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Realimentando discussão sobre teoria de Desenvolvimento Local (DL)

Renourishing the discussion on the theory of Local Development (LD)


Realimenter la discussion sûr la théorie de Développement Local (DL)
Realimentando la discusión sobre la teoría del Desarrollo Local (DL)

Vicente Fideles de Ávila*


Recebido em 24/7/2005; revisado e aprovado em 27/2/2006; aceito em 26/5/2006

Resumo: O presente texto foi elaborado com a principal finalidade de subsidiar os ex-alunos da disciplina “Teoria do
Desenvolvimento Local (DL)”, do Mestrado em Desenvolvimento Local/UCDB, a continuarem discutindo e
aperfeiçoando as dimensões teórico-conceitual e teórico-operacional do DL. Em estilo bastante coloquial, os aspectos
destacados no texto concernem, primeiro, à triangular relação DL-comunidade-sociedade e, segundo, à importância
da ação dos Agentes-do-DL em espaços funcionais de: retaguarda, por influência em seus ambientes ou entidades de
vinculação profissional; vanguarda, ou de efetiva militância nas próprias comunidades-localidades visadas pelo DL;
ou do trabalho simultâneo nos dois espaços funcionais anteriores.
Palavras-chave: Comunidade e Desenvolvimento Local; agente de Desenvolvimento Local; comunitarização para
Desenvolvimento Local.
Abstract: The text in hand was prepared with the main aim of helping ex-students of the discipline “Theory of Local
Development (LD)”, of the Master’s Degree Course in Local Development at the Dom Bosco Catholic University, to
continue discussing and perfecting the theoretical-conceptual and theoretical-operational dimensions of Local
Development. In a quite colloquial style, the aspects brought out in the text concern, firstly, the triangular relationship
Local Development-community-society and, secondly, the importance of the action of Local Development Agents in
functional spaces of: bringing up the rear, by influencing their environments or professional entities; in the forefront, or
effective militancy in their own local communities endorsed by Local Development; or of simultaneous work in the
two former functional spaces.
Key words: Community and Local Development; Local Development agent; community formation for Local
Development.
Résumé: Ce texte a été élaboré pour aider les anciens élèves du cours « Théorie du Développement Local (DL)», du
Master en Développement Local/UCDB, à continuer la discussion et à chercher à perfectionner les dimensions
théoriques conceptuelles et opérationnelles du DL. Dans un style plutôt simple, les aspects détachés dans le texte
disent respect, premièrement, à la relation triangulaire DL-Communauté-société, et, deuxièmement, à l’importance
de l’action des Agents du DL dans des espaces fonctionnels:d’arrière-garde, par l’influence dans leur milieu ou
organisme de rattachement professionnel ; d’avant-garde, ou de participation effective dans les communautés-localités
elles-mêmes qui sont visitées par le DL, ou du travail simultané dans les deux aspects fonctionnels antérieurs.
Mots-clé : Communauté et Développement Local; Agent de développement Local; Formation de Communautés
pour Développement Local.
Resumen: El presente texto fue elaborado con la principal finalidad de subvencionar a los ex alumnos de la disciplina
“Teoría del Desarrollo Local (DL)”, del Máster en Desarrollo Loca / UCDB, para continuar discutiendo y perfeccionando
las dimensiones teórico-conceptual y teórico operacional del DL. En estilo bastante coloquial, los aspectos destacados
en el texto conciernen, primero, a la triangular relación DL-comunidad - sociedad y, segundo, a la importancia de la
acción de los Agentes-del-DL en espacios funcionales de: retaguardia, por influencia en sus ambientes o entidades de
vínculo profesional; vanguardia, o de efectiva militancia en las propias comunidades-localidades visadas por el DL;
o del trabajo simultáneo en los dos espacios funcionales anteriores.
Palabras claves: Comunidad y Desarrollo Local; agente de Desarrollo Local; cooperativismo para el Desarrollo Local.

Esta matéria se vincula ao projeto de Grande-MS), bem como quaisquer outros


pesquisa “Essência Constitutiva de Comu- possíveis interessados, à ampliação de dis-
nidade no Prisma do DL”, de que participo cussão enriquecedora dessa Teoria. Daí o
com outro professor e boa equipe de pesqui- estilo bastante coloquial que a caracteriza.
sadores-mestrandos, mas com intuito ime- Importa dizer-lhes – ex-alunos – que
diato e direto de incitar os ex-alunos da dis- me foi muito prazeroso trabalhar com vocês
ciplina “Teoria do Desenvolvimento Local” o arcabouço-teórico básico do DL. Isso, em
(do Programa de Pós-Graduação – Mestrado virtude de que remexer culturas já impreg-
em Desenvolvimento Local da Universidade nadas, e por vezes bastante solidificadas em
Católica Dom Bosco-UCDB, de Campo nossos históricos lastros pessoais e

* Docente do Módulo 1 da disciplina “Teoria do Desenvolvimento Local”, do Programa de Pós-Graduação –


Mestrado em Desenvolvimento Local da Universidade Católica Dom Bosco-UCDB, de Campo Grande-MS.

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Revista Internacional de Desenvolvimento Local. Vol. 8, N. 13, p. 133-140, Set. 2006.
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institucionais, é constante desafio pela pre- ver com as dimensões individual e coleti-
visivelmente normal sensação de desinsta- va da identidade, como tratada inclusive
lação cultural e, por vezes, sensação de inse- para efeito do DL3.
gurança operacional que expectativas a res- Mas esta fundamental diferença, entre
peito desse tipo de “pretensão” acabam sem- performances de vida em “comunidade” e em
pre gerando, sobretudo no primeiro semes- “sociedade”, também tem tudo a ver com DL.
tre de ingresso num Programa de Mestrado. No primeiro caso, os indivíduos/cidadãos
Então, em cada começo das aborda- podem influir direta e incisivamente nos (por
gens teóricas do DL com turmas diferentes, vezes até decidir sobre os) seus rumos, meios
também fico de certa forma apreensivo so- e métodos individuais e coletivos de vida (o
bre como serão ou não “ruminadas” por que constitui exercício de cidadania), embo-
todos, “metabolizadas” por uma parte e ra nem sempre isto ocorra por falta de apti-
“expelidas” por outra, sempre me esforçan- dões internas (capacidades, competências e
do e torcendo para que esta seja a menor habilidades para tal) ou pelo esmagamento
possível ou sequer exista. do dirigismo externo, sempre voltado à im-
Afinal, o DL é coisa de território/es- posição e perpetuação da dependência socie-
paço coletivamente dimensionado1, mas sem- tariamente verticalizada. E isto constitui, sem
pre considerando que os territórios/espaços dúvida, situação de impasse, dado que, por
coletivizados se afloram das dimensões ou um lado, o dirigismo externo bloqueia portas
propriedades comuns dos territórios/espa- ao desenvolvimento de aptidões e, de outro,
ços individuados, propriedades estas – já for- torna-se difícil pensar na superação do
madas, em processo de formação ou passí- dirigismo externo sem que se desenvolva e
veis de serem formadas se houver potencia- exercite capacidade de aptidões. No entanto,
lidades para tal – que se interfaciem, intera- o progressivo rompimento desse impasse é
jam, intercomplementem e ensejem a emer- possível mediante a “comunitarização para
são dos embrionários “núcleos galáticos” de DL”, como se reitera à frente.
coletivização, em processo de expansão ex- Em se tratando do segundo caso, a co-
terna e complexação interna. Daí por que o letividade formalizada – isto é, regida por re-
gérmen “nuclear” da “coletivização” de uma lacionamentos “secundários” independente-
comunidade pode iniciar-se pela interativi- mente de laços “primários”– é que dita as re-
dade de propriedades comuns a restrito nú- gras de performances da vida em sociedade,
mero de indivíduos para se estender: restando aos indivíduos/cidadãos apenas as
- primeiro, a todo conjunto “localizado” de influências indiretas (via delegação ou repre-
indivíduos, em ambiente de predomínio sentação) – exercitadas por direitos de voto,
dos relacionamentos “primários” sobre os acusação, defesa e similares – nas decisões de
“secundários”2 ou até de certa equilibração leis, normas, regimentos e regulamentos que
entre os mesmos, portanto constituindo vigem independentemente dos limites vitais
aquela categoria de coletividade sociologi- dos indivíduos que compuseram, compõem
camente denominada “comunidade”; ou comporão a concernente coletividade.
- segundo, à categoria de coletividade mais No que se refere às duas dimensões
formal e de espectro território/espacial societárias pontuadas acima, importa lem-
também mais abrangente – chamada brar ou enfatizar, portanto, que:
“sociedade” –, porque esta pode delimi- a) Pelo princípio da dedução4 (o que vale
tar-se da dimensão dos relacionamentos para o todo se atribui automaticamente a
“secundários” tanto entre só dois indiví- cada parte), no “regime societário” a regra
duos quanto por aglutinação de pessoas tem sido a de os indivíduos serem compul-
que se agreguem em territórios/espaços soriamente submetidos ao que é estabele-
muito mais amplos, ou seja, por relaciona- cido às coletividades de que fazem parte,
mentos “secundários” que jurisdicionem a não importando se gostem ou não, se o
totalidade de cidadãos de uma localidade, acham correto ou incorreto, justo ou in-
uma região, um país e até mesmo seres justo (daí por que em “sociedades” demo-
humanos consorciados em escalas inter, cráticas reservam-se também aos indiví-
trans ou supranacionais. E isso tem tudo a duos/cidadãos os direitos de defesa e

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acusação perante as instituições societaria- mente contributivas, das peculiaridades de


mente reguladoras). cada comunidade-localidade.
b) Como concebido no âmbito da disciplina e) Mas é possível, lógico e altamente desejá-
“Teoria do Desenvolvimento Local” do vel pensar em planos e estratégias de de-
Programa de Mestrado da UCDB, o DL5 é senvolvimento A PARTIR DO DL em todas
fundamentalmente coisa de “comunidade ou cada uma dessas amplitudes8, de for-
ativada para DL”, porque é aí que os indi- ma que as macro-estratégias nacionais e
víduos/cidadãos podem se “desabrochar” regionais se assentem nas (bem como se
para catalisarem propriedades comuns, interajam e intercomplementem com as)
inclusive as que visem o cultivo de diferen- micro-estratégias comunitarizadas, ou até
ças enriquecedoras da contínua geração e delas comecem a emergir, pois, se o pro-
dinamização de potencialidades, condi- cesso do DL for genericamente compara-
ções e ações para cada vez mais e melhor do ao da dinamicidade vital de uma árvo-
influenciar direta, compromissada e com- re, tem-se que: 1°, qualquer árvore ou plan-
partilhadamente nos rumos, meios e méto- ta precisa tanto das correntes de ar e fa-
dos individuais e coletivos da vida territo- chos de luz que vêm de cima (simbolizan-
rial, espacial e solidariamente localizada. do as macro-estratégias externas) quanto
c) Também retomando a questão do impasse, dos nutrientes orgânicos e minerais micro-
apontado atrás no caso das performances estrategicamente sugados de baixo (pelas
de vida em “comunidade”, e em teoria se raízes e partícula-a-partícula), evidente-
possa até pensar nas coordenadas funda- mente tornando-se capaz de “metaboli-
mentais de “comunidade média ideal” zar” tudo o que micro e macro-estrategi-
para efeito de DL6, a expressão “comuni- camente conseguir captar de baixo, de
dade ativada para DL” significa que, em cima e dos lados em fatores de manuten-
termos concretos, ninguém achará por aí ção e evolução ou transformação de sua
nenhuma “comunidade pronta para DL”, própria vida; 2°, quando uma árvore mor-
ou seja, poderá até se deparar com con- re, a tendência natural é a de que já tenha
tingentes populacionais localizados (os espalhado sementes ao longo de toda a sua
caracterizados como “comunidades tradi- existência-fecunda para o surgimento,
cionais” ou outros com menos vínculos pelo menos a cada primavera, de outras
“primários” de agregação) mais ou menos que continuem e expandam esse dinami-
propícios a projetarem e assumirem o pró- camente prodigioso processo de geração-
prio desenvolvimento, mas jamais em con- manutenção-transformação da vida (daí
dições ideais para tanto. Isso enseja a infe- por que cada ser vegetal e animal é por
rência, sem medo de erro, de que investir natureza dotado de potencialidade re-
na “comunitarização” visando o DL já é produtiva-reposicionadora-renovadora).
real atitude implementadora do mesmo, f) Em tese, a idéia de planos macro-estratégi-
na verdade em sua expressão mais impor- cos de desenvolvimento A PARTIR DO DL
tante, porque esse tipo de investimento é lógica e até certo ponto muito simples,
uma vez iniciado nunca mais poderá ser mas, na prática, depara-se com a “cultura
interrompido, não importando se por con- da tecnocracia imediatista”, aquela de a
sórcios de iniciativas e esforços de agentes tudo – e “a priori”– querermos “sistemizar”
externos e internos ou elevação da capaci- configurando “parcelas” pela divisão de
dade da auto-suficiência de permanente “totais” (com base em coeficientes aproxi-
conquista pelos próprios agentes internos. mados e artifícios equalizadores de
d)Portanto, é ilógico pensar logo de cara em arredondamento “sistêmico”), na contra-
planos e estratégias DE DL arquitetados mão do DL cuja matemática se alinha na
uniforme ou medianamente para “socie- contínua geração de realmente boas e dife-
dades” em amplitudes nacional, regional7 renciadas “parcelas” (performances comu-
e mesmo local apenas “secundariamente” nitário-locais9) que sem trégua se somem
articuladas, tendo em vista que não res- em cada vez melhores e diversificados “-
peitaria e mesmo desperdiçaria as rique- totais” (performances tipicamente societá-
zas potenciais e factuais, diferenciada- rias locais, regionais e nacionais).

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g) Isso significa que, pela articulação, intera- derá do que conseguirmos amalgamar das
ção e intersecção de propriedades comuns: maneiras interativas e intercomplementares
1°) os indivíduos/cidadãos influenciarão de pensar e agir, nessa perspectiva, dos in-
direta e incisivamente nos rumos, meios e divíduos-mestrandos que compõem, primei-
métodos de vida da cada comunidade-lo- ro, cada turma em particular e, segundo,
calidade; 2°) os rumos, meios e métodos todo o conjunto de turmas abrangidas por
de organização e funcionamento de cada nosso Programa, bem como do processo
dimensão societária (local, regional e na- dialético de difusão-catalisação que todos
cional) também sofrerão influências dire- nós irradiarmos/apurarmos ao longo de
tas e incisivas das propriedades comuns nossas performances pessoais e profissionais,
emergentes das comunidades-localidades, não importando onde, como ou quando.
em termos tanto de igualdades/similitudes E, para minha presente satisfação e
quanto de diferenças/peculiaridades; 3°) realização, os esforços têm sido compensa-
o desenvolvimento começará a se enrai- dos, inclusive o de documentar praticamen-
zar e brotar inclusive das diferenciadas te todo o arcabouço teórico – de minha la-
maneiras de as pessoas concreta e cidadã- vra – em textos escritos e disponíveis para
mente se relacionarem em patamares indi- públicas “ruminações”, sobretudo posterio-
vidualizados, coletivo-comunitarizados e res à disciplina nos casos dos ex-alunos. Até
coletivo-societarizados; 4°) mais cedo ou o momento, não me deparei com posições
tarde, a formação da cultura de autêntico ou questões que contradissessem frontal-
DL10, no sentido de a própria comunida- mente o que tenho escrito e dito (como fruto
de-localidade se tornar paulatinamente do já pensado e vivido) ou que ainda venho
capaz e competente de se desenvolver (e dizendo e vivendo para, quiçá, escrever de-
não apenas a do Desenvolvimento NO pois e nas perspectivas de avanços, redimen-
Local-DnL11, pelo qual a comunidade-lo- sionamentos, revisões e até auto-superações
calidade se caracteriza mais como sede fí- em níveis pessoais e institucionais.
sica do desenvolvimento que sua benefici- Quanto à continuidade das menciona-
ária, ou a do Desenvolvimento PARA O das “ruminações”, estou certo de que o
Local-DpL, que se processualiza à manei- Benjaminzinho-mental (como aquele bone-
ra bumerangue, isto é, as entidades promo- quinho que teimosamente costuma aparecer
toras de programas/projetos de desenvol- na tela do monitor repetindo interrogações
vimento de-fora-para-dentro – governos, sobre o que a agente quer fazer com o com-
ONGs, institutos assistenciais ou benefi- putador) não dará sossego a nenhum de
centes, etc., nacionais e internacionais – vocês –individual e coletivamente-, com duas
tanto geram benefícios às comunidades- chatas porém “indeletáveis” perguntinhas:
localidades quanto delas por vezes até Quê isso tem a ver com DL?; Quê isso tem
muito mais se beneficiam em termos de a ver com o quê de DL?. E para que a dema-
realização dos seus próprios objetivos e siada freqüência das “topadas-de-frente”
interesses institucionais) acabará por se de- com esse personagenzinho irritante não lhes
sembocar na política de futuros planos conduza à insônia, e muito menos à neuro-
macro-estratégicos de desenvolvimento A tização, o jeito é (também individual e coleti-
PARTIR DO DL, independentemente do vamente) sempre buscarem e tornarem cada
que agora se opine ou avalie a esse respeito. vez mais coerente e consistente a configura-
E da mesma forma que procuro consi- ção teórica do DL, em contínuo desmanche
derar a vida humana nas dimensões indivi- dos caroços-lógicos que pululam a todo mo-
dual (cada pessoa/cidadão/ã) e coletiva (de mento do tridimensional e constante con-
comunidade e de sociedade), também minha fronto entre: a) os referenciais básicos do DL
preocupação ao longo da disciplina se volta focado; b) os princípios e modelos de desen-
constante e concomitantemente para os pris- volvimento parametrizado, “aplicados” ou
mas coletivo e individualizado dos mestran- simplesmente “levados de-fora-para-dentro
dos, porque viso ao mesmo tempo a turma e de cima-para-baixo” a comunidades, mu-
inteira e a cada um, em razão de que a pró- nicípios, regiões, países e hemisférios, já im-
pria coletivização da cultura de DL depen- pregnados em nossa “cultura” de desenvol-

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vimento; c) e os desafiantes mapeamentos também há outro/s caminho/s a ser/em


(nas perspectivas de passado  presente Š considerado/s. Só que, na seqüência da res-
futuro) das próprias formas-de-vida indivi- posta, só segundo é o recomendado:
dual, coletivo-comunitária e coletivo-socie- Esse seria o segundo caminho a ser seguido pelo
tária, nas respectivas ambiências locais, re- agente, o que sugere a conveniência das ciências
políticas nos programas de Desenvolvimento
gionais, nacionais, hemisféricas e planetá-
Local, como instrumento de interlocução e
rias, fenomenologicamente visadas como re- sinergia entre a academia e organizações sociais
alidades concretamente existenciais. que carregam, em seus programas e ações
A boa notícia – teoricamente falando – transformadoras, potencial para o desenvol-
é a de que pelo menos dois estratégicos pon- vimento endógeno.
tos-de-apoio, para a empreitada de desman- O que está em jogo, aqui, não é a rele-
che dos mencionados caroços-lógicos, pare- vância da questão (tão importante que foi des-
cem calados nas mentes de todos vocês tacada como protótipo para análise), mas a
(observei isso nos textos que me forneceram): propriedade de sua relação com o espectro
a) a inequívoca distinção entre as já mencio- teórico-metodológico do DL. Da mesma for-
nadas configurações “DnL” (Desenvolvi- ma, não há a mínima dúvida sobre o mérito
mento NO Local), “DpL” (Desenvolvimento tanto dos “[...] movimentos sociais que
PARA O Local) e “DL” (DESENVOLVI- propugnam reformas” quanto da “[...] con-
MENTO LOCAL); b) e a substituição das ex- veniência das ciências políticas nos programas
pectativas de receituários metodológicos pela de Desenvolvimento Local [...]”. O que de fato
fundamental visão de que o principal entra- se questiona é se os movimentos sociais ora
ve ao sadio desenvolvimento é a falta de ru- conhecidos – assim como os aplicativos de-
mos, na opinião de Kujawski12, que também rivados não só das ciências políticas como
cita o poeta espanhol Antonio Machado de todas as demais – “propugnam”, orien-
para nos dizer, como “caminhantes” em di- tam ou embasam REFORMAS PARA AS
reção aos rumos do Desenvolvimento Local: COMUNIDADES (DpL), NAS COMUNI-
“Caminhante, não há caminho. O caminho DADES (DnL) ou SÃO DE REFORMAS DE
se faz ao caminhar”, mas cientes de que ca- DENTRO-PARA-FORA DAS PRÓPRIAS
minhos feitos ao caminhar sem rumos nos “le- COMUNIDADES, isto é, DE CADA CO-
vam” a lugar nenhum ou, na melhor das hi- MUNIDADE COM SUAS PECULIARIDA-
póteses, a “rumos” que outros nos predeter- DES ESPECÍFICAS (DL)?
minam e não a rumos que nos sejam próprios. Este mesmo questionamento se aplica
No entanto, quando se trata de trans- aos casos das políticas e respectivos planos/
ferência da lógica teórica para a da programas/projetos governamentais (locais,
operacionalidade do DL, ainda há bastante regionais, nacionais e multilaterais), assim
que se questionar. Valho-me, para exem- como das ONGs, entidades religiosas, filantró-
plificar, da seguinte pergunta e concernente picas e outras que atuem ou invistam em cau-
resposta presente numa anotação, formula- sas sociais de qualquer tipo. No entanto, é ne-
da por aluno da disciplina13, referindo-se ao cessário ficar bem claro que, de um lado, as
papel do agente no processo (por ele deno- políticas e ações sociais de todas as instâncias
minado “programa”) de Desenvolvimento mencionadas não deixam de ser importantes
Local: “Com base nesse programa, como o só porque se configuram como investimentos
agente pode atuar na realização do desen- em DnL (Desenvolvimento NO Local) ou DpL
volvimento local numa determinada comu- (Desenvolvimento PARA O Local), e não em
nidade?”. Ele mesmo respondeu que “Apa- DL (DESENVOLVIMENTO LOCAL), da pró-
rentemente, existem pelo menos dois cami- pria comunidade-localidade a que se referir,
nhos possíveis: atuar de acordo com os inte- já que a assistência social assim como o interes-
resses dos grupos que acreditam no desen- se social, por engajamentos em movimentos
volvimento sem reformas sociais ou atuar nos reivindicatórios dessa natureza, são e sempre
movimentos sociais que propugnam refor- continuarão sendo necessários, desde que não
mas”. O preâmbulo “Aparentemente, exis- transmutados em assistencialismos demagó-
tem pelo menos dois caminhos possíveis [...]” gicos de colonização ou barganhas sócio-cultu-
dá a entender que detrás da “aparência” rais e político-econômicas.

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Ademais, a concepção de Desenvolvi- comunidade-localidade; o da vanguarda, se


mento Local (como processo de desenvolvi- ainda enquanto disseminador/a-inseminador/a
mento cultural e socieconômico emergente de do DL puder e de fato atuar em comunidade-
dentro-para-fora da própria comunidade-lo- localidade concreta, no que respeita tanto à
calidade, em escala emancipatória que a alce formação da cultura do DL quanto dos res-
à condição de sujeito e não de mero objeto- pectivos programas/projetos específicos de
mesmo-que-participante desse processo) só ago- desenvolvimento, independentemente de que
ra vem chegando à tona de maneira sistema- área (social, econômica, cultural, etc.); e o da
ticamente trabalhada, razão pela qual as ins- concomitância de ambos (vanguarda + reta-
tâncias públicas e privadas do Brasil e de guarda), se conseguir influir ou atuar simul-
quaisquer outros países ainda não tiveram taneamente nesses dois espaços funcionais.
oportunidade e sequer preocupação de vin- E o que vem chamando à atenção é
carem a essência lógica do DL endógeno- que os próprios ex-alunos da disciplina “Teo-
emancipatório em suas políticas e programações ria do Desenvolvimento Local” têm forneci-
institucionais. Mas isso ocorrerá, à medida que do exemplos interessantes na linha do pri-
as concernentes lógicas conceituais e metodo- meiro espaço funcional, supra, ao testemu-
lógicas forem alcançando espaços cada vez nharem que vários dentre eles, sobretudo os
maiores e melhores de sistematização e disse- vinculados a órgãos públicos e ONGs, já es-
minação14 , e os Agentes-do-DL cumprirão tão repensando as maneiras de concepção,
importantíssimo papel no processo de entra- planejamento e ação de suas entidades – no
nhamento da cultura do DL nas próprias cultu- que respeita a comunidades localizadas – à
ras institucionais dessas instâncias, a começar luz de referenciais teóricos básicos do DL.
por aquelas em que exercem/exerçam sua pro- Mesmo assim, com freqüência vem à
fissão e com as quais se relacionem tanto por tona aquela genérica –porém desalentadora
ideais comuns ou afins quanto em razão dos – pergunta de candidatos a efetivos Agentes-
deveres de ofício. do-DL: a atuação do Agente-do-DL – externo –
Aliás, isso ajuda a esclarecer aquela an- não se contraditaria com o fato de o autêntico DL
gustiante – porém fantasiosa – dúvida de que implicar que cada comunidade-localidade se tor-
o Agente-do-DL só cumprirá autenticamente ne paulatinamente capaz, competente e hábil para
a sua função quando estiver trabalhando ex- se desenvolver endogenamente, portanto de-den-
plícita e diretamente com alguma comunida- tro-para-fora e na condição de sujeito do seu pró-
de-localidade concreta e território-espacial- prio desenvolvimento? Não há nenhuma con-
mente definida. Esse tipo de visão se circuns- tradição nisso. Se assim fosse, também con-
creve ao tecnicismo-ativista, enquanto o DL – traditório seria os médicos (especializados em
como se disse acima endógeno-emancipatório – fertilização e obstetrícia) ajudarem suas pa-
se funda e alimenta também em contínuo pro- cientes a se tornarem sujeitos-capazes-e-com-
cesso de formação15, especificamente para essa petentes em matéria de concepção e gestação
finalidade, nos âmbitos tanto de cada comu- de filhos que lhes sejam próprios. O que esses
nidade-localidade – dimensão esta da forma- médicos fazem é auxiliar as pacientes a desen-
ção anteriormente denominada “comunitari- volverem suas potencialidades para essas fina-
zação para DL”– quanto das instâncias pú- lidades, até mesmo as ajudando se o problema
blicas, privadas, governamentais, não-gover- consistir em poucas chances naturais de
namentais, etc., das alçadas locais, regionais, concretização da maternidade. Daí porque se
nacionais e supranacionais. atribuíram ao Agente-do-DL as funções de
Assim, o Agente-do-DL tem à sua dis- disseminador/a, inseminador/a (como visto logo
posição os seguintes três espaços funcionais atrás), pedagogo-sócio-comunitário ou profis-
para influir e agir: o da retaguarda, aquele sional-maiêutico do DL (aqui significando
mencionado acima de entranhamento da cul- indutor-de-parto do DL de acordo com textos-
tura do DL nas instâncias com as quais se re- básicos16 da disciplina “Teoria do Desenvol-
lacione nas condições de profissional ou vimento Local”), pela extensão da maiêutica
disseminador/a-inseminador/a autônomo/a da socrática (originalmente mais restrita à
cultura do DL, se concretamente não tiver concepção e geração do conhecimento pelo
oportunidade de trabalhar diretamente com próprio discípulo) também ao sentido de

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indução-de-parto no que concerne a desenvol- gressivamente na direção convergente de


vimento comunitário-local. acoplamento com os referenciais teórico-con-
Se as comunidades-localidades não ceituais e teórico-metodológico do DL. E,
precisassem da contribuição de agentes ex- quanto a isso, a lógica indica que as tendên-
ternos para se desenvolverem, já estariam cias da relação esforço-retorno, em termos
desenvolvidas. Portanto, o que se discute – de benefícios pessoais/profissionais, são:
em relação ao Agente-do-DL (externo) – são predominância do esforço na perspectiva de
suas formas de atuar em cada comunidade- curto prazo (fase caracterizada como dis-
localidade, mas não a necessidade e impor- pêndio em investimento) e retorno cada vez
tância da sua atuação. E, para começar, bas- mais vantajoso na de longo.
ta que cada Agente-do-DL, independente- Entretanto, e retomando a questão se a
mente do campo de formação profissional atuação do Agente-do-DL contraditaria com
de origem, entenda que qualquer área de a autocapacitação comunitária para o desen-
conhecimento compreende duas dimensões volvimento, importa enfatizar que – aí sim –
fundamentais: uma técnico-especializada, o agenciamento por “pacotes” externos de
própria do profissional para isto capacita- soluções, inibidores tanto da autoconfiança
do, e uma de base-social, portanto de acesso quanto das iniciativas comunitárias internas,
possível a qualquer homem e mulher que a é que se contraditaria com o Desenvolvimento
vivenciem no seu cotidiano, inclusive como Local. Isto, em razão de que tais “pacotes”
ingrediente necessário à dignidade de vida produzem os desastrosos efeitos, primeiro, de
e exercício de suas cidadanias. Todos os pro- perpetuação da dependência comunitária ao
fissionais do Direito, da Economia, da Me- assistencialismo desenvolvimentista externo
dicina, da Engenharia, da Agronomia, da e, segundo, do abafamento ou anulação das
Zootecnia e não importa de que outra área, potencialidades e peculiaridades próprias, a
podem e devem trabalhar nestas duas di- partir das quais cada comunidade-localidade
mensões: a da “educação básica” das pesso- pode e deve reagir em busca de seus rumos e
as, para o exercício individual e coletivo-co- processos de desenvolvimento, contexto este
munitariamente da cidadania na respectiva em que a ajuda dos agentes externos é sempre
área – cumprindo a função social de cada necessária e oportuna.
profissão –, e a da atuação técnico-científica Por último, reitera-se que, no tocante
que visa a concretização profissional da es- a caminhos de atuação adequados ao Agente-
pecialização conquistada. E em ambos casos, do-DL como pedagogo-sócio-comunitário e
há condições de convergência para o DL, profissional-maiêutico, tudo começa por se ter
dado que: a primeira (a da “educação bási- clareza e convicção sobre os arcabouços ló-
ca” na correspondente área) implementa a gico-conceituais e lógico-metodológicos do
cultura da capacitação individual e comu- DL. Isso, em razão de que é deles que emer-
nitária para o autodesenvolvimento, em re- girão os referenciais norteadores de rumos -
lação ao que for típico e possível nos hori- como dito atrás- para esses caminhantes-do-
zontes destas duas alçadas; e a segunda, a DL se exercitarem nos meandros dos anteri-
do exercício técnico-científica especializado, ormente mencionados três espaços funcio-
fluirá como demanda conseqüente da pri- nais, em conformidade com a máxima do
meira, sempre em crescente diversidade e poeta espanhol Antonio Machado (citado
volume, pois à proporção que cada comuni- por Kujawski): “Caminhante, não há cami-
dade-localidade aumentar sua capacidade nho. O caminho se faz ao caminhar”.
e disposição para se desenvolver também
tenderá a demandar mais assistência técni- Notas
co-científica especializada nas áreas abran- 1
Observa-se, primeiro, que todos os itens biblio-
gidas por seus rumos de desenvolvimento. gráficos presentes nesta Notas constituíram, no todo
Isso significa que nenhum profissional ou em parte, textos-básicos para a disciplina “Teoria
de área técnica precise deixá-la de lado para do Desenvolvimento Local” e, segundo, que a
conceituação de Desenvolvimento Local (DL) – visada
se envolver em DL, bastando que tome como pedra-angular para o arcabouço teórico do DL
iniciativa e faça esforço no sentido de que os – consta de: a) ÁVILA, V. F. et al. Formação educacional
campos possíveis da mesma se orientem pro- em desenvolvimento local: relato de estudo em grupo e

INTERAÇÕES
Revista Internacional de Desenvolvimento Local. Vol. 8, N. 13, Set. 2006.
140 Vicente Fideles de Ávila

análise de conceitos. Campo Grande: Editora UCDB, ESTRADAS VICINAIS, MEIO-AMBIENTE, ORGA-
2000. p. 68-74; b) ÁVILA, V. F. Pressupostos para NIZAÇÃO DE CORPORAÇÕES, ETC., SEGUNDO
formação educacional em desenvolvimento local. AS POTENCIALIDADES, PECULIARIDADES E
INTERAÇÕES – Revista Internacional de Desenvol- CONDIÇÕES DE CADA MUNICÍPIO.
10
vimento Local. Campo Grande-MS: UCDB, v.1, n.1, Cf. localização de conceito indicada na Nota 1-a-b-c.
11
p. 68-70, set. 2000; c) ÁVILA, V. F. Cultura, Detalhes explicativos no item bibliográfico à Nota
Desenvolvimento Local, solidariedade e educação. 1-c sobre: DnL, p. 22-23 e DpL, p. 23-25.
12
Campo Grande-MS, Mestrado em Desenvolvimento KUJAWSKI. Gilberto de Mello. A crise do século XX.
Local/UCDB, 2004, p. 26. Disponível em: 2.ed., São Paulo: Ática, 1991, p. 203-204.
13
<www.ucdb.br/coloquio>. Entendeu-se oportuno manter o anonimato em
2
Essa tipologia de “relacionamentos” é aqui focada de virtude de que os textos formulados por todos os
modo extremamente sintético, ou essencializado, mas alunos se limitaram a exercitações acadêmicas sobre
(em: PIERSON, Donald. Teoria e pesquisa em sociologia. performances pessoais de compreensão das
11.ed. São Paulo: Melhoramentos, 1968) abrange dimensões teóricas do DL, visando rediscussões
amplas complexidades configurativas, que vão da posteriores como as que inclusive este texto de
“Herança Social” (Cap. X, p. 135-141) à ambivalência alguma forma pretende alimentar.
14
“Isolamento e Contato” (Cap. XI, p. 143-162), ao “O Em outro texto-base da disciplina (cf. ÁVILA, V. F.
Processo de Interação [...]” (Cap. XII, p.163-175), à Educação escolar e desenvolvimento local: realidade e
“Interação Simbólica e Não-Simbólica” (Cap. XIII, abstrações no currículo. Brasília : Plano, 2003) se
p.177-185), e assim por diante. conclui (p. 92) que:
3
As dimensões identitárias individuada e coletiva são Em termos de formação de gerações, tudo pode começar
analisadas às p. 36-38 do item bibliográfico pela educação escolar, da educação infantil à de nível
mencionado à Nota 1-a supra. superior, por desafiadoras experiências que conectem
4
Cf. ÁVILA, V. F. A pesquisa na vida e na universidade. 2. realidades de vivência com respectivos conteúdos e
ed., Campo Grande-MS: UFMS/UCDB, 2000. p.56-58. fórmulas científicas ao longo da vida-currículo-escolar.
5 E esta é a idéia de fundo que permeou todo o presente
Itens bibliográficos e respectivas páginas para
trabalho.
localização da conceituação de DL indicados à Nota 1. 15
6 A importância da intercomplementaridade entre
Cf. item bibliográfico à Nota 1-a, p.71.
7 formação e educação no processo de Desenvolvimento
Esta questão é também considerada no item
Local é analisada e enfatizada nos itens bibliográficos
bibliográfico referido à Nota 1-b, acima, p. 70-73.
8 aludidos à Nota: 1-b (p.63-64), 1-c (p. 10-11) e em todo
No que respeita à amplitude especificamente
o livro referenciado à Nota 14.
municipal, a questão é trabalhada – em ÁVILA, V. F. 16
Já no item bibliográfico à Nota 1-b (p. 74) se diz que:
No município sempre a educação básica do Brasil. 2.ed.,
Campo Grande-MS: UCDB, 1999 – no prisma da As funções de todos os agentes (ou actores, como se
emprega muito em espanhol) externos – economistas,
autogestão municipal da educação e de outros serviços
engenheiros de todas as especialidades, químicos,
sociais básicos.
9 psicólogos, advogados, professores, etc – que se
Ainda antes de se falar em Desenvolvimento Local no envolverem em processo de desenvolvimento local se
Brasil e referindo-se à amplitude especificamente configurarão fundamental e estrategicamente como de
municipal, o livrete também indicado como texto-base cunho formativo-educacional.
da disciplina (cf. ÁVILA, V. F. Municipalização qualitativa Por outra, no item aludido pela Nota 1-a (p. 67)
para o desenvolvimento. Campo Grande-MS : UFMS/ enfatiza-se que:
PREG, 1993) já focava a “municipalização” nessa pers- [...] o agente de desenvolvimento local de fato age (do
pectiva (p.24-25, com destaque maiúsculo original): verbo agir), mas com finalidade, função e compromisso
O QUE DEVE SER MUNICIPALIZADO NÃO SÃO exclusivos de agenciador/intermediador (do verbo agenciar)
ÔNUS, ENCARGOS E SERVIÇOS DE QUALQUER na direção comunidade Š desenvolvimento (e não na
NATRUEZA; O QUE PODE E DEVE SER MUNICI- inversa: desenvolvimento Š comunidade), ou seja,
PALIZADO (OBJETIVANDO A ENDOGENEI- trabalhando e influenciando para que a comunidade
ZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL, mesma desabroche capacidades, competências e
MATERIAL, ESPIRITUAL E CULTURAL DE TODOS habilidades de desenvolvimento, sem a imediatista
OS SEGMENTOS POPULACIONAIS, BEM COMO pretensão de querer levar o desenvolvimento para a
CRIANDO E IMPLEMENTANDO CONDIÇÕES comunidade ou de querer erigir iniciativas
PARA A EFETIVA FORMAÇÃO DA CIDADANIA E desenvolvimentistas na comunidade, que não fluam
DA NAÇÃO BRASILEIRA) SÃO A CAPACIDA- de seu real estágio de cultura, condições e política de
DADE, A COMPETÊNCIA E O PODER DE GESTÃO, progresso coletivo. Por essa ótica, pode-se entender,
PELO PRÓPRIO MUNICÍPIO, DE SOLUÇÕES E sem exagero, que o autêntico sentido de agente-
RESPOSTAS AOS PROBLEMAS, ÀS NECESSIDADES agenciador/intermediador, aqui considerado, não é senão
E ASPIRAÇÕES BÁSICAS, AFETOS DIRETA E COTI- o de pedagogo comunitário ou maiêutico indutivo do
DIANAMENTE ÀS POPULAÇÕES LOCALIZADAS desenvolvimento local em relação a todo o seu agir na
NESSA UNIDADE GEO-HUMANA; SÃO NORMAL- comunidade localizada, a exemplo da metodologia
MENTE PROBLEMAS, NECESSIDADES E ASPIRA- maiêutica que Sócrates aplicava em seus discípulos.
ÇÕES RELACIONADAS COM EDUCAÇÃO BÁSICA, Essa mesma questão do Agente-do-DL como
SAÚDE, SANEAMENTO, HABITAÇÃO, ALIMEN- profissional-maiêutico do DL é mais extensamente
TAÇÃO, TRANSPORTE SOCIAL, COMÉRCIO,
explicitada no texto indicado pela Nota 1-c, p. 29-32.
INDÚSTRIA, LAZER, CULTURA, DESPORTO,
AGRICULTURA, PECUÁRIA, ARTESANATO,

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Revista Internacional de Desenvolvimento Local. Vol. 8, N. 13, Set. 2006.

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