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ANÁLISE DA VIABILIDADE ECONÔMICA ENTRE O TIJOLO DE

SOLO-CIMENTO E TIJOLO CERÂMICO PERFURADO

Jesiel Fonseca 251257, Caio Vinicius 281671,


Francisco Laercio 281831, Paulo Henrique 282552,
Leonardo Lucarevski 273031, Marcel Rodrigues 279461
Curso de Engenharia Civil – Universidade Braz Cubas
Orientador: Profº Anderson Pagoto

1- INTRODUÇÃO
A preocupação com a possível escassez dos recursos naturais é uma das justificativas
para o aumento da busca por materiais e técnicas que minimizem os impactos ambientais
gerados pela atividade mineradora em função da indústria da construção civil (FARIAS,
2002).
No Brasil, os principais problemas oriundos da mineração podem ser englobados em
quatro categorias: poluição da água, poluição do ar, poluição sonora e subsidência do terreno
(FARIAS, 2002).
Em geral, a mineração provoca um conjunto de efeitos não desejados que podem ser
denominados de externalidades. Algumas dessas externalidades são: alterações ambientais,
conflitos de uso do solo, depreciação de imóveis circunvizinhos, geração de áreas degradadas
e transtornos ao tráfego urbano (FARIAS, 2002).
A busca de novas soluções construtivas, o emprego viável de novos materiais,
ferramentas, o desenvolvimento sustentável e a eliminação do desperdício no canteiro de
obras através da racionalização de materiais e mão de obra, são desafios a serem encarados
por pesquisadores, engenheiros, arquitetos e a sociedade em geral (FARIAS, 2002).
Nesse contexto, novos materiais, ou ainda, materiais de elevado desempenho e sistemas
construtivos mais eficientes passam a ser os principais objetivos na tentativa de estabelecer
uma relação saudável entre o baixo custo e a qualidade de nossas obras sem desprezar a
cultura, a realidade de consumo e os limites da mão-de-obra (GRANDE, 2003). Pensando
nisso, uma das alternativas que vai ao encontro deste problema são as técnicas de construções
no universo da bioconstrução. Estas técnicas englobam diversas técnicas da
arquitetura vernácular mundial, algumas delas com centenas de anos de história e experiência,
tendo como característica a preferência por materiais nativos do ambiente local como terra,
madeira e, pedra, diminuindo gastos com fabricação e transporte e construindo habitações
com custo reduzido e que oferecem excelente conforto térmico, promovendo a construção de
ambientes sustentáveis por meio de uso de materiais que eliminam ou minimizam os impactos
ambientais (SOARES, 1998).
Uma das técnicas utilizadas dentro do universo da bioconstrução refere-se ao Solo-
Cimento. Essa técnica é muito utilizada para a obtenção de tijolos estruturais e de vedação e
o processo é basicamente uma mistura de solo, cimento e água, que é também utilizado na
preparação de sub-bases para construções de estradas e rodovias (MMA, 2008.).
O solo-cimento é empregado desde a primeira década do século XX nos Estados
Unidos, as pesquisas pioneiras sobre o material são de 1935, feitas junto ao PCA – Portland
Cement Association . Após 1960 o solo passa a ter vários estudos científicos e estas pesquisas
começam a ser divulgadas, principalmente por duas instituições: o IPT( industrias de
Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo) e a ABCP (Associação Brasileira de Cimento
Portland). O tijolo de solo-cimento pode ser confeccionado in loco e com material (o solo)
obtido no ambiente onde será utilizado mais a adição do cimento e água. O tamanho e modelo
podem ser escolhidos dependendo do projeto (PISANI, 2002).
No sistema de construção convencional atual, encontram-se diversos tipos de materiais
industrializados e alguns com preços bem acessíveis. Um exemplo deles é o tijolo cerâmico
perfurado (tijolo baiano), muito utilizado nas construções contemporâneas principalmente
como vedação de alvenarias. O tijolo cerâmico é um dos produtos desenvolvidos pela
indústria da cerâmica vermelha. A cerâmica é uma atividade de produção de artefatos a partir
da obtenção da argila, que depois é preparada, misturada, conformada, secada e finalmente
queimada (BACEELLI JR, 2010).
A partir do exposto, serão analisados aspectos referentes à viabilidade econômica do
tijolo solo-cimento comparando-a ao tijolo cerâmico.

2 - OBJETIVO
Realizar uma analise de custo entre construção com tijolo solo-cimento e o tijolo
cerâmico (tijolo baiano).

3 - METODOLOGIA
Este trabalho utilizou-se de pesquisa descritiva. Essa pesquisa foca-se nos fatos que
apenas são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados sem interferência
do pesquisador. O pesquisador descreve as características de determinada população ou
fenômeno, ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas
padronizadas de coleta de dados como questionário e observação sistemática. Assume, em
geral, a forma de levantamento (KAUARK; MANHÃES; MEDEIROS, 2010).
Para a coleta de dados utilizou-se da pesquisa bibliográfica e arquivos documentais.

4 – Análise de custo de produção


Considerando a construção de uma parede convencional com área de 8,1 m², bem como
os fatores comuns aos dois métodos de construção na formação do custo comparativo como
mão de obra, material de alvenaria e pintura.
Para paredes de solo-cimento: o frete de tijolos, cintamento com tijolo tipo canaleta
ferro 5/16”, grautes (“concreto com pedrisco, ferro 3/8”). Para parede de tijolo cerâmico:
colunas e cintas: madeira, concreto, ferro 3/8”, estribos (ECOL-TIJOLO, 2016).
O custo aproximado para alvenaria com tijolo cerâmico chegou a R$ 594,82 centavos,
já com o tijolo solo-cimento ficou em torno de R$ 442,45 centavos.
Nota: Valores calculados com base nos preços de materiais e serviços nas cidades de
São Paulo.
O custo do metro quadrado utilizando o tijolo cerâmico fica em torno de R$ 73,43
centavos, com o tijolo solo-cimento em torno de R$ 54,62 centavos, representando uma
diferença percentual de -25,62%.
Esta análise de custo entre os dois métodos construtivos pode ser vista também através
de uma tabela comparativa, conforme tabela 1.
Tabela 1

MATERIAIS SOLOCIMENTO TIJOLO BAIANO

Preç
Tijolo Solocimento 30 x 15 x 7,5 cm Unid Qtde Total Unid Qtde Preço Total
o
1- Parede com área de 8,1 m²
Tijolo Solocimento 30 x 15 x 7,5 cm Pç 360 0,95 342 pç 235 0,44 103,4
Cimento (TELHA NORTE 23/04) Kg 12 0 0 kg 12 0,56 6,72
Areia (PESADÃO MATERIAIS 23/04) m³ 0,13 0 0 m³ 0,13 77 10,01
Cal (C&C 23/04) Kg 20 0 0 kg 20 0,4 8
2- Pilares dentro dos furos (3 grautes) de 2,9 m
Areia (PESADÃO MATERIAIS 23/04) m³ 0,12 77 9,24 m³ 0,12 77 9,24
Cimento (TELHA NORTE 23/04) Kg 8 0,56 4,48 kg 8 0,56 4,48
Pedrisco (PESADÃO MATERIAIS 23/04) m³ 0,1 87 8,7 m³ 0,1 87 8,7
Tabua para caixaria 15 cm (leroymerlin 23/04) Ml 18 0 0 ml 18 3,7 66,6
Ripa para trav. da caixaria (leroymerlin 23/04) Ml 3 0 0 ml 3 3,72 11,16
Pregos Kg 0,5 0 0 kg 0,5 4,1 2,05
Ferro 3/8” para armadura Ml 12 1,4 16,8 ml 12 1,4 16,8
Ferrote 5/16” para estribos Ml 6,5 0 0 ml 6,5 0,6 3,9
Arame para amarras Kg 0,25 5,9 1,475 kg 0,25 5,9 1,475
3- Canaleta 0,10 x 0,10 x 3,0 m = 3m (2 canaletas)
Areia (PESADÃO MATERIAIS 23/04) m³ 0,02 77 1,54 m³ 0,02 77 1,54
Cimento (TELHA NORTE 23/04) Kg 10,5 0,56 5,88 kg 10,5 0,56 5,88
Pedrisco (PESADÃO MATERIAIS 23/04) m³ 0,02 87 1,74 m³ 0,02 87 1,74
Tabua para caixaria 15 cm Ml 24 0 0 ml 24 1,99 47,76
Ripa para travamento da caixaria Ml 3 0 0 ml 3 0,6 1,8
Pregos Kg 0,5 0 0 kg 0,5 4,1 2,05
Ferro 3/8” para armadura Ml 6 1,4 8,4 ml 6 1,4 8,4
Ferrote 5/16” para estribos Ml 4,42 0 0 ml 4,42 0,6 2,652
Arame para amarras Kg 0,05 5,9 0,295 kg 0,05 5,9 0,295
4- Reboco
Cimento (TELHA NORTE 23/04) Kg 25 0 0 kg 25 0,56 14
Areia (PESADÃO MATERIAIS 23/04) m³ 0,58 0 0 m³ 0,58 77 44,66
Cal (C&C 23/04) Kg 80 0 0 kg 80 0,4 32
5- Pintura
Massa corrida Gl 3 0 0 gl 3 36,9 110,7
Selador para alvenaria Gl 1 41,9 41,9 gl 1 41,9 41,9
Tinta no tijolo Gl 1 0 0 gl 1 26,9 26,9

TOTAL 442,45 594,812


DIFERENÇA % 100 -25,62

4.1 - Custo x Beneficio de uma construção com tijolo solo-cimento


O tijolo modular de solo-cimento possui características estruturais, seu sistema de
encaixes e os furos existentes no tijolo podem ser usados como embutimento de dutos
elétricos, hidráulicos, pilares e vigas, não havendo necessidade de cortes na alvenaria.
Automaticamente obtém-se uma redução de resíduos de obra e o tempo de construção pode
ser reduzido em até 50% por tratar-se de uma metodologia simples de construção que não
requer mão de obra especializada pela praticidade do material. Já o tijolo cerâmico, não
possui características estruturais, requer corte na alvenaria para instalação dos dutos elétricos
e hidráulicos, confecção de formas para pilares e vigas necessitando de tempo de espera de
cura para desforma e seu formato irregular requer obrigatoriamente a aplicação de reboco para
regularizar sua superfície para acabamentos (ECOL-TIJOLO, 2016).
As vantagens de se utilizar o tijolo solo-cimento em relação ao tijolo cerâmico são bem
relevantes. O custo final da obra pode ser reduzido em até 20% e uma economia de até 50%
no custo final da parede. A durabilidade pode ser muito maior que qualquer outro tipo de
alvenaria, desde que seja protegido das interpéries através de reboco ou aplicação de
impermeabilizante sobre sua superfície, não requer massa no assentamento dos tijolos, menor
peso, gerando economia de fundação, usa apenas impermeabilizante no acabamento
(opcional), o assentamento de azulejos pode aplicado diretamente sobre os tijolos , bem como
a aplicação de reboco, pintura, gesso, grafiato, etc. (ECOL-TIJOLO, 2016).

5 - Considerações Finais
Conforme a introdução inicial deste trabalho, o principal objetivo era fazer uma análise
da viabilidade econômica da construção de uma parede de alvenaria de 8,1 m² utilizando uma
técnica bioconstrutiva, comparada a uma técnica de construção convencional de baixo custo.
Os materiais escolhidos foram o tijolo de solo-cimento e o tijolo cerâmico e ficaram
evidentes as vantagens e as desvantagens de se utilizar esses métodos construtivos.
Considerando resultados obtidos nesta análise destacou-se economicamente a utilização da
técnica solo-cimento sendo a alternativa mais viável do ponto de vista como consumidor, e do
ponto de vista como empreendedor esta técnica de construção pode ser ainda mais
interessante, pois o investimento inicial para se fabricar este produto é bem baixo se
comparado ao sistema convencional.
O sistema de construção com o tijolo solo-cimento é bem simples, o tempo de obra e o
custo é substancialmente menor que o sistema convencional, o que pode favorecer projetos de
construções sociais de baixa renda em longa escala.
6 - REFERÊNCIAS
FARIAS, C. E. G. Mineração e Meio Ambiente no Brasil: Projeto BRA/00/045 do PNUD
2002.
GRANDE, Fernando Mazzeo. Fabricação de tijolos modulares de solo-cimento por
prensagem manual com e sem adição de sílica ativa: Dissertação de mestrado em
Arquitetura. EESC – Escola de Engenharia de São Carlos, São Carlos, 2003.
KAUARK, Fabiana; MANHÃES, Fernanda Castro; MEDEIROS, Carlos Henrique.
Metodologia de Pesquisa - Guia Prático: Via Literarum, 2010.
SOARES, A. L. J. Conceitos básicos sobre permacultura.Brasília: MA/SDR/PNFC, 1998.
RODRIGUES, W. C. Profº. Metodologia Científica – Paracambí: FAETEC/IST, 2007
PISANI, M. A. J. Um material de construção de baixo impacto ambiental: O Tijolo de
Solo-Cimento, 2004.
MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE. Curso de Bioconstrução, Brasilia, MMA, 2008.
ECOL-TIJOLO. http://www.ecol-tijolo.eco.br/. (05/2016)
IMAGENS
SAHARA TECNOLOGIA. http://www.sahara.com.br/imgs/adicional/prensa-12-5x25-
2.png (04/2016).
ECOL-TIJOLO. http://www.ecol-tijolo.eco.br/img2/06_vantagens/vantagens_tab.jpg.
(05/2016).

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