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1.

Merton, Selznick e Gouldner; A temática do controle social nas organizações é cen-


2. Michel Crozier; tral, na análise organizacional, por diversas razões, en-
3. O Grupo de Aston; tre as quais se destaca o fato de que as organizações
4. Outros críticos e os limites da crítica; são essencialmente instâncias de produção de bens, de
5. Weber e a tradição managerialista. conhecimentos, etc., bem como instâncias de controle,
a serviço de sistemas sociais maiores. Tal fato não tem
passado despercebido à teoria organizacional, tanto
no que diz respeito aos mecanismos de controle que se
efetivam no interior das organizações, como no que se
refere à crítica, já dotada de ampla tradição na área, e
às formas tradicionais assumidas pelos arranjos orga-
nizacionais. A proposta contida neste ensaio é colocar
o problema do controle social das organizações e esbo-
çar uma avaliação da literatura clássica corrente, na
crítica dos arranjos organizacionais altamente volta-
dos para a função de controle social. Isto posto, ha-
verá possibilidade de formulação de uma hipótese
maior, dedutível em outras, tanto no que diz respeito à
pesquisa teórica, quanto à empírica.
De início, parece importante colocar o fato de que a
organização é o sistema social mais formalizado da so-
ciedade, sendo, portanto, um sistema de significativas
condutas institucionalizadas. Se é verdade que a
família é uma instituição central na sociedade, conclui-
se então que as demais organizações, de há muito, são
as principais responsáveis pelas formas de conduta dos
atores sociais. As empresas são centrais, não só porque
Fernando C. Prestes Motta* produzem bens e serviços, mas também porque produ-
zem formas de comportamento e formas de raciocínio.
As escolas, cada vez mais cedo, preparam os in-
divíduos para determinados papéis no sistema produti- 11
vo, com tendência a legitimar as organizações de for-
ma habitual.
As elites organizacionais, por sua vez, têm nesses
mecanismos a sua própria lógica. Velhas e novas gera-
ções de elites organizacionais podem adotar novas ati-
tudes quanto a práticas políticas, administrativas, etc.
Agem, porém, segundo a lógica da organização, en-
quanto instância de produção e controle social. Nas
palavras de Stinchcombe, feitos os reparos de detalhe e
de situação específica, "( ... ) se as novas elites organi-
zacionais são socializadas em uma cultura de elite, fre-
qüentando escolas com outros membros de elite, parti-
cipando de parlamentos e sendo ideologicamente dou-
trinadas em um partido político dominante, estão pro-
pensas a aceitar as normas usuais que governam a
competição pela riqueza, prestígio e poder orga-
nízacíonaís";' É desnecessário insistir no fato de que
tal ideologia se irradia pelas organizações, e de que,
mesmo que as organizações nunca cheguem a utilizar
completamente os indivíduos para seus propósitos, es-
tes também jamais chegarão a conseguir tudo o que
desejam das organizações.
Tal constatação associa-se à idéia do contrato psi-
cológico, isto é, ao fato de que indivíduos e organiza-
ções se confrontam com uma série de expectativas
mútuas. Na medida em que tais expectativas jamais
são completa e formalmente definidas, há sempre lu-
* Professor do Departamento de gar para a surpresa e para a contestação de percepções
Administração Geral e Recursos anteriores. Assim, tanto frustrações como estímulos
Humanos da Escola de Administração entram no processo de adaptação indivíduo-organiza-
de Empresas de São Paulo da Fundação ção. Esse processo é sempre bidirecional, com a
Getulio Vargas. renúncia de ampla margem de liberdade por parte do

Rev, Adm. Emp., Rio de Janeiro, 19(3): 11-25, jul./set. 19i9

Controle social nas organizações ----------


indivíduo, que concorda de maneira implícita com as O processo de socialização é responsável pela lealda-
demandas "legítimas" da organização, as quais lhe to- de, comprometimento, produtividade e nível de rotati-
lhem a liberdade, limitando seus comportamentos al- vidade. A estabilidade organizacional depende bastan-
ternativos. A organização amolda, em níveis diversos, te da socialização, o que implica forte transmissão de
o indivíduo às suas necessidades. É o processo de so- ideologia. A organização é com freqüência amada e
cialização. odiada a um só tempo, algo semelhante ao que alguns
Por sua vez, também o indivíduo procurará exercer autores vêm chamando amor-fusão'. Como um gran-
influência sobre a organização, na expectativa de obter de número de processos, também a socialização orga-
satisfação pessoal adicional, dando origem a um pro- nizacional apresenta suas fases. Não é difícil identifi-
cesso contrário, que pode ser chamado de in- car a fase de chegada, quando um indivíduo traz para
dividualização. Pessoas dotadas de poder não-for- uma nova organização ou posição um conjunto de va-
mal nas organizações são em geral exemplos de proces- lores, atitudes e expectativas, conjunto esse que será
sos de individualização bem-sucedidos. A individuali- reconstruído no interior da organização. Também não
zação desempenha um papel importante na renovação é difícil identificar uma fase de confronto, quando o
organizacional. As organizações vivem muitas vezes conjunto de atitudes e predisposições do indivíduo en-
sob condições de instabilidade, e precisam ser influen- contra os desejos e valores prevalentes na organização.
ciadas por seus membros, num esforço de adaptação É a fase em que o indivíduo se submete a reforço e
a novas circunstâncias. A evidência mostra que, a lon- confirmação, a ausência de reforços, ou ainda a refor-
go prazo, a conformidade quase total tende a signifi- ços negativos, isto é, a reações de aprovação, in-
car uma vitória de Pirro, comprometendo a sobrevi- diferença ou punição, por ele percebidas como vin-
vência da organização. Nem mesmo a rebelião é neces- das da organização. Finalmente, há uma fase de
sariamente catastrófica para as organizações. Quando mudança e aquisição, quando o indivíduo começa a
um processo desse tipo não termina em mudança orga- agir de forma a aprender e a desenvolver comporta-
nizacional profunda na organização, ou em demissão, mentos e idéias modificadas.
muitas vezes o atacante feroz se transforma em defen- Algumas dessas aquisições dizem respeito a uma no-
sor intransigente. va auto-imagem, isto é, a uma nova percepção de si
A forma de individualização que em geral é mais mesmo desenvolvida pelo indivíduo, como resultado
benéfica para a organização é o individualismo criati- de sua interação ao seu papel organizacional. Dizem
vo, ou seja, a aceitação pelo indivíduo das normas respeito também ao estabelecimento de novos relacio-
básicas ou absolutamente essenciais para a organiza- namentos freqüentemente em prejuízo de relaciona-
ção, ou a rejeição de muito daquilo que é apenas rele- mentos antigos, à recepção, aceitação e internalização
12 vante ou periférico. O indivíduo assim orientado con- de novos valores e a novos conjuntos de comporta-
segue com freqüência exercer influência sobre a coleti- mentos, alguns deles essenciais para a permanência na
vidade organizacional divisional ou departamental, o organização e para a obtenção de algumas recompen-
que pode significar muito, pois o relacionamento sas. Em termos de necessidade de aquisição, Schein
indivíduo-organização é um relacionamento entre de- distingue três tipos de comportamentos. Em primeiro
siguais. Em inúmeros casos, a organização beneficia- lugar, há os comportamentos que podem ser chama-
se de novas idéias e de formas de desempenho mais efi- dos pirrotais, que são aqueles que a organização consi-
cazes. Todavia, a socialização mediante transferências dera tão essenciais que, na ausência de sua adoção, o
e promoções dificulta por vezes o individualismo cria- indivíduo não estará preenchendo padrões mínimos de
tivo, levando ao conformismo ou à rebelião. desempenho. Em segundo lugar, há formas de com-
A socialização pode ser entendida como o processo portamento consideradas pela organização como de-
global pelo qual um indivíduo, nascido com potencia- sejáveis mas não absolutamente necessárias. São os
lidades comportamentais de espectro muito amplo, é comportamentos relevantes. Por fim, há comporta-
levado a desenvolver um comportamento bem mais mentos permitidos pela organização que eventualmen-
restrito, de acordo com os padrões de seu grupo. Esse te podem vir a tornar-se relevantes. São os comporta-
conceito foi bastante utilizado na análise do impacto mentos periféricos.
dos fatores culturais no desenvolvimento da personali-
dade individual. No que se refere às organizações, o A organização promove a socialização de várias for-
conceito vem sendo empregado em termos de mas. A seleção é um método que com freqüência cons-
doutrinação e treinamento, reportando-se ao que Ed- titui instrumento poderoso. O treinamento, na medida
gar Schein chamou "o preço de participar". A em que desenvolve as habilidades técnicas ligadas de
socialização organizacional deve ser vista como um modo direto a tarefas para o desempenho de funções,
processo contínuo, que começa antes mesmo da entra- facilita a mudança de comportamento, em termos de
da nesse sistema, já que outros sistemas sociais incul- atividades diretamente funcionais. Além disso, o trei-
cam, desde o nascimento, valores e normas conformes namento também age sobre a mudança de auto-
ao comportamento aceitável em organizações comple- imagem, sobre a criação de novos relacionamentos e
xas. Não pára aí, porém, o processo; continua durante novos valores, isto é, no desenvolvimento de habilida-
toda a permanência na organização. Nas palavras de des normalmente chamadas adaptativas. Já o aprendi-
Caplow, em 1964, "os comportamentos apropriados a zado é o modo de socialização preferido nos sistemas
uma posição organizacional não são adquiridos de nos quais os valores a serem transmitidos são tão im-
uma vez e completamente, quando a posição é assumi- portantes quanto as realizações. O método implica que
da, mas são aprendidos e reaprendidos durante o a organização delegue a um de seus membros a respon-
período que dura uma carreira"." sabilidade pela socialização de determinados recém-

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chegados. Algo semelhante ao que sempre ocorreu em organizações requerem comportamentos que não se-
organizações tradicionais continua a suceder em mui- riam desempenhados a menos que as pessoas recebes-
tas organizações modernas. Como o aprendizado não sem algum tipo de recompensa intrínseca.
é eficiente quando aplicado a muitas pessoas, em geral Como coloca Lawler, "os sistemas de controle espe-
se restringe a funções únicas ou cruciais na organiza- cificam o comportamento que o empregado precisa
ção. adotar, e o sistema de recompensa é criado para grati-
Outra fase que os iniciantes em organizações costu- ficar aqueles que desempenham suas funções da forma
mam atravessar "refere-se a experiências dramáticas desejada. Aqui, a parte dos sistemas de controle que se
pelas quais passa o indivíduo e que têm o efeito de refere à medida de desempenho é crucial porque forne-
separá-lo de suas atitudes e formas de pensar anterio- ce informação sobre quem deve ser recompensado ou
res, no que se refere a si próprio, e de substituí-las por punido"," Existe uma ampla relação entre a adoção
uma visão mais humilde que permita uma assimilação desses sistemas, independentes das pessoas controla-
mais fácil das influências organizacionais".' Às vezes, das, que se alienam em face do controle, e as concep-
o processo de mortificação é levado a níveis extremos, ções autoritárias da natureza humana. De qualquer
como no caso da maioria das instituições totais. Com modo, tais sistemas são prevalentemente autoritários
relação a esse aspecto, afirma Goffman: "( ... ) o nova- e, em regra, são responsáveis por um comportamento
to chega ao estabelecimento com uma concepção de si burocrático rígido, pela produção de informações sem
mesmo estabelecida por algumas disposições sociais validade e pela resistência desenvolvida naqueles que
estáveis no seu mundo doméstico. Ao entrar, é imedia- lhes estão subordinados.
tamente despojado do apoio dado por tais disposições. Muitos autores têm estudado a forma pela qual os
Na linguagem exata de algumas de nossas mais antigas sistemas de controle gerencial provocam o comporta-
instituições totais, começa uma série de rebaixamen- mento burocrático rígido. Entre outros, são interes-
tos, degradações, humilhações e profanações do eu. O santes os trabalhos de Frank, Berliner, Blau e Cohen:
seu eu é sistematicamente, embora muitas vezes não "Em termos bastante gerais, pode-se colocar algumas
intencionalmente, mortificado. Começa a passar por características dos sistemas de controle e das pessoas
algumas mudanças radicais em sua carreira moral, que favorecem particularmente a ocorrência desse tipo
uma carreira composta pelas progressivas mudanças de comportamento. Tais características dizem respeito
que ocorrem nas crenças que tem a seu respeito, e a à inadequação das medidas dos tipos de comporta-
respeito dos que são significativos para ele"." mento que precisam ser assumidos para que a
Também significativa é a socialização por antecipa- organização funcione com eficácia. Tal inadequação,
ção, que implica o desenvolvimento de forte identifica- comumente, decorre do fato de que o sistema de con- 13
ção do indivíduo com um grupo ao qual ele ainda não trole não é estabelecido para medir todo o comporta-
pertencia. Tal identificação envolve a adoção de com- mento que uma pessoa deve adotar e do fato de que,
portamentos semelhantes aos de membros de grupos para um trabalho particular, pode não haver um único
de nível geralmente mais alto, o que torna o exercício resultado mensurável que contribua para a eficácia or-
da influência organizacional mais fácil. Muitos outros ganizacional. Os sistemas de controle podem medir
elementos favorecem ou dificultam a socialização dos muito mais os processos que os resultados obtidos, o
indivíduos na organização. Entre outros, o desenvolvi- que pode levar a pessoa a concentrar-se mais nos pri-
mento paulatino do hábito, a aceitação dos demais, meiros do que na contribuição para a eficácia da
que em geral implica a aceitação ou assimilação de de- organização" .8
terminados hábitos organizacionais, o ambiente de Além disso, os padrões dos sistemas de controle são
trabalho. e o conjunto de deveres relacionados à tare- com freqüência estabelecidos em níveis altos demais e
fa, à participação e ao estilo de supervisão. Natural- por pessoas que não são aquelas que precisam atingi-
mente, são também fundamentais as expectativas que los. Também as metas organizacionais são muitas ve-
os indivíduos têm a propósito de seu trabalho e de sua zes obscuras, daí decorrendo uma forte identificação
filiação à organização, bem como as expectativas que dos membros da organização com subunidades organi-
os membros da organização têm a respeito dos in- zacionais. Acresce ainda que os dados levantados pe-
divíduos que nela ingressam. Tudo isso entra no cam- los sistemas de controle são subjetivos por natureza,
po mais amplo do impacto que os sistemas de controle tendo uma dimensão que o indivíduo vê refletida em
exercem sobre os indivíduos nas organizações. uma área importante de sua competência, sem consti-
tuir, no entanto, o cerne dessa competência. Além de
Esses sistemas de controle de caráter gerencial aca-
ser comum que os padrões sejam estabelecidos sem
bam por demandar alto nível de controle social, in-
qualquer participação daqueles que são medidos, as
cluindo uma gama muito variada de controles que vão
atividades consideradas nem sempre são as mais im-
desde os orçamentos e os relatórios de produção até as
portantes para o funcionamento da organização.
avaliações de desempenho, os procedimentos adminis-
trativos regulamentados e os sistemas de informação Não é, portanto, surpreendente o fato de que os sis-
gerencial. Para Joan Woodward, o que leva à institui- temas de controle sejam quase sempre responsáveis pe-
ção dos sistemas de controle é a preocupação da la criação de resistências. "São, provavelmente, vistos
administração em saber o que ocorre nos níveis mais como frustradores de satisfação em diversas áreas,
baixos da organização. Parece importante a observa- porque com freqüência reduzem o grau de competên-
ção de que os sistemas de controle se fazem normal- cia especializada necessária à execução, ou automati-
mente acompanhar por sistemas de recompensas e zam, padronizam e enrigessem o trabalho. São parti-
punições. Esses sistemas são utilizados porque as cularmente relevantes as interferências nas áreas de

Controle social
status, autonomia e segurança"." Além disso, os siste- jam percebidas em termos de padrões culturais domi-
mas de controle costumam criar expertos, em pre- nantes, que interferem, portanto, na interpretação de
juízo de outras pessoas que passam a resistir. Deve-se descobertas relativas a instituições estrangeiras e talvez
levar em conta ainda que as relações sociais são altera- na influência que tais descobertas possam vir a ter sob
das, não sendo incomum que relações de cooperação o meio nacional. Isto sugere, inclusive, a importância
se transformem em relações de competição. Natural- de uma análise interdisciplinar dessa ordem de fenô-
mente, na medida em que as pessoas valorizem essa or- menos. Certamente, antropólogos, psicólogos, cientis-
dem de satisfações, bem como as advindas da autono- tas políticos, sociólogos; economistas, lingüistas e ou-
mia, tenderão a resistir. Na realidade, são muitos os tros especialistas têm o que dizer a propósito de con-
fatores mais propriamente organizacionais que afetam trole social nas organizações.
o impacto dos sistemas de controle baseados em O que não se pode deixar de considerar é que, como
motivação extrínseca sobre os indivíduos. Entre eles lembram Barrett e Bass, a "cultura desempenha um
merece destaque o clima organizacional. papel nas habilidades desenvolvidas pelos indivíduos e
Aspecto indiscutivelmente decisivo no que tange ao o fato é mais dramaticamente ilustrado na área das di-
controle, o clima foi descrito por Ayne, em 1971, co- ferenças culturais e nos processos de percepção";" E
mo "um conceito molar que reflete o conteúdo e a for- isto por certo está presente não tanto na questão da
ça dos valores, normas, atitudes, comportamentos e existência da universalidade da utilização de testes e
sentimentos dos 'membros de um sistema social"." medidas de pesquisas em culturas diferentes, quanto
Sem dúvida esse é um conceito que, de alguma forma, em variáveis intervenientes nos processos estudados,
deve ser levado em consideração quando se analisam que precisam ser identificadas e compreendidas. Um
mecanismos de controle social em organizações es- dos aspectos essenciais dos mecanismos de controle so-
pecíficas, operando em sociedades igualmente es- cial presentes nas organizações diz respeito, como foi
pecíficas. Embora essa preocupação esteja presente em salientado anteriormente, ao treinamento, parte fun-
algumas linhas de teoria organizacional, tudo leva a damental do processo de socialização. Essa, no entan-
crer que os estudos sobre clima organizacional e sua a- to, é uma área em que autores que nela têm trabalhado
ção sobre os mecanismos controladores, assim como comprovaram ser restrito o número de pesquisas inter-
suas implicações em termos íntefculturais, precisam culturais desenvolvidas, ao mesmo tempo em que reco-
ser mais desenvolvidos. nhecem sua importância e a necessidade de aprimora-
mento dos instrumentos de pesquisa de campo.
De qualquer forma, a área de controle social nas
organizações é especialmente atraente para pesqui- O trabalho publicado no Handbook of industrial
14 sas interculturais. Nesse sentido, alguns estudos and organizational psychology por Barrett e Bass parte
tornaram-se clássicos no que diz respeito à empresa de constatações que tornam claro o que acabou de ser
japonesa e às empresas predominantes em países do afirmado. É iniciado com a seguinte colocação: "As
chamado terceiro mundo, bem como no que diz respei- pesquisas empíricas são limitadas na área de treina-
to a sistemas governamentais diversos. Nesta última mento e desenvolvimento transcultural. Poucas técni-
área, a análise comparada tem sido bastante desenvol- cas de treinamento têm sido validadas entre e intracul-
vida tanto pela literatura norte-americana, na qual turas. O principal esforço de pesquisas tem centrado
Fred Riggs teve um lugar decisivo, quanto pela litera- seu objeto .de análise de programas de treinamento re-
tura européia, especialmente a francesa, a alemã e a queridos para o aumento da eficácia gerencial de ad-
britânica. A visão comparativa também não é estranha ministradores que trabalham em uma cultura diferen-
ao meio acadêmico dos países subdesenvolvidos, cujos te. Um programa de treinamento,The Culture assimi-
membros são, por via de regra, profundamente in- lator (Fiedler, Mitchell e Triandis, 1971), tem sido vali-
fluenciados pelas teorias e modelos elaborados nos dado, tanto em estudos de laboratório, quanto em es-
países desenvolvidos. Assim, já existe alguma literatu- tudos de campo. As investigações transculturais têm
ra que compara sistemas administrativos latino- uma utilidade considerável para a psicologia industrial
americanos produzida na própria América Latina por e organizacional. A pesquisa que fica confinada a um
latino-americanos, geralmente preocupados com a va- contexto cultural é limitada, tanto em termos de
lidade das teorias e modelos que receberam. construção teórica, quanto em termos de aplicações
práticas. Uma ampla gama de variações culturais
Muitos desses estudos têm, entretanto, um viés difi-
acrescenta uma dimensão necessária e essencial a um .
cilmente contornável, relacionado com o centralismo
campo. O esforço futuro de pesquisa deve ser dirigido
cultural, isto é, com a relativa incapacidade de perce-
para o desenvolvimento de instrumento padronizado,
ber instituições dominantes em culturas diversas, a
para o refinamento das definições operacionais de
partir de valores culturais próprios e específicos. Mes-
conceitos e para a determinação de relações básicas de
mo assim, diversas pesquisas conduzidas nessa linha
causa e efeito" .12
têm-se mostrado de grande interesse e com um poten-
cial analítico considerável. Resta ainda pesquisar me- Naturalmente, as práticas de treinamento e desen-
lhor se o conhecimento de instituições administrativas volvimento e, portanto, de socialização, variam cultu-
estrangeiras contribui, e em que dimensão, para a ralmente. Isto se evidencia inclusive nas expectativas
alteração de práticas e estruturas organizacionais 10- daqueles que passam pelo processo, o que tem condu-
·cais. É de se considerar, por exemplo, a hipótese de zido a certas colocações que assumem um discutível
que, em sociedade onde prevalece um padrão auto- pressuposto de adequação, segundo o qual os padrões
ritário de relações sociais, as pesquisas e teorias desen- de supervisão devem ser autoritários onde as expectati-
volvidas na área de controle social nas organizações se- vas são de autoritarismo. Está nessa linha o trabalho

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de Foa a propósito de oficiais e subordinados israelen- etc." .14 O autor procura a integração necessária, suge-
ses. De qualquer modo, tais pressupostos não estão to-: rindo um modelo integrador que encerra linhas preli-
talmente ausentes de outros estudos desenvolvidos por minares de uma teoria do conflito e de sua manifesta-
Ryterband e Barrett e por Meade e Whitaker, a ção. Naturalmente a proposta é ambiciosa e contém
propósito de comparações referentes ao padrão auto- apenas de modo latente todas as implicações dela de-
ritário de supervisão na Turquia e na Índia em face dos correntes. De qualquer forma, oferece um quadro
Estados Unidos. Barret e Bass concluem que, "apesar analítico que pode e deve ser desenvolvido.
de problemas conceituais, as nações podem ser orde-
Thomas constata que a literatura mais recente a
nadas de acordo com a dimensão da preferência pela
propósito de conflito organizacional tem-se concentra-
supervisão autoritária'".'! É possível, mas a inferência
do mais na sua capacidade potencial de destruição do
de que o padrão autoritário será melhor sucedido, em
que em seus aspectos construtivos. Assim, é com fre-
termos de moral ou produtividade, é algo que passa
qüência deixado de lado certo potencial progressista e
por múltiplas mediações, não podendo derivar-se au-
inovador do conflito, bem como seu papel na
tomaticamente.
manutenção ou promoção da coesão grupal interna.
Todavia, o padrão autoritário de relacionamento Para Thomas, o conflito traz em si uma promessa, e
social .e organizacional propriamente dito comporta por essa razão não apenas pode, como deve ser geren-
várias hipóteses que deveriam ser testadas. No que diz ciado. Seu esforço volta-se, portanto, para a constru-
respeito ao controle social e à reação por parte dos ção de um corpo teórico a ser utilizado para auxiliar
membros da organização, abre-se um importante cam- essa gerência. Partindo do pressuposto de que o confli-
po de indagações que precisariam ser respondidas. To- to é percebido quando uma parte entende que outra a
dos nós deveríamos nos inquirir se tal padrão implica está frustrando, decide-se pela análise do conflito
ou não uma menor propensão à aceitação do conflito diádico. Para o empreendimento, recorre a dois mode-
organizacional, e se essa possível menor aceitação diz los considerados complementares: um modelo proces-
respeito aos membros da organização como um con- sual e um modelo estrutural.
junto ou a categorias específicas, como por exemplo a
O modelo processual focaliza uma seqüência de
auto-administração. O controle socia:! e a atitude nega-
eventos, estudando a dinâmica interna de cada evento
tiva estão geralmente associados à idéia de que a or-
e suas influências sobre os demais. São assim conside-
dem gera o progresso no mundo maravilhoso da har-
rados frustração, conceituação, comportamento, rea-
monia social. Mas, e se isso não for verdade? Outra
ção e resultado. A frustração é o momento inicial do
indagação refere-se à forma pela qual as pessoas lidam
processo de conflito: é o momento da percepção, por
com o controle social e com os conflitos que se lhe as-
sociam nas organizações. Em que medida procuram ti-
uma parte, da frustração que lhe impõe a outra. A 15
conceituação é o momento da identificação do confli-
rar partido de partes em litígio, não se envolvendo de-
to, freqüentemente envolta numa percepção subjetiva
mais com qualquer delas, mas envolvendo-se o sufi-
da realidade. O momento da ação implica uma
ciente e o necessário com ambas? Em que medida, por
orientação que varia da competição à cooperação, in-
outro lado, as pessoas optam por terceiras posições?
cluindo objetivos e táticas. A reação é o momento da
Também cabe indagar se o controle social nas
aceleração do conflito e também o momento de
organizações é bastante forte para subjugar de forma
intervenção que reflui sobre a conceituação. Finalmen-
total o universo que são os indivíduos. Eles podem, en-
te, o resultado deriva do fim da interação ou deriva da
tre oútras coisas, viver o controle social organizacional
intervenção. Os padrões culturais dominantes, pelo
como algo marginal em suas vidas. Podem submeter-
menos nos Estados Unidos, tendem a valorizar e mes-
se apenas funcionalmente e deslocar suas fontes de li-
mo a idealizar a integração das partes como resultado.
berdade e gratificação para outros níveis. Assim, con-
Práticas como confrontação, role-playing, etc. tendem
trole e conflito são aspectos fundamentais e associados
a orientar-se para a meta da integração colaborativa.
nas organizações, mas variará a forma pela qual os
participantes lidam com eles. O modelo estrutural focaliza as condições subjacen-
tes, que dão forma ao comportamento conflitante cuja
Tais considerações conduzem à constatação de que, reestruturação seria objeto da intervenção. Aqui, a
ao lidar com controle social na organização, acaba-se realidade objetiva e sua manipulação parecem mais
tratando de alguns processos inevitavelmente correla- importantes. O conflito diádico a nível da organização
tos, como o conflito organizacional e sua administra- precisa, portanto, ser entendido como inserido em um
ção. É evidente que também aqui é possível deduzir quadro de regras e procedimentos, de decisões formais
do tema inúmeros outros mais restritos. Mas, nas pala- ou informais, que vigoram a respeito das alternativas
vras de Kenneth Thomas, "a teoria e a pesquisa relati- para a solução desse conflito de negociação e sobre o
vas a conflito organizacional parecem amplamente envolvimento de terceiros. Este quadro é exposto a
segmentadas e desintegradas. Embora existam diversas predisposições comportamentais configurando
peças advindas de boas pesquisas, de muitos insights motivações e habilidades diversas, e a incentivos ao
teóricos importantes, as ligações teóricas entre elas fre- conflito, tais como as influências dos interesses que as
qüentemente não são claras. Os pesquisadores obser- partes estão colocando em risco, e a extensão do con-
vam diferentes variáveis independentes, e assim por flito em face da compatibilidade e da incompatibilida-
diante. É fácil ter a impressão de que conflito é um de entre as partes, da competição pelos recursos dis-
rótulo geral para diversos fenômenos amplamente re- poníveis e talvez também, especialmente. das pressões
lacionados, tais como greves, absenteísmo, discussões, do ambiente social, tais como as sanções de grupos, a
disputas orçamentárias, cismas religiosos, tensões, opinião pública, ou o julgamento das autoridades.

Controle social
Sem dúvida as pressões sociais são essenciais, tanto nos Estados Unidos, o grupo do desenvolvimento or-
no que diz respeito ao conflito, como no que se refere ganizacional. Michael Beer, reportando-se a Likert e
à temática mais ampla do controle social exercido pela referindo-se às intervenções intergrupais em termos
organização. É preciso lembrar que os processos orga- dessa última vertente, afirma: "O grupo primário é,
nizacionais reproduzem fortemente as necessidades do provavelmente, o mais importante subsistema do inte-
sistema social em que a organização se insere, e que rior de uma organização. Sua importância na
seus participantes são levados a agir de acordo com a configuração do comportamento organizacional faz
lógica dessa reprodução. Ideologia, recalcamento, re- recordar a visão de Likert da organização com uma
pressão, auto-estima e realização são algumas das for- série de pequenos grupos ligados por indivíduos que
mas pelas quais o comportamento organizacional se são membros em um grupo, e líderes em outro. Não é,
torna funcional para o sistema maior. Isto diz respeito portanto, surpreendente que o desenvolvimento grupal
tanto à influência grupal, extremamente importante, tenha recebido tanta atenção (ênfase)". 17
quanto à influência social propriamente dita. Nesse Naturalmente, a visibilidade do grupo é tão forte
sentido, a própria criatividade pode ser, como afirmou para o indivíduo, entre outras razões, porque define o
Hall em 1971, a partir de um trabalho de parte de seu seu "universo social". Faz sentido declarar que "um
próprio grupo de estudos sobre processo decisório, conjunto de afirmações grupais de uma pessoa pode
fruto de uma administração de conflito grupal eficaz. ser visto como definidor de sua posição, em uma
Da mesma forma Pelz, em 1956, descobriu que pes- organização, de modo análogo à forma pela qual a
quisadores que discutiam seu .trabalho com colegas de posição espacial de uma pessoa define sua posição no
orientações diferentes tendiam a apresentar melhor de- universo físico. Nos dois casos, a filiação e a posição
sempenho, e Hoffman e Maier, em 1959e 1961·,.desco- espacial afetam fortemente a quantidade e o caráter
briram que grupos compostos de membros com inte- substantivo dos estímulos aos quais as pessoas estão
resses diferentes tendiam a produzir soluções de me- expostas nas atividades cotidianas" .18 O que ocorre a
lhor qualidade para uma grande variedade de proble- nível do ambiente social é menos visível, mesmo por-
mas, do que grupos homogêneos .15 que a própria relação organização-ambiente, de que
tanto se vem falando e repetindo, por vezes com signi-
A influência macrossocial é exercida por uma infini-
ficados tão vagos a ponto de comprometer o conteúdo
dade de meios. Convém lembrar que,em uma
dos conceitos, é bem menos concreta. Sobre isto é es-
organização, todos os membros são parte de um siste- clarecedora a colocação de William Starbuck, segundo
ma social maior, e que não deixam de sê-lo quando es- a qual, "em nível não desprezível, um ambiente orga-
tão no interior das organizações. Esses indivíduos fa- nizacional é uma invenção arbitrária da própria
16 zem e refazem constantemente as transações entre a organização"!" e, prosseguindo, "o mesmo ambiente,
organização e o meio ambiente social e vice-versa.
percebido por uma organização como imprevisível,
Inúmeros autores têm chamado atenção para esse fa- complexo e evanescente, pode ser visto por outra
to, e de modo muito especial para as chamadas transa- organização como estático e facilmente com-
ções através das fronteiras permeáveis da organização,
o que tem sido sublimado pelos teóricos de sistemas preensível" .20
em geral e em particular pelos pesquisadores do Tavis- Esse é o universo do controle social nas organiza-
tock Institute de Londres." Além disso, as organiza- ções. Um universo que envolve necessariamente alguns
ções constituem nada menos que o essencial da supe- dos aspectos essenciais de qualquer organização por-
restrutura político-institucional de qualquer formação que é, ele próprio, essência de qualquer organização
social. Assim, é ao nível das organizações complexas complexa. Um universo que envolve relações de
que se realizam as relações de dominação na socieda- produção, formas de organização do trabalho,
de.iMas as organizações não são apenas isso: elas são, inculcação ideológica, repressão, dinâmica grupal e
em conjunto, o local por excelência das relações de identificação, conforme detectaram vários autores e
produção e das forças produtivas, incluídas, evidente- pesquisadores, como Lloyd Warner," antropólogo
mente, as formas de cooperação, que representam a que percebeu a importância da dimensão psicológica
base material da sociedade, além de constituírem apa- na explicação do sucesso profissional em organiza-
relhos ideológicos por excelência. Nada mais lógico do ções, e que tanta influência exerceu sobre a sociologia
que a realização e a reprodução a nível organizacional americana. Mais recentemente, Max Pages, pesquisa-
daquilo que ocorre em um plano social maior, no qual, dor de Paris-Dauphine, vem também desenvolvendo
sem dúvida, as organizações têm papel central. trabalho de enorme interesse no campo, focalizando o
papel da canalização de energia libidinal no controle
O nível da influência grupal é, todavia, mais facil- social das organizações."
mente visualizável para os indivíduos. O comporta-
mento grupal tem sido exaustivamente estudado pelos Em particular, o controle social envolve poder e au-
teóricos das organizações e pelos psicólogos sociais, toridade, pelo simples fato de constituir a própria
em especial a partir de Kurt Lewin. Modernamente, a efetivação da dominação. Por esta razão, a preocupa-
tradição psicanalítica também tem-se preocupado com ção com o controle social nas organizações é a crítica
o grupo de forma bastante significativa. O trabalho de de como a autoridade se estrutura burocraticamente
Bion sobre o comportamento grupal parece ser algo in- em organizações tradicionais. A literatura clássica so-
corporado de modo definitivo aos esforços de com- bre o tema é abundante na tradição da análise organi-
preensão dessa sorte de processos. Outras tradições zacional, tornando conveniente e urgente um esboço
bastante diversas vêm-se ocupando dos grupos de tra- de avaliação dessa produção intelectual. Tradição qua-
balho: na França, o grupo da análise institucional, e se ininterrupta na história da teoria das organizações,

Revista de Administração de Empresas


tem em Robert King Merton um pioneiro e, provavel- dez dos funcionários, cônscios de seus interesses co-
mente, ainda não tem um último representante. Esse muns e em busca de defendê-los.
esboço de avaliação é o que vamos tentar efetuar a se- Na linha Merton, a principal conseqüência da rigi-
guir. dez de comportamento é o surgimento de uma
organização informal defensiva em face de qualquer
1. MERTON, SELZNICK E GOULDNER ameaça à integridade do grupo, o qual busca atender a
Para Robert King Merton, a temática do controle so- seus objetivos, muito mais do que aos dos clientes, pa-
cial é tratada via crítica da burocracia, inaugurando ra cujo serviço a burocracia existe. Tal fato em geral
uma longa tradição. A burocracia é vista comó porta- implica o conservadorismo, bem como a redução ao
dora de funções e disfunções, e isto nos ajudará a per- mínimo de contatos pessoais com os clientes, seguida
ceber as diferenças entre o "tipo ideal" e a realidade. do tratamento impessoal de assuntos que para estes
Para ele, a burocracia pode ser estudada em termos de têm importância pessoal, além do aparecimento do
seu direcionamento para a precisão, a confiança e a conflito entre o burocrata, que se sente investido da
eficiência,e de suas limitações para alcançar esses fins. autoridade de toda a organização, e o clierite que,
A análise de Merton parte da exigência de controle, julgando-se muitas vezes socialmente superior a ele,
por parte da burocracia, para seu funcionamento satis- também pode adotar uma atitude dominante."
fatório. Embora de forma alguma se possa imputar falta de
Assim, ela exerce pressão sobre o funcionário, em percepção da realidade à análise de Merton, ela sem
termos de comportamento "metódico, prudente e dis- dúvida padece das deficiências fundamentais da crítica
ciplinado". Tal pressão decorre da necessidade de um administrativa. Como bem' observa Lapassade, se o
alto grau de confiança na conduta dos funcionários.> desempenho real das organizações que se regem segun-
Destaca-se, portanto, a relevância da disciplina. Esta do a rigidez burocrática não lhes traz os resultados de-
só se realiza se os padrões estabelecidos forem susten- sejados, por que a administração não se deteríoraj= A
tados por sentimentos que garantam a dedicação dos resposta a esse tipo de pergunta vincula-se, necessaria-
funcionários aos deveres burocráticos. Em última ins- mente, à percepção da burocracia enquanto poder e
tância, portanto, a eficácia da burocracia depende da dominação. Isto explica, em parte, por que a "buro-
inculcação de atitudes e sentimentos apropriados a seu cracia ama os burocratas e os burocratas amam a bu-
funcionamento." rocracia" ... 29
Ocorre, porém, que tais sentimentos inculcados ten- A percepção de todo o modelo desenvolvido por
dem a se intensificarem mais do que o necessário, di- Merton fica bastante facilitada pela análise do gráfico
minuindo o número de relações personalizadas, substi- 1 que se segue: 17
tuídas pelo apego excessivo às exigências dos procedi- Gráfico 1
Modelo simplificado de Merton*
mentos burocráticos, estimulado pelo próprio planeja-
mento da vida burocrática, isto é, de uma carreira gra-
duada, caracterizada por promoções, pensões, reajus- Exigência
tes salariais, etc. Ao funcionário cabe, portanto, a de controle
adaptação de pensamentos, sentimentos e ações, com
vistas às perspectivas oferecidas pela carreira. Isto ten-
de a estimular o seu conformismo, conservadorismo e
tecnicísmo." I Snfuena
4-----,
I confiabilidade
I
Tal inculcação, estimulada pelo formalismo dos pe-
quenos procedimentos, leva ainda à transferência da I
identificação com os meios, representados pela condu- I
ta exigida pelas normas. A submissão à norma, que I
passa de meio a fim em si mesma, gera, a nível da I
.-- I
Rigidez
organização, um deslocamento de objetivos. Em ter- de comportamento
e defesa mútua
mos das "virtudes" do burocrata, leva à rigidez de Justificabilidade
comportamento e à dificuldade no trato com o públi- da açfo individual
na orgaruzaçLo
I
(recurso â
I
co, a quem a burocracia deve atender .26 categorízação)

Sentimento
Tal dificuldade é estimulada pela categorização, isto da necessidade
é, pela tendência ao enquadramento da grande varie- de defesa

dade de casos particulares a algumas poucas categorias


de tratamento. O burocrata, longe de ser estimulado Grau
t- - ...• da aç!o individual

de dificuldade
ao comportamento inovador, é estimulado à seguran- com os clientes
ça e ao conforto oferecidos pela obediência cega aos
regulamentos. Previsibilidade e rigidez de comporta-
mento caminham, portanto, de- modo paralelo, Por ." . are,h James G. & Sirnon,
. - ..das organizações.
Herbert A. Teoria ~
sua vez, ao mesmo tempo em que há uma redução das Rio de Janeiro, Fundação Getulio Vargas, 1966. p. 53.
relações personalizadas, dá-se o desenvolvimento do
esprit de corps, a auto-defesa do grupo burocrático pe- Selznick desenvolveu o seu modelo mostrando, co-
rante a sociedade e seu público. O desenvolvimento mo Merton, algumas formas pelas quais a burocracia
dessa autodefesa burocrática tende a aumentar a rigi- acaba alcançando resultados não desejados. Sua

Controle social
análise deriva do estudo da TVA, uma agência regio- portamento burocrático. Com efeito, o padrão que a
nal norte-americana algo semelhante à Sudene, cujos análise de Selznick torna transparente oculta o fato de
resultados foram publicados em 1949.3' Em trabalhos que a burocracia existe pelos burocratas e para os bu-
posteriores, o seu modelo é um marco de referência rocratas. Assim, a multiplicação de tarefas especializa-
subjacente." De modo diferente, porém, de Merton, das, cargos e departamentos são a própria raison
que salientou o papel das decisões derivadas da exigên- d'être dos burocratas. Em última instância, quanto
cia de controle, Selznick salienta o papel da delegação mais cargos, melhores as condições de aumento do po-
de autoridade. der burocrático, o que, a nível de sociedade global, sig-
Seu pressuposto é que as burocracias se caracteri- nificaria que, quanto mais organizações burocráticas,
zam pela busca constante da integração de objetivos de mais satisfeitos os burocratas. Isto é evidente e
subgrupos à doutrina oficial da organização. É, por- relaciona-se com a própria carreira burocrática, sua
tanto, o reino do conflito, o reino da tentativa de mobilidade vertical e horizontal.
legitimação de interesses parciais e, com freqüência, Na verdade, já em Selznick, tanto quanto em Mer-
divergentes. Partindo do principio da especialização, a ton, vamos encontrar a contradição fundamental
hierarquia delega autoridade, estabelecendo departa- que permeia a teoria da organização funcionalista-
mentos diversos para assuntos diversos. Com isto, é sistêmica: a mediação entre teoria e realidade feita
verdade, os funcionários ganham experiência em por modelos que, quanto mais claros, menor valor ex-
domínios restritos, reduzem os problemas nos quais plicativo apresentam, e quanto mais ricos, mais per-
concentram sua atenção e aperfeiçoam a forma de dem esse valor. Isto ocorre porque o modelo é seletivo;
tratá-los. Assim, a prática da delegação de autoridade, parte de hipóteses preferenciais, sem estar inserido em
que não deve ser vista estritamente como delegação de uma teoria histórica. Assim, o valor dos critérios que
controle, mas como delegação de funções, é ampla- presidem a escolha das variáveis em jogo é que dá o
mente estimulada. Selznick observa, porém, que al- fundamento do modelo. Selznick não consegue esca-
guns problemas decorrem dessa prática. par ao aspecto central da crítica administrativa da bu-
Em primeiro lugar, deve-se lembrar que não só o rocracia: a expressão da razão do poder, muito mais
teor das decisões organizacionais tende a se modificar, do que do poder da razão;" Tal conceito nos faz.pen-
como a produção de ideologias de subgrupos tende a sar duplamente em Veblen. Primeiramente, porque ele
se desenvolver. Assim, sob a pressão de seus ruralistas, foi um dos inspiradores de Merton, com seu conceito
a TVA alterou, gradualmente, um aspecto significati- de "incapacidade treinada", e em segundo lugar, por-
vo de seu caráter de agência conservadora, contradi- que é dele a afirmação: "A autenticidade e a dignidade
18 zendo seus objetivos estabelecidos. Com efeito, refle- sacramentais não pertencem â tecnologia, à ciência
tindo atitudes e interesses próprios, o grupo rural da moderna, nem às atividades mercantis" ... 35
TVA lutou contra a política de utilização de terras de De qualquer forma, porém, para perceber bem o
propriedade pública, contribuindo de forma efetiva modelo de Selznick, nada mais nítido que o gráfico 2
para a alteração da política original da TVA a esse res- a seguir.
peito. Aliás, a busca inflexível de interesses próprios, Gráfico 2
por parte do grupo rural da agência, acabou por Modelo simplificado de Selznick*
envolvê-la em um conflito com o Departamento do In-
terior, a nível da alta administração central federal."
Em termos simples, a análise de Selznick indica que +-------,
a delegação de autoridade, bifurcando interesses me-
diante a especialização, e propiciando o desenvolvi-
mento de ideologias grupais ou subgrupais, acaba por
aumentar, no interior dos próprios membros dos sub- Grau
Bifurcação
de interesses
grupos, a internalização de subobjetivos, processo em de treinamento
que desempenham um papel básico as decisões de roti- em assuntos
especializados
na.
Como estas dependem, em primeira instância, dos
critérios estabelecidos pela organização, a própria IntemaJização
de sub-objetivos
operação das tarefas especializadas será responsável pelos participantes
pela criação de precedentes, que acabarão por consti-
tuir a reação comum a determinadas situações,
transformando-se, portanto, em padrões repetitivos de
conduta e internalizando cada vez mais os objetivos
dos subgrupos e não os da alta cúpula hierárquica ou
da burocracia, como prefere Selznick. A busca de
objetivos desejados pode, portanto, transformar-se fa- Intemalização Operacionalidade
cilmente na realização de objetivos inesperados e inde- dos objetivos dos objetivos
da organização
da OIglIÚzaçãO
sejados pela burocracia, entendida em termos das dire- pelos participantes
trizes estabelecidas pelo comando monocrático.
Embora a análise de Selznick seja interessante e rea-
lista, escapa-lhe a verdadeira percepção da burocracia • March, James G. & Simon, Herbert A, Teoria das organizações,
enquanto poder e de sua decorrência: a lógica do com- p,73. .

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Segundo o modelo de Alvin Gouldner, a origem das diante poder de mando e subordinação, e da domina-
perturbações no equilíbrio da organização como siste- ção mediante uma constelação de interesses - uma
ma maior, derivadas de técnicas de controle destinadas transformando-se facilmente na outra. Nada mais do
a manter o equilíbrio de um subsistema, está na ado- que a base da teoria weberiana da burocracia, que na-
ção de diretrizes gerais e impessoais como forma de da tem de incipiente!
solução para o controle exigido pela cúpula bu- Tudo fica bem mais simples, quando se percebe a
rocrática. Naturalmente, a despersonalização diminui diferença entre "tipo ideal", "construção conceitual"
a visibilidade das relações de poder, o que se relaciona e burocracia concreta e historicamente situada, refle-
de modo direto com o papel do supervisor. Com isto, tindo as contradições fundamentais de uma dada
altera-se o nível de tensão interpessoal no grupo de tra- formação social e contribuindo para acentuá-las. E é
balho. isto o que faz a burocracia sob o reino do antagonis-
Para Gouldner, enquanto unidade operacional, o mo. O que esperar de uma forma de dominação que
grupo de trabalho tem sua sobrevivência altamente fa- tem a disciplina como aspecto fundamental, a qual, se-
vorecida pelo estabelecimento de diretrizes gerais, o gundo o próprio Weber, tem como conteúdo "apenas
que só estimula a adoção crescente de tais diretrizes. a execução consistentemente racionalizada, metodica-
Ocorre, porém, que as normas de trabalho evocam, mente exercitada e exata da ordem recebida e na qual
nos membros da organização, atitudes mais intensas toda crítica pessoal é incondicionalmente suspensa, ca-
do que aquelas pretendidas pelos detentores da autori- bendo ao ator única e exclusivamente executar a or-
dade, na medida em que, definindo os padrões ina- dem"?"
ceitáveis de comportamento, essas normas burocráti- Em termos concretos, Gouldner também concebeu
cas ampliam o conhecimento dos padrões mínimos um modelo no qual a burocracia é vista como
aceitáveis. Se houver baixo nível de internalização dos organização dotada de funções latentes e manifestas.
objetivos da organização por parte dos funcionários, é A percepção de seu modelo é simples, a partir do
de se esperar que a explicitação de níveis mínimos de gráfico seguinte:
desempenho admissíveis aumente a diferença entre o
planejado e o realizado, dando margem ao que, vul- Gráfico 3
Modelo simplificado de Gouldner*
garmente, se dá o nome de nivelamento por baixo."
O pressuposto é o da existência, na teoria de Weber,
de conflitos decorrentes de uma eventual incapacidade
do autor de ver as tensões burocráticas, pelo fato de 19
analisar de forma primordial a burocracia governa-
mental, solidária a nível de aparência. Tal deslize não
teria ocorrido se a fábrica tivesse sido seu foco de
análise. Ali, as tensões, por serem mais evidentes, for-
çá-lo-iam a ver que as normas poderiam ser racionais r----
ou vantajosas para um nível hierárquico e não neces-
sariamente para outro. É evidente que o pressuposto
I
I
peca pela base. Mais uma vez se pretende colar o tipo
ideal à realidade e ver o que fica do lado de fora. O ~
nível de abstração em que trabalhou Weber foi bem Conhecimento Nível
de tensão
mais alto. Além disso, é preciso distinguir entre dos padrl!es mínimos
aceitáveis
ínterpessoal
organização burocrática e burocrata. Assim, não é
obrigatório que todas as pessoas que trabalham em +
uma burocracia sejam burocratas. Os operários de I I
uma fábrica, limitados pura e simplesmente a tarefas 't
de execução, não são burocratas, mas trabalham em
Diferença
organizações burocráticas e estão submetidos ao poder entre objetivos
burocrático. Isso está cristalino em Max Weber, quan- da organização
e sua realízação
do afirma que "é simplesmente ridículo que nossos li-
teratos possam crer que o trabalho não-manual no es-
critório privado é diferente, um mínimo que seja, do
trabalho numa repartição pública. Ambos são basica- * March, J. G. & Simon, H. A. Teoria das organizações. p. 74.
mente idênticos. Sociologicamente falando, o Estado
moderno é uma 'empresa' (Betrieb) idêntica a uma 2. MICHEL CROZIER
fábrica: esta é exatamente sua peculiaridade históri-
ca" .38 Michel Crozier procurou fundamentar sua análise do
Para Gouldner, há em Weber, além disso, uma "in- sistema de organização burocrática na luta pelo poder
cipiente distinção entre normas impostas e normas es- e por sua manutenção. Todavia, não conseguiu, em
tabelecidas por acordo, indicando dois aspectos mais suas primeiras e mais clássicas análises, fugir aos para-
amplos de um mesmo problema, entrelaçados em sua digmas da herança da crítica administrativa da buro-
teoria" .39 A afirmação acaba bem, mas começa muito cracia, já por nós levantados. A crítica inicial de Cro-
mal: a distinção incipiente é nada mais nada menos do zier é um típico exemplo de como um método de
que a visão clara da manifestação da dominação me- análise pode empobrecer um conjunto rico de idéias.

Controle social
Para ele, sensatamente, não se pode compreender o necessário que não se fizesse uma crítica burocrática
funcionamento de uma organização, sem levar em da burocracia.
conta os problemas da administração. E os problemas
da administração são vistos como problemas de ação 3. O GRUPO DE ASTON
cooperativa, muito mais do que como problemas de
dominação. Por esse motivo, tem como ponto de par- Em termos bastante gerais, podemos afirmar que o
tida o pressuposto de que "toda ação cooperativa trabalho do Grupo de Aston, na Grã-Bretanha, pre-
coordenada exige que cada participante possa contar tendeu demonstrar, de modo empírico, que burocracia
com um grau suficiente de regularidade por parte dos constitui um conceito pluridimensional, ao contrário
outros participantes, ou seja, que toda organização, do que o "tipo ideal" de Max Weber sugere. Escolhe-
qualquer que seja sua estrutura, quaisquer que sejam ram para tanto um caminho ingrato, o teste empírico
seus objetivos e sua importância, requer de seus mem- de uma construção teórica que, por sua própria natu-
bros uma quantidade variável, mas Sempre importan- reza, não é empiricamente testável. Ainda assim, de
te, de conformidade" .42 posse de um instrumento analítico relativamente sofis-
ticado, pretenderam invalidar o "tipo ideal" weberia-
Até o início do século XX, a conformidade foi obti-
no, com base na descoberta de uma correlação negati-
da por meio da violência, e as empresas do século XIX
va entre estruturação de atividade e centralização na
adotaram o velho modelo burocrático militar. Com to-
tomada de decisões. Mesmo deixando de lado a inge-
da razão, Crozier salienta que é um erro negligenciar,
nuidade da proposta metodológica, resta ainda um
em sociologia história, a documentação disponível so-
problema, que consiste no fato de que Weber parece
bre os fundamentos das primeiras grandes organiza-
ter relacionado concentração de poder no topo da hie-
ções comerciais, dos primeiros exércitos permanentes e
rarquia e atividades altamente estruturadas, o que na-
das ordens religiosas.v.Todavia, Crozier não faz uma
sociologia histórica. Apresenta maisum modelo, dota- da tem a ver com centralização ou descentralização na
tomada de decisões."
do de quatro traços essenciais que caracterizam a bu-
rocracia moderna. Como os demais modelos já men- O trabalho do Grupo de Aston levou ao estabeleci-
cionados, peca pela falta de colocação da burocracia mento de uma taxonomia empiricamente derivada,
numa perspectiva hístórica." que não pretende ser exaustiva, incluindo sete tipos di-
Os quatro traços que Crozier apresenta, de forma versos de burocracia: a) plena; b) plena nascente; c) de
crítica, são: fluxo de trabalho; d) nascente de fluxo de trabalho; e)
- a extensão do desenvolvimento das regras impes- de pré-fluxo de trabalho; f) burocracia de pessoal; g)
20 soais, que vê a burocracia como um freio ao arbítrio e organização implicitamente estruturada.
ao favoritismo, mas, ao mesmo tempo, também a vê Estes tipos refletem o que o Grupo convencionou
como um freio ao desenvolvimento da personalidade e chamar três "dimensões" burocráticas, operacional-
da criatividade; mente definidas: a) estruturação de atividade; b)
- a centralização de decisões, levando à rigidez orga- concentração de autoridade; c) controle de linha de
nizacional; fluxo de trabalho." Além dos problemas que, já de
- o isolamento dos níveis ou categorias hierárquicas, início, comprometem sua pesquisa, o Grupo de Aston
levando ao deslocamento de objetivos; incorreu ainda em numerosos problemas de natureza
- o desenvolvimento de relações de poder paralelas. conceitual, metodológica e operacional. Houve falha
O conjunto dessas quatro características tende a na definição das variáveis e chegou-se a resultados tau-
constituir uma série de círculos viciosos, reforçadores tológicos, uma vez que formalização e padronização
da impessoalidade e da centralização. Mais uma vez, a mediram quase a mesma coisa. Além disso, como foi
camisa de força do método funcionalista não permite amplamente reconhecido, existindo vinte empresas fi-
perceber o real espírito da burocracia. Volta-se a um liais em sua amostra, teria sido surpreendente encon-
idealismo quase hegeliano, mas pobremente hegeliano; trar baixa correlação entre centralização na tomada de
ressalte-se que a crítica do jovem Marx, desvendando a decisões e perda de autonomia, e não o contrário, co-
mistificação do interesse geral, é ignorada, e a leitura mo concluíram os pesquisadores. Na verdade, o ba-
de Weber é feita fora da história. Afora isto, ao fazer lanço do trabalho do Grupo de Aston aponta um em-
uma crítica humanista da sociedade francesa, coloca a preendimento intelectual infeliz, apesar da grande di-
participação como um mito." Toda participação será vulgação que alcançou. De resto, todos os problemas
um mito? Há muitos exemplos históricos de participa- encontrados na crítica administrativa da burocracia ali
ção. Se ela tende a ser uma forma de manipulação ou estão presentes.
uma concessão secundária das elites dominantes,
trata-se de um outro problema, que merece um estudo 4. OUTROS CRÍTICOS
mais acurado. A solução é colocada na constituição de E OS LIMITES DA CRÍTICA
sistemas mais abertos de regulação, mediante o que
chama de investimento institucional, e tal investimen- Há ainda muitos críticos que poderiam ser incluídos na
to, "política e economicamente doloroso, começa por vertente da crítica administrativa da burocracia. Entre
tornar os dirigentes políticos mais racionais" .-1" Assim, eles estão, sem dúvida, W. W. White, Chris Argyris,
mudar-se-á a França e, talvez, o mundo ... A que outra Maslow, Warren Bynnis, McGregor, Presthus, Likert,
conclusão se poderia chegar, a partir da douta Mouten e Blakee Herbert Shepard, que demonstram a
constatação da burocracia como sistema incapaz de obsolescência da organização burocrática, do ponto de
autocorreção? Para qualquer outra conclusão, seria vista das necessidades humanas. Alguns desses autores

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incidiram no engodo da organização pós-burocrática, Naturalmente, quase tudo que se diz e se escreve so-
outros não. Poucos, de qualquer forma, perceberam bre controle social nas organizações tem no poder o
que o que importa é a análise da burocracia enquanto grande ausente. Também no que se diz a respeito da
poder. Mesmo assim, chegaram a algumas colocações burocracia, forma de institucionalização da domina-
que são interessantes, como a de que a burocracia leva ção, toda a atenção é concentrada nos arranjos admi-
a práticas e relações que, em larga medida, repetem a nistrativos e quase nenhuma na problemática do po-
infância." Outras análises, estas sim mais interessan- der, o que torna a tradição managerialista bastante
tes, fogem aos paradigmas da crítica administrativa, empobrecida em muitos aspectos. Fundamental é per-
colocando o estudo das organizações em um nível de ceber o fenômeno de distanciamento que ocorre entre
indagação bem mais elevado; a crítica administrativa muitos teóricos organizacionais e as formulações de
convencional da burocracia está, porém, há muito em Weber, tido como seu inspirador.
crise, não se podendo esperar dela nenhum grande es-
clarecimento no que se refere à questão do controle so- 5. WEBER E A TRADIÇÃO MANAGERIALIST A
cial nas organizações. Ela prometeu muito e cumpriu
pouco. A incapacidade de ver a burocracia como for- A produção intelectual de Max Weber precisa ser com-
ma de poder historicamente situada está no centro des- preendida a partir do marco histórico que a determina
sa crise, que diz respeito não apenas à crítica adminis- - a Alemanha do século XIX - e das primeiras
trativa, mas a toda a produção intelectual de cunho décadas do século XX. A crítica administrativa da bu-
funcionalista." rocracia é, portanto, uma leitura específica de Max
Weber, que se precisa entender a partir de outro marco
Aqui, porém, não é apenas. a análise externa dessas histórico, a saber, os Estados Unidos, principalmente
colocações teóricas que revela a crise. São muitas vezes da década de 1940 em diante, e de outros países desen-
os próprios formuladores de crítica administrativa que volvidos contemporâneos.
chegam à percepção dos impasses que demonstram
seus quadros de referência. Este é, por exemplo, o caso Assim, não se pode perder de vista que o Império
de Alvin Gouldner e Michel Crozier. Alguns trechos de Alemão, que' desaparece realmente na época da eclo-
obras suas mais recentes falam por si mesmos. Assim, são da Primeira Grande Guerra, existiu durante um
afirma Gouldner: "Três forças contribuíram para a século sob as formas da Confederação Alemã, do au-
crise em pauta (do estrutural-funcionalismo): I. o apa- toritarismo bismarckiano e do reinado de Guilherme
recimento de novas infra-estruturas; dissonantes em lI. O período que vai de 1862 a 1866 tem especial rele-
relação à teoria funcionalista estabelecida entre a ju- vância, já que nessa época a hegemonia prussiana so-
ventude de classe média, estrategicamente íntima do bre a austríaca torna-se um fato histórico e, em grande 21
meio universitário em que a teoria social é feita e trans- medida pelas mãos de Bismarck, a unificação alemã
mitida; 11. os desenvolvimentos internos à própria es- torna-se um problema resolvido.
cola funcionalista, que inseriram uma crescente varia- Não fora resolvida, porém, a tensão com a França e
bilidade e hostilidade em seu trabalho - uma entropia as pressões exercidas por Napoleão UI, que acabaram
- e assim obscureceram a clareza e a assertividade de constituindo a base política da guerra franco-
seus limites teóricos e destruíram sua especificidade prussiana de 1870 a 1871. Em resumo, os resultados
como escola; IH. o desenvolvimento do welfare state, dessa guerra foram a formação do Império Alemão, o
que aumentou consideravelmente os recursos dis- II Reich sob Guilherme I, rei da Prússia, e a perda, por
poníveis para a sociologia. Os funcionalistas aco- parte da França, da Alsácia, salvo Belfort, e da maior
modaram-se ao welfare state, mas, ao mesmo tempo, parte da Lorena, bem como o pagamento de uma
tal acomodação ocorreu através da geração de ten- indenização de 5 bilhões de francos.
sões que envolveram os _pressl!postos tradicionalmen-
te centrais para o modelo funcionalista" .5\ Na realida- Se o equilíbrio de poder entre as potências européias
de, o funcionalismo sempre foi uma corrente legitima- garantiu um período relativamente tranqüilo para a
dora de uma formação social. Sua crise revela a fase Alemanha, tal equilíbrio durou somente até a I Guerra
mais profunda dessa formação. Basta pensar no que Mundial. O país, no pré-guerra, tem uma ação política
foi a década de 60 nos Estados Unidos e na França, considerável, buscando a todo custo a aliança inglesa
por exemplo, para que isto se torne evidente. contra as investidas das potências continentais, além
de procurar evitar um conflito armado nos Bá1cãs, on-
Crozier e Friedberg são ainda mais claros na percep- de fervilhava a rivalidade austro-russa. Talvez, porém,
ção da crise do quadro de referências que norteia a mais do que tudo, sua ação política se concentrasse na
crítica administrativa da burocracia: "( ... ) toda estru- busca do isolamento da França, entre outras coisas pa-
tura de ação coletiva se constitui como sistema de po- ra que esta não reconquistasse a Alsácia e a Lorena.
der. Ela é fenômeno, efeito e fato de poder. Enquanto
construção humana, ela organiza, regulariza, 'provi- De modo mais amplo, todo o período que com-
siona' e cria poder, para permitir aos homens a preende o século XIX e as primeiras décadas do século
cooperação em empreendimentos coletivos. Toda atual é de crucial importância política para a Alema-
análise séria da ação coletiva deve, portanto, colocar o nha. Bismarck foi um estadista forte, de ação decisiva.
poder no centro de suas reflexões, pois, em última ins- No plano da política externa, articulou todo um con-
tância, a ação coletiva nada mais é do que a política junto de alianças com a Rússia e Áustria e, posterior-
cotidiana. O podér e sua 'matéria-prima' (... ) Entre- mente, com esta última e a Itália, institucionalizando a .
tanto, o poder continua a ser o eterno ausente em nos- Tríplice Aliança em 1882. A política externa, de Bis-
sas teorias da ação social" .52 marck, tanto quanto a interna, foi inclusive res-

Controle social
ponsável por sua demissão em 1890, a partir de desa- mediante uma constelação de interesses, ou como
cordos manifestos com Guilherme 11. O que o primei- dominação em função do poder de mando e subordi-
ro temia acaba por ocorrer: a Tríplice Entente, entre nação. De qualquer forma, porém, uma pode facil-
Grã-Bretanha, Rússia e França. A Triplice Entente mente transformar-se na outra.
surge como uma frente, em face da Tríplice Aliança da
qual a Alemanha fazia parte. Esta é a situação às A dominação deve ser entendida como um estado de
vésperas da I Guerra Mundial. A Alemanha é palco de coisas no qual as ações dos dominados aparecem como
uma situação interna na qual a hegemonia do Estado se estes houvessem adotado como seu o conteúdo da
sobre a sociedade civil é incontestável. A situação eco- vontade manifesta do dominante. Assim, embora a
nômica é de instabilidade, e a social e política, de crise dominação seja uma forma de poder, ela não é idênti-
e fraqueza. A elite burocrática estatal é forte, na medi- ca ao poder. Poder é a possibilidade que alguém ou al-
da em que a burguesia e o proletariado não conseguem gum grupo tem de realizar sua vontade, inclusive
se impor nem juntos, nem isoladamente. O Parlamen- quando esta vai 'contra a dos demais agentes da ação
to não tinha qualquer poder efetivo sobre a burocra- comunitária.
cia, o que equivale a dizer que esta absolutamente não A manifestação de qualquer dominação dá-se sob a
era controlada de forma adequada aos padrões de uma forma de governo.> Isto ocorre porque as tarefas a se-
democracia liberal. rem realizadas exigem um aumento crescente de treina-
No plano econômico, a Alemanha não consegue tro- mento e experiência. Assim, a necessidade técnica fa-
car seus produtos em posição competitiva, devido à vorece a continuidade dos funcionários, levando ao
Tríplice Entente. No plano social, o clima é de temor. que Weber chama de dominação mediante organiza-
As classes médias obtêm pouco proveito de uma eco- ção. A dominação organizada confere uma vantagem
nomia dominada por trustes e cartéis. Os grandes pro- aos funcionários, em face da massa dominada. 55 Tal
prietários temem os perigos que vêm do exterior, o vantagem decorre de seu número relativamente peque-
proletariado proeura se proteger no Partido Social De- no, que possibilita o acordo rápido no sentido da
mocrata e nos sindicatos. Os pequenos burgueses te- conservação de suas posições, na criação e direção de
mem as reivindicações trabalhistas. O Parlamento, uma ação racional. Embora tal vantagem se vá tornan-
sem poder efetivo, está muito longe de poder ser visto do menos provável, na medida em que aumenta o
como representante real do povo. O delírio coletivo número de funcionários, as disposições que regem a
exacerbado do pan-germanismo é dominante no come- socialização garantem aos chefes terem à sua disposi-
ço do século." ção, de modo constante, um círculo de pessoas interes-
sadas em participar no mando e em suas vantagens.
22 Nesse contexto, Weber estuda a burocracia, e sua
erudição o leva à elaboração de uma sociologia, nem O Círculo de funcionários potenciais, próximos aos
positivista nem marxista, onde a teorização sobre a chefes, permite o exercício do poder de coação e a
dominação constitui elemento central. A obra monu- manutenção da dominação, configurando aquilo que
mental de Weber não recusa as determinações históri- Weber chama de estrutura de uma forma de domina-
cas. Ao contrário, as instituições administrativas são ção: o relacionamento entre o chefe e seu aparato ad-
estudadas em épocas muito diversas, e o estudo da ra- ministrativo, e entre ambos e os dominados. Essa es-
cionalidade burocrática, que lhe é contemporânea, é trutura aparecerá nas diversas formas que pode assu-
paralelo ao da racionalidade capitalista. Na Alema- mir a dominação, fundamentalmente tradicional,
nha, onde Weber produz teoricamente, ele é um profe- racional-legal e carismática. Tais tipos constituem uma
ta desarmado. Percebe o poder da burocracia e perce- resposta à questão da legitimidade da dominação, isto
be o seu perigo. No plano político, propugna seu con- é, dos princípios em que se apóia a exigência de obe-
trole pelo Parlamento. diência dos funcionários ao senhor, e dos dominados,
a ambos,
Todavia, a teorização de Weber foi por demais em-
pobrecida pela reinterpretação cultural feita pela teo- Como sabemos, a dominação legal fundamenta-se
ria administrativa. Todo o esforço foi dirigido no sen- no primado da regra racional estabelecida, ma-
tido de concentrar a atenção no "tipo ideal" de orga- nifestando-se em sua forma mais pura na burocra-
nização burocrática, de perceber se as organizações cia, tipo específico de sua estrutura. É sempre bom
reais se adaptavam a ele ou não. Com isto, perde-se de lembrar que Weber tratou a burocracia como "tipo
vista a problemática central, ou seja, a dominação bu- ideal", ou seja, como uma construção conceitual a
rocrática. Assim, a crítica administrativa, ao afirmar partir de certos elementos empíricos que se agrupam,
que estamos passando para uma fase de organizações logicamente, em uma forma precisa e consistente, mas
pós-burocráticas, na verdade legitima ideologicamente que, em sua pureza, nunca se encontram na
a burocracia enquanto poder e dominação que é. Por realidade." De qualquer modo, porém, o formalismo,
esta razão, é preciso enfatizar o que é mais rico na so- a impessoalidade e o profissionalismo burocrático
ciologia política de Weber: a teoria da dominação. traduzem-se em uma administração heterônoma, onde
a autoridade flui de cima para baixo, assumindo uma
Max Weber preocupa-se com a forma 'pela qual uma forma piramidal, e evidenciando seu caráter mo-
comunidade social aparentemente amorfa chega a se nocrático, isto é, a obediência ao princípio da unidade
transformar em uma sociedade dotada de racionalida- de comando.
de. Tal passagem dar-se-ia por meio do que chama de
ação comunitária, cujo aspecto fundamental é a A heteronomia burocrática significa a ausência de
dominação. Esta pode manifestar-se como dominação qualquer autonomia indiv'dual ou social, no que diz

Revista de Administração de Empresas


2 Caplow,T. Principies of organization. New York, Hartcourt,
respeito à participação no processo administrativo. A
Brace& World, 1964. p. 169. Apud Porter, Lyman W.; Lawler, Ed-
ação individual está claramente limitada pelas posições ward E. & Hackman, J. Richard. Behavior in organizations.
na pirâmide organizacional. Que não restem dúvidas, McGraw Hill, 1975. p. 162. (Kogagusha International Student Edi-
para Weber, "a burocracia é um tipo de poder. Buro- tion) .
cracia é igual a organização. É um sistema em que a di- 3 Enriquez, Eugene. La Notion de pouvoir. In: L'Economie et les
visão de trabalho se dá racionalmente, visando deter- sciences humaines. Paris, Dunod, 1967. t. 1: Théories, conceptes et
minados fins. A ação racional burocrática é a coerên- méthodes. p. 257-306.
cia da relação de meios e fins visados" Y 4 Schein, Edgard H. The Individual, the organization and the ca-
reer: a conceptual scheme. Journal of Applied Behavioral Science,
Toda a teorização weberiana está inserida em uma 7: 401-26, 1971. Apud Porter, Lyman W.: Lawler, Edward E. &
filosofia da história que revela um certo grau de pessi- . Hackman, J. Richard. op. cito p. 167.
mismo que outros grandes pensadores sociais não
5 Porter, Lyman W.; Lawler, Edward E. & Hackman, J. Richard.
compartilham. Essa filosofia, traduzida em termos Behavior in organizations. p. 169.
simples, implica a tensão entre o carisma, representan-
Goffman, Erving, Manicômios, prisões e conventos. São Paulo,
do as forças criativas e espontâneas da sociedade, e a 6
Perspectiva, 1974. p. 24.
rotina. "No processo histórico, o líder carismático
constitui uma força revolucionária. Nos momentos 7 Lawler IH, Edward E. Control systems in organizations. In: Dun-
nette, Marvin O., ed. Handbook of industrial and organization psy-
críticos, quando as instituições sociais se tornam rígi-
chology. Chicago, Rand McNally, 1976. p. 1.250.
das demais e inadequadas para enfrentar situações
difíceis e novas, o carisma, uma força destruidora, 8 Lawler m, Edward E. Control... op. cito p. 1.257.
derruba a ordem estabelecida e abre novos caminhos 9 Lawler Hl, Edward E. Control... op, cito p. 1.266.
de vida. Mas a vitória do carisma sobre a rotina nunca
10 Payne, Roy & Pugh, Derek. Organization structure and climate.
é definitiva. Ao contrário, o carisma termina sendo ro- In: Dunnette, Marvin O., ed. op. cito p. 1.141.
tinizado, estabelecendo novamente a ordem das coi-
II Barrett, Gerald V & Bass, Bemard M. Cross-Cultural issues in in-
sas." dustrial and organizational Psychology. In: Dunnette, Marvin O .•
Para Weber, a burocratização do mundo moderno ed. op. cito p. 1.639. .
constituía a maior ameaça à liberdade individual e às 12 Barrett, Gerald V. &. Bass, Bernard M. Cross-Cultural ... op. cit,
instituições democráticas das sociedades ocidentais. A p. 1.661.
burocracia era, portanto, um perigo, e, por essa razão, 13 Barrett, Gerald V. & Bass, Bernard M. Cross-Cultural ... op. cito
devia ser sempre controlada pelo Parlamento." p. 1.661.

Entretanto, mesmo assim, ele via o político adotan- 14 Thomas, Kenneth. Conflict and conflict management. In: Dun- 23
do cada vez mais a ética do burocrata, com a nette, Marvin D .• ed. op. cito p. 930.
burocratização dos partidos políticos. O pessimismo 15 Thomas, Kenneth. Conflict ... op. cito p. 891.
weberiano, longe de ser para nós motivo de desilusão,
16 Veja Miller, E. J. & Rice, A. K. Systems of organization. Lon-
deve ser um alerta. Mais do que isto, deve-se perceber don, Tavistock, 1967.
nele o seu desagrado para com a burocracia. Referin-
I7 Beer, Michel. Technology of organization development. In: Dun-
do-se a um debate do qual Weber tomou parte, War-
nette, Marvin O., ed. op. cito p. 955.
ren Bennis faz uma tradução, aparentemente um pou-
co livre, das palavras de Weber, mas que, de qualquer 18 Hackman, J. Richard. Group influentes on individuais. In: Dun-
forma, dá uma idéia bastante forte de suas preocupa- nette, Marvin O., ed. op. cito p. 1.459.
ções nesse sentido: "É horrível pensar que o mundo 19 Starbuck, William H. Organizations and their environments.
possa vir a ser um dia dominado por nada mais que In: Dunnette, Marvin O., ed. op. cito p. f.078 e 1.080.
homenzinhos, colados a pequenos cargos, lutando por 20 ido ibid
outros maiores; situação que será vista dominando
parte sempre crescente do espírito do nosso sistema ad- 21 Wamer, 'w. Lloyd. Big business leaders in America. New York,
ministrativo atual e, especialmente, de seu produto: os Atheneum, 1963; __ o Industrial men, business men and business
organizations. New York, Harper, 1960; __ The American fede-
estudantes (... ) A paixão pela burocracia é suficiente o

ral executive: a study of the social and personnal characteristics of


para levar alguém ao desesperoL'" the civilian and military leaders of the United States federal govern-
ment. New Harven, Yale University, 1963.
Coloca-se assim uma discussão teórica fundamental
para a questão do poder e do controle social nas 22 Pages, Max. Análise do poder e prática. de mudança nas
organizações, da qual podem ser deduzidas muitas ou- organizações. Recife, NA1, 1978. Original no CNRS, Paris.
tras hipóteses para pesquisa teórica e empírica. 23 Merton, Robert K. Sociologia, teoria e estrutura. São Paulo,
A nós brasileiros, por exemplo, interessaria conhe- Mestre Jou. p. 275.
cer o processo de controle social em empresas familia- 24 Merton, Robert K. Estrutura burocrática e personalidade. In:
res e em modernas corporações, entre empresas nacio- Campos, Edmundo, org. Sociologia da burocracia. Rio de Janeiro,
nais e multinacionais. Também não será descabido in- Zahar , 1966.
dagar sobre possíveis diferenças regionais, bem como ::!5 Merion, Robert K. Estrutura ... op. cit. p. 104.
sobre outras variáveis, como tamanho e antiguidade. 20 Merton, Robert K. Estrutura ... op. cito p. 102.

27 Merton, Robert K. Estrutura o" op. cito p. 108.


IStinchcombe, Arthur L. Social structure and organizations. In:
March, James G., ed. Handbook of organizations. Chigago, Rand 2~ Lapassade, Georges. Grupos, organizações e instituições. Rio de
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Controle social
2~Lefort, Claude. Qué es la burocracia? Paris, Ruedo Ibérico, 1970. 60Veja Weber, Max. In: Bennis, Warren G. Organizações em
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30 March, James G. & Simon, Herbert A. Teoria das organizações.
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31 Selznick, Philip. TVE and the grass roots. Berkeley, 1949.
32 Selznick, Philip. Leadership in Administration. lllinois, Evans-
ton, 1957.
33 Selznick, Philip. Cooptação: um mecanismo para a estabilidade
organizacional. In: Campos, Edmundo, org. op. cit. p. 99.
34 Tragtenberg, Mauricio. Burocracia e ideologia. São Paulo, Áti-
ca, 1974. p. 28.
3S Veblen, Thorstein. Teoria da empresa industrial. Porto Alegre, REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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36 March, James G. & Simon, Herbert A. op. cit. p. 73. Barrett, Gerald V. & Bass, Bernard M. Cross-cultural
37 Gouldner, Alvin. Patterns of industrial bureaucracy. Glencoe, 11-
issues in industrial and organizational Psychology. In:
linois, Free Press, 1954. Apud March, J. G. & Simon, H. A. op. cit. Dunnette, .Marvin O., ed. Handbook of industrial and
p.57. organization Psichology. Chicago, Rand McNally,
38 Weber, Max. Parlamentarismo e governo numa Alemanha re-
1976.
construída. São Paulo, Abril, 1974. p. 23. (Os Pensadores) Beer, Michel. Technology of organization develop-
39Gouldner, Alvin, Conflitos na teoria de Weber. In: Campos, Ed- ment.ln:·Dunnette, Marvin O., ed. op. cit.
mundo, org. Sociologia ... op. cit. p. 61.
Caplow, T. Principies of organization. New York,
40Weber, Max. In: Mills, C. W. & Gerth, H. From Max Weber. Hartcourt, Brace & World, 1964.
New York, Oxford University Press, 1946. p. 254, original norte-
americano de Weber ..,Max. Ensaios de sociologia. Crozier, Michel, Le Phénomêne bureaucratique. Pa-
41 March, J. G. & Simon, H. A. op. cit. 1970. p. 74. ris, Seuil, 1963.
42Crozier, Michel. Le phénomêne bureaucratique. Paris, Seuil, __ o La Société bloquée. Paris, Seuil, 1970.
1963. p. 242.
• __ & Friedberg, Erhard. L 'Acteur et le systême.
o

~3 Crozier, Michel. op. cit. p. 243.


Paris, Seuil, 1977.
24 ~~ Lapassade, Georges. op. cit , p. 154.
Enriquez, Eugene. La Notion de pouvoir. In: L 'Eco-
~5 Crozier, Michel. La Société bloquée, Paris, Seuil, 1970. p. 77. nomie et les sciences humaines. t. 1: théories, concep-
~6 Crozier, Michel. La Societé ... p. 229. tes et méthodes. Paris, Dunod, 1967.
47 Prestes Motta, Fernando C. O Sistema e a contingência. In: Teo- Goffman, Erving. Manicômios, prisões e conventos.
ria geral da administração: uma introdução. 5. ed. São Paulo, Pio- São Paulo, Perspectiva, 1974.
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48 Pugh, D. S.; Hickson, D. J. & Hinnings, C. R. An Empirical ta-
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49 Thompson, Victor. Moderna organização. Rio de Janeiro, Frei- mundo, org. Sociologia da burocracia. Rio de Janeiro,
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52 Crozier, Michel & Friedberg, Erhard. L 'Acteur et le systême. Pa-
ris, Seuil, 1977. p. 22 e 24. Lapassade, Georges. Grupos, organizações e institui-
ções. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1977.
53 Veja Vermeil, Edmond. The German scene: social, political, cul-
tural- 1890to the present days. London, George G. Harrap, 1956. Lawler IIl, Edward E. Control systems in organiza-
54Weber, Max. Economia y sociedad. México, Fondo de Cultura tions. In: Dunnette, Marvin O., ed. op. cito
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Lefort, Claude. iQué es la burocracia? Paris, Ruedo
55 Weber, Max. Economia ... p. 704. Ibérico, 1970.
56 Weber, Max. On the methodology of the Social Sciences. Glen-
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organizações. Rio de Janeiro, Fundação Getulio Var-
57 Tragtenberg, Mauricio. op. cit. p. 139. gas, 1966.
5X Mouzelis, Nicos P. Organization and bureaucracy, Tese de dou- Merton, Robert K. Estrutura burocrática e personali-
toramento, London School 01' Econornics. New York, AlIine-
Atherton, 1972. p. 20. dade. In: Campos, Edmundo, org. op. cito
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5~ Weber, Max. Parlamentarismo e Governo ... op cit. Jou, 1970.

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Controle social

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