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O autor fala de um padrão de civilização que se tentou assimilar aqui, com ideia
muito bem definidos e reinantes no mundo moderno ocidental, com entidades que aqui
surgiram análogas em função e destino ao que sucedeu na Europa, mesmo que
marcadamente diferente, logo o esforço interpretativo deveria ir atrás dos requisitos
funcionais e estruturais.
Aqui não existiram burgos e nem a figura do burguês nas mesmas medidas que
o burguês europeu em sua origem, o que houve aqui foi o negociante e o “agente artesanal
inserido na rede de mercantilização da produção interna” (p. 18). A Independência trouxe
a valorização do alto comércio enquanto o agente artesanal ia aos poucos desaparecendo.
O autor defende que mesmo assim o que se tem antes do fim do escravismo é mais de
alguma forma uma aglutinação social de algum perfil do que uma classe propriamente
dita e que nas dinâmicas ainda imperava uma lógica estamental. Este “burguês” brasileiro
“nunca seria, no cenário do Império, uma figura dominante ou pura, com força
socialmente organizada, consciente e autônoma” (p. 19)
Desse modo Florestan defende o uso dos termos “burguês” e “burguesia” como
uma categoria legítima para análise macrossociológica do capitalismo no país. O passado
recente da Europa foi aqui reproduzido, foram absorvidas estruturas sociais, econômicas
e culturais. Abordar uma revolução burguesa no Brasil vem desse entendimento, uma
busca pelos agentes e investigação desse processo de rompimento com a ordem
tradicionalista, que levou ao sucesso da implantação de uma civilização moderna
ocidental no país.