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Copyright

© Tiese Rodrigues Teixeira Júnior


Capa:
Ubaldino Scardino
Foto da capa:
Acervo Editora Paka-Tatu
Editoração Eletrônica:
Acervo Editora Paka-Tatu
Desenvolvimento em ePub:
Sílvio Pereira Filho
Revisão:
Rodrigo Gerdulli
Ficha Catalográfica:
Ana Negrão do Espírito Santo

Editora Paka-Tatu Ltda.


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T564e Tiese Júnior


Estudos amazônicos: ensino fundamental/ Tiese Júnior . _ Belém: Paka-Tatu, 2010.
ePub

ISBN: 978-85-7803-071-1

1.Amazônia – História I.Título

CDD: 981.15
À Dona Maria, minha mãe, uma autêntica cabocla ribeirinha da Amazônia.
PREFÁCIO
A História regional passou a ser bastante valorizada no Brasil, a partir de 1970, em virtude de
contribuir com explicações mais específicas sobre as transformações econômicas, sociais, políticas e
cultural de uma região. Ela trata das características e das multiplicidade da Amazônia, distinguindo-se da
História nacional por abordar o estudo no seu aspecto singular. Nesse sentido, o estudo regional contribui
para o aprofundamento da História nacional.
A região Amazônica tem uma importância fundamental para o Brasil, principalmente devido a seus
recursos ambientais, que a tornaram centro da atenção mundial, uma vez que os estudos e debates sobre
preservação ambiental vêm adquirindo prioridade em todo o mundo, sempre enfatizando a necessidade
de se criar uma política de desenvolvimento de forma sustentável.
Esta obra tem como objetivo tratar não só da região Amazônica em seu aspecto ambiental, mas,
também, analisar as características sociais, fruto de um amplo processo de imigração e miscigenação,
além dos aspectos econômico, político e religioso e das várias manifestações culturais presentes no
nosso cotidiano amazônico.
Além disso, é importante ressaltar que esta obra aborda as características de todos os estados que
compõem a região Amazônica, mas dando uma ênfase maior na história, na geografia, na sociologia e na
antropologia do Estado do Pará. Assim, oferece um suporte didático aos professores que trabalham com
a disciplina de Estudos Amazônicos nas séries do 6º ao 9º ano do ensino fundamental, os quais carecem
de material apropriado, sendo necessário reescrever textos acadêmicos, adequando-os à uma linguagem
específica para esse nível de ensino. Aos demais interessados, a obra oferece um panorama significativo
da essência da cultura da terra das Amazonas. Cultura popular e erudita se entrelaçam, compondo um
painel rico em detalhes, da vida de quem vive na Amazônia. Estudos Amazônicos: ensino fundamental é
uma obra bem-vinda!
Paulo César Alves da Silva
Historiador
APRESENTAÇÃO
Caro(a) colega professor(a),
Em tempos em que o pensador Edgar Morin nos lembra da necessidade que a educação tem de “...
ensinar a identidade terrena e o destino planetário do gênero humano...”, é muito importante estabelecer
um diálogo com você sobre a Amazônia Um diálogo por meio dos textos que compõem este livro.
No Estado do Pará, a disciplina que atende ao artigo da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) chama-se
Estudos Amazônicos e, até onde sabemos, a falta de livros didáticos sobre a Amazônia brasileira e
particularmente sobre o Estado do Pará é um desafio a ser enfrentado pela maioria dos professores e
professoras que trabalham com as questões pertinentes aos temas amazônicos. Desejo profundamente a
breve mudança dessa realidade.
Por tais razões, tomei a iniciativa de escrever este livro, elaborado com muito esforço, para ser
utilizado nas aulas de Estudos Amazônicos, do 6º ao 9º ano, séries finais do Ensino Fundamental.
Sei que há municípios do interior do Estado do Pará que retiraram da matriz curricular a disciplina
Estudos Amazônicos, em boa parte por falta de material didático adequado. Aos gestores desses
municípios, meu desejo de que reincluam a disciplina em suas escolas. Afinal, é muito importante
conhecermos a nossa casa, a Amazônia.
Espero que os assuntos aqui selecionados, bem como as propostas de trabalho docente
apresentadas, possam ajudar meus colegas professores e professoras e seus alunos e alunas nas aulas de
Estudos Amazônicos.
A título de ilustração, incluímos neste livro algumas músicas como introdução ou fechamento dos
temas estudados. Algumas delas são toadas dos Bois de Parintins — Caprichoso e Garantido. Outras,
retiramos do repertório musical paraense. Preocupamo-nos, também, em incluir outros gêneros de nosso
imaginário cultural, tais como a prosa e a poesia. Muitas informações constantes deste livro estão
sustentadas na pesquisa acadêmica.
Estudos Amazônicos é um livro que tem o propósito de fornecer subsídios que permitam aprimorar
a construção de conhecimentos mais sólidos sobre a região amazônica, em particular sobre o Estado do
Pará.
Espero que este livro possa contribuir para despertar o interesse pela Amazônia brasileira.
O Autor
SUMÁRIO
6º ANO

I UNIDADE – A AMAZÔNIA PRÉ-COLONIAL


A AMAZÔNIA PRÉ-COLONIAL
O MEIO FÍSICO AMAZÔNICO
O INÍCIO DA OCUPAÇÃO HUMANA NA AMAZÔNIA
AGRICULTURA E CERÂMICA
SOCIEDADES COMPLEXAS: ASCENSÃO E QUEDA
SOBRE OS PRIMEIROS CONTATOS ENTRE EUROPEUS E NATIVOS
A RELIGIÃO E A MITOLOGIA ENTRE OS NATIVOS DA AMAZÔNIA

II UNIDADE – AMAZÔNIA COLONIAL: OS ESPANHÓIS NA AMAZÔNIA


AMAZÔNIA COLONIAL: OS ESPANHÓIS NA AMAZÔNIA
OS PORTUGUESES NA AMAZÔNIA
LEMBRANÇAS DA FUNDAÇÃO DE BELÉM
OS FRANCESES NA AMAZÔNIA
A COLONIZAÇÃO DO PARÁ: FUNDOU-SE BELÉM
O PAPEL DA IGREJA CATÓLICA NA COLONIZAÇÃO AMAZÔNICA

III UNIDADE – OS EUROPEUS E O PRIMEIRO PROJETO COLONIAL PARA A AMAZÔNIA


OS EUROPEUS E O PRIMEIRO PROJETO COLONIAL PARA A AMAZÔNIA
SOBRE OS MORADORES DE BELÉM NO SÉCULO XVII
UM IMPORTANTE RELIGIOSO
UM IMPORTANTE NAVEGADOR
A JUNTA DAS MISSÕES
LENDA DO BOTO
A MANDIOCA
7º ANO

IV UNIDADE – A ECONOMIA EXTRATIVISTA


A ECONOMIA EXTRATIVISTA
AMAZÔNIA NO SÉCULO XVIII: O PROJETO DO MARQUÊS DE POMBAL
SOBRE AS CIDADES COLONIAIS AMAZÔNICAS
AS FRONTEIRAS COLONIAIS DA AMAZÔNIA BRASILEIRA

V UNIDADE – O PARÁ NO PERÍODO IMPERIAL


O ROMPIMENTO DO PACTO COLONIAL: VINTISMO
A ADESÃO DO PARÁ À INDEPENDÊNCIA DO BRASIL (15 DE AGOSTO DE 1823)
UMA ECONOMIA DE POLICULTURA

VI UNIDADE – OS NEGROS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA


SOBRE OS NEGROS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA
A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA NO PARÁ
A ECONOMIA NA ÉPOCA DA ABOLIÇÃO
A CABANAGEM ( 1835-1840)

VII UNIDADE – DIALOGANDO COM A CULTURA POPULAR AMAZÔNICA


BOI-BUMBÁ DE PARINTINS
AS TRIBOS DE JURUTI
8º ANO

VIII UNIDADE – AMAZÔNIA NO SÉCULO XX


AMAZÔNIA NO SÉCULO XX: A SOCIEDADE DA BORRACHA (1870-1912)
ANTÔNIO LEMOS E A BELLE ÉPOQUE BELENENSE
A AMAZÔNIA E AS MIGRAÇÕES
O ESTADO NOVO E O BARATISMO

IX UNIDADE – O PARÁ EM TEMPOS DE DITADURA


GUERRILHA DO ARAGUAIA (1972-1975)

X UNIDADE – AMAZÔNIA E MODERNIDADE


A FERROVIA MADEIRA-MAMORÉ
MARECHAL RONDON NA AMAZÔNIA
A CIDADE EMPRESARIAL DE HENRY FORD NA AMAZÔNIA BRASILEIRA
A BATALHA DA BORRACHA
SOBRE AS MULHERES AMAZÔNICAS

XI UNIDADE – CAPITAL E DEVASTAÇÃO NA AMAZÔNIA


CAPITAL E DEVASTAÇÃO NA AMAZÔNIA
AS FACES DA NOSSA AGRICULTURA
EXPERIÊNCIAS COM AGRICULTURA FAMILIAR
AGRICULTURA INTENSIVA – AGROINDÚSTRIA-PECUÁRIA
O EXTRATIVISMO

XII UNIDADE – AMAZÔNIA: URBANIZAÇÃO, MEIO AMBIENTE, CULTURA E RESISTÊNCIA


A URBANIZAÇÃO NA AMAZÔNIA
ÁGUAS E RIOS DA AMAZÔNIA
A LENDA DA COBRA GRANDE
O CÍRIO DE NAZARÉ
RUY BARATA, UM ENCANTADO DA POESIA
9º ANO

XIII UNIDADE – O ESPAÇO AMAZÔNICO CONTEMPORÂNEO


A AMAZÔNIA LEGAL
POLÍTICAS PÚBLICAS NA AMAZÔNIA
PROJETO SIVAM — SISTEMA DE VIGILÂNCIA DA AMAZÔNIA
O QUE É O SIVAM?
PROJETO CALHA NORTE

XIV UNIDADE – MIGRAÇÃO E EDUCAÇÃO NA AMAZÔNIA


MIGRANTES NA AMAZÔNIA
EDUCAÇÃO NOS CAMPOS DA AMAZÔNIA

XV UNIDADE –AMAZÔNIA BRASILEIRA


LOCALIZAÇÃO DA AMAZÔNIA NA AMÉRICA DO SUL E NO BRASIL
CARACTERÍSTICAS MAIS GERAIS
SOLOS DA AMAZÔNIA
CLIMAS DA AMAZÔNIA
PESCA NA AMAZÔNIA

XVI UNIDADE – ESTADOS DA REGIÃO AMAZÔNICA: ASPECTOS GEOGRÁFICOS E CULTURAIS


AMAZONAS: CAPITAL MANAUS
SOBRE A ZONA FRANCA DE MANAUS
AMAPÁ: CAPITAL MACAPÁ
ACRE: CAPITAL RIO BRANCO
CHICO MENDES
MARANHÃO: CAPITAL SÃO LUÍS
CULTURA
PARÁ: CAPITAL BELÉM - SOBRE A FUNDAÇÃO DA NOSSA BELÉM
SOBRE A ILHA DO MARAJÓ
SOBRE O REI DO CARIMBÓ: PINDUCA
TOCANTINS: CAPITAL PALMAS
SOBRE PALMAS, A CIDADE CAPITAL
RONDÔNIA: CAPITAL PORTO VELHO
ÍNDIOS, OS PRIMEIROS HABITANTES DE RONDÔNIA
RORAIMA: CAPITAL BOA VISTA

REFERÊNCIAS BIBILIOGRÁFICAS

HINO DO PARÁ

MAPAS
6º ANO

I UNIDADE
A AMAZÔNIA PRÉ-COLONIAL

II UNIDADE
AMAZÔNIA COLONIAL: OS ESPANHÓIS NA AMAZÔNIA

III UNIDADE
OS EUROPEUS E O PRIMEIRO PROJETO COLONIAL PARA A AMAZÔNIA
I UNIDADE - A AMAZÔNIA PRÉ-COLONIAL

Dialogando com a música Amazônica.


CABOCLO CERAMISTA

Em eras primevas Amazônia


Índios e os primeiros cacicados

Veio uma cultura rica e rara


Ananatuba, Mangueiras e Formigas

E o esplendor da cerâmica marajoara


Tapajônicos e Santarenos

Esculpindo o barro emoldando a vida


Na habilidade das mãos

Expressam o amor
Os mitos e religiões

Com o esplendor da cultura marajoara


Nas pinturas
Com o negro das fuligens

Urucum e caulim

E em cada traço geométrico


O início e o fim

O belo, o rude e o tétrico


E o caprichoso em sua arte infinita, infinita

Relembra os nossos ancestrais e a sua herança bendita

Que ainda hoje vive nas mãos do caboclo ceramista.


(Boi Caprichoso, Parintins, Amazonas)


REFLETINDO SOBRE A LEITURA
1- O que você sabe sobre os mitos e religiões dos povos indígenas da Amazônia?
2- Quais tribos indígenas são mencionadas no texto?
3- De acordo com o texto, quais aspectos dos povos da Amazônia estão presentes na arte
marajoara?
4- Como se chamam os bois–bumbá de Parintins?
A AMAZÔNIA PRÉ-COLONIAL
A região brasileira onde vivemos e que o mundo conhece pelo nome de Amazônia é considerada por
muitos como uma das mais ricas do planeta. Aqui temos uma grande reserva de água doce, ar puro,
plantas medicinais, frutas, flores, animais, metais, comidas, formas de falar, comer, vestir-se... Enfim,
diversas formas de viver. Diferenças que nos embelezam e nos enriquecem mas que despertam o
interesse e a cobiça de estrangeiros.
Nesse mesmo espaço, encontramos motivos para ficarmos tristes. Convivemos com enormes
desigualdades sociais, como a fome, as doenças e a violência. Faces de uma realidade que precisa ser
mais bem compreendida, para que os habitantes locais possam encontrar formas de vida mais dignas.
Para entender um pouco mais a realidade de quem vive na Amazônia, daremos uma olhada mais de perto
no passado dessa parte do Brasil.
Observando aspectos históricos, geográficos, sociológicos, filosóficos e antropológicos, talvez
possamos descobrir maneiras de viver melhor.
O MEIO FÍSICO AMAZÔNICO
As nascentes do rio Amazonas estão nos Andes, território peruano, de formação geológica recente,
com apenas seis milhões de anos — considera-se a história do planeta com mais de quatro bilhões de
anos. As montanhas das cordilheiras sofrem um processo erosivo intenso causado pelo regime de chuvas
e variações climáticas que levam ao derretimento das geleiras.
Como consequência de sua juventude geológica, os sedimentos transportados pela erosão são muito
ricos em nutrientes. O transporte pelos rios e a disposição em áreas mais baixas realiza um intenso
processos de fertilização dos solos a cada cheia anual. Algo parecido ao verificado no rio Nilo. No
século XIX ficaram conhecidos como “rios de água branca”, devido à sua coloração barrenta. Os rios
Negro e o xingu têm suas áreas de cabeceiras em regiões geológicas mais antigas, no planalto das
Guianas e no planalto Central; são conhecidos como rios de “águas pretas” e não são ricos em nutrientes,
logo pouco fertilizam os solos que inundam.
Quando sobrevoamos a floresta Amazônica, somos levados a crer que os solos são bastante férteis.
Essa impressão é um engano. Os solos da Amazônia, em geral, são pouco férteis, pois, segundo
pesquisadores, como Betty Meggers, são expostos a chuvas torrenciais e evaporações causadas pelo forte
sol equatorial, tornando-se ácidos e incapazes de manter seus nutrientes, em um fenômeno conhecido
como lixiviação. Mas, ainda assim, a floresta desenvolve-se devido a um importante processo de
reciclagem em que folhas e troncos caídos são decompostos e reabsorvidos, com a ajuda de micorrizos e
fungos que vivem nas raízes das plantas. Essa reciclagem, no entanto, só ocorre na camada mais
superficial do solo.
Os desmatamentos interrompem esses processos de reciclagem, retardando a recomposição
florestal. As populações nativas que viviam e vivem da caça preferem os animais que habitam as copas
das árvores; as exceções são os porcos-do-mato, que andam em bandos. Antas, pacas e capivaras são
presas valiosas, mas são solitárias e de comportamento imprevisível, o que dificulta a caça. Nesse
cenário, os macacos são presas preferidas por serem barulhentos, andarem em bandos e possuírem um
comportamento territorial marcado. Nesse universo de caça, a zarabatana constitui-se em uma
indispensável ferramenta para os caçadores.
Por outro lado, os animais aquáticos representam uma fonte previsível e abundante de recursos
alimentares. Assim, as áreas ribeirinhas são mais ricas em alimentos para as populações do que a terra
firme.
A marcante biodiversidade da Amazônia corresponde a uma enorme sociodiversidade, prova disso
são as inúmeras línguas indígenas aqui faladas, que derivam de ao menos quatro grandes famílias
distintas: tupi-guarani, arawak, carib e gê. A diversidade social também mostra que alguns grupos
humanos têm uma ideologia voltada para a guerra; há sociedades nômades com economia voltada para a
caça e a pesca vivendo ao lado de grupos sedentários que vivem da agricultura. Essa variação do
presente é confirmada por estudos arqueológicos do passado. Portanto, não podemos pensar que as
populações pré-colombianas da Amazônia tinham um comportamento social homogêneo.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA

Responda em seu caderno:
5- Segundo o texto, por que os solos da Amazônia são pouco férteis?
6- De acordo com o texto, o que é lixiviação?
7- Quais línguas indígenas são mencionadas no texto?
8- O que são sociedades nômades?

O INÍCIO DA OCUPAÇÃO HUMANA NA AMAZÔNIA
Os recentes estudos arqueológicos do passado amazônico têm revelado que essa região já era
habitada há aproximadamente 11.000 anos. Os indícios encontrados na Caverna da Pedra Pintada, em
Monte Alegre, no baixo-Amazonas, e a cerâmica do povo marajoara, no estado do Pará, têm apontado
novos caminhos, no sentido de um melhor entendimento do passado comum amazônico.
Um aspecto importante a considerar está relacionado à diversidade econômica, social e cultural dos
povos daqueles tempos. As populações dividiam-se basicamente em sedentárias, ligadas mais à
agricultura, e nômades, a maioria, mais ligadas a pesca, caça e coleta de frutas. Dentre os principais
alimentos da dieta daqueles povos estavam: mandioca, mamão, abacate, abóbora, amendoim, batata,
maracujá, milho, pimenta vermelha, pupunha e tomate, entre outros — alimentos que foram domesticados
por diferentes nações ao longo dos tempos (NEVES, 2006). Nesse painel gastronômico, a mandioca
merece destaque; domesticada na Amazônia, hoje é consumida em larga escala pela America Latina,
Caribe, áfrica e ásia. Da mandioca, nossos antepassados amazônidos produziam: beiju, farinha, tapioca e
o caxiri. A domesticação de plantas e frutas representa uma das maiores contribuições daqueles povos
para os nossos dias.
AGRICULTURA E CERÂMICA
O centro das civilizações que desenvolveram a agricultura na Amazônia pré-colonial foi o alto rio
Madeira e seus afluentes, onde hoje se encontra o estado de Rondônia. Esse centro de domesticação é
considerado o mais importante da região, a qual também é apontada por estudiosos como o possível
centro de desenvolvimento das línguas tupis. Quintais e hortas suspensas, em geral sobre canoas
abandonadas, serviam de local para o cultivo de plantas medicinais e temperos, como os diferentes tipos
de pimenta. Nessa região também encontravam-se grandes porções de terra preta, solos que foram
modificados pelos assentamentos humanos, tornando-se solos extremamente férteis.
É importante ressaltar que essas populações não dispunham, na época, de machados ou facões para
a derrubada das matas. Esses instrumentos somente foram introduzidos nas sociedades amazônicas a
partir do século XVI. O modelo de agricultura básico era de coivara, que consistia na derrubada e
queima da área para o posterior plantio. As cinzas, resultantes das queimadas, ainda hoje contribuem
para fertilizar os solos da região, que em sua maioria são pouco férteis.
A vida útil de uma roça de coivara é relativamente curta: após dois ou três anos, a fertilidade do
solo diminui profundamente.
As cerâmicas mais antigas das Américas foram encontradas na Amazônia nos anos 1980 pela
pesquisadora Anna roosevelt, na região do tapajós e no Marajó. A cerâmica do Marajó é rica em
diversidade de formas e data do ano 5000 a.C. Os estudos têm mostrado que a produção da cerâmica na
Amazônia antecedeu, em alguns casos, ao desenvolvimento da agricultura, a qual foi beneficiada pelos
artefatos criados no interior das sociedades.
Nesse sentido, é necessário adquirirmos um importante conceito, o de domesticação de plantas e
frutas: é o processo pelo qual características genéticas de plantas selvagens são intencionalmente
modificadas até o surgimento de novas espécies, em muitos casos dependentes da intervenção humana
para a sua reprodução. (NEVES, 2006)

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
9- De acordo com o texto, que é agricultura de coivara?
10- O que caracteriza os solos de terra preta?
11- Qual a importância da domesticação de plantas e frutos na Amazônia?

ARQUEOLOGIA DA AMAZÔNIA
Uma característica notável das ocupações humanas iniciais na Amazônia é a presença precoce da
produção cerâmica, com datas que estão entre as mais antigas da América do Sul. tais cerâmicas
foram identificadas no atual estado do Pará, em uma região que começa no baixo Amazonas, próxima
às atuais cidades de Santarém e Monte Alegre, passa pelo Baixo rio xingu e chega à chamada zona do
Salgado, que de fato é o litoral atlântico desse estado.
Eduardo Góes Neves. Arqueologia da Amazônia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2006, p. 46.


SOCIEDADES COMPLEXAS: ASCENSÃO E QUEDA
A ocupação humana na Amazônia pré-colonial não foi um processo regular e crescente. Ela foi
caracterizada por períodos de estabilidade e outros de grandes mudanças. As populações estavam
envolvidas em redes políticas, econômicas e sociais muito amplas, fato que tem sido mostrado pelos
registros arqueológicos. Artefatos como o muiraquitã são encontrados em regiões muito distantes umas
das outras, assim como cerâmicas de decoração e armas de guerra. A partir de 2000 anos atrás são
encontradas no Alto rio Negro e no Alto xingu estruturas defensivas de sociedades guerreiras. A partir do
ano 1000, fortes mudanças climáticas foram responsáveis diretas pela expansão de grupos de língua tupi,
pois o aumento pluviométrico expandiu as áreas férteis da região, possibilitando uma agricultura de
melhor qualidade.
As bases econômicas dessas sociedades eram familiares, grupos nucleares que caçavam, pescavam
e plantavam em sua grande maioria. As formações sociais eram marcadas pela instabilidade política e
seu apogeu demográfico ocorreu aproximadamente no século 12 a.C.
No século XVI, a região foi invadida pelos europeus e o processo de destruição das sociedades
nativas locais teve início. Os índios, como foram chamados, tiveram que abandonar suas terras e fugir
para o interior da floresta. Tanto que, nos dias de hoje, é comum as reservas indígenas localizarem-se nas
cabeceiras dos rios, como as do Alto rio Negro e do Alto xingu. É preciso ressaltar que a Amazônia pré-
colonial era densamente povoada, inclusive por sociedades complexas, com economias e políticas
desenvolvidas, e que os nativos foram mortos ou expulsos de suas terras. Isso não nos permite admitir
que os europeus, quando aqui chegaram, ocuparam terras que não tinham donos.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
12- Quais as bases econômicas das sociedades complexas mencionadas no texto?
13- Por que essas sociedades são chamadas de complexas?

SOBRE OS PRIMEIROS CONTATOS ENTRE EUROPEUS E NATIVOS

No século XVI, a região amazônica era habitada por diferentes povos, que além da semelhança
física possuíam costumes parecidos. A arte de pintar o corpo, a prática da caça e da pesca, a crença em
espíritos e uma relação de respeito com a natureza eram traços importantes dos povos que habitavam a
região, mas que não os tornavam iguais.
Dentre as muitas diferenças existentes entre os povos que habitavam a região amazônica, destacam-
se as línguas faladas por eles.
Acredita-se que, à época em que os primeiros exploradores europeus chegaram à Amazônia, as
populações que aqui viviam falavam cerca de 1300 diferentes línguas. Naquelas sociedades, a divisão
das tarefas era muito respeitada. Cada membro do grupo realizava seu trabalho. Existiam tarefas que
eram realizadas somente por homens, como caçar e pescar, e outras só por mulheres, como preparar os
alimentos e os utensílios domésticos.
Nas moradias, chamadas de aldeias, as crianças aprendiam brincando. Convivendo com os adultos
elas descobriam os costumes e os modos de viver de seu povo. Acredita-se que, nessas sociedades, os
jovens aprendiam muito com as histórias contadas pelos mais velhos. O pajé da tribo era considerado o
mais sábio, pois acumulava conhecimentos de curas espirituais e corporais. Era respeitado. Em geral, era
o membro mais velho da comunidade.
No século XVI, o povo Manaús, a nação de Ajuricaba, era considerado uma das maiores populações
amazônica. No início desse mesmo século, os primeiros europeus invadiram nossa região e, logo que
chegaram, já chamaram os nativos de índios e perceberam que para aqui sobreviverem precisariam
primeiramente estabelecer alianças com os donos do lugar.

A RELIGIÃO E A MITOLOGIA ENTRE OS NATIVOS DA AMAZÔNIA
A religião indígena é chamada de religião de encantamento, pois, quando um membro da
comunidade morre, transforma-se em um elemento da natureza — uma árvore, uma pedra, um rio, um
pássaro ou uma planta. Um dos principais deuses é tupã, o criador do mundo. Existe a adoração de
pedras, árvores e animais. Os fenômenos da natureza são controlados pelo deus tupã. trovões, ventanias,
chuvas fortes, relâmpagos são sinais de que deus estava bravo, que algo errado foi feito.
Os mitos são narrativas orais que têm o objetivo de explicar as origens de um povo ou aspectos de
sua cultura. Um conjunto de vários mitos é chamado mitologia. Essas narrativas foram registradas pela
primeira vez pelos gregos no Mundo Antigo. Aqui, em nossa Amazônia, os mitos também aparecem desde
longa data. é comum encontramos narrativas sobre a origem da terra, dos rios, das matas e dos animais.
Entre o povo amazônico usa-se mais a palavra “lenda”. Entre os antigos moradores da Amazônia, as
lendas eram e são histórias verdadeiras, que ainda povoam o imaginário de parte da população
ribeirinha; dentre as mais famosas da região encontramos a do rio Pará com a Vitória-régia, a lenda da
Cobra Grande, a lenda do Boto e da Yara, a Mãe d’água.
Por meio da mitologia amazônica, herdada em grande parte dos povos indígenas, é possível ainda
hoje identificarmos partes importantes da cultura dos povos da Amazônia.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
14- De acordo com o texto, como era a relação dos nativos com a natureza?
15- Quais as principais lendas amazônicas apontadas no texto?
16- Como estava dividida as tarefas sociais entre os povos nativos da Amazônia?
17- Quais fenômenos deuses?

AJURICABA
Ajuricaba, informado da tragédia, retorna à maloca manaú e assume a chefia. Durante três dias,
os manaús e seus aliados comemoraram o fato. Começava a trajetória de lutas que iria imortalizar o
tuxaua manaú. Ele estava com 22 anos, tinha duas mulheres, filhos, era um guerreiro completo. Mas
ele amava mesmo era inhambu, filha de Poararé, o tuxaua xirianá, seu maior inimigo. (...) Ajuricaba
colocou em movimento seus guerreiros, realizando diversos ataques aos colonos isolados, às
fazendas, aos engenhos e até mesmo às malocas de chefes que compactuavam com os portugueses. Foi
assim que ele capturou inhambu.
M árcio Souza. Ajuricaba, o caudilho das selvas. São Paulo: Callis, 2006, p. 33.
II UNIDADE - AMAZÔNIA COLONIAL: OS ESPANHÓIS NA AMAZÔNIA

Dialogando com a música amazônica.


A CONQUISTA

Um dia chegou nessa terra um conquistador,


Manchando de sangue no solo que ele pisou,

Não respeitou a cultura do lugar,


Nem a história desse povo milenar.


Queria ouro, riqueza e tesouro,
Depois a terra e também a escravidão,

Tibiriçá, Arariboia, Ajuricaba disseram não.


Um dia o índio lutou contra o branco invasor,

E a guerra de bravos guerreiros então começou,


Arcos e flechas contra a força do canhão,
Guerra dos ímpios dizimou minha nação...

Trouxeram cruz, mas usavam arcabuz

E o ameríndio resistiu à invasão


Chamaram a morte e o massacre do meu povo

Civilização

Chegou o branco pra conquistar, chegou o negro para trabalhar

Unindo raças e crenças de povos vindos de além mar.


(Boi Garantido, Parintins, Amazonas)


REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
18- Releia com atenção o texto A conquista.
19- De acordo com o texto, quem é o conquistador?
20- O que o conquistador buscava?
21- Quais guerreiros nativos são mencionados no texto?
22- Quais armas mencionadas no texto são usadas por brancos e nativos?
AMAZÔNIA COLONIAL: OS ESPANHÓIS NA AMAZÔNIA
No ano de 1541, o capitão espanhol Francisco Orellana partiu de quito, no Equador, na companhia
de vinte e um homens, dentre os quais frei Gaspar de Carvajal, que se tornou o cronista oficial daquela
expedição. Orellana iria encontrar-se com Gonzallo Pizarro, seu irmão, que havia partido em fevereiro
daquele ano rumo a um suposto reino da canela. No século XVI, a canela era uma das especiarias mais
valiosas do mundo. Utilizavam-na para fabricar perfumes, temperar alimentos e, principalmente, fazer
remédios.
Quando os exércitos de Gonzallo Pizarro e Francisco Orellana juntaram suas forças, passaram a
contar com duzentos cavalos, mil cães e quatro mil escravos indígenas, além de duzentos e cinquenta
soldados. Em novembro de 1541, após uma jornada exaustiva, metade desta quantidade já havia morrido.
Em janeiro de 1542, Orellana e Pizarro entraram na gigantesca e misteriosa floresta Amazônica.
Logo perceberam que as árvores de canela eram poucas e de pouco valor comercial. revoltado, Pizarro
jogou aos cães metade dos índios e queimou o restante. Os viajantes perderam-se na floresta. A comida
acabou. Construíram embarcações e subiram os rios na esperança de encontrar tribos para serem
saqueadas.
A expedição separou-se. Em seguida, Pizarro voltou a quito achando que tinha sido abandonado de
propósito pelo irmão. Em julho daquele ano, Orellana entrava no rio trombetas e ali, de acordo com os
relatos de viagem de Gaspar de Carvajal, a expedição foi atacada por uma tribo de mulheres guerreiras
que usavam arco e flecha e corriam com extrema agilidade. Essas mulheres foram chamadas de
amazonas, as mulheres guerreiras, fazendo referência às amazonas da Grécia.
Orellana voltou para a Espanha sem encontrar o reino da canela. Em 1545, organizou uma nova
viagem em direção ao rio das amazonas. Dessa vez não voltaria ao seu país natal; no meio da floresta a
expedição foi dizimada por cobras, mosquitos, falta de alimentos, doenças mortais e nativos canibais. O
reino da canela foi encontrado, mas aquela expedição, assim como outras, foi “devorada” pela imensa
Amazônia verde.
A partir desse período, começam os encontros de duas culturas diferentes: a dos europeus, que se
diziam “civilizados e donos de uma cultura superior”, e a dos nativos da Amazônia, que seriam aos
poucos destruídos pelos invasores.
REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
23- Quem foi Gaspar de Carvajal?
24- O que buscavam os exploradores?
25- Quais os rios mencionados no texto?
26- Quem eram as mulheres guerreiras?
27- Quais os maiores desafios enfrentados pelos exploradores?
ARQUEOLOGIA DA AMAZÔNIA II
De meados do século XVI ao início do século XVII, quando os primeiros europeus visitaram ou
se estabeleceram na Amazônia, era comum a referência à presença de grandes aldeias, algumas
ocupadas por milhares de pessoas, integradas em amplas redes regionais de comércio e em
federações políticas regionais. já no início do século XVIII, tais referências desapareceram dos
registros históricos. isso está diretamente ligado ao processo de diminuição populacional. (...)
consequência da transmissão de doenças, da guerra e da escravidão.
Eduardo Góes Neves. Arqueologia da Amazônia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2006, p. 8.
OS PORTUGUESES NA AMAZÔNIA
No século XVI, Espanha e Portugal eram dois reinos europeus que viviam em constante guerra por
causa de terras. No final do século XV, mais precisamente em 1492, um navegador genovês chamado
Cristóvão Colombo, financiado pelos reis de Castela, na Espanha, encontrou um novo continente, que
mais tarde foi batizado com o nome de América . imediatamente, os portugueses procuraram os reis
espanhóis e exigiram uma parte das novas terras. Foi assinado, então, o Tratado de Tordesilhas (1494),
um documento com o qual se traçava uma linha imaginária dividindo as terras da América: uma parte
para a Espanha e uma parte para Portugal.
No ano de 1580, o rei português, Dom Sebastião, foi morto em batalha e o trono de Portugal ficou
vazio. O rei da Espanha, Felipe ii, tomou posse do reino e transformou os dois territórios em um único
reino espanhol. Pelo tratado de tordesilhas, a região do rio das Amazonas não era de Portugal, mas, a
partir de 1580, como não havia mais a separação dos reinos, os portugueses foram aos poucos entrando
na imensa floresta verde e construindo fortes. Os fortes eram bases militares criadas para protegerem-se
dos inimigos. Construíam uma pequena casa de madeira e palha, com um muro e canhões de frente para o
mar.
Naquela época, várias nações invadiram a região: franceses, holandeses e ingleses. todos queriam
dominar esse território. As guerras eram constantes. Cada nação europeia tentava dominar os nativos
para poder usá-los contra seus inimigos, pois os habitantes da região conheciam as matas, os animais e as
plantas e sabiam como sobreviver na floresta.
Dessa forma, em 1612 os franceses fundaram São Luís e, em 1616, o capitão português Francisco
Caldeira Castelo Branco entrou na Amazônia e fundou o forte do Presépio (hoje forte do Castelo).
Batizou a região com o nome de Feliz Lusitânia, que no futuro transformou-se no Estado do Grão-Pará.
Os povos da Amazônia chamavam o principal rio dessa parte da Amazônia de Pará, palavra
indígena que significa “mar”. Os portugueses, quando aqui chegaram, acharam que o rio era muito grande
e chamaram-no de Grão-Pará (grande-mar).
REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
28- Qual a importância do tratado de tordesilhas para a expansão de nossas fronteiras?
29- Qual a importância dos fortes no processo de colonização da região?
30- Quais as consequências da morte de Dom Sebastião para a Amazônia?
LEMBRANÇAS DA FUNDAÇÃO DE BELÉM
Agora, convido você a fazer um exercício de imaginação, de como seria a capital do Estado do Pará
há aproximadamente quatro séculos. Nesse sentido, faremos a única volta no tempo possível até o
momento, aquela que os estudos históricos nos permitem.
A história da fundação da principal capital da Amazônia, Belém, tem início bem antes de 12 de
janeiro de 1616, data de sua fundação. Para entender o significado histórico daqueles acontecimentos,
voltaremos a uma época em que o Grão-Pará, o “grande rio”, era apenas uma vaga referência e não
existia nem na cabeça daqueles que um dia fundariam a Santa Maria de Belém.
Tudo começou quando os reinos ibéricos, Portugal e Espanha, decidiram recuperar o tempo perdido.
Naquela época, século XVII, a grande região Norte do Brasil era bem mais conhecida por ingleses,
franceses e irlandeses do que por Portugal e Espanha, seus “verdadeiros donos”, de acordo com o tratado
de tordesilhas. As rotas comerciais que mais interessavam aos monarcas ibéricos eram as que ligavam
Salvador às índias e o Rio de Janeiro ao rio da Prata, na Argentina. Portanto, o interesse das nações
ibéricas pelo Norte da colônia foi tardio. Sabiam, porém, que se não povoassem a região Norte
certamente a perderiam para outras nações.
O descuido de Portugal com a parte Norte da colônia acontecia por motivos justos, diziam alguns. O
rei estava mais preocupado com as decadentes possessões nas índias e com a possibilidade de conseguir
ganhos comerciais com as capitanias do Sul do Atlântico. O gasto com a fundação de novas cidades não
era uma boa ideia. Em 1612, o governador do Brasil avaliava a situação e dizia que, se fosse povoar o
extremo Norte, seria com gastos “moderados”. Diogo de Menezes conhecia muito bem o quanto teria que
gastar. A coroa não vivia seus melhores tempos; era preciso fazer economias.
Povoar a região exigiria embarcações, pagamentos de soldados, oficiais e religiosos, e, obviamente,
mobilizar muitos índios aliados, pois só os soldados portugueses não eram o suficiente. Mais tarde,
viriam os gastos com construção e manutenção de prédios públicos, igrejas e fortificações, sendo assim
criar novas cidades definitivamente não estava nos planos do governo de Portugal, a não ser que algo de
muito importante viesse a acontecer.
Neste ponto, faz-se necessário uma importante explicação: mesmo com a União ibérica (1580-1640)
entre os reinos português e espanhol, os portugueses mantinham certa autonomia no processo de
colonização. Sempre que um novo território era conquistado, os soldados faziam questão de deixar bem
claro que tudo era feito em nome da Coroa portuguesa. talhavam o brasão da coroa, para registrar a
posse. Claro que não deixavam de mostrar o devido respeito pelo rei da Espanha, Felipe ii.
Antes de Belém existir, havia apenas um grande território, que foi batizado pelos franceses de
Maranhão. Essa imensa região pertencia aos portugueses, pelo tratado de tordesilhas, mas os donos não
conheciam as terras que possuíam.
OS FRANCESES NA AMAZÔNIA
“Franceses no Maranhão!” Pipocavam notícias por todos os lados de que os franceses haviam
invadido, dominado, e que fundariam uma nova França na região — seria a “França Equinocial”, no
extremo Norte das terras lusas. Os relatos diziam que os franceses firmaram alianças com tribos
indígenas, falavam a língua dos nativos e conheciam como ninguém as rotas marítimas. Nesse cenário,
ganharam destaque os desbravadores franceses jacques riffault e Charles de Vaux.
Quando esses relatos chegaram a Portugal, os soberanos concluíram logo que algo precisava ser
feito. No começo, decidiram que era possível administrar o extremo Norte do Brasil a partir das colônias
do litoral de Pernambuco ou da Bahia. Essa ideia logo foi descartada quando começaram a perceber a
enorme distância que separava os extremos da colônia. Era muito tempo de viagem. relatos da época
contam que muitas viagens de Salvador para Belém demoraram anos.
Um dos principais desafios enfrentados pelos navegadores portugueses era o total desconhecimento
das rotas marítimas da região. inúmeras embarcações e homens perderam-se nas viagens para cá. Fato
que ajudou na decisão de povoar a região. Outro elemento natural que representava barreira era o vento,
que na época era o principal responsável pelo movimento das embarcações; conhecer a direção do vento
significava vida ou morte. A distância, como já foi comentado, entre o Pará e as capitanias mais velhas
era muito grande e representava um importante motivo para que Portugal colonizasse essa região.
Em 1614, o governador do Brasil na época, Gaspar de Sousa, estava convencido da necessidade de
fundar uma cidade no extremo Norte e criar um governo separado para administrar a região. Faltava era
convencer o rei dessa necessidade. Os relatos dos viajantes mostravam que, sempre que desafiavam o
vento, acabavam sem querer nos mares do Caribe. O caso era simples: ou Portugal colonizava a região
ou a perdia definitivamente para outras nações. Pelo menos era a propaganda que os navegadores e os
comerciantes interessados no negócio faziam. A coroa decidiu, então, fundar duas fortificações: uma no
Maranhão e outra no extremo Norte, que viria a ser Belém.
Você já percebeu que falar da fundação de Belém é falar da fundação de São Luís, ou forte de São
Felipe, como chamavam os franceses. Nesta parte é importante destacar a forte presença dos
pernambucanos na fundação de Belém. inúmeros comerciantes, soldados e índios vieram na empreitada,
até mesmo o governador Gaspar de Sousa, que transferiu o governo da Bahia para recife, pois as notícias
da conquista chegavam mais depressa em Pernambuco do que em Salvador. Para o então governador, a
primeira etapa da conquista consistia em expulsar os invasores, depois em criar um novo Estado.
Partiram então de Pernambuco nas embarcações Santa Maria da Candelária, Santa Maria da Graça
e Assumpção em direção ao norte. já foi dito que os portugueses não conheciam os aspectos físicos da
região, fato explicado pelo interesse tardio por essa parte da colônia. A falta de experiência era o maior
inimigo dos lusos. Baías, canais estreitos e ventos fortes nos meses de dezembro e janeiro foram inimigos
ferrenhos. Outro desafio presente era a conquista dos nativos. todos sabiam que sem o apoio dos índios, a
tarefa era impossível.
Em 12 de janeiro de 1616, sob o comando de Francisco Caldeira Castelo Branco, os lusos chegaram
à região onde fundaram a cidade de Belém. O local escolhido para a construção do forte do Presépio,
feito de madeira e palha, foi uma região repleta de acidentes geográficos, cheia de ilhas, igarapés e
pântanos — barreiras naturais que facilitavam a proteção. O forte ficou entre o rio, com bancos de areia,
e o pântano. A região foi chama de Feliz Lusitânia.
A COLONIZAÇÃO DO PARÁ: FUNDOU-SE BELÉM
A primeira rua criada na cidade foi a rua do Norte, hoje ladeira do Castelo. A cidade, então,
começou a crescer à sombra do forte, como era comum na época. Aos poucos as habitações foram sendo
construídas às margens do rio Guamá, casas cobertas de palha, que eram restauradas periodicamente. O
primeiro bairro constituído ficou conhecido como “Cidade”, hoje Cidade Velha. Em seguida, a outra
margem do igarapé Piri foi povoada, dando origem ao bairro da Campina. Nessa época, já se faziam
presentes no povoado os padres franciscanos, conhecidos como capuchos ou capuchinhos.
Logo deram início às atividades comerciais e às plantações de tabaco e cana-de-açúcar, para os
engenhos. As plantações tomaram largas áreas da Feliz Lusitânia naqueles tempos. A expansão territorial
tinha como consequência básica o choque com as tribos indígenas. quando chegaram aqui, os lusos não
encontraram tantos inimigos estrangeiros. Depararam-se mesmo com diversas nações indígenas que se
revelaram fortes obstáculos à ocupação territorial. Conter a fúria dos nativos foi o principal desafio.
Afinal, as terras já tinham dono, e os portugueses eram os invasores.
Tupinambás, tabajaras e Nheengaíbas não davam trégua aos europeus. Em 1618, ocorreu um grande
ataque ao Forte do Presépio, episódio que trouxe consequências amargas aos colonizadores. Os índios de
São Luís e do Pará foram duramente reprimidos pelas forças militares, as quais, por sua vez, aprenderam
com franceses e holandeses que os índios catequizados podiam tornar-se importantes aliados. A
quantidade de índios aliados era sempre inferior ao número de soldados.
Os portugueses sabiam de suas limitações na relação com os nativos. A língua era uma barreira
dificílima para os lusitanos. No começo, eles ficavam espantados com a destreza com que os franceses se
comunicavam com os índios. Nesse processo, os portugueses sabiam que os religiosos eram de grande
valor, infelizmente os clérigos eram poucos para atuar na conversão do nativo ao cristianismo, fato
lamentado por muitos. Apesar dos conflitos ao longo do século XVII, os padres das diversas ordens
religiosas aceitaram fazer parte do projeto colonizador da Coroa portuguesa na região. Era cada vez
maior o número de pedidos para que a Coroa enviasse de Portugal mais religiosos para o Pará, pois o
número de índios não cristãos era muito grande. Muitos preferiam o trabalho dos jesuítas, considerados
os melhores no processo de catequese.
Nos primeiros tempos faltava de tudo na cidade: padres, armas, munição e comida, que era escassa,
pois para tudo se necessitava do índio. Com o passar dos anos não mudou muito, eram constantes as
cartas enviadas ao rei em que os moradores queixavam-se da falta de redes para pescar e açougues que
vendessem carne. Nos primeiros anos, a maioria dos moradores era militar; faltavam ferreiros,
carpinteiros, sapateiros, pedreiros e funcionários letrados. Por isso, outro desafio foi convencer outros
portugueses a vir morar aqui.
Um dos primeiros propagandistas da região foi Simão Estácio da Silveira, capitão que escreveu, em
1624, uma verdadeira apologia aos estados do Maranhão e Grão-Pará. Seu objetivo era convencer
moradores pobres do reino de que a vida aqui era promissora. O céu, a água e a fertilidade do solo
estavam entre os maiores atrativos da propaganda e, claro, o tucupi, a tapioca e o beiju.
REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
31- Qual o principal motivo que levou os reis ibéricos a colonizarem, no século XVI, a região que
hoje chamamos de Amazônia?
32- Quais eram as outras nações europeias que invadiram a Amazônia no século XVI?
33- Quais foram as primeiras tribos indígenas enfrentadas pelos europeus?
34- Em que data e por quem Belém foi fundada?
35- “Falar da fundação de Belém é falar da fundação de São Luís.” Comente essa afirmação.
36- Quais as maiores dificuldades enfrentadas pelos primeiros moradores, de acordo com o texto?
37- Quais as profissões que aparecem no texto?
38- Quais os maiores atrativos da região de acordo com a propaganda?
O PAPEL DA IGREJA CATÓLICA NA COLONIZAÇÃO AMAZÔNICA
Graças à atuação dos padres franciscanos que vieram com Francisco Caldeira, o contato inicial
entre portugueses e tupinambás foi pacífico. Foram os padres franciscanos que organizaram os primeiros
aldeamentos e iniciaram a conversão dos nativos ao cristianismo. também atraíram indígenas para lutar
ao lado dos portugueses na expulsão de holandeses, ingleses e franceses da região.
Em 1640, terminou a União ibérica. As terras da Amazônia, nessa época, já estavam quase todas em
mãos portuguesas, e delas não mais sairiam. A partir de 1653, época em que os padres jesuítas
instalaram-se no Pará, as relações entre índios e colonos já não eram tão pacíficas. Assim, como ocorreu
nos primeiros tempos de colonização no restante do território brasileiro, também no Pará os portugueses
quiseram escravizar os nativos e encontraram a resistência dos jesuítas. Mas quem eram os jesuítas?
Os jesuítas eram padres da Companhia de jesus, uma ordem religiosa criada por inácio de Loiola,
no século XVI, para conter o avanço do protestantismo religioso na Europa. quando os europeus vieram
para a América, trouxeram esses religiosos para ensinar o cristianismo para os nativos. Desde o início,
os europeus não respeitaram a cultura dos povos da América.
Logo estabeleceu-se um conflito. De um lado, os colonos portugueses, que queriam e utilizavam o
índio como escravo. Esses índios eram caçados na mata, em expedições
denominadas descimento, porque subiam até o alto dos rios e depois desciam pela mata prendendo os
nativos. Do outro lado, os padres jesuítas, que não concordavam com a escravidão e defendiam o
trabalho livre dos nativos em comunidades, que recebiam o nome de missões. Nessas comunidades, os
índios aprendiam a comportar-se como os brancos: vestiam roupas, comiam, bebiam, rezavam e
trabalhavam como os brancos. Esses índios, depois que passavam por esse processo, eram chamados de
tapuios, índios destribalizados pela ação dos jesuítas.
Esse conflito transformou-se em uma batalha sangrenta em 1681, quando os irmãos tomás e Manoel
Beckman, comerciantes e moradores do Maranhão, lideraram uma revolta contra o governo, exigindo
escravos africanos. Os revoltosos tomaram a capital São Luís, queimaram igrejas e mataram padres. Essa
revolta foi motivada pela falta de mão de obra para o trabalho em canaviais e engenhos que produziam
açúcar na Amazônia. A falta de alimentos também provocou a revolta, pois os portugueses ricos
consumiam alimentos importados de Portugal, vinhos, pães, bacalhau e uvas. As companhias de comércio
responsáveis pelo abastecimento desses produtos nem sempre abasteciam os moradores da Amazônia.
A revolta durou aproximadamente um ano e, em 1682, os Beckman foram presos e mandados para
Portugal. Os padres jesuítas continuaram a ação missionária na Amazônia. Os conflitos também
continuaram. Nessas lutas, centenas de nativos eram mortos.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
39- Qual ordem religiosa é mencionada no texto?
40- Por que os portugueses precisavam estabelecer uma relação de amizade com os tupinambás?
41- Quem eram e o que faziam os irmãos Beckman?
42- Quais as razões dos conflitos entre os colonos e os jesuítas?
43- O que foi a revolta de Beckman de 1681?
III UNIDADE - OS EUROPEUS E O PRIMEIRO PROJETO COLONIAL PARA A AMAZÔNIA
OS EUROPEUS E O PRIMEIRO PROJETO COLONIAL PARA A AMAZÔNIA
Na segunda metade do século XVI, diversas nações da Europa invadiram a região que hoje
conhecemos como Amazônia. O projeto inicial era conquistar a posse das terras para, em seguida, montar
um aparelho de exploração das riquezas da época, dentre elas as drogas do sertão. Nessa empreitada, os
espanhóis saíram na frente, mas logo perderam o posto para franceses, ingleses, irlandeses e holandeses.
Entre a conquista da terra e os europeus estavam as centenas de tribos indígenas, que já eram as
donas do lugar. O elemento surpresa foi a capacidade que os invasores tiveram de aprender as línguas
nativas e, por meio de um astucioso jogo de sedução, transformar os nativos em aliados. Obviamente,
nem todos os povos deixaram-se seduzir; muitas nações lutaram até a morte.
Os conquistados tornaram-se a principal mão de obra do projeto colonizador europeu na região. Os
lusitanos, ao tomarem a região, a partir de 1612, fizeram uso das mesmas artimanhas utilizadas por outras
nações da Europa; vale considerar o fato de que os ibéricos contavam com o apoio das diversas ordens
religiosas da igreja católica: franciscanos, capuchos, jesuítas, etc. Vieram para a Amazônia obedecendo
às ordens da Coroa de Portugal e da Espanha, para ajudar no processo de conquista dos nativos, pois
aqui tinham muitas almas que precisavam ser salvas. Naquele momento, os reis queriam as riquezas
terrenas e a igreja, as riquezas espirituais.
No primeiro projeto colonial português para a região Amazônica, que vigorou da segunda década do
século XVII à metade do XVIII, eram exploradas as drogas do sertão e produzidos tabaco, arroz e açúcar
em grandes plantações. tudo feito com a mão de obra indígena, que também faziam trabalhos domésticos
e em obras públicas, além de estarem na linha de combate, nas guerras. Nesse sentido é importante
lembrar que a criação do Estado do Maranhão e Grão Pará, em 1621, o domínio da língua geral
(nheengatu) e a criação da junta de Missões são elementos chave dentro desta que é considerada a
primeira grande investida portuguesa no sentido de conquistar, e manter conquistada, a região, que, por
estar mais próxima de Portugal do que o resto do Brasil, exigiu e possibilitou que outros projetos
coloniais fossem colocados em prática aqui, no decorrer dos séculos seguintes.
O que fica evidente nesse primeiro momento é que foi o braço de trabalho indígena que, por
caminhos variados, e em boa parte ainda desconhecidos, começou a erguer a civilização colonial
portuguesa, implantada na Amazônia ao longo do século XVII.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
44- Quais as principais características do primeiro projeto de colonização colocado em prática
pelos europeus na Amazônia?
SOBRE OS MORADORES DE BELÉM NO SÉCULO XVII
Em 1620, o rei Felipe ii, por meio de uma carta-patente, decidiu criar um estado independente no
Norte do Brasil, chamado Estado do Maranhão e Grão-Pará. Entre os principais argumentos para tal ato
estava a dificuldade de navegação na região; saindo daqui, era mais fácil e rápido chegar a Lisboa do
que a Salvador. A partir de então, ora a região era governada de São Luís, ora de Belém.
Os estudiosos da época dividiam os moradores de Belém do século XVII em quatro grandes grupos:
o primeiro eram os portugueses, ricos e pobres; o segundo eram os índios (cristãos ou não) e os
africanos; o terceiro era o grupo formado a partir das misturas dessas diferentes raças, os mamelucos; e o
quarto eram os estrangeiros. Os ricos daqueles tempos possuíam escravos, plantações de tabaco e cana-
de-açúcar. Esse grupo também detinha o poder político da região, eram os cidadãos, apenas eles podiam
portar armas, votar e ser votados — eram “a nobreza da terra”.
O fato de pertencer à nobreza não significava que viviam com fartura. Eram tempos difíceis. As
casas eram rudimentares, em geral de taipa revestida de barro, contando apenas com um pavimento e com
poucos móveis e utensílios. Nesse ambiente, nobreza rimava muitas vezes com pobreza.
A quantidade da população da época ainda é difícil de precisar, pois os censos realizados só
contavam os moradores nobres; dizia-se que Belém possuía apenas quinhentos habitantes no início do
século XVII. Obviamente, as contagens não levavam em consideração negros, índios e miscigenados. Nos
primeiros tempos, aqueles que exerciam o poder político eram os mesmos que detinham o poder
econômico, tinham escravos e grandes plantações ou viviam do comércio de drogas do sertão. O
principal poder da cidade era a Câmara Municipal, composta por um juiz, um procurador e vários
vereadores. Às vezes, os interesses da câmara, eleita por meio de voto na cidade, entravam em choque
com os do Governo e dos comerciantes e religiosos, em geral autoridades nomeadas pelo rei.
Nesse cenário, nem todos viviam nas cidades; muitos moradores, pela força de suas atividades,
viviam afastados dos centros urbanos. Grande parte dos religiosos vivia nas matas socorrendo doentes,
realizando a catequese, e muitos senhores viviam nos engenhos, que ficavam longe, cuidando da
produção do açúcar ou da coleta das drogas do sertão.
Em 1655, o monarca de Portugal, dom joão iV, concedeu aos portugueses que viviam em Belém e
possuíam posses os mesmos privilégios dos cidadãos do Porto, como portar armas e isentar-se do
serviço militar, tudo por obra dos serviços dispensados à Coroa na defesa do território.
Outro grupo social importante nesse cenário era o dos religiosos, que estiveram presente desde o
início da colonização das terras da Amazônia. Lembremos que a ação deles era fundamental no momento
de estabelecer os contatos com os nativos e firmar as alianças, tão importantes para todo o processo da
colonização. quando falamos em religiosos na colônia, de imediato nos vem à cabeça os jesuítas, que
realmente tiveram uma participação muito importante na vida colonial.
Nos primeiros anos do século XVII após a fundação de Belém, não havia ordens religiosas
estabelecidas. Os padres vinham por indicação do rei, para atender uma solicitação especial da
capitania; os religiosos eram encarregados de cuidar das doenças da alma. Aos poucos, as ordens foram
se estabelecendo por aqui: mercedários, carmelitas, jesuítas e franciscanos. A doutrina cristã e a
conversão a fé católica não seriam possíveis na região sem esses importantes personagens, que também
se ocupavam de cuidar das vilas fundadas pelos portugueses no interior. inicialmente, eram poucos
padres para muitas almas doentes, pois nem só de catequizar índios vivam os padres. tinham que cuidar,
ainda, dos lusitanos, que também careciam de atenção espiritual.
Nesse cenário, as diferentes ordens religiosas vivam conflitos internos, buscavam por caminhos
diferentes aumentar a influência na região e recorriam aos poderosos da época para conseguir privilégios
e riquezas materiais. Muitas vezes foi necessária a intervenção do governador da província e até mesmo
do rei, para minimizar os conflitos. importantes construções religiosas, como a igreja de São Francisco
de Assis, hoje igreja de Santo Alexandre,
onde funciona o MAS (Museu de Arte Sacra), igreja do Carmo e Convento de Santo Antônio
remontam suas origens àquele período.
As ordens religiosas vieram para o estado do Maranhão e GrãoPará com o objetivo de converter os
índios à fé católica. Na época, o rei de Portugal era estimulado pelo “padroado régio”, direito que a
coroa tinha de interferir nas questões religiosas e tomar para si as terras que fossem conquistadas pelos
padres. Os primeiros padres que chegaram à região foram os capuchos, em 1617, que se revelaram
insuficientes para as pretensões dos portugueses. Era “muito índio para pouco padre”. Portanto, foram
enviados pedidos ao rei que mandasse mais religiosos para a região.
O trabalho dos padres ocorria de fato no interior da Colônia, e logo começou a interferir na cultura
dos índios: religião, língua, vestuário, fala, etc., tudo começou a ser alterado pela intervenção dos
padres. O contato com o branco foi nefasto para os índios. Começaram a ser fundadas vilas no interior,
que mais tarde transformaram-se em cidades, muitas com nomes conhecidos dos portugueses, como
óbidos e Santarém, nomes de cidades lusitanas.
UM IMPORTANTE RELIGIOSO
Padre Antônio Vieira nasceu em Lisboa no dia 6 de fevereiro de 1608. Aos seis anos chegou ao
Brasil com a família. Foi aluno do colégio jesuíta da Bahia, onde descobriu sua vocação para a religião.
Foi ordenado padre em 1635 e, em 1652, foi enviado para o Maranhão como missionário, de onde foi
expulso em 1661, sendo preso pela inquisição e proibido de pregar. Em 1669, chegou a roma, pregou
vários sermões, que lhe deram grande notoriedade. Foi isentado da inquisição em 1675. Voltou ao Brasil
e, em 1688, faleceu na Bahia, aos 89 anos.
Os inúmeros e diferentes conflitos que ocorriam no estado do Grão-Pará da época requeriam a
interferência constante das autoridades de Lisboa. Nações indígenas das mais diversas, como os Muras,
Caicaises, jumas, Barbados, Guaranês, Xotins, Copinhorons e Abacaxis, estavam no centro dos
acontecimentos. Lembremos que eles eram a principal mão de obra. Faziam de tudo: remavam, caçavam,
pescavam, colhiam as drogas do sertão, labutavam nos engenhos, etc. Outro foco constante dos conflitos
eram os religiosos. Os padres brigavam entre si, principalmente quando iam fazer a repartição das
aldeias. Os moradores, por outro lado, frequentemente questionavam as legislações do período, que
sempre beneficiavam os religiosos. Por conta disso, as fugas de escravos eram constantes, assim como a
destruição de muitas vilas.
UM IMPORTANTE NAVEGADOR
O capitão Pedro teixeira foi um importante navegador português que ajudou na conquista lusa na
região. Acompanhou de perto a jornada de Francisco Caldeira Castelo Branco, tornando-se governador
da capitania do Pará entre 1620-1621 e, depois, do estado do Brasil, entre 1640-1641.
Realizou uma importante viagem de reconhecimento, em 1637, saindo de Cametá, no Pará, indo em
direção a quito, no então Peru, realizando significativas conquistas para a Coroa de Portugal. Na ocasião,
foram escritas importantes crônicas sobre os povos indígenas encontrados. Foi, também, traçado o
primeiro mapa da região, fato que muito ajudou no conhecimento das rotas de navegação naqueles
tempos.
A JUNTA DAS MISSÕES
A Junta das Missões era um tribunal formado por representantes das diversas ordens religiosas e
por militares, presidido pelo governador da capitania. Era responsável por organizar o direcionamento
da mão de obra indígena para as diversas atividades coloniais: construção de fortalezas e igrejas, enviar
homens e mulheres para o serviço nas fazendas, sendo que às índias cabia, dentre outras coisas, a função
de amas de leite. Eram encaminhados índios, também, para compor a linha de frente das tropas de
resgate, sendo escravizados pelo exército para exercer essa função. Além disso, procuravam responder
às disputas entre os religiosos que brigavam por terra e pelos índios.
Era comum o líder de determinada tribo indígena fazer uma solicitação de paz durante os conflitos
com os brancos. A língua geral (nheengatu) era utilizada para estabelecer a comunicação; era mais
conhecida pelos padres, que levavam vantagem no contato com os nativos.
Após o contato com índios, a junta fazia o exame linguístico e encaminhava os índios para seus
novos destinos. Se fossem considerados inimigos, iam para o cativeiro; se fossem aliados, eram
libertados, para fazer trabalhos sob a direção dos brancos, que duravam de dois a cinco anos. O
pagamento que recebiam era tecido de algodão. infelizmente, muitas nações indígenas ficaram fora dos
registros, sobretudo as inimigas, que não se rendiam ao invasor branco.
Percebe-se, dessa forma, que a junta das Missões era um tribunal que funcionava no interior da
Amazônia com a desafiadora responsabilidade de legislar de forma eficiente, em um mundo colonial que
respondia em última instância a um império ultramarino que enfrentava conflitos de toda ordem em suas
imensas possessões territoriais, nas quais, na maioria das vezes, suas leis não eram respeitadas. Assim, a
junta formou-se entre caçada de índios, tráfico de peças e briga entre vereadores das câmaras municipais.
Lembremos que muito da história dos índios ainda está escondida e precisa vir à luz.
Os recentes estudos têm mostrado que os índios enfrentaram os invasores brancos de várias formas:
fugindo, queimando aldeias, destruindo casas, afundando canoas, etc. Muito ainda precisa ser dito e feito
para que os índios de fato encontrem seu lugar na história da Amazônia.
REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
45- Quais eram os principais moradores de Belém no século XVII, de acordo com o texto?
46- Quais eram as principais riquezas exploradas na região à época?
47- O que era a junta das Missões?
48- Quais eram as principais ordens religiosas da época?
49- O que era o nheengatu?
50- Quem foi Antônio Vieira? Qual a sua importância no processo de colonização da Amazônia?
51- Quem foi Pedro Teixeira?
“olho de boto no fundo dos olhos de toda a paisagem...”
(Letra: Cristóvam Araújo; música: Nilson Chaves)
LENDA DO BOTO
Segundo os povos antigos da Amazônia, o boto é um animal encantado, podendo assumir a forma
humana sempre que desejar. Nos rios da Amazônia é possível encontrar o boto branco, o boto tucuxi (o
mais cruel) e o boto cor-de-rosa.
As populações ribeirinhas da região de Cametá, no estado do Pará, contam que nas festas do
interior, quando chega à meia-noite, um rapaz bonito, todo vestido de branco e calçando um sapato em
forma de ouriço de castanha, com os pés virados para trás, aparece nas festas e dança com a moça mais
bonita. Os outros homens, zangados, vão tirar satisfação, e ele então corre em direção à ponte e joga-se
no rio, assumindo a forma de um boto, e sai espirrando água para cima, zombando dos homens que o
perseguiam.
Na região da cidade de Santarém, as moças não podiam andar sozinhas pelos rios, pois corriam o
risco de serem engravidadas pelo boto. No rio Moju, na década de 1970, crianças eram assombradas
pelo boto e assumiam a forma do animal. Muitos zombavam do boto fazendo barulho para ver o animal
dar saltos para fora da água. Os pescadores, que utilizavam malhadeiras para capturar peixes, não
gostavam do boto, pois ele comia os peixes e ainda rasgava as redes de pesca.
Essas e outras histórias ainda hoje são contadas por moradores das margens dos rios da região. Em
outras partes do Brasil contam-se outras lendas, que tornam a nossa cultura popular altamente rica.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
52- Você acha que as lendas são importantes? Por quê?
53- Nos textos anteriores, quais cidades do estado do Pará são citadas?
54- Você saberia fazer um relato sobre a lenda do boto?
A MANDIOCA

A mandioca é um dos mais importantes alimentos dos povos da Amazônia. Ela foi domesticada
pelos índios da região e hoje é consumida em vários países. Na mitologia dos povos da região, há um
lugar especial para a história de Mani, moça bela de uma tribo indígena que morreu e renasceu em forma
de alimento para seu povo.
Nos dias atuais, a mandioca continua representando uma fonte importante de alimento para grande
da população amazônica. Ao longo de sua história, a mandioca foi produzida em grades e pequenas
plantações. Na culinária paraense, um dos pratos mais conhecidos é a maniçoba, que traz na sua essência
a folha da mandioca, o tucupi (líquido extraído do fruto que, após um tratamento adequado, é utilizado
também como molho para pratos especiais) e molho de pimenta. A mandioca ainda é consumida cozida e
frita.
Mas, o principal alimento feito com ela é a farinha. As variações mais conhecidas da mandioca no
estado do Pará são: a mandioca branca, a mandioca amarela e a macaxeira.
Da tapioca extraída da mandioca é possível fazer beiju, farinha de tapioca, doces, sorvetes, bolos,
etc. Os métodos de produção domésticos ainda são feitos nos retiros de farinha, em fornos de cobre ou
em chapas, de forma bem artesanal. As indústrias produzem-na em grande escala, em geral para o
mercado externo.
O método tradicional de fazer a farinha na Amazônia é: coloca--se a mandioca de molho em um
tanque, que pode ser de madeira, e após três dias tira-se da água, descasca-se e coloca na masseira,
mistura-se com a mandioca ralada, que não ficou de molho, coloca-se no tipiti para tirar o excesso de
água, coa-se e leva-se ao forno. Após passar pelo processo de cozimento, mexe-se com um rodo de
madeira até a farinha secar, tendo o devido cuidado com a temperatura do forno, para não queimar o
produto.
REFLETINDO SOBRE A LEITURA
55- De acordo com o texto, como a mandioca pode ser consumida?
56- Qual alimento feito da mandioca você conhece e/ou consome?
7º ANO

IV UNIDADE
A ECONOMIA EXTRATIVISTA

V UNIDADE
O PARÁ NO PERÍODO IMPERIAL

VI UNIDADE
OS NEGROS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA

VII UNIDADE
DIALOGANDO COM A CULTURA POPULAR AMAZÔNICA
IV UNIDADE - A ECONOMIA EXTRATIVISTA

Dialogando com a música Amazônica.


Porto seguro

Porto seguro, erro primeiro


Índio sorriu pro estrangeiro

Num mês de abril


E abriu a porta, do litoral

Que era todo encarnado


De pau-brasil
Ibirapitanga virou fumaça
E a desgraça
Veio através do oceano

Com um pano preto no mastro

Deixando um rastro vermelho


No azul atlântico

Trouxe o cântico

Da saudade africana
Aos engenhos e canaviais

Fez dançar o açoite de dia

De noite dançavam orixás


E a região, verde do norte

Sorte era longe dos olhos feitores

Sem vias de acesso

Ida, regresso e morte


Poucas entradas

Tantas bandeiras

Milhas e mil ambições estrangeiras

Rompendo a linha de tordesilhas


Brancos e índios cativos

Buscavam riqueza

Pra encher a mão da distante nobreza

Que nunca viveu ou pisou neste chão


Grita nação, bate os tambores

Pinta tua cara com as cores da arara

Faz guerra
Esta terra é terra bendita

Grita!
(Lucinha Bastos, composição M aria Lídia)


REFLETINDO SOBRE A LEITURA
1- Quais aspectos da história do nosso pais você conseguiu identificar no texto?
A ECONOMIA EXTRATIVISTA
As primeiras expedições que os europeus fizeram rumo à Amazônia, ainda no século XVI, foram
motivadas, em geral, pela busca das drogas do sertão, especiarias que a Europa apreciava, mas não tinha.
Naquela época, a canela era uma dessas especiarias muito apreciadas pelos europeus, pois dela era
possível fazer perfume, remédios e temperos alimentícios.
As expedições espanholas não encontraram o sonhado Vale das Caneleiras, mas abriram a rota da
região para que outros povos entrassem e encontrassem outros produtos apreciados no mercado
capitalista da Europa. Canela, urucu, anil, pimenta-do-reino, cacau e algodão são exemplos de produtos
que ficaram conhecidos comercialmente como drogas do sertão.
Na extração das drogas utilizava-se, em larga escala, o braço de trabalho de índios escravizados.
Os índios também foram utilizados na lavoura da cana-de-açúcar e nos engenhos instalados na região
para a produção açúcar.
AMAZÔNIA NO SÉCULO XVIII: O PROJETO DO MARQUÊS DE POMBAL
Até aqui, esperamos que tenha ficado claro para você que as atividades desenvolvidas na região
amazônica, nessa época, dependiam totalmente das decisões tomadas em Portugal. De lá vinham os
governadores da capitania, muitos dos quais nem tomavam posse, pois a viagem era tão longa que, por
inúmeras vezes, o rei nomeava outro em seu lugar, antes mesmo que o anterior chegasse a seu destino. Em
muitos casos, chegavam dois governadores para ocuparem o mesmo cargo, fato que gerava desavenças,
que logo eram resolvidas, pois ficava no cargo aquele que tivesse sido nomeado por último.
A partir do século XVIII, os fortes ventos da região trouxeram, além de embarcações, novidades
para o estado do Grão-Pará e Maranhão. Começava a haver mudanças no projeto colonizador dos
portugueses. Nesse período, a colônia brasileira vivia seu auge; com as descobertas das Minas Gerais,
éramos a menina dos olhos dos lusitanos, com toneladas de ouro, prata e diamantes sendo levadas todos
os meses do Brasil. Por aqui, era intensa a coleta de drogas do sertão, plantação de tabaco, algodão arroz
e açúcar, este último em pequena quantidade. Nesse sentido, é valido lembrar que a Coroa de Portugal
possuía poucos recursos econômicos e humanos para o seu projeto de colonização, fato que ajuda a
explicar por que a economia de monocultura não havia se estabelecido, até então, nesta região.
Vamos lembrar que monocultura é a produção de um único produto, por exemplo o açúcar. Os
maiores investimentos humanos e financeiros eram feitos na plantação da cana, matéria-prima do açúcar.
A Amazônia estava distante. Os recursos eram poucos e, por outro lado, as Minas Gerais estavam
oferecendo enormes ganhos. Logo, os lusitanos resolveram deixar a Amazônia para mais tarde. Alguns
ainda tentaram produzir açúcar por aqui, mas a qualidade era inferior ao do produzido nas Antilhas,
portanto os engenhos passaram a produzir apenas cachaça, ainda que as leis proibissem. Desse modo, por
causas externas, a região escapou à monocultura. Seu destino era outro.
Em 1750, foi assinado pelos reinos de Portugal e Espanha o tratado de Madri, importante documento
que objetivava resolver o impasse das fronteiras das duas nações, em especial sobre a Colônia do
Sacramento e Sete Povos das Missões, motivo de disputas diplomáticas e guerras declaradas entre as
potências ibéricas. O tratado de Madri também ajudou a definir as fronteiras amazônicas. Devemos
lembrar que, pelo tratado de tordesilhas (1494), as terras amazônicas não pertenciam da Coroa
portuguesa, fato que explica por que, nesse período, os lusos não estimulavam a prática da mineração,
nestas terras.
Nesse momento, foi nomeado para governar o Estado do Maranhão e Grão-Pará Mendonça Furtado,
irmão de Sebastião josé de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, que era o primeiro ministro do rei
de Portugal, D. josé i. A partir essa nomeação, os lusitanos poderiam explorar ainda mais as riquezas
minerais da região e elaborar um novo plano de desenvolvimento econômico, dentro da proposta
iluminista, que estava chegando ao reino português pelas mãos de Pombal.
O Marquês de Pombal foi o principal responsável pela definição de um novo projeto de colonização
para a região amazônica ao longo das décadas de 1750 e 1760 do século XVIII. Pombal era um homem
de origem simples, que foi aos poucos se aproximando da corte portuguesa. tornou-se embaixador da
Coroa e viveu muitos anos fora, especialmente na França e na inglaterra. Foi o principal responsável
pela assinatura do tratado de Madri, que muito beneficiou Portugal, além de solucionar questões de
diplomacia religiosa em roma. Com a coroação do jovem D. josé i, Pombal voltou ao reino português,
totalmente influenciado pela forma de governar de ingleses e franceses. Foi na inglaterra e na França que
ele teve contato com as ideias do liberalismo econômico e do iluminismo, para então tentar colocá-las
em prática no atrasado reino de Portugal.
Portugal era um reino, em certos aspectos, atrasado e, como diziam alguns, fortemente influenciado
pelos jesuítas. Pombal, desde muito cedo, não se relacionou bem com a igreja católica, que era vista por
ele como a principal responsável pelo atraso econômico de seu país. Ele acreditava que a influência que
os religiosos exerciam sobre o rei era prejudicial, pois por causa da igreja católica, dizia-se que as
ciências não se desenvolveram no reino como tinham se desenvolvido em nações como a França e a
Inglaterra.
Lembremos que na França e na inglaterra houve uma forte reforma protestante, e a igreja reformada
era maioria nesses países. Em território protestante, o trabalho, o dinheiro e as ciências eram vistos
como motores do desenvolvimento nacional, coisa bem diferente da realidade de Portugal. Assim que
assumiu o posto de primeiro-ministro, Marquês de Pombal começou a colocar em prática suas ideias de
progresso econômico para o país. O ensino, que era todo de caráter religioso e controlado pelos padres
jesuítas, com o tempo passou a ser laico, ou seja, ministrado por professores que, em geral, nada tinham a
ver com a igreja. isso foi um golpe para a igreja católica e um choque para a sociedade de Lisboa.
Desse momento em diante, foi declarada uma verdadeira guerra entre Pombal, a nobreza, que o
odiava, e a igreja católica. O ministro tinha carta branca do rei para colocar seu plano em prática, que
era desenvolver a economia do reino e tornar Portugal uma nação competitiva no mercado mundial; era
preciso recuperar o atraso. Durante o período em que Pombal foi primeiro-ministro, Portugal sofreu um
terremoto e Lisboa teve que ser praticamente toda reconstruída. O Marquês revelou-se um administrador
de primeira qualidade, abrigando vítimas, socorrendo os feridos e trabalhando incansavelmente para
recuperar a nação, fato que chamou a atenção de toda Europa para os seus dotes de estadista; até seus
inimigos foram obrigados a reconhecer seu valor.
As reformas do Marquês de Pombal não tardaram a chegar à Amazônia. Foi pensado um grande
projeto para a região. Pombal sabia que o desafio era muito grande, mas estava convencido de que algo
tinha de ser feito, ou Portugal estaria destinado ao fracasso. Lembremos que o reino português tinha
pouca terra e pouca gente.
A realidade da Amazônia era bem diferente. Havia muita terra, muita mão de obra e estava bem
próxima de Lisboa. Começaram, então, as mudanças. Primeiramente, foi decretado fim da escravidão dos
índios, depois criado um diretório, órgão que administrava o trabalho dos nativos, já que os jesuítas
foram expulsos da região em 1759. Foram incentivados os casamentos inter-raciais e cidades inteiras,
como Mazagão, foram transplantadas da áfrica para a Amazônia, tudo com o objetivo de fortalecer o
braço de trabalho na região. Essas mudanças estavam na base do novo projeto português. Era preciso
fazer uma revolução urgente na agricultura e produzir alimentos, pois tanto Portugal quanto as duas
principais cidades da Amazônia sofriam uma grande escassez. Por outro lado, era preciso desenvolver
uma política demográfica de branqueamento da população e criar uma população nativa da região, fruto
dos casamentos entre índios e brancos, pois para desenvolver a agricultura era preciso ter gente para
trabalhar, e essa mão de obra viria da união dos povos que aqui viviam.
A expulsão dos jesuítas era justificada pelo fato de essa ordem representar uma ameaça política,
uma vez que toda a educação do reino de Portugal e do Brasil estava nas mãos dos religiosos. Com a
saída dos jesuítas, a educação sofreu um duro golpe, pois não havia gente com a formação necessária na
região; muitas obras de arte e livros foram levados embora pelos padres. Começaram os casamentos
inter-raciais, fato que causava espanto em muitos, pois até o momento um branco casar-se com uma índia
era considerado grave transgressão. A direção dos aldeamentos dos índios saiu das mãos da igreja e
passou para comerciantes, que em muitos casos exploravam os índios bem mais do que os padres.
Enquanto Pombal foi primeiro-ministro de Portugal (17501777), as reformas foram mantidas, no
entanto quando Dom josé i faleceu, logo Pombal perdeu o poder. tudo voltou a ser igual, ou pior do que
era antes. Os inimigos de Pombal invalidaram suas ações. Desterraram-no de Lisboa e condenaram-no
por muitos crimes contra a nobreza. Assumiu o trono D. Maria i, que logo restaurou a antiga forma de
exploração da região amazônica. Os índios voltaram a ser oficialmente escravizados e utilizados como
principal mão de obra na exploração das riquezas regionais. Eram os anos finais do século XVIII e as
águas dos rios da região traziam novas ideias. Ficaram as lembranças do segundo grande projeto de
colonização português para a Amazônia.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
2- De acordo com o texto, como se deu a relação entre os jesuítas e o Marquês de Pombal?
3- Por que a cidade de Mazagão foi “transplantada” da áfrica para a Amazônia?
4- Por que os casamentos inter-raciais foram importantes para o projeto de Pombal?
5- Após a morte de Pombal, quais rumos foram dados aos seus projetos políticos e econômicos na
Amazônia?
SOBRE AS CIDADES COLONIAIS AMAZÔNICAS
O processo geral da formação das cidades no Brasil está ligado à ocupação dos espaços vazios. Na
Amazônia, não foi diferente.
As pesquisas arqueológicas têm mostrado que na Amazônia pré-colonial havia sociedades
sedentárias vivendo em grandes núcleos populacionais desenvolvidos, mas as primeiras cidades no
sentido moderno da palavra foram fundadas na região pelos europeus. Ficavam, em sua maioria, às
margens dos rios largos, o que possibilitava a navegação, o embarque e o desembarque de mercadorias.
Os interesses territoriais e comerciais eram colocados como os mais importantes. As cidades tinham suas
origens nos fortes ou nas missões. Diversas, receberam nomes de cidades portuguesas, por exemplo
Santa Maria de Belém, Santarém e Óbidos.
As cidades que foram originadas das missões dos jesuítas eram diferentes em alguns aspectos: não
eram portos de embarque e desembarque de mercadoria, as construções eram mais simples, geralmente
de madeira e barro. Os moradores, tapuios, trabalhavam na agricultura para a subsistência, produzindo
frutas e legumes, tecendo roupas de algodão e construindo embarcações. Essas cidades recebiam nomes
indígenas, quase sempre das tribos que deram origem ao lugar, por exemplo tucuruí, Marabá, Moju e
Cametá. No período da administração do Marquês de Pombal várias cidades foram criadas, com o
objetivo de povoar, com europeus e seus descendentes, a região.
A vida nas cidades era simples, pois a maioria da população branca vinha para cá obrigada. Era
gente que tinha dívidas financeiras com a Coroa, criminosos desterrados e mulheres acusadas de bruxaria
condenadas a viver em uma terra distante e inóspita. A falta de alimentos e a luta diária contra os índios e
os animais da floresta representavam os maiores desafios dos moradores.
As cidades que foram originadas das missões, em geral, ficavam bem distantes das grandes cidades,
para evitar que os comerciantes aprisionassem os índios e os transformassem em escravos. Nas regiões
de Cametá, no Baixo tocantins, foram constantes as lutas dos religiosos com os comerciantes. À medida
que iam avançando no território amazônico, os portugueses fundavam cidades, o símbolo maior da posse
das terras da região.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
6- Com quais finalidades foram fundadas as primeiras cidades amazônicas?
7- O que caracterizou as cidades fundadas pelos padres jesuítas?
8- Quais os maiores desafios enfrentados pelos missionários?
9- O que caracterizava as cidades originadas das missões religiosas?
AS FRONTEIRAS COLONIAIS DA AMAZÔNIA BRASILEIRA
O século XVIII também conheceu de perto uma intensa disputa entre as nações europeias pelo
domínio das fronteiras do vale amazônico. Um caso exemplar dessa luta foi travado entre Portugal e a
França. A colônia de caiena, parte da Amazônia Francesa, foi palco de disputas ferrenhas. Na ocasião, a
falta de homens para guardar as fronteiras era um sério problema para a Coroa lusitana.
Os franceses aproveitaram-se desse fato para praticar o extrativismo das drogas do sertão, saquear
as missões portuguesas mais distantes da vigilância e roubar escravos africanos para suas possessões.
Ao longo do século, as lutas foram intensas para que a posse da terra fosse garantida. As duas nações
utilizavam-se do braço escravo indígena e africano para expulsar os inimigos de “suas” terras.
Em muitos casos, os escravos do lado português fugiam e iam se refugiar em Caiena, pois lá as
condições da escravidão eram em alguns pontos diferentes. Na segunda metade do século XVIII, foi
concedida a liberdade aos escravos de Caiena pelo rei da França, fato que fez com que muitos negros
fugissem para lá, gerando a revolta dos portugueses do lado brasileiro. Essa realidade só se agravou a
partir de 1755, com a criação da Companhia do Comércio do Grão-Pará e Maranhão. Durante seus vinte
e doi anos de existência, trouxe para a região aproximadamente treze mil escravos da áfrica.
Aumentavam os cativos e, consequentemente, as fugas e as revoltas. Sempre que entravam em
território estrangeiro para buscar seus escravos, os portugueses procuravam alargar seus domínios.
Estabeleciam relações comerciais com índios e garantiam a posse da terra para a Coroa de Portugal.
Essa prática foi decisiva ao logo do século XVIII, para que o tamanho do território amazônico fosse
definido.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
10- Qual a causa do conflito entre portugueses e franceses em Caiena?
11- Qual a importância da Companhia do Comércio do Grão-Pará e Maranhão?
12- Qual a mão de obra utilizada pelos portugueses e franceses?
V UNIDADE - O PARÁ NO PERÍODO IMPERIAL
O ROMPIMENTO DO PACTO COLONIAL: VINTISMO
Denomina-se Vintismo o conjunto de revoluções sociais ocorridas em Portugal e no Pará, a partir
dos anos 20 do século XIX. Naqueles acontecimentos, a imprensa teve um papel fundamental,
denunciando aspectos da crise do sistema colonial português e contribuindo de forma ímpar para a
formação e o desenvolvimento de uma classe de letrados na Amazônia, particularmente no Pará. As bases
desses movimentos estavam em Portugal e eram amparadas em alguns dos ideais iluministas da França do
século XVIII.
Os fatos que desencadearam são muitos, mas aqui serão apontados os principais. Em 1808, a família
real portuguesa, fugindo de Napoleão, mudou-se para o Brasil, deixando a nação abandonada nas mãos
dos inimigos, fato que desagradou muitos lusitanos. Assim que chegou a Salvador, o rei assinou um
documento permitindo que as nações amigas de Portugal praticassem comércio com os portos brasileiros,
algo que era proibido até aquela data. Os comerciantes brasileiros aplaudiram a iniciativa. Em 1815, o
Brasil foi elevado à condição de reino Unido, que também gerou risos e choros.
Naquela altura, a parte abandonada da nação portuguesa estava contrariada com o rei D. joão Vi. A
partir de então, começava uma batalha política e econômica ferrenha para que o rei voltasse a Portugal,
pois não aceitavam que o Brasil, que tinha sido colônia, agora governasse o reino. O rei dizia que não
voltaria. Então, em 1820, os deputados fizeram a revolução Constitucional do Porto, tomaram o poder
político e mandaram uma intimação ao rei: ou ele voltava para Portugal e o Brasil voltava a ser colônia
ou perderia o direito ao trono português. Estava declarado o conflito.
Enquanto isso, na Amazônia, e particularmente no Pará, a situação era outra. A revolução do Porto
criou uma constituição e nela proclamou a liberdade de imprensa para todos os portugueses, europeus e
americanos. Logo, os deputados lusos sabiam que precisavam muito das colônias do Norte, passando a
fazer promessas cada vez maiores de liberdade econômica e política para a região.
Nesse contexto de ideais iluministas, foram criados vários jornais em Portugal e na Amazônia. Por
aqui, ganharam destaque os jornais O Paraense e O Conciliador, do Maranhão. Ambos os periódicos
começaram, a partir de 1822, a fazer forte campanha em favor das cortes portuguesas, pois os
intelectuais, políticos e comerciantes nascidos na Amazônia acreditavam que os deputados de Portugal
queriam o melhor para a região. Em 1º de janeiro de 1821, o Pará reconheceu a Constituição dos
deputados lusitanos. Naquele momento, os jornalistas regionais diziam não à independência do Brasil e
sim às cortes portuguesas. Afinal, as promessas eram boas demais e não havia laços do Norte do Brasil
com o Sul.
Nascia, então, naqueles anos vinte na Amazônia, uma imprensa que começava a formar leitores em
uma sociedade praticamente iletrada. Por meio dos jornais, falava-se em eleição própria para Câmara
dos Deputados, liberdade econômica e fim da escravidão.
À frente do jornal O Paraense estava o jovem Felipe Patroni, paraense que se formou em Direito,
em Portugal, e era um ardente defensor dos ideais do iluminismo. Acreditava na força da imprensa e nas
boas intenções das cortes portuguesas. Patroni era o principal redator do jornal. Logo suas ideias de
liberdade começaram a incomodar os donos do poder da Capitania do Pará, haja vista que os planos dos
deputados portugueses para a região eram outros.
D. joão Vi não aguentou a pressão dos deputados portugueses e voltou a Lisboa, para seu antigo
trono. Assim, a população da Amazônia descobriu que os deputados de Portugal só queriam a ajuda
política da região para forçar o rei a voltar para Lisboa. Depois que conseguiram o que queriam,
deixaram de falar em liberdade, pois queriam mesmo é que a região ficasse na condição de colônia,
produzindo principalmente gêneros alimentícios e mandando-os para os lusitanos. O discurso da
liberdade foi trocado pelo rígido controle populacional da região.
Os jornalistas começaram a ser perseguidos e os jornais foram proibidos de circular. Os deputados
eleitos para a Câmara de Belém no início de 1823 foram impedidos de assumir a política regional e
oficializou-se um golpe militar, instalando-se a censura em 1º de março de 1823. Felipe Patroni foi
expulso de Belém, tendo que viver obrigado em Portugal, sufocando seus sonhos de liberdade para a
Província do Pará.
Os ideais de liberdade foram sufocados, mas não morreram. Naquele ano de 1823, as lutas
tornaram-se mais intensas. Os defensores da liberdade foram presos, vários deportados e outros
condenados à morte. A tragédia do Brigue Palhaço matou 252 inimigos políticos dos donos do poder. Em
15 de agosto do mesmo ano, o Pará aderiria à independência ou seria anexado, à força, ao resto do
Brasil. Mas as lutas estavam longe de terminar, porque as bases da Cabanagem já estavam lançadas.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
13- O que foi o Vintismo?
14- Qual a relação entre o iluminismo francês e o “Vintismo?
15- QUal a importância da imprensa para o Vintismo?
16- Qual o projeto dos deputados lusos para a região amazônica, naquele momento?

TEMPOS DE VINTISMO
A posição revolucionária de O Paraense fica, assim, esclarecida pelas vias de uma leitura
específica que o governo militar do Grão-Pará fazia acerca da liberdade de imprensa. (...) a partir do
momento em que o periódico passou a censurar o autoritarismo militar e setores da administração
provincial (...) a sua linha editorial passou a ser apontada para Lisboa como sinônimo da dissidência
instalada no Grão-Pará.
Geraldo M ártires Coelho, Anarquistas, demagogos e dissidentes. Belém: CEjUP, 1993, p. 28
A ADESÃO DO PARÁ à INDEPENDÊNCIA DO BRASIL (15 DE AGOSTO DE
1823)
Depois que o Brasil tornou-se independente do controle de Portugal, os portugueses que ocupavam
os principais cargos públicos nas diversas partes do Brasil não queriam de forma alguma aceitar a
autoridade de D. Pedro ii. Em várias províncias foram travadas lutas de resistência. Mandaram para a
província do Pará john Grenfell com a finalidade de fazer o Pará aderir à independência. A ordem que
Grenfell trazia era de que se o governo do Pará não aceitasse a adesão, a capital seria bombardeada.
No dia 15 de agosto de 1823, o bispo Dom. Romualdo de Souza proclamou a independência do Pará
do reino de Portugal. No dia 17 formou-se uma junta governativa composta por Batista Campos,
Clemente Malcher e josé ribeiro Guimarães. Entre o povo, houve divergências, uma vez que muitos não
aceitavam a adesão, principalmente os portugueses, que mandavam na política e na economia. Brigas
ocorriam em todos os cantos de Belém. Muita gente foi morta.
Entre os personagens destacados desse período, citamos o padre Batista Campos e o jovem
advogado Felipe Patroni. Batista Campos nasceu no município do Acará, em 1782, tornou-se padre e
mais tarde, já morando em Belém, transformou-se em um dos maiores defensores da liberdade do povo
paraense. Foi amarrado na boca de um canhão. Os apelos de seus aliados e daqueles que o admiravam
salvaram-no da execução. Em 1825, acusado de propagar ideias republicanas, foi preso na capital do
país e depois absolvido, voltando para o Pará e colaborando com o jornal Paraense.
Começou a ser perseguido politicamente e foi obrigado a fugir para o interior, vindo a falecer no dia
31 de dezembro de 1834. Sua morte desencadeou uma das mais violentas lutas que a Amazônia conheceu:
a Cabanagem.
O episódio da adesão deve ser lembrado como o momento em que os paraenses desejaram libertar-
se do domínio português na região amazônica. Os portugueses dominavam a economia, a política e todos
os aspectos da vida social. Nesse período, quem discordava do governo era punido com a morte. Só para
lembrarmos, em 1823 duzentos e cinquenta e dois homens foram mortos sufocados, com cal, no porão do
Brigue Palhaço, na Baía do Guajará, em frente a Belém, porque defendiam a liberdade do povo paraense.
Esses foram os verdadeiros heróis da adesão do Pará.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
17- Por que os portugueses não queriam a adesão do Para à independência do Brasil?
18- Como o governo do Pará tratava os inimigos políticos na época?
19- O que a foi à tragédia do Brigue Palhaço?
20- Escreva um texto sobre o tema estudado e, depois, leia-o em sala de aula.

Dialogando com a música amazônica.
Tempos de cabanagem

A história nos conta


o mundo dos índios e negros

vivendo o tempo e o lugar de escravizar


Amazônia — colônia dos brancos
vieram em degredo explorar os segredos

da flora e do rio-mar


Impuseram aos índios deixar sua taba

morada geral
isolava o nativo perdia o sentido
e o estilo da vida tribal


Descimento do alto dos rios levavam gentios

prisioneiros em resgate
deixava os perdidos menos oprimidos

seguiam a chorar


Negro veio pela corrente
suor e dor inclemente

que o poder bruto do branco

é o fogo e não pode parar


Erguem a força da cabanagem
lutam pela liberdade

para que no futuro vivamos em paz.


(Boi Garantido)


REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
21- Em sua opinião, qual a principal mensagem do texto?
22- De acordo com a sua compreensão, como se deu a relação entre brancos e negros no espaço
amazônico, nos tempos da Cabanagem?
23- O que eram os “descimentos”?
UMA ECONOMIA DE POLICULTURA
Ao longo do século XVIII, por falta de recursos financeiros e humanos, Portugal não pôde montar na
Amazônia a empresa de monocultura que foi instalada no resto do Brasil. Deixada um pouquinho mais à
vontade, a população local desenvolveu suas atividades econômicas baseadas na policultura, ou seja,
produzia-se um pouco de quase tudo. Nesse cenário verde, plantava-se arroz, algodão, feijão, soja e
principalmente mandioca. Não podemos esquecer a coleta das drogas do sertão. A posse da terra também
deu-se de outra forma. As propriedades, em sua maioria, eram pequenas, e a grande maioria produzia
para o sustento familiar.
A proximidade da Amazônia com Portugal fazia com que as ordens do rei viessem diretas de Lisboa
para cá, sem obrigatoriamente passar pelo governo do Rio de Janeiro, fato que criava uma série de
conflitos internos, pois havia certa autonomia do Estado do Grão-Pará e Maranhão com relação ao resto
do Brasil. respirava-se, aqui, certo ar de liberdade econômica e política, algo muito prezado pela
população branca e livre que vivia por estes lados.
Os inventários da época mostram que grandes extensões de terra eram cultivadas com mandioca,
fato revelador da liberdade econômica que se vivia à época. Outro elemento que deve ser mencionado é
que uma quantia significativa de tribos indígenas vivia da coleta das drogas do sertão, estando, portanto,
fora dos engenhos de produção do açúcar.
Dessa forma, ao longo do século XVIII, criou-se na Amazônia uma atmosfera de relativa liberdade,
pelos menos em relação ao governo do Rio de Janeiro, que, aliás, naqueles anos estava mais preocupado
com o ouro das Minas Gerais. Mas os anos setecentos foram terminando e os oitocentos chegaram
trazendo outras novidades, e uma delas foi a chegada da família real ao Brasil, em 1808. Esse
acontecimento trouxe mudanças profundas para todo o território brasileiro. Outro projeto administrativo
foi criado, pois, a partir daquele ano, o Brasil não era mais colônia de Portugal, sendo elevado à
condição de reino. Nos anos finais do século XVIII, estavam cada vez mais claras as disputas entre
portugueses de Portugal e os brasileiros. Havia um forte sentimento de lusofóbico, ou seja, português
bom era português longe do Brasil. Com relação à Amazônia, a única política viável naquele momento
era a de que esta região só servia mesmo para fornecer riquezas naturais.
Como Estado ligado diretamente à Metrópole portuguesa, viveu o Grão-Pará até a vinda da família
real para o Brasil. tal fato levou o governo local a iniciar um relacionamento com o Rio de Janeiro,
inexistente até então. Em dezembro de 1815, foi transformado em província (estado) e teve como único
governador Antônio josé de Sousa, que governou até 1817. No ano de 1821, os deputados portugueses
instalaram as Cortes de Lisboa, e o Pará foi elevado à categoria de Província Ultramarina de Portugal,
ficando separada novamente do Rio de Janeiro e recebendo ordens diretamente de Portugal.
Evidencia-se, portanto, que não havia vínculos político, econômico e cultural do Pará com o resto
do Brasil. A singularidade do processo de ocupação e colonização do vale amazônico deve ser
observada com cuidado, pois esse projeto influenciou de forma marcante os movimentos sociais que
eclodiriam ao longo >do século XIX.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
24- Escolha uma palavra do texto e comente seu significado no contexto estudado.
25- Escreva um texto, a partir do que você acabou de ler, destacando as consequências da
aproximação geográfica entre a Amazônia e Portugal.
VI UNIDADE - OS NEGROS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA
SOBRE OS NEGROS NA AMAZÔNIA BRASILEIRA
Em 1755, foi fundada a Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão, com a finalidade
de transportar os produtos da produção paraense para Portugal e, no retorno, as embarcações traziam os
escravos africanos, que, depois, seriam vendidos para outras regiões brasileiras. Essa companhia
funcionou durante vinte e dois anos e trouxe para a Amazônia aproximadamente 12.587 mil escravos
negros. Após seu o fechamento, muitos negros ainda foram trazidos para a região. Nas cidades, as negras
faziam o trabalho de babá, cozinheira, lavadeira, servente, costureira, etc. já os negros eram direcionados
para os serviços de porteiro, carregador, carpinteiro, torneiro, sapateiro, etc. Na área rural, foram
absorvidos pela agricultura (engenho de açúcar), especialmente na pecuária do Marajó.
Os escravos fugitivos organizavam-se em quilombos; os mais conhecidos eram: Curuá (perto da
cidade de Alenquer), trombetas (perto da cidade de óbidos) e tocantins (perto da cidade de Cametá).
A sociedade da Amazônia deve lembrar-se da imensa contribuição das diversas nações negras para
o desenvolvimento dessa região: na cultura, com danças, comidas e manifestações religiosas que foram
trazidas da áfrica para cá e fazem parte de nosso cotidiano; na economia, na agricultura, na abertura de
estradas e canais ligando rios e na construção de cidades.
Somos uma região rica em diversidade humana e devemos muito dessa riqueza aos negros, que
chegaram em navios negreiros, tratados de forma desumana. Precisamos conhecer mais e respeitar mais a
nossa cultura negra.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno.
26- Descreva era a vida dos escravos africanos na Amazônia?
27- Como os escravos resistiam à escravidão?
28- Onde estavam localizados os principais quilombos na Amazônia?
A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA NO PARÁ
Os primeiros escravos Africanos foram trazidos para Amazônia pelos ingleses, no século XVIII. Os
negros eram tratados aqui como no resto do Brasil. Usados em inúmeras atividades, desde as domésticas
até o extrativismo das drogas do sertão. Eram tratados de forma desumana.
A abolição da escravatura negra no Pará teve um primeiro movimento favorável em 1858, com a
fundação da sociedade ipiranga, por Antonio David Vasconcellos. Na imprensa, o apoio veio por meio
dos jornais A Inquisição, a Província do Pará e O Liberal. Em 6 de abril de 1888, foi criada a Liga
redentora, que tinha tito Franco como presidente e que marcou a abolição para o dia 13 de maio de 1888.
Nessa época, o total de escravos era de 723.419, quando foi sancionada a Lei áurea. Várias
localidades do interior já haviam libertado seus escravos, como em icoaraci, Una e Moju. No dia 13 de
maio, quando chegou a notícia do apoio do governo imperial à abolição, foram organizadas festas
públicas e cívicas em toda a Província.
Os mais destacados abolicionistas do Pará foram: Veiga Cabral, Braga Cavalcante, Cordeiro do
Amaral e Antônio Bezerra.
A ECONOMIA NA ÉPOCA DA ABOLIÇÃO
A cana-de-açúcar, o algodão, o fumo e as drogas do sertão formavam a base da economia de
exportação do Pará. Em seguida, foram implantados os cultivos do cacau e do café e incentivada a
indústria da pesca na região. Com a Cabanagem, parte da economia sofreu um duro golpe e a produção
caiu, pois grande parte da mão-de-obra foi morta. A partir de 1825, começou a despontar a borracha
como um dos suportes da economia local. Novos conflitos teriam início. Eram outros tempos.

A REBELIÃO DAS SENZALAS NO MOJU


O Moju guarda memória da violência nos campos do banditismo dos ricos proprietários, brigas
que refletiam as divergências políticas, a ponto de perturbarem, várias vezes, a própria existência do
município. (...) havia no Moju um fazendeiro de nome joão Antônio Luiz Coelho que era também
comandante militar da Vila, possuidor de muitos escravos. Esse fazendeiro aparece na crônica da
escravidão através de sucessivos noticiários em jornais e da querela que teve com outro indivíduo a
troco de questões pessoais.
Vicente Sales. O negro na formação da sociedade paraense. Belém: Paka-tatu, 2004, p. 162-164.


REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
29- De acordo com o texto, quais os principais nomes do abolicionismo amazônico à época da
abolição?
A CABANAGEM (1835-1840)
Com uma população em torno de cem mil habitantes, excluídos os índios não catequizados, a grande
maioria era composta de colonos que viviam sob um regime escravo, comandada por portugueses, e foi
levada a revoltar-se contra o governo do Pará, em um movimento que ficou conhecido como Cabanagem,
que transformou parte da Amazônia em campo de guerra no período de 1835 a 1840.
Cabanos eram as pessoas que viviam em simples habitações feitas de madeira e cobertas com palha,
denominadas cabanas. A principal causa da revolta foi a opressão que os portugueses faziam às pessoas
pobres da região. Os habitantes do Pará viviam ora governados pelo Rio de Janeiro, ora pelo rei de
Portugal. Cansados, resolveram lutar por liberdade e foram punidos pelo governo local. Nessa época,
foram criados dois partidos políticos:
Caramurus, que queriam que o Brasil voltasse a ser colônia de Portugal;
Federalistas, que lutavam pela nossa independência de Portugal.
O chefe do Partido Federalista era Batista Campos, que enfrentou o governador Lobo de Souza e,
por isso, foi preso e depois perseguido até morrer, em 1834. Após a morte do padre Batista Campos,
Antônio Vinagre assumiu a liderança do partido. Os ânimos esquentaram e, em 1835, os cabanos,
liderados por Antônio Vinagre, tomaram a capital, Belém, e se apossaram do poder político. Félix
Malcher foi eleito como o primeiro presidente cabano. Malcher foi morto por um cabano e, em seu lugar,
assumiu Antônio Vinagre, que prometeu realizar os objetivos políticos e econômicos dos cabanos.
Ainda em 1835, Antônio Vinagre foi tirado do poder, sendo eleito Eduardo Angelim, o terceiro
presidente cabano que ficou mais tempo no poder e de fato governou Belém por um período mais longo.
Em maio de 1836, chegou à região o general josé Soares Andreia, mandado do Rio de Janeiro para
controlar e acabar com a revolta dos cabanos. Começaram as negociações e Eduardo Angelim e suas
tropas, já cansados, começaram a se dispersar para o interior. Aos poucos, os cabanos foram sendo
vencidos. Angelim, sem armas, sem munição, sem comida e sem soldados, abandonou Belém, e as tropas
do Rio de Janeiro restabeleceram o poder na capital e começaram a perseguir os cabanos pelos quatro
anos seguintes. Foram mais de trinta mil mortos e os ideais de liberdade, segundo alguns autores, foram
esquecidos.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
30- Escolha uma palavra do texto e comente seu significado no contexto estudado.
31- Defina em uma frase o que é a Cabanagem.
32- Quem eram os federalistas?
33- Leia o box a seguir e comente como você imagina que seria o cotidiano das mulheres à época da
Cabanagem.

A MULHER NA CABANAGEM I
Com a retomada de Belém pelas forças da legalidade, em 13 de maio de 1836, o governo
imperial considerou a Cabanagem pacificada, restando apenas debelar “alguns focos de rebeldia”.
Assim, a cidade foi retornando, aos poucos, à sua cotidianidade. As mulheres estavam inseridas nessa
retomada do cotidiano da cidade “pacificada”.
Fernando Arthur de F. Neves; M aria r. Pinto Lima. Faces da História da Amazônia. Belém: Paka-tatu. 2006, p. 199.
VII UNIDADE - DIALOGANDO COM A CULTURA POPULAR AMAZÔNICA
BOI-BUMBÁ DE PARINTINS
A festa do Bumba Meu Boi ou Boi-Bumbá tem suas origens no Nordeste do país, mas disseminou-se
por quase todos os estados da Amazônia, em especial o Amazonas, visitada anualmente por milhares de
turistas que vão conhecer o famoso Festival Folclórico de Parintins, realizado desde 1913. Na maioria
das versões de boi-bumbá existentes em cada estado, o enredo encenado é geralmente o mesmo. O tripa
do boi é uma das peças mais importantes da brincadeira. é o homem que dança embaixo da “carcaça” do
boi. O som fica por conta das toadas, com batuques de tambores, repiques, caixinhas e surdos. Esse é o
boi em sua forma, digamos, mais original, que em muitas localidades da Amazônia ainda é reproduzido.
tanto que, para muitos, esse boi original e primitivo em pouco ou nada se assemelha à grandiosa festa dos
bois de Parintins, realizada no mês de julho, acerca de 400 km de Manaus.
GARANTIDO E CAPRICHOSO
O imaginário indígena e as figuras mitológicas, como pajés e feiticeiros, foram incorporados às
tradições do boi. Por isso, durante o Festival Folclórico de Parintins, a cidade é chamada de “ilha
tupinambarana”. As cores vermelho e azul, que representam respectivamente os bois Garantido e
Caprichoso, tomam conta do Bumbódromo, espécie de arena construída especialmente para a realização
da festa, que acontece de 28 a 30 de julho.
ENREDO
As apresentações dos bois em Parintins desenvolvem-se de acordo com um enredo que conta a
história do negro Francisco, funcionário de uma fazenda e cuja mulher, Catirina, estava grávida e seu
estado causou-lhe o desejo de comer a língua do boi mais estimado pelo dono da fazenda. Para que o
filho não nascesse com cara de língua de boi, o jeito foi Francisco satisfazer o desejo da mulher. Então,
segundo o enredo, Francisco mata o boi preferido do patrão. O amo descobre e manda os índios caçarem
Pai Francisco, que busca um pajé para fazer ressuscitar o boi. O boi renasce e tudo vira uma grande festa.
Para desenvolver o tema, cada boi leva cerca de três horas. São verdadeiros espetáculos de luzes e
cores, incluindo showpirotécnico nas aberturas de cada apresentação. Os bonecos gigantescos
representando cada personagem da trama são um show à parte.
Cada uma das agremiações leva ao Bumbódromo aproximadamente cinco mil brincantes a cada ano.
Cerca de trinta e cinco mil pessoas prestigiam o espetáculo anualmente. A explicação mais corrente para
a origem dos nomes dos bois Garantido e Caprichoso remonta a um amor proibido que o poeta Emídio
Vieira teria cultivado pela mulher do repentista Lindolfo Monteverde. Ambos apresentavam seus bois
todos os anos. Como não podia ter a mulher de Monteverde, Emídio lançou o desafio: “Se cuide que este
ano eu vou caprichar no meu boi”. Ao que o repentista respondeu: “Pois capriche no seu que eu garanto o
meu”. A rivalidade cresceu entre os dois e, a cada ano, um queria ser melhor do que o outro. Os outros
grupos de apresentação de bois foram ficando pelo caminho e apenas os Garantido de Monteverde e o
Caprichoso de Vieira chegaram aos nossos dias.
Por falar em rivalidade, essa é uma das principais características da festa dos bois de Parintins.
Apesar do respeito, que é regra no Bumbódromo, onde as torcidas jamais devem vaiar a apresentação do
boi adversário, há algumas nuances que demonstram a rivalidade das torcidas. quando um torcedor do
Garantido quer se referir ao Caprichoso, por exemplo, ele jamais menciona o nome do adversário, diz
apenas “o contrário”. E vice-versa. Os músicos que tocam no Caprichoso formam a Marujada, enquanto
os do Garantido são a Batucada. E por aí vai. O fato é que, seja Garantido ou Caprichoso, ambos
representam uma das maiores manifestações folclóricas de nosso povo.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
34- Em sua opinião, qual a importância dos bois de Parintins para a cultura amazônica? justifique.
AS TRIBOS DE JURUTI
Na cidade de juruti, na região do Baixo Amazonas, próximo à cidade de Santarém, no Estado do
Pará, há uma importante manifestação cultural: o festival das tribos Mundurucus e Muirapunima. Ano
após ano, os integrantes de cada uma das tribos reúnem-se no tribódromo — algo parecido com o
Bumbódromo de Parintins — da cidade para contar aspectos históricos das suas culturas indígenas.
As duas tribos dividem a cidade. O vermelho e o amarelo são da tribo Mundurucus; já o azul e o
vermelho, da tribo Muirapunima. O tribódromo é pequeno para tanta gente que vai ao festival, no mês de
julho. Nas apresentações das duas tribos, história, cultura, tradições e lendas são resgatadas com a
intenção de mostrar qual a tribo mais importante para a formação da população local. Os reinos
encantados das duas tribos são revelados ao público, que lota o local das apresentações e é presenteado
com o belo espetáculo.
O espírito de competição entre as duas tribos está presente em todos os cantos da cidade. Cunhãs,
índias guerreiras, caciques, pajés, feiticeiros, guerreiros e animais encantados da floresta são alguns dos
elementos míticos que tomam conta do clima da cidade o ano inteiro. quem chega de pronto em jurut i não
faz ideia da riqueza cultural daquela gente, do seu imenso poder criativo para compor músicas,
coreografias, roupas, adereços cênicos, pinturas corporais, etc., partes de um espetáculo único que torna
a cultura da Amazônia mais bela.
É importante lembrar que é uma festa. Promover a alegria e a felicidade fazem parte do enredo
principal da magia do festival. Confira, a seguir, dois trechos de canções das tribos: Dabacuri dos
deuses, Muirapinima, e Juruti, minha raiz, Mundurucu.
Dabacuri dos deuses

Ao som da trombeta sagrada de jurupai, o poderoso

Deus tupã assim anuncia, Dabacuri dos deuses.


Amazônia, tu és templo sagrado dos deuses indígenas

Vieram nas asas do tempo, no sopro dos ventos

Trazendo consigo o poder decidido e assim criaram aguerridas nações.


(tribo indígena M uirapinima, juruti, 200, faixa 8.)


Juruti, minha raiz

Sou, sou Mundurucu, sou guerreiro, sou valente, sou

Mundurucu

Sobranceiro feiticeiro, sou Mundurucu

Quero ver minha galera (...)

Quero ver minha galera, nas cores vermelha e amarela


Juruti, minha raiz.
(Tribo indígena M undurucu, Juriti, 200, faixa 1)


REFLETINDO SOBRE A LEITURA
35- Escreva um texto sobre a importância de nossas tradições culturais.
8º ANO

VIII UNIDADE
AMAZÔNIA NO SÉCULO XX

IX UNIDADE
O PARÁ EM TEMPOS DE DITADURA

X UNIDADE
AMAZÔNIA E MODERNIDADE

XI UNIDADE
CAPITAL E DEVASTAÇÃO NA AMAZÔNIA

XII UNIDADE
AMAZÔNIA: URBANIZAÇÃO, MEIO AMBIENTE, CULTURA E RESISTÊNCIA
VIII UNIDADE - AMAZÔNIA NO SÉCULO XX
AMAZÔNIA NO SÉCULO XX: A SOCIEDADE DA BORRACHA (1870-1912)
O ciclo da borracha consta, ainda hoje, como um dos mais importantes ciclos econômicos da
Amazônia. Os índios foram provavelmente os primeiros a identificar e usar a goma elástica obtida da
seringueira, no final do século XVIII. Faziam uso artesanal do látex e foi com eles que os europeus
aprenderam a usar o produto. Nesse mesmo período, a Europa investia altas quantias em pesquisa para
descobrir a vulcanização e para criar um novo produto para impulsionar a indústria no continente.
Era o momento em que estava se definindo os rumos da revolução industrial Europeia e logo a
borracha seria considerada matéria-prima de fundamental importância para o setor automobilístico. Os
Estados Unidos, a inglaterra, a Bélgica, a Espanha e a rússia colocaram-se entre as primeiras nações a
usar a goma proveniente da floresta amazônica.
Para explorar o látex na segunda metade do século XIX (1860), um dos maiores problemas
enfrentados pelos exploradores foi a falta de mão de obra. A população regional era pequena, levando a
uma intensa campanha para atrair imigrantes nordestinos. realizaram campanhas em que se vinculava
mensagem básica: venha para os seringais da Amazônia e fique rico. Com esse ideal, centenas de
famílias nordestinas, especialmente do estado do Ceará, chegaram à Amazônia em busca de trabalho.
Aqui, os nordestinos encontraram uma vida de trabalho duro e arriscado. Nada do que a propaganda
dizia. No interior da mata, até 1890, aproximadamente, os seringueiros cortavam com uma machadinha as
árvores, as quais destilavam leite até morrerem. Desse período em diante, foram introduzidas as tigelas
de flandres e as facas, que tornaram a exploração do látex mais racional, evitando a imediata morte das
seringueiras.
Os seringueiros entregavam as bolas (pelas) de borracha no barracão (armazém), onde o
responsável tomava nota do total recebido e dava ao trabalhador um crédito que o autorizava a tirar, no
mesmo local, alguns produtos indispensáveis à vida na mata: charque, farinha, querosene, sabão, bolacha,
lamparina, rede e outros. Os preços pagos pela borracha eram muito baixos, uma prática que sempre
deixava o seringueiro devendo no estabelecimento. tal relação econômica ficou conhecida como
aviamento e ainda hoje é praticada no interior da Amazônia brasileira.
As principais consequências do ciclo da borracha foram:
Integração do Acre ao território brasileiro, em 1903, pelo tratado de Petrópolis;
Aumento da população da Amazônia;
Construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré;
Crescimento dos centros urbanos: Belém e Manaus;
Era das rodovias do governo jK (1956-1960).
Desde o começo do século XIX, sementes de seringueiras foram contrabandeadas para colônias
inglesas na ásia. Assim que essas colônias começaram a produzir, o comércio com a Amazônia declinou.
Em seguida, os americanos inventaram a borracha sintética e deram o golpe definitivo no látex
amazônico. Ainda tentou-se plantar seringais e implantar uma extração mais controlada, mas já era tarde
demais.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
1- Identifique, no texto, aqueles que, antes dos europeus, conheceram e usaram a borracha como
matéria-prima na confecção de seu artesanato.
2- Que nações europeias demonstraram, naquele início de exploração capitalista, o interesse pela
borracha?
3- Defina em uma frase o ciclo da borracha.
4- Quais as principais consequências do ciclo da borracha?

O NÚCLEO URBANO DE MARABÁ à EPOCA DA BORRACHA.


No mês de junho de 1898, com o intuito de negociar com os extratores de caucho que passando
pelo foz do itacayunas subiam o tocantins, o comerciante Francisco Coelho da Silva (...) fez construir
na confluência dos rios tocantins e itacayunas a primeira casa de comércio que daria origem ao núcleo
urbano de Marabá. (...) Francisco Coelho passou alguns meses morando no Burgo Agrícola, fundado,
em 1895, pelo deputado estadual goiano Coronel Carlos Gomes Leitão. (...) Em 1896, residiam no
burgo de itacayunas 222 pessoas, constituindo 55 famílias agrícolas. Após ser divulgada a descoberta
de árvores de caucho, chegaram à região dezenas de goianos e nordestinos. A crescente importância
da extração do caucho no Sudeste do Pará provocou (...) a centralização das atividades comerciais em
Marabá.
Pere Petit. Chão de promessas: elites políticas e transformações econômicas no Estado do Pará pós-1964. Belém: Paka-tatu, 2003, p. 186-188.
ANTÔNIO LEMOS E A BELLE ÉPOQUE BELENENSE
A parte da riqueza gerada com a extração da borracha que ficou na Amazônia possibilitou a
urbanização e o embelezamento de duas de suas principais cidades: Belém e Manaus. Esse movimento
passou para a história da Amazônia com o nome de Belle Époque (bela época), inspirada na
modernidade da França, que, no século XIX, urbanizou Paris, alargando as ruas, construindo teatros e
limpando a cidade.
Belém tinha, na época, Antônio Lemos como intendente (prefeito), um maranhense que chegou a
Belém em 1870. Foi secretário do Partido republicano e redator do jornal A Província, do Pará. Alguns
anos depois chegou a chefe do partido e dono do jornal. Foi intendente de Belém por mais de doze anos e
o principal responsável pela Belle Époque belenense. Pintores, arquitetos, engenheiros, companhias de
teatro e de ópera frequentavam a cidade, respirando os aromas da Amazônia e falando francês, na época
a língua oficial do mundo ocidental da modernidade.
Lemos era um homem de pouca formação escolar, mas de grande visão política. Aproveitando-se do
contato com empresas estrangeiras, que exploravam a região, criou um sistema de parcerias, em que as
empresas urbanizavam determinadas áreas da cidade e, em troca, exploravam-nas comercialmente.
Começava, então, o alargamento das ruas, a drenagem dos canais e das áreas alagadas, a construção de
praças, mercados, fornos de cremação, bosques, etc.
Esse modelo de urbanização seguiu o de outras cidades brasileiras, como Rio de Janeiro, Belo
Horizonte e Manaus. A população pobre das cidades recebia uma carta da prefeitura, avisando que
teriam um prazo para adequarem suas casas ao nível das ruas que estavam sendo aterradas. Se não
pudessem construir uma nova casa, teriam que abandonar o local e mudar-se para um bairro mais
distante.
Foi dessa forma que se fez a limpeza da cidade. tudo o que não agradava os ricos, foi jogado para o
subúrbio. tudo em nome da modernidade. Antônio Lemos é considerado uma das figuras políticas mais
importantes da Amazônia, pois realizou obras que o imortalizaram. Praça Batista Campos, Praça da
república, Avenida Almirante Barroso, Mercado de São Brás, revitalização do teatro da Paz, entre outros
exemplos, não deixam dúvidas da força desse homem.
Lemos, foi admirado de forma nunca antes vista no estado do Pará. Suas festas de aniversário
começavam às 3 da madrugada, com ele recebendo as comissões de líderes das comunidades do interior,
que iam à capital levar um presente e dar parabéns ao grande cacique político da Amazônia. Dos mais
pobres aos mais ricos, o intendente recebia felicitações. Seu maior rival político foi Lauro Sodré, seu
afilhado, que só conseguiu chegar ao poder em Belém após a morte do ilustre padrinho.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
5- O que foi o aviamento?
6- Quem foi Antônio Lemos?
7- Quais as principais heranças arquitetônicas da Belle Époque belenense?
8- Que fatores teriam provocado o declinio do chamado ciclo da borracha?
O BOOM DA BORRACHA
A cidade de Belém do Pará, como as demais cidades atreladas à economia de exportação, a
partir da segunda metade do século XIX sofreu os impactos gerados pelo boom da economia da
borracha, traduzido no crescimento populacional, no agravamento da insalubridade e na escassez
habitacional, isto é, no agravamento dos problemas sociais.
A necessidade de enfrentar a crise urbanística e reestruturar o espaço urbano levou a classe dominante
a impor ao estado a tarefa de direcionar a atividade econômica, de replanejar a cidade e criar
mecanismos de controle da vida social de seus habitantes.
M aria de Nazaré Sarges. Belém: Riquezas produzindo a belle-epoque. Belém: Paka-tatu, 2000, p. 129.
A AMAZÔNIA E AS MIGRAÇõES
Os primeiros europeus que ocuparam a região Norte vieram de Portugal, Espanha, Holanda, França
e inglaterra. Na disputa pelo território, predominaram os portugueses, que, como os demais, procuraram
estabelecer colônias em terras distantes. Grande parte dos ameríndios que não foram mortos submeteu-se
a esse processo de ocupação. A queda demográfica dos nativos criou uma nova situação em que o espaço
foi ocupado por europeus e seus descendentes e, posteriormente, por escravos negros vindos do
continente africano. A subsequente miscigenação criou outro cenário e contribuiu para a formação do
caboclo amazônico, que, de modo geral, abraça características europeias, índias e africanas tanto na
dimensão biológica quanto na cultural.
Alguns anos após o Brasil estabelecer sua independência de Portugal, em 1822, estourou um conflito
entre dois grupos antagônicos. Uma recém-formada elite portuguesa e a classe servil, os “cabanos”. Além
das centenas de mortes, a Cabanagem gerou a dispersão populacional de diversos grupos amazônicos.
Após a Cabanagem, essa sociedade se reorganizou com o advento da era da borracha.
Além de colocar a Amazônia no âmbito internacional, o boom da borracha daria outra feição à
região Norte. Desde 1844, nordestinos, principalmente do Ceará, vieram ocupar áreas na Amazônia e
aumentar a população da região. A seca, de 1877, impulsionou mais um movimento de pessoas rumo aos
seringais. A quebra desse ciclo levou centenas de pessoas para as cidades, gerando problemas de
infraestrutura e habitação.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os seringais foram reativados e a população novamente migrou
para a Amazônia; era o ano de 1940. A era dos grandes projetos criou uma nova face para a região. A
partir de 1970, começou o PiN (Projeto de integração Nacional), que oferecia “terras sem homens para
homens sem terra”. Abriram-se várias estradas distantes para assentar famílias de agricultores, que
receberiam incentivos do governo federal. Vieram pessoas do Sul, Sudeste e Nordeste em grande
quantidade, que deram à região a atual face, biológica e cultural, com qual convivemos.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
9- De acordo com o texto, quais fatores determinaram os grandes movimentos migratórios para a
Amazônia?
10- Quais aspectos da cultura indígena são identificados em nossa comunidade?
11- Quais aspectos da cultura negra são identificados em nossa comunidade?
O ESTADO NOVO E O BARATISMO
Joaquim Cardoso de Magalhães Barata nasceu em Belém, mas viveu até a adolescência no
município de Monte Alegre, no Baixo Amazonas. Estudou na Escola Militar e, como cadete, em 1911,
entrou no batalhão de caçadores, com sede na capital paraense. Na política, Barata envolveu-se com os
partidários de Antônio Lemos e Lauro Sodré.
Em 1915, foi promovido a segundo tenente e, em janeiro do mesmo ano, mudou-se para o Rio de
Janeiro. Em 1924, envolveu-se no movimento tenentista em Manaus. Foi preso e trazido de volta para
Belém. Conseguiu fugir para o rio Grande do Sul. Em 1930, ocorreu a revolução liderada por Getúlio
Vargas e Barata foi nomeado interventor no Estado do Pará. O interventor era um governador colocado
no cargo, sem eleição, pelo presidente da revolução, Getúlio Vargas.
Barata, tornou-se logo um ídolo para as massas populares. Governou de forma cruel para seus
adversários. Visitava famílias do interior e era tido como o pai dos pobres da Amazônia, reproduzindo o
modelo de governo de Getúlio Vargas. Fazia doações de alimentos, remédios e moradias, ações que o
engrandecia perante as massas miseráveis do Estado do Pará.
Governou como interventor até 1945, quando passou o governo a Lameira Bittencourt. Lutou para se
eleger governador por meio do voto direto, mas foi derrotado. Em 1959, venceu as eleições para
governador, mas faleceu nesse mesmo ano, aos 73 anos de idade. Em sua memória, foi criado, em 1961,
um município na zona do Salgado com o nome do interventor, além de uma avenida e um bairro (São
Brás), batizados com o nome do líder popular.
Magalhães Barata exerceu um governo marcado pela violência política. Os adversários foram
duramente perseguidos, presos e castigados. Na época em que a ii Guerra acontecia, os japoneses que
viviam no Pará foram duramente perseguidos. Muitos tiveram que deixar rapidamente o país, sob pena de
serem mortos. O cultivo da pimenta-do-reino foi proibido no município de toméAçu e as plantações
foram queimadas.
Outra prática comum do período do Baratismo foi a utilização de navios utilizados como prisão. Os
bandidos eram capturados e colocados nos navios. No imaginário popular da época é comum
encontrarmos relatos de pessoas que diziam ‘‘na época do Barata, >não tinha ladrão em Belém’’.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
12- Comente a afirmativa “Barata era um ídolo das massas”.
13- Defina em uma frase o significado do Baratismo.
14- O que era um interventor?

A INFLUÊNCIA DO BARATISMO
A revolução de 1930 trouxe de volta ao Pará uma de suas mais importantes lideranças políticas
do século XX: o tenente joaquim Cardoso de Magalhães Barata, nomeado interventor federal do Pará
por Getúlio Vargas. Barata, que assumiu o cargo no dia 12 de novembro de 1930, não somente afastou
as oligarquias locais do controle do governo estadual, mas foi consolidando seu poder político no
Estado, conquistando o apoio de amplos setores populares, através de medidas de grande impacto (...)
entre elas: implementação do ensino público, construção de estradas nos municípios do interior,
redução dos preços dos aluguéis residenciais. (...)
Pere Petit. Chão de promessas: elites políticas e transformações econômicas no estado do Pará pós-1964. Belém: Paka-tatu, 2003, p. 126-127.
IX UNIDADE - O PARÁ EM TEMPOS DE DITADURA
GUERRILHA DO ARAGUAIA (1972-1975)
No final dos anos 1960, jovens vindo do Sul e do Sudeste do Brasil, fugindo da ditadura militar que
se instalou no país em 1964, começaram a se estabelecer no Baixo Araguaia e Médio tocantins: eram os
“paulistas”, como ficaram conhecidos na região. Foram escolhidos para implantar ali um foco de
resistência ao governo militar. A escolha dessa área foi devido ao fato de que na floresta era mais fácil
de se esconderem, pois era uma área mais distante dos centros urbanos.
Aos poucos foram chegando à região militantes dos partidos políticos de esquerda, em especial do
PCdoB. Os guerrilheiros dividiram-se em três grupos: o da Faveira, situado no Médio tocantins o da
Gameleira, 60 km acima de São Geraldo do Araguaia, e o do Caianos, 60 km abaixo de São Geraldo.
Logo se integraram à comunidade local. Faziam roçados, montavam farmácias, realizavam partos e
alfabetizavam os moradores. No campo, envolveram-se na luta contra a grilagem e o latifúndio. Dentre os
principais nomes destacaram-se Osvaldo Orlando Costa (Osvaldão), Maurício Grabois, ângelo Arroio,
Dina, Helenira rezende e Paulo rodrigues.
No aspecto político, promoveram treinamentos e aperfeiçoamento de lutas. Era preciso conhecer a
selva e todos os seus segredos. Além dos militares, os guerrilheiros também enfrentavam doenças, como
a malária e a febre amarela, assim como insetos e animais ferozes.
As forças de repressão do governo militar realizaram três campanhas com o propósito de destruir o
foco guerrilheiro do Araguaia. As campanhas, no seu conjunto, duraram quase três anos, começando em
abril de 1972 e terminando em janeiro de 1975. Para reprimir a guerrilha, o governo utilizou cerca de dez
mil homens. Em um primeiro momento, o governo pensou que eram apenas jovens rebeldes que haviam se
refugiado na selva. A ordem inicial era apenas prender os jovens. Marabá e xambioá tornaram-se
cidades-quartéis das tropas do governo. Marinha e Aeronáutica davam apoio pelo ar e monitorando os
rios em lanchas. As forças de repressão não conseguiram prender os revoltosos e a campanha revelou-se
um fracasso. Nesse momento, os líderes esquerdistas joão Amazonas e Pedro Chaves lideravam a
guerrilha.
“luto por um Brasil novo e livre de generais
Pelos direitos do povo e liberdades iguais
O fraco vira no forte
No grande vira o pequeno
Aos poucos se muda a sorte

E largo fica o terreno
Conheço bem esta terra
E luto com decisão
Domino a arte da guerra
É justa minha razão”
(Canto dos guerrilheiros do Araguaia, autoria desconhecida)

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
15- O que foi a guerrilha do Araguaia?
16- Quem fez parte do movimento?
17- Quais as principais fases?
18- Quais as principais estratégias usadas pelos guerrilheiros?
X UNIDADE - AMAZÔNIA E MODERNIDADE
A FERROVIA MADEIRA-MAMORÉ
Em 1882, os governos do Brasil e da Bolívia assinaram um tratado relativo à navegação de seus
principais rios, Mamoré e Madeira. Vários estudos foram feitos para saber se seria possível construir
uma estrada em um lugar tão cheio de doenças. Foi comprovado que seria arriscado demais abrir uma
estrada na região. O projeto, então, parou. Em 1905, por força do tratado de Petrópolis, o Brasil ficou
obrigado a construir uma estrada ligando o rio Madeira ao Mamoré e abrindo um ramal que passasse
pelo território da Bolívia.
Foram contratados mais de vinte mil operários para começar a construir a ferrovia. Logo no
primeiro ano, foram centenas de mortes. O local era distante e as doenças eram muitas. Os que
sobreviviam ficavam debilitados e não conseguiam voltar ao trabalho. Nesse período, a vida de um
operário durava três meses. Em 1908, o governo construiu um hospital. Eram dezenas de mortes por dia,
a ferrovia foi logo batizada como “Ferrovia da Morte”. As principais doenças eram pneumonia, sarampo
e febre amarela.
A maioria dos trabalhadores vinha da Espanha, da Colômbia, do Panamá e da jamaica; em menor
número vieram, também, poloneses, italianos e franceses. A obra foi encerrada em 1º de agosto de 1912.
A função principal da ferrovia seria carregar a borracha produzida na região para um porto de mais fácil
acesso para os navios europeus, no entanto, quando a estrada foi concluída, os seringais da Malásia
entraram em produção e tornaram inviável a compra da borracha produzida na Amazônia, que era de
baixa produtividade. Foi o fim do chamado “primeiro ciclo da borracha.”
Em 1972, a ferrovia foi definitivamente desativada. Atualmente, funciona apenas uma parte, para
fins turísticos.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
19- Qual o objetivo da construção da ferrovia Madeira- Mamoré?
20- Por que a ferrovia Madeira-Mamoré foi chamada de “Ferrovia da Morte”?

FERROVIA FANTASMA
O recrutamento de trabalhadores qualificados para a Madeira-Mamoré tornou-se bem mais
difícil depois do naufrágio do Metrópoles, em janeiro de 1878, mais ainda quando as primeiras
notícias da ferrovia do diabo começaram a chegar aos E.U.A. Segundo dados oficiais, em um ano e
meio de operações naquela região, excluídos os passageiros do Metrópoles, desembarcaram em Santo
Antônio procedentes da Filadélfia 719 pessoas, inclusive seis mulheres. (...) um contingente de
operários com nível variado de especialização em que se incluíam, além de norte-americanos, um
grande número de irlandeses e italianos.
Francisco Foot Hardman. Trem-fantasma: a ferrovia M adeira-M amoré e a modernidade na selva. São Paulo: Companhia das Letras, 2005, p. 153.
MARECHAL RONDON NA AMAZÔNIA
Foi em homenagem ao Marechal Cândido Mariano da Silva rondon, sugerida pelo antropólogo
roquete Pinto, que o então território Federal do Guaporé passou a se chamar Rondônia, por meio da Lei
2731, de 17 de fevereiro de 1956. reconhecido nacionalmente como o patrono das Comunicações no
Brasil, foi rondon o responsável pela instalação de 2232 quilômetros de linhas telegráficas do Mato
Grosso ao Amazonas. A empreitada foi dividida em três expedições. A primeira, iniciada em setembro
de 1907 e, a última, concluída em dezembro de 1909.
A tropa de rondon enfrentou doenças, fome e o ataque dos índios pelas regiões inexploradas por
onde passavam. tendo como lema “morrer se preciso for, matar nunca”, rondon e seus homens
enfrentaram os índios Nhambiquaras e os Bororós com extremo respeito e cuidado, para não gerar
grandes choques no contato entre as duas culturas.
Outro fato que merece ser ressaltado na trajetória dessa grande personalidade foi a redescoberta do
Forte Príncipe da Beira, às margens do rio Guaporé, em 1906. rondon descreveu a construção desta
forma: “Forte Príncipe é agora uma ruína, cuja grandiosidade surpreende. A portada parece a de uma
catedral e foi emocionado que percorri, quando lá estive, quartéis, paióis subterrâneos, calabouços,
capela. árvores medravam entre as pedras e a densa floresta, em torno, procurava recuperar o terreno
perdido (...)”
Além de ser o Patrono das Comunicações, rondon recebeu outro título: Civilizador dos Sertões. E,
no ano de 1953, ele foi indicado para o Prêmio Nobel da Paz.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
21- Libere escritor que existe em você. Conte a aventura de rondon em uma paródia.
A CIDADE EMPRESARIAL DE HENRy FORD NA AMAZÔNIA BRASILEIRA
No final dos anos 20 do século passado, um ambicioso projeto urbano seria colocado em prática na
Amazônia. Uma nova proposta de cidade para a região. Um sonho, com proporções econômicas nunca
antes vista por estes lados do Brasil.
Henry Ford era um proprietário da indústria de automóvel da cidade de Dearborn, no estado norte-
americano do Michigan. A produção da borracha brasileira estava arruinada, mas Ford não se deixou
abater e decidiu buscar uma alternativa de produção do látex para sua indústria de carros. Após viajar
por outras partes do mundo, ele decidiu comprar, no Estado do Pará, uma enorme área de terra por 125
mil dólares, em 21 de junho de 1927. registre-se que o governo teria doado as terras se tivesse
participado dos negócios. O empresário, por outro lado, ganhou a total isenção dos impostos que
deveriam ser cobrados pelo governo brasileiro. Na época, a não cobrança de impostos já era uma forma
utilizada pelo governo para atrair as indústrias estrangeiras para o Brasil.
Os estudos norte-americanos da época mostraram a Ford que o Alto rio Madeira seria um excelente
local para a plantação de seringueiras. O objetivo de Ford era encontrar um local em que a plantação
ficasse livre da mais terrível ameaça às árvores na época, uma doença chamada “mal da folhas”.
Contrariando as pesquisas, a comissão de funcionários de Ford dirigiu-se para a margem esquerda do rio
tapajós, para os municípios de Aveiro e itaituba.
Começaram, então, os preparativos para a instalação do centro urbano de Ford, que logo ganhou o
nome de Fordlândia. No projeto do norte-americano, haveria a implantação de uma cidade, com uma vila
permanente. O investimento foi intenso em Fordlândia no período de 1928 a 1934, na área da plantação e
na infraestrutura, em um espaço de um milhão de hectares. Parte dessa área foi trocada, em 1934, por
outra área no município de Belterra.
As cidades construídas possuíam toda a infraestrutura urbana: captação, tratamento e distribuição de
água, duas casas de força para rede de energia, conjuntos de lazer, rede de telefonia, estação de radio e
70 km de estradas, além de dois portos, um deles flutuante. O espaço urbano contava com mais de cem
casas operárias e mais de trinta barracões para os trabalhadores. A cidade fora planejada como uma
fábrica, com todos os espaços bem separados.
As casas eram construídas em madeira com material importado, no modelo bangalô americano. O
direito à moradia nas casas estava condicionado à especialidade do trabalho desenvolvido na cidade.
A área ocupada pelos americanos possuía uma assepsia moderna. As áreas no entorno das casas
eram desmatadas e pulverizadas regularmente, seguindo a um rígido sistema de higiene — novidades da
modernidade da época. O controle da produção na fábrica era rígido, adotando-se uma política da não
perda de tempo. Os horários eram rígidos e os operários, monitorados a todo o momento para que
cumprissem sua jornada de trabalho sem desperdiçar o tempo.
O recrutamento dos trabalhadores acontecia em Belém. Após um rigoroso exame, os contratados
eram encaminhados para as embarcações rumo às fabricas e às plantações de seringueiras. Grande parte
dos recrutados vinha do Nordeste e de Belém. Os recrutados passariam por uma viagem que em média
durava dez dias. O pico de trabalhadores foi computado em 1931, com cerca de 3100 operários
registrados, sem contar suas famílias e os demais espalhados nas colônias, gerando um total de mais de
quinze mil pessoas habitando Fordlândia e Belterra.
O projeto de Ford começou em 1928 e findou em 1945. O mal da folhas inviabilizou definitivamente
os sonhos do americano. Os prejuízos líquidos computados foram de US$ 7.876.071 e o patrimônio da
companhia foi transferido para o governo brasileiro, ficando aos cuidados do Ministério da Agricultura e
do Banco de Crédito da Borracha.
Para muitos, a utopia de Ford já nasceu fracassada e um dos principais motivos estava associado ao
fato de que, naquele período, a convivência do trabalho assalariado, proposto por Ford, e o extrativismo
do seringueiro eram inviáveis no mesmo espaço. O atraso da economia brasileira ainda não permitia a
economia moderna proposta por idealistas como Ford.

REFLETINDO SOBRE O TEXTO
Responda em seu caderno:
22- Em que consistia o projeto de Ford para a Amazônia?
23- Quem foi Henry Ford?
24- Onde eram recrutados os trabalhadores para o projeto de Ford?
25- Quais os resultados do projeto de Henry Ford?

A UTOPIA DE FORD NA AMAZÔNIA


A possibilidade de implantação de novas áreas de cultivo da Hevea brasiliensis na América
Latina interessou a Henry Ford, que buscava a autossuficiência de sua produção de automóveis em
Deaborn, Michigan (USA). Com sua própria fábrica de pneus, na década de 1920 coube ao senhor
jorge Dumont Villares vender sua concessão no estado do Pará, em 21 de julho de 1927, por 125 mil
dólares, sendo que o governo poderia ter concedido a terra gratuitamente, caso tivesse participado do
negócio.
Yara Vicentini. Cidade e História na Amazônia. Curitiba: Editora UFPr, 2004, p. 134.
A BATALHA DA BORRACHA
Um exército abandonado no inferno verde — a floresta Amazônica — durante a Segunda Guerra
Mundial espera, há 50 anos, os direitos e a homenagem prometidos pelo governo federal. Em 1942, o
presidente Getúlio Vargas recrutou a tropa para uma operação de emergência que coletaria látex para os
americanos. Eram 55 mil nordestinos, 30 mil só do Ceará, que fugiam da seca em busca de riqueza e
honra naquela que ficou conhecida como a Batalha da Borracha. Eles não enfrentaram alemães nem
japoneses. Lutaram contra os males tropicais, a fome, a escravidão e o abandono. Uma reportagem
publicada na época, pelo jornal New Chronicle, de Londres, já denunciava que trinta e um mil migrantes
morreram nesse esforço para conquistar matéria-prima para o arsenal do “tio Sam”. Só seis mil
conseguiram voltar para casa. Os demais sobreviventes, hoje com mais de sessenta anos, são reféns da
miséria e moram no Acre, região que recebeu a maior parte dos alistados. Aos precursores do segundo
ciclo da borracha, na época batizados de “arigós”, só restou uma festa. Para eles, o dia do trabalho é
também o dia do soldado da borracha, data em que relembram as tradições da terra natal. Durante um dia
inteiro, um galpão em rio Branco transforma-se em pista de forró. Eles dançam e contam as histórias do
front. Além de reclamar a recompensa que nunca veio e a aposentadoria não reconhecida, esses heróis
desconhecidos gostariam de desfilar no 7 de Setembro ao lado dos combatentes da FEB.
Os nordestinos arregimentados não tinham a menor ideia do que era o trabalho nos seringais.
Adoeciam e morriam com facilidade. Demoravam a se acostumar à solidão e à lei da mata. O alfaiate
joão rodrigues Amaro, 72 anos, arrependeu-se antes de chegar. Mas já era tarde demais. Aos 17 anos ele
deixou Sobral com a passagem só de ida. A Campanha da Borracha uniu o útil ao útil. Em um ano de
seca, encontrou no Nordeste um exército de flagelados pronto para partir — ou, melhor, fugir. Nos postos
de arregimentação, um exame físico e uma ficha selavam o compromisso. Para abrigar tanta gente (às
vezes mil em um único dia), o jeito foi construir alojamentos, como a hospedaria modelo, de nome
Getúlio Vargas, em Fortaleza. Lá, eles passavam a viver até o dia da viagem, sob um forte regime militar.
A missão do exército de Getúlio Vargas não era segredo para ninguém: salvar os aliados da derrota
para os países do Eixo. A propaganda oficial era um chamado: a vitória dependia da reserva de látex
brasileiro e da força de voluntários, chamados pela imprensa e pelo governo de soldados da borracha.
Para uma operação de guerra, foi montada uma parafernália de organizações que, aliás, não se entendiam.
Os americanos tinham a Board of Economic Warfare, a reconstruction Finance Corporation, a rubber
reserve Company e a Defense Suplies Corporation. Os brasileiros criaram o Serviço de Mobilização de
trabalhadores para a Amazônia (SEMtA), a Superintendência para o Abastecimento do Vale da Amazônia
(SAVA), o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP) e o Serviço de Navegação da Amazônia e de
Administração do Porto do Pará (SNAPP). Cada um desses órgãos tinha um pedaço de responsabilidade
para tornar um sucesso a Batalha da Borracha.
A propaganda dirigida e veiculada nos meios de comunicação trazia promessas mirabolantes e era
chamariz para os desavisados. No discurso, os voluntários para a extração da seringa eram tão
importantes quantos os aviadores e os marinheiros que lutavam no litoral contra a pirataria submarina ou
os soldados das Nações Unidas. Nas esquinas do país, retratos de seringueiros tirando ouro branco das
árvores com um simples corte. “tudo pela vitória”, “terra da fortuna”, eram as palavras de ordem. Mas
foi Getúlio Vargas, em discursos pelo rádio, que mais convenceu. “Brasileiros! A solidariedade de
vossos sentimentos me dá a certeza prévia da vitória.”’ Para garantir a adesão, prometia-se um prêmio
para o seringueiro campeão. O maior fabricante de borracha em um ano levaria 35 mil cruzeiros. Os
voluntários ganhavam um enxoval improvisado — uma calça de mescla azul, uma blusa de morim branco,
um chapéu de palha, um par de alparcatas de rabicho, uma caneca de flandres, um prato fundo, um talher,
uma rede, uma carteira de cigarros Colomy e um saco de estopa no lugar da mala. O cearense Pedro
Coelho Diniz, 72 anos, acreditou que ficaria rico na Amazônia. Levou um chapéu de couro e a medalha
de São Francisco das Chagas, mas não adiantou a fé nem a coragem de vaqueiro. O dinheiro que
conseguiu deu só para voltar ao Ceará uma única vez, para rever a família.
Iam em carrocerias de caminhões, em vagões de trem de carga e na terceira classe de um navio até o
Amazonas. A viagem do exército da borracha podia demorar mais de três meses, incluindo-se paradas à
espera de transporte. Pior que o desconforto, só o perigo de ir a pique no meio do mar. Afinal, aqueles
eram dias possíveis de ataque de submarino alemão. Para prevenir, além da companhia de caça-minas e
aviões torpedeiros, os nordestinos recebiam colete salva-vidas. Em caso de naufrágio, havia nos bolsos
internos uma pequena provisão de bolachas e água. Em caso de captura, uma pílula de cianureto para
escapar da vergonha de uma prisão inimiga.
Um arigó que se preze traz cicatriz de briga com onça, flecha de índio, bala de patrão ruim e
histórias de malária, febre amarela, beribéri, icterícia e ferimentos da árdua atividade na selva.
Cearenses, paraibanos, pernambucanos, baianos e maranhenses aprenderam, no susto, a escapar dos
perigos insuspeitáveis da floresta amazônica. Mutucas, meroins, piuns, borrachudos e carapanãs fizeram
banquete dos novatos. Dos portos de desembarque, a tropa era entregue aos patrões seringalistas. Na
partilha dos grupos, novas e velhas amizades se separavam. Nada valia do que foi prometido por Getúlio
Vargas: cuidados de pai e fortuna fácil.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
26- O que foi a batalha da borracha?
27- Quem foram os soldados da borracha?
28- Onde eram recrutados os “soldados da borracha”?
29- Quais as consequências da batalha da borracha?
SOBRE AS MULHERES AMAZÔNICAS
Os primeiros registros escritos sobre a história das mulheres na Amazônia datam de 1542 e foram
feitos pelo espanhol Gaspar de Carvajal, um padre que fazia parte da expedição de Francisco Orellana e
tinha a responsabilidade de escrever o diário de bordo da expedição. As mulheres descritas nos relatos
eram de uma tribo onde só viviam mulheres. Eram grandes guerreiras, tinham parte dos seios amputados,
para facilitar o uso do arco e flecha e nadarem com mais rapidez. Foi por causa dessas mulheres que
Carvajal batizou a região com o nome rio das Mulheres Amazônicas, fazendo referência às amazonas
gregas, que viviam em uma ilha na região central da Grécia e não permitiam a entrada de homens em suas
terras. quando queriam procriar, capturavam os homens e depois os matavam.
As mulheres índias, em suas tribos, eram responsáveis na maioria das vezes pelos trabalhos de
lavoura, artesanato e serviço doméstico. é comum, ainda hoje, vermos imagens de índias com um paneiro
feito de cipó nas costas, carregando seu curumim rumo ao trabalho, realidade quase sempre encontrada
apenas em livros didáticos, já que a maioria das tribos atuais não tem terra para cultivar. A jornada de
trabalho das mulheres índias de algumas tribos, até o século XIX, era considerada pequena, apenas três
dias por semana, já que trabalhavam para a subsistência.
Com a chegada dos europeus à região, no século XVI, as mulheres índias foram usadas de forma
intensa no processo de miscigenação (mistura), já que eram poucas as mulheres brancas que vinham para
esta região. No século XVIII, especialmente a partir de 1755, o governo de Portugal incentivou o
casamento entre europeus e índias, com o objetivo de criar uma população mestiça para trabalhar na
agricultura e produzir alimentos para o reino de Portugal. As companhias do comércio foram
responsáveis pela vinda das primeiras escravas negras nos séculos XVII e XVIII, que também foram
utilizadas na plantação de cana-de-açúcar, algodão mandioca e coleta das drogas do sertão, que eram
atividades femininas.
As mulheres brancas só começaram a chegar à região com a fundação de São de Luís do Maranhão,
em 1612, e a fundação de Belém, em 1616. Eram na maioria esposas dos oficiais europeus ou degredadas
acusadas de roubo ou prostituição em seus países de origem. A educação da sociedade na época estava
nas mãos dos jesuítas, que não permitiam que as mulheres estudassem, uma vez que essa era uma
atividade masculina. é importante lembrar que, nessa época, a maioria da população era escrava.
Durante a Cabanagem (1835-1840), as mulheres revelaram-se grandes lutadoras: comandavam
agrupamentos de rebeldes, treinavam exaustivamente com armas brancas e de fogo e venceram várias
frentes de batalha (escondiam armas debaixo das roupas e matavam os inimigos com uma agilidade
assustadora). O período do ciclo da borracha nos séculos XIX e XX trouxe para a Amazônia uma grande
quantidade de mulheres de várias partes do mundo: dançarinas, modistas, professoras de idiomas e
piano, cortesãs ou apenas ricas que vinham acompanhar seus maridos. Nessa época, Belém e Manaus
eram cidades esplendorosas. As riquezas produzidas pela exploração dos seringais traziam para a
Amazônia mulheres estudadas, viajadas, inteligentes, elegantes e sofisticadas. Elas, no entanto, viviam na
capital, pois as mulheres do interior trabalhavam de sol a sol, às vezes sem ter o que comer — escravas,
em muitos casos, de uma sociedade preconceituosa e machista, em que a mulher era vista como um ser
criado para servir o homem.
A mulher amazônica, fruto da mistura gerada pelo encontro de vários povos ao longo de sua história,
teve a vida sempre marcada por uma ética do trabalho: nas tribos indígenas, nos seringais e, hoje, nas
cidades enfrenta a vida em uma região cheia de contrastes e preconceitos. é uma importante personagem
desta região e ajuda a fazer e contar nossas histórias. São lendas como as da Cobra Grande, Iara, Matinta
Perera e mulheres guerreiras que estão na cidade e no campo, algumas conhecidas e outras anônimas,
mulheres que batizaram esta terra com o nome de Amazônia.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
30- Como era o cotidiano das mulheres índias no século XVI?
31- Defina em uma frase as mulheres amazônicas mencionadas no texto.
32- Como as mulheres da Belle Époque são retratadas no texto?
33- Leia o box a seguir e comente-o em texto.

AS MULHERES E A CABANAGEM
A cabanagem espraiou-se pelos interiores da Amazônia, uma vez que, embora a capital estivesse
pacificada, tal não era o cenário no interior. Este era de efervescência, de comoção social, a mulher
perpassa esses espaços. (...) identifica-se logo uma forma de participação feminina através do suporte
dado aos seus pares — pai, marido, filho, amigo —, revelando a trama tecida em família. Esta
representou importante papel em meio ao processo de luta da cabanagem.
Fernando Arthur de F. Neves; M aria r. Pinto Lima. Faces da História da Amazônia. Belém: Paka-tatu, 2006, p. 200.
XI UNIDADE - CAPITAL E DEVASTAÇÃO NA AMAZÔNIA
CAPITAL E DEVASTAÇÃO NA AMAZÔNIA
Faça a leitura da letra da música Belém, Pará, Brasil, do grupo paraense Mosaico de ravena, e
depois escreva um texto em prosa, no qual você fará uma comparação da mensagem do texto com
aspectos da realidade amazônica dos nossos dias.
Vão destruir o Ver-O-Peso e construir um shopping center
Vão derrubar o Palacete Pinho, pra fazer um condomínio,

Coitada da Cidade Velha, que foi vendida pra Hollywood


Pra ser usada como albergue, no novo filme do Spielberg
Quem quiser venha ver, mas só um de cada vez

Não queremos nossos jacarés, tropeçando em vocês.


A culpa é da mentalidade, criada sobre a região,

Por que tanta gente teme? Norte não é com M,


Nossos índios não comem ninguém, agora é só hambúrguer

Por que ninguém nos leva a sério, só o nosso minério.

Aqui a gente toma Guaraná, quando não tem Coca-Cola


Chega das coisas da terra, que o que é bom vem lá de fora

Deformados até a alma, sem cultura e opinião

O nortista só queria fazer parte da nação


Ah! Chega de malfeitura... Ah! Chega de tristes rimas

Devolvam a nossa cultura, queremos o Norte lá cima


Por que, onde já se viu?

Isso é Belém, isso é Pará, isso é Brasil


REFLETINDO SOBRE O TEXTO
34- releia atenciosamente o texto Belém, Pará, Brasil.
35- Comente o trecho “Deformados até a alma, sem cultura e opinião”.
AS FACES DA NOSSA AGRICULTURA
A história recente do trabalho agrícola na Amazônia nos mostra que essa prática de agricultura
sustentável divide-se em dois grandes ecossistemas: a terra firme, que são as áreas não atingidas pelas
inundações dos rios, onde são praticados os métodos de rotação dos cultivos originados do trabalho
índio e caboclo, e a várzea, composta pelas áreas que são inundadas pelas enchentes nos períodos mais
chuvosos. Nas várzeas são praticadas culturas anuais de pequenos proprietários ribeirinhos.
Região concebida como um “vazio demográfico”, logo também passou a ser vista como uma área de
estagnação econômica; seu desenvolvimento esteve sempre ligado à força dos ventos trazidos pelas
políticas governamentais que já na primeira metade do século XX pretendia integrá-la às demais
políticas nacionais. Produtos como castanha-do-pará e a borracha representam bem os setores
privilegiados da política econômica daqueles anos de 1950.
Com a chegada dos anos 1960, entraram em cena os planos de Desenvolvimento da Amazônia,
direcionados para incentivar a implementação dos devastadores Grandes Projetos, que por meio de
múltiplos e surpreendentes incentivos do governo chegaram aqui causando, desde cedo, profundas
transformações em todas as formas de vida da Amazônia. Só para não esquecer: devastação das matas,
poluição dos rios, exclusão social, pobreza dos povos, conflitos pela terra, etc. e expulsão da gente do
campo pra cidade.
O começo dos anos de 1970 assistiu à chegada em larga escala da pecuária, também amparada nos
incentivos fiscais do governo federal pelas mãos da SUDAM (Superintendência de Desenvolvimento da
Amazônia) e da SUFrAMA (Superintendência da zona Franca de Manaus). já no fim dos anos 1980, a
agricultura começou a enfrentar problemas financeiros para continuar se desenvolvendo. iniciou-se,
então, debate sobre a criação de um outro modelo de desenvolvimento agropecuário para a região.
Desde o princípio, fica claro que a diversidade da Amazônia está presente, também, no seu aspecto
econômico e que existem experiências de agricultura diversas e, nesse cenário, a agricultura sustentável é
uma opção. torná-la realidade ampla ainda é um longo caminho a ser trilhado. é importante lembrarmos
que a história recente das nossas experiências econômicas, em geral, tem sido maléficas para a maioria.
Devemos fazer esforço para participar das decisões de todos os setores, sob pena de continuarmos a ser
meros figurantes no espetáculo cotidiano da nossa vida.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
36- O que caracteriza a terra firme?
37- O que caracteriza o solo de várzea?
38- Quais modelos de agricultura se desenvolvem nesses terrenos?
39- Leia o box a seguir e comente-o em texto.
SOBRE NOSSA RECENTE HISTÓRIA
Um matador de aluguel de índios não recebeu pelos serviços prestados e denunciou o motivo da
perda do emprego: a necessidade urgente de exterminar os indígenas da tribo Cinta-larga, pois os
índios estavam assentados em cima de grandes jazidas de cassiterita, terras de boa qualidade e muito
mogno para a extração da madeira. (...) passaram a bombardear as malocas com dinamite usando
avião.
Fiorelo Picoli. O Capital e a devastação na Amazônia. São Paulo: Expressão Popular, 2006, p. 82.
EXPERIÊNCIAS COM AGRICULTURA FAMILIAR
A agricultura migratória, aquela produzida pelos pequenos produtores da Amazônia, é
provavelmente praticada em toda a região e responde por aproximadamente 81% da produção de
alimentos regionais. Em sua lista principal, encontramos: mandioca, feijão, arroz, frutas, juta, etc. Nela
está envolvido um grande número de pessoas, fato que a torna importante no cenário de nossas
economias.
No entanto, essa prática econômica gera o que os estudiosos chamam de “desmatamento silencioso”,
pois as matas são derrubadas para o cultivo, depois de um período de uso ficam descansando por um
tempo para, então, voltarem a ser cultivadas. As pesquisas também confirmam que o total do
desmatamento provocado pela agricultura migratória é mínimo diante dos outros agentes do
desmatamento.
Nesse modelo de agricultura merece destaque a plantação da mandioca e a produção da farinha de
puba, produzida industrialmente ou de forma artesanal, como ainda hoje se produz nos remotos interiores
da Amazônia. Da mandioca, que pode ser branca, amarela ou vermelha, produz-se uma variedade de
outros gêneros alimentícios: farinha d’água, farinha branca, farinha de tapioca, tucupi e a maniçoba,
comida típica paraense que tem como base principal a folha da mandioca. A macaxeira, uma variação
desse tubérculo, ainda é consumida como alimento, cozida ou frita, e, para finalizar, o caribé, feito da
parte mais fina da farinha — este é, no dizer regional, um forte alimento. A forma artesanal de produção
da farinha de mandioca na Amazônia, no entanto, está em franco processo de desaparecimento, uma vez
que os fornos industriais assumem o lugar das antigas chapas e fornos de cobre, antes tão comuns nos
universos ribeirinhos.
As políticas públicas para a região amazônica enfrentam o desafio de oferecer uma possibilidade de
economia de subsistência para centenas de pessoas que estão impossibilitadas, devido às novas políticas
de fronteira agrícola, de praticarem suas atividades tradicionais. Hoje, tais atividades são vistas por
muitos como nocivas à natureza, mesmo que se reconheça a importância das mesmas para a economia
regional e, em especial, para todos aqueles que dependem dela para a sobrevivência.
O desenvolvimento tecnológico trouxe outras formas de relacionamento com a terra, produzindo-se
mais alimentos em menos tempo. Em outras épocas, com menores índices de crescimento populacional e
menores disputas agrárias, era possível às populações nativas a prática de suas agriculturas tradicionais.
Atualmente, o discurso mais abrangente fala que a realidade da sustentabilidade econômica necessita de
outras formas de cultivo da terra na Amazônia. Diz-se que a produção da agricultura tradicional é baixa
demais. Baixa para quem?

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
40- O que é agricultura migratória?
41- Por que ela é importante?
42- Por que ela tende a declinar, ou seja, diminuir?
43- Leia o seguinte box e faça um comentário escrito sobre a cadeia de produção da farinha na
Amazônia.
CARIBÉ
O meu caribé é mingau de farinha forte. Pra quem tá na beira da morte é tomar que levanta a
moral. O meu caribé é mingau de farinha da boa, daquela que vem na canoa do Moju pra capital. O
meu caribé é, é, é, é de mandioca vermelha.
Põe no tipiti na peneira, linda morena faceira autêntica papa xibé.
Grupo Parafolclórico M ixilão do icatu. Letra e música: Herivelto M artins. M oju, 1985.
AGRICULTURA INTENSIVA – AGROINDÚSTRIA- PECUÁRIA
Os estados da Amazônia Legal têm mostrado um crescente interesse pelo cultivo da soja, em
especial Amazonas, Roraima e Pará. A possibilidade de colocar em prática essa forma de economia da
região é facilitada pela implantação do Programa Brasil em Ação. recentemente, os governos do
Amazonas em parceria com o governo do estado de Rondônia construiu o corredor de exportação do rio
Madeira.
O estado de Rondônia conta com um número expressivo de pequenos e médios produtores, que têm
no café o seu principal produto econômico. Problemas de ordem tecnológica e comercial têm dificultado
o desenvolvimento da economia intensiva dessa parte da Amazônia. Nesse cenário, a Embrapa aparece
como uma importante parceira, contribuindo nas diversas etapas e particularidades no desenvolvimento
desse modelo de economia na região.
Além dos já citados soja e café, ainda é importante mencionar a produção do cacau também nos
estados do Pará e Rondônia. Os produtores, no entanto, carecem de ajuda do poder público para que se
tornem competidores no mercado externo. Figuram nessa lista, ainda, dendê, pimenta-do-reino, laranja,
arroz e abacaxi, que na história recente de nossa economia ocuparam lugar de destaque.
Os desafios enfrentados por quem pratica essa modalidade de economia vão desde os baixos preços
nos mercados interno e externo, assim como a competição de produtores de outras regiões do país. Os
impactos ambientais também entram na agenda do debate, pois a utilização do solo e a derrubada de
árvores requerem, também, novas formas de relação com a natureza. já é possível ouvirmos a
intensificação dos debates sobre o reflorestamento das áreas derrubadas, iniciativas que são muito bem-
vindas, desde que haja clareza da forma como essas políticas são colocadas em prática.
Destacam-se no cenário da agroindústria as madeireiras, o dendê e o coco. Em relação a este
último, a Sococo, do Estado do Pará, é de longe uma experiência que merece destaque. Os laticínios
derivados do leite vêm na sequência, em especial nos estados do tocantins, Pará e Rondônia. Os capitais
interno e externo aumentam seus investimentos a olhos vistos.
Dentre os grandes desafios a serem superados por esse setor da nossa economia está o que os
especialistas chamam de “fragilidade da cadeia produtiva”, assim como as faltas de infraestrutura e
transporte, que aumentam sobremaneira os custos comerciais. Esse setor também sofre com falta de mão
de obra especializada, assim como em outras partes do país. Os profissionais especializados estão nos
grandes centros do Sul e Sudeste e, em geral, não se deslocam para esta região em quantidade suficiente
para resolver o problema da falta de mão de obra.
Portanto, o desenvolvimento do setor carece de ações próprias de quem o compõe, bem como de
ações do governo que possam ajudar a vencer os desafios impostos pelos novos tempos a esse importante
segmento da economia amazônica.
A criação de gado na Amazônia é feita por grandes e pequenos proprietários em áreas de várzea e
de terra firme. O Marajó e várzeas do rio Amazonas figuram como um importante postal desse setor
econômico. A disponibilidade de terra para a formação dos pastos é apontada historicamente como um
dos fatores que facilitaram a expansão dessa prática, assim como as políticas de incentivos do governo,
fato já registrado na ilha do Marajó em 1882. Nos anos de 1970, o crédito rural e o “casamento” com a
extração da madeira deram à pecuária o título de a grande vilã dos desmatamentos da Amazônia. é
importante destacar que as famílias de baixa renda também praticam tal atividade. Em nossos dias, esse
setor busca reinventar sua relação com a natureza, já que a derrubada de matas para a plantação de novas
áreas de capim encontra resistência por setores da sociedade mundial.
O EXTRATIVISMO
A extração da madeira é outra importante fonte da capital na Amazônia. Nesse setor, também
existem os grandes e os pequenos produtores. Há os que receberam e recebem incentivos do governo
para o desenvolvimento da atividade e aqueles que nada recebem.
Nos anos 1990, o Estado Pará esteve entre os maiores exportadores de madeira do país, sendo o
responsável por vultosas quantidades de toras derrubadas das matas e transformadas em peças para
exportação, nas centenas de serrarias espalhadas pelo interior do Estado.
Na fase inicial de extração, o foco eram as madeiras consideradas de lei. Nos anos de 1970, o
mogno, o cedro, o angelim pedra e o acapu eram o objeto do desejo dos que viviam da extração da
madeira. A fartura e a diversidade das espécies permitiam a exigência das chamadas madeiras de lei. Era
comum encontramos casas no interior do Estado do Pará com o assoalho, ou o forro, feito em pau
amarelo e acapu. isso era um símbolo de status social. Com a prática da extração predatória, aos poucos
a seleção foi sendo deixada de lado e as madeiras consideradas inferiores passaram a ser valorizadas.
Após os anos 1980, começaram as pressões ambientais e os dias de glória dos extratores de madeira
foram ficando pra trás.
Em nossos dias, as reservas madeireiras estão cada vez mais escassas, e os produtores dos vários
cantos da Amazônia buscam alternativas de sobrevivência. Em algumas regiões, como no Sudeste do
Pará, 100% das espécies de valor comercial são aproveitadas pela indústria. Um poderoso inimigo desse
setor são as queimadas, que na grande maioria das vezes acaba dizimando todas as espécies de árvore
por onde ocorrem.
Uma solução possível e viável para esse significativo setor da economia da Amazônia é o
reflorestamento. já é possível identificarmos importantes ações de reflorestamento em vários cantos da
região. Os fatores sociais mais diretamente envolvidos com a indústria da extração da madeira têm se
mobilizado no sentido de buscar alternativas para a sobrevivência desse setor, pois a cada dia as
pressões ambientais estão mais vigilantes, no sentido de controlar a extração ilegal de madeira.
É comum acompanharmos em jornais as apreensões de madeiras e o fechamento de serrarias feitas
pelo IBAMA. Uma consequência direta do fechamento das serrarias é o desemprego imediato dos
trabalhadores que ali ganham o seu sustento. Uma parcela significativa, especialmente de homens, está
envolvida na cadeia produtiva de extração da madeira, desde a derrubada das toras na mata, passando
pelo transporte até chegar ao beneficiamento inicial nas serrarias. Em nossos dias, as novas políticas
pensadas para o setor precisam enfrentar o duplo desafio de preservar a natureza, porém não podemos
nos esquecer de que devemos olhar, também, para os filhos menos afortunados da Amazônia, as
populações menos favorecidas que estão envolvidas em todos os processos exploratórios da região e
cuja sobrevivência precisa ser garantida. é preciso não somente fechar a serraria, mas apontar
alternativas de trabalho e renda para quem dependia/depende do trabalho na extração da madeira.
É preciso lembrar, ainda, que outros produtos são extraídos na região: borracha, palmito, copaíba,
buriti, andiroba, açaí, etc., e que a busca por alternativas de desenvolvimento sustentável estão nascendo
em todos os cantos. As reservas extrativistas enfrentam problemas de ordem técnica e científica,
inclusive sobre suas viabilidades. São desafios a serem superados pelos novos tempos da economia da
Amazônia.
MANEJO FLORESTAL
>Fazer projeto de manejo florestal é uma exigência legal para retirar madeira na Amazônia. Os
projetos são realizados na maioria das vezes apenas burocraticamente no papel, mas raramente
cumprem os objetivos propostos e servem como instrumento legal para devastar as áreas.
Fiorelo Picoli. O capital e a devastação na Amazônia. São Paulo: Expressão Popular, 2006, p. 169.


REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
44- Quais as fases de extração de madeira apontadas no texto?
45- Quais são as espécies de madeira que aparecem no texto?
46- Em sua opinião, qual a importância dessa atividade em nossa região?
XII UNIDADE - AMAZÔNIA: URBANIZAÇÃO, MEIO AMBIENTE, CULTURA E
RESISTÊNCIA
A URBANIZAÇÃO NA AMAZÔNIA
As cidades da Amazônia foram construídas por mãos internas e externas. Durante o período
colonial, os locais escolhidos para a fundação das urbes eram as margens dos rios, pois eles formavam
as grandes rotas de comunicação, transporte e escoamento dos produtos retirados da região. Esse
processo sofreu alterações a partir de 1960, já no século XX, quando uma lógica de mercado obrigou o
país a criar uma nova rede urbana para atender os novos interesses do capitalismo. Portanto, as cidades
não mais seriam fundadas às margens dos rios, mas sim às margens das rodovias que passaram a ser
abertas ao longo da floresta amazônica.
Entraram em cena os famosos grandes projetos de mineração e usinas hidrelétricas, em programas
patrocinados pelo estado, em um processo muito bem planejado, para atender aos desejos dos
capitalistas. A região, então, começou a sentir as mudanças em sua configuração geográfica: urbanização
e migração geraram uma rápida e, por vezes, desastrosa ocupação do espaço regional.
Ao estado coube o papel de oferecer a infraestrutura, para atrair os novos moradores. Uma parcela
significativa das promessas feitas pelo governo nunca foi cumprida. Muitos núcleos urbanos foram
criados nesse período. Assim, fica claro a amplitude do projeto para a região: atrair novos moradores o
mais depressa possível, tendo como objetivo maior a integração econômica da região ao resto do país.
Porém as cidades “velhas” logo sentiram o inchaço populacional, que em breve iria transformar-se em
problemas sociais com faces diversas e cruéis. A mistura de aumento populacional e falta de estrutura
urbana se tornariam, com o passar do tempo, agentes de graves males sociais.

SOBRE A URBANIZAÇÃO NA AMAZÔNIA


No início do século XVII as cidades tinham como principal papel ajudar no controle do território
contra as possíveis ameaças de outros países, e também serviam como ponto de referência e controle
das atividades econômicas exercidas ao longo do território (a extração da borracha por exemplo). Na
segunda metade do século XX, o urbano é fruto de estratégias do estado e do grande capital, no
sentido de proporcionar a incorporarão da região ao novo modelo do modo de produção capitalista,
impondo um novo valor e significado à urbanização na Amazônia.
Reinaldo Costa da Silva. Crescimento urbano e periferização em Goianésia do Pará. Trabalho de conclusão de curso. Dep. de Geografia. Belém: UFPA, 2004, p. 13.


REFLETINDO SOBRE AS LEITURAS
Responda em seu caderno:
47- Escolha uma palavra do texto e comente seu significado no contexto estudado.
48- Em qual dos modelos apontados no texto está inserida a cidade em que você mora?
49- O que você sabe sobre grandes projetos citados no texto?
50- Quais são as consequências dos grandes projetos?
51- Formule um conceito relativo à urbanização da cidade em que você mora?

Dialogando com a música amazônica.
Energia da floresta
A energia que alimenta a floresta matiza o arco-íris

E poliniza a vida vem do sol, vem do sol


A energia que emana da floresta ilumina Parintins com arte e magia
Vem do som dos tambores da natureza.


Vem dos olhos da boiuna ou a luz do vaga-lume

Dança em tribos dos poraquês, vive em constelações no céu


Tem a força da correnteza de um rio

É a fonte de energia do Brasil


Energia dos ventos, energia do sol, energia das águas

Energia que se planta, energia que não fere a natureza


Energia que preserva o planeta

É preciso saber cuidar do nosso planeta.


Azul, azul, azul, a nossa energia é azul
Azul, azul, azul, sou caprichoso, eu sou azul.
(Boi Caprichoso, Parintins)


REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
52- Releia atenciosamente o texto Energia da floresta.
53- Em sua opinião, qual a principal mensagem do texto?
54- Escreva um texto sobre a necessidade urgente que temos de cuidar do nosso planeta.
ÁGUAS E RIOS DA AMAZÔNIA
Mundialmente, a Amazônia é uma região privilegiada pela grande quantidade água doce existente
em seu território. Porém, essa abundância de água não nos dá o direito de desperdiçá-la. toda a vida
existente aqui precisa dela. Entre os rios amazônicos, destaca-se o tocantins, com uma bacia hidrográfica
que banha os estados do Pará, Maranhão, tocantins e Goiás.
É muita vida dependendo da água desses rios, por isso preservá-los é tão vital. Das forças das
águas do tocantins, bem como de outros rios da região, dependem centenas de pessoas que pelos
diferentes cantos da Amazônia viajam em pequenas, médias e grandes embarcações. São canoas, cascos,
voadeiras, barcos, bajaras, batelões e navios, múltiplas faces dos transportes marítimos amazônicos,
vidas que cotidianamente fazem uso dos rios. Em muitos casos, o rio representa para muitos moradores
da Amazônia a única via de acesso possível a outras localidades.
Muita gente retira dos rios o alimento de cada dia. No Estado do Pará, dezenas de municípios têm na
base de sua tradição alimentar o peixe e o camarão, como os municípios de Breves, no Marajó, e
Abaetetuba, igarapé-Miri e Cametá, no Baixo tocantins, só para citar alguns exemplos.
Grande parte da madeira retirada da região também sai pelos rios. Na década de 1980, era muito
comum na paisagem dos rios da Amazônia a imagem das gigantescas jangadas, com dezenas de toras de
madeira presas por um cabo de aço, puxadas por uma embarcação rumo às grandes serrarias.
Nas décadas de 1970 e 1980, um dos destinos certos de grande parte das jangadas trazidas pelo rio
Moju era a Serraria Piriá, próxima à boca do canal que dá acesso ao município de Igarapé-Miri. A
Serraria Piriá era formada por uma dezena de casas dos trabalhadores, uma cantina, onde se vendiam
alimentos aos trabalhadores, um porto principal para os navios atracarem e os quatro barracões da
serraria. À noite, parecia uma pequena cidade, com a energia elétrica gerada pelo motor a óleo e um
gerador.
No período do ano mais chuvoso, a vida de quem vive próximo dos rios é alterada. As águas se
elevam. Pontes ficam submersas, a cor da água muda e, em alguns locais, fica mais escura e fria. Na
cadeia de extração da madeira, nos anos 1970, muitos trabalhadores aproveitaram para retirar a madeira
que ficava no alto dos rios e dos igarapés, em tempos de menos estradas e caminhões — outras utilidades
para as águas da Amazônia.
Mais uma importante utilidade da água é a geração de energia elétrica por meio de usinas
hidrelétricas. Um exemplo é a usina hidrelétrica de tucuruí, na bacia do rio tocantins, no estado do Pará,
que produz grande parte da energia elétrica que abastece a região.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
55- Qual a importância dos rios da Amazônia apontados no texto?

Dialogando com a música amazônica.
Toca Tocantins

Toca, tocantins, tuas águas para o mar.

Os meios não são os fins,


Por que vão te matar?

Por que te transformar em águas assassinas

e nelas afogar a vida?


Toca, tocantins, tuas águas para o mar,

É lá o teu destino, aqui não é teu lugar

E viva o açaizeiro, a arara e o tamuatá, não matem o mato inteiro

Não morra o rio Guamá,


Toca, tocantins, tuas águas para o mar.
(Toca, Tocantins, Nilson Chaves)


REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
56- releia atenciosamente Toca, Tocantins.
57- Em sua opinião, qual a principal mensagem que essa música traduz?
58- Dê exemplos de quando as águas tornam-se assassinas.
59- Escreva um texto sobre a importância dos rios para quem vive na Amazônia.
60- Crie uma frase de incentivo à preservação dos rios da Amazônia.
A LENDA DA COBRA GRANDE
A Cobra Grande é considerada uma das mais conhecidas lendas da Amazônia. Segundo a lenda, ela
é filha de uma mulher com uma cobra encantada.
Há muito tempo, no interior da Amazônia, uma bela mulher ribeirinha, virgem, engravidou. A
gravidez durou nove meses e, em seguida, nasceram duas crianças. Um menino e uma menina, que logo
assumiram a forma de pequenas cobras e foram soltas no rio. Naquela noite, em sonho, uma cobra avisou
a mulher que seus filhos eram encantados e que passados sete anos ela teria a oportunidade de quebrar o
encanto dos filhos, cortando um pedaço da calda de cada uma das cobras. Os sete anos passaram e um
dia a mulher estava lavando roupa às margens do rio, quando de repente as cobras apareceram e pediram
que ela cortasse um pedaço de suas caldas.
A mulher ficou muito nervosa, assustada, e começou a chorar. Passados alguns instantes, ela decidiu
que não tinha coragem de cortar os próprios filhos. tinha medo de matá-los. As cobras avisaram que
voltariam quando completassem quatorze anos e que seria a última chance que a mãe teria de quebrar o
encanto.
Mais sete anos se passaram e, um dia, a ribeirinha estava fazendo o almoço quando ouviu uma voz
que vinha da beira do rio chamando por seu nome. Ela, então, foi até a beira do rio e, para sua surpresa,
as duas cobras estavam esperando por ela para cortar suas caldas. A mãe novamente não teve coragem e
o encanto não foi quebrado. Houve muito choro, mas a mãe preferiu que os seus filhos permanecessem
encantados para o resto da vida.
As cobras foram embora. Separaram-se. tornaram-se adultas. Passaram a ser conhecidas pelos
nomes de Boiuna (a mulher) e Norato (o homem). A Boiuna andou para a região do rio Moju e Norato,
para o Amazonas. Um dia, Boiuna envolveu-se em uma briga com outra cobra e foi morta. revoltado,
Norato veio em busca de vingança. transformou-se em homem e subiu o rio Moju avisando os moradores
que guardassem água em suas casas, pois uma grande briga ia acontecer no Alto rio Moju e água ficaria
barrenta (suja) por vários dias.
A luta, então, foi travada, em uma região que é conhecida como Poço do Maiau, no rio Moju. Norato
foi ferido em um dos olhos, mas venceu o inimigo. Após a briga, Norato desceu o rio em forma de cobra
e foi alargando o tamanho do mesmo, que era bem mais estreito do que é hoje. A Cobra Grande, ou Cobra
Norato, voltou para os rios maiores da Amazônia e dizem que continua nadando por eles.
Esta é uma das muitas histórias contadas sobre a Cobra Grande da Amazônia, uma lenda tão forte
que inspirou d filma Anaconda. quando você tiver um tempo, veja o filme e aproxime-se mais de uma das
mais conhecidas lendas da nossa região.
(Fonte: Dona M aria Pinheiro, ribeirinha do rio M oju. 71 anos.)


REFLETINDO SOBRE O TEXTO
Responda em seu caderno:
61- Você conhece alguma outra versão da lenda da Cobra Grande?
62- Agora, libere o escritor e artista em você. Produza uma revista em quadrinhos sobre a lenda da
Cobra Grande.
O CÍRIO DE NAZARÉ
O Círio de Nazaré, muito mais do que uma procissão no interior da Amazônia, em Belém do Pará é
uma esplendorosa concentração de fé, em torno da santa venerada pelos católicos. No mês de outubro,
em Belém, vive-se uma experiência única de fé, a de participar a céu aberto de uma caminhada lenta,
carregada de emoção, honrando a Padroeira. Ao som de hinos a multidão reza e canta, sob chuva de
papeis picados e fogos.
É o segundo domingo de outubro. A movimentação começa já na madrugada desse dia. incalculável
número de fiéis vem cumprir bem cedo sua promessa de segurar a grande corda do Círio, símbolo
incontestável de sua fé.
As casas e as ruas enfeitadas, os brinquedos de mirit i imitando as canoas dos nossos rios e os
animais das nossas matas, os balões, os fogos em cada canto, as homenagens dos peixeiros e estivadores,
os barcos coloridos e as sirenes, tudo irradia vida.
Espetáculo dos mais belos, a tradição do Círio foi herdada de Portugal e a devoção foi trazida pelos
jesuítas. A imagem da Santa foi encontrada pelo caboclo Plácido, por volta do ano de 1700, tendo início
a devoção do povo paraense à Nossa Senhora de Nazaré. Conta-se que ao encontrar a imagem no córrego
de um igarapé, Plácido logo a levou para sua cabana, e qual não foi a sua surpresa quando no dia seguinte
a imagem estava de volta ao local onde fora encontrada. Outras vezes a imagem foi levada para a cabana,
e sempre voltava. Foi então que o caboclo entendeu que deveria construir um altar ali, às margens do
riacho, para guardar a imagem. O local é onde hoje está construída a basílica de Nossa Senhora de
Nazaré.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
63- De que povo herdamos a tradição do Círio?
64- Quem foi Plácido?
65- Após a leitura do texto, como você descreveria o Círio de Nazaré?
RUY BARATA, UM ENCANTADO DA POESIA
“O opressor sempre impõe a sua linguagem.

O regional foge a essa imposição.

Todas as minhas letras são políticas (...)


Flagram uma realidade local e, necessariamente,

não servem a qualquer regime.”


(Ruy Barata)

Ruy Guilherme Paranatinga Barata foi e, por meio de sua obra, continua sendo um dos encantados da
poesia. O pajé que veio das “profundas” e instalou a modernidade da poesia paraoara (adjetivo que
caracteriza o natural do Pará). Seu próprio nome traz essa identidade: “Paranatinga”, na região significa
rio (paraná) branco (tinga) ou, como queiram, rio de águas claras. isso sem falar que nasceu na esquina
(ou “canto”, como fala o paraense) dos rios tapajós e Amazonas, na cidade de Santarém.
Filho de Alarico de Barros Barata, rábula de expressão na região, e de Maria josé Paranatinga
Barata, Dona Noca, que “cantava como poucas pessoas vi cantar”, segundo o próprio Ruy, é fácil
compreender o seu pendor para as letras e a música, ou, trocando em miúdos, a poesia. Poesia que se
completa tendo no bojo da bujarrona o húmus silvestre dos “ianomaas” (ou anagrama de Amazônia). A
exemplo desse povo indígena, que resiste como um dos últimos redutos de cultura nativa frente aos
dogmas ditos civilizados, a obra de Ruy Barata, principalmente em sua fase final (antes de sua morte, em
1990), demonstra quem atingiu a completude do cíclico, em que o novo é a reinvenção com os olhos que
nunca viram a novidade no velho.
Isso tudo aliado ao fato de quem fala com a propriedade, de quem tem o conhecimento de causa: a
poesia cabocla feita pelo caboclo “mocorongo” (nascido ou natural da cidade de Santarém, Pará).
Porque só podemos falar em literatura amazônica com o surgimento do homem amazônico, fruto de um
lento processo de aculturação a terra, forjado com ela. Este, portanto, já é um primeiro indício de
modernidade em Ruy Barata, a busca de uma expressão literária autônoma à literatura brasileira. é a
fragmentação que, partindo do código literário nacional, busca redimensioná-lo ao universo amazônico:
“Eu sou de um país que se chama Pará”, diria na letra da música Porto Caribe, parceria com Paulo André
Barata, seu filho e grande parceiro musical.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
66- Você já ouviu falar no poeta Ruy Barata?
67- Você conhece a obra desse importante poeta?
68- Você considera importante conhecermos nossas raízes culturais? justifique.
69- Quais aspectos da cultura de sua comunidade você considera importante?

Mais de Ruy Barata:
Pauapixuna
Uma cantiga de amor se mexendo

Uma tapuia no porto a cantar

Um pedacinho de lua nascendo


Uma cachaça de papo pro ar

Um não sei quê de saudade doendo

Uma saudade sem tempo ou lugar

Um saudade querendo querendo


Querendo ir e querendo ficar


Uma leira, uma esteira, uma beira de rio
Um cavalo no pasto, uma égua no cio
Um princípio de noite

Um caminho vazio
Uma leira, uma esteira

Uma beira de rio


E no silêncio uma folha caída

Uma batida de remo a passar


Um candieiro de manga comprida

Um cheiro bom de peixada no a

Uma pimenta no prato espremida


Outra lambada depois do jantar

Uma viola de corda curtida

Nesta sofrida sofrência de amar


Uma leira, uma esteira, uma beira de rio

Um cavalo no pasto, uma égua no cio

Um princípio de noite

Um caminho vazio
Uma leira, uma esteira

uma beira de rio

Uma beira de rio


E o vento espalhado na capoeira
A lua na cuia do bamburral

A vaca mugindo lá na porteira


E o macho fungando cá no curral

O tempo tem tempo de tempo ser

O tempo tem tempo de tempo dar


Ao tempo da noite que vai correr

Ao tempo do dia que vai chegar


Composição: Paulo André/Ruy Barata.
Disponível em www.culturapara.com.br – acesso em 20 de abril de 2010.


REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
70- O poema fala em saudade. Escreva um texto falando de suas experiências com esse sentimento.
71- Agora, libere o poeta que há em você. tente escrever um poema tendo como tema central a
“saudade”.
9º ANO

XIII UNIDADE
O ESPAÇO AMAZÔNICO CONTEMPORÂNEO

XIV UNIDADE
MIGRAÇÃO E EDUCAÇÃO NA AMAZÔNIA

XV UNIDADE
AMAZÔNIA BRASILEIRA

XVI UNIDADE
ESTADOS DA REGIÃO AMAZÔNICA: ASPECTOS GEOGRÁFICOS E CULTURAIS
XIII UNIDADE - O ESPAÇO AMAZÔNICO CONTEMPORÂNEO

Dialogando com a música amazônica.


O futuro é agora

Amazônia, guerreira amazona o vento da soberania


Conduz tuas flechas ao coração da tirania de quem fere os rios

E a floresta, Amazônia dos tambaquis, das caravelas, dos cacicados


Da cabanagem da borracha da sustentabilidade.


Num efeito borboleta as crianças polinizam utopias pra se viver
E no grande ajure o suor faz florescer o futuro caprichoso de bonanças

Nunca mais uma árvore vai chorar, a fauna enfim procriar os


Rios jamais irão secar e os povos amazônidas viverão em harmonia


Vamos declarar amor à vida, vamos preservar Amazônia

Vamos declarar amor à vida, o futuro é agora.


(Boi caprichoso, Parintins)


REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
1- Em sua opinião, o que podemos fazer para preservar a Amazônia?
2- Escreva uma frase de amor à natureza.
3- Comente a afirmativa “o futuro é agora”.
A AMAZÔNIA LEGAL
A Amazônia Legal é uma divisão político-administrativa estabelecida por lei para efeito de
planejamento do desenvolvimento regional, tendo como principais instrumentos os incentivos de crédito
e fiscais. Surgiu com a criação da SUDAM (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia), em
1966, envolvendo os estados do Pará, Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, tocantins, Amapá, Mato
Grosso e Maranhão, correspondendo a 60% do território brasileiro. Esse projeto foi criado pelo governo
federal para gerar um maior desenvolvimento econômico na região.
Atualmente, a formulação de políticas públicas para a Amazônia Legal é muito complexa, pois é
preciso juntar os interesses econômicos com a preservação ambiental da região. Do ponto de vista
ecológico, a região é valorizada por conter a maior floresta tropical contínua do planeta. Suas riquezas,
no entanto, estão na base de grandes conflitos por uso e posse desses bens naturais. Só como exemplo, a
água, que é a maior riqueza do futuro da humanidade, é encontrada em grande quantidade na região e por
si só já é causadora de conflitos, pois cresce a demanda por uso da energia elétrica dela advinda.
Do ponto de vista econômico, a Amazônia atrai capital nacional e internacional, que buscam
alternativas de exploração de seus recursos naturais. O fechamento da fronteira agrícola de outras partes
do país faz com que cresça a busca desenfreada por terras na Amazônia, dificultando cada vez mais a
tarefa de definir, planejar e executar políticas públicas para a região. Desse modo, um novo processo de
ocupação do grande capital na Amazônia Legal deu-se a partir dos anos 1960, caracterizando-se
fortemente por uma ocupação planejada e estimulada pelo estado. Como símbolos desse projeto citamos
as estradas Belém-Brasília, Brasília-Acre e a transamazônica.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
4- De acordo com texto, o que é a Amazônia Legal?
5- Por que a Amazônia Legal é valorizada do ponto de vista ecológico?
6- Em sua opinião, quais os ganhos que a Amazônia brasileira teve com esse projeto?
POLÍTICAS PÚBLICAS NA AMAZÔNIA
As políticas públicas pensadas para a Amazônia Legal contemporânea precisam estar amparadas
nos ideais do desenvolvimento sustentável, que tem como princípio o crescimento econômico, juntamente
com a igualdade social e o uso adequado dos recursos naturais da região. Esse princípio foi instituído a
partir do documento Nosso Futuro Comum, também conhecido como Relatório Brundtland, que afirma:
Só é possível atingir o pleno desenvolvimento quando se consideram as questões ambientais nos esforços
de promoção do crescimento econômico, assim como o compromisso de garantir a distribuição igual para
todos dos benefícios adquiridos.
Nesse sentido, é importante ressaltar que as desigualdades sociais e a pobreza estão evidentes em
todos os cantos da Amazônia. A escolaridade que represente a habilitação para o exercício da cidadania
em uma sociedade democrática deve ser olhada com especial atenção, pois os baixos níveis de
escolaridade da maioria da população pobre da região são determinantes na sua condição de excluídos
sociais.
Outros fatores importantes a serem observados nesse processo são os componentes históricos e
também geográficos, porque, como é sabido, os lucros gerados pelo ciclo da borracha, por exemplo, não
foram investidos na região em prol de políticas de igualdade social, os seringueiros não conseguiram se
contrapor ao poder dos seringalistas e as atividades extrativistas da região só receberam atenção
recentemente, depois que Chico Mendes tornou-se sindicalista e mobilizou as comunidades extrativistas a
se oporem às derrubadas da floresta. Por outro lado, o relativo isolamento da região do centro
econômico da país (Sudeste) retardou o processo de industrialização e a formação de classes de
trabalhadores urbanos que combatessem as desigualdades sociais de forma mais eficaz.
É importante ressaltar que na Amazônia convivem empresários que não respeitam leis trabalhistas e
submetem os trabalhadores a condições de trabalho similares à escravidão com outros empresários, que
adotam posturas socialmente responsáveis pela preservação dos recursos naturais e congregam forças
para uma melhor distribuição de renda na região, pois seríamos ingênuos se generalizarmos os grupos
sociais. Ainda bem que a moeda das relações sociais da região também tem dois lados.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
7- Em seu caderno, comente com suas palavras os princípios do documento Nosso Futuro Comum.
PROJETO SIVAM — SISTEMA DE VIGILÂNCIA DA AMAZÔNIA
Nas duas décadas que se seguiram ao fim do regime militar (1964-1985), foi crescente a
importância que Amazônia ganhou no cenário nacional. Um marco desses acontecimentos foi a criação do
projeto Calha Norte, ainda no ano de 1985. A importância do tema ganhou mais força quando, na década
seguinte, iniciou-se a implantação do Sistema de Vigilância Aérea da Amazônia (SIVAM). Desde o início
esses projetos pretendiam ser nacionais, no sentido de envolver também a sociedade civil, mas na prática
permaneceram estritamente militares.
Essa situação começou a mudar à medida que a democracia brasileira foi se consolidando e novas
gerações de militares foram ascendendo ao poder e, aos poucos, permitindo uma abertura política
diferente do período do regime militar. A criação do Ministério da Defesa, em 1999, representou um
passo importante no processo de abertura das políticas de defesa nacional. Contudo, ainda falta muito
para que os debates sobre a defesa do solo brasileiro sejam de fato nacionais.

O QUE É O SIVAM?
Vários órgãos governamentais atuam na região de forma individualizada, realizando, por vezes, o
mesmo tipo de tarefa, sem compartilhar o conhecimento obtido e sem otimizar o uso do dinheiro dos
cofres públicos. resultado: pouco se sabe sobre a vasta região e não há um efetivo controle sobre as
ações criminosas. Você vai perguntar: E daí? Bem, é justamente nesse contexto que entra em cena o
Sistema de Vigilância da Amazônia, criado para estabelecer uma nova ordem na região. o SIVAM é uma
rede de coleta e processamento de informações.
Serão levantadas, tratadas e integradas as informações obtidas por cada órgão governamental que
trabalha na Amazônia. Será uma grande base de dados e todos os órgãos compartilharão esse
conhecimento. Elimina-se, assim, a duplicação de esforços que existe hoje, adequando-se a utilização
dos meios e recursos disponíveis para a realização das tarefas, respeitando as competências
institucionais.
O SIVAM terá uma infraestrutura comum e integrada de meios técnicos destinados à aquisição e ao
tratamento de dados e, para a visualização e difusão de imagens, mapas, previsões e outras informações.
tais meios abrangem o sensoriamento remoto, as monitorações ambiental e meteorológica, a exploração
de comunicações, a vigilância por radares, recursos computacionais e meios de telecomunicações. As
aplicações desses meios técnicos e a associação dos dados obtidos, a partir dos diversos sensores,
proporcionarão informações temáticas particulares às necessidades operacionais de cada usuário.
O SIVAM dividiu a Amazônia em três grandes áreas sem fronteiras perfeitamente definidas: Manaus,
Belém e Porto Velho. Cada área corresponderá a um Centro regional de Vigilância (CRV), localizado em
cada uma dessas capitais. Esses CRVs terão o seu trabalho coordenado pelo Centro de Coordenação
Geral (CCG), em Brasília.
Em resumo, o SIVAM contará com um CCG (Brasília), três CRV (Manaus, Porto Velho e Belém) e
diversos órgãos remotos e sensores espalhados por toda a região Amazônica, os quais terão os seus
dados agrupados e processados nos CRV. O sistema terá uma rede primária de informações que ligará os
CRV e o CCG entre si; uma rede secundária, compreendendo estações que usarão radares (unidades
maiores que possuem estações satélites, sistema de telecomunicações, radar metereológico, etc.); e a
rede terciária, abrangendo as estações menores (em áreas remotas, onde haverá, por exemplo, pessoal do
IBAMA, da FUNAI e pelotões de fronteira do Exército). quem estiver em áreas remotas poderá se ligar à
rede terciária e, por intermédio da secundária, entrar na rede primária e ter acesso a todas as
informações que necessitar do SIVAM. Em resumo, quando o SIVAM estiver pronto, o usuário que estiver
em Palmeira do javari conseguirá trocar informações com quem estiver em Cucuí, por exemplo.
Na década de 1980, a Amazônia era considerada o pulmão do mundo e nós, brasileiros, os
incendiários que estavam acabando com o oxigênio do planeta. Os outros países, de olho em nossas
riquezas, diziam-se preocupados com a saúde da terra e queriam dar palpite em tudo que acontecia na
Amazônia.
Naquela época, existia na região rotas de tráfico de drogas, ocupação desordenada, invasão de
áreas indígenas, contrabando, ações predatórias — principalmente de madeireiras e garimpos ilegais —
e a ocorrência de uma série de outros crimes. Na verdade, com as dificuldades de comunicação e de
controle da região, ficava difícil para o governo brasileiro saber a real situação da Amazônia.
PROJETO CALHA NORTE
Foi criado com o objetivo de garantir a presença do estado brasileiro em regiões de fronteira na
Amazônia, bem como fornecer assistências às populações locais — 74 municípios estão ligados ao
projeto. O combate ao narcotráfico, ao contrabando de bens naturais e à extração ilegal de minérios em
terras indígenas, somados às consequências da guerrilha do Araguaia, motivaram a criação do projeto.
Durante o Plano Colômbia houve, pela primeira vez, a possibilidade real dos Estados Unidos
participarem da Forças Armadas Brasileiras no combate ao narcotráfico e ao narcoterrorismo.
O Plano Colômbia foi a tentativa do governo colombiano combater a guerrilha e o narcotráfico
naquele país, com a ajuda dos Estados Unidos. O plano foi deixado de lado em 2001, após o 11 de
setembro. A ajuda americana incluía dinheiro, treinamentos de soldados colombianos e a criação de um
exército multinacional com o governo brasileiro. As forças armadas brasileiras foram contrárias ao
plano, por entender que perderiam sua soberania.

REFLETINDO SOBRE O TEXTO
Responda em seu caderno:
8- O que é o SIVAM?
9- Escolha uma palavra do texto e comente seu significado no contexto estudado.
10- Defina em uma frase o projeto Calha Norte.
11- O que é o projeto Calha Norte?
12- Defina com suas palavras o Plano Colômbia.
XIV UNIDADE - MIGRAÇÃO E EDUCAÇÃO NA AMAZÔNIA
MIGRANTES NA AMAZÔNIA
Há aproximadamente doze mil anos, os povos que hoje conhecemos como índios deram início à
primeira grande corrente migratória da qual temos notícia. Sua economia era baseada na caça e na pesca,
domesticaram plantas e desenvolveram aqui a agricultura. Com a chegada dos europeus a esta região,
outras correntes migratórias passaram a acontecer. Um fato que não pode ser esquecido é que à época em
que os europeus chegaram havia centenas de povos nativos, que logo foram vítimas de políticas de
dominação baseadas no extermínio. Os colonizadores acabaram com culturas, saberes e religiões que
ameaçavam sua supremacia branca-europeia-cristã.
Povos que aqui já viviam há séculos e que com a natureza estabeleceram uma relação de respeito e
harmonia foram expulsos de seus hábitats e desprovidos do acesso a um lugar que era seu por direito. Ao
chegarem, os europeus estabeleceram outras relações com a terra. A natureza passou a ser vista como um
meio de adquirir riquezas para as nações estrangeiras. Muitos do que para cá foram trazidos, foram
submetidos à condição de escravos, como os africanos. A forma violenta de ocupação da terra trazida
pelos europeus logo colocou em risco toda a vida na região.
No período do ciclo da borracha, o governo, utilizando estratégias variadas, trouxe homens,
mulheres e crianças de outras partes do Brasil e do mundo para a Amazônia. Mais recentemente, os
projetos militares de colonização da região promoveram a vinda de centenas de novos filhos para esta
terra.
Os diferentes programas do governo atraíram famílias inteiras de trabalhadores. Deixaram uma vida
de culturas e costumes para trás e vieram aventurar-se no desconhecido, criar novas referências de
culturas nos chãos da Amazônia.
Ao longo dos períodos militar e pós-militar, os diversos programas do governo federal, com a
promessa de oferecer “uma terra sem gente para gente sem terra”, incentivou a vinda de gente em grande
quantidade para a Amazônia. A falta de reforma agrária aparece como sendo um dos fatores que
empurraram muitos brasileiros do Sul e do Nordeste para esta região. é importante lembrar que os
programas de incentivo à migração não buscavam resolver os problemas da região amazônica, mas
atender aos projetos do governo. Um dos objetivos do projeto era acalmar, naquele momento, os conflitos
sociais pela posse da terra que eclodiam em outras partes do país.
Desde os tempos coloniais até os dias de hoje, os projetos para a Amazônia sempre são pensados
fora daqui, e não buscam atender aos interesses de quem vive na região. Basta lembrarmos o projeto do
Marquês de Pombal no século XVIII. Os “iluminados” que gestam os projetos buscam, naturalmente,
atender a seus próprios interesses econômicos. Para os que estão aqui, fica apenas o amargo sabor das
mazelas sociais, percebidas em todas as faces da população pobre da região.

MIGRAÇÕES
São paranaenses, gaúchos, catarinenses, paulistas, mineiros, capixabas, goianos e mato-
grossenses, e ainda nordestinos em número superior a 20 mil por ano que estão migrando para a nossa
região em busca de um novo horizonte de vida e oportunidades de trabalho. Muitos deles provêm dos
estados mais desenvolvidos do Sudeste e do Sul, sobretudo dos centros e zonas rurais de populações
empobrecidas pela substituição do regime de colonato do café pela grande lavoura mecanizada da
soja e do trigo (...) que vêm para a região em busca da sobrevivência e na esperança de conquistar sua
própria terra.
Salomão M ufarrej Hage (org.) Educação no campo na Amazônia. Belém: Gutemberg,>2005, p. 66-67.


REFLETINDO SOBRE A LEITURA
13- Produza um texto de sua autoria sobre o tema estudado.
EDUCAÇÃO NOS CAMPOS DA AMAZÔNIA
Assim como outras faces da vida na Amazônia, a educação feita aqui também possui rostos
diferentes. Existe uma educação feita para quem vive nas cidades, nos perímetros urbanos, e outras tantas
feitas para quem vive nos campos. trataremos, a seguir, um pouco da educação feita no campo.
Um dos muitos desafios enfrentados pelas políticas governamentais na Amazônia é planejar ações
educativas que possam chegar às diferentes partes desta imensa região brasileira, tão diversa e tão
necessitada de propostas de educação possíveis. Em todos os cantos deste imenso cenário verde, vozes
clamam por uma educação do campo baseada na realidade regional. No quadro educacional da educação
do campo amazônico, um grupo em especial precisa de atenção: os professores e alunos de escolas
multisseriadas.
Centenas de professores e alunos estão espalhados por esta região, de proporção territorial
homérica. Gente que todos os dias enfrenta o desafio de fazer educação. Professores, professoras, alunos,
pais, mães e responsáveis jogam-se à difícil tarefa de promover a chamada educação formal.
Os professores vivem o desafio de ensinar alunos de séries diferentes em um mesmo espaço, ao
mesmo tempo. Em geral, nas escola multisseriadas do Pará os professores ensinam crianças da educação
infantil ao 5º ano na mesma sala de aula. Por vezes são também responsáveis pela limpeza da escola e
pelo preparo da merenda escolar, carregando materiais didáticos e de limpeza.
Muitos moram distantes das escolas. Precisam caminhar por quilômetros ou remar em canoas por
horas para chegar às suas salas de aula. realidade não só do Pará. No estado do Amapá, os professores
que trabalham com o sistema modular de ensino chegam a utilizar duas lanchas para chegar às escolas.
Os alunos também vivem os seus dramas pessoais. Centenas de alunos acordam às 3 da manhã para
se prepararem para ir à escola. Percursos cotidianos feitos em estradas, rios, igarapés, em carros, motos,
bicicletas e a pé. Muitos saem à noite e só chegam em suas casas também à noite. Motivo que gera
constantes preocupações de pais e responsáveis.

MEU DIA A DIA NO MULTISSERIADO


O trabalho é intenso, só aguenta quem tem paixão pelo trabalho e compromisso com a sociedade.
Assim acontece comigo, trabalhei na escolinha da comunidade, onde moro, eu tinha 26 crianças de
pré-escola à 4ª série. (...) eu trabalho num único horário e as disciplinas eram oito, e a cada dia eu
trabalhava uma matéria de acordo com cada série. (...)
Salomão M ufarrej Hage (org.). Educação no campo na Amazônia. Belém: Gutemberg, 2005, p. 40.


REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
14- Quais os principais desafios de professores e estudantes da zona rural na Amazônia?
15- Quais os maiores desafios que você enfrenta em sua vida de estudante?

Dialogando com a música amazônica.
Amazônia Livre
Amazônia livre, Amazônia vive!

Lirismo das flores


Miríades, folhas que caem
O rio que vai, terra molhada

Pássaros erguendo o canto, cuandu livre sobre o manto viver, viver.


Gaivotas rasgando os céus, cardinais rondando o cais
Sonhos que sempre sonhei, assim será

O olho de vidro vê
O que olho de tupã previu.


Lágrimas de orvalho aos pés da flor silvestre que caiu,

Cinzas troncos retorcidos, já não ouço as itaranas,

Esquecidas já não tocam aqui.


O carimboca do igapó, o fênix e o tucuxi.

As gotas do sol vão partir (o fim será).


São quinhentas luas, sobre as penas do cocá
A guerreira terna nua vem pedir, não deixe o verde chorar

Não deixe o rio secar, Amazônia azul


O caprichoso azul que te acoberta vem pedir, vem pedir


Amazônia livre, Amazônia vive

Livre! Vive!
Amazônia livre, Amazônia vive

Livre! Vive!
(Boi Caprichoso, Parintins)


REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
16- Em sua opinião, quando o verde chora?
17- Comente de forma escrita, com a ajuda do professor, a afirmativa “O olho de vidro vê, o que o
olho de tupã previu”.
XV UNIDADE - AMAZÔNIA BRASILEIRA
LOCALIZAÇÃO DA AMAZÔNIA NA AMÉRICA DO SUL E NO BRASIL
Com a área territorial de 6,5 milhões de quilômetros quadrados, a Amazônia é um região
internacional localizada na parte Norte da América do Sul, envolvendo os países: Equador, Colômbia,
Venezuela, Peru, Guiana Francesa, Guiana, Suriname e Brasil, com sua área assim distribuída:
• Brasileira – 4.978.247 km²
• Boliviana – 648.000 km²
• Colombiana – 624.000 km²
• Peruana – 610.000 km²
• Guianense – 215.000 km²
• Venezuelana – 176.000 km²
• Surinamense – 143.000 km²
• Equatoriana – 134.000 km²
• Franco-guianense – 91.000 km²
CARACTERÍSTICAS MAIS GERAIS
Região com características próprias, ocupa cerca de 5% do espaço global e, dos 780 milhões de
hectares que possui, cerca de 500 estão em terra brasileira, correspondendo a 58,4% da área total do
Brasil.
Comparada com outras partes do planeta, a Amazônia possui números invejáveis, contendo 20% da
água potável do planeta. Aqui está a maior bacia hidrográfica do mundo, com destaque para o rio
Amazonas, com 6577 km de extensão e vias navegáveis por volta de 25 mil quilômetros, apresentando o
maior potencial hidrelétrico do Brasil.
Acolhendo em suas terras a maior floresta tropical do planeta, a Amazônia possui uma enorme
variedade de espécies vegetais, utilizadas para diversos fins, desde a cobertura de pequenas casas,
passando por madeiras de lei até óleos, frutos e gomas aromáticas. A manutenção da imensa floresta é
mantida pelo processo de reciclagem, em que a matéria orgânica decomposta é conduzida ao subsolo
pelos microrganismos, alimentando a vegetação.
O clima equatorial quente e úmido contribui para o desenvolvimento da vegetação, contudo favorece
o aparecimento de pragas e doenças que atacam os vegetais, só sendo contidas pela diversidade da
cadeia ecológica. Por isso, o desmatamento deve ser controlado, pois ele desequilibra a cadeia
alimentar, facilitando a expansão das pragas.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
18- Qual é a área total do território amazônico?
19- A Amazônia faz parte de quais países?
20- O que é a Amazônia Legal?
21- Qual a extensão do território do estado do Pará?
22- Quais as principais riquezas encontradas na Amazônia?
SOLOS DA AMAZÔNIA
Solo é a primeira camada da terra, onde grande parte da vida do planeta sobrevive. Geralmente, o
ser humano não dá o devido valor a esse elemento da natureza, mas sem ele não viveríamos. O solo
precisa ser usado com o devido cuidado para não se esgotar. Os solos amazônicos podem ser
classificados em duas categorias:
Solos de terra firme, que são as terras altas;
Solos de várzea, que são as terras baixas e, em alguns casos, alagadas.
As queimadas, inicialmente, fertilizam os solos com os nutrientes contidos nas cinzas dos restos da
matéria orgânica destruída pelo fogo, entretanto elas destroem a vida microbiana, o que reduz a
fertilidade do solo. Por essa razão, o caboclo da Amazônia, que pratica roça usando a queimada, só se
utiliza uma única vez do local onde queimou e plantou. No ano seguinte, desmata e queima outra área
para sua roça, porque sabe que aquele solo que foi usado está improdutivo. Essas áreas empobrecidas
passam a produzir uma vegetação espinhenta e fechada, baixa, que o colono chama de juquira ou macega.
CLIMAS DA AMAZÔNIA
O clima amazônico divide-se em Equatorial e tropical. As características principais do clima
amazônico são as temperaturas médias elevadas. Em algumas partes da região, as chuvas são constantes
durante todo o ano, já em outras elas são mais esparsas. A temperatura pode variar, atualmente, de 17 oC,
período mais frio, a 33 oC, período mais quente.
Dentro do estado do Pará, é possível encontrar um clima Equatorial quente e úmido. As chuvas são
mais abundantes nas áreas onde a floresta é mais extensa, pois favorece a evaporação e cria condições
maiores de umidade. Os meses mais chuvosos vão de janeiro ao início de junho, com a maioria das
pancadas concentradas no horário da tarde. O arquipélago do Marajó concentra as áreas mais úmidas do
estado do Pará, e as áreas mais secas estão nos municípios do Médio Amazonas, Santarém e óbidos,
essas afirmativas estão sujeitas às alterações climáticas, oscilando para mais ou menos.
PESCA NA AMAZÔNIA
Possuindo a maior bacia hidrográfica do mundo, a região amazônica brasileira é uma das mais
privilegiadas do país, visto contar com o Amazonas e seus afluentes, que representam uma grande fonte
de nutrientes. Nesse cenário, uma das atividades humanas mais praticadas é a pesca feita em rios e lagos.
A pesca é praticada por pescadores artesanais, visando, em geral, à sobrevivência da comunidade em
que vivem.
Entre os métodos mais simples de praticar a pesca destacam -se:
pesca de arrastão – feita mais nas áreas litorâneas. Nela é usada uma grande rede, que é
lançada ao mar e recolhida por vários pescadores;
pesca com tarrafa – pode ser praticada por um só pescador, que joga uma rede pequena sobre
as águas e, depois de alguns minutos, recolhe-a com peixes;
pesca de curral – o pescador faz uma cerca de casca de palmeira com uma pequena abertura,
por onde os peixes entram e não conseguem sair. Esse instrumento recebe o nome de paredão ou
cacuri no Baixo tocantins;
pesca com malhadeira – é uma rede de pesca que é estendida nas águas do rio por ocasião da
enchente da maré, permanecendo ali até a vazante, quando os peixes que ficaram presos na malha da
rede são recolhidos.
Além dessas modalidades de pesca, existem outras, como a pesca com anzol, por exemplo. Nos
últimos anos, a pesca esportiva tem crescido na região. Nessa modalidade, são realizados campeonatos
de pescaria, atraindo gente de várias partes do país, com premiação para os melhores pescadores.
Algumas regiões da Amazônia praticam essa modalidade com mais destaque, com o objetivo de atrair
turistas que possam movimentar a economia do lugar onde se realiza o evento.
A partir do ano de 1968, começou a pesca industrial na Amazônia, que requer do pescador a
conservação, o beneficiamento e a industrialização do pescado. Na produção pesqueira da região, além
do peixe também encontramos variedades de camarão e mexilhão, alimentos que são exportados para
outras partes do mundo. Dentre os peixes mais conhecidos, destacam-se o tucunaré, a piramutaba, o
surubim, a dourada e o pirarucu.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
23- Como são os solos da Amazônia?
24- Como podemos definir o clima da nossa região?
25- Em sua opinião, como podemos garantir uma prática de pesca sustentável?

Dialogando com a literatura amazônica.
Começamos nossa viagem pelo estado do Amazonas e, sobre ele, o estimado escritor amazonense
Márcio Souza nos conduz, contando-nos que:
O maior rio do mundo nasceu de um grande amor.

Há muitos e muitos séculos, a lua era noiva do sol.

O sol estava apaixonado pela lua.


A lua estava apaixonada pelo sol

E queriam casar, mas se o sol e a lua se juntassem em casamento,

O mundo seria destruído.

O fogo do sol e o brilho da lua


Acabariam com a terra.
O sol escureceu de tristeza e só depois de
Muito tempo se conformou.

O sol e a lua não podiam se casar.


A lua apagaria o fogo do sol, e o sol queimaria o frio da lua.
Separaram-se os dois namorados para sempre.

O sol escolheu o dia. A lua escolheu a noite.


E foi então que a lua chorou de pena, e suas lágrimas escorreram para a terra.

Eram lágrimas doces de amor. Não se misturaram com a água salgada do mar.

As lágrimas escorreram pela planície amazônica e cortaram o continente,


Espalhando-se pelo vale. As lágrimas da lua que deram origem ao grande rio Amazonas.
(M árcio Souza, O nascimento do rio Amazonas)
XVI UNIDADE - ESTADOS DA REGIÃO AMAZÔNICA: ASPECTOS GEOGRÁFICOS E
CULTURAIS
ESTADOS DA REGIÃO AMAZÔNICA
Para que possamos entender a atual realidade amazônica, é necessário que olhemos o presente e o
passado deste imenso paraíso tropical. Vamos conhecer os Estados da região.
AMAZONAS: CAPITAL MANAUS
Manaus é a capital do maior estado do Brasil, o Amazonas. Foi elevada à categoria de cidade no
dia 24 de outubro de 1848 com o nome de cidade da Barra do rio Negro e, em 1856, recebeu o nome de
Manaus, em homenagem à nação indígena Manau, que significa Mãe dos Deuses. A cidade é um portão de
entrada para a Amazônia, a maior floresta tropical do planeta, além de ser uma das maiores cidades da
região Norte.
A história da colonização europeia da região de Manaus começou em 1669, com um pequeno forte
de pedra e barro e quatro canhões. O forte de São josé da Barra do rio Negro foi construído para garantir
o domínio da Coroa portuguesa na região, principalmente contra os holandeses — uma função que o forte
desempenhou por mais de 114 anos. Próximo ao forte, viviam vários povos indígenas (Barés, Passés e
Manaós), que ajudaram em sua construção. A população cresceu tanto que foi erguida uma capela
próxima ao forte, com o nome de Nossa Senhora da Conceição, que passou a ser a padroeira do lugar.
SOBRE A ZONA FRANCA DE MANAUS
A zona Franca de Manaus foi idealizada pelo deputado federal Francisco Pereira da Silva, em 1957.
Em 1967, ou seja, dez anos depois, o projeto foi colocado em prática da seguinte forma: para
desenvolver a economia amazônica seria criado um polo industrial na cidade de Manaus e as empresas
que fossem se instalar na região receberiam um incentivo de não pagar impostos por trinta anos, além de
serem construídas hidrelétricas para fornecer energia mais barata para tais empresas. A proposta
objetivava gerar o desenvolvimento regional e dar melhores condições de vida para a gente da
Amazônia. Em 1968, esse benefício foi estendido a outros estados da Amazônia. temos bem próximo de
nós um exemplo dessa política econômica: a serra dos Carajás, onde vários minérios são explorados e as
máquinas usam energia produzida em Tucuruí.
As fábricas de Manaus apenas montavam os eletroeletrônicos vindos de diferentes partes do mundo
e, como não pagavam impostos, podiam vender mais barato. Vem daí a ideia de que eletrodoméstico é
muito barato no estado do Amazonas. Manaus tornou-se um porto de livre comércio. Em 1990, o governo
federal passou a estabelecer uma quantidade de produtos que podiam ser comercializados no território
nacional, pois, se os produtos da Amazônia eram mais baratos do que o do resto do Brasil, a
concorrência era desigual. Atualmente, o governo tenta diminuir os incentivos fiscais dados à região e as
indústrias, lá instaladas, tentam caminhar com as próprias pernas, uma tarefa difícil.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
26- Em que ano começou a colonização do Amazonas?
27- No aspecto cultural, cite uma comida típica.
28- Onde acontece o Festival Folclórico de Boi-Bumbá?
29- Escreva com suas palavras o que é a zona Franca de Manaus.
30- Pesquise mais e produza um texto, de sua autoria, sobre o estado do Amazonas.
AMAPÁ: CAPITAL MACAPÁ
Os franceses estabeleceram-se em Caiena em 1634 e pretendiam que seus domínios na região se
estendessem até o Cabo Norte, ao Norte do rio Araguari. Assim, os conflitos pela posse da terra
começaram bem cedo entre portugueses e franceses. Logo também começaram os inúmeros acordos que
marcariam a posse do território, do que seria no futuro o estado do Amapá (“terra que acaba”). No ano
de 1700, houve um acordo que neutralizou o território, quando os franceses ocuparam o forte de Macapá,
bem na boca do rio Amazonas. O acordo foi anulado no período da guerra da Sucessão na Espanha. Em
1713, foi assinado o primeiro tratado de Utrecht, e Portugal conseguiu que a França abrisse mão de parte
de suas reivindicações.
Em 1725, as rivalidades começaram a bater à porta das duas nações e recomeçaram os conflitos
pela posse da terra. Em 1797, o expansionismo francês ganhou força e os portugueses enfraquecem. O
tratado de 1801 concedeu mais território aos franceses. Em 1806, com a vida da família real para o
Brasil, o clima mudaria mais uma vez, pois o regente D. joão Vi declarava nulos todos os acordos
anteriores com a França. Novos conflitos à vista.
Ao longo dos séculos XIX e XX, muitas tentativas de acordos foram colocadas em prática, a fim de
definir até onde iam as fronteiras portuguesas e francesas na região. Na segunda metade do século XIX,
entrou em cena aquele que definiria as questões relativas às fronteiras no Amapá: rio Branco, herói na
visão de muitos, diplomata brasileiro, especialista em negociações dessa natureza, depois de muitas idas
e vindas conseguiu, finalmente, em 1º de dezembro de 1900, uma sentença favorável ao Brasil. Definia-
se, assim, as fronteiras entre o que pertencia ao Brasil e qual parte pertencia ao governo francês.
Enquanto portugueses e franceses brigavam, ao longo de quase quatro séculos, para definir quem
ficaria com a maior fatia do “bolo”, outros povos que ali viviam, durante o processo de colonização,
foram mortos em guerras sangrentas e submetidos a um processo de escravidão tão violento quanto em
outras partes do território amazônico. Desde o início, a busca pelo ouro e, depois, pela riqueza do ciclo
da borracha ceifaram milhares de vidas.

Dialogando com a cultura popular
Boi-Bumbá

O Boi-bumbá é uma tradição muito comum no Norte do Brasil. No estado do Amapá, ele também
está presente e a essência do espetáculo é a mesma, com sutis diferenças impressas pela tradição local.
Em geral, na tradição do Boi-Bumbá, as pessoas vestem fantasias e dançam para contar a história do boi,
que foi morto e que ressuscita graças à intervenção de um pajé, feiticeiro indígena. A festa conta a
história de uma mulher grávida que tem o desejo de comer a carne do boi preferido do patrão do marido
dela. O marido, para satisfazer a vontade da esposa, mata o animal, mas o dono descobre. inconformado
com a morte do seu boi preferido, o patrão ordena ao peão que dê um jeito de trazer de volta o animal
vivo. O homem, então, pede ajuda a um pajé. quando a mágica acontece e o boi vive novamente, todos
dançam alegremente em volta do boi.
On-line:
Marabaixo

A festa é em homenagem ao Divino Espírito Santo e foi criada pelos escravos negros que foram
trazidos para Macapá no século XVIII, para construir a Fortaleza de São josé. A tradição do Marabaixo
foi passada pelos escravos aos seus descendentes, que vivem na Vila de Curiaú, a oito quilômetros de
Macapá.
A festa começa no domingo de Páscoa e dura meses. O ponto alto da festa acontece no encontro dos
tambores em Macapá. Durante quatro dias, as pessoas cantam e dançam o Marabaixo. Para garantir a
energia dos dançarinos, é servida uma bebida chamada de gengibirra, que é feita de gengibre ralado,
cachaça e açúcar.
As danças são de origem africana, assim como as músicas.
Disponível em: www.wipedia.org. Acesso em 21 de maio de 2008.


REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
31- O que caracteriza o processo de ocupação do território do estado do Amapá?
32- O que é o Marabaixo?
33- Quais os principais rios do Amapá?
34- Pesquise mais e produza um texto de sua autoria sobre o estado do Amapá.
ACRE: CAPITAL RIO BRANCO
A enorme produção de borracha no século XIX atraiu para a Amazônia, entre os anos de 1860 e
1900, aproximadamente quinhentos mil nordestinos, grande parte vinda do Ceará, expulsos de suas terras
sobretudo pela seca de 1878. O trabalho de extração do látex na floresta era extremamente penoso,
exigindo uma grande capacidade de adaptação do sertanejo à nova terra. Sobre a vida daqueles homens,
dizia-se “são homens que trabalham para escravizar-se”.
A região, que em sua origem recebeu o nome de Aquiri, pelos primeiros exploradores, pertencia ao
governo da Bolívia, e não ao brasileiro. Porém, pela calha do grande rio Amazonas, os nordestinos foram
subindo aos poucos os afluentes e, nas últimas décadas do século XIX, já estavam no alto Purus e alto
juruá, a região onde eram mais abundantes os seringais. Os altos preços da borracha no mercado externo
justificavam os grandes investimentos internacionais na abertura dos seringais no interior da selva.
A exploração da região, do futuro estado do Acre, no entanto começou antes do boom da borracha,
tendo suas origens ainda na época em que os navegadores europeus buscavam as drogas do sertão. A
conquista da região é apontada como sendo uma das grandes aventuras do último far-west da América do
Sul. No alto Purus, um nome merece destaque, o do grande explorador mulato Manoel Urbano da
incarnação. Humilde, excelente navegador e hábil estrategista político, ajudou no processo de
conhecimento do território. é apontado como um dos primeiros a subir o rio Acre, em 1861, pisando no
local que mais tarde se tornaria a Meca da borracha.
Em seguida, os seringueiros foram chegando e, aos poucos, tomando posse da região “desocupada”.
Não sabiam, porém, que estavam entrando em território boliviano. Por onde aqueles bandeirantes foram
ficando o pé, a terra tornou-se brasileira.
Começaram os conflitos pela posse da região. O governo da Bolívia exigiu que os seringueiros se
retirassem da região e, como tática, contratou uma empresa estrangeira para ocupar o território, ação que
teve o efeito contrário ao esperado pelo governo. Os seringueiros ganharam mais simpatizantes em sua
causa, e os conflitos ficaram mais intensos.
Nesse cenário verde, também banhado pelo sangue dos revoltosos, um fato a ser destacado foi a
tentativa dos rebeldes de fundar o Estado independente do Acre. Nesse contexto, o jornalista espanhol
joaquim Galvez, denunciou os acordos feitos entre bolivianos e norte-americanos. Dizia-se que, caso
houvesse uma guerra, os Estados Unidos apoiariam militarmente os bolivianos contra o Brasil. Os
revolucionários escolheram a data de 14 de julho de 1899, em uma clara referência à queda da Bastilha,
durante a Revolução Francesa.
Galvez foi aclamado governador, mas logo foi deposto. As tropas brasileiras foram enviadas à
região e os conflitos duraram até 1903, com a assinatura do tratado de Petrópolis, em 17 de novembro do
mesmo ano. O Brasil comprou as terras do Acre do governo boliviano. O processo de unificação iníciou
em 1920. Em 1962, transformou-se em estado. O primeiro governador do Acre foi josé Augusto de
Araújo.
Durante as negociações, o diplomata rio Branco ganhou destaque como o grande articulador que
possibilitou o entendimento que colocou fim aos conflitos e definiu as linhas fronteiriças do Brasil
naquela região.
CHICO MENDES
Chico Mendes hoje é considerado um ícone da luta em defesa da Amazônia. Embora não tenha tido
educação formal, só tendo aprendido a ler aos 20 anos de idade, conheceu muito bem o valor da terra
amazônica, afinal morreu para defendê-la. xapuri, município do Acre, a 150 km da capital rio Branco, foi
o principal cenário de atuação de Chico Mendes, onde ajudou a fundar o Sindicato dos trabalhadores da
Cidade de xapuri, muito importante para defender a região.
Chico Mendes juntou-se aos seringueiros na luta contra os inimigos da Amazônia, que derrubavam a
mata para produzir pastagens de gado. Mas, não foi só. Para tornar-se um dos maiores defensores da
Amazônia, criticou a construção de hidrelétricas, a contaminação dos rios por mercúrio e o corte
industrial da madeira. Por meio da boa política de Chico, o governo demarcou mais de 150 mil hectares
de floresta. é de Chico o prêmio Global 500 Anos, sendo até hoje o único brasileiro a recebê-lo da ONU.
Chico Mendes foi assassinado em 22 de dezembro de 1988, aos 44 anos de idade, deixando muitas
sementes de sua amizade e dedicação pela Amazônia. Uma dessas sementes é a reserva Extrativista
Chico Mendes, localizada em sua terra natal, Xapuri.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
35- Qual a importância de Chico Mendes para a Amazônia e o mundo?
36- Comente o seu entendimento sobre o texto.
37- Pesquise mais e produza um texto, de sua autoria, sobre o estado do Acre.

SOBRE CHICO MENDES


Chico, aos 11 anos, passou a trabalhar como seringueiro em tempo integral. No circuito da
manhã, ele percorria as estradas fazendo um corte de 40 cm em cada seringueira e posicionando uma
tigela bem embaixo do corte. Só no percurso da manhã, o seringueiro caminhava cerca de 20
quilômetros, a tarde refaz o mesmo caminho para colher o látex acumulado dos cortes feitos pela
manhã. Essa rotina, que exige permanentes caminhadas, fez com que Chico também logo adotasse o
andar característico do seringueiro, de passadas largas e ligeiras.
Chico M endes por ele mesmo. São Paulo: M artin Claret, 1992, p. 33.
MARANHÃO: CAPITAL SÃO LUÍS
No início do século XVII, o Francês Daniel de La touche partiu rumo a uma região das Américas
que até então estava esquecida por portugueses e espanhóis. Os nativos chamavam-na de ilha Grande e os
franceses, quando lá chegaram, em 8 de setembro de 1612, chamaram de Maranhão (ilha grande). Logo
de início, os franceses fizeram amizade com os nativos, pois sabiam que precisariam de ajuda na hora de
lutar contra os inimigos europeus. As principais tribos indígenas eram: tupinambás, tabajaras e Caetés. A
chegada dos franceses na região foi o bastante para que a coroa portuguesa começasse uma guerra com a
França. Em 1615, os portugueses expulsaram os franceses do Forte de São Luís e dominaram o lugar.
Assim que tomaram o Forte, os portugueses impuseram a escravidão aos índios e os jesuítas
começaram o processo de catequese no Maranhão. iniciou-se, de tal forma, a destruição da cultura nativa
do lugar. Em 1641, os holandeses invadiram São Luís, dominaram o forte, expulsaram os portugueses,
destruíram casas e mataram centenas de pessoas. Em 1644, os portugueses lutaram e expulsaram os
holandeses. Nessa época, a principal mão de obra era a do escravo indígena, sendo o negro africano
pouco utilizado na região. Começou, então, o choque de interesses entre os comerciantes e os jesuítas
pelo domínio dos índios. Motivos econômicos levaram a acontecer a revolta de Beckman, em 1684.
Em 1654, foi criado o Estado do Maranhão e Grão-Pará, com sede em São Luís, que era o centro
econômico da região, com larga produção de algodão, cacau, tabaco e açúcar. Por volta de 1860,
começou uma guerra civil nos Estados Unidos e a produção de algodão desse país diminuiu, logo a
inglaterra, que era a principal consumidora de algodão, começou a comprar do Brasil. Dessa forma, o
Maranhão ficou mundialmente conhecido como o maior produtor de algodão do planeta.
Nessa época, a cidade cresceu, modernizou-se e o número de europeus que passaram a viver em São
Luís aumentou rapidamente. Colégios foram construídos, bem como redes de esgoto e hospitais — era a
modernidade francesa chegando. A cidade tornou-se a terceira mais populosa do país.
CULTURA
Na cultura local, São Luís tem manifestações muito fortes,como: bumba meu boi, de origem
indígena, que acontece no mês de junho; os blocos de bandeirinhas, que saem no carnaval de rua; e as
religiões afro-brasileiras, como o tambor de crioula. Há o Marafolia, o carnaval fora de época do
Maranhão. Na música atual, não podemos nos esquecer do reggae, importante movimento musical que foi
trazido da jamaica e que os músicos do Maranhão enriqueceram e hoje é a mais forte referência dessa
música na América Latina. Na culinária, merecem destaque arroz de cuxá, camarão ao leite de coco,
camarão ao alho e óleo, pudim de peixe maranhense e xinxim de galinha. é importante lembrar que a
cultura maranhense recebe influência da cultura do Norte e do Nordeste do Brasil, o que faz com que a
riqueza cultural desse povo seja muito grande.

NOTÍCIAS DO MARANHÃO E GRÃO-PARÁ


Durante o século XVII e início do século XVIII, o número de escravos africanos nunca foi
elevado, mas as discussões em torno da importância dessa mão de obra e os assentos e contratos que
se fizeram para mandar escravos para o Maranhão e o Pará revelam que esta era uma alternativa
importante para a polêmica questão do uso e da obtenção da mão de obra indígena. (...) boa parte da
economia da América portuguesa estava estabelecida com base na mão de obra africana.
Fernando Arthur de Freitas Neves; M aria roseane Pinto Lima (org.). Faces da História da Amazônia. Belém: Paka-tatu, 2006, p. 165.


REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
38- Quando São Luís foi fundada e por quem?
39- Quais as principais tribos indígenas que habitavam a região quando os europeus lá chegaram?
40- Quais as principais comidas típicas do Maranhão?
41- Pesquise mais e produza um texto, de sua autoria, sobre o estado do Maranhão.

Dialogando com a música amazônica.
Pai d’égua

Quem não conhece o Pará já perdeu, porque o que aconteceu num dia, no outro não tem.

A gente basta parar para ver, que é diferente e porque jamais se esquece Belém.
Existe um termo chamado pai d’égua, para definir tudo quanto é mais bonito ou melhor.

Não adianta esquadro nem régua, para provar o que é tanto, pai d’égua é sempre maior.


Pai d’égua é dia de sol em Mosqueiro, Salinas ou Marajó do outro lado.

Pai d’égua é a rede é o vento, é o cheiro do bacuri ou do pato no tucupi caprichado

Pai d’égua é remo e Payssandu jogando, é o Círio de Nazaré na avenida.


Pai d’égua é a moça que passa flertando naquele quero não quero

Que é o gostoso da vida


Quem vai ao Pará parou
Bebeu açaí por lá ficou
(Billy Blanco)


REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
42- Quais aspectos da cultura belenense você identifica no texto?
PARÁ: CAPITAL BELÉM

SOBRE A FUNDAÇÃO DA NOSSA BELÉM


Belém foi fundada em 1616, pelo capitão português Francisco Caldeira Castelo Branco. O marco da
fundação foi a construção do Forte do Presépio, que depois foi chamado de Santa Maria de Belém do
Grão-Pará. Apesar de uma administração conflituosa, essa região não foi tomada por qualquer outra
nação no período colonial. A aproximação local com Portugal fez com que, desde o início, eles tivessem
uma forte influência sobre esta parte da Amazônia.
Ainda no século XVII, vieram os primeiros religiosos, que começaram o processo de catequese dos
índios do Grão-Pará. A ordem dos jesuítas tornou-se forte e desde o início foi responsável pela educação
dos filhos dos portugueses e dos nativos. Os conflitos logo começaram entre comerciantes e padres.
O Forte do Presépio, que hoje é denominado Forte do Castelo, foi construído para garantir a posse
da terra da região para os portugueses, mas logo produtos como cravo, canela, pimenta-do-reino e anil
transformaram-se em fonte de grandes riquezas — eram as chamadas “drogas do sertão”, que tinham um
enorme valor comercial na época. Em 1640, acabou a união ibérica e os portugueses estabeleceram uma
política mais rígida para as suas fronteiras.
No século XVIII (1755), um dos acontecimentos mais importantes, nos aspectos político e cultural,
foi a expulsão dos jesuítas da Amazônia pelo primeiro ministro português, Sebastião josé de Carvalho e
Melo (Marquês de Pombal). Os padres representavam uma ameaça econômica e política para a Coroa
portuguesa e precisavam sair do caminho, na opinião de Pombal. A primeira metade do século XIX viu
acontecer no Pará uma série de rebeliões, que culminaram na Cabanagem (1835). O ciclo da borracha e a
Belle Époque inauguram o século XX amazônico.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
43- Escreva um texto sobre a fundação de Belém.
SOBRE A ILHA DO MARAJÓ
Bem antes de os navegadores europeus chegarem à ilha do Marajó, a região já era habitada por
sociedades indígenas desenvolvidas. As ilhas eram densamente povoadas. As sociedades possuíam
intensos contatos umas com as outras. Os sistemas de trocas comerciais desenvolvidos pelas tribos foram
amplamente utilizados pelos europeus, depois que invadiram o arquipélago. Na época, o Marajó foi
cenário de lutas políticas densas entre nações da Europa, que buscavam a extração das riquezas da
Amazônia.
Durante o século XVI, os portugueses decidiram que era chagada a hora de estabelecer o domínio de
fato da foz do rio Amazonas, e nesse processo escravizaram e mataram índios em grande quantidade.
Essas relações conflituosas também foram estabelecidas entre europeus e indígenas. Os jesuítas entram
em cena para catequizar os nativos e tentar facilitar os processos de conquista dos povos do Marajó,
conhecidos pelo nome genérico de Nheengaíbas, que na língua tupi significa “gente de fala
incompreensível”.
Ao longo dos séculos XVI, XVII e XVIII, muitos conflitos ainda aconteceram na região, porém com
a ajuda dos padres da Companhia de jesus, em especial do padre Antônio Vieira, os portugueses aos
poucos foram impondo-se e dominando o território da ilha do Marajó e expulsando seus habitantes
nativos. Com a dominação europeia, parte significativa da cultura nativa foi destruída. Muito das culturas
dos que ali viviam se perdeu. Somente com a chegada dos séculos XIX e XX foi que a ilha do Marajó, e
toda a diversidade de vida e cultura ali existente, começou de fato a chamar a atenção do mundo.
Os estudos arqueológicos têm revelado uma riqueza cultural de alto valor para a história dos povos
nativos da região. As cerâmicas marajoaras ganham destaque nesses estudos, pois representam
verdadeiras marcas documentais, registros fortes dos modos de vida econômico, social e cultural das
nações indígenas da que hoje se conhece como ilha do Marajó. Peças utilitárias e de valor simbólico
compõem o acervo das peças encontradas: adornos, vasos, pratos, objetos de decoração, etc. revelam
técnicas extremamente sofisticadas de produção artesanal. Nas peças da rica e diversa cerâmica
marajoara é possível encontrarmos traços das origens culturais dos povos que compõem a Amazônia dos
nossos dias.

SOBRE A ILHA DO MARAJÓ


Situada num teso entre os campos e o rio, a vila de Cachoeira, na ilha de Marajó, vivia de
primitiva criação de gado e da pesca, alguma caça, roçadinhos aqui e ali, porcos magros no manival
miúdo e cobras no oco dos paus sabrecados. O rio estreito e raso no verão, transbordando nas grandes
chuvas, levava canoas cheias de peixe no gelo e barcos de gado que as lanchas rebocavam até a foz
ou em plena baía marajoara. Na parte mais baixa da vila, uma rua beirando o rio morava num chalé de
quatro janelas o major da Guarda Nacional (...).
Dalcídio jurandir. Três casas e um rio. Belém: Cejup. 1994. p. 5


Dialogando com a cultura popular amazônica.
A festa do Çairé

A tradicional festa do çairé, realizada anualmente na comunidade de Alter do Chão, localizada a 30


km de Santarém, ganhou uma nova dimensão a partir de 1997: mudaram a data da festa, que era feita no
mês de junho, para setembro; construíram a praça do çairé e mudaram a grafia da palavra, que antes era
com S.
O çairé foi criado no século XVII como uma manifestação religiosa. Atualmente, o que se chama
çairé é um estandarte feito de cipó torcido e enfeitado com rendas. Dentro de um círculo são feitas três
cruzes que representam a santíssima trindade. Esse estandarte é conduzido por uma mulher, que é
chamada de Saraipora . Na cultura indígena o çairé era uma festa de comidas especiais e de danças
específicas para certos deuses, como a dança da chuva. Sempre que os portugueses chegavam em terras
indígenas, eles faziam uma festa e davam um çairé, um estandarte, na época sem os motivos religiosos
cristãos, ao capitão português.
A festa atual do çairé é feita em cinco dias de muita dança (quadrilha, lundu), comidas e bebidas.
Nessa festa há uma apresentação folclórica de vários cordões de pássaro e a atração principal é a lenda
do Boto, contada em versões diferentes pelos botos Cor-de-rosa e o boto tucuxi. Na apresentação, conta-
se a morte e a ressurreição do Boto, como se faz no Boi-Bumbá. Muitos carros alegóricos e pessoas
caracterizadas com fantasias indígenas completam o espetáculo.
De acordo com a história da literatura brasileira, çairé era o nome de uma deusa índia que
representava o amor na cultura nativa da Amazônia. Uma espécie de Afrodite entre os ameríndios.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
44- Quais os principais fatos históricos da fundação de Belém?
45- Quais os povos presentes na formação da história e da cultur paraense?
46- Onde acontece a festa do çairé?
47- O que é um çairé?
48- Que lenda amazônica faz parte da festa do çairé?
49- Na mitologia indígena, que sentimento a deusa çairé representa?
50- Pesquise mais e produza um texto sobre o estado do Pará.
51- Leia o seguinte box e comente-o.

SOBRE A FUNDAÇÃO DE BELÉM


Em 1615, por ordem de Alexandre de Moura, comandante da conquista do Maranhão, uma
expedição militar, comandada pelo capitão Francisco Caldeira de Castelo Branco, zarpou de São Luís
e, penetrando no braço sul do delta da Amazonas, fundeou em uma das margens da Bahia do Guajará,
erguendo no local um forte e um povoado, o de Santa Maria de Belém. A região foi denominada Feliz
Lusitânia. isso ocorreu nos meados do mês de janeiro de 1615.
Ítala Bezerra da Silva. Cabanagem: uma luta perdida para a liberdade. Belém: SECULt, 1994, p. 96.


Dialogando com a música amazônica.
Garota do tacacá
Oi mexe, mexe menina
Pode mexer sem parar

Você agora é a minha


Garota do tacacá


Rala, rala a mandioca

Espreme no tipiti
Separa na tapioca

Apara o tucupi
Prepara meu tacacá

Gostoso como açaí


(Composição: Pinduca)


REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
52- Que importante comida típica do Pará é mencionada no texto?
53- Quais comidas típicas da Amazônia você conhece?
54- E o ritmo musical carimbo, você conhece?
55- Faça uma pesquisa e produza um texto sobre o carimbó e outros ritmos da música amazônica.
SOBRE O REI DO CARIMBÓ: PINDUCA
Marcha do vestibular

Alô, alô, alô papai

Alô, mamãe
Põe a vitrola prá tocar

Podem soltar foguetes


Que eu passei no vestibular

O carimbó é um dos ritmos musicais mais importantes para o paraense. A cultura do estado é
recheada de influências desse ritmo. Muita gente, em muitas partes do estado, ouve e dança essa música,
que tem em Pinduca seu maior representante. ídolo maior dessa manifestação cultural, com mais de uma
dezena de discos lançados, Pinduca faz parte da cultura paraense de forma intensa e suas músicas são o
maior exemplo disso. Com pequenos versos e linguagem simples, caem no gosto popular com facilidade.
Um verdadeiro hino da antologia desse artista é a Marcha do vestibular, presente no imaginário dos
vestibulandos, especialmente da capital do estado, que ao se tornarem calouros em diferentes
universidades têm como principal trilha sonora da festa de passagem no vestibular a referida música.
Olhando de perto a música desse grande poeta popular, é possível identificarmos traços importantes
da cultura dos povos que formam a genuína cultura paraense. Pinduca é paraense papaxibé, uma de suas
marcas inconfundíveis é o chapéu ornado com belos enfeites, acompanhado de roupas coloridas que
refletem a alegria, marca maior desse memorável artista.
Sinhá Pureza

Vou ensinar a Sinhá Pureza


A dançar o meu sirimbó

Sirimbó que remexe mexe

Sirimbó da minha vovó


Vai dançando sinhá pureza

Rebolando pode requebrar

Carimbó, sirimbó é gostoso

É gostoso em Belém do Pará


(Composição: Pinduca)
TOCANTINS: CAPITAL PALMAS
Em 1625, missionários católicos chefiados pelo frei Cristóvão de Lisboa fundaram no extremo
Norte de Goiás uma missão religiosa. Logo os imigrantes do Sul chegaram e, em seguida, povos do
Nordeste também passaram a ocupar o território. Devido às dificuldades de acesso e o estabelecimento
de vínculos comerciais entre o Norte e o Sul, aumentaram de forma significativa as diferenças entre as
regiões, que passaram a desejar a separação. Na região Norte, em setembro de 1821, um movimento
proclamou a cidade de Cavalcante como província. Passados 52 anos, foi proposta a criação da
província de Boa Vista do tocantins, não sendo aceita pelos deputados do império. Em 1956, a população
assinou um manifesto requerendo a criação de um novo Estado.
Em 1972, foi feito um projeto de redivisão da Amazônia Legal, onde constava a criação do Estado
do tocantins, que foi aprovado em 27 de julho de 1988 pela Assembleia Constituinte. O tocantins tornou-
se Estado oficialmente em 5 de outubro de 1988. O girassol foi escolhido como símbolo do novo Estado.
As cores da bandeira são amarelo, azul e branco. Atualmente, 139 municípios compõem o estado do
tocantins. Os principais recursos naturais são coco babaçu, pequi e buriti.
On-line
Cultura

No aspecto cultural, merece destaque o festejo do dia de reis, que acontece no mês de janeiro, em
que os devotos fazem promessas e visitam as casas à noite, cantam músicas religiosas e pedem donativos
para o Santo reis. Outra importante festa da região é a do Divino Espírito Santo, que em alguns aspectos
parece a do Santo reis. Os devotos fazem a caminhada durante o dia, levando a bandeira do Espírito
Santo e cantando cantos de louvor. Dentro da culinária da região, merece destaque o pequi com frango
caipira, bolo de mandioca, mangulão (bolo salgado de tapioca), bolo de puba, suco de buriti e bacaba.
SOBRE PALMAS, A CIDADE CAPITAL
Nos projetos de urbanização de cidades brasileiras, encontramos forte influência simbólica das
culturas europeias e norte-americanas, em especial nas cidades capitais planejadas, construídas ao longo
dos últimos cem anos. Só pra lembrarmos: teresina, em 1852, Belo Horizonte, em 1897, Goiânia, em
1935, Brasília, em 1960 e a mais recente, Palmas, capital do Estado do Tocantins.
A cidade de Palmas, que foi prevista na Constituição de 1988, idealizada em janeiro de 1989 e
inaugurada em 20 de maio de 1990, representou um novo eldorado para a região. O estado já possuía
outros centros urbanos importantes, como Porto Nacional, Araguaína e Gurupi. A princípio, uma das
alternativas era transformar um desses centros urbanos já existentes na capital do novo Estado, porém os
altos custos com a desapropriação territorial levou o governo a repensar o projeto.
A cidade de Palmas está localizada no centro geográfico de tocantins, entre a serra do Carmo do
Lajeado e o rio tocantins. Sua extensão é delimitada por um quadrado de 90 por 90 quilômetros de
extensão. A cidade possui um plano urbano que busca criar uma cidade real, onde há uma mistura de
tempos e estilos na sua arquitetura.
O tempo tem mostrado que outros projetos urbanos nascem ao redor da cidade planejada. Como em
outras experiências de urbanização planejada no Brasil, a população que se deslocou para trabalhar na
construção da cidade e, ao final da jornada, tornou-se também moradora do lugar, construindo partes da
cidade que outrora não foram planejadas. tornaram-se, por vezes, vizinhos indesejados do centro
administrativo.

PALMAS, A CIDADE CAPITAL


Em Palmas, o acesso aos serviços urbanos foi pensado para toda a cidade e localizado no
próprio eixo de acesso de transportes. Em seu pensamento urbanístico, que acompanhou a elaboração
do projeto da cidade, os autores são enfáticos quando afirmam que evitaram o conceito de plano de
massa ou de cidade fechada (...) Conclusão que nega o historicismo no enfoque da cidade.
Yara Vicentini. Cidade e história na Amazônia. Curitiba: Editora UFPr, 2004, p. 247.


REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
56- O que caracteriza a cultura desse estado?
57- O tocantins formou-se da separação de qual Estado brasileiro?
58- Quando foi criado o Estado do tocantins?
59- Comente a afirmativa “vizinhos indesejados do centro administrativo”.
60- Pesquise mais e produza um texto sobre o Estado do tocantins.
RONDÔNIA: CAPITAL PORTO VELHO
Rondônia está localizada na região Norte e tem como limites Amazonas, Mato Grosso, Bolívia e
Acre. Seus rios principais são Madeira, Guaporé e Mamoré. A história dessa região começou no início
do século XVII, quando os primeiros religiosos chegaram à região e começaram o trabalho de catequese.
No século XVIII, foi descoberta uma mina de ouro no rio Cuiabá e os bandeirantes invadiram a
localidade. Outra riqueza que levou muita gente para Rondônia foi a descoberta de grandes seringais no
século XIX, quando, então, muitos nordestinos migraram para lá. Em 1907, começou a ser construída a
estrada Madeira-Mamoré, que aumentou a população local.
Em 1943, foi criado o território Federal de Guaporé, em terras desmembradas do Amazonas e do
Mato Grosso. O território recebeu o nome de Rondônia em 1956, em homenagem a Cândido rondon, o
desbravador da região. A descoberta de cassiterita estimulou a economia local e, em 1981, Rondônia
tornou-se Estado. já naquela época, milhares de famílias aguardavam a distribuição de terras que seria
realizada pelo iNCrA. Muitas dessas pessoas não viram seu sonho realizado.
ÍNDIOS, OS PRIMEIROS HABITANTES DE RONDÔNIA
A cultura de Rondônia tem suas origens marcadas por uma forte influência da cultura indígena.
Dentre os principais povos, estão os Karitiana e os Uru-Eu-Wau-Wau, que em contato com outros agentes
acabaram vendo parte de suas tradições se perderem. O povo Karitiana compõe-se, atualmente, de uma
população de cerca de 180 índios, vivendo a 95 quilômetros ao sul de Porto Velho, ao longo de 89.698
hectares. A língua falada é o tupi/arikém. Os primeiros contatos com a chamada “civilização” datam do
final do século XVII, sendo que o isolamento foi mantido até os primeiros anos do século XX, com o
aparecimento de personagens históricos, como os caucheiros e os seringueiros, na região.
A partir daí, observou-se a degradação desse povo com grande parte de seus membros sendo
submetidos à escravidão. Observou-se, também, uma “recuada” territorial ocasionada pela chegada da
“civilização”. Dessa forma, os Karitiana, que viviam às proximidades do atual município de Ariquemes,
foram tendo que se retirar até as cercanias do rio Candeias, onde permanecem até hoje.
On-line
Cultura

Pode-se dizer que as manifestações culturais observadas hoje em Rondônia têm sua base em dois
momentos históricos e seus respectivos personagens. As influências marcantes da cultura indígena
mesclam-se ao resultado do contato desses com os “novos” habitantes do jovem Estado. Habitantes estes
que migraram de outras regiões do Brasil atraídos pelas riquezas do ciclo da borracha e pelas ofertas de
emprego por meio da estrada de ferro Madeira-Mamoré.
Por isso, de um modo geral, as manifestações culturais de Rondônia têm muito em comum com o
restante da Amazônia, com botos que “emprenham” as moças, Matintapereras, Curupiras e Caiporas. Há,
entretanto, manifestações peculiares em determinadas regiões, como é o caso da população do Guaporé
com suas lendas em torno da construção do Forte Príncipe da Beira. Entre as populações ribeirinhas,
tanto do rio Guaporé quanto do Madeira, são frequentes os relatos de seres que vivem ora na água, ora
em terra, como o boto, por exemplo.
Sobre a culinária

Os peixes e os frutos da região formam a base da culinária de Porto Velho. Sua gastronomia é
comum a outros estados da Amazônia Legal. O que há de diferente são alguns detalhes na forma do
preparo. Dentre os pratos típicos preferidos destacam-se caruru, maniçoba, caldeirada de tucunaré e o
doce de cupuaçu. é importante lembrar que, acompanhando a maioria dos pratos, encontramos a farinha
de mandioca, que, como herança culinária indígena mais forte, está presente nos pratos típicos de toda a
culinária da Amazônia.

A ANTECIPAÇÃO DA MODERNIDADE NA AMAZÔNIA


A construção da ferrovia Madeira-Mamoré finalizou-se em 1913 e a inauguração coincidiu com
o início do declínio da produção da borracha na Amazônia. Funcionaria por poucos anos, devido às
dificuldades de sua manutenção na selva, mas deixa como rastro as cidades de Porto Velho, hoje
capital do estado de Rondônia, e Guajará-Mirim, na bacia do rio Madeira.
Yara Vicentini. Cidade e história na Amazônia. Curitiba: Editora UFPr, 2004, p. 134.


REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
61- Qual a relação existente entre a ferrovia Madeira-Mamoré e a cidade de Porto Velho?
62- Comente sobre os primeiros habitantes de Rondônia.
63- Cite uma comida típica rondoniense?
64- Pesquise mais e produza um texto sobre o estado de Rondônia.
RORAIMA: CAPITAL BOA VISTA
Os Estados que hoje formam a região amazônica trazem como herança o fato de que estão ligados
por um passado comum. Na época da colonização europeia na região, as estratégias e os interesses dos
portugueses em aumentar seu território e, ao mesmo tempo, impor uma política que garantisse o domínio
da região levou os lusitanos a praticarem políticas similares de controle das terras e dos povos que as
habitavam. Por trás desse espetáculo de violência, havia também o desejo de manter as outras nações da
Europa afastadas de suas novas posses.
Ao longo do século XVIII, outras nações invadiriam a região, para desespero dos portugueses.
Naqueles tempos, importantes núcleos populacionais foram fundados, dentre os quais Santa rosa e Santa
Bárbara. quem se tornou conhecido dos europeus e deu nome ao rio Branco foi o navegador Pedro
teixeira, em 1639, e somente depois de quase três séculos construiu-se na região o Forte de São joaquim,
o verdadeiro marco do domínio português na local.
Foram várias as tentativas de colonização da região, sempre marcadas por muito derramamento de
sangue. Uma das revoltas mais sangrentas da história da colonização de Roraima é conhecida como
revolta da Praia de Sangue — outros tempos do lugar onde nasceria o futuro estado de Roraima. As
aldeias indígenas marcam a ocupação do território ao longo do século XVIII, em especial nos rios
Uraricoera, Branco e Tacutu.
Diante da realidade hostil, os lusitanos mudam a estratégia de colonização e passaram a introduzir a
pecuária. Uma das primeiras fazendas foi fundada às margens do rio Uraricoera, sendo batizada com o
nome de fazenda São Bento. Essa nova tática efetivou o longo processo de colonização regional, fixando
os novos moradores. Assim, em 1890, fundou-se o município de Boa Vista do Rio Branco.
No entanto, problemas de ordem administrativa agravaram antigos conflitos, que culminaram com a
quebra do Forte de São joaquim, importante símbolo do poder português. Logo, porém, os ventos dos
novos tempos trariam surpresa para a região. O ciclo da borracha iniciou-se e levas de migrantes
chegariam à região, fugindo da seca e em busca da sobrevivência. Nesse cenário, merece destaque a
presença de religiosos, como os monges beneditinos, que contribuíram de forma relevante para o
desenvolvimento da sociedade local.

REFLETINDO SOBRE A LEITURA
Responda em seu caderno:
65- O texto faz referência a qual passado comum dos Estados da Amazônia?

On-line

Em 1943, em plena Segunda Guerra Mundial, o município do rio Branco é emancipado e promovido
a categoria de território Federal do rio Branco. Seu primeiro Governador foi o capitão Ene Garcez dos
reis, no governo do presidente Getúlio Vargas, com o objetivo de ocupar os espaços da Amazônia,
principalmente nas regiões de fronteira onde no passado havia ocorrido vários incidentes com outros
países. Em 1945, Getúlio Vargas foi deposto e, em seu lugar, assumiu a presidência da república, o
general Eurico Gaspar Dutra, que jamais demonstrou entusiasmo com os territórios federais, assim como
os demais que o sucederam. De 1943 a 1964, o território Federal de Roraima foi mal governado e não
alcançou o desenvolvimento esperado. Foi nesse período (1962) que houve a transformação de nome
para território Federal de Roraima, devido a confusões de destino de correspondência e até mesmo de
pessoas que vinham para Roraima e acabavam indo parar no rio Branco, a capital do então território
Federal do Acre.
O grande impulso de desenvolvimento do território aconteceu no período de 1964 a 1985, período
em que os governadores continuavam a ser indicados pelo presidente da república, quando o país estava
sob o governo militar, que tinha como estratégia de desenvolvimento a ocupação da Amazônia,
principalmente o fortalecimento das regiões de fronteiras, com a finalidade de proporcionar a integração
nacional. Nesse período, deu-se a abertura e a conclusão de várias rodovias federais na Amazônia, com
o propósito de colonização — dentre estas estavam a Br-174 (Boa Vista - Manaus), Br-210 (Perimetral
Norte), Br-401 (Boa Vista / Bonfim - Bonfim / Normandia). tais rodovias estimularam o surgimento de
novos municípios e fomentaram o processo de migração para Roraima, capitaneado pelos nordestinos.
Essa foi uma época de grandes obras de infraestrutura no território.
De 1985 a 1990, o território Federal de Roraima continuou a ser governado por pessoas indicadas
pelo presidente da república, mesmo com o processo de redemocratização do país. Foi o período de
grande explosão populacional e de grande desenvolvimento empresarial no território devido à abertura
do garimpo de ouro e de outros minerais. O Aeroporto internacional de Boa Vista chegou a ser por vários
meses o aeroporto brasileiro com maior número de pousos e decolagens.
Em 1988, com a promulgação da Constituição, o território Federal de Roraima foi elevado à
categoria de Estado membro da Federação. Sua implantação ocorreu em 1 de janeiro de 1991, quando o
primeiro governador eleito tomou posse, de 1991 a 1994. O Estado de Roraima viveu um momento de
grandes obras de infraestrutura para implantação do governo, com isso aconteceu um novo processo de
migração e iniciou-se a criação de bases para o desenvolvimento local.
Disponível em www.portalroraima.com.br. Acessado em 23 de maio de 2010.
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SUGESTÕES DE LEITURA
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www.pa.gov.br www.amazoniaverde.org
www.lendasdaamazonia.org
HINO DO PARÁ
Letra: Arthur Porto
M úsica: Nicolino M ilano

Salve, ó terra de ricas florestas


Fecundadas ao sol do Equador
Teu destino é viver entre festas
Do progresso, da paz e do amor!
Salve, ó terra de ricas florestas,
Fecundadas ao sol do Equador!

Ó Pará, quanto orgulho ser filho
De um colosso, tão belo e tão forte,
Juncaremos de flores teu trilho
Do Brasil, sentinela do norte
E a deixar de manter este brilho
Preferimos, mil vezes, a morte

Salve, ó terra de rios gigantes,
D’Amazônia, a princesa louçã
Tudo em ti são encantos vibrantes,
Desde a indústria à rudeza pagã
Salve, ó terra de rios gigantes
D’Amazônia, a princesa louçã

Ó Pará, quanto orgulho ser teu filho
De um colosso, tão belo e tão forte
Juncaremos de flores teu trilho
Do Brasil sentinela do norte.
E a deixar de manter este brilho
Preferimos mil vezes a morte.
A REGIÃO NORTE

Fonte: IBGE
AMAZÔNIA LEGAL

Fonte: SUDAM
PAN-AMAZÔNICA OU AMAZÔNIA INTERNACIONAL

Fonte: Adaptado de BRANCO, Samuel M urgel. O Desafio Amazônico. São Paulo: M oderna, 1989, p. 18 (Coleção Polêmica).
REGIÕES GEOECONÔMICAS BRASILEIRAS

Fonte: VESENTI NI, José William. Brasil sociedade & espaço: Geografia do Brasil. 3ª ed. São Paulo: Ática, 1995, p. 294.
POLAMAZÔNIA

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PRINCIPAIS EIXOS RODOVIÁRIOS DA AMAZÔNIA

Fonte: Adaptado de VESENTI NI, José William. Geografia Crítica: o espaço social e o espaço brasileiro. São Paulo: Ática, 1991, vol. 2, p. 81.
PROJETO SIVAM

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BACIA AMAZÔNICA

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REGIÃO BRAGANTINA

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PROGRAMA GRANDE CARAJÁS

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ECONOMIA (SÉCULO XIX)

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MISSÕES

Fonte: LEIT E, SERAFIM . História da Companhia de Jesus no Brasil, 1943.

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