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VOLUME
Práticas Escolares de
Alfabetização e Letramento
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VOLUME
Antônio Augusto Gomes Batista Práticas Escolares de
Ceris Salete Ribas da Silva
Maria das Graças Bregunci Alfabetização e Letramento
Maria Lúcia Castanheira
Sara Mourão Monteiro
Com a colaboração de
Alessandra Latalisa de Sá
Cláudia Rocha de Paula
Flávia Helena Pontes Carneiro
Kely Cristina Nogueira Souto
Maria José Francisco de Souza
Nota: Também são autores desta publicação Ceris Salete Ribas da Silva, Maria das
Graças Bregunci, Maria Lucia Castanheira, Sara Mourão Monteiro e colaboram com
esta publicação: Alessandra Latalisa de Sá, Cláudia Rocha de Paula, Flávia Helena
Pontes Carneiro, Kely Cristina Nogueira Souto, Maria José Francisco de Souza.
CDD _ 372.4
Catalogação da Fonte : Biblioteca da FaE/UFMG
FICHA TÉCNICA
Editor
Antônio Augusto Gomes Batista
Revisão
Heliana Maria Brina Brandão
Ceres Leite Prado
Flávia Ferreira de Almeida
Projeto Gráfico
Marco Severo
Direitos reservados ao Ministério da Educação (MEC) e ao Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale)
Proibida a reprodução desta obra sem prévia autorização dos detentores dos direitos
Sumário
APRESENTAÇÃO 7
3. CAPACIDADES DE ENSINO: 69
USOS DA LINGUAGEM PELO PROFESSOR
PALAVRAS FINAIS 87
SUGESTÕES DE LEITURA 89
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Apresentação
Em razão desses objetivos, este volume está estruturado em torno de duas partes ou núcleos
organizadores:
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Apresentação
Finalmente, é importante observar que, no decorrer deste volume, além das reflexões feitas,
a partir das atividades apresentadas e dos episódios vividos em sala de aula, serão propostas
diversas reflexões, leituras, exercícios e outras atividades, que podem contribuir com novas
perspectivas para a organização e condução do planejamento diário em sala de aula.
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Capítulo 1
Princípios metodológicos:
tempo e planejamento
Vimos nos volumes anteriores que a progressão do trabalho docente depende da faixa etária
dos alunos e de sua inserção em cada um dos três primeiros anos de escolaridade. A trajetória
escolar de cada grupo de crianças leva o professor a considerar: (i) o desenvolvimento e a
aprendizagem já conquistados na escola e fora dela; (ii) o que deve ser ensinado para que
todo o grupo tenha oportunidade de avançar nesse aprendizado; (iii) as abordagens
metodológicas mais adequadas para alcançar suas metas de trabalho.
Essa progressão também pode ser definida pela avaliação contínua do desempenho dos
alunos na sala de aula. Partindo das informações sobre o processo de aprendizagem dos
alunos, muitas vezes evidenciado pelo desempenho deles na realização das atividades
propostas, o professor decide o ritmo de seu trabalho na sala de aula e quais conhecimentos
e capacidades precisam ser introduzidos, sistematizados ou retomados a cada dia.
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Como vimos no volume 2, as capacidades lingüísticas, nesta Coleção, são descritas por
procedimentos “observáveis” (Introduzir, Trabalhar, Consolidar) que precisam ser considerados
sempre a partir dos avanços das crianças no processo de alfabetização. São esses componentes
“observáveis” das capacidades – e seu desenvolvimento nas atividades – que devem orientar
a sua distribuição ao longo do ano e a abordagem metodológica a ser privilegiada no trabalho
pedagógico. Em outras palavras, para a organização do planejamento cotidiano da alfa-
betização, o professor deve decidir: (i) quais capacidades previstas no seu planejamento
anual devem ser introduzidas? (ii) quais capacidades previstas no planejamento precisam
ser trabalhadas sistematicamente?
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Sob essa perspectiva metodológica, do ponto de vista do tempo, é possível prever a inclusão
mais alternada e flexível das atividades no planejamento diário. O importante é não deixar
de adequar essas atividades às possibilidades de aprendizagem dos alunos, considerando seus
conhecimentos prévios e as características de todo o grupo.
zação precisam ser consolidadas a cada ano da escolaridade, tornando-se, dessa forma, vários exemplos de
condição para o avanço das crianças e a aquisição de novos conhecimentos. atividades que exploram
Conseqüentemente, essas capacidades precisam ser trabalhadas todos os dias, de forma estratégias indutivas de
intensiva e freqüente. Para que essa abordagem não seja realizada de forma mecânica, aprendizagem nas capaci-
deve-se adotar uma perspectiva metodológica indutiva, por meio da qual privilegiam-se dades da alfabetização.
atividades de análise e comparação por diferenças e semelhanças dos diversos objetos ensinados,
além de explorar diferentes estratégias de memorização.
Outra estratégia importante é a avaliação contínua da aprendizagem, pois a partir das A discussão sobre
informações obtidas sobre os avanços e as dificuldades dos alunos é que o professor formas alternativas de
decide se é necessário ampliar o tempo do trabalho previsto. Quando isso se torna organização dos alunos é
necessário, outra estratégia metodológica é a elaboração de outros tipos de atividades explorada nos volumes 4
mais adequadas às diferenças dos alunos, para serem introduzidas nas rotinas da sala de aula. e 5 desta coleção.
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Vejamos um exemplo do planejamento de atividades para uma capacidade que precisa ser
sistematizada no primeiro ano da escolaridade:
Consulte o livro “Consciência As crianças, quando iniciam o processo de alfabetização, não costumam dar atenção aos sons
fonológica em crianças que ouvem ou que produzem, nos usos informais e cotidianos da fala, fixando-se apenas no
pequenas”, de ADAMS et al. assunto. No entanto, para aprender a ler e escrever com autonomia, é preciso aprender a
(2006), indicado nas reconhecer e operar racionalmente com unidades sonoras da língua. Redirecionar a atenção
sugestões de leitura ao final das crianças do significado da linguagem para sua forma depende do desenvolvimento de
deste volume. O livro uma série de atividades no dia a dia da sala de aula. Alguns estudos na área da lingüística
apresenta outras habilidades apresentam um conjunto de jogos de linguagem que propiciam o desenvolvimento da
que também necessitam ser consciência fonológica, numa determinada progressão de complexidade.
desenvolvidas pelo professor
em sala de aula, com Vejamos no quadro abaixo algumas sugestões de atividades, considerando algumas habilidades
exemplos de atividades iniciais que podem ser tomadas como referência para essa progressão e sua exploração freqüente
pertinentes ao mesmo em sala de aula.
eixo aqui focalizado.
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TIRA-TEIMA
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Os horários nas escolas de Ensino Fundamental são definidos, tendo em vista o planejamento
das ações pedagógicas, para serem desenvolvidos no decorrer de cada semana. Mesmo
reconhecendo variações nessa organização do tempo, entre as diferentes redes de ensino no
país, a sua distribuição ao longo da semana deve traduzir uma distribuição que melhor
integre as diferentes áreas de conhecimento do currículo escolar. Além disso, cada professor
tem a liberdade de tomar decisões sobre a distribuição desses horários dia a dia, considerando
a forma que julga mais equilibrada para o desenvolvimento das atividades que planeja.
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Para que essas decisões sobre os horários de trabalho na sala de aula sejam de fato equilibradas,
é importante considerar, como base dessas decisões, as metas de ensino e aprendizagem proje-
tadas no planejamento anual. São essas metas que influenciam o ritmo do trabalho e a
distribuição das capacidades que serão ensinadas no planejamento cotidiano. Em outras
palavras, é a partir do perfil da turma, definido pelo diagnóstico dos conhecimentos que já
possuem sobre a escrita, que o trabalho pedagógico se delineia para o professor. Considerar,
portanto, o perfil dos alunos, significa considerar o que se deve ensinar, de que forma, com
que tipos de atividades e em que tempo.
Um perfil muito comum das crianças que chegam às escolas públicas é o de não terem tido
oportunidade de conviver e se familiarizar intensa e amplamente com os meios sociais de
circulação da escrita. O professor que se vê diante de uma turma de alunos com esse perfil
tem como grande desafio possibilitar que essas crianças – que têm o primeiro contato formal
com a língua escrita na escola – consolidem a aprendizagem da leitura e da escrita no tempo
de escolaridade previsto em cada sistema de ensino.
Independente da diversidade dos perfis dos grupos de alunos existentes nas escolas do país,
um aspecto fundamental da organização do tempo nas práticas de alfabetização e letramento
é o desenvolvimento, em cada ano letivo, daquelas habilidades e capacidades consideradas
básicas para a aprendizagem dos alunos e que lhes possibilitam adquirir novos conhecimentos.
Essas são condições essenciais para que os alunos avancem sempre em sua aprendizagem e se
aproximem das metas que guiam o planejamento anual.
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Para articular essas metas – apropriação do sistema de escrita e formação do leitor efetivo – no
planejamento diário, recomenda-se, por exemplo, que estejam previstos tempos regulares nas
rotinas de trabalho para o desenvolvimento de algumas capacidades consideradas básicas.
Essas capacidades podem ser previstas considerando-se o tempo necessário para o desenvolvi-
mento das atividades. Não se trata de propor tempos rígidos ou comuns a todas as classes de
alfabetização, nem de adotar os mesmos critérios de distribuição do tempo para essas capaci-
dades básicas da alfabetização. Trata-se de dispor de critérios úteis para a distribuição do
tempo, sempre considerando a fase da aprendizagem em que se encontram os alunos e as
metas previstas no planejamento.
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No volume 4 (capítulo 5), são No que se refere ao sistema de escrita, a capacidade listada no quadro acima envolve o desen-
focalizadas as dimensões de volvimento da consciência fonológica, imprescindível para que a criança tome consciência
letramento e de formação de da fala como um sistema de sons e compreenda o sistema de escrita como um sistema de
leitores nessa perspectiva da representação desses sons. Essa escolha, a título de exemplo, projeta no planejamento diário
regularidade do planejamento um tempo regular para uma abordagem direta, explícita e sistemática com foco na trans-
de atividades. Reveja, por ferência da cadeia sonora da fala para a forma gráfica da escrita.
exemplo, as propostas de
situações identificadas como Já as habilidades de leitura, selecionadas para compor o planejamento diário, envolvem a iden-
“Hora de Ler”. Também o tificação e o uso adequado das diferentes funções da escrita, em diferentes portadores de texto.
volume 6 contempla várias O destaque é a proposta para a leitura de um texto literário todos os dias pelo professor, por
sugestões pertinentes à considerar que essa atividade é imprescindível de ser explorada de forma mais sistemática com
sistematização das crianças que não tiveram a oportunidade de conviver e se familiarizar intensa e amplamente com
capacidades de leitura. os meios sociais de circulação da escrita. Cabe ressaltar ainda que a literatura infantil, enquanto
arte representativa e um sistema de comunicação, desenvolve a capacidade interpretativa das cri-
anças e lhes possibilita desenvolver o interesse e motivação pela leitura. O contato cotidiano com
textos literários de qualidade (de autores representativos de época, região e nacionalidade) tam-
bém desenvolve atitudes e comportamentos, decorrentes dos debates sobre os temas abordados
pelos autores e sobre a emoção tanto estética como moral que os conteúdos dos textos abordam.
Por último, a capacidade de recontar histórias está relacionada com a capacidade de narrar
alguns dos textos lidos – ou memorizados em sua totalidade – que são trabalhados em sala
de aula no decorrer de cada semana ou mês. Após sua exploração contínua no planejamento
semanal, o trabalho consiste em chamar a atenção das crianças para os recursos utilizados na
linguagem oral, que favorecem a compreensão e a atenção do público ouvinte: as pausas, o
ritmo, as entonações, as expressões, a intensidade da voz em determinados trechos, o vocabulário
etc. Além desses aspectos, o professor pode explorar também as possibilidades de compreensão
que se pode obter com diferentes formas de narrar um mesmo texto. Uma sugestão para o
desenvolvimento dessa capacidade é a exploração de um mesmo texto selecionado (histórias,
poemas, canções ou outros) durante uma semana, um mês ou até mais tempo, conforme sua
extensão e complexidade. As estratégias de exploração também precisam ser diversificadas:
recontar o mesmo texto, utilizar recursos corporais ou com o narrador oculto, dramatizações,
envolver pequenos grupos de crianças, recontar para públicos diferentes, entre outras.
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TIRA-TEIMA
Outro aspecto importante é que cada alfabetizador, diante da realidade particular de seu
grupo de alunos, tem a autonomia pedagógica para decidir sobre a distribuição desse
tempo, considerando sempre o que julga mais adequado ao trabalho de cada capacidade.
Queremos enfatizar, com isso, que uma das garantias de sucesso dessa forma de organização
dos horários é exatamente a regularidade com a qual essas atividades são propostas aos
alunos: eles devem realizar atividades adequadas às capacidades selecionadas todos os
dias, durante um tempo suficiente.
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A obtenção de resultados positivos com essa forma de organização didática do tempo não se
aplica apenas ao trabalho com crianças em fase inicial da aprendizagem da língua escrita, mas
também com aquelas que se encontram nas fases posteriores do processo de alfabetização, ou
seja, nas fases de consolidação dessas capacidades.
Mais um aspecto importante na organização do tempo previsto em cada aula é que o plane-
jamento diário deve comportar duas subdivisões: a primeira, destina-se ao tempo previsto
para o trabalho com o ensino da língua escrita e os conhecimentos matemáticos; a segunda
destina-se aos horários interdisciplinares. Em relação ao ensino da língua escrita, este pode
se referir ao ensino de conhecimentos e capacidades que compõem os eixos da alfabetização
e letramento (cultura escrita, sistema de escrita, leitura, produção de texto e oralidade). A
segunda área destina-se, sem exceção, ao trabalho com outros campos disciplinares (ciências,
estudos sociais, artes, educação física).
O volume 4 (capítulo 5) Uma forma de potencializar essas subdivisões do tempo é desenvolver um trabalho integrado
desenvolve articulações entre da alfabetização com as outras áreas de conhecimento. Essa articulação dos conteúdos pode
letramento e interdisciplinari- realizar-se, por exemplo, por meio de projetos temáticos, uma vez que, para o estudo
dade, descrevendo projetos de temáticas e problemas nas diferentes áreas de conhecimentos, é necessário saber conhecer e
temáticos como abordagem ler adequadamente diferentes gêneros de textos (um texto narrativo, histórico, informativo,
integradora de áreas do reportagem de jornal, um artigo de revista, entre outros). Portanto, o planejamento do
conhecimento e de capaci- tempo para o estudo dos conhecimentos que integram as diferentes áreas do currículo
dades a serem desenvolvidas. também precisa fazer parte das rotinas de trabalho.
TIRA-TEIMA
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Alfabetização e Letramento
Matemática
Além disso, para que essa articulação dos conhecimentos ocorra de forma mais produtiva,
recomenda-se a adoção de metodologias que potencializem a administração do tempo. Nesse
caso, os projetos de trabalho são recomendados como uma metodologia que pode ser incor-
porada aos planejamentos diários. A realização de projetos na sala de aula, juntamente com
as rotinas, é uma estratégia didática que favorece o desenvolvimento de atividades muito
ricas em vários tipos de linguagem, pois utiliza textos de diferentes gêneros como fonte de
consulta dos temas propostos para estudo. Vejamos um exemplo de planejamento de um
projeto de trabalho que desenvolve, de forma articulada, conhecimentos de diferentes áreas.
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I. Alfabetização e letramento
Atividades e capacidades:
v Fazer com que os alunos se dêem conta das características gráficas dos textos (a
forma, a cor, as imagens e outras);
v distinguir os nomes ou marcas dos produtos;
v descobrir os indícios que ajudam na identificação das informações;
v solicitar aos grupos que classifiquem as embalagens segundo diferentes critérios:
quanto ao tipo de material (tecido, plástico, papel, alumínio), quanto ao tipo de pro-
duto que trazem em seu interior (alimentos, remédios, higiene, limpeza da casa etc.).
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III. Ciências
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Considerando, portanto, esse intervalo de tempo, o primeiro passo para a distribuição das
capacidades e atividades ao longo de uma semana é a previsão da freqüência com que serão
trabalhados os diferentes componentes que integram o processo de alfabetização e letramento.
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canções e poemas).
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Essa distribuição dos eixos que envolvem o ensino da leitura e da escrita ao longo de uma
semana, evidentemente, não é rígida. O critério de distribuição deve se orientar sempre pelas
metas previstas no planejamento de cada ano de escolaridade. Queremos chamar atenção
apenas para o fato de que a distribuição dos eixos pode ser o primeiro passo para se decidir
sobre a escolha e distribuição das capacidades que serão o foco do trabalho nesse período.
Ela também pode orientar, em termos gerais, o planejamento das atividades que serão desen-
volvidas no dia-a-dia da sala de aula.
Deve-se ressaltar, também, que a seleção das atividades e sua distribuição no planejamento
diário não devem ser abordadas numa cadeia linear e interdependente. Enfatizamos, na seção
anterior, que muitas atividades se prestam ao trabalho simultâneo de diferentes capacidades.
Aliás, é sempre importante que o professor selecione atividades, tendo em mente a possibilidade
de trabalhar simultaneamente diversas capacidades. Essa estratégia potencializa o uso do
tempo e favorece um trabalho mais integrado.
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TIRA-TEIMA
Telefones E mergenciais
Identificar a figura do carro que está de cabeça para baixo. Explicar por que ele foi
desenhado nessa posição. O telefone que acompanha esse desenho serve para quê?
Identificar as figuras que trazem uma cruz. Qual a diferença existente entre elas? O
que você acha que cada uma delas representa?
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Responda:
Você reconhece alguma palavra do texto? Qual? Aponte com o dedo o local onde
ela se encontra.
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O critério de seleção das capacidades que serão trabalhadas na rotina se orientou pelo
quadro 4, que apresentou um panorama geral para um trabalho a ser desenvolvido no
período de uma semana.
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Outra dimensão temporal que queremos enfatizar se refere à necessidade de trabalho freqüente
na sala de aula, que precisa estar previsto no planejamento das rotinas. Uma rotina é sis-
temática quando possibilita a presença freqüente e previsível de certos tipos de atividades,
contribuindo para consolidar capacidades e habilidades dos alunos.
TIRA-TEIMA
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níveis ou pré-requisitos. Por isso, propõe-se que o professor organize as rotinas de atividades
em sala de aula de maneira a:
TIRA-TEIMA
Retorne ao tira-teima anterior e procure planejar uma das atividades para diferentes tipos
de agrupamentos de alunos, observando aspectos enfatizados no presente tópico.
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Sugerimos que o professor desenvolva seu planejamento em sala de aula tendo em vista:
A participação dos alunos no planejamento das tarefas cotidianas tem efeito direto na sua
implicação no trabalho e na administração do tempo em sala de aula. Para isso, recomenda-se
que, no início de cada aula, o professor apresente para os alunos as atividades programadas
e, juntos, procurem organizar a sua distribuição ao longo dos horários previstos no trabalho
da escola. Os critérios para a distribuição do tempo precisam levar em conta os procedimentos,
as formas de agrupamentos dos alunos e os materiais necessários para a realização das atividades
previstas. Durante essa organização, os alunos estabelecem a progressão do trabalho ao longo
da aula e as formas de acompanhamento do cronograma proposto.
Uma estratégia interessante para essa organização é a elaboração de uma agenda com as crianças.
Essa agenda de trabalho pode ser registrada no quadro, após ser discutida com os alunos. A
realização cotidiana de elaborar junto com os alunos a agenda e sua consulta ao longo do dia
também contribui para o desenvolvimento da habilidade de leitura de horários e auxilia na
identificação do uso da escrita no planejamento de atividades escolares.
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TIRA-TEIMA
A partir desse exemplo, cada professor poderá criar outros modelos de agenda, até
mais completos, que apresentem as atividades que serão realizadas, o material didático
necessário, as formas de agrupamentos dos alunos, além do tempo destinado ao desen-
volvimento dessas atividades. O quadro abaixo pode servir de modelo:
AGENDA DA TERÇA-FEIRA
HORÁRIO ATIVIDADES AGRUPAMENTOS MATERIAIS
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Outra atividade importante que professor e alunos devem prever, para o final de cada dia de
trabalho, é a reflexão sobre as ações que realizaram. Com base no levantamento das ativi-
dades previstas na agenda do dia, são identificadas aquelas que foram efetivamente realizadas
e avaliadas as formas como o trabalho foi desenvolvido.
Portanto, propomos a previsão de um tempo na agenda de trabalho que, sem ser exaustivo
nem esgotar possibilidades, seja suficiente para a reflexão de como a agenda de trabalho está
sendo ou não cumprida.
Ainda com base nessa avaliação do trabalho diário, cabe, finalmente, ao professor e aos
alunos, decidirem sobre a continuidade do planejamento entre uma aula e outra. Trata-se de
conhecer, a cada dia, como a classe está caminhando no sentido de cumprir as rotinas
propostas, para vislumbrar o que poderá ainda ser previsto ou modificado, para ser incor-
porado na agenda no dia seguinte. Conseqüentemente, o processo de organização da agenda no
dia seguinte precisa retomar as atividades previstas no dia anterior para que sejam replanejadas.
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·
PONTOS - CHAVE
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Capítulo 2
É importante esclarecer que o roteiro de trabalho foi elaborado tendo como referência grupos
de alunos em fase inicial do processo de aprendizagem da língua escrita. Isso significa que as
atividades apresentadas são apenas sugestões e que, portanto, não esgotam as possibilidades
de exploração, principalmente quando trabalhamos com grupos de alunos com diferentes
experiências com a linguagem escrita. Nosso objetivo é simplesmente o de mostrar, do ponto
de vista prático, como a seleção e a distribuição das atividades no planejamento cotidiano
podem ser guiadas pelas capacidades lingüísticas a serem ensinadas e pela sua progressão ao
longo do tempo.
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PRIMEIRO DIA
CAPACIDADES A SEREM TRABALHADAS TEMPO DE DURAÇÃO
Sistema de escrita
Leitura
Oralidade
Cultura escrita
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Apresentamos, a seguir, um exemplo de agenda que organiza as atividades que serão propostas
para o primeiro dia do projeto “Brincadeiras”:
Após a elaboração e a leitura da agenda, solicitar que os alunos consultem o horário de trabalho
e respondam às seguintes questões:
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Propor aos alunos que apresentem suas brincadeiras preferidas e descrevam o modo de brincar.
Para que isso aconteça, o professor poderá iniciar a conversa relatando sua experiência na
infância com brincadeiras. Segue um exemplo:
Outra estratégia a ser utilizada é a de provocar o relato de brincadeiras pelos alunos com as
seguintes questões:
À medida que os alunos fazem seus relatos, ressaltar a riqueza dos depoimentos e iniciar o
registro dos nomes das brincadeiras. Dessa forma, ficará evidente uma das funções da escrita:
servir de apoio à memória.
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v brincadeiras de meninos;
v brincadeiras de meninas;
v brincadeiras que meninos e meninas brincam;
v brincadeiras que utilizam brinquedos etc.
Propor aos alunos que escolham, dentre as brincadeiras citadas, aquelas que envolvam cantigas,
para brincar nesse dia, durante a aula de Educação Física.
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v comparar palavras quanto ao uso das letras: quais começam ou terminam com a
mesma letra;
v reconhecimento de algumas palavras;
v leitura coletiva de todas as palavras.
Escolher uma canção das brincadeiras citadas pelas crianças e explorar os padrões de sons da
fala. Registrar a canção no quadro, ler enfatizando o ritmo e exagerando as rimas. A seguir,
solicitar que todas as crianças repitam cada verso e exagerem na entonação quando chegarem
nas rimas. Depois disso, cantar coletivamente a cantiga até que a decorem;
v cantar a canção em voz alta, mas dizer baixinho as palavras que rimam;
v cantar a canção e trocar as palavras que rimam por outra com som semelhante.
ATIVIDADE 6
ATIVIDADE 7 - LEITURA
Visitar a biblioteca da escola com as crianças para identificar os livros ali existentes que
abordam temáticas sobre brincadeiras.
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ATIVIDADE 8
v “A pipa amarela”, Maria Ângela de Faria Resende. Belo Horizonte, Editora Lê.
As sugestões feitas acima visam, exclusivamente, apontar livros que giram em torno do tema
“brincadeiras”, uma vez que o convívio com determinado tema, nas atividades da unidade,
despertará interesse e desejo de ler outros livros sobre o mesmo tema. Cabe, ao professor,
dentro das condições oferecidas pela escola, selecionar outros livros adequados à faixa etária
das crianças e ao nível de escolaridade.
Atividades de compreensão:
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SEGUNDO DIA
CAPACIDADES A SEREM TRABALHADAS TEMPO DE DURAÇÃO
Sistema de escrita
Leitura
Oralidade
Cultura escrita
Produção de texto
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Após a leitura das atividades previstas na agenda, solicitar que as crianças identifiquem as
seguintes informações:
Classificação de brincadeiras
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Para orientar a tarefa de análise da lista, apresentamos a seguir um quadro com exemplos de
brincadeiras que poderão fazer parte do repertório apresentado pelas crianças.
Com alunos em fase inicial do processo de alfabetização, o professor poderá conduzir a tarefa
coletivamente e ler a lista de palavras para os alunos. Entretanto, se a classe estiver em fase
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mais avançada no processo de aquisição da escrita, a tarefa deverá ser realizada de forma mais
autônoma, a partir das interações realizadas em pequenos grupos. Vale lembrar que o trabalho
em grupo favorece a aprendizagem dos alunos, quando possibilita que socializem seus conheci-
mentos, confrontem e compartilhem suas hipóteses e troquem informações com seus colegas.
Após a realização da atividade de classificação das brincadeiras, propor que cada grupo apresente
sua produção para o restante da turma. Sugerimos que cada coluna do quadro seja apresentada
por apenas dois grupos. Primeiro o professor deve solicitar a cada um desses grupos que leia a
classificação elaborada. Em seguida, deverá incentivar a comparação das classificações obtidas,
propondo questões como:
v na comparação das listas, apareceu alguma brincadeira que o outro grupo não
apresentou?
v se apareceram diferenças, pedir aos grupos que expliquem a classificação apresentada.
Caso o restante da turma aponte brincadeiras que não foram contempladas pelos grupos, o
professor deverá incentivar os membros dos dois grupos que estão fazendo a apresentação
que completem sua listagem. Em seguida, o professor poderá realizar uma leitura coletiva da
lista com maior número de brincadeiras listadas.
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Na lista de brincadeiras temos quatro palavras que começam com a letra C. Descubram
quais são e escrevam em seus cadernos.
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Pipa Carretel
Pegador Cirandas
Peteca Casinha
Pregador Coelhinho
Solicitar que as crianças digam palavras que rimem com as palavras ditadas pela professora:
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Explorar outros jogos com rimas: ler várias frases das cantigas de roda em voz alta, enfati-
zando as palavras que rimam. A seguir, solicitar que as crianças completem outras frases em
voz alta com palavras que rimam, como, por exemplo, na brincadeira:
Macaco mandou... só dizer palavras terminadas com [ão] com [el], com [ca], e outras.
ATIVIDADE 6
Antes da leitura, o professor poderá estimular que os alunos manuseiem livros e que sele-
cionem alguns deles para tentar ler para os colegas.
Após essa exploração das crianças, o professor apresenta o livro e indica o nome do autor, o
título, a editora e as ilustrações. Antes de realizar a leitura, o professor discute o significado
de algumas expressões que se destacam no texto.
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TERCEIRO DIA
CAPACIDADES A SEREM TRABALHADAS TEMPO DE DURAÇÃO
Sistema de escrita
Leitura
Oralidade
Cultura escrita
Produção de texto
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Completar a agenda do dia com os alunos e propor a leitura dos horários e atividades.
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Propor a elaboração coletiva (professor registra no quadro) das atividades que os alunos fazem
na parte do dia em que não estão na escola (como: almoçar, jantar, brincar, tomar banho etc.).
O professor deverá registrar as atividades que são comuns à maioria dos alunos. Propor em
seguida as seguintes questões:
O professor poderá também comparar oralmente as atividades diferentes que os alunos reali-
zam fora da escola. O objetivo, agora, é o de identificar as diferenças nos modos de vida e
discutir as condições de vida das crianças relacionadas a essas diferenças.
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Propor, como atividade, escutar a música “Canção das Brincadeiras”, de Rubinho do Vale, O objetivo aqui é trabalhar
planejamento da semana.
v Vocês costumam cantar e ouvir músicas?
v Quais as músicas? De que músicas vocês mais gostam?
v Como as músicas são criadas?
v Vocês conhecem ou sabem o nome de algum compositor?
v O que é um compositor e o que é um cantor?
v Escrever uma música é diferente de escrever histórias, cartas e bilhetes?
v Vocês já pensaram nisso? Qual é a diferença?
Após essa exploração, solicitar às crianças que fiquem atentas à letra da música, que poderá
ser ouvida repetidas vezes. Como se trata de uma canção, com a qual, em geral, o primeiro
contato ocorre pela oralidade, sugere-se que a primeira leitura seja realizada silenciosamente.
Para isso, o professor pode distribuir o texto impresso para os alunos ou registrar a letra da
música no quadro e ir direcionando a leitura do texto.
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Refrão
QUEM QUER BRINCAR DE RODA
JOGAR PETECA OU DANÇAR QUADRILHA
BRINCAR DE PIQUE, PEGA-PEGA, ESCONDE-ESCONDE, AMARELINHA
É UMA MARAVILHA
(Refrão)
(Refrão)
(Refrão)
(Refrão)
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Em seguida, o conteúdo da música deverá ser explorado por meio de algumas questões,
como, por exemplo:
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Após o registro individual no quadro acima, propor a seguinte atividade, a ser realizada
em dupla:
v compare a sua escrita com a escrita do seu colega e identifique as palavras que estão
escritas da mesma forma;
v marque com um X as palavras que vocês escreveram de forma diferente ou aquelas
sobre as quais tenham dúvida quanto ao significado ou ao modo de escrever.
Após a discussão entre as crianças, o professor deverá registrar no quadro a escrita dos nomes
de brinquedos e brincadeiras identificados. Solicitar a cada dupla que dite as palavras
marcadas com um X. É importante que o professor peça às crianças que contem o número
de palavras encontradas e promova a discussão dos nomes colocados como brinquedos. Em
alguns casos haverá dúvidas como, por exemplo, o bambolê e o pião, em que o objeto e a
brincadeira recebem o mesmo nome. Nesse caso, o nome da brincadeira ou do brinquedo
poderá constar em mais de uma coluna.
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CHICOTINHO CHICO
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ATIVIDADE 8
PETECA PIQUE
PEGADOR
BAMBOLÊ
BILBOQUÊ
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Leitura de texto literário: selecionar um livro de literatura para a professora realizar a leitura
oral em sala de aula.
Levar os alunos a observar a capa do livro: nome do livro, autor, editora, ilustração. Ler para
os alunos o resumo do início da história e, em seguida, levantar hipóteses para antecipar o
conteúdo do texto.
Ao final, deixar que os alunos expressem livremente sua opinião, pedindo sempre que a
justifiquem: será interessante provocar um debate entre alunos com opiniões diferentes.
QUARTO DIA
Completar a agenda do dia com os alunos e propor a leitura dos horários e atividades.
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Selecionar livro de literatura para leitura em sala de aula. Após a leitura oral do professor,
verificar se houve compreensão adequada do conteúdo global do texto e chamar a atenção
para a mensagem central.
Em seguida, solicitar que os alunos recontem a história lida. Chamar atenção dos alunos
para procurarem utilizar vocabulário e linguagem mais próxima da apresentada pelo texto.
Finalmente, solicitar que um aluno apresente o livro aos seus colegas, expondo sua opinião,
sua avaliação, recomendando ou não sua leitura.
Para ampliar o levantamento Distribuir, para toda a turma, cópia impressa da letra da música do compositor Rubinho do
de informações sobre o Vale. A música é um gênero com o qual o aluno tem o primeiro contato pela oralidade. Por
autor, o site do músico isso, propomos, inicialmente, uma leitura oral e coletiva que deve ser realizada, enquanto a
poderá ser consultado: música é novamente tocada na classe. É importante chamar a atenção dos alunos para o
www.rubinhodovale.com.br. ritmo da música, a sonoridade das palavras e a expressividade presente nesse texto.
Seria interessante que o professor tivesse acesso ao disco original para mostrar aos alunos e
chamar atenção para as características do impresso: o título do CD, as ilustrações ou
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Propor aos alunos que iniciem uma pesquisa sobre outras músicas de compositores da sua
região utilizadas em atividades lúdicas. O material coletado pelos alunos poderá, posterior-
mente, ser organizado para o acervo da biblioteca escolar ou da turma.
ATIVIDADE 4
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Ao finalizar a leitura, é importante solicitar aos alunos que elaborem uma representação do
texto, considerando o que compreenderam. Em textos como a letra desta música, a reca-
pitulação ocorre pela memorização fácil de letra e melodia. Após cantarolarem a música,
solicitar aos alunos que descrevam com suas palavras o que foi lido. O professor deverá guiar
essa tarefa propondo as seguintes questões:
Após a leitura da letra da música, chamar a atenção dos alunos para o nome das brinca-
deiras desconhecidas. Explorar com os alunos o significado das palavras, estimulando a
consulta ao dicionário.
Ler oralmente cada verbete para os alunos e esclarecer o significado da abreviatura s.m. = subs-
tantivo masculino, nome que damos às palavras que designam seres em geral. Os conceitos de
substantivos poderão ser desenvolvidos em outras unidades. Explorar as informações
apresentadas no verbete sobre as características do brinquedo e a origem do seu nome.
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Retomar o quadro preenchido em grupo para que os alunos completem a lista de brincadeiras
utilizando a letra da música do Rubinho do Vale. Chamar a atenção para a grafia correta das
palavras que serão inseridas na lista.
Em seguida, propor a análise da grafia de algumas palavras como, por exemplo, bilboquê,
bambolê, iô-iô. Propor as seguintes questões:
Outro aspecto que pode ser observado diz respeito à estrutura silábica. É importante levar os
alunos a compreenderem que as sílabas podem variar quanto à estrutura, de acordo com
a disposição de consoantes e vogais. Sílabas compostas por consoante - vogal (como em
BONECA) são mais encontradas na língua portuguesa. Para trabalhar esse aspecto a partir do
texto, poderão ser exploradas as seguintes estruturas silábicas, marcadas nas palavras abaixo:
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ATIVIDADE 8
Apresentar o conjunto de letras do alfabeto. Solicitar que os alunos circulem as letras das
seguintes palavras: Peteca, Chicotinho, Quadrilha, Bilboquê.
C H L
A Ç
Q U K
P
T B R
E
D F G Y
V
I J
M N X
S
O W Z
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QUINTO DIA
TIRA-TEIMA
PONTOS - CHAVE
v a organização em torno de rotinas de trabalho e de sua regulação
por agendas compartilhadas com os alunos;
v a preocupação com a progressão ao longo de um período de
tempo delimitado;
v a articulação com as capacidades lingüísticas a serem aprendidas
e ensinadas.
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Capítulo 3
Ao longo dos anos, diversos pesquisadores vêm buscando conhecer e compreender as carac- Um desses estudos sobre o
terísticas que definem o perfil de um bom professor. Esses pesquisadores desenvolvem estudos perfil do professor bem-
na busca de respostas para questões como, por exemplo: sucedido é apresentado por:
v Como agem em sala de aula os professores que são reconhecidos pela comunidade bom professor e sua prática.
v De que maneira esses professores bem-sucedidos atuam junto aos seus alunos?
O exame dessas questões pode servir de referência para a reflexão de muitos professores sobre
sua própria maneira de agir e de implementar práticas de alfabetização e letramento junto aos
seus alunos. Nessa perspectiva, ao contemplar esses aspectos, buscamos, aqui, possibilitar ao
docente uma visualização mais clara do como agir na condução dos trabalhos em sala de aula
de forma a favorecer a construção de condições favoráveis à aprendizagem de seus alunos.
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A dimensão discursiva Argumenta-se que o uso da língua é contextualizado e ocorre em situações específicas e
se refere às relações particulares, quando participantes de uma situação social interagem com e sobre outros,
entre a língua e os fatores com objetivos diversos (por exemplo, realizar casamentos, julgamentos; conferir títulos
que integram suas de graduação, de mestre ou doutor).
condições de uso e
determinam as interpre- A sala de aula é uma dessas situações ou contextos particulares em que ocorre o uso da
tações dos interlocutores. língua. Nela, os participantes – professores e alunos – encontram-se reunidos para
Entre esses fatores, estão realizar a aula. A aula é, portanto, um processo de interação entre pessoas que se dá pelo
o ambiente físico da uso da língua, do discurso, ou seja, pela ação lingüística entre os participantes.
interação, o perfil dos partici-
pantes, suas intenções, Num contexto local e particular (turma “A” ou “F”), as experiências prévias de participação em
objetivos e expectativas. outros grupos sociais (outras salas de aula, reuniões de conselho de classe, associações comu-
nitárias ou grupo familiar, por exemplo) são ressignificadas e tomadas como referência para
Vários conceitos orientar a participação, tanto do professor quanto dos alunos, durante as atividades escolares,
relativos a esse campo ou seja, durante o decorrer das aulas. Professor e alunos redefinem e estabelecem formas de agir,
podem ser revistos no falar, interpretar e avaliar as ações, de forma recíproca, à medida que interagem ao longo do
volume 2 desta Coleção. tempo, enquanto realizam a aula. Como resultado dessa história do grupo, são construídas
possibilidades de uso da linguagem, de ser e agir como aluno e professor, de aprender e agir
como pessoa alfabetizada e letrada num contexto particular ou numa determinada turma.
As maneiras de usar a linguagem exploradas pelo professor em sala de aula, como partici-
pante desse processo de interação, podem ser consideradas como capacidades de ensino
desenvolvidas por ele ao longo de sua vida profissional. Isto é, assim como um aluno
desenvolve capacidades lingüísticas na e para a realização das atividades de leitura e escrita
que lhe são propostas, também o professor desenvolve capacidades lingüísticas na e para
a realização do ato de ensinar durante as aulas.
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Os usos da linguagem pelo professor cumprem funções diversificadas no processo de A aula pode ser entendida
interação estabelecido na turma e de orientação da participação e engajamento dos como uma situação social
do discurso, da interação.
v Como o professor se posiciona diante de um grupo de alunos que apresentam lingüísticas para orientar a
características peculiares, relacionadas à sua história de vida e às suas experiências participação dos alunos nas
Tendo em vista os pressupostos enfatizados nesta abordagem, outras questões podem ser
acrescentadas, quando se deseja qualificar o perfil do professor alfabetizador:
v Como age o professor bem-sucedido, pelo uso da linguagem, sobre e junto aos
seus alunos?
v Quais são as capacidades desse professor, na perspectiva do uso da linguagem,
que podem ser positivamente relacionadas a uma melhor aprendizagem por
parte dos alunos?
Estudos que buscam examinar questões dessa natureza apontam diversos aspectos relativos Veja referências
aos usos que professores bem-sucedidos fazem da linguagem para fins de ensino em sala de bibliográficas relacionadas
aula. Essas pesquisas têm indicado que professores bem-sucedidos e mais experientes exploram a essas pesquisas ao
usos diversificados da linguagem, realizando, por isso, maior variedade de ações para ensinar final deste volume.
e envolver os alunos nas atividades desenvolvidas em sala de aula. Algumas dessas ações serão
caracterizadas nas próximas seções.
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A exploração intensa e de qualidade da linguagem oral tem sido apontada, por diversos estudos,
como uma característica evidente do trabalho desenvolvido por professores bem-sucedidos em
suas salas de aulas. Esse aspecto se apresenta como favorecedor da participação, da integração e
do engajamento dos alunos no grupo e no desenvolvimento das atividades.
Uma das ações docentes mais importantes para a produção dessas condições favoráveis consiste
na acolhida e na aceitação da variedade lingüística falada pelos alunos.
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TIRA-TEIMA
Leia o exemplo abaixo, que reproduz uma conversa entre professor (P) e aluno (A),
em sala de aula. *
P: O Reinaldo estava trabalhando ontem e, por isso, não veio à aula. Vejam essa desenvolvimento de atividades
palavrinha: “trabalhando”. Ela é uma daquelas palavrinhas que podemos usar de dois que possibilitem a identifi-
jeitos. Quando falamos com nossos amigos, podemos dizer “trabaianu”; quando cação da diferença e a
falamos com pessoas que não conhecemos bem, empregamos a palavrinha como a conscientização da diferença.
escrevemos, assim: “trabalhando”. Peguem o seu caderno e vamos escrever uma frase A atenção sistematizada a
momentos apropriados,
Discuta o exemplo com seus colegas de grupo e analise as seguintes questões:
favorecerá a aquisição da
v Que aspectos caracterizam a intervenção da professora junto aos seus alunos? escrita e o desenvolvimento
v O que os alunos podem aprender a partir desse tipo de intervenção? de capacidades lingüísticas
aspecto, leia:
BORTONI-RICARDO, Stella
É importante que se reflita com os alunos sobre diferenças entre variedades da língua Maris. Educação em língua
portuguesa. Entretanto, é necessário que essa reflexão seja feita em momentos oportunos, materna. São Paulo:
sem prejuízo do processo de ensino-aprendizagem. Por exemplo, “corrigir” a pronúncia Parábola, 2004.
dos alunos quando eles expressam seu ponto de vista durante a realização de uma atividade BORTONI-RICARDO, Stella
de interpretação de texto pode ser inoportuno. Além de desviar a atenção do foco da Maris. Nós cheguemu na
atividade, pode provocar a autocensura e a inibição dos alunos, levando-os a crer que é escola, e agora? São Paulo:
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(p.22) desta Coleção. O reconhecimento das aprendizagens realizadas pelo aluno, a valorização de sua produção –
Retome também, naquele mesmo quando, respeitosamente, são apontados seus limites – contribuem para que os
volume (p.16-27), os alunos tenham confiança em si e se comprometam com sua própria aprendizagem. Também
critérios associados ao está associado a esse aspecto um sentimento de urgência, marcado pela necessidade de progredir
perfil do alfabetizador e ao e ter sucesso, que se manifesta na organização de um processo de ensino de ritmo bem
“efeito-professor” no marcado. Ao confiar na capacidade de aprender de seus alunos, o professor os desafia a se
sucesso da alfabetização. comprometerem com o trabalho necessário para que a aprendizagem ocorra.
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Alguns pesquisadores observaram que professores experientes procuram explicitar as razões Nos capítulos 1 e 2 deste
que orientam suas ações em sala de aula, os objetivos das atividades a serem realizadas ou as volume há vários exemplos
decisões tomadas na organização das atividades. Ao compartilhar suas razões, objetivos e de aplicação desses
escolhas com os alunos, o professor apresenta-lhes elementos para que eles compreendam a princípios nas ações do
lógica da organização das atividades e as razões que justificam o esforço em realizá-las. professor. Reveja as
propostas de atividades
A abordagem desses aspectos pelo professor se contrapõe a práticas de ensino que se limitam (como a discussão de
a dizer o que é para ser feito e, esperar, como resposta, a obediência pura e simples na agendas e rotinas) que
realização das tarefas. Ao abordarem com os alunos as razões para a realização de determi- enfatizam o envolvimento
nada atividade, os professores bem-sucedidos dotam de sentido as ações dos participantes dos alunos e sua partici-
desenvolvidas em sala de aula. Dessa forma, possibilitam que os alunos se envolvam nas pação na avaliação e na
atividades não como ‘autômatos’ que agem porque assim foi determinado por alguém, mas reorientação de atividades.
como agentes que, ao participarem das atividades propostas, compreendem as razões que
justificam suas opções de agir dessa ou daquela maneira. Professores experientes acreditam
que, agindo dessa forma, contribuem para que os alunos desenvolvam sua autonomia.
Esse princípio será evidenciado, a seguir, por transcrições de falas do professor em sala de
aula, em duas situações de sala de aula.
Exemplo 1
No início do ano letivo, ao conversar com seus alunos sobre suas expectativas quanto às
formas de desenvolvimento das atividades em sala de aula, a professora Bete disse:
Se vocês acham que estou fazendo as coisas um pouco devagar, vou explicar:
Estou fazendo assim porque penso que as coisas são feitas passo a passo. Como
professora, planejo o que vamos fazer e acho que preciso ir passo a passo e dar
orientações. Com o tempo, vocês vão ter o controle da situação e eu não vou
precisar ficar explicando tudo, porque vocês vão começar a ser capazes de fazer
várias coisas com independência.
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Ao analisarmos esse fragmento da conversa da professora com seus alunos, podemos perceber
que ela reconhece os alunos como pessoas que fazem julgamentos e apreciações sobre sua ação
como professora. Esse reconhecimento implica a aceitação desse direito dos alunos, expressa na
apresentação de uma justificativa para a sua forma de “fazer as coisas um pouco devagar”.
Ao explicitar suas razões, a professora fornece, ainda, elementos para que os alunos compre-
endam que suas decisões são tomadas a partir do lugar que ela ocupa naquela situação social (o
de professora) e para que vislumbrem as conseqüências dessas suas ações para cada um deles:
num futuro próximo desenvolverão independência para a realização das atividades propostas.
Exemplo 2
Exemplos retirados da Ao desenvolver o trabalho de revisão e correção de textos que comporiam um livro da sua
dissertação de Mestrado turma, a professora Helena diz aos seus alunos:
de Simone Farias Pereira:
Produzindo autores - Os textos que vocês produziram eu corrigi, tá? ... Por mais que a gente corrija, às
conexões entre interação e vezes a gente não percebe... ou se a gente fizer uma nova leitura, a gente vê que
autoria na produção de tem que corrigir de novo. Qualquer escritor faz isso. Quando a gente pega um
textos em sala de aula. livro assim, a gente imagina que o escritor sentou lá na sala dele de trabalho e fez
Belo Horizonte: Faculdade tudo de uma vez só. Não é verdade, não é? O escritor leva tempos e tempos para
de Educação /UFMG, 2003. concluir sua obra. E tem alguns escritores que, quando terminam os livros deles,
dão para outras pessoas revisar... a revisão de textos, não dá para a gente fazer a
revisão de textos de uma só vez. O ideal é a gente fazer várias vezes, tá?
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desenvolvam uma visão favorável da correção: é realizada com o objetivo de contribuir para
o processo de produção do aluno, na finalização de seu texto para o livro da turma.
Devemos destacar, ainda, que as considerações feitas pelo professor estão fundamentadas em
uma prática escolar orientada pelo uso da escrita em situações reais, não artificiais. Nesse
caso, o fato de que a produção individual dos alunos comporia um livro da turma também
dota de sentido o envolvimento no processo de produção. Os textos produzidos, de autoria
individual, têm um fim determinado (fazer parte de um livro) e seus autores sabem de
antemão a que leitores esses textos se destinam (alunos de outras turmas, outros professores,
pais, irmãos e outros familiares). Os argumentos da professora estão, assim, articulados a essa
prática e, por isso, não soam artificiais.
TIRA-TEIMA
Busque recordar momentos de conversas com seus alunos sobre as razões que levam
você a propor determinadas atividades ou sobre os objetivos das atividades propostas.
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instituição formal na qual as pessoas ingressam para aprender novas coisas, socialmente
valorizadas, esse aspecto é fundamental e é ele que justifica, por exemplo, o planejamento
das práticas escolares pelo professor.
Trabalhar sem rumo e direção traz o risco de que as metas de aprendizagem estabelecidas não
sejam alcançadas ou de desinteresse pelas atividades propostas pelo professor. Além de possibi-
litar que os alunos conheçam as metas e os objetivos a serem alcançados, é necessário permitir
que os alunos saibam como as atividades desenvolvidas estão articuladas umas às outras.
Talvez seja por saberem disso que professores experientes se preocupam em explicitar
para seus alunos o roteiro do dia de trabalho que planejam desenvolver e a continuidade
que se estabelece entre um dia e outro de aula. Por meio dessas considerações, fornecem
elementos para que os alunos percebam que o que vivenciam a cada dia na sala de aula
faz parte de uma cadeia de acontecimentos que está vinculada a um passado de experiências
e a um futuro de aprendizagens possíveis.
Ao expor aos alunos seu plano de trabalho, os horários previstos para a realização das
atividades e a maneira como pretende que as atividades sejam desenvolvidas, o professor
permite que os alunos operem com esses elementos e, até mesmo, o ajude a controlá-los.
Uma professora de uma escola estadual do interior de Minas Gerais, que adotou a prática de
registrar a agenda do dia no quadro, no início das aulas, relatou que seus alunos de 7 anos
se empenharam em aprender a “olhar” as horas, passaram a alertá-la sobre o tempo gasto
com as atividades e a sinalizar que era hora de iniciar outras tarefas. Tal foi o envolvimento
dos alunos nesse processo que a professora e a diretora da escola decidiram colocar relógios
de parede nas salas de aulas da escola.
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Ao conversar sobre esses aspectos, o professor sintetiza conhecimentos trabalhados, refere-se a Veja exemplos sobre usos
capacidades desenvolvidas ou em desenvolvimento, revisa as tarefas realizadas pelas turmas, da agenda do dia na seção
avalia o que havia sido planejado e o que foi de fato realizado pela turma. Essas narrativas sobre Rotinas Diárias de Trabalho,
diferentes aspectos da história do grupo auxiliam os alunos a localizarem suas experiências no Capítulo 1. Essas agendas
individuais em relação às experiências vividas pela turma como um todo. auxiliam os alunos a
visualizarem o planejamento
do dia, a exercitarem a
Ao realizar essas ações, o professor cria condições para que os alunos sejam ativos partici-
pantes do processo de ensino-aprendizagem. Ao combinar essas várias formas de intervenção
no decorrer da aula, o professor contribui para que os alunos vejam que suas contribuições
têm destinatários reais (o professor e os colegas), que suas idéias, conhecimentos e pontos de
vistas são levados em conta e para que se reconheçam, por fim, como interlocutores uns dos
outros nesse processo de interação que se estabelece na sala de aula.
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Reveja as capacidades Com esse tipo de intervenção, o professor estabelece condições reais para o desenvolvimento de
que integram o eixo da capacidades lingüísticas pertinentes ao eixo da oralidade. Ao desafiar os alunos a falarem e
oralidade no volume 2 exporem, de forma clara, os seus argumentos, dúvidas e opiniões, para que os colegas possam
desta Coleção (quadro 5). ouvir, entender e, assim, possam também responder ao que foi dito, o professor contribui,
gradualmente, para que eles desenvolvam a capacidade de produzir textos orais. Esse
aspecto contribui, ainda, para que o aluno tome suas idéias como objeto observável e passível
de apreciação ou avaliação por si mesmo e pelos outros.
toto
Oi eu sou o toto sou o bichinho de estimação do Jeffersom e sou muito bem tratado e
estou muito mais feliz que ele ganhou outra cachorinha que virou o meu novo amo
que teve um filhos a cara do pai que ser sama totozinho meu filhinho querido
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Apresentamos, a seguir, parte da conversa entre professores e alunos durante o desenvolvi- Em interações verbais,
mento dessa atividade de revisão e reescrita. Os turnos foram enumerados, para facilitar os um turno representa
toma a palavra.
Exemplo 3
1. Professora: Por que você acha que o primeiro parágrafo não está bom?
2. Diego: Porque tá grande.
3. Professora: Por que está grande? Então, o critério para mudança de parágrafo é Exemplo retirado da
5. Professora: Não. Não é esse não. Jefferson, o que você está achando do texto? anteriormente citada.
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Um dos primeiros aspectos a serem observados são as ações realizadas pela professora que
resultam no envolvimento do autor do texto, de maneira especial, nesse processo de reescrita.
Podemos observar que as intervenções feitas pela professora nos turnos 5, 7 e 9 reafirmam o
lugar especial do autor do texto, uma vez que solicita sua opinião sobre o andamento dos
trabalhos (O que você está achando do texto?, Era isso mesmo que você queria falar ou nós
mudamos o assunto?). Além disso, a intervenção realizada no turno 9 busca o estabelecimento de
um compromisso do autor do texto em monitorar as alterações que serão realizadas (Não
podemos mudar o assunto. Olha para mim. Fica atento para você não deixar mudar o assunto,
viu?). A resposta dada pelo aluno no turno 10 (Pode deixar que eu olho) demonstra que esse
aluno decide colaborar com a professora e ocupar o papel que ela lhe reservou no processo
de realização dessa atividade.
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Dessa maneira, a professora situa a modificação da forma em que esse texto foi apresentado
e sua adequação às normas ortográficas (modificar parágrafos, por exemplo) a serviço de sua
função comunicativa.
Por alguns momentos, a análise dessa questão é deixada de lado e, em seguida, retomada no
turno 11, quando a professora pergunta a outra aluna por que a mudança de parágrafo seria
necessária. No fragmento apresentado acima, vimos que a resposta dada por Daiane é seguida
por nova pergunta de verificação da justificativa apresentada: a professora aponta o primeiro
parágrafo reescrito no quadro e pede que a aluna defina qual era o conteúdo desse parágrafo
e o compare com aquilo que será tratado no parágrafo seguinte.
A análise das ações realizadas pela professora, nesse processo de discussão sobre os critérios
para o estabelecimento dos parágrafos de um texto, torna visível sua capacidade em propor
questões aos alunos de modo a envolvê-los no processo de estudo e análise textual. A pro-
fessora propõe perguntas a indivíduos do grupo, incorpora a resposta dada na proposição
de uma nova pergunta a ser dirigida ao grupo ou a outro aluno. Solicita, ainda, justificativas para
as respostas dadas e orienta os alunos a fundamentar essas justificativas (do que falávamos no
primeiro parágrafo? De que vamos falar no segundo parágrafo?). O foco da conversa fica man-
tido, portanto, entre diversos turnos: mesmo quando esse parece ter sido abandonado, ele é
novamente retomado.
Ao final da transcrição apresentada, no turno 22, registra-se que os alunos falaram ao mesmo
tempo, produzindo uma confusão momentânea. A professora intervém: Espera aí. Todos vão
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falar. Mas levantem as mãos. Com essa intervenção a professora retoma uma norma esta-
belecida no grupo: não falar ao mesmo tempo e solicitar a vez de falar. Essa norma é
prontamente seguida por Edimar. Ao dar a vez de fala ao Edimar, a professora reafirma,
mais uma vez, a validade da norma.
O comentário feito por Edimar, no turno 27 (eu não posso colocar outra, porque fica parecendo
que o Totó é uma mulher) dirige a atenção dos participantes para um aspecto ainda não
abordado naquele dia: as conseqüências da seleção e do uso de certas palavras em um texto,
em função de certo contexto. A intervenção feita por Edimar oferece evidências de que esse
aluno estava participando ativamente da tarefa proposta pela professora e de que ele se
sentia seguro para manifestar suas idéias em classe.
O fato de o comentário de Edimar constituir-se de uma afirmativa (não posso usar...) e uma
justificativa (porque senão...) é indicativo de que esse aluno apropriou-se da forma de argu-
mentação que vinha sendo trabalhada pela professora. A presteza como a professora responde
ao comentário feito pelo aluno, propondo uma palavra alternativa (ah, então precisa ser uma
cachorrinha para não confundir) demonstra como essa interlocução obedece a critérios de obje-
tividade e relevância, dispensando a proposição de novas perguntas a esse aluno.
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A exploração desses diferentes usos da linguagem pela professora favorece o engajamento dos Reveja as capacidades
alunos na realização da atividade proposta. Resulta dessas ações coordenadas entre os que integram o eixo da
desenvolvimento das capacidades lingüísticas necessárias à produção textual. desta Coleção (quadro 4).
TIRA-TEIMA
19. Professora: Vamos lá, então! Agora nós vamos falar da companheira do Totó. Ele gan-
hou outra cachorrinha. Ele é quem?
v Quais foram as ações realizadas pela professora ao se dirigir aos alunos dessa maneira?
v Quais as conseqüências dessas ações para a condução dos trabalhos pelo grupo?
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Palavras finais
Este volume buscou consolidar a reflexão sobre o planejamento do ensino, iniciada no volume
4 e aprofundada no volume 6. Assim, os volumes 4, 6 e 7 configuram uma unidade temática
que deve ser considerada na organização do trabalho para as práticas de alfabetização e letra-
mento, pois oferecem direções conceituais e metodológicas para os temas e focos explorados ao
longo de toda a Coleção Instrumentos da Alfabetização.
Não houve pretensão e nem haveria a possibilidade de realizar uma análise abrangente e
exaustiva desses aspectos. Buscou-se, apenas, chamar a atenção para a centralidade dos
usos que o professor faz da linguagem em sala de aula e como esses usos são constitutivos
não só dos modos de aprender, mas também daquilo que se pode aprender em sala de aula.
As escolhas discursivas feitas pelo professor – do que falar, como falar, quando falar, para
quem falar – inscrevem possibilidades de aprendizagem que podem ser ou não exploradas
pelos alunos. Ao professor cabe enfrentar o desafio de descobrir caminhos – sempre mediados
pelos usos da linguagem – que favoreçam a compreensão e a construção conjunta dessas
possibilidades de aprendizagem.
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Sugestões de Leitura
ADAMS, M. J. et al. Consciência fonológica em crianças pequenas. Porto Alegre: Artmed, 2006.
BONALS, J. O trabalho em pequenos grupos na sala de aula. Porto Alegre: Artmed, 2003.
BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Educação em língua materna. São Paulo: Parábola, 2004.
CUNHA, Maria Isabel da. O bom professor e sua prática. Campinas: Papirus, 1989.
ELLIS, Susan; MILLS, Colin (eds.). Connecting, creating: new ideas in teaching writing.
Royston, UK: United Kingdon Erading Association. 2002.
FERREIRO, Emília et al. Relações de (In)dependência entre oralidade e escrita. Porto Alegre:
Artmed, 2003.
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Sugestões de Leitura
PEREIRA, Simone Farias. Produzindo autores: conexões entre interação e autoria na produção
de textos em sala de aula. Belo Horizonte: Faculdade de Educação /UFMG, 2003 (Dissertação
de Mestrado).
SILVA, Eugênia Cristina. Fatores que contribuem para o sucesso na alfabetização; o professor
alfabetizador bem sucedido: o que ele faz? Belo Horizonte: Faculdade de Educação da
UFMG, 2005 (Dissertação de Mestrado).
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