Você está na página 1de 6

FACULDADE UNYLEYA

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU EM


GESTÃO DE DOCUMENTOS E INFORMAÇÕES

HALLISON PHELIPE LOPES DE CASTRO

TAREFA 4
RESENHA CRÍTICA

Brasília
2019
A Resolução nº 24, de 3 de agosto de 2006, do Conselho Nacional de
Arquivos (CONARQ), estabelece as diretrizes para a transferência e
recolhimento de documentos arquivísticos digitais para instituições arquivísticas
públicas. Essa resolução tornou-se muito importante, pois mostrou uma
preocupação na gestão arquivística de documentos digitais, garantindo a
produção, manutenção, preservação, autenticidade, compreensão e acesso
destes documentos.

No ato de transferência ou recolhimento às instituições arquivísticas


públicas, os documentos arquivísticos digitais deverão ser “identificados,
classificados, avaliados e destinados” (BRASIL, 2006). Sem contar que os
documentos não-digitais que façam parte do conjunto documental também
deverá ser transferido ou recolhido, conforme o previsto em tabela de
temporalidade e destinação de documentos. Além disso, eles também devem ter
sua integridade e confiabilidade asseguradas; acompanharem termo de
transferência ou recolhimento, listagem descritiva que os identifique e controle-
os, bem como de uma declaração de autenticidade; estarem em formato de
arquivo digital; e serem enviados em mídias ou protocolos de transmissão
previstos nas normas da instituição arquivística (BRASIL, 2006).

Dito isso, a listagem descritiva para a transferência e recolhimento de


documento arquivísticos digitais devem possuir certos elementos essenciais, tais
como:

a) órgão ou entidade responsável pela transferência ou recolhimento


dos documentos arquivísticos;
b) órgão ou entidade responsável pela produção e acumulação dos
documentos arquivísticos, caso seja diferente do responsável pela transferência
ou recolhimento;
c) tipo e quantidade de mídias utilizadas e o volume total de dados
em bytes;
d) identificação dos formatos de arquivo digital;
e) metadados necessários para a interpretação e apresentação dos
documentos, tais como a estrutura da base de dados, o esquema HTML e o
esquema de metadados;
f) registro de migrações e datas em que ocorreram;
g) registro das eliminações realizadas;
h) indicação de espécie, título, gênero, tipo, datas-limite, identificador
do documento, e indicação de documentos complementares em outros suportes.
No caso de transferência, indicação da classificação e do seu respectivo prazo
de guarda e destinação documentos;
i) informações necessárias para apoiar a presunção de autenticidade
conforme anexo II; e
j) data e assinatura do responsável pelo órgão que procede a
transferência ou o recolhimento, podendo ser em meio convencional e/ou digital.
(BRASIL, 2006).

Mas nada impede que a instituição arquivística recebedora não defina


uma listagem descritiva mais detalhada, levando em consideração as
características da documentação a ser transferida ou recolhida.

No que diz respeito a autenticidade, os documentos transferidos ou


recolhidos devem apoiar-se em algumas informações, que servem como base
para as instituições arquivísticas a avaliarem e testarem (BRASIL, 2006). A
disponibilidade e a qualidade dessas informações variam de acordo com o tipo
de documento arquivístico digital, e dos procedimentos de gestão adotados.
“Quanto maior o número de requisitos atendidos e quanto melhor o grau de
satisfação de cada um deles, mais forte será a presunção de autenticidade”
(BRASIL, 2019). As informações compreendem metadados e outras informações
para apoiar a presunção de autenticidade que podem não constar da listagem
descritiva do acervo.

No ato de transferência ou recolhimento dos documentos digitais, estes


devem estar acompanhados dos metadados descritivos de tais documentos, que
costumam serem registrados nos sistemas de gerenciamento de documentos.
São eles:
a) nome do autor;
b) nome do destinatário;
c) assunto;
d) data de produção;
e) data da transmissão;
f) data do recebimento;
g) data da captura ou arquivamento;
h) código de classificação;
i) indicação de anexo;
j) nome do setor responsável pela execução da ação contida no documento;
k) indicação de anotação;
l) registro das migrações e data em que ocorreram; e
m) restrição de acesso. (BRASIL, 2006)

Além dos metadados, existem outras informações que alicerçam a


presunção de autenticidade dos documentos digitais:

a) indicação dos procedimentos de privilégios de acesso e uso;


b) indicação dos procedimentos para prevenir, descobrir e corrigir perdas ou
adulteração dos documentos;
c) indicação dos procedimentos de preservação com relação à deterioração
da mídia e obsolescência tecnológica;
d) indicação das normas e procedimentos que determinam a forma
documental; e
e) indicação das normas e meios para autenticação de documentos,
utilizadas pelo órgão ou entidade produtor ou acumulador. (BRASIL,
2006)

Dessa forma, percebe-se que com ao estabelecimento da Resolução nº


24/2006, do CONARQ, a transferência e recolhimento de documentos tornou-se
mais detalhada e precisa, pois, faz uso de vários descritores para representar os
documentos digitais. Para as instituições arquivísticas públicas, tais informações
são imprescindíveis para o melhor recebimento dos mesmos. Entretanto, tal
resolução não foi muito pensada no que diz respeito a questão da preservação
e armazenamento dos documentos digitais.
Com isso, o CONARQ publicou a Resolução nº 39, de 29 de abril de
2014, que recomenda aos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional
de Arquivos – SINAR, que tiverem por finalidade a transferência ou o
recolhimento de documentos arquivísticos em formato digital, e de forma a
garantir a integridade, a autenticidade, a confiabilidade, a disponibilidade e a
preservação desses documentos, a adoção das Diretrizes para a Implementação
de Repositórios Digitais Confiáveis de Documentos Arquivísticos (BRASIL,
2014).

Tendo isso em vista, pode-se concluir que a preservação digital é


entendida como uma estratégia que garante o acesso à informação em meio
digital, assegurando a sua autenticidade e integridade (FERREIRA, 2006). Ainda
segundo Ferreira (2006), a preservação digital é um conjunto de atividade e/ou
procedimentos executados de forma a garantir o acesso continuado e a longo
prazo às informações.

Assim, pode-se afirmar que a resolução nº 39/2014 chegou para


complementar a resolução nº 24/2006, atrelado o objeto das duas para tanto
facilitar o trabalho das instituições arquivísticas públicas, quanto de pensar na
salvaguarda dos documentos digitais.

REFERÊNCIAS:

BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Conselho Nacional de


Arquivos. Resolução nº 24, de 3 de agosto de 2006. Estabelece diretrizes para
a transferência e recolhimento de documentos arquivísticos digitais para
instituições arquivísticas públicas. Diário Oficial da União, Brasília, 7 ago.
2006. Disponível em: http://conarq.arquivonacional.gov.br/resolucoes-do-
conarq/266-resolucao-n-24,-de-3-de-agosto-de-2006.html. Acesso em: 25 jan.
2019.

BRASIL. Ministério da Justiça e Segurança Pública. Conselho Nacional de


Arquivos. Resolução nº 39, de 29 de abril de 2014. Estabelece diretrizes para a
implementação de repositórios arquivísticos digitais confiáveis para o
arquivamento e manutenção de documentos arquivísticos digitais em suas
fases corrente, intermediária e permanente, dos órgãos e entidades integrantes
do Sistema Nacional de Arquivos - SINAR. Diário Oficial da União, Brasília,
30 abr. 2006. Disponível em: http://conarq.arquivonacional.gov.br/resolucoes-
do-conarq/281-resolucao-n-39-de-29-de-abril-de-2014.html. Acesso em: 25 jan.
2019.

FERREIRA, M. Introdução à preservação digital: conceitos, estratégias e


atuais consensos. Portugal: Escola de Engenharia da Universidade do Minho,
2006. Disponível em:
https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/5820/1/livro.pdf. Acesso
em: 25 jan. 2019.

Você também pode gostar