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1. INTROUDUÇÃO
Para que serve tudo isso? Nada disso teria sentido caso não se estivesse traba-
lhando em prol da preservação de vidas, instalações e meio ambiente. É uma
questão de SEGURANÇA!. Infelizmente até chegarmos onde estamos hoje, a
história registrou acidentes fatais provocados por equipamentos elétricos ope-
rando em atmosferas potencialmente explosivas que não incorporavam os re-
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quisitos construtivos de segurança. É bom lembrar que até mesmo um disposi-
tivo elétrico de custo muito baixo, como por exemplo, uma simples lâmpada
incandescente pode ser capaz de causar um incêndio ou explosão de propor-
ções catastróficas. Sabemos que existem fabricantes idôneos. Mas sabemos
também que existem outros que não são tão idôneos, e não hesitariam em
diminuir a qualidade do produto desde que o lucro fosse compensador. Mas
mesmo esses fabricantes idôneos não são detentores absolutos da tecnologia e,
portanto necessitam do apoio de um laboratório especializado para o desen-
volvimento de seus produtos. Por outro lado, o usuário desse produto (indústria
de processo) necessita ter garantia de que o equipamento que está sendo ad-
quirido foi construído em conformidade com as respectivas normas, por não
ser ele o próprio fabricante do equipamento elétrico. Como obter essa garan-
tia? Mundialmente reconhece-se que essa garantia pode ser obtida pela apli-
cação de um sistema de certificação, baseado em metodologia aceita interna-
cionalmente, que compreende principalmente na execução de ensaios nos pro-
dutos e na avaliação do sistema da qualidade do fabricante.
Vivemos hoje um cenário que está exigindo de todos nós ações enérgicas e
urgentes, pois há evidências que demonstram o seguinte:
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a) Alto percentual dos equipamentos elétricos para atmosferas explosivas
são comercializados sem o Certificado de Conformidade;
b) Existem fabricantes que sequer conhecem os conceitos primários para a
fabricação desses equipamentos. São meros repetidores de processos in-
dustriais lucrativos, mas que não tem nenhum significado especial para eles;
c) Na indústria química em geral ainda é grande o desconhecimento, tanto
sobre aspectos técnicos, quanto sobre a legislação que obriga à certificação.
Alguns usuários bem como alguns fornecedores tentam justificar sua
inadimplência alegando desconhecimento da lei.
d) O INMETRO, em que pese o grande número de denúncias e solicitações de
fiscalização não tem conseguido desenvolver ações mais fortes e efetivas;
e) Existem usuários que descumprem os preceitos legais simplesmente por-
que acham que o sistema de certificação se constitui em ato cartorário,
burocrático, que emperra o fluxo de suprimento;
f) Existem fabricantes sérios que investiram em certificação de seus produtos
e estão perdendo concorrências para outros que não tem nenhum com-
promisso com a lei e muito menos com a segurança;
g) Outros fabricantes, apostando na impunidade, abusam a ponto de veicu-
larem propaganda em meios de comunicação sobre equipamentos Ex
sem terem os Certificados de Conformidade dos mesmos;
h) Aconteceram explosões em postos de serviço por inadequação de equipa-
mento elétrico aplicado em filtros-prensa de óleo diesel, provocando ações
do INMETRO (ver Portaria INMETRO 103, de 16.06.98).
Fabricaçõo Certificação
NORMAS
TÉCNICAS Laboratório
Fabricantes OCC
Montagem, operação e manutenção
Usuário
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* SEGMENTO - NORMALIZAÇÃO TÉCNICA
Quanto as Normas Técnicas elaboradas pelo SC-31 do COBEI, embora não
estejam completamente em dia com as publicações da IEC, podemos afirmar
que grande parte das mesmas, pelo menos as principais, estão disponíveis
para uso, e no caso das que não foram ainda elaboradas, pode-se utilizar
as da IEC, conforme previsto pela RESOLUÇÃO CONMETRO.
Mas tudo isso é passível de solução, e com o tempo essas pessoas irão se intei-
rando cada vez mais dos porquês e das nuanças relacionadas com o tema.
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* SEGMENTO - USUÁRIOS (PROJETO, MONTAGEM, OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO)
Aqui aparece um cenário muito crítico, uma vez que o usuário (indústrias
químicas, petroquímicas, farmacêuticas, de alimentos, de petróleo) exerce
papel preponderante na manutenção do Sistema de Certificação, pois ele é
o consumidor, aquele que recebe o equipamento para ser instalado em sua
unidade industrial. Se ele não tiver plena consciência daquilo que representa
a Certificação de Conformidade para a sua própria segurança, o sistema
jamais será implementado.
FABRICANTE INESCRUPULOSO +
USUÁRIO DESINFORMADO
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* Décadas utilizando filosofia americana sem ter normas brasileiras;
* Falta de legislação e consequentemente falta de fiscalização.
* Cursos sobre a matéria praticamente somente na PETROBRAS. Com pouca
freqüência, abertos ao público externo, quase que exclusivamente pelo IBP-
Instituto Brasileiro de Petróleo.
* Falta de uma ação mais efetiva da ABIQUIM, que congrega grande parte
dos usuários, para a disseminação desse conceito.
O que fazer?
As ações corretivas dependem basicamente das causas. Parece que uma das
principais causas é a falta de CONSCIENTIZAÇÃO. Porém, corrigir falta de
conscientização é um processo complicado. É necessário haver vontade por
parte das autoridades e dos interessados. É necessário compreender bem as
bases pelas quais nos empenhamos para a obtenção de nossos propósitos. É
preciso fazer menos teatro e ter mais ações. Não podemos nos esquecer de
que os resultados dos acidentes podem ceifar vidas - o que é inaceitável,
insuportável - e provocar danos materiais, e que os processos na Justiça so-
bre responsabilidade civil e penal podem até mesmo inviabilizar a continui-
dade operacional da indústria.
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A ação por parte das autoridades para pressionar as partes envolvidas para
o fiel cumprimento da legislação vigente deixa muito a desejar. Nesse parti-
cular, vale a pena citar, como exemplo de exceção, a iniciativa tomada no
Estado de São Paulo sobre os acidentes de trabalho:
Pena - detenção de três meses a um ano se o fato não constitui crime mais grave".
"A aplicação deste artigo constitui verdadeira medida prática visando pre-
venir a ocorrência de acidentes do trabalho".
Continuando, menciona:
"Oportuno aqui comentar que o Artigo 132 do Código Penal pune a simples
exposição a título de perigo para a vida ou saúde do trabalhador".
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Celso Delmanto em seu Código Penal comentado discorrendo sobre este
crime enfatiza que tal infração "foi instituída tendo em conta, principal-
mente os acidentes do trabalho sofridos por operários em razão do des-
caso dos patrões. Entretanto, este importante aspecto do Art. 132 do CP
tem sido quase esquecido".
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para todos aqueles que transitam na unidade de processo, com o fim de
minimizar o nível de desconhecimento, para posteriormente avaliar e corri-
gir o passivo Ex porventura existente em suas instalações.
Esse quadro lamentável tem gerado situações de risco e têm colocado várias
unidades industriais em situação de total ilegalidade, sujeitas a penalidades
em caso de auditoria pelas autoridades competentes.
Pode-se listar um sem número de práticas desonestas feitas por esses fabri-
cantes que não têm nenhum compromisso com a segurança, e menos ainda
com o desenvolvimento do produto.
Alguns deles são renomados, tradicionais no mercado, razão pela qual nos
causa ainda maior espanto, e nos faz refletir sobre essa situação insustentá-
vel, procurando uma resposta para a solução do problema.
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Para exemplificar, escolhemos um fato acontecido recentemente, que demonstra
a disposição que alguns têm para trilhar o caminho do ilícito.
DESCRIÇÃO DO FATO
* É tradicional do mercado;
* Demonstrava ter conhecimento a respeito do conceito de Certificação de
Conformidade e sua importância;
* É freqüentador de Seminários e Encontros sobre essa matéria, inclusive
Encontros especificamente sobre Certificação Ex.
* Participa de grupos de estudo para elaboração de Normas Brasileiras so-
bre a matéria.
Foi necessário, portanto, revisar a Portaria para que essa possibilidade fosse
eliminada.
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"Art. 1º - Manter a obrigatoriedade de que todos os equipamentos elétricos, aces-
sórios e componentes, para atmosferas potencialmente explosivas, comercializados
e utilizados no Brasil, em atendimento à legislação vigente, salvo as exceções pre-
vistas, ostentem a identificação da Certificação do Sistema Brasileiro de Certificação
- SBC, em conformidade com a Regra Específica para a Certificação de Equipa-
mentos Elétricos para Atmosferas Explosivas (NIE DINQP 096)".
A MÁ FÉ
Para nós fica muito difícil compreender como um fabricante tradicional, que
comprovadamente conhece as normas e especificações para esse tipo de equi-
pamento, pode pensar que o acessório que estará acoplado ao invólucro à
prova de explosão não necessite ser Certificado.
Realmente podemos admitir que houve uma falha na redação da Portaria 121,
mas muito mais importante que a redação do texto, é o CONCEITO e mais ainda
a CONSCIÊNCIA, e porque não falar também na IMAGEM do fornecedor?
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Este fato aconteceu numa indústria petroquímica, durante uma parada
programada para inspeção de um vaso de hidrocarbonetos. Para fazer
essa inspeção, foi chamado um técnico de segurança de grande experiên-
cia, mas que nunca havia participado de nenhum curso sobre instalações
elétricas em atmosferas potencialmente explosivas, e portanto não sabia
reconhecer a marcação de um equipamento à prova de explosão, nem
sequer sabia que esses equipamentos eram objeto de certificação compul-
sória. Para iluminar o interior do vaso, o mesmo pediu uma luminária à
prova de explosão. Foi entregue a ele uma dessa, fabricada pela empresa
CERTIFICADO NUNCA VIU LTDA., a qual não tinha nenhuma marcação e
muito menos Certificado de Conformidade.
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Fig. 2 – O flange de entrada do vaso é aberto e é entregue ao técnico uma
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Fig. 4 – Ao tentar puxar a luminária pelo cabo, o prensa-cabo não suportou o
esforço de tração e os
Prensa-cabo não Ex d
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CONCLUSÃO
Deste modo, quer-se com este trabalho, deixar essa questão para ser refleti-
da e bem analisada por todos nós. Precisamos urgentemente buscar respos-
tas a algumas perguntas que nos afligem e nos colocam muito apreensivos
em relação ao futuro da Certificação Ex no Brasil, e com as estatísticas de
acidentes do trabalho também.
Daí, as perguntas:
CRIMINOSO?
IRRECUPERÁVEL?
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