagens e precisam do
conhecimento e ajuda do ocidente é etnocentrista e discriminatório. (V/F)

3. a cultura é o meio pelo qual nós avaliamos os outros, sendo que se eu estou correto, o outro está
errado; portanto é apenas nossa identidade e individualidade. (V/F)

4. ao relativizar nós não encontramos nenhuma verdade e perdemos nossa cultura. (V/F)


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Filmes de Ficção Científica na disciplina de Sociologia


Marque V (verdadeiro) ou F (falso)4.

( ) A segregação social ocorre em virtude de um conjunto de fatores sociais, econômicos,


culturais, históricos e raciais no espaço das cidades.

( ) A ausência de lazer, transportes e segurança só existe por que é característica nata aos
segregados.

( ) Utilizando a noção de gueto de Wacquant que foi exposta, a criação do gueto ocorre em
razão da pessoa que deseja ali morar, a que fatores externos como emprego, renda e educação.

( ) Gueto é um dispositivo sócio-organizador, que pode criar identidades, hábitos e relações


sociais específicas as pessoas que estão inseridas neste meio.

Bibliografia:


4
Esse exercício foi formulado pela autora Amarolina Ribeiro, fizemos algumas algumas
alterações para adequar a proposta do projeto. Nas referências está descrita a fonte
destes exercícios.


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Filmes de Ficção Científica na disciplina de Sociologia


DISTRITO 9. Direção e Roteiro: Neil Blomkamp. Produção: Peter Jackson e Philippa Boyens. WingNut
Films: 2009.

ROCHA, E. O que é etnocentrismo. Brasiliense, 2017.


WACQUANT, L. Que é gueto? Construindo um conceito sociológico. Rev. Sociol. Polit., Curitiba, n. 23,
p. 155-164, Nov. 2004. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
44782004000200014&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 22 jun. 2017.

PRESTIGIACOMO, A. Can white people be victim of racism?. The Daily Wire, 2016. Disponivel em:
<http://www.dailywire.com/news/9671/can-white-people-be-victims-racism-heres-what-amanda-
prestigiacomo>. Acesso em: 22 jun. 2017.

RIBEIRO, A. Exercícios Sobre Segregação Urbana. Mundo Educação. Disponivel em:


<http://exercicios.mundoeducacao.bol.uol.com.br/exercicios-geografia/exercicios-sobre-segregacao-
urbana.htm#resposta-3885>. Acesso em: 21 jun. 2017.

RIBEIRO, D. Falar em racismo reverso é como acreditar em unicórnios. Carta Capital, 2014. Disponivel
em: <https://www.cartacapital.com.br/blogs/escritorio-feminista/racismo-reverso-e-a-existencia-de-
unicornios-205.html>. Acesso em: 22 jun. 2017.


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MAD MAX

Estrada da fúria (2015)

PLANO DE AULA - FILME: “MAD MAX: ESTRADA DA FÚRIA” (2015)


(Duração: 2h 00 min)

Escola: Colégio Estadual Professor Loureiro Fernandes - EFMP.

Turma: O conteúdo foi aplicado para turmas do 2º e 3º anos, uma vez que a professora que
trabalhava com estas duas turmas decidiu uni-las para a realização da atividade.

Recursos didáticos utilizados:


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1) Datashow;
2) Caixa de som;
3) Quadro negro;
4) Giz.

Aula 1 (2 horas/aula):

1) Apresentar aos alunos a sinopse do filme: Assombrado por seu turbulento passado, Mad
Max acredita que a melhor maneira de sobreviver é vagar sozinho. No entanto, ele é
levado por um grupo em fuga através de Wasteland em um War Rig (carro de guerra)
dirigido por uma Imperatriz de elite chamada Furiosa. Eles estão fugindo de uma
cidadela tiranizada por Immortan Joe, que teve algo insubstituível roubado. Enfurecido,
o senhor da guerra convoca todas as suas gangues e persegue os rebeldes
impiedosamente na estrada de guerra que se segue;
2) Citar os conceitos a serem trabalhados, que são: a) luta de classes, b) escassez de
recursos e c) questão de gênero;
3) Exibir o filme (faz-se os recortes necessários, buscando reduzir o tempo de exibição).
Aula 2 (1 hora/aula):

1) Depois da exibição do filme, solicitar aos estudantes que falem o que acharam do filme,
o que puderam observar sobre relações sociais presentes. Se surgir a palavra
“diferença”, explicar transformando em “desigualdade”, visando dizer das lutas de
classe, escassez e questão de gênero;
2) Discutir em princípio luta de classes e escassez de recursos;
3) Questionar aos alunos: quem são os donos do poder naquela sociedade? Resposta: os
homens “ricos”, que detêm a água;


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Filmes de Ficção Científica na disciplina de Sociologia


4) Abordar questão de gênero: objetificação do corpo da mulher, mulher como
reprodutora passiva, Imperatriz Furiosa, mulher empoderada, que comanda a revolta,
mulheres que tinham sua própria comunidade;
5) Por fim, após ressaltar o papel das mulheres no filme – aquelas que buscam mudar a
realidade, tomando o poder para si – questionar porque o protagonista, que dá o nome
ao filme, é um homem.

Avaliação: Os estudantes deverão escolher outro filme de sua preferência no qual seja possível
perceber as mesmas questões. “As sufragistas”, por exemplo, traz a questão de gênero. Os
alunos e alunas devem entregar para o professor uma análise do filme à luz dos conceitos da
sociologia trabalhados na atividade, até duas páginas. O professor deve encaminhar ao grupo
para feedback.

Objetivo: Busca-se verificar a existência de relações sociais de poder, dominação, luta de


classes, racismo, etnocentrismo, questão de gênero e outros num contexto não esperado pelos
estudantes, o cinema Sci-Fi, com a intenção de gerar um olhar crítico capaz de perceber tais
relações em diferentes situações.


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Filmes de Ficção Científica na disciplina de Sociologia

Bibliografia:

MAD MAX: Estrada da Fúria. Direção de George Miller. Produção de Doug Mitchell, George Miller, P. J.
Voeten. Warner Bros. Pictures. 2015. 1 DVD (120 min.).

BLOGUEIRAS Feministas. Imperatriz Furiosa e as mulheres feministas em Mad Max: Estrada da Fúria.
2015. Disponível em: <http://blogueirasfeministas.com/2015/05/imperatriz-furiosa-e-as-mulheres-
feministas-em-mad-max-estrada-da-furia/>. Acesso em: 20 mai. 2018.

COHEN, Otavio. Como a mitologia e o feminismo fizeram de Mad Max: Estrada da Fúria o melhor filme
de ação do ano. 2015. Portal Superinteressante. Disponível em:
<https://super.abril.com.br/blog/cultura/como-a-mitologia-e-o-feminismo-fizeram-de-mad-max-
estrada-da-furia-o-melhor-filme-de-acao-do-ano/>. Acesso em: 20 mai. 2018.

FÓRUM. Mad Max: Estrada da Fúria (Feminista). 2015. Disponível em:


<https://www.revistaforum.com.br/mad-max-estrada-da-furia-feminista/>. Acesso em: 20 mai. 2018.


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Filmes de Ficção Científica na disciplina de Sociologia


GELEDÉS Instituto da Mulher Negra. “Mad Max: Estrada da Fúria” é o filme feminista que Hollywood
estava precisando. 2015. Disponível em: <https://www.geledes.org.br/mad-max-estrada-da-furia-e-o-
filme-feminista-que-hollywood-estava-precisando/>. Acesso em: 20 mai. 2018.

PENNA, João Camillo de Oliveira. Ficção científica: da condição inumana. Disponível em:
<https://www.dropbox.com/s/70ix8qy8sccjpq8/Penna%20%20Fic%C3%A7%C3%A3o%20cient%C3%ADfi
ca%20(Da%20condi%C3%A7%C3%A3o%20inumana).pdf?dl=0>. Acesso em 20 mai. 2018.


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A CHEGADA

(2016)

PLANO DE AULA - FILME: “A CHEGADA” (2016)


(Duração: 1h 56 min)

Escola: Colégio Estadual Padre João Winslinski.

Turma: 2º ano do Ensino Médio.


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Recursos didáticos utilizados:

1) Datashow;
2) Caixas de som;
3) Quadro negro
4) Giz.

Aula 1 (4 horas/aula):
1) Primeiramente o professor ou professora deve esclarecer dados do filme “A Chegada”.
Tais como: o longa norte-americano tem direção de Denis Villeneuve, foi lançado em
2016 e dar uma breve sinopse do filme (enormes conchas alienígenas chegam na Terra,
e numa tentativa de comunicar-se com os “visitantes”, o governo estado-unidense
convoca a linguista Dra. Louise Banks para entrar em contato com a nova espécie e
inicia-se então uma trama envolvente).
2) Em seguida deve ocorrer a exposição do filme.
3) Após a apresentação do filme a professora ou professor deve iniciar a aula
questionando aos estudantes o que acharam do filme, se já haviam pensado nessa
diferente forma de chegada dos alienígenas (sem guerra, armas, destruição e caos,
apenas querendo comunicar-se).
4) Em seguida, o professor ou professora deve escrever no quadro a palavra
“Antropologia”, e explicar aos alunos que no filme “A Chegada” a personagem Louise
Banks é um ótimo exemplo de como funciona o exercício da Antropologia. Ou seja,
explicar que o antropólogo ou antropóloga deve sempre fazer o exercício da alteridade,
tentando entender a forma como as diferentes culturas enxergam o mundo e a si
mesmo, assim como (utilizando a linguagem) Louise Banks conseguiu “aprender” a
forma cíclica como os octapódes viam o tempo.


SCI-FI no ENSINO MÉDIO 61
Filmes de Ficção Científica na disciplina de Sociologia


5) Definido isso (a tarefa da antropologia e das pessoas que estudam essa ciência), e
iniciada a discussão sobre a forma como os octapódes enxergam o tempo, é possível
começar uma exposição sobre o relativismo cultural.
6) O relativismo cultural é uma corrente antropológica que visa analisar as culturas de
forma não hierárquica ou etnocêntrica, tentando abordar os assuntos e conceitos de
cada cultura conforme a mesma se vê. Aplicando ao filme aqui abordado, tudo o que o
longa mostra sobre a “cultura” dos octapódes é a sua língua (que revela uma diferente
forma de enxergar o tempo), e a personagem principal precisa de um longo contato com
os alienígenas até que conseguisse “decifrar” a nova linguagem. O que os antropólogos
e antropólogas fazem é tentar entender os aspectos das diferentes culturas e
organizações presentes na Terra, tentando então estudar como os seres humanos se
organizam em grupos.
7) Para finalizar, o professor ou professora deve incentivar um diálogo e questionar aos
alunos sobre como a ideia do Relativismo Cultural e da Alteridade estão presentes em
seus cotidianos e a importância de se respeitar as diferentes culturas exercendo a
alteridade.

Avaliação: A proposta do plano de aula é relacionar a pesquisa etnográfica, método da


antropologia, com o filme “A chegada”. Deste modo, sugere-se pedir para as e os estudantes
procurarem sobre o canal de vídeos no YouTube “Vídeo nas Aldeias”, assistir ao menos 4
(quatro) vídeos no canal e, em seguida, escrever um relato sobre como se sentiram em relação
à diferença de crenças, modos de vida, percepções de mundo, história, entre os alunos e alunas
e os indígenas retratados no canal, que são ao mesmo tempo produtores e atores dos vídeos.

Objetivo: Explicitar o que é a Antropologia e o papel dos antropólogos e antropólogas, além de


tornar familiar os conceitos de Relativismo Cultural e Alteridade aos alunos com base nas
teorias de antropólogos como Roberto da Matta e Roque de Barros Laraia, respectivamente em
suas obras "Relativizando" e "O Conceito de Cultura" a partir da exposição do filme “A
Chegada” e com uma discussão da presença dos conceitos no filme e no cotidiano dos alunos.


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Filmes de Ficção Científica na disciplina de Sociologia

Bibliografia:

A CHEGADA. Direção: Denis Villenueve. Roteiro: Eric Heisserer. Produção: Dan Levine, David
Linde e Shawn Levy. FilmNation Entertainment: 2016.

DA DAMATTA, R. Relativizando uma introdução à antropologia social. Digressão: A fábula das


três raças, ou o problema do Racismo à Brasileira, 1981.

GOLDMAN, M. Alteridade e experiência: antropologia e teoria etnográfica. Etnográfica, v. 10, n.


1, 2006.

LARAIA, R. Cultura: um conceito antropológico. Zahar, 2001.


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Filmes de Ficção Científica na disciplina de Sociologia

Experiências e dificuldades da
aplicação do projeto

Neste tópico serão relatadas as experiências e dificuldades que os bolsistas do PET


presenciaram ao aplicar filmes de ficção científica e ministrar as aulas no Ensino Médio. Foram
expostos os filmes “Mad Max - A Estrada da Fúria”, “Distrito 9” e “A Chegada”, ministrados,
respectivamente, nos colégios estaduais Professor José Loureiro Fernandes, Tiradentes e Padre
João Winslinski. Salienta-se que todas as escolas são públicas. No caso do Colégio Tiradentes, a
apresentação foi exibida na modalidade EJA (Educação de Jovens e Adultos) no período da
noite, e nos demais, Ensino Médio regular no período da manhã.

Ressalta-se que todos os grupos tiveram o devido cuidado ao escolher o filme, tanto pela
classificação indicativa como pela escolha de um filme que captasse interesse do maior número
possível de alunos. Importante ressaltar que no caso do Colégio Tiradentes a classificação
indicativa não foi problema, visto que na modalidade EJA todos os estudantes tinham mais de
18 anos.

As aulas realizadas pelos grupos tiveram debates, discussões e exercícios. Cada grupo teve
autonomia para desenvolver um plano de aula que mais se adaptasse ao filme proposto. Após
a aplicação, notou-se uma dificuldade que foi unânime a todos os grupos: a questão do tempo.
As aulas de Sociologia têm duração de 50 minutos, no caso do colégio Tiradentes esse tempo
era ainda menor, 45 minutos. Isso tornou muito difícil à aplicação dos filmes, que tem em
média duas horas, mais à realização das aulas, debates e dinâmicas após (ou antes) dos filmes.
As tentativas negadas de aplicar a atividade no contraturno ou a dificuldade de conseguir aulas


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Filmes de Ficção Científica na disciplina de Sociologia


para o projeto demonstrou o quanto a disciplina de sociologia tende a ser desvalorizada na
grade e o quanto, em relação à outras disciplinas “clássicas”, ela é considerada dispensável, ou
não merecedora de uma dedicação e tempo maiores.

No Colégio Loureiro Fernandes a professora titular de Sociologia reuniu duas turmas, uma do
segundo e outra do terceiro ano para que pudessem utilizar duas aulas consecutivas, havia 22
alunos na sala de aula, tendo uma divisão de gênero razoavelmente similar. Na mesma escola,
por unirem duas turmas, ao tocar o sinal do fim da primeira aula a turma do segundo ano teve
de retirar-se da sala para assistir à aula de outra disciplina. Além disso, o sinal do fim da
segunda aula tocou 10 minutos antes do horário previsto, interrompendo o debate que estava
sendo realizado e impossibilitando que houvesse um momento de descontração após a
discussão em sala, com os lanches levados pelos aplicadores, que acabaram não sendo
consumidos.

A atenção dos alunos durante a exibição do filme foi parcial, estando alguns mais concentrados
do que outros. Percebemos que no momento em que foram suprimidas partes do filme, o nível
de atenção foi prejudicado, complicando a sequência da exibição, denotando a dificuldade
envolvida na exibição de filmes longos em um tempo reduzido de sala de aula. O filme “Mad
Max” foi exibido de forma legendada, após decisão dos alunos, que optaram por este formato
de áudio. Um problema enfrentado por este grupo se referiu aos ruídos escutados em sala de
aula, que internamente foram contornados pela professora, mas no caso do barulho advindo
dos corredores do colégio acabaram por deixar o ambiente até certo ponto, mais tumultuado.
Em certo momento, logo em seguida ao debate encerrado pela antecipação do toque do sinal,
um aluno levantou uma colocação que envolvia o conceito de “liberalismo”, faltando naquele
momento, tempo suficiente para a elucidação da inferência feita pelo estudante e término mais
qualificado das discussões realizadas que careceram de um fechamento bem delimitado. Em
relação aos materiais utilizados na realização do projeto, todos foram levados pelos


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Filmes de Ficção Científica na disciplina de Sociologia


aplicadores, que se encarregaram pelo transporte e instalação de um notebook, caixa de som,
um pendrive e um datashow fornecido pela UFPR. Mesmo com a questão do tempo
atrapalhando uma instalação adequada, todos os equipamentos funcionaram dentro do
esperado.

No colégio Tiradentes não houve essa dificuldade, o Professor concedeu 4 aulas de 45 minutos
cada, sendo estas aulas divididas em 2 dias. Porém, o que sobrou em tempo faltou em ausência
dos alunos. O filme foi passado inteiro e ainda sobraram aproximadamente 50 minutos para
discutir os conceitos que seriam trabalhados. Todavia, por ser modalidade EJA, muitos alunos
trabalham, tem filhos ou outras atividades externas que inviabilizam a permanência integral na
sala de aula. Ou seja, apenas 6 alunos assistiram ao filme inteiro e permaneceram durante toda
a discussão, muitos alunos chegaram durante a metade do filme ou saíram antes da aula.

No colégio João Winslinsk, a dificuldade não foi só em razão do tempo de aula para passar o
filme, houve também a dificuldade em ajustar os conteúdos propostos pelos aplicadores aos
conteúdos já trabalhados em sala pelo professor. Mesmo assim, foi possível exibir o filme por
completo, o único problema foi o tempo escasso para a discussão, já que sobrou apenas 20
minutos para a apresentação dos conteúdos de sociologia que pretendeu-se trabalhar naquela
data.

Conclui-se que todos os grupos tiveram dificuldades relacionadas ao tempo, em uma escola os
alunos saíram na metade da aula, na outra chegaram atrasados e na última o tempo que
sobrou para a discussão foi muito pequeno. Nas nossas experiências, o processo de debate e
exposição da aula não foi o maior problema enfrentado.

No Colégio Padre João Winslinski, foi debatido o conceito de alteridade que é um dos principais
conceitos da antropologia, que é bem ilustrado no filme “A Chegada”. Trabalhamos com a
noção de tempo, e em como a forma de ver o tempo pode ser muito diferente de acordo com a


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Filmes de Ficção Científica na disciplina de Sociologia


sociedade trabalhada; a sociedade ocidental tem uma perspectiva, os aliens do filme têm outra.
Exemplificamos também outros fatores culturais que variam em nas sociedades, como
alimentação, religião, reprodução, etc. Discorremos também sobre como é o trabalho do
antropólogo, e sua necessidade de desvencilhar-se o máximo possível de suas pré-noções e
julgamentos, não tendo um olhar discriminatório frente ao diferente, algo que é perceptível no
filme quando a linguista retira a proteção feita por humanos para entrar em contato com os
aliens. Também foi trabalhado o conceito etnocentrismo e a questão do choque cultural.
Apesar do pouco tempo de discussão, concluímos que os alunos interessaram-se pelo tema,
bem como pelos conteúdos sociológicos e antropológicos que trabalhamos por meio do filme.

O filme “Distrito 9” foi apresentado no Colégio Tiradentes, para trabalhar com os conceitos de
etnocentrismo, racismo e segregação social. Primeiro, fizemos uma breve explicação dos
conceitos, e depois iniciamos o filme, para que os alunos tentassem identificar traços dos
conceitos em situações do filme. Ao terminar o longa, iniciou-se a discussão, e foi
surpreendente a forma como os alunos interagiam entre si e com os esperadores das oficinas
(mencionamos anteriormente que apenas 6 alunos ficaram do início ao fim, mas durante a
discussão a maioria da turma estava presente, média de 15 alunos). Vários alunos se
identificaram com as temáticas trabalhadas, e eles próprios levantaram a questão das cotas
raciais ao tratar do racismo, assim como exemplos das suas próprias vidas ao explicarmos o
conceito de segregação social. Importante apontarmos que alguns alunos estavam cientes de
alguns conceitos e pareciam ter ainda mais interesse no assunto. A única reclamação dos
alunos perante a nossa apresentação foi o fato de o filme ser legendado. Ao fim da aula,
passamos uma folha com 4 questões objetivas para incitar os alunos a questionar e refletir
sobre o conteúdo que havia sido trabalhado.


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Filmes de Ficção Científica na disciplina de Sociologia

Conclusão

Em síntese, o projeto Sci-fi no Ensino Médio proporcionou uma experiência proveitosa de
extensão e ensino aos alunos do PET de Ciências Sociais da UFPR. Pudemos vivenciar o
ambiente de sala de aula ao mesmo tempo em que exploramos uma metodologia alternativa
de aplicação de conteúdos da sociologia para jovens do ensino público, através de filmes nos
quais essa abordagem pode não ser óbvia inicialmente. Os filmes de ficção científica tem um
maior apelo imagético e, ao trabalhar com jovens, torna-se fundamental que todos os recursos
para que os alunos se sintam envolvidos com o projeto sejam utilizados. Portanto, além dos
longas em si, comidas e diferentes dinâmicas de aula são interessantes para se pensar a
aplicação do Sci-fi no Ensino Médio.

No contexto trabalhado, havia problemas estruturais e de logística previamente contornados,


mas também alguns não premeditados, como a questão do tempo ou do quórum de alunos.
Porém, deve-se considerar as possíveis dificuldades intrínsecas a projetos de extensão, que
diminuem caso os planos de aulas sejam aplicados pelos próprios professores de sociologia, a
qual o e-book é destinado.

Isto posto, a ficção científica pode ser utilizada como ferramenta para ministrar um método
diferenciado de análise da realidade para as três turmas do ensino médio nos seus mais
diversos conteúdos da disciplina de sociologia. Esse e-book expõe como esses cenários se
deram em três colégios estaduais de Curitiba, assim como auxilia, junto aos planos de aulas, a
aplicação de outros filmes desse gênero cinematográfico.


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Filmes de Ficção Científica na disciplina de Sociologia

Bibliografia sobre filmes em sala de aula e


ficção científica
ABDALA JUNIOR, Roberto. O cinema na conquista da América: um filme e seus diálogos com a
história. Rev. Bras. Educ., Rio de Janeiro, v. 13, n. 37, p. 123-137, Apr. 2008. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
24782008000100011&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 15 mai. 2018.

ABUD, Katia Maria. A construção de uma Didática da História: algumas idéias sobre a utilização
de filmes no ensino. História, Franca, v. 22, n. 1, p. 183-193, 2003. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
90742003000100008&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 15 mai. 2018.

AGUIAR, Liliane Nonnenmacher de. Cinema e educação: o que dizem os professores de arte da
rede municipal de Criciúma/SC. 2013.

AOYAMA BARBOSA, Leila Cristina; BAZZO, Walter Antonio. O uso de documentários para o
debate ciência-tecnologia-sociedade (CTS) em sala de aula. Ensaio Pesquisa em Educação em
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BERINO, Aristóteles de Paula; VICTORIO FILHO, Aldo. Conversas com Jovens e Escolas que
Passam pelos Filmes e por Nossas Vidas. Educ. Real., Porto Alegre, v. 42, n. 2, p. 455-472, June
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BERTI, Andreza; CARVALHO, Rosa Malena. O Cine Debate promovendo encontros do cinema
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aula: conhecimento e aplicação da Lei Nº 11.645/08. Cadernos de Estudos e Pesquisa na
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SCI-FI no ENSINO MÉDIO 71
Filmes de Ficção Científica na disciplina de Sociologia


MACHADO, Carlos Alberto. Filmes de ficção científica como mediadores de conceitos relativos
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PAIXÃO, Iara Ribeiro et al. Drogras e sociedade: material de apoio a atividades educativas na
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PERINELLI NETO, Humberto; PAZIANI, Rodrigo Ribeiro. Cinema, prática de ensino de história e
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PIASSI, Luís Paulo. Clássicos do cinema nas aulas de ciências - A física em 2001: uma odisseia no
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Filmes de Ficção Científica na disciplina de Sociologia


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SCI-FI no ENSINO MÉDIO 73
Filmes de Ficção Científica na disciplina de Sociologia

LISTA DE FILMES E TEMAS


LISTA DE FILMES E TEMAS

2001: Uma Odisseia no Espaço (1968) - exploração espacial, inteligência artificial, vida
extraterrestre e “evolução humana”.

A mosca (1987) - a importância das aparências, questões estéticas, padrões e ditadura da
beleza.

Akira (1991) - Corpos máquina e distopia.

Brazil (1985) - dominação burocrática massiva, governo colocando-se acima de todas as
instituições.

Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças (2004) - relacionamentos e relações humanas.

Duna (1984) - modo econômico feudal, desenvolvimento do capitalismo e moeda.

Idiocracy (2006) - instituições sociais, socialização e fato social.

Lunar (2009) - isolamento do ser humano e a necessidade de se viver em sociedade.

Matrix (1999) - a metáfora do sistema capitalista e seus modos de produzir e ditar a vida
humana.

Metrópolis (1927) - desigualdade social e regimes autoritários.


SCI-FI no ENSINO MÉDIO 74
Filmes de Ficção Científica na disciplina de Sociologia


Minority Report (2002) - instituições sociais, violência policial, burocracia.

Neuromancer (1984) - desenvolvimento e uso da ciência e punitivismo.

Planeta dos Macacos (2017) - subjetividade humana e etnocentrismo.

Wall-e (2008) - questões socioambientais, poluição, produção acelerada do capitalismo.

O Sci-fi no Ensino Médio – projeto que deu origem a este e-book – foi
inaugurado em nosso PET no ano de 2017. Neste e-book constam dez planos de
aula, que se baseiam em três aplicações de filmes de ficção científica com
alunos de ensino médio regular e EJA da rede pública, que os bolsistas
realizaram em 2017. À partir dessa experiência, desenvolvemos os demais
planos de aula de variados filmes do gênero, a fim de que desses filmes se
retirem conceitos sociológicos para trabalhar em sala de aula com os alunos.
Portanto, esse e-book busca ser uma forma de repertório para professores de
Sociologia do ensino médio regular ou EJA, uma plataforma de conteúdos que
possa ser acessada no intuito de fornecer material didático a ser aplicado
dentro das salas de aula, baseado em outras três experiências de aplicação.
Então, além de livros didáticos que professores de sociologia constantemente
acessam, esperamos que este seja mais uma dentre várias fontes de
conhecimentos e de material didático utilizado nas escolas.

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