Você está na página 1de 3

Mestre, são plácidas

À beira-rio,
Todas as horas
À beira-estrada,
Que nós perdemos,
Conforme calha,
Se no perdê-las,
Sempre no mesmo
Qual numa jarra,
Leve descanso
Nós pomos flores.
De estar vivendo.
Não há tristezas
Nem alegrias
Na nossa vida.
Assim saibamos,
Sábios incautos,
Não a viver,

Mas decorrê-la,
Tranquilos, plácidos,
Tendo as crianças
Por nossas mestras,
E os olhos cheios
De natureza...
Quando Ela Passa

Quando eu me sento à janela


P'los vidros qu'a neve embaça
Vejo a doce imagem d'elia
Quando passa... passa....
passa...

Lançou-me a mágoa seu véu:


Menos um ser n'este mundo
E mais um anjo no céu.

Quando eu me sento à janela


P'los vidros qu'a neve embaça
Julgo ver imagem dela
Que já não passa... não passa.
ANÁLISE

Tão ABSTRATA é a idéia do teu ser


Que me vem de te olhar, que, ao entreter
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista,
E nada fica em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente,
E a idéia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Sabendo que tu és, que, só por ter-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.

Você também pode gostar