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SÍNTESE SOBRE A ILÍADA.

José Roney de Freitas Machado

A Ilíada foi uma da grandes obras literárias elaboradas por Homero. O termo
Ilíada, derivada de Ilíon, que significa Tróia. Muito se discute se de fato ocorreu tal guerra
(se sim, esta deve ter se dado por volta de 1200 a.c). De qualquer modo, isso não diminui
o valor literário da obra que, a saber, inaugurou o que conhecemos como literatura épica
(Homero sistematizou por escrito o imaginário religioso e cultural dos gregos,
imortalizando nas páginas de dois livros suas memórias – que antes eram transmitidas
oralmente).
A obra Ilíada retrata o 10º ano da guerra de Tróia, ou seja, começa no episódio da ira de
Aquiles contra o rei Agamenon. As motivações da guerra, bem como o seu desfecho não
foram grafadas no seu texto. Não obstante, recorrendo à memória dos gregos (que tinham
pleno conhecimento de tais mitos), podemos apresentar o pano de fundo que serve de
palco para a trama da guerra propriamente dita (a intervenção dos deuses na guerra).
Havia uma deusa Ninfa chamada Tetis (linda), pela qual Zeus e Poseidon se
interessaram. Não obstante, em torno da existência desta ninfa, havia também uma
profecia que afimava que, aquele que se casasse com Tetis, seria destronado pelo filho
que com ela viesse a ter (Os deuses gregos temiam ser destronados). Por esta Razão, Zeus
e Poseidon casam Tetis com um velho mortal chamado Peleu, para que o seu filho
nascesse de algum modo enfraquecido (Seu filho foi o grande herói aquiles, que banhado
no Rio Esfinge, tornou-se um semideus – Ele tinha como ponto franco a parte do pé que
não fora banhada, por onde eles o seguraram para banhá-lo no rio, mais precisamente o
seu calcanhar). Na festa de casamento, dentre outros, encontravam-se as deusas Afrodite,
Era e Atenas. A deusa Eris (deusa da discórdia), enfurecida por não ter sido convidada
para o casamento, foi até lá sem ser notada e deixou uma maça de ouro sobre uma mesa
com os seguintes dizeres: para a mais bela. Zeus e Poseidon, ao virem o príncipe Paris de
tróia caminhando pelos campos, convidaram-no para presentear uma das deusas com a
maça. As três deusas fizeram sua proposta para o Príncipe Paris. Entretanto, a oferta de
Afrodite foi a que mais lhe chamou atenção; ora, pois, ela lhe prometeu que, se ele desse
a ela a maça, concederia-lhe a mulher mais linda do mundo, Helena. Então Paris escolheu
Afrodite como a deusa mais bela, presenteando-a com a maça.
Anos depois, Paris conhece Helena, Esposa de Menelau, Rei de Esparta. Perdido
de amor por ela (entendendo que Afrodite havia cumprido com o trato), Paris rapta helena
e a leva para Tróia. Menelau enfurecido, mobiliza reis de inúmeras cidades (Inclusive seu
irmão Agamenon) e parte para Tróia a fim de reaver a sua esposa, bem como a sua honra.
Aqui dá-se início a guerra de Tróia. Neste contexto mítico, Tetis faz uma profecia para o
seu filho Aquiles (herói já constituído). Ela o comunicou que ele estava diante de dois
caminhos: ou participava da guerra e teria uma vida breve e uma glória longa, ou não
participava da guerra e teria uma vida longa e uma glória curta. As circunstâncias
acabaram pois por levar Aquiles à primeira opção.
A guerra de troia foi feroz, muitas pessoas morreram ao longo dos 9 anos de
conflitos que se sucederam. A Ilíada, como fora dito anteriormente, começará no 10º ano
da guerra de Tróia, no contexto da ira de aquiles contra Agamenon, que lhe roubou
Briseida (um espólio de guerra – recompensa – escrava). Aquiles fica indignado e
abandona a guerra (aqui, os gregos – aqueus – sofrem sucessivas derrotas), e só retorna
depois que seu primo Pátroclo morre em batalha (Pátroclo, ao perceber que aquiles havia
saído da guerra, traveste-se como o herói e vai para o campo de batalha para motivar o
exército grego).
Até este momento, Os gregos não haviam conseguido invadir Tróia, cidade muito
bem guarnecida e fortalecida, com muros intransponíveis. Foi então que, Ulisses, também
conhecido como Odisseu (Rei de Ítaca, grande personagem da segunda obra de Homero
- A Odisseia – que retrata o retorno de Ulisses da guerra de Tróia para o seu lar), teve a
ideia de construir um cavalo gigante de madeira e oferece-lo ao povo de Tróia como um
presente de reconhecimento de sua superioridade em relação aos gregos. Os Troianos
aceitam de bom grado o presente (Daqui deriva o termo “presente de grego, como sendo
algo ruim). Não obstante, dentro do cavalo haviam inúmeros soldados que, no momento
oportuno, saíram e surpreenderam os Troianos dentro de seu próprio território. Aquiles
era um dos combatentes que estavam escondidos dentro do cavalo. Ao sair, ele começa a
eliminar muitos troianos. Dentre estes troianos, Aquiles mata o príncipe Heitor, filho do
rei Priamo, irmão do Príncipe Paris; e para mostrar a superioridade dos gregos em relação
aos troianos, arrasta o seu corpo ao longo de toda a cidade. Neste ponto termina a obra
Ilíada (sem um desfecho).
Recorrendo uma vez mais aos mitos que já se encontravam na memória do povo
grego, podemos complementar esta epopeia. Os gregos venceram a guerra, Paris vinga
seu irmão e mata Aquiles com uma flechada (orientado pela deusa, Paris acerta com a
flecha o ponto fraco do grande herói Aquiles: seu calcanhar), Helena volta para Esparta
com Menelau e Tróia pega fogo.
Uma vez esboçado o resumo da obra a Ilíada, urge apresentarmos alguns pontos
importantes para a nossa reflexão e compreensão da mesma no que diz respeito a sua
importância e envergadura para o povo grego. Primeiro, a obra apresenta o herói como
uma figura idealizada, mais aperfeiçoado que as demais pessoas, a fim de inspirá-las a
buscarem ser tão boas quanto eles. Segundo, o texto apresenta a paixão como sendo algo
negativo, portanto a palavra grega para tal sentimento é pathos, que significa patologia,
doença (a guerra de Tróia e todas as suas consequências funestas foram o resultado de
uma paixão avassaladora e desmedida – a paixão é excesso e transgressão). Por fim, a
obra apresenta o ideal grego da moderação, do equilíbrio, da racionalidade que deve
imperar sobre as paixões, portanto, os heróis gregos são exatamente aqueles que são
capazes de dominar os seus instintos, controlar as suas paixões (este ideal – apresentado
embrionariamente por Homero - é algo que se verificará na base do discurso filosófico)

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