Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Parte 6
Funções contı́nuas
Então, dado ε > 0, existe δ = δ0 > 0, tal que |f(x) − f(a)| < ε para todo
x ∈ X ∩ (a − δ0 , a + δ0 ) = {a}.
Em particular, se todos os pontos de X são isolados, então toda função
f : X −→ R é contı́nua.
é contı́nua no ponto a.
Prova.
Dado ε = K − f(a) > 0, existe δ > 0 tal que f(a) − ε < f(x) < f(a) + ε = K
para todo x ∈ X ∩ (a − δ, a + δ).
A ⊂ U ∩ X.
• Em particular, se X é aberto, então A é aberto.
com lim xn = a.
n→∞
lim xn = a.
n→∞
p(x)
f(x) = , onde p e q são funções polinomiais, é contı́nua nos pontos
q(x)
onde o denominador q não se anula.
x + 1, se x ≥ 5
Exemplo 1.2 Seja f : R −→ R dada por f(x) =
16 − 2x, se x < 5
Prova.
Sejam a ∈ X e ε > 0 dados. Precisamos analisar três casos:
(1) a ∈ F1 ∩ F2
Como f|X∩F1 e f|X∩F2 são contı́nuas no ponto a, existem δ1 > 0 e δ2 > 0
tais que:
já que (X ∩ F2 ) ∩ (a − δ, a + δ) = ∅ .
(3) a ∈ F2 e a 6∈ F1 .
Este caso prova-se de modo análogo ao anterior.
[
x0 ∈ X, temos X = {x}, com {x} fechado, e f|{x} contı́nua em x, para
x∈X
todo x ∈ X.
Prova.
Sejam a ∈ X e ε > 0 dados. Então existe λ0 ∈ L tal que a ∈ Aλ0 .
Como Aλ0 é aberto, existe δ1 > 0 tal que (a − δ1 , a + δ1 ) ⊂ Aλ0 .
Além disso, como f|X∩Aλ0 é contı́nua no ponto a, existe δ2 > 0 tal que
|f(x) − f(a)| < ε , ∀ x ∈ (X ∩ Aλ0 ) ∩ (a − δ2 , a + δ2 ) .
Seja δ = min{δ1 , δ2 } > 0. Então,
|f(x) − f(a)| < ε , ∀ x ∈ (X ∩ Aλ0 ) ∩ (a − δ, a + δ) = X ∩ (a − δ, a + δ),
pois (a − δ, a + δ) ⊂ Aλ0 . Logo, f é contı́nua no ponto a.
[
Corolário 1.5 Sejam f : X −→ R e X = Aλ , onde cada Aλ é aberto.
λ∈L
2. Descontinuidades
Pela observação 2.1 da parte 5, temos que lim g(x) = 0 para todo a ∈ R.
x→a
de primeira espécie.
Neste exemplo, os limites laterais nos pontos de descontinuidade existem
e são iguais, mas são diferentes do valor da função nesses pontos.
De fato:
• se a é a extremidade superior de um dos intervalos abertos retirados na
construção do conjunto de Cantor K, temos que a ∈ K+0 e a ∈ A+0 , pois
int K = ∅ (lembre que A = [0, 1] − K), então, existem sequências (xn ) e
(yn ) tais que xn ∈ K, xn > a, yn ∈ [0, 1] − K = A, yn > a, xn → a e
yn → a.
Logo, f(xn ) → 0 e f(yn ) → 1. Portanto, não existe lim+ f(x), apesar
x→a
aberto contido em A.
• se a = 0, não existe o limite lim+ f(x) pelo mesmo motivo exposto acima,
x→0
e lim− f(x) não faz sentido, pois 0 6∈ [0, 1]−0 é o domı́nio da função.
x→0
Portanto, não existe lim− f(x), mas existe lim+ f(x) = 1, pois a é a extre-
x→a x→a
1
sen( x1) , se x 6= 0
Exemplo 2.11 Seja f : R −→ R a função f(x) = 1 + ex
0, se x = 0 .
Então lim− f(x) = f(0) = 0, mas não existe lim+ f(x). Logo, 0 é um ponto
x→0 x→0
Prova.
Se a ∈ X é um ponto isolado, então f é contı́nua em a. Seja a ∈ X ∩ X 0 .
Se a ∈ X ∩ X+0 , então existe δ > 0 tal que a + δ ∈ X. Logo, f|X∩[a,a+δ] é
limitada e monótona e, portanto, existe lim+ f(x).
x→a
Prova.
Se a é ponto isolado de X, então f é contı́nua em a.
Seja a ∈ X ∩ X 0 . Se a ∈ X ∩ X+0 , existe lim+ f(x) = f(a+ ) e se a ∈ X ∩ X−0 ,
x→a
−
existe lim− f(x) = f(a ), pelo teorema anterior.
x→a
Prova.
1
Para cada n ∈ N, seja Dn = x ∈ X σ(x) ≥ .
n
Então o conjunto dos pontos de descontinuidade de f é
[
D= Dn .
n∈N
Prova.
Pelo teorema 2.1, todas as descontinuidades de f são de primeira espécie.
Prova.
Primeira demonstração.
Como f é contı́nua no ponto a, dado ε = d − f(a) > 0, existe δ > 0,
δ < b − a, tal que f(x) < f(a) + ε = d para todo x ∈ [a, a + δ).
Então A = { x ∈ (a, b) | f(x) < d } 6= ∅, pois (a, a + δ) ⊂ A, e é aberto, pela
observação 1.7.
Como f também é contı́nua no ponto b, dado ε = f(b)−d > 0 existe δ > 0,
δ < b − a, tal que d = f(b) − ε < f(x) para todo x ∈ (b − δ, b]. Então o
conjunto B = {x ∈ (a, b) | f(x) > d} é não-vazio, pois (b − δ, b) ⊂ B, e é
aberto, pela observação 1.7.
Se não existir c ∈ (a, b) tal que f(c) = d, terı́amos (a, b) = A ∪ B, o que é
absurdo pela unicidade da decomposição de um aberto como reunião de
intervalos abertos dois a dois disjuntos, já que A 6= ∅, B 6= ∅ e (a, b) é
um intervalo aberto (ver corolário 1.1 da parte 4).
Segunda demonstração.
Seja A = {x ∈ [a, b] | f(x) < d}. Então, A é limitado e não-vazio, já que
f(a) < d. Seja c = sup A.
Afirmação: c 6∈ A.
Suponhamos, por absurdo, que c ∈ A, ou seja, que f(c) < d.
Como c ≤ b e f(b) > d, temos que a ≤ c < b. Sendo f contı́nua em c,
dado ε = d − f(c) > 0, existe δ > 0, δ < b − c, tal que f(x) < f(c) + ε = d
para todo x ∈ [c, c + δ) ⊂ [a, b), o que é absurdo, pois c é o supremo de
A e (c, c + δ) ⊂ A.
Além disso, como c é o limite de uma seqüência de pontos xn ∈ A, temos
f(c) = lim f(xn ) ≤ d.
n→∞
Observação 3.1 O teorema continua válido quando f(b) < d < f(a).
Prova.
Basta restringir f ao intervalo [a, b] e aplicar o teorema anterior.
Prova.
Sejam α = inf{f(x) | x ∈ I} e β = sup{f(x) | x ∈ I}.
Podemos ter α = −∞ se f é ilimitada inferiormente, e β = +∞ se f é
ilimitada superiormente.
Observação 3.2 No corolário acima, podemos ter f(I) = [α, β], f(I) =
(α, β], f(I) = [α, β) ou f(I) = (α, β).
Exemplo 3.1 Seja f : (−1, 3) −→ R dada por f(x) = x3 . Então, f((−1, 3)) =
[0, 9).
Exemplo 3.2 Para cada n ∈ N, seja f : [0, +∞) −→ [0, +∞) a função
definida por f(x) = xn .
Como f é contı́nua, f(0) = 0 e lim xn = +∞, temos que
x→+∞
Prova.
Para verificar que f é monótona, basta provar que f é monótona em todo
intervalo limitado e fechado [a, b] ⊂ I.
Como f é injetiva, temos f(a) 6= f(b).
Vamos supor que f(a) < f(b).
Prova.
Primeira demonstração.
[
Seja (Aλ )λ ∈ L uma cobertura aberta de f(X), ou seja, f(X) ⊂ Aλ e
λ∈L
cada Aλ , λ ∈ L, é aberto.
Então, para todo x ∈ X, existe λx ∈ L tal que f(x) ∈ Aλx .
Como f é contı́nua, para cada x ∈ I, existe um intervalo aberto Ix centrado
em x tal que f(Ix ∩ X) ⊂ Aλx .
[
Logo, como X ⊂ Ix e X é compacto, existem x1 , . . . , xn ∈ X tais que
x∈X
X ⊂ Ix1 ∪ . . . ∪ Ixn .
Assim, f(X) ⊂ Aλx1 ∪ . . . ∪ Aλxn , o que prova a compacidade de f(X).
Segunda demonstração.
Seja (yn ) uma sequência de pontos de f(X).
Para cada n ∈ N, existe xn ∈ X tal que f(xn ) = yn . Como X é compacto,
(xn ) possui uma subseqüência (xnk )k∈N que converge para um ponto x ∈
X.
Então, pela continuidade de f, temos que ynk = f(xnk ) −→ f(x), ou
seja, (yn ) possui uma subseqüência que converge para um ponto de f(X).
Logo, f(X) é compacto.
Prova.
Pelo teorema acima, f(X) é compacto e, portanto, limitado e fechado.
Então, inf f(X) e sup f(X) existem e pertencem a f(X), ou seja, existem
x1 , x2 ∈ X tais que f(x1 ) = inf f(X) e f(x2 ) = sup f(X).
1
Exemplo 4.1 A função f : (−1, 1) −→ R definida por f(x) = é
1 − x2
contı́nua, mas não é limitada, pois f((−1, 1)) = [1, +∞). Isto é possı́vel,
porque o domı́nio (−1, 1) não é compacto, pois, apesar de ser limitado,
não é fechado.
1
Exemplo 4.3 A função f : [0, +∞) −→ R definida por f(x) =
1 + x2
é contı́nua e limitada, pois f([0, +∞)) = (0, 1]. A função f assume seu
máximo 1 no ponto zero, mas não existe x ∈ [0, +∞) tal que
f(x) = 0 = inf{f(x) | x ∈ [0, +∞)}.
Isto é possı́vel porque o domı́nio de f não é compacto, pois, apesar de ser
fechado, não é limitado.
Prova.
Seja b = f(a) ∈ f(X) = Y e seja yn −→ b, onde yn = f(xn ) ∈ f(X).
5. Continuidade Uniforme
Prova.
Dado ε > 0 existe δ > 0 tal que
x, y ∈ X, |x − y| < δ =⇒ |f(x) − f(y)| < ε .
Como (xn ) é de Cauchy, existe n0 ∈ N tal que |xm −xn | < δ para m, n > n0 .
Logo, |f(xn ) − f(xm )| < ε para m, n > n0 , ou seja, (f(xn )) é uma seqüência
de Cauchy.
Prova.
Seja (xn ) uma seqüência de pontos de X − {a} tal que xn −→ a. Então,
pelo teorema anterior, (f(xn )) é de Cauchy e, portanto, convergente. Logo,
pelo corolário 1.4 da parte 5, existe lim f(x).
x→a
1 1
Exemplo 5.4 As funções f, g : (0, 1] −→ R, f(x) = sen e g(x) = ,
x x
não são uniformemente contı́nuas, pois não existem lim g(x) e lim f(x),
x→0 x→0
0
no ponto 0 ∈ (0, 1] .
Prova.
Primeira demonstração.
Dado ε > 0. Para cada x ∈ X existe δx > 0 tal que
ε
y ∈ X, |y − x| < 2δx =⇒ |f(y) − f(x)| <
2
[
Seja Ix = (x − δx , x + δx ). Então a cobertura aberta X ⊂ Ix admite uma
x∈X
Segunda demonstração.
Suponhamos que f não é uniformemente contı́nua.
Então existe ε0 > 0 tal que, para todo n ∈ N existem xn , yn ∈ X com
1
|xn − yn | < e |f(xn ) − f(yn )| ≥ ε0 .
n
Como X é compacto, a seqüência (xn ) possui uma subseqüência (xnk )k∈N
que converge para um ponto x ∈ X.
Então ynk −→ x, pois (xnk − ynk ) −→ 0.
Sendo f contı́nua, temos que lim f(xnk ) = lim f(ynk ) = f(x), o que
k→+∞ k→+∞
√
Exemplo 5.6 A função f : [0, 1] −→ R, f(x) = x, é contı́nua e, portanto
uniformemente contı́nua, pois [0, 1] é compacto.
√ √
| x − y| 1
Mas, f não é lipschitziana, pois o quociente = √ √ não é
|x − y| x+ y
1
limitado, já que lim+ √ √ = +∞.
x→0 x+ y
√
Por outro lado, a função g : [0, +∞) −→ R, g(x) = x, da qual f é uma
restrição, é uniformemente contı́nua, embora seu domı́nio [0, +∞) não
seja compacto.
De fato, g|[1,+∞) é lipschitziana, pois
|x − y| 1
|g(x) − g(y)| = √ √ ≤ |x − y|, para x, y ∈ [1, +∞) .
x+ y 2
ε
• x, y ∈ [0, 1], |x − y| < δ1 =⇒ |g(x) − g(y)| < ˙;
2
ε
• x, y ∈ [1, +∞), |x − y| < δ2 =⇒ |g(x) − g(y)| < .
2
Seja δ = min{δ1 , δ2 } > 0 e sejam x, y ∈ [0, +∞), |x − y| < δ.
Assim, se
ε
• x, y ∈ [0, 1] =⇒ |g(x) − g(y)| < < ε;
2
ε
• x, y ∈ [1, +∞) =⇒ |g(x) − g(y)| < < ε;
2
• x ∈ [0, 1] e y ∈ [1, +∞) =⇒ |x − 1| < δ e |y − 1| < δ
ε ε ε ε
=⇒ |g(x) − g(1)| < e |g(y) − g(1)| < =⇒ |g(x) − g(y)| < + ≤ ε .
2 2 2 2
Prova.
Vamos definir ϕ no conjunto X = X ∪ X 0 .
Como f é uniformemente contı́nua, pelo Corolário 5.1, existe lim0 f(x) para
x→x
0 0
todo x ∈ X .
Definimos, então, ϕ da seguinte maneira:
ϕ(x 0 ) = lim0 f(x) se x ∈ X 0 e ϕ(x) = f(x) se x ∈ X.
x→x
Logo,
ψ(x) = lim ψ(xn ) = lim f(xn ) = lim ϕ(xn ) = ϕ(x) .
n→+∞ n→+∞ n→+∞
Prova.
Seja ϕ : X −→ R a extensão contı́nua de f.