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INTERNACIONALIZAÇÃO MUNICIPAL COM BASE NA REDE


MERCOCIDADES, NA PARADIPLOMACIA E NA INTEGRAÇÃO REGIONAL:
O CASO DE TERRA DE AREIA

Priscilla Braga Scisleski¹1

Resumo

Este trabalho versa a respeito de temas pertinentes as Relações Internacionais


no que diz respeito ao desenvolvimento de entes subnacionais com ênfase na
formação de redes que formulam e estimulam as ações turísticas, esportivas,
culturais e administrativas no campo do desenvolvimento dos agentes estatais
subnacionais, transformando assim Terra de Areia em um novo ator no cenário
das relações internacionais. Seu propósito é o de idealizar a viabilidade do
desenvolvimento turístico e cultural do município de Terra de Areia,
transformando-a em pioneira e inspiração para as cidades da região norte
litorânea do Rio Grande do Sul, utilizando para tanto a inclusão em redes, com
foco principal na Rede Mercocidades e na paradiplomacia, bem como na
inserção da integração regional com o intuito de realizar uma interdependência
entre cidades (city-to-city) de forma a possibilitar seus crescimentos de maneira
horizontal e contínua como premissa para o desenvolvimento municipal e
regional. Este trabalho está dividido em três partes: A primeira relata a criação
do município e suas particularidades, a segunda versa sobre a Rede
Mercocidades, sua criação e seus objetivos e a terceira conta com a idealização
de possíveis projetos a serem desenvolvidos nos âmbitos municipal e regional.
Caracteriza-se pelo método de pesquisa exploratória e qualitativa, bem como
pelo levantamento teórico, documental, histórico e bibliográfico.

Palavras-Chaves: Terra de Areia. Paradiplomacia. Rede Mercocidades.


Turismo. Cultura. Desenvolvimento Municipal. Integração Regional. Litoral Norte
do RS.

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Discente no curso de graduação em Relações Internacionais no Centro Universitário
Internacional -UNINTER
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Introdução

Situado no litoral norte do estado do Rio Grande do Sul, a cerca de 150 km da


capital Porto Alegre, no entroncamento das rodovias ERS-486, também
conhecida como “Rota do Sol” e da BR 101, fazendo divisa com os municípios
de: Três Forquilhas, Itati, Arroio do Sal, Três Cachoeiras, Capão da Canoa e
Maquiné. Com população aproximada de 11 mil habitantes e com PIB per capta
de R$ 13.026. Possuindo uma área territorial de aproximadamente 135 km², está
o município de Terra de Areia, cidade conhecida como “A Capital do Abacaxi”,
devido as suas plantações do fruto com propriedades cítricas e de sabor
bastante doce e intenso. Município este que já foi de suma importância para o
escoamento de produções e ligação de transporte entre os principais polos da
região, mas que com a criação da malha rodoviária que rodeia a cidade, deixou
de ser ponto de parada para os comerciantes e até mesmo deixando de ser
atração para turistas e veranistas pelo pouco investimento na infraestrutura
turística e cultural. No intuito de modificar essa situação e reestruturar o
crescimento social e econômico, realizamos um estudo dos principais fatores
que possibilitariam o desenvolvimento turístico e cultural do munícipio, utilizando
a perspectiva de baixo investimento inicial, a utilização dos recursos naturais da
região e a ideia das cidades em rede, com o uso da Rede Mercocidades e a
paradiplomacia, além da integração regional visando uma interdependência com
crescimento horizontal, a fim de alavancar a economia e recuperar o turismo, o
esporte e a cultura local.
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Breve relato da história do município

A colonização do município de Terra de Areia iniciou ainda no século XVIII, com


a distribuição das primeiras sesmarias (lote de terras distribuído para um
beneficiário pelo rei de Portugal, com o intuito de cultivar terras virgens). O
município de Terra de Areia teve seu povoamento atual iniciado com a chegada
de imigrantes alemães que se fixaram inicialmente no Vale de Três Forquilhas
(hoje município de Itati) onde fundaram a colônia de Três Forquilhas. A região,
situada entre a serra e o mar, era lugar propício para o escoamento de produção
das duas regiões, sendo rota dos tropeiros que transportavam sua produção por
trilhas abertas na encosta dos morros, onde tinham como destino as cidades de
Osório e Porto Alegre. De acordo com Ruschel (1992),

O terceiro acesso à Serra denomina-se de “Serra do Pinto”, servindo


de ligação entre a cidade de Terra de Areia e a localidade serrana de
Tainhas. Esta trilha começa a ser percorrida com a implantação da
colônia alemã de Três Forquilhas em 1827

Com a criação do porto na colônia de Cornellius, a região tornou-se ponto


importante do transporte de produções e, no início dos anos de 1900, ao ser
criado uma ligação entre duas lagoas através de um sangradouro, pode expandir
a abrangência de seus produtos e mercadorias (em especial o abacaxi e a
banana, produtos que até hoje engrandecem o nome da cidade por suas
características e sabores diferenciados), trazendo assim o progresso para a
região. O nome Terra de Areia surgiu pela diferença da terra, que era mais
arenosa na área onde hoje fica o município. Conforme relata TRESPACH,

No final dos anos 1800, a economia do vale teve aquecimento


importante, em decorrência da navegação através das lagoas Itapeva
e Quadros, as quais foram unidas por um sangradouro. Aliado a isso,
instalou-se e se desenvolveu o porto do Rio Cornélius (rio também
conhecido como Sangradouro de Cornélios), porto movimentado e
repleto de agitação e progresso, que exportava abacaxi e banana em
larga escala para outras cidades do estado nos tempos em que a
malha rodoviária ainda era incipiente.
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Navegação lacustre;
O início do desenvolvimento econômico atual do município se deu em meados
do Sec. XIX onde a navegação pelos lagos e lagoas do litoral norte do Rio
Grande do Sul teve seu início e graças a ele ocorreu o começo do processo de
crescimento e desenvolvimento dos balneários e vilarejos que circundavam a
região. Mas foi no início da década de 1910 que o caminho para a navegação
lacustre foi iniciado de forma mais ampla, com a preparação e criação de canais
hídricos com o intuito de ampliar as passagens das lagoas a fim de permitir que
embarcações maiores pudessem navegar entre os lagos e lagunas para
transportar suas mercadorias de forma mais rápida, mais barata e menos
cansativa. Conforme expõe SILVA (1985)

[...] Canoas e pequenos barcos a vela singravam uma lagoa e outra até
onde era possível. O junco e os baixios dificultavam a passagem pelos
canais. Arrecadavam os produtos cultivados nas redondezas, pela via
lacustre, para depois, transportá-los em carretas até a capital. [...]. Nos
primeiros tempos, mais importavam que exportavam, trazendo aos
seus lares os produtos que faltava. (SILVA, 1985, p. 54)

Esta forma de transporte teve seu ápice em 1921, onde fora construída linha
férrea ligando o porto de Osório a Palmares do Sul, com seus 53 quilômetros de
extensão, de onde se iria, novamente por via lacustre, fazer chegar até Porto
Alegre a produção litorânea. Atualmente, a navegação lacustre não é mais
utilizada como transporte comercial de mercadorias na região, sendo mais
comumente utilizadas as estradas ERS-486 (serra-litoral) e a BR 101 como
podemos observar com o que diz ALVES

A ERS-486 é, [...], o principal acesso para o litoral norte do Estado. Já


BR-101, articulada com outras rodovias de nível federal, liga o país de
sul à norte, sendo uma importante via de comunicação para as capitais
dos Estados litorâneos do Brasil. Também é uma das principais
alternativas para a efetivação das conexões viárias com os países
membros do Mercosul e, no Rio Grande do Sul é responsável por
oferecer acesso aos diferentes municípios litorâneos.
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Criação da Rede Mercocidades e seus objetivos

Em março de 1995, em Assunção (capital do Paraguai), durante uma reunião


dos países integrantes do MERCOSUL e seus associados, realizou-se o
seminário "Mercosul: Oportunidades e Desafios para as Cidades". Diante das
dificuldades expostas pelos países em desenvolver suas cidades, surgiu a ideia
de se formar uma rede das cidades integrantes do MERCOSUL, com a intenção
de utilizar a cooperação horizontal entre essas cidades para auxiliar a
desenvolver suas economias e assim melhorar e ampliar a visão dessas cidades
na região (e de forma global). Em novembro do mesmo ano, a cúpula de cidades
integrantes do Mercosul, fundou a Rede Mercocidades, com a união de 11
cidades, sendo 6 destas pertencentes ao Brasil, e dentre elas Porto Alegre,
capital do RS. Um ano após este evento, numa segunda reunião, a Rede já
contava com 19 cidades. Atualmente, 22 anos após sua fundação, a Rede conta
com a integração de aproximadamente 323 cidades dos seguintes países:
Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e
Venezuela.

[...] A Primeira Cume da Rede em Assunção, culminando a mesma com


a assinatura da Ata de Fundação da Mercocidades pelos prefeitos das
cidades participantes, convencidos de que o Mercosul precisava de
maneira imperiosa dessas cidades para consolidar uma visão de
autêntica cidadania partindo desde as sociedades locais.

Para entendermos o conceito do que são as cidades em rede e de seus pré-


requisitos, podemos mencionar MENEGHETTI

São cidades que dispõem de tecnologia mínima: uma linha telefônica


local, um computador pessoal e um modem (para conectar o
computador à linha telefônica) e que estão integradas e associadas a
outras através da Internet. Fazem parte de um grupo que tem os
mesmos objetivos e procuram trocar informações dentro de um
contexto de cooperação internacional. Cumprem um amplo programa
que abrange temas educacionais, de saúde, de transportes, de meio
ambiente, etc...
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De acordo com o seu estatuto e regulamento, dentre os objetivos da Rede estão:

3. Incidir nas agendas internacionais e nos organismos multilaterais;

4. Impulsionar a criação de alianças entre as cidades através de suas


instâncias, promovendo o diálogo, desenvolvendo ações, programas e
projetos de interesse comum intermunicipal na construção de uma
agenda estratégica do processo de integração;

5. Promover o diálogo e a cooperação entre as redes de cidade sul-


americanas;

7. Adotar uma agenda autônoma concreta baseada em indicadores e


metas próprias para as cidades dos países do MERCOSUL e da
UNASUL;

8. Criar mecanismos de cooperação entre as cidades sul-americanas,


a fim de facilitar o intercâmbio de experiências e informações, bem
como o acesso dos cidadãos e cidadãs aos centros municipais de
pesquisas, desenvolvimento tecnológico e cultural;

10. Potencializar os recursos humanos e as experiências


administrativas para gestões locais;

11. Coordenar a planificação e a promoção de ações vinculadas ao


desenvolvimento urbano das cidades;

12. Coordenar projetos e desenvolver programas integrados com o


objetivo de facilitar a realização de serviços e qualificar a infraestrutura
urbana;

13. Propugnar a cooperação entre governos locais no campo das


ciências e da tecnologia;

14. Desenvolver e potencializar atividades comuns e integradas


vinculadas à cultura, recreação, esporte e turismo;

15. Desenvolver e planejar o turismo regional;

16. Realizar estudos e colaborar na elaboração de planos e estratégias


na área urbana e ambiental com o objetivo de harmonizar e coordenar
as ações nesta área;

17. Colaborar na planificação das políticas e planos de


desenvolvimento das cidades, levando em conta a necessidade de
melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e cidadãs;
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19. Impulsionar a formulação, adoção e avaliação de políticas públicas


comuns nas cidades-membro da Rede;

20. Impulsionar a criação de Unidades Temáticas entre governos


locais, com representação integrada, para a planificação e o
desenvolvimento de projetos comuns e regionais;

25. Promover e fortalecer a integração de MERCOCIDADES com


outras instituições internacionais;

26. Promover e apoiar o acesso a financiamentos internacionais de


governos locais em nível regional e global.

Importante frisarmos que para a inclusão e permanência dos municípios na Rede


de cidades do Mercosul (Mercocidades) é importante que o município esteja
disposto a participar ativamente da Rede, comparecendo aos eventos
promovidos por ela e pelas demais cidades, bem como a criação de eventos que
proporcionem o conhecimento sobre a Rede, como fóruns, reuniões...
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Possibilidades de desenvolvimento turístico


Para entendermos as possibilidades de desenvolvimento existentes para Terra
de Areia, precisamos primeiro conhecer o cenário que circunda a cidade e as
características do litoral norte gaúcho. As cidades desta região estão localizadas
entre serra, lagoas e mar, a maior exploração turística está voltada a ação de
veraneio, onde milhares de turistas se deslocam todo ano por um período de 3
a 4 meses, para aproveitar o que o litoral norte gaúcho oferece. Entretanto este
aproveitamento do turismo local fica restrito as áreas litorâneas, já os pequenos
balneários de água doce são pouco utilizados, pois os investimentos primam
lugares com acesso direto ao mar. Atrações como museus e atividades de
ecoturismo são restritas e pouco divulgadas, passeios fluvio-lacustres ou locais
de aproveitamento das orlas, para esporte e entretenimento, são raros e muitas
vezes precários, não atraindo o interesse de turistas.

Em meados de 2016, a cidade de Osório inaugurou um memorial permanente


denominado Memorial das Águas, onde faz referência ao porto de Osório, que
celebra a história da navegação flúvio-lacustre, revivendo os tempos do auge
desta atividade. Com o estudo deste modo de navegação e os caminhos que os
tropeiros realizavam, pode-se perceber as possibilidades de desenvolvimento
econômico existentes na interligação da história das cidades envolvidas neste
processo.

Cachoeiras, cascatas, paredões, miradouros, reservas ambientais, cartões


postais naturais, locais propícios ao turismo rural, ao esporte sobre rodas, ao
esporte aquático (como canoagem, remada, vela, sky aquático, windsurfe,
rafting, stand up paddle, entre outros), além de trilhas ecológicas (com acesso a
pé, de bicicleta ou motocross). Em uma breve leitura sobre a região, é possível
analisar um vasto campo de ações que podem alavancar este desenvolvimento.
Cidades como São Francisco de Paula, Itati, Três Forquilhas, Maquiné, Três
Cachoeiras, Terra de Areia e Osório unidas pela integração regional. Além
destas, Palmares do Sul, cidade que permitiu o escoamento da produção por
tantos anos, teria a chance de “reativar” sua linha férrea para turismo e lazer e
assim fazer parte deste ‘bloco’ de cidades. O litoral, de forma geral, também
poderia se beneficiar desta integração, e com isso compartilhar deste
desenvolvimento. As lagoas ainda banham as cidades de Torres, Arroio do Sal,
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Capão da Canoa e Xangri-lá, assim como existem ligações com os rios que
cortam as cidades de Imbé e Tramandaí e que também poderiam ser exploradas
neste contexto.

A exemplo da ação realizada por Osório, o pioneirismo de Terra de Areia no


cenário da Rede começaria pelo desenvolvimento de projetos de recuperação
da história local, recontando os caminhos trilhados pelos desbravadores e
utilizando os cenários naturais existentes em seu território para promover o
ecoturismo e o turismo cultural. A parceria com as cidades da região fomentaria
a ideia de rota turística e permitiria que as principais características e produtos
de cada uma delas fosse explorado ao máximo com a maior exposição de seus
pontos turísticos e a criação de cardápios baseados nos produtos produzidos
pelas cidades pertencentes a rota.

A exploração de esportes nas lagoas permitiria uma ligação entre as cidades e


a criação de circuitos e campeonatos que poderiam ser adicionados ao
calendário regional e nacional, bem como transformar a região em local para
treinamentos de atletas nacionais, atraindo assim investimentos e oportunidades
para a região.

Na educação, o incentivo aos estudos do ecossistema da lagoa possibilitaria a


parceria com a universidade federal do estado e a criação de polo permanente
ou polo de estudos avançados, trazendo a oportunidade de novos cursos
universitários para a região e a disponibilização de profissionais em formação
para estágio na rede municipal, em um intercâmbio entre estudantes e
comunidade.
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Desenvolvendo o turismo com base na integração regional e na


paradiplomacia

A região do litoral norte gaúcho, além do mar que nos circunda, é rica em rios,
lagos e lagunas, onde, seu aproveitamento é precário e sem muito investimento.
Pensando nas carências da região, criamos um ideal para desenvolvimento
conjunto e integrado, utilizando a integração regional como base para a criação
de centros de esportes (náuticos, sobre rodas e com acesso a natureza) e
também a integração com o turismo rural, proporcionado excursões e passeios
(escolares e particulares) em fazendas e trilhas abertas para criar um vínculo
maior do ser humano com a natureza.

Esta região, exuberante em suas belezas naturais, dispões de cachoeiras e


cascatas famosas, que atraem alguns turistas, mesmo que ainda em pequena
escala. A criação de trilhas ou rotas rusticas que percorram o caminho de “ponta
a ponta” do litoral norte gaúcho, possibilita uma integração consistente com os
demais municípios, além de necessitarem de um custo relativamente baixo em
seu investimento por contar com a natureza como infraestrutura-base. Seria
possível unir as cidades litorâneas de Osório à Torres, passando pelos mais
diversos municípios, com uma diversidade de fauna e flora e uma beleza única.

O resgate das trilhas antigas e a criação de novos espaços para a prática de


motocross e mountain bike, também seria uma forma de integrar o ecoturismo
com as culturas da região, dados os diversos grupos esportes existentes, além
da possibilidade de aulas e passeios com excursões para exploração e
conhecimento da fauna e flora locais.

O aproveitamento dos canais fluviais e lacustres, pouco utilizados pela região,


podem ser utilizados para a criação e ampliação de esportes náuticos, como já
indicados. Além da possibilidade da criação de restaurantes flutuantes em
pontos estratégicos das lagoas, possibilitando a inclusão de novas empresas
gastronômicas, além de melhorar as possibilidades das já presentes na região e
também a ampliação das opções de gastronomia local, além, é claro, de
proporcionar um vasto contato com a natureza e uma visão privilegiado do pôr-
do-sol em uma vista paradisíaca com o esconder do sol entre os morros-Oeste
e o posicionamento das águas das lagoas a leste.
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Educação: O desenvolvimento humano e ambiental

Como estamos tratando de cidades do interior do estado, temos um número


grande de escolas municipais e poucas escolas e investimentos estaduais. A
criação e o incentivo ao turno inverso nas escolas abririam o espaço necessário
para que a tradição, o esporte e a cultura ecológica pudessem estar presentes
nas escolas municipais, auxiliando na descoberta de novos talentos e permitindo
o desenvolvimento social sustentável. A criação de hortas comunitárias
monitoradas pelas escolas, auxiliaria na reaproximação com as atividades rurais
e incentivaria a cultura de preservação do meio ambiente, além do fato de poder
reduzir os custos governamentais com relação a alimentação diária dos alunos,
incluindo a utilização dos produtos por eles cultivados como incremento nas
merendas, auxiliando na boa nutrição de toda comunidade estudantil. A
articulação com profissionais e estudantes do curso de biologia marinha
(disponível no CICLIMAR, em Imbé) e educação física (ESEF, UFRGS) das
faculdades federais, abriria a possibilidade de parcerias na criação de estágios,
bolsas de estudo e incentivo de estudos nas áreas afins, proporcionando o
intercâmbio de conhecimentos específicos das áreas e em contrapartida, as
escolas locais teriam o retorno em cursos curriculares de esportes náuticos e
preservação ambiental.
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Considerações finais

O aumento considerável da interdependência e da globalização na região do


Mercosul e do mundo, nos mostra que não há como permanecer isolados e
conquistar um crescimento favorável e necessário para o desenvolvimento dos
entes federados subnacionais, com isso, a inclusão do município de Terra de
Areia na Rede Mercocidades com o uso da paradiplomacia, beneficiaria não
apenas o município em si, como todo o aglomerado de municípios que formam
a região litorânea do RS (com a possibilidade da multiplicação de organismos
internacionais, a criação de zonas de livre comércio, ONGs e até mesmo com a
participação de empresas transnacionais no município), com a cooperação e
integração regional em âmbito nacional e até mesmo internacional, a medida que
fortalece os vínculos turísticos e culturais na região, aumentando sua
visibilidades e melhorando suas perspectivas no cenário econômico e de
desenvolvimento nos mais amplos aspectos, como turismo, cultura, educação...
Dispondo assim da criação de políticas públicas de forma mais facilitada e coesa
à realidade do município.

Nota-se os benefícios trazidos ao município e sua região pela possível inclusão


na Rede Mercocidades, pois suas necessidades e potencialidades de
desenvolvimento estão englobadas nos objetivos tanto do município quanto da
Rede.

O desenvolvimento socioeconômico para alavancar o município se demonstra


mais que uma necessidade, sendo um divisor de aguas para o seu futuro. E com
esta perspectiva podemos entender que Terra de Areia é um município com
diversas possibilidades para alavancar o seu crescimento e o de sua região, uma
vez que os municípios pertencentes a Rede e ao Mercosul, tem vantagens e
prioridade de investimentos entre si, para tanto é necessário que o município e
seus dirigentes não permaneça estáticos mediante o crescimento global e
executem projetos que auxiliem neste desenvolvimento, sendo necessário boa
vontade e um esforço quase mínimo para elaboração e criação de projetos que
possibilitem a inclusão de Terra de Areia no mapa Rio-Grandense de forma
efetiva e participativa, uma vez que as possibilidades para desenvolvimento,
como demonstradas neste trabalho são inúmeras, fazendo com que o município
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possa servir de exemplo para os demais municípios circundados pela mesma


região a ponto de criar mais laços e desenvolver não apenas para si, mas para
todos, fazendo jus ao bordão do município, “Terra de Areia, Terra de Todos”.
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Referências bibliográficas

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