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Síndrome do compartimento

Acadêmica: Marcella Reis Goulart


 Compartimentos anatômicos: São espaços
bem delimitados existentes no aparelho
locomotor, cujas paredes são formadas por ossos
e estruturas osteofasciais , que são elementos
relativamente inelásticos.

 A síndrome do compartimento se desenvolve


quando há aumento da pressão no espaço
compartimental, de modo a comprometer a
perfusão tissular e colocar em risco a viabilidade
das estruturas aí existentes.
 A pressão intracompartimental pode ser
aumentada por:
 Causas internas : Edema , Hemorragia
 Causas extrínseca: Enfaixamento, aparelho
gessado, pressão sobre o membro.
 Contratura isquêmica de Volkmann:
 Sequela clássica da síndrome do compartimento
 Resulta na perda completa da musculatura
afetada, sendo esta substituída por tecido
cicatricial,que, retraído, produz deformidade
distais.
 Lesão em maior ou menor grau do nervo,levando
a déficits sensitivos e motores, que podem afetar
outros musculos não integrantes do
compartimento.
Fig. - Mostra uma contratura isquêmica de Volkmann de
músculos do antebraço numa criança de 6 anos pós redução
de fratura supracondiliana do úmero a criança apresentou dor
intensa no antebraço.
Síndrome do compartimento
 Aguda
 Desenvolve-se quando a pressão
intracompartimental excede a pressão arterial
capilar por um período prolongado.
 Causada com mais frequência por traumatismo,
lesão arterial e compressão extrínseca ( aparelho
gessado, garrote, pressão postural sobre o
membro , etc..) e demanda tratamento de
urgência.
 Crônica ou recidivante
 Sintomatologia mais discreta
 Desencadeada por atividades físicas.
 Eventualmente síndrome crônica pode se
transformar em um episódio agudo.
Etiologia e Fisiopatologia
 Em função das fronteiras miofasciais , a
síndrome do compartimento é mais frequente
nas extremidades superiores e inferiores.
 Extremidades inferiores associado a fratura da
tíbia.
 Extremidades superiores associado a fratura do
antebraço.
 Historicamente foram propostos inúmeros
mecanismos para patogênese ( obstrução
venosa, espasmos, obstrução arterial)
 Atualmente um único mecanismo : Elevação da
pressão intracompartimental em níveis
Sintomatologia
 Quadro clínico varia conforme a fase do processo
compressivo e pode englobar desde queixas leves
até situações dramáticas.
 Dor referida no local do compartimento afetado que
não melhora com a imobilização do membro.
 Dor crescente , caráter pulsátil, causando um
estado de intranquilidade que leva o paciente a
queixar-se de forma constante
 A dor pode estar abrandada ou ausente quando
há lesão de nervo associada ou quando o
paciente faz uso de narcóticos , entorpecentes ou
analgésicos fortes ou está sob ação de anestesia
( p. ex., sob uso de cateter peridural)
 A palpação:
 Região do compartimento apresenta-se tensa.
 Pele pode estar brilhante e quente com
aparência de celulite.
 Alteração da coloração cutânea ( escurecimento ,
palidez)
 Paresia de extremidades
Os clássicos seis Ps
Pain.
Pressure.
Pulso.
Paraesthesia.
Paresia.
Pink color.

Não devem ser utilizados para fazer


diagnóstico precoce da síndrome do
compartimento, pois só aparecem
tardiamente, quando as alterações são
irreversíveis e as sequelas inevitáveis.
Diagnóstico
 Clínico
 Paciente que apresenta queixas de dor crescente no
membro acometido, principalmente se tiver sofrido
traumas, imobilização ou cirurgia.
 Diagnóstico diferencial:
 Trombose venosa , afecções arteriais, obstrutivas ou
semi obstrutivas ,que,também ocasionando isquemia
podem produzir clínica semelhante.
 Diagnóstico clínico torna-se mais difícil nos indivíduos
com perda da consciência , sob anestesia ou crianças .
Nessas circunstâncias , a medida da pressão
intracompartimental é útil sendo recomendado o
monitoramento profilático em caso de risco.
Tratamento
 Evitar analgésicos que possam mascarar a dor
 Manter a extremidade na altura do coração , não
sendo recomendável elevá-la ou abaixá-la.
 A elevação juntamente com o uso de
anticoagulente está indicada quando é feito o
diagnóstico de outra condição: a phlegmasia
celurea dolens . Por isso diagnóstico diferencia é
importante e pode ser necessário a avaliação do
cirurgião vascular.
 Síndrome aguda do compartimento
 Fasciotomia descompressiva de urgência
 Permite a expansão dos tecidos, a normalização
da pressão e, como consequência , a reperfusão
Prevenção

• Evitar situações que predisponham a


compressão tais como:
 Enfaixamentos apertados
 Aparelhos gessados inadequados
 Posições incorretas durante a cirurgia
 Uso prolongado do garrote operatório
Pé torto congênito
ANATOMIA DO PÉ
• O pé humano é 26
ossos assim
distribuídos:
• 7 ossos do
tarso(tálus,calcâne
o,navicular cubóide
e os três
cuneiformes)
• 5 ossos do
metatarso
• 14 falanges (três
para cada um dos
dedos, exceto para
Definição
 O pé torto congênito (PTC) é uma deformidade
complexa que compromete as estruturas ósseas
e partes moles caracterizada, clinicamente,por
equino do retropé, varo do calcâneo, adução e
supinação do médio e antepé e cavo.
 Incidência 1:1000 nascidos vivos
 Bilateral em 50% dos casos
 Mais frequente sexo masculino 2:1

Etiologia:
 Desconhecida
 Incidência aumenta em ocorrência de casos
familiares, sugerindo influência ou determinação
genética.
 Na anatomia patológica, praticamente todas as
estruturas do pé apresentam anormalidade, mas
as principais estão no retropé.
 A deformidade óssea mais importante ocorre no
tálus, que apresenta a extremidade anterior
desviada medial e plantar, o colo encurtado e o
corpo pequeno.
 Os ligamentos são espessados e os músculos
hipoplásicos.
Diagnóstico
 O diagnóstico do pé torto congênito é evidente,
observando-se as deformidade referidas: Pé
equino varo, cavo,aduto e supino.
 O grau de deformidade e flexibilidade é variável.
 Além das deformidades características do PTC ,
observam-se uma atrofia da perna e um tamanho
menor do pé.
Classificação
 Classifica-se o pé torto em:
 Postural
 Idiopático ou verdadeiro
 Teratológico
 PTC postural é flexível e corrigido com
manipulação ou necessita somente de algumas
trocas de gesso para obter a correção das
deformidades.
 PTC Idiopático ou verdadeiro, a deformidade é
mais acentuada e pouco flexível.
 PTC teratológico caracteriza-se pela rigidez,
associação a síndromes, dificuldade de correção e
altas taxas de recidiva
Radiografia
 A radiografia avalia os ossos do pé, mas o exame
é de pouca importância porque se encontram
poucos ossos ossificados e não aparecem bem
na radiografia.
 Deve-se avaliar o ângulo entre o eixo longitudinal
do tálus e do calcâneo que se encontra diminuído
( ângulo de Kite)
>Ângulo de Kite maior
o varismo

< Ângulo de Kite maior


o valgismo
Tratamento
 O objetivo do tratamento é um pé Plantígrado ,
indolor, flexível, com boa força muscular e que
permita o uso de calçado comum.
 O tratamento é iniciado o mais precocemente
possível , por meio de manipulação e trocas de
gesso.
 Caso não se obtenha um resultado satisfatório,
indica-se o tratamento cirúrgico.
 Os métodos de manipulação para corrigir a
deformidade e a imobilização com trocas
seriadas de gesso mais conhecidos são de Kite e
Ponseti.
 O tratamento cirúrgico é indicado após 9 meses,
e é realizado uma liberação das estruturas
mediais e posterolaterais do pé, com a correção
da deformidade e fixação da articulação
talonavicular e subtalar.
 Em crianças com mais de 4 anos e deformidades
rígidas pode-se usar a talectomia.
 Deformidades graves em crianças acima de 10
anos podem ser corrigidas com fixador externo
de Ilizarov ou com artrodese tríplice.
 As complicações descritas são :
 Recidiva da deformidade.
 Pé “em mata-borrão”.
 Hipercorreção
 Rigidez
 Fraqueza muscular
 Joanete dorsal
Torcicolo muscular congênito
Definição
 Deformidade assimétrica envolvendo a cabeça e
o pescoço.
 A contratura unilateral do músculo
esternocleidomastóideo provoca a inclinação da
cabeça no sentido do lado envolvido e a rotação
do queixo em direção ao ombro do lado oposto
 Deformidade mais comum nas meninas
 Lado direito envolvido em 75% dos casos
 Uma em cada 5 crianças (20%) com torcicolo
muscular congênito desenvolve displasia do
quadril.
 A condição não é genética sendo comum a
ausência de história familiar.
Etiologia
 Esta deformidade é devida a fibrose do músculo
esternocleidomastóideo , que se contrai e
encurta.
 A causa exata dessa fibrose muscular nesta
deformidade congênita ainda não foi
determinada.
 O torcicolo muscular congênito não é causado
por traumatismo de parto.
 A evidência clínica e científica indica que esta
deformidade é mais provavelmente, o resultado
de uma oclusão venosa resultante de mau
posicionamento intra-uterino e síndrome
compartimental.
Quadro clínico
 Cabeça inclinada em direção ao músculo
contraído
 Queixo voltado para o ombro contralateral
 Se manifesta no parto ou pode se desenvolver no
início do período neonatal por volta da segunda
ou terceira semanas de vida.
 A inclinação lateral da cabeça para o lado oposto
e a rotação do queixo para o lado envolvido são
situações restritas.
 1 mês de vida
• Palpação do músculo esternocleidomastoideo
envolvido evidencia uma tumefação fusiforme (ou
“tumor”)nas cabeças da clavícula e do esterno.
• Trata-se de uma massa insensível , inicialmente
semimole que depois se torna enrijecida

• 6 meses ou mais
• O musculo esternocleidomastóideo afetado se
apresenta contraído, em forma de cordão e
encurtado.
 Caso o torcicolo não seja tratado,as
deformidades secundárias da face e da cabeça
se desenvolvem durante o primeiro ano de
vida.
 Do lado do músculo contraído a face torna-se
achatada
 A face e o crânio ipsilaterais se achatam devido
devido ao remodelamento para a acomodação na
cama
 Assimetria da face aumenta com o crescimento
do esqueleto
 Olhos e orelhas ficam desnivelados
 Pode ocorrer o desenvolvimento gradual de uma
escoliose cervicotorácica com concavidade no
Diagnóstico
 Ao elaborar a história de uma criança com torcicolo
elaborar as seguintes perguntas específicas:
 1) A ordem do nascimento – o torcicolo é mais comum
no primeiro filho
 2)A apresentação do parto- ele é mais frequente nos
partos fórceps e com apresentação de nádegas
 3) Houve quaisquer lesões ou evidência de
traumatismo?
A clavícula foi fraturada por compressão dos ombros
durante o parto difícil?
Quando isso ocorre a tensão sobre o músculo
esternocleidomastóideo inclina a cabeça em direção ao
lado afetado e gira o queixo para o lado oposto.
No RN é comum diagnosticar incorretamente uma
fratura de clavícula com torcicolo muscular congênito.
 4) A cabeça se apresenta inclinada sem
deformidade de rotação?
- A simples inclinação da cabeça sem rotação ,
indica um problema mais difuso, tal como uma
doença inflamatória (linfadenite cervical ou artrite
reumatóide)
5) A criança gira voluntariamente e ativamente o
queixo de um lado para o outro? Existe um
torcicolo alternado?
- Essa condição sugere tumor na medula espinhal
ou do cérebro (fossa posterior).
Exame Físico
 Deverá se metódico e completo
 NÃO COMECE O EXAME TORCENDO OU
ESTICANDO O PESCOÇO.
 Hiperextensão do joelho e quadril é
anormal sugestivo de displasia do quadril
 Reexamine os quadris das crianças
Portadoras de torcicolo muscular congênito na
sexta semana, aos 3 e 6 meses e com 1 ano
para descartar qualquer luxação ou subluxação
do desenvolvimento pós natal
Tratamento
 Na criança o tratamento consiste em exercícios
passivos para estirar o músculo
esternocleidomastóideo retraído.
 Esses exercícios são feitos pelos pais após a
instrução adequada.
Exercício
 Aplique contração segurando o ombro ipsilateral
e o peito com uma das mãos e inclinando a
cabeça lateralmente com a outra para longe do
músculo contraído
 Mantenha o músculo esticado e conte até 10
 Os exercícios devem ser executados de 20 a 30
vezes em cada sessão , quatro a seis vezes ao
dia
Tratamento cirúrgico
 Na criança entre os 12 e 18 meses e acima
dessa idade, é pouco provável que a
manipulação possa alongar o cordão fibroso que
substitui o músculo esternocleidomastóideo.
 Recomenda-se a divisão cirúrgica desse
músculo, particularmente quando a restrição de
amplitude de rotação do pescoço é maior que 30
graus e existe uma deformidade facial.
 Realiza-se a liberação distal do músculo em
questão por meio de excisão parcial da inserção
clavicular e prolongamento em Z da inserção do
esterno.
HALUX VALGO
Definição
 Heuter (1871) introduziu o termo hálux valgo e
descreveu o desvio lateral do grande dedo que
se distancia do eixo mediano do corpo.
 Os aspectos anatomopatológicos e etiológicos
são extremamente variáveis, o que dificulta um
conceito universal, e portanto a designação inicial
representa um conceito genérico , que engloba
múltiplas variantes.
 A morfologia do hálux valgo evidencia o desvio
medial do primeiro metatarsal, a saliência interna
da articulação metatarsofalângica e o desvio
lateral do primeiro dedo.
Etiologia
 Vários fatores que produzem ou predispõem ao
aparecimento do hálux valgo são descritos.
 O uso de calçados inadequados tem sido
considerado a principal causa
 A posição em varo do 1 metatarsiano, que é
normal até 12 graus seria outro fator etiológico.
Fatores intrínsecos
 Pé plano valgo

 Hipermobilidade da primeira articulação


metatarsocuneiforme
 Forma inclinada ou convexa da primeira articulação
metatarsocuneiforme.

A) Esquema e radiografia
da forma plana
(estável)
B) Forma convexa
(instável)
C) Forma inclinada
(instável)
 Forma da superfície articular distal do primeiro
metatarsal(cabeça)
A) Superfície
articular redonda
(instável)
B) Superfície
articular em
forma de V
(estável)
C) Forma plana
(estável)
• Orientação da superfície articular distal do primeiro
metatarsal (ângulo articular metatarsal distal)
 Relação entre as superfícies articulares da
articulação metatarsofalângica do hálux (congruência
articular)
A) Esquema
articulação
congruente
B) Rx articulação
congruente
C) Articulação não
congruente

 Primeiro metatarsal curto ou em varo


1 metatarsal curto e em varo que conduz
o valgismo do hálux
 Fórmula digital

 Flacidez ligamentar
 Inclinação da articulação interfalângica do hálux
Quadro clínico
 Valorizar a presença de dor
 Acometimento da função
 Grau do desvio do alinhamento
 Os sinais e sintomas são explicitados em uma
escala numérica elaborada por Kitaoka e
colaboradores.
 Anamnese : antecedentes familiares,avaliação
detalhada em relação a dor, questionamentos
sobre limitações da atividades,desconforto com
realação ao tipo de calçado etc...
 Dor geralmente relatada na face interna da
articulação metatarsofalângica do hálux que se
intensifica com a deambulação e com utilização
de calçados inadequados.
Inspeção estática
 Desalinhamento do hálux
 Região inflamatória sob a face medial da cabeça
do 1 metatarsal ( atrito com o calçado)
 Calosidade plantar sob a articulação
interfalângica é consequência do desvio e
pronação do hálux.
 A presença de deformidade em garra dos dedos
menores caracteriza o estágio mais avançado.
 Identificar associação de alterações anatômicas
do hálux valgo com o tipo de pé (cavo valgo,
plano valgo etc..)
Inspeção dinâmica
 Marcha claudicante
 Dificuldade de apoio do antepé
 Palpação de pontos dolorosos
 Buscar sinais de hipermobilidade da primeira
articulação metatarsocuneiforme (fator agravante
do desvio em varo do primeiro metatarsal)
Exame radiográfico
 Deve conter:
 Projeções básicas de frente e perfil em posição
ortostática
 Axial para os sesamóides
 Parâmetros usuais
 Ângulo articular metatarsal distal
 Normal até 15 graus
 Medida do ângulo interfalângico do hálux
 Ângulo de valgismo do hálux
 Ângulo intermetatarsal
 Etc...
 -Ângulo de valgismo do hálux mede o desvio em
valgo da articulação metatarsofalângica e sua
gravidade
 10 a 20 graus leve
 20 a 40 graus moderada
 Acima de 40 graus grave

 Ângulo intermetatarsiano do 1 e 2 não deve ser


maior que 12 graus
Tratamento
 Conservador
 Visa somento alívio dos sintomas
 Recomenda-se uso de calçados adequados
 Exercícios
 Prótese para alívio de possível metatarsalgia
 Cirúrgico
 Dor é o fator fundamental para o tratamento
cirúrgico
 Indicação por estática é discutida e não deve ser
indicada
 Artroplastia de Keller
 Osteotomia do primeiro metatarsiano
FIM

victoria beckham

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