Você está na página 1de 5

A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DA

HISTÓRIA LOCAL NAS ESCOLAS


Publicado em 11 de May de 2011 por Cristiano Bento de Lima
Cristiano Bento de Lima

RESUMO
A análise e posterior produção textual aponta para a importância do estudo da
história local nas escolas no que diz a valorização em mostrar a interação entre
o educando e a história de sua comunidade, além de despertar a análise
histórica e cultural de sua cidade e de sua sociedade visando uma maior
compreensão no que se refere a história e a formação da memória, da história
local e da cidadania . Nesta perspectiva vem mostrar através de um leque de
pontos, os benefícios que esse estudo trará ao educando, ao professor e a
sociedade a qual estes indivíduos fazem parte, colocando assim, o aluno como
um instrumento formador da história.
Palavras-chave: História local. Memória. Cidadania
INTRODUÇÃO:
Com o aumento da busca por mão de obra qualificada, a escola prende-se em
destacar apenas um ensino metódico e sistemático que exclui a formação de
um cidadão ativo na sociedade por meio de sua história, assim, a disciplina
"história", aplicada hoje, enfrenta o desafio de romper com o ensino pragmático
e factóide que na verdade deveria ser menos mecânico e mais aplicável a algo
mais significante para o jovem educando. Isso acarreta uma aprendizagem
sem prazer e sem emoção, não dando nenhuma interação entre aluno e
disciplina, portanto, esse tipo de estudo emerge e destaca os grandes feitos de
grandes homens, não dando lugar ao homem comum que na sua comunidade
produz história a partir de experiências e vivencias cotidianas. Mostra-se,
portanto, pouco produtivo analisar a história a partir de uma visão universal e
alheia a sua realidade e a sua forma de vida. Situar os jovens primeiro em sua
comunidade e depois estender esta visão a história geral é uma forma de
valorizar o aluno e o colocar como sujeito histórico.
Neste sentido, a abordagem da história local a partir da realidade social,
permite alcançarmos algumas metas que são de fundamental importância na
formação do cidadão, e essa proposta de partir de situações de seu cotidiano e
de sua comunidade é certamente uma busca de formar a vida e não apenas
para o trabalho, além de nos levar a aulas mais prazerosas e produtivas, sendo
que, o conteúdo estudado estará ligado diretamente ao aluno, levando assim a
um novo sentido, visto que, haverá uma interação entre aluno sociedade e
escola.
Nesta relação, escola e comunidade a que pertence, o estudo da história local
tende a aproximar ambas pelo fato de estarem ligadas diretamente, até mesmo
na busca por melhorias e resoluções de problemas comuns, o que leva o aluno
a ser participante ativo desta reforma educacional e mesmo de seu bairro,
comunidade e cidade.
OBJETIVOS PRINCIPAIS DO ESTUDO DA HISTÓRIA LOCAL
Com uma abordagem histórica voltada para a história local, os alunos
despertarão em si a noção de que são formadores ativos da história de sua
comunidade, e não só da comunidade, mas por serem integrantes de um país,
serão também sujeitos históricos de sua nação, deixando de serem objetos
históricos imperceptíveis para serem sujeitos históricos, (mesmo levando em
conta que grandes historiadores poderão não estudar suas vidas) eles saberão
que fazem parte de uma formação histórica e que são parte integrante e de
grande importância para a construção social, levando-os a uma valorização e
redescoberta de sua própria história e cultura, além de se sentirem com um
papel indispensável para as futuras gerações que ali em sua comunidade
viverão, afinal, não são expectadores, e sim, transformadores políticos,
culturais e históricos.
Vemos também através desta proposta de abordagem a formação da
consciência histórica dos jovens, o que para eles poderia ser banal ou simples
acontecimento, passa agora a ser uma parte de sua memória e sua história,
para uma melhor compreensão coloco o exemplo da festa de padroeiro de
Quixeramobim-Ce (minha cidade), nesta, toda a população se movimenta em
meio à realização das comemorações do santo padroeiro, onde, a economia se
movimenta de forma significante, e os autores participantes ativos desta, são
exatamente os cidadãos, então, nada poderia acontecer se cada um daqueles
que passam os meses que antecede a festa, economizando para que ao
chegar os dias comemorativos estes venham a fazer compras e movimentar o
comércio e consequentemente a festa. Devido ser uma cidade interiorana, a
chegada de um parque de diversões é um atrativo a mais para as crianças, os
jovens e até mesmo adultos, pois se deleitam nas brincadeiras e relembram os
tempos de criança (no caso dos adultos é claro). Acontecem namoros, muitas
vezes que vêm a se concretizar futuramente casamentos, e isto tornará
memória para o resto da vida destes sujeitos históricos, então isso também é
formação histórica e cidadania, e neste exemplo, podemos estudar as grandes
comemorações nacionais a partir da grande comemoração municipal, indo
assim do local para o nacional. Colocar tais exemplos em sala de aula é
também fazer um comparativo entre as permanências e mudanças ocorridas
nos diversos seres históricos (crianças, jovens e adultos), mostrando assim que
o passado está vivo e é responsável pelos acontecimentos presentes, cabendo
a estes sujeitos presentes a transformação histórica da sociedade, resgatando
mais uma vez a importância da história local para a vida das pessoas.
Esta conscientização do resgate histórico, além de, fazer uma relação entre
passado e presente, mostra como as pessoas são seres atuantes na
construção da história e as transforma em cidadãos atuantes em sua
comunidade pelo fato de reconhecer a si e ao outro, favorecendo a condições
harmoniosas mesmo com tantas diferenças.
Algo bastante importante que deve ser ressaltado são a valorização e o resgate
da memória através da história local, isso se dá de várias maneiras, a primeira
como eu já dei um exemplo é na comparação das diversas faixas etárias
participando de um mesmo meio, essa diferença trás um pouco da memória
daqueles mais velhos que ali estão daí podemos tirar os relatos destes mais
velhos e compará-los ao cotidiano dos jovens nos dando um leque de
observações entre passado e presente, além de resgatar a memória destes
cidadãos, daremos um sentido histórico para a vida dos jovens que passarão a
serem conhecedores da historicidade e da construção histórica em todas as
épocas e descendências, levando em conta que a partir de então verão as
permanecias e não só as rupturas, visto que, o passado não é um tempo
morto, esquecido e sim, vivo e atual não se limitando nos acontecimentos
posteriores ao presente, mas anunciando uma perspectiva do que poderá
acontecer e o fato de que no presente momento estamos ligados diretamente a
este passado que nos trouxe até aqui. Esse resgate memória/história implica
principalmente trazer a tona um conjunto de fatos disseminados e vestígios
onde a sociedade se fundamentou e pôs seus alicerces, desta forma, podemos
ver homens e mulheres vivendo múltiplas temporalidades e experiências
distintas, todavia, participantes de uma mesma sociedade conduzindo a
realidade existente, visto que essa experiência fortalece também a consciência
histórica e o sentimento de identidade e de pertencialismo ao meio social,
fatores esses que são de fundamental importância para a construção da
cidadania no meio democrático, pois a consciência histórica pode-se dizer que
é um pré-requisito para tomarmos decisões objetivas que venham favorecer o
bem social.
O ultimo e fundamental ponto na qual venho colocar nessa experiência de se
abordar a história local nas escolas é a ligação do aluno ou mesmo do cidadão
com a sua cidade, nisto destacam-se o patrimônio histórico cultural (material ou
não), embora o aluno na maioria das vezes não perceba e não valorize sua
história, suas características comunitárias e mesmo seus traços culturais
típicos de sua sociedade, estes estão e estarão ligados a ele por toda a sua
vida. Estes traços ele levará para onde ele for, não deixando de lado sua
memória e as lembranças de sua rua, cidade, das praças onde tantas vezes se
reuniu com os amigos ou mesmo trocou beijos com a namorada, os eventos
culturais na qual participou e que levará consigo para onde quer que vá.
Despertar o interesse do aluno por esses patrimônios que contam também a
história dos que ali vivem já é uma saída para preparar estes estudantes para o
nascimento de uma consciência histórica forte, que provocará mudanças
necessárias na vida dos jovens (politicamente e socialmente), algo a destacar é
que estes patrimônios materiais ainda são pouco explorados, mas se
trabalharmos em cima desta metodologia despertará uma visão muito mais
ampla do aluno no que diz respeito à identidade do estudante com o meio em
que vive, tomemos como exemplo a cidade de Jaguaribara no Ceará que
devido à inundação que ocorreria em decorrência a construção de um grande
açude, todos os moradores foram removidos para uma nova cidade (Nova
Jaguaribara), assim, todo o patrimônio histórico material na qual a memória
coletiva era despertada ficou debaixo d?água, todavia, a memória de seus
habitantes estará sempre ativa e as lembranças guardadas para que possam
passar para as próximas gerações. A história daquela sociedade estará sempre
ligada àqueles monumentos e agora a memória dos ex-habitantes de lá, visto
que, todos ainda hoje se reúnem para recordarem seus hábitos de outrora e
vêm que ainda trazem consigo estes traços culturais adquiridos com o convívio
com aqueles monumentos e com sua cidade em si. Em Quixeramobim (minha
cidade) é impossível falarmos em barragem e não nos lembrarmos da nossa
grande represa que é cartão postal e que faz a alegria de pescadores e dos
habitantes, pois dela tiramos nosso abastecimento de água potável e mesmo
nossas fotos quando o inverno chega, ou mesmo nossa praça da igreja matriz,
palco de tantos eventos e tantos encontros, nossa escola de infância que nos
trás a imagem e as lembranças de quando éramos criança e nossas
brincadeiras e diversões, a rua da nossa casa onde aprendemos a andar de
bicicleta, os campinhos de futebol que muitas vezes nos ferimos (e como
falamos aqui "arrancamos as cabeças dos dedos") assim, encontramos história
dobrando a esquina, descendo a rua, no mercado, nos muros e nas calçadas
da cidade em que vivemos e em nosso meio social. Isso é história, isso é
nossa vida, são nossos rastros deixados no tempo e esse resgate memorial
tanto pelos monumentos quanto pelas lembranças através da memória significa
a preservação dos traços culturais e da valorização do cidadão como ser ativo
da história, a história na qual ele ajudou a construir juntamente com seus
vizinhos.
CONCLUSÃO
A importância do estudo da história local nas escolas está na tentativa de fazer
com que o aluno reaprenda e valorize a história de sua sociedade e de sua
própria história, mostrando que o mesmo é partícipe da história, tornando
também este ensino importante para sua vida, desconstruindo assim a idéia de
que o ensino da história não lhe diz respeito, pois não está ligado a ele,
rompendo, portanto, a forma de ensino tradicional de memorização sistemática
de datas e fatos para a construção de um estudo participativo e investigativo
por parte do professor e do aluno, reafirmando a importância e a necessidade
da interação escola e comunidade, pois desta forma incentivará a reconstrução
histórica da mesma.
Por fim reafirmo, é fundamental tornar nossas aulas mais prazerosas, levando
os alunos a perceberem que sua própria vida já é uma grande história e que o
conhecimento histórico pode ser elaborado por todos, independentemente de
qualquer aspecto social político, econômico e cultural, afinal, cada passo, cada
vestígio, cada transformação e cada feito nosso torna-se história, a nossa
história, nossa passagem na terra deixa nossas marcas históricas,
concretizando o fato de que somos seres históricos ativos, construtores de uma
história que quer queira quer não, continuarão vivas, seja na memória de
nossos entes, seja nos nossos feitos meio a comunidade ou mesmo nas
mudanças que ajudamos a fazer. Isto é história, esse legado ninguém pode
nos tirar, em certas ocasiões nem mesmo o tempo.

REFERÊNCIAS
AMADO, Janaina. Historia Regional e Local. São Paulo, República em
Migalhas Marco Zero, 1990.

BURKE, Peter. A Escrita da História. São Paulo, Novas Perspectivas, 1992.

FERNANDES, José Ricardo Oriá. Um Lugar para a História Local. Rio de


Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, 2001.

FENELON, Déa Ribeiro. Políticas Culturais e Patrimônio Histórico. São Paulo,


DPH, 1992.

FREIRE, Paulo. 25a ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

MENDES, Anderson Fabrício Moreira. Ensino e Vivências: as apresentações


da história local no cotidiano da sala de aula.
RODRIGUES, Nelson. Por Uma Nova Escola: o transitório e o permanente em
educação. São Paulo, 8ª ed. Cortez, 1992, p. 43-51

Leia mais em: http://www.webartigos.com/artigos/a-importancia-do-ensino-


da-historia-local-nas-escolas/65870/#ixzz4oi5OI7M4

Você também pode gostar