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Capítulo 2 Elementos de Sistema de Potência

O objetivo de um sistema de potência é gerar, transmitir e distribuir a


energia elétrica atendendo a determinados padrões de
disponibilidade, qualidade, confiabilidade, segurança e custos, com o
mínimo impacto ambiental e pessoal.

São vários os equipamentos que compõem um sistema de energia


elétrica. A Figura 2.1 apresenta um diagrama unifilar de um sistema
elétrico com representação dos principais componentes do sistema.

Figura 2.1 Sistema de Potência Simplificado

2.1 Geradores

A geração de energia elétrica em grandes blocos processa-se pela


ação de máquinas rotativas que acionadas mecanicamente por uma
máquina primária (turbina hidráulica, a vapor, ou a gás, ou máquina
de combustão interna) produzem através de campos de indução
eletromagnéticos, uma onda senoidal de tensão com freqüência fixa e
amplitude definida pela classe de tensão do gerador.

Os geradores síncronos trifásicos representam a máquina primária de


geração em um sistema de potência. A palavra síncrona significa que
o campo girante no entreferro tem a mesma velocidade angular que a
do rotor. A freqüência f da tensão induzida é diretamente proporcional
ao número de pólos e a velocidade de rotação do rotor. A freqüência
é determinada por:
2-2

p⋅n
f=
120 [Hz] (2.1)

em que ‘p’ é o número de pólos da máquina e ‘n’ o número de


rotações por minuto ou velocidade (síncrona) do rotor em rpm.

O circuito equivalente por fase de um gerador síncrono sob condição


de estado permanente é mostrado na figura abaixo.

Figura 2.2. Circuito Equivalente Por Fase de Gerador Síncrono.

As partes principais de uma máquina girante são rotor e estator. Em


uma máquina síncrona os enrolamentos de campo estão situados no
rotor e os enrolamentos de armadura no estator.

A corrente nos enrolamentos de campo é CC e produz um fluxo


magnético constante por pólo. A rotação do rotor com relação ao
estator causa a indução de tensão nos enrolamentos de armadura.

Os enrolamentos de armadura de um gerador trifásico podem ser


associados em estrela ou triângulo. A ligação ‘estrela’ é utilizada na
maioria dos geradores dos sistemas de energia elétrica. Geralmente,
o neutro é aterrado neste tipo de ligação sendo este aterramento feito
através de uma resistência ou reatância cuja finalidade é a de reduzir
a corrente de curto circuito.

Os geradores síncronos são construídos com dois tipos de rotores:


rotores de pólos salientes e rotores de pólos lisos ou simplesmente,
rotores cilíndricos. Os rotores de pólos salientes são em geral
acionados por turbinas hidráulicas de baixa velocidade (entre 50 e 300
rpm) a fim de extrair a máxima potência de uma queda d’água, e os
rotores cilíndricos são acionados por turbinas a vapor de alta
velocidade (até 3600 rpm).

Profa Ruth Leão Email: rleao@dee.ufc.br


2-3

Nas máquinas de pólos salientes porque o rotor está diretamente


ligado ao eixo da turbina e o valor de freqüência nominal é de 60Hz, é
necessário um grande número de pólos. Os rotores de baixa
velocidade possuem um grande diâmetro para prover o espaço
necessário aos pólos.

Os geradores síncronos de alta rotação são mais eficientes que seus


equivalentes de baixa rotação. Para gerar a freqüência desejada o
número de pólos não poderá ser inferior a dois e assim a velocidade
máxima fica determinada. Para 60Hz a velocidade máxima é de 3600
rpm. A alta velocidade de rotação produz uma alta força centrífuga, a
qual impõe um limite superior ao diâmetro do rotor. No caso de um
rotor girando a 3600 rpm, o limite elástico do aço impõe um diâmetro
máximo de 1,2m. Por outro lado, para construir um gerador de
1000MVA a 1500MVA o volume do rotor tem de ser grande. Para isso
os rotores de alta potência, alta velocidade são bastante longos.

A Tabela 2.1 apresenta os dados dos geradores da usina Xingo,


pertencente a CHESF.

Tabela 2.1. Dados do Gerador Síncrono da Usina Xingo-CHESF.


Gerador de Xingó
Tipo Síncrono Vertical.
Quantidade 6
Fabricante Siemens
Potência instalada de cada unidade 527.000 kW
Classe de isolamento rotor F
Classe de isolamento do estator F
Corrente nominal 16.679 A
Fator de potência 0,95
Freqüência 60 Hz
Tensão entre fases 18.000 V
Velocidade nominal 109,1 rpm
Número de pólos 66
.
Um controle automático de geração - CAG regula a velocidade e
potência de saída do gerador para garantir uma freqüência do sistema
constante sob condições normais de operação.

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2-4

Figura 2.3. Sistema de Controle da Geração.

O regulador de velocidade (GOV) controla a velocidade do gerador


para que seja mantida constante atuando sobre o registro para
controle do fluxo de entrada.

De acordo com a Figura 2.2 a equação do gerador síncrono operando


em estado permanente é dada para qualquer corrente de carga por:

E g = Vt + I a (R s + jX s ) (2.2)

Dependendo da impedância da carga, a corrente Ia em cada fase de


um gerador síncrono pode ser atrasada, em fase, ou adiantada da
tensão terminal Vt.

Considerando um gerador ligado a um barramento infinito em que Vt é


mantida constante, a magnitude da tensão gerada Eg é controlada
regulando a excitação do campo CC. À medida que a magnitude do
campo de excitação CC aumenta, a tensão gerada Eg e a potência
reativa de saída aumentam. Um limite na capacidade de potência
reativa de saída é alcançado quando a corrente de campo CC atinge
seu valor máximo permissível. Quando o gerador está suprindo
potência reativa ao sistema, o gerador está operando a um fator de
potência atrasado – o gerador vê o sistema como se fosse uma carga
indutiva. Se a magnitude da f.e.m. gerada excede a tensão terminal, o
gerador é dito estar operando no modo superexcitado.

À medida que o campo de excitação CC diminui, a magnitude da f.e.m


gerada diminui até igualar-se à tensão terminal. Sob estas
circunstâncias, o gerador é dito estar operando a uma excitação
normal e aproximadamente a um fator de potência unitário.

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Se a excitação de campo CC é diminuída ainda mais, o gerador


iniciará a absorver potência reativa do sistema. O gerador estará
operando com um fator de potência adiantado. Nestas circunstâncias,
a magnitude da f.e.m gerada é inferior à da tensão terminal, e o
gerador estará operando no modo subexcitado. A capacidade do
gerador em manter sincronismo sob estas condições é enfraquecida
dada que a corrente de excitação é pequena. Ainda, pode ocorrer um
sobreaquecimento do rotor quando operando a um fator de potência
adiantado. Portanto, a capacidade de produzir ou absorver reativos é
controlado pelo nível de excitação. Aumentando-se a excitação,
aumentam os reativos produzidos. Reduzindo-se a excitação,
diminuem os reativos produzidos e o gerador passará a absorver
reativo do sistema. Por convenção, os reativos supridos pelo gerador
recebem sinal positivo, ao passo que os reativos absorvidos recebem
sinal negativo.

As condições acima expostas podem ser representadas graficamente


na Figura 2.3.
Eg
Eg
Eg
Ia

V
Ia V Ia V

Figura 2.3. Gerador Síncrono conectado a Barramento Infinito Operando


Sobrexcitado, Normal e Subexcitado.

Tem-se, portanto, a seguinte regra de grande importância: Uma


máquina síncrona superexcitada (funcionando como motor ou como
gerador) produz potência reativa e age, sob o ponto de vista do
gerador, como se o sistema fosse uma carga indutiva, e sob o ponto
de vista da rede, o gerador é como um capacitor em paralelo. Uma
máquina subexcitada, ao contrário, consome potência reativa da rede
e, conseqüentemente, age sob o ponto de vista do gerador como se o
sistema fosse um capacitor, e sob o ponto de vista da rede, o gerador
é como uma bobina em paralelo.

Todos os equipamentos apresentam um limite de capacidade de


transporte de energia. Na determinação das limitações de potência de
um equipamento é necessário levar em conta tanto a produção de
potência em MW quanto a potência reativa em MVAr. Os geradores
possuem curvas de capabilidade que delimitam sua região de

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operação. A operação do gerador fora da área sombreada pode


provocar problemas de superaquecimento como mostra a abaixo.

Figura 2.4 (a) Curva de Capabilidade do Gerador: Região de Exportação de


Reativos – Sobre-excitado, e Região de Importação Reativos – Sub excitado.

Va2

XS

Figura 2.4 (b) Curva de Capabilidade do Gerador: Interseção das Curvas Limites
A-B e B-C.

A parte superior do eixo vertical na Figura 2.4(b) indica os MVAr


supridos ao sistema, enquanto a parte inferior indica os MVAr
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absorvidos pelo gerador. A curva da Figura 2.4(b) mostra três zonas


de aquecimento que afetam a capabilidade de geração do
equipamento. Entre os pontos:

A-B Curva de limite de campo indica a capacidade do gerador


quando a corrente de campo está a um valor máximo
permissível devido às limitações térmicas dos enrolamentos
de campo.
B-C Curva de limite de armadura – indica a máxima corrente de
armadura permitida devido às limitações térmicas dos
condutores de armadura; a geração é limitada pelo
aquecimento nos enrolamentos do estator.
C-D Curva de limite de estabilidade indica a máxima capacidade
de absorção de potência reativa do gerador quando operando
a fator de potência adiantado.

A determinação da curva de capabilidade mostrada na Figura 2.4 é


obtida para a condição simultânea de: (a) A-B operação sob tensão
terminal constante e corrente de campo (portanto Ef) em seu limite
térmico máximo; (b) B-C operação sob tensão terminal constante e
corrente de armadura no máximo valor permitido pela limitação
térmica. A segunda condição (b) corresponde a um valor constante de
potência aparente de saída dada por:

S = P 2 + Q 2 = Va I a (2.3)

Uma potência aparente constante corresponde a um círculo centrado


na origem de um plano PxQ, como o da Figura 2.4.a, cujo raio é Va.Ia.
Como Va é mantido constante e Ia é considerado em seu valor limite
térmico, tem-se que a curva B-C define o limite de operação da
máquina, além do qual resultaria em sobre-aquecimento do estator.

Consideração semelhante pode ser feita para a primeira condição (a)


de operação. Tem-se que:

P + jQ = Va I a (2.4)

Sob a consideração de R=0 tem-se que:

E g = Va + jX S I a (2.5)

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E g2 − Va2
I =
2
a
XS2

Da Equação 2.4 e 2.5 resulta:

2 2
⎛ Va2 ⎞ ⎛V E ⎞
P + ⎜⎜ Q +
2
⎟⎟ = ⎜⎜ a g ⎟⎟ (2.6)
⎝ XS ⎠ ⎝ XS ⎠

A Equação 2.6 corresponde a um círculo centrado em P=0 e


Q=-Va2/XS com raio igual a (VaEg)2/Xs2, e determina o limite de
aquecimento do enrolamento de campo na operação da máquina. É
comum especificar o valor nominal (potência aparente e fator de
potência) da máquina como sendo o ponto de interseção das curvas
limites de aquecimento de armadura e campo.

Se uma unidade opera além de sua capacidade especificada, o


excesso de calor no estator e no rotor fará com que o isolamento dos
enrolamentos se deteriore com rapidez. Isolamento exposto ao calor
intenso torna-se quebradiço, apresenta fissuras e pode eventualmente
transformar-se em material condutor.

2.2 Subestações

São pontos de junção de várias linhas de transmissão ou distribuição.


Com freqüência, constituem uma interface entre dois subsistemas.

à Subestação de geração: 14kV – 24kV para 138kV – 765kV


à Subestação de transmissão: 138kV–765kV para 23kV–138kV
à Subestação de distribuição: 23kV–138kV para 4.16kV–34.5kV
à Subestação de utilização: 4.16kV – 34.5kV para < 600V

As subestações possuem três funções básicas:


(a) Medição, supervisão, proteção, controle e comando, permitindo
manobrar partes do sistema, inserindo ou retirando-as de serviço
– parque de chaveamento.
(b) Elevar ou reduzir tensões do sistema, feito por meio de
transformadores – parque de transformação.
(c) Regular tensões do sistema através do emprego de
equipamentos de compensação tais como reatores, capacitores,
compensadores estáticos, etc. – parque de regulação.

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As SE são compostas por conjuntos de elementos, com funções


específicas no sistema elétrico, denominados vãos (bays) que
permitem a composição da subestação em módulos.

São vários os equipamentos existentes em uma subestação, tais


como:
− Barramentos
− Linhas e alimentadores
− Equipamentos de disjunção: disjuntores, chaves, religadores.
− Equipamentos de transformação: transformadores de potência,
transformadores de instrumentos – transformador de potencial e
de corrente, e transformador de serviço.
− Equipamentos de proteção: relés (primário, retaguarda e
auxiliar), pára-raios e malha de terra.
− Equipamentos de compensação: reatores e capacitores.

Em uma subestação cada equipamento é identificado por um código


que identifica o tipo de equipamento, faixa de tensão, e a posição
dentro da subestação.

A nomenclatura mais usual utilizada nos diagramas unifilares, em


geral é constituída de quatro dígitos XYZW.

Primeiro dígito X indica o tipo de equipamento:


0 Equipamento não manobrável (trafo, reator, linha, gerador, etc.)
1 Disjuntor
2 Religador
3 Chave seccionadora
7 Pára-raio
8 Transformador de potencial (TP)
9 Transformador de corrente (TC)

Segundo dígito Y indica faixas de tensão. Abaixo as faixas mais


usuais e as cores utilizadas nos diagramas unifilares.

1 13,8 kV, 16 kV, 18 kV Laranja


2 69 kV Verde
3 138 kV Preto
4 230 kV Azul
5 500 kV Vermelho

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O terceiro e quarto dígitos ZW indicam o tipo e a seqüência ou


posição do equipamento, podendo ainda ter um quinto ou sexto
dígitos separados por um traço (-).

EXEMPLOS: Ver diagrama unifilar da SE ULG


01G1 0: Gerador 1: 16kV G1: posição
do gerador 1
11G1 1: Disjuntor 1: 16kV G1: disjuntor
na posição
G1
31G1 3: Chave 1: 16kV G1: chave na
posição G1
71T1-A 7: Pára raio 1: 16kV T1: pára-raio A:
na posição T1 enrolamento
de T1
01T1 0: 1: 16kV T1: posição
Transformador do
transformador
1
05B2 0: Barramento 5: 500kV B2: barra 2
35T1-7C 3: Chave 5: 500kV T1: chave do 7: chave de
seccionadora trafo 05T1 aterramento
C: posição
da chave no
enrolamento
C do trafo
15T1 1: Disjuntor 5: 500kV T1: disjuntor
na posição do
transformador
1
15D1 1: Disjuntor 5: 500kV D1: disjuntor
na posição
centro

Obs.: no caso dos geradores, o valor da tensão de geração é


especificado no diagrama unifilar.

As SE distribuidoras, usualmente, são compostas pelos seguintes


vãos: entrada de linha (EL); saída de linha (SL); barramentos de alta e
média tensão (B2 e B1); vão de transformação (TR); banco de
capacitor ou vão de regulação (BC) e saída de alimentador (AL).

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Cada vão da subestação deve possuir dispositivos de proteção (relés)


e equipamento de disjunção com a finalidade de limitar os impactos
proporcionados por ocorrências no sistema elétrico tais como:
descargas atmosféricas, colisão, falhas de equipamentos, curtos-
circuitos, etc.
SL EL

Rsl Rel

D D
Barramento 69 kV B2

D
Rtr
LEGENDA:
LT – Linha de Transmissão
Rtr
TR EL – Vão de entrada de linha
BC SL – Vão de saída de linha
D Rtr
Transformador 69/13,8 kV B1 – Barramento média tensão
B2 – Barramento alta tensão
Rb D TR – Vão de transformador
Barramento 13.8 kV B1 BC – Vão de regulação
Ral Ral Ral Ral AL – Vão de alimentação
D – Disjuntor
D D D D

AL

Figura 2.5. Diagrama simplificado de uma subestação típica

Em uma subestação os serviços auxiliares são de grande importância


para a operação adequada e contínua da SE. Os serviços auxiliares
são do tipo:
ƒ Serviços Auxiliares de Corrente Alternada
¾ Fonte: Transformador de Serviços Auxiliares - 13.800/380-220 V
¾ Carga:
− Casa de Comando
− Iluminação/Tomada do Pátio
− Retificador etc.
ƒ Serviços Auxiliares de Corrente Contínua
¾ Fonte: Retificador/Carregador e Banco de Bateria - 125 Vcc.
¾ Cargas:
− Componentes do Sistema Digital (relés, etc.)
− Funcionais dos equipamentos;
− Motores dos equipamentos.
− Iluminação de emergência

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2-12

2.2.1 Sistema de Proteção

A função de um esquema de proteção em um sistema elétrico de


potência é detectar falta e isolar a área afetada no menor tempo
possível, de forma confiável e com mínima interrupção possível.

Objetivo de um Sistema de Proteção:


− Segurança pessoal;
− Isolar a parte afetada do restante do sistema;
− Manter a integridade dos equipamentos;
− Assegurar a continuidade de fornecimento.

Requisitos do sistema de Proteção – propriedades que descrevem as


características funcionais de um sistema de proteção:
− Seletividade – determina a coordenação da proteção
− Rapidez ou Velocidade
− Sensibilidade
− Segurança
− Confiabilidade

a) Seletividade: é a habilidade da proteção em discriminar e somente


desconectar do sistema a parte atingida pelo defeito. A seletividade
é a principal condição para assegurar ao consumidor um serviço
seguro e contínuo.
SL EL

D6 D5
F7 F6 B2

D4 F1 - R1 deve interromper a falta.


F5 F2 - D2 deve interromper a falta.
F3 - D3 deve interromper a falta.
TR F4 - D4 deve interromper a falta.
BC
F5 - D5 deve interromper a falta.
D3 D2
F3 F4 B1
F6 - D5 deve interromper a falta.
F7 - D6 deve interromper a falta.
R4 R3 R2 R1
F2 AL
F1

Figura 2.6. Esquema de Seletividade da Proteção

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Zona de Proteção da SL Zona de Proteção da EL

SL EL

D2 D1 Zona de Proteção do B2
B2

D3

Zona de Proteção do TR
TR
BC Zona de Proteção da B1
D9 D4
B1

D5 D6 D7 D8
Zona de Proteção do AL
AL1 AL2 AL3 AL4

Zona de Proteção do BC
Falta

Figura 2.7. Zonas da Proteção Principal.

TR

Zona de Proteção
R4 de Retaguarda (backup)

D4

R5 R6 R7 R8
Zona de Proteção
Principal do AL
D5 D6 D7 D8

AL1 AL2 AL3 AL4

Falta

Figura 2.8. Zonas de Proteção Principal e de Retaguarda.

b) Rapidez e Velocidade - capacidade de resposta dentro do menor


tempo possível de modo a garantir a estabilidade do sistema.

A rapidez ou velocidade na ocorrência de uma falta visa:


− Diminuir a extensão do dano ocorrido (proporcional a RI2t)

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− Auxiliar a manutenção da estabilidade do sistema;


− Assegurar a manutenção de condições normais de operação nas
partes não afetadas do sistema;
− Diminuir o tempo total de paralisação dos consumidores de
energia;
− Diminuir o tempo total de não liberação durante a verificação do
dano, etc.

c) Sensibilidade - capacidade de resposta dentro de uma faixa


esperada de ajuste, ou seja, é a capacidade da proteção responder
às anormalidades nas condições de operação, e aos curtos-
circuitos para os quais foi projetada.
I SC ,min
Fator de sensibilidade =
I pick −up
em que
Isc,min Valor de corrente de curto-circuito no extremo mais afastado
da falta
Ipp Valor mínimo da corrente de acionamento, especificada no
relé

A sensibilidade deve ser tal que a proteção perceba um curto-circuito


que ocorra na extremidade do circuito mesmo que o defeito seja de
pequena intensidade.

d) Confiabilidade - probabilidade de um componente, equipamento ou


sistema funcionar corretamente quando sua atuação for requerida.
É o grau de certeza de não omissão de disparo.

A confiabilidade tem dois aspectos:


i. o relé deve operar na presença de falta que está dentro
da zona de proteção;
ii. o relé não deve operar desnecessariamente para falta
fora da zona de proteção ou na ausência de falta no
sistema.
e) Segurança - é o grau de certeza de não haver operação
indesejada. Segurança é a probabilidade de uma função ser
executada quando desejada.

O sistema de proteção deve ser seguro, ou seja, em caso de defeito


ou condição anormal, a proteção nunca deve falhar ou realizar uma
operação falsa.

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2.2.1.1 Relés

Os relés são dispositivos projetados para sentir perturbações no


sistema elétrico e automaticamente executar ações de controle sobre
dispositivos de disjunção a fim de proteger pessoas e equipamentos.

125 Vcc +
Relé
-
SD
TP EA
+
125 Vcc
TC EA Bobina de
-
Abertura do
Disjuntor
FO - Fibra Ótica

Figura 2.9. Terminais de Entrada e Saída do Relé

Os relés de proteção atuam a partir da comparação dos dados


aquisitados do sistema elétrico com valores pré-ajustados no próprio
relé. Os relés recebem sinais de tensão e/ou sinais de corrente,
através de transformadores de instrumentos, compara com valores
pré-definidos e caso identifiquem a existência de alguma
anormalidade, ou seja, as grandezas adquiridas pelo relé na zona de
proteção sob a sua responsabilidade atingir valores acima ou abaixo
dos valores pré-definidos os relés enviam comandos de abertura para
o(s) disjuntor(es) e este isola a parte do sistema elétrico sob falta, do
restante do sistema.

Condições para atuação do relé:


− grandezas medidas ultrapassam os limites pré-definidos para
partida do relé, e
− tempo de duração da falta ultrapassa o valor de tempo pré-
definido no relé.

De acordo com o tempo de atuação os relés podem ser:


− instantâneos
− temporizados

Abaixo os códigos associados a algumas das funções de proteção:


50 Função de sobrecorrente instantânea de fase
51 Função de sobrecorrente temporizada de fase
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50N Função de sobrecorrente instantânea de neutro


51N Função de sobrecorrente temporizada de neutro
50/51NS Função de sobrecorrente neutro sensível
46 Função de seqüência negativa
67 Função de sobrecorrente direcional de fase
67N Função de sobrecorrente direcional de neutro
21 Função de proteção de distância
27 Função de subtensão
59 Função de sobretensão
79 Função de religamento
50BF Função de falha do disjuntor
51G Função de sobrecorrente de terra
87 Função de diferencial
61 Função de desequilíbrio de corrente

Em uma subestação de distribuição as proteções normalmente


encontradas nos vãos são:
a)Proteção de Entrada de Linha:
Sobre-corrente: 50/51, 50/51N, 67, 67N, 27, 59, medição e
oscilografia.

b) Proteção de Saída de Linha:


Sobre-corrente: 50/51, 50/51N, 46, 67, 67N, 79, 50BF, medição
e oscilografia.
Distância: 21, 50/51, 50/51N, 67, 67N, 79, 46, 50BF.

c) Proteção do Transformador:
Sobre-corrente - retaguarda: 50/51, 50/51N, 50BF, medição e
oscilografia.
Diferencial: 87, 50/51, 50/51N, 51G, 50BF, medição e
oscilografia.
Proteções intrínsecas do transformador: 63, 63A, 80, 49, 26, 71.

d) Proteção do Barramento de 15 kV:


Sobrecorrente: 50/51, 50/51N, 50BF, medição e oscilografia.

e) Proteção de Alimentadores:
Sobrecorrente: 50/51, 50/51N, 50/51NS, 46, 27, 79, 50BF,
medição e oscilografia.

f) Proteção de Banco de Capacitores:


Sobrecorrente + Desequilíbrio: 50/51, 50/51N, 50/51NS, 46, 27,
59, 50BF, 61.

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2-17

2.2.1.2 Disjuntores

Os disjuntores são empregados para interromper o fluxo de corrente


sob condições de operação normal e anormal do sistema,
promovendo a descontinuidade do circuito elétrico.

Valores de Placa:
à Corrente máxima em estado permanente
à Corrente máxima de interrupção
à Máxima tensão de linha
à Tempo de interrupção em ciclos: 3-8 ciclos em 60Hz

A Figura 2.10 ilustra o circuito de acionamento de um disjuntor. O relé


detecta a condição de anormalidade, usando para tanto o
transformador de corrente (transdutor). O relé é ligado ao secundário
do TC. O primário do TC conduz a corrente de linha da fase protegida.
Quando a corrente de linha excede um valor limite os contatos do relé
são fechados. Neste instante a bobina de abertura do disjuntor
(tripping coil), alimentada por uma fonte auxiliar, é energizada abrindo
os contatos principais do disjuntor.

Figura 2.10. Circuito de Acionamento de um Disjuntor

Durante a abertura dos contatos principais são necessários uma


rápida desionização e resfriamento do arco.

Tipos comuns de disjuntores:


à Disjuntores a óleo
à Disjuntores a ar comprimido
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2-18

à Disjuntores a vácuo
à Disjuntores a SF6 (hexafluoreto de enxofre)

Quando os contatos do disjuntor se abrem para interromper a


corrente, pode se desenvolver uma tensão elevada entre eles - tensão
de restabelecimento. Se a tensão de restabelecimento se formar com
muita rapidez pode haver a formação de arco e os contatos passam
novamente a conduzir. Chama-se a isto uma re-inserção que pode
acarretar danos ao disjuntor e mesmo a equipamentos localizados à
distância.

Figura 2.11. Chaveamento de Capacitores

Para o circuito da Figura 2.11, predominantemente capacitivo, a


corrente estará adiantada de 90o em relação à tensão da fonte VG. O
disjuntor interrompe a corrente no valor zero, quando as tensões VG e
VC se encontram em um valor máximo negativo. O capacitor, isolado
da fonte, retém sua carga, isto é, sua tensão permanece constante em
-1,0 p.u. durante algum tempo após a interrupção.

A tensão de restabelecimento que se forma através dos contatos


abertos é igual a:

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2-19

VD = VG - VC = 2,0 p.u. (2.7)

quando VG = 1,0 p.u. e VC = -1,0 p.u. (a tensão na fonte é alternada


porém a do capacitor é constante).

A tensão do disjuntor pode elevar-se a mais do que 2,0 p.u. devido ao


efeito Ferranti na extremidade aberta da linha de transmissão.

2.2.1.3 Religadores

A prática comum de uso de religadores automáticos pelas


concessionárias de energia elétrica tem reduzido a duração das
interrupções de patamares de 1h para menos de 1 min, acarretando
em benefícios para as concessionárias quanto aos valores de seus
indicadores de continuidade.

São equipamentos usados para interromper correntes de curto-


circuito. Como o nome sugere, um religador automaticamente religa
após a abertura, portanto restaurando a continuidade do circuito.
Portanto, os religadores possuem a propriedade de automaticamente
religar, seqüencialmente, um número de vezes, restaurando a
continuidade do circuito mediante faltas de natureza temporária.

Normalmente os religadores são projetados para ter uma seqüência


de religamento de até quatro operações abre-fecha e após isso uma
operação de abertura final bloqueará a seqüência.

Os religadores podem ser instalados quer em subestações de


distribuição ou em circuitos de distribuição, basicamente em circuitos
radiais. Cerca de 75% das faltas em redes aéreas são de natureza
temporária.

Ciclo de Operações:
• Instantâneo – opera em até 30 ciclos (≈0,5s aberto)

• Temporizado – com intervalos de 5s, 15s e 30s entre religamentos.

Seqüência ou ciclo de religamento: em geral até 4 vezes.

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2-20

tempo morto

Figura 2.12. Diagrama Unifilar de um Sistema de Distribuição


Filosofia de Proteção

Um arranjo comumente adotado pelas concessionárias de distribuição


de energia elétrica para alimentadores primários consiste na alocação
de religadores automáticos no alimentador principal, e fusíveis de
expulsão de ação retardada nos ramos laterais.
− Uma falta temporária será eliminada pelo religador, e o
suprimento será automaticamente restaurado.
− Uma falta permanente é eliminada pelo fusível de expulsão.

Ramal
Alimentador
Principal

Ramal
Defeituoso

Figura 2.13. Diagrama Unifilar de Alimentador

2.2.1.4 Chaves

As chaves são compostas de contatos móveis e contatos fixos, com


chifres nos terminais móveis e fixos. Quando os contatos são abertos
é estabelecido um arco elétrico entre os chifres. À medida que o
contato móvel se afasta, o arco se move para as extremidades do
chifre pela ação combinada do ar quente e do campo magnético. O
arco é alongado e enfraquecido. As chaves não interrompem

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2-21

correntes de carga, mas podem interromper correntes de excitação de


transformadores, pequenas correntes capacitivas de linhas sem
carga.

Figura 2.14. Arco Elétrico durante Abertura sem Carga de Chave Seccionadora na
SE Luiz Gonzaga (500kV)

A presença de arco elétrico durante a abertura da chave seccionadora


na subestação Luiz Gonzaga da CHESF é decorrente do efeito de
indução presente na subestação.

2.2.1.5 Chave com Fusível

São chaves com contatos fixos e móveis além de um elo fusível que
protege o circuito contra correntes de faltas.

A maioria dos fusíveis usados em sistemas de distribuição é do tipo


expulsão. Os fusíveis de expulsão são basicamente formados por
uma estrutura de suporte, o elo fusível, e um tubo para confinar o arco
elétrico. O elo fusível é diretamente aquecido pela passagem de
corrente sendo destruído quando a corrente excede um valor pré-
determinado. O interior do tubo é preenchido por uma fibra
desionizante. Na presença de uma falta, o elo fusível funde
produzindo um arco elétrico e gases desionizantes. Os gases ao
serem expelidos pelos terminais do tubo arrastam e expelem as
partículas que mantêm o arco. Desta forma, o arco é extinto no
momento em que o zero da corrente é alcançado.

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2-22

Fig.2.15 (a) Chave Fusível em Circuitos de Distribuição


(b) Chave com Fusível em SE

2.2.1.6 Chaves de Aterramento


São chaves de segurança que garantem que uma linha seja aterrada
durante operação de manutenção na linha. As chaves de aterramento
são operadas (abrir e fechar) somente quando a linha está
desenergizada.

2.2.2 Arranjos de Subestações

A denominação arranjo é usada para as formas de se conectarem


entre si as linhas, transformadores e cargas de uma subestação. São
vários os arranjos ou topologias de barramentos encontradas nas
subestações de transmissão, sub-transmissão e distribuição,
constituindo-se em configurações básicas:

– Barramento simples
– Barramento simples com disjuntor de junção ou barra seccionada
– Barramento em anel
– Barramento principal e de transferência
– Barramento de disjuntor e meio
– Barramento duplo

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2-23

Os barramentos são condutores reforçados, geralmente sólidos e de


impedância desprezível, que servem como centros comuns de coleta
e redistribuição de corrente.

– Barramento simples – é a configuração mais simples, mais fácil de


operar e menos onerosa, com um único disjuntor manobrando um
único circuito. Todos os circuitos se conectam a uma mesma barra.
Pode ser também a de menor confiabilidade, uma vez que uma falha
no barramento provocará a paralisação completa da subestação. A
designação de singelo se dá além de uma única barra, um único
disjuntor para cada circuito, i.é., disjuntor singelo.

Figura 2.16 (a) Configuração Barra Simples

Linha

Chave de
Aterramento Disjuntor
de Linha

Chave
Seccionadora

Figura 2.16 (b) Arranjo Alternativo de Barramento Singelo

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– Barramento simples com disjuntor de junção – consiste


essencialmente em secionar o barramento para evitar que uma falha
provoque a sua completa paralisação de forma a isolar apenas o
elemento com falha da subestação. Quando está sendo feita a
manutenção em um disjuntor o circuito fica desligado.

Disjuntor
de Linha

Chave de Disjuntor de
Aterramento Seccionamento

Figura 2.17. Configuração Barra Simples com Disjuntor de Interligação

– Barramento principal e de transferência – o barramento principal da


subestação é ligado a um barramento auxiliar através de um disjuntor
de transferência. O disjuntor de transferência substituirá então um
disjuntor de linha quando este último estiver desligado para fins de
manutenção.
Para energização do barramento de transferência, a seqüência de
chaveamento é tal que se fecham as chaves seccionadoras dos
circuitos juntos ao barramento de transferência juntamente com
aquelas do vão paralelo. Em seguida liga-se o disjuntor do vão
paralelo fazendo com que o barramento passe a ser energizado. Para
manutenção de qualquer dos disjuntores dos circuitos representados,
de chegada e saída, o caminho alternativo de proteção é através do
disjuntor do vão paralelo. Para desenergização do barramento
principal procede-se primeiramente a abertura dos disjuntores dos
circuitos e do vão paralelo para em seguida abrir as chaves
seccionadoras.

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Barramento de
Transferência

Vão Paralelo

Barramento
Principal

Figura 2.18. Configuração Barra Principal e de Transferência


– Barramento em anel – este esquema também seciona o
barramento, com exceção de que se precisa de menos um disjuntor,
se comparada com a configuração anterior. O custo é
aproximadamente o mesmo que a de barramento simples e é mais
confiável, embora sua operação seja mais complicada. Cada
equipamento (linha, alimentador, transformador) é alimentado por dois
disjuntores separados. Em caso de falha, somente o segmento em
que a falha ocorre ficara isolado. A desvantagem é que se um
disjuntor estiver desligado para fins de manutenção, o anel estará
aberto, e o restante do barramento e os disjuntores alternativos
deverão ser projetados para transportar toda a carga.

Figura 2.19. Configuração de Barramento em Anel

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– Barramento de disjuntor e meio – para SE de transmissão, a


configuração “disjuntor e meio” é a solução tradicional utilizada na
maioria dos países. Três disjuntores protegem dois circuitos (isto é,
existem 1 ½ disjuntores por circuito) em uma configuração com dois
barramento. Neste caso, como existem duas barras, a ocorrência de
uma falha em uma delas não provocará o desligamento de
equipamento, mas apenas retirará de operação a barra defeituosa.

Figura 2.20. Configuração Disjuntor e Meio


A vantagem deste esquema é que qualquer disjuntor ou qualquer uma
das duas barras pode ser colocado fora de operação sem interrupção
do fornecimento. Para uma melhor compreensão da configuração de
disjuntor e meio, imagine um circuito de entrada e um circuito de saída
em que duas barras estão presentes, à semelhança da configuração
apresentada a seguir – barramento duplo. A fim de garantir uma
confiabilidade maior para o sistema, seriam necessários quatro
disjuntores para dois circuitos com duas barras quando a configuração
disjuntor e ½ não for adotada.

Barramento
Principal

Barramento
Principal
Figura 2.21. Configuração de Barramento Duplo

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– Barramento duplo – cada circuito é protegido por dois disjuntores


separados. Isto significa que a operação de qualquer disjuntor não
afetará mais de um circuito.

Os dois últimos esquemas são mais confiáveis por envolverem dois


barramentos separados, em contrapartida aos custos envolvidos.

As denominadas subestações compactas utilizam gás isolante, em


geral, o SF6 (hexafluoreto de enxofre) em seus dispositivos de
manobra, conferido-as um elevado grau de compactação. Ex.
Subestação de Itaipu. O gás SF6 é um possível contribuidor para o
efeito estufa (23.000 vezes maior do que o CO2 em um período de
tempo de 100 anos) e de duração de 3.200 anos, o que contribui para
mudanças no clima. Reduzir a emissão de SF6 é significante para a
proteção climática.

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