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Página Textos da Reforma

Sola Scriptura, Sola Gratia, Sola Fide, Solus Christus, Soli Deo Gloria
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Responsável: Dawson Campos de Lima
E-mail: dawson@samnet.com.br

AMANTES
DE SI MESMOS Por: L. R.
Shelton

Os efeitos de um ensino carnal no cristianismo são todos os grandes erros.


A Bíblia ensina que “Nos últimos dias sobrevirão dias difíceis, pois os
homens serão egoístas (amantes de si mesmos), avarentos, jactanciosos,
arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes,
traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de
Deus...”.
Onde está o coração do homem, aí estão seus afetos também; e enquanto o
coração do homem não for liberto do amor ao “EU”, então sua vida estará
cheia dos demais pecados. Deus odeia a avareza e nos livra dela quando nos
dá nova vida em Cristo Jesus. “E assim se alguém está em Cristo, é nova
criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (II Co
5.17)
A Palavra de Deus nos chama a uma vida de abnegação na qual devemos
olhar para “coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra” (Cl 3.2).
Portanto, visto que nosso Senhor estava tão contrário à avareza, advertiu
muitas vezes a seus seguidores nos evangelhos contra o ser amantes de si
mesmos. Devemos deixar nosso próprio caminho e o amor próprio. Agora,
enquanto começamos a ver estas coisas nas Escrituras, decidir se um homem,
cuja vida é controlada por este pecado, pode ser um verdadeiro filho de Deus.
Não será mais uma alma enganada por este evangelho falso que ensina existir
crente carnal?
Em Lucas 14.26 ouvimos o Senhor pronunciar estas palavras assombrosas:
“Se alguém vem a mim e não aborrece a sua pai, e mão, e mulher, e filhos, e
irmãos e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.”
Sim, são palavras assombrosas, mas são palavras do Filho de Deus e Ele não
pode mentir. Em outras palavras, ele está dizendo que quando uma pessoa O
ama e O segue neste mundo mal, é como se aborrecesse a seu próprio pai,
mãe, esposa, filhos, irmãos e irmãs; e ainda a sua própria vida também. É a
única ocasião em que Jesus fala dessa forma. Em Mateus 16.24-25 diz:
“Então disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, a si
mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Porquanto, quem quiser salvar a
sua vida perdê-la-á; e quem perdê-la por minha causa achá-la-á.” Ou seja,
se procuro salvar a miha vida por não praticar a abnegação na fé cristã, vou
perdê-la toda. Na verdade, não a tenho salvo, mas a perdi toda. Mas se perco
a minha vida por amor de Cristo, e deixo de amar a mim mesmo, então a
guardarei por toda a eternidade. Logo vemos em João 12.25: “Quem ama a
sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-
á para a vida eterna.” Bom, se segues acariciando-te e não te negas a ti
mesmo, mas segues fazendo o que te convém para satisfazer aos desejos da
carne, os desejos dos olhos e a soberba da vida, perderás essa vida que tens
procurado salvar e amar; porém, o que aborrece sua vida neste mundo, para a
vida eterna a guardará.
O que nosso Senhor está dizendo aqui é que não há nenhum lugar em seu
reino para os “amantes de si mesmos”. Porque seu reino se compõe daqueles
que O amam sobre tudo e negam-se a si mesmos. Novamente vemos que
aquele que ama mais a sua vida que a Cristo perdê-la-á, mas o que aborrece
sua vida neste mundo, preferindo o favor de Deus e mostrando mais interesse
em Cristo que em sua própria vida guardá-la-á para a vida eterna.
Além disso, vemos nas Escrituras a conseqüência final de um amor
excessivo por nossa vida, um amor excessivo por nosso “ego”. Muitos há
que se enamoram demasiadamente de si mesmos e perdem suas vidas por
causa desse amor. Aquele que ama sua vida animal ou suas paixões tanto que
satisfaz seus apetites e alimenta seus desejos da carne, encurtará seus dias e
perderá a vida que tanto estima; não herdará essa vida infinitamente melhor
que é a vida eterna com Cristo em glória depois da morte. Aquele que está tão
enamorado, tanto da vida deste corpo com seus ornamentos e deleites que até
negaria a Cristo em vez de perdê-la, perdê-la-á; isto é, perderá uma felicidade
no mundo vindouro, enquanto procura segurar-se numa vida imaginária neste
mundo presente.
Este é o erro fatal deste falso evangelho do Cristianismo carnal que tem
produzido este fruto de “amantes de si mesmos”, ou seja, o egoísmo.
Sustentam que estamos vivendo em um século mais iluminado e
conseqüentemente devemos amar-nos a nós mesmos, amar o dinheiro e o
prazer. Não teria Cristo vindo ao mundo para dar-nos vida e vida em
abundância? Não somos filhos do Rei e não devemos Ter melhor qualidade
de vida? Sim, Jesus disse que veio para dar vida, e vida abundante (Jo 10.10),
porém lembremos que Ele veio para dar vida espiritual a Seu povo, a qual é
uma vida abundante, não se trata de uma vida de abundância material que só
produz mais amor a nós mesmos e mais amor ao dinheiro e ao prazer e no fim
a condenação de nossas almas. Se nossa alma está inclinada a estas coisas,
nossas afeições são más devido ao pecado.
Esses são os argumentos de quem deseja continuar em seus pecados e
deseja viver em dois reinos ao mesmo tempo: “O Senhor não quer que
amemos ao nosso próximo? Como podemos amá-lo se não sabemos amar a
nós mesmos? Não sabes que se não aprendermos a amar a nós mesmos
corretamente não poderemos amar ao nosso próximo?” Não nos deixemos
enganar por esse raciocínio carnal, mesmo que nos pareça merecedor de
crédito, pois as Escrituras não ensinam isso. A razão pela qual as pessoas
utilizam este argumento carnal e distorcem as palavras do nosso bendito
Salvador em Mateus 22.34-40, entendendo-as num sentido errado, é que não
desejam amar o próximo, mas que querem dedicar-se mais aos prazeres e
deleites deste mundo. Isso vemos quando analisamos com sinceridade. Dessa
maneira, entregam-se a viver num mundo onde eles mesmos é que mandam.
As desculpas apresentadas são: “Tenho que amar-me, devo buscar minhas
raízes. Necessito de mais auto-estima!” Crêem que necessitam de tudo isso,
mas isso poderá levá-los à condenação. Têm uma forma de piedade, porém
vivem para si mesmas.
Vejamos um exemplo bíblico de alguém que perdeu sua vida por Cristo,
porém, na verdade a salvou. Estamos falando de Saulo de Tarso, que se
converteu em Paulo, o cristão, um filho de Deus e missionário. Ele disse: “Eu
tinha muito amor próprio, me estimava bastante e tinha confiança na carne,
porém, quantas coisas eram para minha ganância [esse egoísmo, essa grande
auto-estima e essa confiança na carne]. Tudo isso tenho considerado como
perda por amor de Cristo. Certamente tenho tudo como perda pela
excelência do conhecimento de Jesus Cristo, meu Senhor, por amor do qual
tenho perdido tudo considerando todas as coisas como refugo para ganhar a
Cristo e ser achado nEle, não tendo justiça própria que é pela lei, senão a
que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus pela fé”
(parafraseado – Fp 3.4-9).
Novamente Paulo diz em Romanos 7.9: “Outrora, sem a lei, eu vivia; mas
sobrevindo o preceito, reviveu o pecado, e eu morri” – ao meu egoísmo,
minha auto-estima e minha confiança na carne. A estima de Paulo era de que
ele se tratava pecador que merecia o inferno, que estava debaixo da ira justa
de Deus. Paulo manteve este conceito e postura de si mesmo até sua morte.
Depois de sua conversão ele se referia a si mesmo como “o menor dos
apóstolos” (I Co 15.9). “A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta
graça...” (Ef 3.8); ele se denominou o principal dos pecadores (I Tm 1.15);
disse também: “...ainda que nada sou” (II Co12.11). Aqui não vemos
nenhum egoísmo nem confiança na carne, porém aqui havia uma pessoa que
havia aprendido da primeira bem-aventurança: “Bem aventurados os
humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.” (Mt 5.3). “Nada sou;
não sou nada; de mim mesmo não posso fazer nada.” Desta forma o apóstolo
se via ao crer na graça de Deus. Assim vemos a verdade de João 12.25,
ilustrada em Paulo, que havia sido anteriormente Saulo de Tarso: “Quem ama
a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-
la-á para a vida eterna.”
Tu amas a ti mesmo mais do que a Deus? Estimas-te ou te amas muito?
Tens confiança na carne? Se é assim, o “ego” é o teu ídolo, e nenhum idólatra
pode entrar no reino dos céus (I Co 6.9); devemos fugir da idolatria (I Co
10.14). Os verdadeiros filhos de Deus adoram a “Deus no Espírito, e nos
gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne” (Fp 3.3). “Amantes
de si mesmos mais que de Deus” são fruto desse evangelho de um
cristianismo carnal. Cristo disse que aquele que não negasse a si mesmo e não
O seguisse não poderia ser Seu discípulo. O verdadeiro Evangelho da graça
de Deus diz: “Bem-aventurados os humildes de espírito”, e o homem que é
pobre de espírito sabe que não é nada, que não tem nada e não pode fazer
nada sem a graça de Deus. Portanto, ele não ama sua própria vida, senão que
a aborrece neste mundo para que a possa guardar por meio da graça de Deus,
por toda a eternidade.

Traduzido de El Verdadeiro Evangelio Del Cristianismo versus El Evangelio Falso Del Cristianismo Carnal,
páginas 48-51 – L. R. Shelton, Jr.

Texto retirado da Revista Os Puritanos.


Edição Abril/Maio/Junho de 1999.

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