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Uma Arquitetura Centrada em Decisões:

Trazendo as Organizações para o Século XXI


Por Antonio Plais, 19 de abril de 2016

Em um artigo anterior discutimos o papel do Gerenciamento de Decisões na agilidade das


organizações e no desenvolvimento de uma capacidade de mudança crucial para sobreviver nestes
tempos de mudanças cada vez mais rápidas. Neste artigo vamos um pouco além, destacando uma
série de características das decisões que controlam o funcionamento diário das organizações, e como
elas impactam a disciplina e a prática da Arquitetura Corporativa.

Arquitetura Corporativa Tradicional: Centrada em Processos ou em Dados


Tradicionalmente, existem duas abordagens para a definição, desenho e modelagem da arquitetura
das organizações: centrada em processos e centrada em dados. Estas abordagens tradicionais
evoluíram a partir de um problema original, que se propunham a resolver, e no entendimento,
conhecimento e tecnologia disponíveis à época, e têm si mantido úteis ao longo dos anos, sendo
aplicadas de acordo com o modelo principal de negócios de cada organização.

Arquitetura Centrada em Processos


A abordagem de arquitetura centrada em processos remonta ao início do Século passado, a partir
dos estudos de Taylor e Fayol, aplicados com maestria por Henry Ford, que procuravam aplicar
princípios científicos a uma nova organização do trabalho possibilitada pela Revolução Industrial. O
conceito de “processo produtivo” ganha força, juntamente com a busca pelo aumento da sua
eficiência. O foco está na especialização das funções ao longo do processo, com definição, descrição e
controle de todas as atividades realizadas ao longo do processo. Tem origem nesta época a maioria
das teorias que aplicamos até hoje na melhoria de processos, como a eliminação de atividades que
não agregam valor, as métricas para aumento da produtividade, o sequenciamento pré-definido de
atividades definidas antecipadamente visando a redução da variabilidade.

Ao longo do Século XX, e mesmo nos últimos anos, a abordagem de arquitetura centrada em
processos evoluiu, com contribuição significativa da escola japonesa no pós-guerra, através da
metodologia Toyota de produção (Lean Manufacturing), e da incorporação de conceitos mais
avançados, como o valor para o cliente e as cadeias de valor, e a consideração pelo impacto do fator
humano/cultural na arquitetura dos processos e no sucesso de sua aplicação nas organizações. Hoje,
podemos afirmar que o gerenciamento, modelagem e melhoria de processos funcionam
razoavelmente bem, embora convivam com uma crítica persistente e constante: o engessamento das
operações e da estratégia das organizações.

Arquitetura Centrada em Dados


Nos anos 1980 iniciou-se um movimento na indústria de TI em direção a uma abordagem para a
arquitetura centrada em dados. Os volumes de dados coletados, processados e armazenados pelas
organizações começaram a crescer a taxas (então) elevadas, e estratégias, abordagens, metodologias
e ferramentas foram criadas para gerenciar este problema. O desenvolvimento e a posterior
predominância dos bancos de dados relacionais trouxe o foco para metodologias e técnicas
estruturadas de tratamento dos dados, ainda hoje largamente usadas nos sistemas corporativos. O
mantra desta abordagem é a definição precisa dos dados e informações utilizadas pelas empresas,

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sua estabilização, sanitização e disponibilização controlada, de acordo com uma visão de
“engenharia”, ou seja, com foco no controle rígido dos dados e informações.

Hoje, com o exponencial aumento da criação, armazenamento e tratamento de dados gerados por
sistemas, pessoas, comunicações, mídias sociais, Internet das Coisas, Big Data, e outras tantas fontes não
estruturadas, este foco no controle tem sido questionado, mas ainda é uma visão predominante para a
maioria dos sistemas aplicativos em funcionamento nas organizações. Estes dados desestruturados (e, de
certa forma, descontrolados) trouxeram, ainda, um novo desafio para as organizações: como relacionar e
selecionar quais dados e informações são relevantes para a organização?

Uma Arquitetura Centrada em Decisões


O ambiente de negócios, hoje, é muito diverso daquele em que as abordagens tradicionais para a
arquitetura corporativa foram desenvolvidas. Vivemos em uma sociedade onde a indústria do
conhecimento passa a superar a indústria de manufatura tradicional, e mesmo esta passa a depender
cada vez mais da informação para sobreviver e ter sucesso nos negócios. O mundo passa a ser mais
complexo, diverso, orientado para o conhecimento, com uma estrutura permanentemente
conectada e em rede.

Neste ambiente, a tomada de decisões, principalmente as operacionais, se torna muito mais


complexa, fragmentada, distribuída, e, cada vez mais, automatizada. Por todas as empresas, mais e
mais decisões são tomadas sem a interferência humana. Sites de compra na Internet, aplicativos de
relacionamento com o cliente, soluções de automação industrial, robôs (físicos e virtuais), aparelhos
eletrônicos e, até, veículos inteligentes, dependem fortemente das decisões embutidas do código dos
programas que os governam. Estas decisões expressem e tornam concreta a lógica de negócios da
organização. Elas são o novo problema e a nova fronteira que desafia a sobrevivência das empresas
do Século XXI.

Decisões são tomadas no contexto da empresa, levando em consideração diversos pontos de vista. A
estrutura da organização, sua estratégia e objetivos, sua cultura e grau de formalismo, são todos
pontos a serem levados em consideração. As decisões são os elementos da arquitetura que, ao final,
tornam concretas as opções estratégicas e táticas que a empresa decide seguir para sobreviver e ter
sucesso. Este é o objetivo de uma arquitetura centrada em decisões: alinhar os processos, eventos e
dados com as decisões, ajudando a empresa a navegar no ambiente da sociedade do conhecimento,
das mudanças constantes, do Big Data e da economia digital.
Fontes:

(1) Building the Modern Business Architecture, Decision by Decision, Gagan Saxena
(2) Seven Steps to Master Business Analysis, Barbara A. Carkenord
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organização.
Antonio Plais é proprietário da Centus Consultoria, e parceiro da Sapiens DECISION e da BiZZdesign para o
mercado brasileiro, possuindo mais de quarenta anos de experiência no desenvolvimento de sistemas,
®
gerência de TI, gerência de marketing e de produtos. Membro do IIBA , é professor de Análise de
Negócios, consultor e palestrante nas áreas de gerenciamento de decisões, arquitetura corporativa e
desenvolvimento de processos.

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