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APLICAÇÃO DA ANÁLISE CUSTO-VOLUME-LUCRO (CVL) NOS PROJETOS DE

VIABILIDADE ECONÔMICA NAS EMPRESAS AGRÍCOLAS BRASILEIRAS, NAS


CULTURAS DE SOJA E MILHO. 1

William Silva de Almeida²

Frederico Mendes ³

Resumo

O objetivo do trabalho é aplicar a análise de Custo-Volume-Lucro (CVL) nos projetos de


viabilidade econômica das empresas agrícolas brasileiras. Para tal, foi desenvolvida uma
pesquisa aplicada, qualitativa, exploratória, descritiva com estudo de caso na fazenda Nossa
Sra. De Fátima, durante a pesquisa foram colhidos dados sobre o cultivo das lavouras de Soja
e Milho na região de Cristlina-GO, e confrontados com investimentos no mercado no mesmo
período, tomando como base a taxa SELIC. Não é objetivo deste trabalho estudar variável
ligada a fenômenos da natureza (chuvas, secas, geadas e enchentes). Entretanto, mesmo
desconsiderando essas variáveis é de grande valia a aplicação do CVL, nos projetos de
viabilidade econômica das empresas agrícolas brasileiras. Finalmente, conclui-se que a
utilização desta ferramenta é um grande mecanismo de análise dos projetos de viabilidade
econômica das empresas agrícolas brasileiras.

Palavras-chaves: Relação custo-volume-lucro. Empresas agrícolas. Viabilidade Econômica.

1. Trabalho desenvolvido no curso de graduação de Ciências Contábeis da Universidade Católica de


Brasília.
2. Bacharelando em Ciências Contábeis do 1º semestre de 2006 da UCB.
3. Professor MSc. Orientador
1. INTRODUÇÃO
A importância da utilização da análise custo-volume-lucro (CVL), é enfatizada por
Garrison e Norenn (2001. p.163)
Utilizando a ferramenta de análise de Custo-Volume-Lucro (CVL) pode-se obter
dados importantes para a tomada de decisões. As Informações extraídas desta
análise são: margem de contribuição, ponto de equilíbrio, margem de segurança e
grau de alavancagem financeira, é fundamental importância para o processo de
planejamento do lucro.
A viabilidade econômica de um projeto é o momento quando são apurados todos os
aspectos que podem contribuir para o sucesso ou não do mesmo. Sendo assim é de
fundamental importância ter todas as ferramentas necessárias para obter tal conclusão.
No desenvolvimento de projetos na atividade agrícola, deve-se levar em consideração,
a qualidade do solo, fenômenos da natureza (Chuvas, secas, geadas), reserva de contingência,
área a ser plantada, preço de venda. Todas estas variáveis são importantes, entretanto nesta
pesquisa tais variáveis não estarão relacionadas.
Com as exigências do mercado cada vez mais competitivo, torna-se imprescindível
que as empresas, independente de seu porte utilizem essas informações, para ter um
gerenciamento mais dinâmico.
O problema desta pesquisa pode ser sintetizado desta forma: Como a análise custo-
volume-lucro pode ser aplicada em um projeto de viabilidade econômica nas empresas
agrícolas brasileiras?
O objetivo principal deste trabalho é demonstrar a aplicação dos conceitos da análise
custo-volume-lucro, nos projetos de viabilidade econômica nas empresas agrícolas brasilerias.
Entretanto, será necessário cumprir os seguintes objetivos específicos:
Apresentar a base conceitual dos custos na área agrícola e da análise Custo-Volume-
Lucro (CVL);
Conceituar o que é Viabilidade Econômica
Demonstrar o funcionamento de empresas agrícolas;
Aplicar os conceitos da relação custo-volume-lucro em empresas agrícolas;
A classificação da pesquisa:
Do ponto de vista de sua natureza será uma pesquisa aplicada, pois objetiva gerar
conhecimentos para aplicação prática dirigida a solução de problemas específicos. Em relação
à abordagem do problema, considerar-se-á como sendo qualitativa, uma vez que o ambiente
natural é a fonte básica para coleta de dados. E, por ter como procedimento técnico o
levantamento bibliográfico, se apresentará do ponto de vista de seus objetivos, como uma
pesquisa exploratória e descritiva com estudo de caso. (SILVA, 2001)
O desenvolvimento do trabalho será por meio de estudo de caso, pesquisa
bibliográfica, materiais já publicados e que abordam o assunto, tais como, livros específicos,
revistas especializadas, Internet, publicações e artigos, pretende-se apurar o ponto de
equilíbrio econômico de uma empresa agrícola com duas lavouras: milho e soja. As variáveis
consideradas no cálculo serão estimadas pelas médias de períodos anteriores, informadas nas
entrevistas e dados fornecidos pela EMATER-DF. Deve-se enfatizar que tais estimativas
serão utilizadas desprezando o fator risco (chuvas, geadas, secas...), uma vez que não se
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pretende trabalhar o conceito de ponto de equilíbrio econômico como um modelo


probabilístico. Assim, espera-se que as previsões de preço, custo e produtividade se
concretizem.
Para o desenvolvimento deste trabalho serão adotados os procedimentos discriminados
abaixo:
Pesquisas bibliográficas.
Entrevista aos proprietários / gestores da fazenda e Instituições especializadas.
Coleta de Dados
Aplicação do CVL no desenvolvimento dos projetos de viabilidade econômica das
culturas da fazenda.

2. REFERÊNCIAL TEÓRICO
2.1 Custos
Segundo Martins (2003, p.25), “O custo é um gasto relativo ao bem ou serviço
utilizado na produção de outros bens ou serviços”.
Para Marion (1994), “Custo rural agrícola compreende todos os gastos feitos desde a
preparação da terra até o ponto da colheita.”
Classificação:
Custos Diretos: Marion (1996, p.61), “são os identificados com precisão no produto
acabado, através de um sistema e um método de medição, e cujo valor é relevante, como
horas de mão-de-obra, quilos de sementes ou rações; gastos com funcionamento e
manutenção de tratores”.
Custos Indiretos: Marion (1996, p.61), “são aqueles necessários à produção,
geralmente de mais de um produto, mas alocáveis arbitrariamente, através de um sistema de
rateio, estimativas e outros meios”.
Custo Fixo: Marion (1996, p. 61), “são aqueles que permanecem inalterados em
termos físicos e de valor, independente do volume de produção e dentro de um intervalo de
tempo relevante”.
Custo variável: Marion (1996, p. 61), “são aqueles que variam em proporção direta
com o volume de produção ou área de plantio”.

2.2 Relação custo-volume-lucro:


A estrutura de custos de uma organização tem efeito significativo sobre a sensibilidade
de seu lucro e as alterações do volume. (MAHER, 2001).
Segundo Denise (2003), é importante se manter um bom sistema de custos que reflita
a realidade, e dê condições ao agricultor de competir em uma economia globalizada.
O conceito de custo-volume-lucro (CVL), segundo Garrison e Noreen (2001, p.163).
[...] a análise de custo-volume-lucro (CVL) é uma das ferramentas mais eficientes de
que os administradores dispõem. Ela ajuda a entender a inter relação entre o custo, o
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volume e o lucro de uma organização, focalizando as interações entre os seguintes


elementos:
Preço dos produtos;
Volume ou nível de atividade;
Custo variável unitário;
Custo fixo total;
Mix dos produtos vendidos:
Uma vez que a análise de CVL ajuda os gerentes a compreender as inter-relações
entre custo, volume e lucro, ela é considerada um instrumento vital em muitas
decisões empresariais, como, por exemplo, quais produtos fabricar ou vender, qual
política de preços seguir, qual estratégia de mercado adotar e que tipo de instalações
produtivas adquirirem.
É de fundamental importância salientar o uso do mix de produção, em empresas que
possuem mais de um produto.
[...] a expressão mix de produtos significa a proporção à qual os produtos de uma
companhia são vendidos. Os gerentes tentam encontrar o composto, ou mix, que
proporciona a maior quantidade de lucro. A maioria das empresas tem diversos
produtos, muitas vezes com rentabilidades diferentes. Quando isso ocorre, os lucros,
em certa medida, dependerão do mix de vendas da companhia, sendo maiores se os
itens de grande margem, e não os de pequena margem, constituírem uma proporção
relativamente grande do total de vendas.

2.2.1 Equação do Lucro


Para Garrison e Noeen (2001), as formulas de CVL podem ser utilizadas para
determinar o volume necessário de vendas para atingir uma meta de lucro, a saber:
L = MC X Q – CF
Em que:
L = lucro operacional;
MC = margem de contribuição;
Q = quantidade produzida e vendida;
CF = custos fixos.

2.2.2 Margem de Contribuição:


Para Garrison e Norenn (2001, p.):
(...) a margem de contribuição é o que resta da receita de vendas após a dedução das
despesas variáveis. Assim, ela é o montante disponível para cobrir as despesas fixas
e, em seguida prover os lucros – a margem de contribuição é utilizada primeira para
cobrir as despesas fixas e, depois, o que sobra vai para os lucros. A margem de
contribuição como porcentagem das vendas denomina-se como margem de
contribuição percentual, e é calculada do seguinte modo:
Margem de Contribuiç ão
MC% = .
Vendas
Esta formulação ainda é detalhada pelo autor: MC = RT - (C + DV);
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Em que:
MC = Margem de Contribuição; ·.
RT = Receita Total;
CV = Custos Variáveis;
DV = Despesas variáveis;

2.2.3 Ponto de Equilíbrio Contábil


É o valor das vendas que permite a cobertura dos gastos totais (custos, despesas fixas e
despesas variáveis). Neste ponto, os gastos são iguais à receita total da empresa, ou seja, a
empresa não apresenta lucro nem prejuízo.
Normalmente são feitas as seguintes perguntas: - Quanto terei que faturar para
conseguir pagar os meus custos, despesas fixas e variáveis?- Qual a quantidade que terei que
produzir / vender para poder ter lucro? O ponto de equilíbrio é que vai definir e esclarecer
essas dúvidas. Tem-se duas formas de determinar o ponto de equilíbrio contábil:
Através do volume de vendas;
PEC = (DF + L) / MC ou
PEC = (DF/MC) X VT
PEC = Ponto de equilíbrio contábil VT = Vendas Totais
DF = Despesas Fixas MC = Margem de contribuição
L = Lucro desejado

2.2.4 Ponto de Equilíbrio Econômico


O Ponto de Equilíbrio Econômico (PEE) é o juro sobre o patrimônio da empresa. É um
percentual mínimo de retorno sobre o capital investido, somados aos custos e despesas fixas,
para então encontrar o equilíbrio.
Portanto, obtém-se o PEE quando a soma das margens de contribuição totalizarem os
custos fixos acrescidos do juro desejado sobre o capital. (MARTINS, 2001).
PEE = (CF+ L1) / MC ou
PEE = (DF+ L1 /MC) X VT
PEE = Ponto de Equilíbrio Econômico VT = Vendas Totais
DF = Despesas Fixas MC = Margem de contribuição
CO = Custo de Oportunidade L1 = Custo de Oportunidade levando-
se em consideração o capital investido

2.2.5 Margem de Segurança


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Margem de Segurança é o excesso das vendas orçadas (ou vendas reais) sobre o
volume de vendas no ponto de equilíbrio. Ela estabelece quanto às vendas podem cair antes
de começar a ocorrer prejuízo (GARRISON e NOREEN, 2001, p.171).
Margem de Segurança = Vendas Orçadas Totais - Vendas no ponto de Equilíbrio
Ou Produção Total - Produção no ponto de Equilíbrio

2.2.6 Retorno Sobre o Investimento (Return on Investment - ROI)


Segundo GITMAN (1997, p.123), “O retorno sobre o investimento da empresa, mede
a eficiência global da administração na geração de lucros com seus ativos disponíveis. Quanto
mais alta for essa taxa melhor.”.
Sendo assim o retorno sobre o investimento no projeto é dado por:
ROI = (Lucro líquido/ Ativo Total) * 100

2.3 VIABILIDADE ECONÔMICA


Buarque enfatiza sobre a relevância dos projetos de viabilidade econômica, que podem
ocorrer em dois sentidos:
[...] - o projeto como instrumento de planejamento microeconômico, de maneira
definir a otimização dos recursos necessários a uma determinada produção. – o
projeto como instrumento de análise e observação das conseqüências do uso de
determinados recursos, em relação aos objetivos macroeconômicos do plano de
desenvolvimento. BUARQUE (1984).
Os Custos de Oportunidade não constam nas demonstrações contábeis oficiais porque
não representam trocas de ativos, nem são resultados de transações realmente feitas, portanto
não suportados por documentos hábeis, representam simplesmente hipóteses, que servem para
o processo de tomada de decisões, pois representam vantagens perdidas, diante do
desembolso de valores para realização de tal investimento. LEONE (1997)
A realização do projeto, desde a idéia inicial até seu funcionamento como uma
unidade de produção, parte de um contínuo processo de tempo de sucessivas fases nas quais
deve combinar todas as considerações de caráter técnico, econômico e financeiro para se
diagnosticar sua viabilidade.
O projeto é um conjunto ordenado de antecedentes, pesquisas, suposições e
conclusões, que permitem avaliar a conveniência (ou não) de destinar fatores e recursos para o
estabelecimento de uma unidade de produção determinada. BUARQUE (1984).

2.4 ATIVIDADES AGRÍCOLAS


Existe a necessidade do aumento da eficiência de todos os setores da economia
globalizada para manter a competitividade. Para a agricultura, não poderia ser diferente. A
evolução da informática, tecnologias em geoprocessamento, sistemas de posicionamento
global e muitas outras tecnologias estão proporcionando à agricultura uma nova forma de se
enxergar a propriedade, deixando de ser uma somente, e sim várias propriedades dentro da
mesma, porém com características específicas. SÉRGIO (1995)
7

Esta mudança na forma de fazer agricultura está tornando cada vez mais o produtor
rural um empresário rural, por gerenciar sua linha de produção. O que tornam as propriedades
rurais não homogêneas, ou seja, serão tratadas conforme a sua necessidade, com foco na linha
de produção especifica.
MARION (1996, p. 43) “a agricultura é definida como a arte de cultivar a terra. Arte
essa decorrente da ação do homem sobre o processo produtivo à procura da satisfação de suas
necessidades básicas”.
O setor agrícola é classificado em dois tipos de culturas: temporárias e permanentes.
Temporárias – De acordo com CREPALDI (1993, p.56) “são consideradas culturas
temporárias aquelas sujeitas ao replantio após a colheita com um período de vida curto,
normalmente não superior a um ano”. Exemplo: soja, milho, arroz, entre outras. Dessa forma
as plantações com prazo inferior a um ano, passam a ser temporárias.
Também são consideradas temporárias aquelas que tenham vida inferior a três anos,
normalmente no máximo de dois anos, desde que produzam uma única colheita.
Permanentes - Segundo CREPALDI (1993, p.56), “são consideradas culturas
permanentes as que não estão sujeitas ao replantio após a colheita, com um período de vida
longo, normalmente em torno de três a quatro anos”. Exemplo: citricultura (laranja, limão),
café, entre outras.
CREPALDI (1993), ainda ressalta que devem ser encaradas como culturas
permanentes aquelas que permanecem vinculadas ao solo, têm um prazo de maturação e
produção superior a, pelo menos um ano, produzem mais de uma vez em sua vida útil
econômica, ou mesmo as que produzem uma única vez, mas têm prazo de maturação e
produção acima do razoável, normalmente acima de dois anos.

3. ESTUDO DE CASO
3.1 Apresentação da empresa e Culturas
A pesquisa foi desenvolvida na Fazenda Nossa Sra. De Fátima situada na BR 295 em
Cristalina – GO, tal empresa foi escolhida devido a facilidade de se obter os dados para
pesquisa.
O município de Cristalina-GO é o vigésimo quarto maior município brasileiro
produtor de grãos, sua produção representa 0,42% da produção brasileira no qual é composta
de duas culturas predominantes: soja e milho, sendo que estes grãos também são os mais
produzidos no Brasil. Por isso a escolha de se analisar estas culturas. (Instituto de Economia
Agrícola – SP)
Conforme Bonato e Bonato (1987),
A soja chegou ao Brasil em 1882, oriunda dos Estados Unidos. Gustavo Dutra foi
quem realizou os primeiros estudos avaliando as cultivares que aqui foram
introduzidas. No princípio, a soja era estudada como forrageira, não se dando valor à
extração de óleo vegetal e obtenção do farelo. Apenas em 1901, foi registrado o
primeiro plantio de soja no Brasil, feito por produtores no Rio Grande do Sul, onde
se encontrou uma situação climática propícia ao cultivo.
Segundo a Wikipédia (2006),
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O milho é uma planta da família Gramineae e da espécie Zea mays. Comumente, o


termo se refere à sua semente, um cereal de altas qualidades nutritivas. É
extensivamente utilizado como alimento humano ou ração animal. Acredita-se que
seja uma planta de origem americana, já que ali era cultivada desde o período pré-
colombiano e desconhecida pela maioria dos europeus até a chegada destes à
América. É um dos alimentos mais nutritivos que existem. Tem alto potencial
produtivo, e é bastante responsivo à tecnologia. Seu cultivo geralmente é
mecanizado, se beneficiando muito de técnicas modernas de plantio e colheita. A
produção mundial de milho chegou a 600 milhões de toneladas em 2004. O milho é
cultivado em diversas regiões do mundo. Os maiores produtores mundiais são os
Estados Unidos. No Brasil, que também é um grande produtor e exportador, São
Paulo e Paraná são os Estados líderes na sua produção. Atualmente somente cerca de
5% de produção brasileira se destina ao consumo humano e, mesmo assim, de
maneira indireta na composição de outros produtos. Isto se deve principalmente à
falta de informação sobre o milho e à ausência de uma maior divulgação de suas
qualidades nutricionais.
A área plantada de grãos no Brasil pode retroceder sete anos, devido ao clima adverso
e perda de competividade com a desvalorização do dólar. (Jornal Gazeta Mercantil de
03/04/2006 – Capa).
Grande parte da produção agrícola brasileira de grãos, principalmente a de soja é
voltada para o mercado externo, e com a valorização do real, o preço da saca tende a cair cada
vez mais, tamanha é a crise que nos últimos doze meses a saca caiu mais de 22% (Preço da
Soja), sendo necessário o governo intervir junto aos bancos credores, prorrogando o
vencimento de seus débitos na expectativa que o preço esteja mais competitivo para venda.
PREÇO DA SOJA
R$ /60 kg Soja
45

40
35

30
25

20
M ar Abr M ai Jun Jul A go Set Out No v Dez Jan Fev M ar
2005 2006

São P aulo (preço s pago s ao pro duto r)


Fonte: BACEN, Séries Temporais com adaptações.

3.2 Coleta de Dados


A empresa analisada cultiva 1500ha de soja e 150ha de milho, tais culturas
temporárias necessitam em média de seis meses para cultivo, apresentando uma produtividade
média 55 sacas/ha e 120 sacas/ha respectivamente, o preço de venda médio por saca é de
R$25,00 e R$13,40, os custos variáveis médio por saca com insumos (adubos, sementes,
agrotóxicos...) são de R$19,12/saca e R$9,41/saca, e com serviços(Adubação, colheita,
plantio...) são de R$5,58/saca e R$1,76/saca. (EMATER-DF e Gestores da Fazenda, Base
10/2005).
Os custos fixos estão subdivididos entre o salário do gerente da fazenda, as contas de
consumo (água, luz e telefone) e a depreciação do maquinário utilizado no cultivo, conforme
abaixo:
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CUSTOS FIXOS
CUSTOS FIXOS VALORES

Salário do Gerente da Fazenda: R$ 18.000,00 ao Semestre

Contas de Consumo: R$ 10.800,00 ao Semestre

Depreciação:
2 Tratores (Valor unitário de aquisição: R$ 5.000,00 semestre
R$ 50.000,00) índice de 10% a.a.

2 Plantadeiras (valor unitário de


R$ 8.000,00 semestre
aquisição: 80.000,00) índice de 10%
a.a.

Total do Custo Fixo ao Semestre R$ 41.800,00


Fonte: O Autor.

3.3 Análise
Considerando a taxa básica de juros a SELIC, o custo de oportunidade é de 16,5% a.a.,
ou seja, 7,93 ao semestre, o investimento a ser avaliado será somente os gastos com despesas
variáveis e custos fixos do período, pois neste estudo estamos avaliando qual é a melhor
alternativa para o proprietário da fazenda entre iniciar um novo cultivo, já tem todo o
maquinário necessário ou aplicar os recursos no mercado.
Com base nestas informações podemos calcular a margem de contribuição,
demonstração de resultado, mix de produção, ponto de equilíbrio contábil e econômico,
margem de segurança e o retorno sobre investimento (ROI).

a) Margem de contribuição – MC = RT -DV


MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO
Margem de Contribuição (R$)
Preço de Despesas
Lavoura Produtividade
Venda Variáveis
Total Hectáre Saca

Soja R$25,00 sc 55 sc/ha R$ 1.358,50 ha 24.750 17,00 0,30

Milho
R$13,40 sc 120 sc/ha R$ 1.340,40 ha 40.140 267,60 2,23

Fonte: O Autor.

b) Demonstração de Resultado
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DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO
Lavoura Soja Milho Total

Receitas R$ 2.062.500 R$ 241.200 R$ 2.303.700

Despesas Variáveis (R$ 2.037.750) (R$ 200.060) (R$ 2.237.810)

Margem de R$ 24.750 R$ 40.140 R$ 64.890


contribuição.

Custos Fixos (R$ 41.800)

Lucro Operacional R$ 24.750 R$ 40.140 R$ 23.090


Fonte: O Autor.

c) Mix de Produção
Como a fazenda produz em sua totalidade 1.750Ha de grãos, ou seja, 82.500sc de soja
e 18.000sc de milho pode se dizer que o mix de produção é:
MIX DE PRODUÇÃO

Mix de Produção Soja Milho Total

Percentual de sacas 82,09% 17,91% 100,00%


Fonte: O Autor.

Quando a empresa tem mais de um produto o ponto de equilíbrio é calculado


considerando a margem de contribuição ponderada.
MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO PONDERADA

Cultura Margem de Contribuição Mix de Produção Margem de Contribuição


Ponderada

Soja 0,30 82,09% 0,2462

Milho 2,23 17,91% 0,3993

Total 2,53 100% 0,6456


Fonte: O Autor.

d) Ponto de Equilíbrio Contábil e Econômico.


A premissa implícita na apuração do cálculo do ponto de equilíbrio com mais de um
produto é a manutenção da atual proporção de área plantada. Assim, este o ponto de equilíbrio
contábil é:
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PEC= CF+ L = 41.800 + 0 = 64.740 sacas


MC 0,6456
Ou seja, 53.145 sacas de soja (82,09%) e 11.595 sacas de milho (17,91%).
O ponto de equilíbrio econômico é dado pelo total investido nas culturas (custos fixos
e variáveis do período), o custo de oportunidade é de 7,93% ao período. Sendo assim o lucro
mínimo desejado é: Total investido 2.279.610 x 7,93% = 180.891
PEE = CF+ L1 = 41800 + 180.891 = 344.903 sacas
MC 0,6456
Ou seja, 283.131 sacas de soja (82,09%) e 61.772 sacas de milho (17,91%).
A grande maioria da produção é voltada para soja, pois, a margem de contribuição
anteriormente era bem mais atraente, e tinha-se uma demanda muita grande o que facilitava a
venda rápida, porem com a queda no preço da saca pode-se observar que a margem de
contribuição é muito insatisfatória levando em consideração a área plantada.
Mantendo-se o preço da soja e com a concentração da área plantada na cultura que tem
menor rentabilidade o agricultor não consegue atingir o ponto de equilíbrio econômico, pois
atualmente sua produção total esta (243%) menor do se exige, para se obter o lucro que
mínimo se aplicássemos a mesma importância no mercado.

e) Margem de Segurança:
MS = Receita Total – Receita no PEC = 2.303.700 – 1.483.998 = 819.702, ou seja, a
empresa tem uma margem de segurança de 36%.

f) Retorno Sobre Investimento (ROI)


Neste trabalho aplica-se o ROI, como uma ferramenta a mais para calcular a
viabilidade econômica do projeto.
ROI = Lucro Liquido / Investimento
23.090 / 2.279.610 = 0,01 ao semestre
Ou seja, um retorno de 1% sobre o investimento, muito abaixo do satisfatório perante
a taxa exigida do projeto.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

4.1 Apresentação dos resultados


A pesquisa discutiu a relevância da análise custo-volume-lucro nos projetos de
viabilidade econômica do setor agrícola. No caso analisado, a empresa apresenta uma área
plantada abaixo do ponto de equilíbrio econômico exigido, ou seja, obtém o lucro menor que
o custo de oportunidade do período.
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A análise do Custo-Volume-Lucro (CVL), permitiu perceber que o mix de produção


não está trazendo o melhor resultado que a empresa poderia alcançar, uma vez que com a
correta distribuição da produção pode-se ao menos melhorar a rentabilidade da fazenda.
Conforme visto no trabalho o milho tem maior margem de contribuição unitária por saca,
neste caso sugere-se então que sua área de cultivo seja revista de modo a majorar a sua área
de produção e conseqüentemente o lucro.
De acordo com as ferramentas utilizadas no desenvolvimento do trabalho, esta análise
pode ser aplicada em outras empresas da mesma região, ou que tenham culturas semelhantes,
afim de se diagnosticar a viabilidade econômica de suas culturas.
O objetivo geral do trabalho foi alcançado uma vez que foi demonstrada como a
análise custo-volume-lucro pode ser aplicada nos projetos de viabilidade econômica do setor
agrícola.

4.2 Recomendações para Trabalhos Futuros


Como sugestão de trabalhos futuros, pode-se considerar a variável risco na análise
custo-volume-lucro (CVL), ou seja, ressaltar que a produtividade e os preços utilizados
representam uma média, tais variáveis podem sofrer oscilações que impactam o lucro. Assim,
deve-se calcular o lucro considerando o risco inerente à produtividade da lavoura, isto é,
calcular através de modelos probabilísticos os riscos que as lavouras estão sujeitas devido aos
fenômenos da natureza.

5. BIBLIOGRAFIA

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<http://www.bacen.gov.br> acesso em 07 de mar de 2006.
BONATO, E.R.; BONATO, A.L.V. A soja no Brasil: História e estatitísca. Londrina:
EMBRAPA-CNPSO. 1987.
BUARQUE, Cristovam. Avaliação econômica de projetos : uma apresentação didática,
Rio de Janeiro, Campus 1984.
CREPALDI, Sílvio Aparecido. Contabilidade rural e uma abordagem decisórial. São
Paulo, Atlas, 1993.
DENISE, Otília Jesus Ribeiro, Adequação dos custos em empresas que explorem
atividade agrícola. Apresentado no VI Congresso Brasileiro de Custos Mar/2003.
EMATER – Empresa de Assistência Técnica e Extenção Rural do Distrito Federal, Núcleo de
agronegócio. [Mensagem Pessoal]. Mensagem recebida por e-mail
<agron@emater.df.gov.br> em 30 de mar de 2006.
GARRISON, Ray; H. ; NOREEN, Eric W. Contabilidade Gerencial. Rio de Janeiro: LTC,
2001.
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GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração finaceira. São Paulo: Harbra, 1997.


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<http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=4485> acesso em 30 de abr de 2006.
JORNAL GAZETA MERCANTIL, A área plantada de grãos no Brasil pode retroceder
sete anos. Edição de 03 de Abril de 2006, Reportagem de Capa.
LEONE, George S.G. Curso de Contabilidade de Custos, São Paulo, Atlas 1.997.
MAHER, Michael. Contabilidade de Custos, São Paulo, Atlas 2001
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