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INSTITUTO DE ECONOMIA
MONOGRAFIA DE BACHARELADO
MARÇO 2008
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE ECONOMIA
MONOGRAFIA DE BACHARELADO
__________________________________________
GREGOR ALMEIDA BRUCHER
Matrícula nº: 101100472
MARÇO 2008
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As opiniões expressas neste trabalho são de exclusiva responsabilidade do autor.
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RESUMO
A partir da triplicação do preço do barril do petróleo nos últimos quatro anos, este
trabalho apresenta a evolução e a atual disponibilidade das reservas mundiais de petróleo. A
temática do pico do petróleo tem por base os estudos de Hubbert, que foi pioneiro ao realizar
estudos técnicos da relação consumo x disponibilidade, não só do petróleo e de
hidrocarbonetos, mas de muitas outras fontes de energia finitas (carvão, gás natural, urânio
etc.).
Entre os argumentos dos autores pessimistas destacam-se a fraca qualidade dos dados
disponíveis; a dificuldade de previsão de novas descobertas; a dependência da oferta mundial
da produção de alguns reservatórios gigantes (giant fields); a não descoberta de poços de
grandes proporções; a irregularidade geográfica da distribuição das reservas; a atuação
politicamente orientada da OPEP; o ritmo de crescimento econômico e as demandas mundiais
atuais, incompatíveis com o crescimento da oferta.
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SÍMBOLOS, ABREVIATURAS, SIGLAS E CONVENÇÕES
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO.........................................................................................................................8
I. CAPÍTULO I – CARACTERÍSTICAS E PANORAMA DO MERCADO DE
PETRÓLEO ............................................................................................................................13
I.1. A origem do petróleo ................................................................................................13
I.2. Capacidade de Produção ...........................................................................................15
I.3. Petróleo convencional e não convencional ...............................................................17
I.4. Análise das reservas de petróleo ...............................................................................18
I.4.1. Distribuição por região .........................................................................................18
I.4.2. Evolução das reservas por região:.........................................................................19
I.4.3. Distribuição das Reservas OPEP e Não-OPEP.....................................................19
I.4.4. Empresas supermajors, majors e empresas estatais ..............................................20
I.5. O petróleo vai acabar? ..............................................................................................23
I.6. A escalada dos preços do petróleo a partir de 2002..................................................23
I.7. Fatores que afetam o mercado de petróleo ...............................................................24
I.8. Previsão de demanda segundo o International Energy Outlook 2006 ......................26
II. CAPÍTULO II – VISÃO PESSIMISTA EM RELAÇÃO AO PICO DO
PETRÓLEO ............................................................................................................................29
II.1. O Modelo de Hubbert ...............................................................................................30
II.2. Campbell ...................................................................................................................35
II.3. Laherrère ...................................................................................................................40
II.4. Simmons ...................................................................................................................43
II.5. Hirsch........................................................................................................................44
III. CAPÍTULO III – VISÃO OTIMISTA EM RELAÇÃO AO PICO DO
PETRÓLEO ............................................................................................................................48
III.1. Qualidade dos Dados e Erro Metodológico:.........................................................49
III.2. Análise Histórica do padrão de consumo de energia ............................................53
III.3. A Teoria Econômica baseada no Modelo de Hotelling ........................................54
III.4. Avanços Tecnológicos ..........................................................................................57
III.5. Ascensão do Gás Natural & Queda na Importância do Petróleo ..........................59
III.6. Dificuldade dos Investimentos & Comportamento Econômico do Upstream......60
CONCLUSÃO .........................................................................................................................65
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................68
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ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES, GRÁFICOS E TABELAS
Ilustração 1 – Cadeia de Suprimento da Indústria do Petróleo.................................................10
Ilustração 2 – Perfis de exaustão de Petróleo e Gás (cenário de 2005) ....................................36
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INTRODUÇÃO
“O transporte é como uma cola que une o mundo — por terra, mar e ar.”
Mohammed Barkindo
Um dos maiores fenômenos econômicos, sociais e culturais que vêm ocorrendo desde
o início do século XX e se intensificando no presente é a globalização. Esse movimento pode
ser compreendido de diversas maneiras, uma vez que se insere num amplo leque de aspectos
do mundo atual. Segue uma descrição apropriada, do vencedor do prêmio Nobel em economia
Joseph Stiglitz:
“Fundamentalmente, é a integração mais estreita dos países e dos povos que resultou da
enorme redução dos custos de transportes e de comunicação e a destruição de barreiras
artificiais à circulação transfronteiriça de mercadorias, serviços, capitais, conhecimentos e
(em menor escala) pessoas” (Stiglitz J. (2004))
O custo cada vez menor dos meios de transporte pode ser resultado dos constantes
avanços em toda cadeia de logística e em seus processos. Podemos também considerar outros
fatores que contribuem para o barateamento do transporte: equipamentos mais eficientes, o
uso de contêineres, guindastes mais modernos, navios maiores, motores mais econômicos,
estoques menores, etc.
Não iremos no entanto analisar fatores de ordem logística nem tampouco o processo
de globalização, mas a presente monografia aborda outro aspecto, talvez o mais significativo
no custo do transporte: o combustível. Esse custo está diretamente relacionado ao preço do
principal recurso utilizado para executá-lo – o petróleo. Nosso objetivo é analisar a
disponibilidade desse bem, considerando os dados disponíveis, os diversos argumentos de
importantes autores e as teorias existentes num ambiente em que ocorre um súbita e acelerada
alta no preço do petróleo.
O gráfico a seguir ilustra a recente escalada dos preços desde 2002. Verifica-se que o
preço do barril de petróleo subiu, de uma média de 20 US$, para preços além dos 80,00 US$,
havendo períodos no final de 2007, em que o barril Brent foi comercializado acima de US$
100,00. Esse fato foi o principal motivador deste trabalho já que trata-se de uma variação de
preço de 200% do bem mais imporatante no setor energético e, definitivamente, um dos bens
mais importantes hoje em dia, além de ser um dos fatores que viabilizou o fenômeno da
globalização.
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Gráfico 1 – Preços nominais do Barril tipo Brent (US$) 2002-2008
Preço do Barril tipo Brent (US$) 2002-2007
$100
$90
$80
$70
$60
$50
$40
$30
$20
$10
$0
janeiro-02
abril-02
julho-02
outubro-02
janeiro-03
abril-03
julho-03
outubro-03
janeiro-04
abril-04
julho-04
outubro-04
janeiro-05
abril-05
julho-05
outubro-05
janeiro-06
abril-06
julho-06
outubro-06
janeiro-07
abril-07
julho-07
outubro-07
janeiro-08
Fonte: EIA (2007)
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Estrutura industrial
Do poço até o consumidor, o petróleo e seus derivados percorrem uma longa trajetória.
A gasolina que move o automóvel, por exemplo, requereu a descoberta e identificação de
reservatórios comerciais de petróleo; o produto desses reservatórios necessita ser extraído e
transportado até uma refinaria para ser transformado em gasolina - apenas um dos múltiplos
derivados resultantes do processo - para então ser transportada, distribuída e disponibilizada,
em um determinado posto, ao consumidor final. Para garantir ininterruptamente o “singelo”
evento de encher o tanque é necessário um sistema industrial estruturado por diferentes
segmentos de atividades em cadeia, a saber:
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Os atributos técnico-econômicos que fundamentam a economia do petróleo levaram a
maioria das indústrias a integrarem verticalmente essas atividades de forma a distribuir os
riscos e os custos entre os vários segmentos da cadeia industrial e obter um risco e custo
médios que compensem os diferenciais de custo e aumentem os ganhos ao longo dos
segmentos da indústria. Atualmente observa-se que o upstream, por um lado, possui um risco
muito grande em decorrência de projetos de exploração fracassados devido à ausência de
petróleo. Por outro lado, o lucro nessa atividade é muito maior do que no downstream, que
possui menor risco e margem de lucro reduzida. Observa Alveal em “Fundamentos de
Economia do Petróleo”:
A princípio o petróleo em si não tem utilidade prática. Importantes são seus derivados
e subprodutos. No setor de transportes, por exemplo, necessita-se da gasolina, do diesel ou do
querosene (e não do petróleo). Ainda assim, mesmo que cada derivado tenha seu próprio
mercado e preço, todos dependem diretamente dos preços do petróleo e é ele o principal
indicador para os projetos de investimento.
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No segundo capítulo analisamos a dinâmica do mercado de petróleo, a influência da
OPEP e os fatores envolvidos na precificação da commodity, bem como a previsão da
demanda futura.
No capítulo III apresentamos o modelo de Hubbert que serve de base à maioria dos
argumentos dos autores “pessimistas” ou seja, aqueles que acreditam na necessidade de
intervenção imediata e prevêem conseqüências catastróficas decorrentes do pico do petróleo.
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I. CAPÍTULO I – CARACTERÍSTICAS E PANORAMA DO MERCADO
DE PETRÓLEO
Na medida em que vem se tornando um bem cada vez mais necessário, a busca por
petróleo aumentou, assim como a necessidade de se conhecer a quantidade existente bem
como a capacidade de produção (oferta de curto prazo).
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Tabela 1 – Conceito de Reservas, segundo a ANP
Recursos descobertos de gás natural e petróleo comercialmente
Reservas
recuperáveis a partir de uma determinada data
Reservas de petróleo e gás natural que podem ser recuperadas através de
Reservas
poços existentes e quando todos os equipamentos necessários à produção
Desenvolvidas
já se encontram instalados
Reservas de petróleo e gás natural que, com base na análise de dados
geológicos e de engenharia, se estima recuperar comercialmente de
Reservas reservatórios descobertos e avaliados, com elevado grau de certeza, e cuja
Provadas estimativa considere as condições econômicas vigentes, os métodos
operacionais usualmente viáveis e os regulamentos instituídos pelas
Reservas legislações petrolífera e tributária brasileiras
Totais Reservas de petróleo e gás natural cuja análise dos dados geológicos e de
Reservas
engenharia indica uma maior incerteza na sua recuperação quando
Prováveis
comparada com a estimativa de reservas provadas
Reservas de petróleo e gás natural cuja análise dos dados geológicos e de
Reservas
engenharia indica uma maior incerteza na sua recuperação quando
Possíveis
comparada com a estimativa de reservas prováveis.
Fonte: Glossário da ANP (2007)
Do inglês, Ultimate Recovery Rate (URR) – essa é a taxa que representa “quanto”
petróleo poderá ser produzido. Trata-se de uma estimativa subjetiva baseada, somente, nas
informações disponíveis. Alguns autores consideram o TRR , por se basear em dados físicos e
geológicos, como fixo; outros afirmam que a estimativa cresce em decorrência do aumento
do conhecimento, dos avanços tecnológicos e das mudanças na economia. Economistas
freqüentemente negam a validade do TRR uma vez que acreditam que a extração dos recursos
depende de mudanças econômicas imprevisíveis, além da evolução tecnológica.
Produção
Estimativa do total de petróleo produzido até uma determinada data
Cumulativa
TRR (Total
de Recursos Estimativa da Reservas
Recuperáveis produção futura Provadas Probabilidade superior a 90%
)= URR de campos
Reservas Reservas
(Ultimate conhecidos e
Descobertas Prováveis Probabilidade de pelo menos 50%
Recovery definidas através
Rate) de distribuição Reservas Probabilidade inferior a 50% (P10
probabilística Possíveis ou P20)
Recursos não
Estimativa da quantidade de reservas que não foram identificadas
Descobertos
Fonte: BP Statistical Review of World Energy (2006)
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necessária para a extração. Essas variáveis são os indicadores de custos das novas descobertas
e da extração do petróleo. Para calcular renda (ou receita) da atividade de E/P precisam ser
analisados e comparados, com os preços de curto e longo prazo.
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• Petróleo produzido a partir do xisto betuminoso encontrado em rochas (oil shale),
amplamente encontrado no estado americano do Colorado e
• Petróleo produzido a partir de areias betuminosas (ex: tar sands no Canadá).
Segundo essa definição verificamos que, para Campbell, o petróleo produzido offshore
no Brasil é considerado “não convencional”, por ser sua produção mais cara do que a do
petróleo do Oriente Médio, com custo menor que 5,00 US$ por barril. É difícil saber o custo
em diferentes regiões em razão da escassez de dados disponíveis nos países cujo petróleo é
propriedade/monopólio das empresas estatais. Como veremos mais adiante, o conceito de
petróleo convencional e não-convencional é um conceito dinãmico, sendo principalmente
função da tecnologia, dos custos de produção e do preço do petróleo.
Uma definição de origem mais econômica seria a de que, em geral, o petróleo não-
convencional é aquele produzido com um volume de recursos conhecidos mas cujo custo de
produção é muito alto. A medida que a tecnologia evolui, tornando-o competitivo, ele deixa
de ser não convencional e passa a ser convencional. Atualmente parte das reservas nas areias
betuminosas no Canadá já foi incorporadas às reservas como petróleo convencional, assim
como as reservas offshore do Brasil, Mar do Norte, Golfo do México e Nigéria.
Conforme o Gráfico 2, observa-se que mais da metade das reservas mundiais situam-
se em uma pequena área geográfica, no Oriente Médio,. O mesmo ocorre em outras áreas,
embora em proporções bem menores. No Brasil, a maior parte das reservas conhecidas está
nas bacias de Campos e Santos. Nos EUA, as maiores bacias estavam no Texas embora,
atualmente, a maior produção ser a dos reservatórios offshore do Golfo do México. Conclui-
se que os reservatórios tendem a estar aglomerados geograficamente.
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Gráfico 2 – Distribuição das Reservas por Região
3% 5%
10% 9% América do
Norte
América Latina
12%
Europa &
Eurásia
Oriente Médio
África
Ásia e Oceania
61%
O Gráfico 3 mostra a evolução das reservas mundiais de petróleo por região, exceto o
Oriente Médio. Contrariando previsões anteriores de escassez, observa-se que, desde 1980,
vem ocorrendo um crescimento global das reservas da ordem de 21% no período de 1980 a
2005. Só o Oriente Médio, saltou de reservas de 360 bilhões de barris para 740 bilhões de
barris. Podemos observar que no mesmo período, na América do Norte, que inclui os EUA,
México e Canadá, houve um declínio de 36%, sendo esta a única região que teve um
encolhimento das reservas.
160.00
140.00
120.00
100.00
80.00
60.00
40.00
20.00
0.00
20
E
ur
05
20
op
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00
ca
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19
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rá
80
La
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a
si
do
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e
a
Á
or
si
te
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Organization of the Petroleum Exporting Countries OPEP). Esta organização, foi fundada em
1960 no Iraque, e tem como membros os países do Oriente Médio, Argélia, Indonésia e a
Venezuela, entre outros. A OPEP procura associar a exportação do petróleo e o lucro obtido
a políticas de desenvolvimento socioeconômico em seus países.
1000
900
800
700
600
500
Não-OPEP
400
300
OPEP
200
100
0
OPEP
80
19
90
Não-OPEP
19
00
20
05
20
20 de 72
O movimento de F&A que ocorreu principalmente na década de 90 possibilitou as
empresas compradoras adquirir as reservas das empresas compradas, viabilizando um
aumento de suas reservas sem em nenhum momento ter investido na atividade de exploração.
O que ocorria de fato, dados os preços muito baixos do petróleo, é que as empresas grandes
decidiram que era muito mais fácil investir as quantias destinadas à exploração na aquisição
de novas empresas, aumentando indiretamente suas reservas. Tal fato também resultou em
subinvestimento na exploração de petróleo na década passada.
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Tabela 4 – Empresas Privadas e Estatais Detentoras das Maiores Reservas
Empresa País Reservas(bb) % estatal
Saudi Aramco Arábia Saudita 259,800 100
NIOC Irã 132,740 100
INOC Iraque 118,000 100
KPC Kuwait 99,000 100
PDVSA Venezuela 77,000 100
Adnoc Emirados Árabes 55,200 100
LibyaNOC Líbia 22,700 100
NNPC Nigéria 21,200 100
Pemex México 18,786 100
Lukoil Rússia 16,000 8
Gazprom Rússia 28,616 73
Exxon Mobil EUA 73,000 -
Yukos * Rússia 11,800 -
PetroChina China 18,300 90
Petrobras Brasil 12,300 32
Qatar Petroleum Quatar 11,000 100
Total França 11,000 -
Sonatrach Argélia 10,500 100
BP Reino Unido 10,300 -
Chevron EUA 5,626 -
*: atualmente controlada pelo governo russo
Fonte: PDVSA, ExxonMobil, Petrobras, Total, BP e Chevron: dados obtidos nos websites das empresas
em 2007. Para as outras empresas, dados obtidos na Petroleum Economist, de 2004.
Observa-se a que a maior parte das reservas situa-se no poder das empresas estatais. O
aumento recente nos preços do petróleo permite a associação de aumento do poder de
mercado, principalmente das estatais.
• Grande parte das reservas encontram-se nos países membros da OPEP, sendo que
cerca de 70% estão situadas no Oriente Médio. O crescimento da demanda
aumentará a dependência mundial da produção e exportação desses países.
• Os investimentos em aumentos de produção dependem muito dos planos e do
potencial das empresas estatais, notadamente nos países da OPEP. Como vimos
acima, somente uma pequena parte das reservas atuais pode ser explorada por
empresas privadas.
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I.5. O petróleo vai acabar?
"Meu pai andava de camelo. Eu dirijo um carro. Meu filho voa em um jato. Seu filho andará
de camelo." Provérbio Saudita
O que motivou o presente trabalho foi a recente disparada dos preços do petróleo e a
conseqüente influência na dinâmica da indústria e do mercado de petróleo e, ainda, a tentativa
de obter uma definição de quanto petróleo está ou poderá vir a se tornar disponível. Após
análise das opiniões de diversos autores que estudaram o assunto, há diversas indagações: O
petróleo vai acabar? Quando? Quais as conseqüências da escassez? Quais as opções
alternativas?
Essas são as principais indagações. É fato que existe uma quantidade finita de petróleo
no planeta. A questão mais importante é saber o QUANTO e tentar estabelecer o prazo de
duração das reservas.
Fatores cíclicos e de curto prazo não previstos convergiram de tal maneira que o
crescimento da demanda vem pressionando os preços. Contribuem para essa alta o
crescimento acelerado do PIB e o conseqüente aumento na demanda do produto. Outros
fatores são a depreciação do dólar, os preços da gasolina, as mudanças estruturais na indústria
do petróleo, as políticas da OPEP, a restrição na capacidade de produção e o estoque
existente, persistentemente baixo.
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• Corte de abastecimento do gás vindo da Rússia, afetando a oferta na Europa;
• Decalrações do presidente da Venezuela, Hugo Chavez, ameaçando as exportações
para os EUA.
Compras e vendas do ativo por especuladores também afetam o preço uma vez que
operadores financeiros ajustam o portfólio de seus investimentos levando em consideração,
também, as expectativas das condições de mercado futuro.
Nos EUA o crescimento econômico está ligado a níveis mais altos de consumo no
qual a demanda por gasolina é o componente principal. Tanto na China como nos EUA, o
crescimento do PIB e o aquecimento da atividade econômica em geral, resultaram em
aumentos na demanda por energia.
Existe porém, uma relação de feedback para diminuir esse efeito, que pode ser
definido de duas maneiras; na primeira hipótese, se os responsáveis pelas políticas financeiras
considerarem que os custos cada vez maiores com o petróleo irão acarretar uma inflação de
preços, decidirão provavelmente por adotar uma política monetária restritiva. Como
conseqüência, a economia seria freada para conter a inflação. Se os consumidores não podem
ou não querem reduzir o consumo de produtos derivados de petróleo diante da alta dos preços,
eles provavelmente reduzirão gastos com outros bens e serviços, freando a economia pelo
efeito substituição.
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Segundo o relatório da OPEP, os combustíveis renováveis e de menor emissão
contribuem positivamente para o mix energético dos países, embora sua participação marginal
deverá manter elevada a demanda pelos derivados de petróleo (OPEP, 2006b).
A demanda por petróleo também é afetada pelas políticas públicas dos países
consumidores. Impostos sobre combustíveis e tarifas energéticas, além de gerarem receitas
importantes e volumosas, são políticas para controlar a demanda, influir no meio ambiente
pela redução de emissões e garantir a segurança energética. Tais políticas são consideradas
voláteis e imprevisíveis e contribuem para incerteza de demanda futura. Cargas tributárias
maiores ou mesmo subsídios para outro tipo de combustível desestimulam o consumo de
derivados do petróleo na medida que favorecem o consumo de combustíveis alternativos.
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Tabela 5 – Consumo de Energia pro Grupo de Países 2003-2030 (Quatriliões de BTUs)
Variação Anual: 2003-2030
Região 2003 2010 2015 2020 2025 2030 (%)
OECD 234.3 268.1 289.9 281.6 294.5 308.8 1
América do Norte 118.3 131.4 139.9 148.4 157 166.2 1.3
Europa 78.9 84.4 87.2 88.7 91.3 94.5 0.7
Ásia 37.1 40.3 42.8 44.4 46.1 48 1
Não-OECD 186.4 263.6 283.5 331.6 371 412.8 3
Europa e Eurásia 48.5 56.5 62.8 68.7 74 79 1.8
Ásia 83.1 126.2 149.4 172.8 197.1 223.6 3.7
Oriente Médio 19.6 25 28.2 31.2 34.3 37.7 2.4
África 13.3 17.7 30.5 22.3 24.3 26.8 2.6
América do Sul e
Central 21.9 28.2 32.5 36.5 41.2 45.7 2.8
Total Mundial 420.7 608.7 683.4 613 686.4 721.8 2
Nota: Totais podem não ser somas devido a arredondamentos independentesrevisado até aqui.
Fontes: EIA - International Energy Outlook 2006; 2010-2030 System for the Analysis of Global Energy Markets
Estima-se que a demanda por petróleo cresça 47% de 2003 a 2030, de 80 mbd para
113 mbd, respectivamente, sendo que os países em desenvolvimento asiáticos (incluindo a
China e Índia) serão responsáveis por quase metade desse crescimento. Observa-se entretanto,
grande volatilidade nas previsões da própria EIA, uma vez que o relatório de 2005 previa que,
já em 2025, a demanda atingiria 119mbd, principalmente por causa do preço bem menor do
barril de petróleo em 2004.
140
120
100 Eletricidade
Transporte
80
Industrial
60 Comercial
Residencial
40
20
0
2003 2010 2015 2020 2025 2030
Fontes: EIA - International Energy Annual (2006); 2010-2030 System for the Analysis of Global Energy
Markets
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A produção de petróleo não convencional, por ser mais cara que a do petróleo
convencional, se torna viável toda vez que o preço do barril do petróleo suba a níveis mais
altos. Como pode ser observado no Gráfico 6, a seguir, partindo do princípio de que o preço
do barril continue acima de 60 US$, observa-se que a produção de petróleo não convencional
aumenta gradativamente.
70
60
50
OPEP
40
não-OPEP
30
Petróelo não-
20 convencional
10
0
1990 2003 2010 2015 2020 2025 2030
Fontes: EIA - International Energy Annual (2006); 2010-2030 System for the Analysis of Global Energy
Markets
Vale notar que segundo a EIA os recursos disponíveis não sofrerão escassez até 2030,
cabendo às circunstancias políticas, econômicas e ambientais o desenvolvimento da oferta e
demanda de petróleo. Flutuações no preço sempre ocorrerão a curto prazo; mas, segundo o
relatório, a longo prazo, as leis de mercado é que definirão a dinâmica da indústria mundial do
petróleo. Assim, a substituição do petróleo por combustíveis alternativos, como o próprio gás
natural, pode impôr um teto ao preço do petróleo. A preços mais altos, reservas marginais se
tornam economicamente viáveis assim como o petróleo não-convencional é adicionado às
reservas provadas. Avanços tecnológicos na exploração e produção devem contribuir para
evitar maiores aumentos no preço assim que essas reservas adicionais forem incorporadas às
já existentes.
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II. CAPÍTULO II – VISÃO PESSIMISTA EM RELAÇÃO AO PICO DO
PETRÓLEO
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A diversidade de visões e opiniões esta associada a falta de transparência que
caracteriza o mercado mundial de petroleo, principalmente no que diz respeito às informações
sobre reservas provadas onde as empresas estatais exploram os recursos petrolíferos.
Em artigo de 1956, o geólogo Marion King Hubbert afirmou que o petróleo se origina
de alterações químicas sofridas por sedimentos orgânicos ao longo de milhões de anos. Esse
material, inicialmente sólido, transforma-se em uma mistura líquida ou gasosa de
hidrocarbonetos que preenche os interstícios de uma camada rochosa. Esses hidrocarbonetos,
pelo fato de terem densidade inferior ao material orgânico original, estão submetidos a
considerável pressão por parte das rochas que os contêm. Ao se perfurar um poço, a pressão
nos poros da camada rochosa faz com que o petróleo aflore.
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Gráfico 8 – Curva Natural de Extração
O fenômeno ocorre não só em poços individuais, mas também, de uma forma geral,
nas jazidas de toda uma província petrolífera. A única – e crucial – diferença é que, em face
dos motivos econômicos utilizados para a otimização da produção de diversos poços, a
produção de uma província petrolífera pode ser representada por uma curva normal (Gráfico
9). Quando o poder de mercado da empresa proprietária da jazida for suficiente para controlar
a taxa de extração, pode ocorrer um patamar ao invés de um pico, ainda que não se observem
modificações nos períodos de crescimento e declínio.
Baseando-se nos perfis de extração acima expostos, Hubbert previu que a produção de
petróleo dos Estados Unidos atingiria seu pico em torno de 1970, seguindo-se um longo
período de declínio. A previsão revelou-se correta (o pico foi atingido em 1969) e pode ser
considerada como a origem mais sólida dos estudos a respeito da exaustão do petróleo. O
ponto em que a produção atinge o clímax foi denominado “Pico de Hubbert,” em sua
homenagem.
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as últimas jazidas a serem descobertas serão as de acesso mais difícil e dimensões
relativamente reduzidas.
Essa seqüência corresponde, aproximadamente, a uma curva normal, cujo ponto médio
seria ocupado pela jazida de maior porte da região. Tal perfil de descobertas não é apenas
hipotético, mas coincide com a produção observada em diversas regiões. Por outro lado, a
curva de produção também é aproximadamente normal desde que os produtores não
interrompam “artificialmente” o aumento da extração (hipótese pouco realista numa
conjuntura de crescimento do consumo).
Aprofundando o seu estudo, Hubbert observa que, até o século XIII, a humanidade,
dependia da energia solar para possibilitar a agricultura; utilizava-se da queima da madeira
das árvores; da energia animal que dependia da ração, além das energias eólica e fluvial. As
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grandes transformações nos modelos energético e econômico ocorreram a partir da descoberta
dos combustíveis fósseis e devido ao desenvolvimento de tecnologias que possibilitaram o
armazenamento em grandes quantidades de energia (carvão e petróleo).
Hubbert destaca a semelhança das curvas pois todas iniciam com pequena inclinação
seguida de um aumento. Chamou esse ponto de “ponto de inflexão”, que ocorreria por volta
de 1915 para o carvão (Gráfico 11) e em 1950 para o petróleo (Gráfico 12). O ponto de
inflexão significa a intensificação no uso do recurso.
33 de 72
simplesmente que na produção de qualquer bem finito, sua quantidade começa em zero e
volta ao zero após um período de produção máxima.
34 de 72
Gráfico 15 – Estimativa do Pico de Produção de Hubbert
É possível visualizar o formato de um sino (bell curve) com um pico que foi chamado
de “Pico de Hubbert”. Aqui o artigo é apresentado de forma resumida, mas é a partir dessas
informações que muitos autores, principalmente geólogos, consideram estar o pico da
produção mundial de petróleo próximo ou mesmo já ter ocorrido.
II.2. Campbell
35 de 72
(Campbell, C., 2002). Ou seja, a tecnologia possibilita a descoberta de novos campos que, por
serem pequenos, pouco contribuem para um aumento significativo das reservas.
Uma das maiores contribuições para chamar a atenção do pico do petróleo foi uma
estimativa técnica detalhada de produção de hidrocarbonetos que utilizou-se de dados
referentes à produção potencial futura, individual, dos países. Os resultados são somados para
refletir um cenário global. Além dos dados publicamente disponíveis, Campbell também
utilizou informações do banco de dados da IHS Energy. O resultado, amplamente usado e
divulgado em publicações e newsletters da Associação do Estudo do Pico do Petróleo (em
inglês Association for the Study of Peak Oil - ASPO) está representado na Ilustração 2.
Conclui-se que o pico de petróleo ocorrerá por volta de 2010, embora a ASPO afirme que
“com razoável confiança ocorrerá um pico de produção a qualquer momento entre hoje e
2015”(ASPO Austrália, 2005). Para entender o argumento de Campbell, olhando para as
curvas da ilustração e abstraindo a produção de gás natural, basta visualizar a grande área que
representa a produção de petróleo convencional (verde) constrastando com a participação
marginal e diminuta do petróleo não convencional: petróleo pesado (marrom), petróleo de
águas profundas (azul) e petróleo de regiões polares (branco).
Ilustração 2 – Perfis de exaustão de Petróleo e Gás (cenário de 2005)
36 de 72
Golfo Pérsico – sofre forte influência de fatores geopolíticos, o que distorce consideravel-
mente as projeções.
Estimativas de reservas tomam por base dados de fontes diversas. Empresas estatais e
privadas fazem suas previsões muitas vezes segundo suas próprias opiniões e objetivos , o
que as torna bastante subjetivas. Como nota Campbell, mesmo usando as técnicas mais
avançadas e de total objetividade, não é possível fazer uma previsão 100% correta:
37 de 72
Gráfico 16 – Reservas das Empresas Estatais vs. Empresas Privadas
1200000
1000000
800000
Estatais
600000
Privadas
400000
200000
0
Estatais Privadas
m bb
Fonte: elaboração própria a partir dos websites das 20 maiores empresas em reservas (dados de
2004)
Grande parte das reservas mundiais é propriedade das empresas estatais. Sua
divulgação sofre influência dos interesses governamentais que têm por objetivo, entre outros,
transmitir uma imagem positiva do governo e viabilizar a obtenção de empréstimos externos.
Essas estatais têm definições e motivações bastante “exclusivas” o que influi nos seus
relatórios. Pela sua natureza, estão acima das rígidas auditorias externas que atingem suas
congêneres particulares.
Outra razão dessa dificuldade é a indefinição do que seja petróleo convencional e não
convencional. O México exagerou quando incluiu em suas reservas um campo enorme,
embora de difícil produção (Bacia de Chicontepek).
38 de 72
Gráfico 17 – Reservas OPEP e não-OPEP
1400.0
1200.0
1000.0
800.0 OPEP
600.0 não-OPEP
400.0
200.0
0.0
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Fonte: BP Statistical Review of World Energy 2006 (Dados de 2005)
Observa-se na Tabela 8 que nos anos de 1989-1993 Irã, Iraque e Kuwait declararam
suas reservas inalteradas, o que é pouco provável, devendo-se subtrair do valor das reservas a
quantidade da produção daqueles anos. Segundo Campbell, nos últimos 20 anos as reservas
têm crescido constantemente, embora o autor ache inviável esse crescimento se manter nas
próximas décadas. Afirma, também, que 80% da produção atual ser de campos descobertos
antes de 1973, campos estes que já atingiram seu pico de produção.
39 de 72
Ele acredita, entretanto que, com preparação suficiente, isto é, com a utilização de
algum substituto ao petróleo, principalmente no setor de transporte, a economia mundial
poderá evitar o desastre.
II.3. Laherrère
Jean Laherrère utiliza outros tipos de estatísticas para reforçar a idéia original de
Hubbert. Utiliza taxas e dados do crescimento populacional, da substituição do uso de animais
como força motriz e de curvas de produção de óleo de baleia.
“[...] as estimativas são baseadas em valores correntes, e nunca são revisados pelo Oil and
Gas Journal ao passo que a World Oil compara os resultados com os do ano anterior. O
relatório estatístico da BP usa dados do OGJ e não os seus próprios dados para evitar
aborrecimentos com os membros da OPEP (eles fizeram isso no passado, mas foram
reprimidos e não querem fazer isso de novo!).”(Laherrère, J. (2004))
40 de 72
A obtenção do etanol a partir do milho, processo fortemente subsidiado pelo governo
americano, é considerada energia líquida negativa. Ouro pode ser extraído a 4000m de
profundidade mas a extração do carvão dessa profundidade é improdutiva, segundo Oil & Gas
Journal.
“Um dos parâmetros mais usados quando se estuda o futuro do petróleo é a razão R/P, isto
é, o resultado em anos das reservas restantes sobre a produção anual presente.
Freqüentemente se diz que o R/P do petróleo é de 40 anos sugerindo que exista petróleo
suficiente para os próximos 40 anos. Mas em primeiro lugar, assume-se que a produção
aumente e a característica física da produção não permite que o nível de produção seja
constante durante 40 anos e não exista nenhuma produção no ano seguinte. Para as
reservas provadas dos EUA, a razão R/P têm sido ao redor de 10 anos desde 1946, quando
as estatísticas começaram, o que mostra que esse parâmetro não tem significado nenhum.
Para as reservas provadas mundialmente a razão R/P está inalterada desde os primeiros
dados, mas considerando-se os dados técnicos situava-se em 120 anos em 1950 e após a
uma função linear desde os últimos 20 anos teríamos um resultado de reserva nula em 2035.
É claro que a razão mudará e o dado deve ser ignorado.”(Laherrère, J. (2004))
41 de 72
Segundo Laherrère, há que se ter dados objetivos do passado e criteriosos estudos
geológicos dos recursos disponíveis para uma previsão futura. A incerteza das reservas é
grande por causa da complexidade geológica e dos limitados tipos de mensuração (os poços
exploratórios e a sísmica somente revelam um percentual pequeno da área total do poço).
Apenas após o abandono do poço é que as reservas são conhecidas com precisão. Argumenta
que a publicação de dados sobre produção e reservas é um ato político por estar relacionado à
imagem que o autor pretende, sendo que o próprio autor escolhe o valor dentro dos limites da
grande margem de incerteza.
Em razão das implicações políticas, a qualidade dos dados é pouco relevante, assim
como a definição do produto. Não há interesse em modificar esses fatos em razão da e por
causa da confidencialidade e da competição. Enquanto os países membros da OPEP
persistirem em disputar suas cotas na produção da organização (enquanto houver capacidade
de produção ociosa) a qualidade dos dados não melhorará.
As descobertas nos EUA chegaram ao pico nos anos 30 e a produção atingiu o auge
em 1970. Já o pico das descobertas mundiais de petróleo deu-se nos anos 60, devendo o pico
de produção ocorrer na próxima década ou na seguinte. Este pode assumir a forma de um
platô se a recessão econômica contrair a demanda o que resulta em produção constante. Já
com relação à produção de gás, a estimativa de Laherrère é que o pico ocorra após o do
petróleo, ainda que restrições de oferta no mercado norte americano possam ocorrer em breve,
dada a queda na produção local e, ainda, o fato de insuficiente quantidade de GNL chegar ao
mercado dadas às restrições de navios e portos para transportar e receber esse combustível. Os
recursos disponíveis de gás natural podem ser inferiores àqueles reportados. Quanto ao
carvão, Laherrère afirma que a produção pode alcançar o pico muito antes do que o esperado.
Os combustíveis fósseis irão atingir seu pico de produção por volta do ano 2030,
embora a produção per capita, que tem se mantido constante nos últimos 25 anos, continue
constante e implicará na questão de como dividir essa energia limitada entre países pobres e
ricos. Uma política de energia e preços altos é a melhor solução para economizar energia e
evitar problemas futuros de demanda. Baseado nessa ocorrência, Laherrère condena as
sociedades de consumo muito alto que necessitarão modificar esse modelo urgentemente.
42 de 72
Para concluir, Laherrère afirma que, antes da escassez dos combustíveis fósseis,
provavelmente ocorrerá escassez de água, da pesca e de produtos agrícolas.
II.4. Simmons
Em seu trabalho “The Oil World: 1973 compared to 2000”, Simmons identifica pontos
em comum entre os anos de 1973 e 2000. Como empreendedor de uma empresa de análise de
investimentos no setor de energia, Simmons é mais enfático ao se deter na dinâmica do
mercado de curto prazo onde sua maior crítica fica por conta do limitado estoque de reserva
de petróleo. Mas, assim como Campbell e Laherrère, critica a quantidade e qualidade das
informações sobre petróleo, tanto quanto às reservas e, principalmente, quanto aos estoques e
previsões de demanda e oferta.
A realidade é que os campos muito grandes (super giant fields) estão em decadência e,
desde 1968, não ocorreu nenhuma descoberta. Ademais, poucos campos gigantes (giant
fields) foram encontrados após 1973 e estes estão em fase de declínio.
Simmons não entra nos detalhes da teoria de Hubbert e simplesmente avalia o fato de
que embora o esforço exploratório tenha crescido como nunca a partir de 1979, fase que ele
chamou de boom da perfuração (drilling boom), o volume de produção dos principais estados
americanos produtores caiu de 10.7 mbd em 1973 para 7.8 mbd em 1979 e apenas 4 mbd em
1999.
Com base na análise da demanda e na crítica aos preços muito baixos do petróleo,
Simmons demonstra que, desde 1973, o consumo de petróleo para gerar eletricidade e aquecer
43 de 72
residências caiu significativamente. Por outro lado, a frota de veículos quase dobrou, sendo
que os utilitários esportivos e picapes (light trucks), de alto consumo, são responsáveis pela
maior parte desse incremento e com isso contribuem para que a demanda de petróleo no setor
de transporte seja 50% maior em 2000 do que foi em 1973.
II.5. Hirsch
“É importante reconhecer que o pico do petróleo não significa escassez de petróleo. O pico
do petróleo é a capacidade máxima de produção o que tipicamente ocorre após metade do
óleo extraível num campo tenha sido produzido. O que é possível para uma escala mundial
vale para campos de petróleo individualmente porque a produção mundial é por definição a
soma do total de produção de todos os campos do mundo.” (Hirsch, R. (2005c) p. 3)
Hirsch afirma que todo campo de petróleo, após atingir o pico de produção, não volta
àqueles níveis, pois um campo de petróleo pode ter reservas estimadas grandes, mas se um
campo bem gerenciado passou do máximo de produção, as reservas restantes só podem ser
extraídas a taxas decrescentes. As vezes essas taxas decrescentes podem ser minimizadas e
mesmo mantidas mas o retorno para a produção de pico é impossível mesmo com constante
44 de 72
investimento na produção. Para ele, “esse fundamento freqüentemente não é aceito por
aqueles não familiarizados com a produção de petróleo”.
45 de 72
Em outro estudo, Hirsch analisou regiões onde o pico já ocorreu. Considerou a
produção da América do Norte, Grã-Bretanha, Noruega, Argentina, Colômbia e Egito que são
regiões certa ou muito provavelmente passaram do pico, que basicamente sofreram apenas
influências de ordem econômica e possuem dados críveis sobre a produção. Examinando o
histórico mostrou que em todos esses casos não era óbvio que a produção fosse chegar ao pico
um ano antes de ocorrer, isto é, os níveis de produção antes do pico não evidenciavam tal fato.
Na maioria dos casos os picos de produção foram engrenes, variando abruptamente e sem um
nível máximo plano, como muitos esperam. Finalmente, em alguns casos o declínio da
produção após o pico foi bem rápido.
Contrariando a suposição de Hubbert, verifica que a curva em forma de sino tem uma
ponta aguda, e “não se consegue vê-la chegar”. Nota que o fato de o pico ocorrer não ser um
problema energético, mas sim um problema de combustíveis líquidos, principalmente aqueles
usados no transporte e de difícil substituição nesse setor. Conclui:
Conclusão do capítulo
46 de 72
princípios geológicos e a negligência de países, instituições e políticos em se importar com
uma possível escassez repentina a nível global.
47 de 72
III. CAPÍTULO III – VISÃO OTIMISTA EM RELAÇÃO AO PICO DO
PETRÓLEO
Daniel Yergin, autor do premiado livro “The Prize: the Epic Conquest for Oil, Money
and Power” e diretor do grupo de consultores do mercado de energia Cambridge Energy
Research Associates (CERA), sustenta que não há razão de preocupação quanto à escassez
geológica do petróleo. O aumento na oferta de petróleo virá, tanto de países membros da
OPEP, como dos demais. Afirma que:
“Existem riscos em qualquer previsão. Nesse caso, os riscos não são geológicos ou de
escassez de recursos do tipo “abaixo do solo”. Eles são muito mais do tipo “sobre o solo” –
instabilidade política, conflitos, terrorismo e lentidão nas tomadas de decisão por parte do
governo nos países produtores de petróleo.” (Yergin, D., 2005)
48 de 72
Com relação à teoria de Hubbert e previsões pessimistas do pico do petróleo, no artigo
“How Much Oil Is Really Down There?” da CERA Yergin descreve que:
Para Yergin, o padrão nos ciclos de alta dos preços do petróleo é subestimar o impacto
da tecnologia como no ciclo atual quando a tecnologia é a chave. Reservas provadas não são,
necessariamente, um bom guia para o futuro. Apesar do otimismo causado pela oferta do
petróleo, os colaboradores da CERA estão cientes da gravidade do problema. Esser, em seu
discurso para o House of Representatives dos EUA em 2005, afirmou que:
”Esse é um assunto que precisa ser considerado seriamente. Afinal, o planeta possui
recursos finitos e o mundo está consumindo 30 bilhões de barris por ano. Mas a
compreensão da situação precisa ser esclarecida. Considerações chaves incluem tecnologia,
economia, timing, termos fiscais e regulatórios, e um entendimento completo de capacidades
de produção corrente e futura. “(Esser, R., 2005)
Yergin critica a qualidade dos dados sobre reservas provadas das empresas privadas. A
primeira crítica baseia-se na utilização de métodos arcaicos pela Comissão de Valores
Mobiliários dos EUA (Stock Exchange Comission – SEC) com o objetivo de provar a
quantidade de reservas. Seu argumento:
“O sistema atual exigido pela SEC para reportar “reservas provadas” se tornou antigo e a
informação que fornece aos investidores cada vez mais se afasta do montante de recursos de
muitas companhias.[…] As regras não reconhecem o vasto progresso tecnológico dos últimos
30 anos. “[…] (Yergin, D., 2006)
49 de 72
um sistema para reportar as reservas provadas com a base de recursos. A SEC, por sua vez,
baseou seu julgamento visando a proteger os investidores e, frente a complexidade da
definição, uma vez que reservatórios não podem ser auditados ou verificados, pediu ajuda à
Sociedade Americana de Engenheiros do Petróleo (Society of Petroleum Engineers – SPE).
As definições da SPE foram promulgadas em 1965. Apesar de três atualizações após essa
data, a SEC continua adotando a primeira definição, que considera o padrão tecnológico e
operacional dos anos 60 e 70. Finalmente, o objetivo da SEC em proteger os interesses dos
investidores acabou por levá-los à grande indecisão, devido ao conservadorismo das
estimativas da SPE.
“As regras atuais da SEC, que definem as reservas para investidores, são baseadas em
tecnologia utilizada há 30 anos e oferecem uma estimativa incompleta do potencial futuro. A
medida que as técnicas melhoram, a oferta de muitas regiões produtoras será muito maior do
que antecipado.”(SEC, 2000)
De fato, partindo do princípio da SEC de que “certeza razoável implica que, a medida
de que mais dados técnicos ficam disponíveis, uma revisão positiva, ou para cima, tem maior
probabilidade de ocorrer que uma revisão negativa, ou pra baixo.” Para provar a existência de
reservas perante a SEC é necessário algum tipo de teste que comprove sucesso na exploração
no reservatório. Dados sísmicos não são aceitos como prova de existência de reservas ou
continuidade de produção em áreas já exploradas. Enfim, a SEC enfatiza a existência de
algum teste concreto para avaliar a existência ou não de reservas. Em conseqüência, os
grandes avanços tecnológicos não foram incorporados à metodologia empregada, como
observa Yergin.
‘”Surpreendente como possa parecer, as regras correntes para reportar reservas – o que
pode ser chamado de “Sistema de 1978” – insistem essencialmente em tecnologias e
metodologias de 1970. Àquela época não existia a revolução digital, e a fronteira de
desenvolvimento offshore era de 600 pés de lâmina d’água, hoje são 12.000 pés”.(Yergin, D.,
2006)
“Uma parcela cada vez maior da oferta virá dos óleos não tradicionais – de águas
ultraprofundas, areias betuminosas, gás natural liqüefeito, gás convertido em liquido (GTLs),
carvão convertido em íquido etc. Ao passar do tempo, esses não tradicionais se tornarão
tradicionais. [...] Ao invés de um “pico”, devemos esperar um formato de “platô ondulado”,
daqui a 3 ou 4 décadas.” (Esser, R., 2005)
50 de 72
Outro autor otimista, Michael Lynch, baseia dois de seus argumentos na metodologia
empregada pelos pessimistas para a estimativa das reservas e do pico de produção. As
estimativas com modelo de Hubbert usam o TRR como um dado estático, embora para o autor
se trate de uma variável dinâmica. Lynch afirma que o TRR não se refere ao total dos recursos
– esse sim um montante fixo – mas sim à proporção do total desse montante em condições de
extração. Como essa variável com os avanços tecnológicos, há a tendência de aumentar a
proporção de campos que possam ser economicamente produtivos. Por outro lado, mudanças
de ordem não tecnológica - que reduzam custos - viabilizam a produção de campos menores,
mais profundos ou, ainda, dos campos menos produtivos.
Para Lynch o uso dessas curvas induz a um erro metodológico grave, porque “elas
comparam estimativas correntes do tamanho dos campos com descobertas feitas em diferentes
períodos. Isso é como comparar arbustos a árvores; naturalmente as árvores são maiores, mas
isso não significa que os arbustos sempre serão pequenos.” (Lynch, M., 2002).
51 de 72
Gráfico 20 – Revisões das Reservas Estimadas para Diferentes períodos no Mar do Norte
As revisões cada vez maiores levam Lynch a crer que o total das reservas recuperáveis
(TRR) não poder ser tratada como um valor fixo. O autor se opõe a diversos autores que
afirmam a estabilização das estimativas do TRR ser em torno de dois trilhões de barris,
sugerindo que a tecnologia tenha alcançado uma assíntota.
Entretanto, as análises das estimativas do TRR foram baseadas nas pesquisas dos anos
1970 e início dos anos 1980, o que induziu um um resultado falso de uma assíntota histórica.
Partindo do princípio de que a quantidade de petróleo recuperável depende da tecnologia e
que quase todas as estimativas do TRR dependem da tecnologia vigente (ao invés do
desenvolvimento tecnológico e seus impactos), estimativas feitas em um período deveriam ser
similares.
Para Lynch as estimativas do TRR se expandem com o tempo uma vez que a
estimativa em 1950 e 1960 era de 1 trilhão de barris ou menos; atualmente a estimativa é de
três trilhões de barris aproximadamente. Veja-se a estimativa da USGS que aumentou de 1,7
trilhões em 1984 para 3 trilhões em 2003. Até Campbell aumentou sua estimativa do período
1991/1997 em 150 bilhões de barris o que, segundo Lynch, representa mais do que o consumo
no período.
Peter Odell, o quarto autor otimista estudado nesse capítulo, critica, assim como
Campbell, a subjetividade utilizada nos diferentes estudos que, segundo o autor, causa
disparidades nas avaliações das reservas provadas conforme a Tabela 8:
52 de 72
Tabela 8 – Reservas Provadas segundo as 4 fontes mais utilizadas
Regiões Oil and World Petro United States
Gas Oil Consultants Geological
Journal Survey
Além disso, Odell discorda de Campbell quando dá sua opinião sobre a firma “Petro
Consultants,” da qual Campbell faz parte: “Os dados da Petroconsultants estão longe dos
dados publicados por outras agências por motivos desconhecidos, dada a natureza privada e
inacessível do estudo e portanto, da própria organização” (Odell, P., 1999).
Michael Duff: Kenneth Deffeyes, quando você acha que ocorrerá o pico do petróleo?
Michael Duff: Peter Odell, posso lhe perguntar o que você pensa sobre a previsão de Ken?
Peter Odell: Eu ouço o que ele fala mas não aceito o que ele quer dizer. Eu acho que
defender o pico de Hubbert em termos de ano está correto, mas a curva de declínio tem sido
bem menos íngreme do que sua previsão, porque o que ele não observou é que as reservas
crescem ao passar do tempo com a necessidade da demanda. Isso aconteceu nos EUA; a
tendência declinante não foi invertida, certamente, mas a necessidade da demanda tornou a
curva bem menos íngreme. E com certeza não está ocorrendo a níveis internacionais. A
Saudi Aramco na Arábia Saudita não tem apenas certeza que produzirá mais do que 10
milhões de barris por dia como está direcionada a essa meta, e mesmo 15 milhões tem sido
indicado como um potencial futuro para o maior país produtor de petróleo do mundo.
53 de 72
É interessante notar que Odell não nega a existência do pico de produção do petróleo.
Quando se refere ao pico ocorrido nos EUA em 1970, minimiza o fato de que a produção
caíra rapidamente uma vez que, através da redução no consumo e dos investimentos em
exploração, os EUA mantiveram um nível de produção bastante elevado.
54 de 72
visto em sua forma mais simples como um problema de maximização de lucro, valendo tanto
para um agente individual como para a sociedade como um todo. Como a sociedade maximiza
o lucro por todo o período de extração, o valor futuro do lucro precisa ser descontado a uma
taxa maior ou igual à taxa de juros.
Esse é o problema fundamental de toda a economia dos recursos finitos; foi proposta e
resolvida por Hotelling nesse artigo. A solução para o lucro máximo total é que é a
formulação, conhecida como a Regra de Hotelling, e prevê que o preço do bem a ser extraído
aumenta a uma taxa exponencial que iguala a taxa de juros. Isso significa que, no sentido
econômico, um recurso finito tem o mesmo valor que um título atrelado à taxa de juros. O
Gráfico 22 representa o comportamento dos preços de um recurso finito, conforme as curves
de demanda e oferta resultantes da constatação de Hotelling.
Observa-se que, a partir da trilha do preço, função da taxa de juros, e das restrições de
demanda e produção, este continuará crescente até que outra tecnologia ou um substituto para
o recurso seja economicamente viável, isto é, até o bem atingir o preço de interrupção
(backstop price). O recurso estará na parte plana da sua curva de extração, o preço no nível
máximo e a produção começará a cair. Nesse ponto o recurso é considerado economicamente
exausto, embora ainda existam quantidades disponíveis para extração. Assim, partindo do
princípio de que existe outra tecnologia que interrompa a produção a um preço
55 de 72
suficientemente alto, nenhum recurso pode ser totalmente extraído de forma economicamente
viável.
Tomando esse fato por base, podemos analisar mudanças de ordem econômica, como
um aumento da taxa de juros. Juros mais altos (Gráfico 23) levarão os investidores a vender o
recurso para aplicação a uma taxa alta de retorno o que resultará numa taxa de produção
maior e exaustão mais rápida. Graficamente, temos uma curva mais ingrime.
56 de 72
III.4. Avanços Tecnológicos
57 de 72
refinarias para serem processados), de combustíveis sintéticos como o combustível liquido do
carvão. Afirma o autor:
“O petróleo não convencional será cada vez mais responsável por uma fatia maior na
demanda do mercado mundial por petróleo ao mesmo tempo em que a participação do
petróleo convencional decline. Entre os mais atrativos dos petróleos não convencionais são
os de tipo pesado, as areias betuminosas e os combustíveis líquidos obtidos a partir do gás
natural e do carvão. Todas essas alternativas estão prontamente viáveis. Petróleo pesado e
as areias de betume são muito viscosos, parecidos com uma resina, dos quais a maioria se
encontra no Canadá e Venezuela. “(Hirsch, R.,2005d)
Hirsch cita ainda dois potenciais tipos de combustíveis não convencionais embora
ainda não comercialmente viáveis: o óleo obtido a partir de pedras (xisto betuminoso) e óleos
vegetais, originados de biomassa (etanol, biodiesel etc). Mas observa que a viabilidade desses
combustíveis depende de consideráveis investimentos em pesquisa e desenvolvimento.
O impacto tecnológico na expansão dos recursos pode ser observado numa variedade
de casos. Como exemplo, a produção em pequenos campos no Mar do Norte que é viabilizada
pela ampla rede de dutos (pipelines) de gás e petróleo, inexistentes nos anos 80. A produção
britânica em 1995 (2,7 mbd) , tinha 16% de seu volume (0.44 mbd) originado de poços que
foram descobertos antes de 1980 quando sua produção diária era de 1.66 mb, mas que se
tornaram viáveis apenas a partir de 1990 após a instalação da infra-estrutura para escoar a
58 de 72
produção. Nota-se que metade do aumento da produção nesse período se deu por causa dos
ganhos de eficiência.
Os avanços tecnológicos todavia são propriedade das majors privadas, mas a maioria
das reservas situam-se em países cujas empresas estatais monopolizam o setor de exploração.
Quando esses países permitem o investimento externo e a exploração privada, o risco político
influi consideravelmente na tomada de decisão das majors. Como nota Yergin, se as empresas
privadas tivessem como aplicar sua tecnologia em regiões monopolizadas por empresas
estatais, a oferta de petróleo poderia, em pouco tempo, aumentar sensivelmente. (Yergin,
2005).
Segundo Odell, a importância do carvão como fonte de energia irá cair rapidamente
nos próximos anos, sendo ultrapassada pelo gás natural que, até o final do século, deverá ser a
principal fonte de energia, ultrapassando, em 2040, o próprio petróleo que responderá, em
2100, por diminutos 28,8% da demanda por hidrocarbonetos. O gás natural provavelmente
ultrapassará o carvão como fonte global de energia até 2010 mersmo considerando a
utilização do gás natural como substituto ao petróleo aumentando. A expansão rápida da
produção em anos recentes reflete que as reservas provadas de gás natural mais que dobraram
desde 1980 e a expansão da Europa e outros mercados na demanda por gás natural desde o
início da década de 90. Assim, o gás natural entrou o século 21 com uma relação R/P de 62
anos.
Comparando a oferta de petróleo, gás e carvão, Odell explica que até em 2010 poderia
existir uma indústria de petróleo maior do que a do ano 2000. Até lá, entretanto, no contexto
das limitações do potencial do recurso e da competição intensificada de outras fontes de
energia, o petróleo contribuirá menos do que o carvão na oferta mundial de energia: ao
mesmo tempo que tenha sido há muito tempo ultrapassado pelo gás natural.
59 de 72
A concentração do petróleo em poucos países também irá diminuir à medida que a
utilização do petróleo não convencional aumentar sua participação no total, em razão de sua
menor utilização.
“Nesse contexto, ao mesmo tempo em que a importância geopolítica do petróleo continue nas
primeiras décadas do século 21, ele irá depois disso, ser meramente uma outra fonte de
energia de importância decrescente na participação energética mundial: e será cada vez mais
diversificada geograficamente do que nos dias atuais.”(Odell, P., 2003)
Observe-se que o autor salienta a escalada do gás natural como principal fonte de
energia e commodity energética, além dos benefícios na exploração do gás serem
compartilhados para ambos os combustíveis.
60 de 72
afirmação do chefe da gigante petrolífera saudita Saudi Aramco, na reportagem “Oil in
Troubled Waters”, da revista The Economist:
“Para onde o preço vai, ninguém sabe.[...] A chave é ter estabilidade para podermos planejar.
Os investimentos em petróleo levam um longo tempo até darem frutos”. (The Economist,
2005)
“De fato, a única coisa sensata que pode-se dizer sobre os preços do petróleo hoje é que eles
provavelmente não ficarão estáveis. Um ataque terrorista à infra-estrutura de petróleo saudita
poderá elevar o preço para 100US$; um crash no mercado financeiro pode empurrá-lo abaixo
dos 10US$.” (The Economist (2005)
61 de 72
Dados sobre atividade das plataformas e navios de perfuração atualizados
mensalmente pela empresa Baker Hughes, e relacionados aos preços do barril de petróleo tipo
Brent, se plotados em um gráfico mostram uma relação direta:
6000 100,00
90,00
5000
80,00
4000 70,00
60,00
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Fonte: elaboração própria a partir de dados da Baker Hughes de 2007 (Numero de plataformas) e BP 2006
(preços reais do barril tipo Brent)
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Gráfico 27 – Preço do Barril (Crude de NY)
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Conclusão do capítulo
A análise dos autores otimistas retoma o argumento da qualidade dos dados também
visto no Capítulo II embora interpretados de modo diverso. Mostramos também o argumento
da tendência histórica de crescimento da demanda por petróleo, que apesar das previsões de
crescimento mundial econômico acelerado prevê um comportamento de crescimento natural
da demanda por energia em torno de 2% ao ano.
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CONCLUSÃO
O resultado do estudo e pesquisa sobre a questão do pico de produção do petróleo é
reflexo direto das opiniões divergentes dos estudiosos e especialistas. Alguns temem um caos
global enquanto que outros acreditam numa transição progressiva.
Os autores que não vêem o pico de produção do petróleo como uma ameaça ao bem
estar mundial, baseiam-se no avanço tecnológico e no aumento da produção de tipos de
petróleo não convencionais. Afirmam que essas mudanças serão possíveis em razão do
aumento do preço do barril de petróleo, o que viabilizará maiores investimentos e favorecerá
o surgimento de concorrentes, atualmente, ainda economicamente inviáveis.
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usado como ferramenta de previsão se os dados disponíveis sobre as reservas fossem menos
subjetivos, conseqüentemente, mais confiáveis.
Atualmente, ainda existem fatores de ordem não econômica cada vez mais
importantes, como as exigências ambientais e o comprometimento com a redução das
emissões que resultam em queda na demanda por hidrocarbonetos, notademente o carvão e o
petróleo. Para muitos autores, inclusive, o pico do petróleo não é motivo de preocupação uma
vez que as pressões ambientais e climáticas resultarão em nencessidade de reduzir o consumo
de todos os hidrocarbonetos.
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na distribuição das reservas provadas, o poder de monopólio da OPEP aliado ao nacionalismo
de seus países membros e as mudanças repentinas na demanda por petróleo que tanto
isolados, mas especialmente atuando em conjunto e na mesma direção resultam em preços
extremamente voláteis na commodity mais importante do mundo.
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