Você está na página 1de 14
LA CONSTITUIGAO INTERSUBJETIVA DO ESPI{RITO QUE SE GUIA POR NORMAS. 1, Espaco PUBLICO E EsFERA PUBLICA Potftica. RA{ZES BIOGRAFICAS DE DOIS MOTIVOS DE PENSAMENTO. Foi-me encaminhado o pedido para transmitir, numa linguagem ‘compreensfvel a0 pliblico em geral, algo sobre o caminho trilhado_ r minha vida e sobre minhas experiéncias de vida que pudesse ser tido na conta de instrutivo. Confesso que tal pedido me coloca numa situago embaracosa. A exigéncia do Presidente Inamori, dirigida aos agraciados com o prémio, foi a seguinte: “Falem, por favor, sobre, vocés mesmos” — “Digam-nos_como conseguiram superar dificuldades, e que idéia serviu de orientaco nas encruzilhadas da “vida?” Convém lembrar, entretanto, que a vida dos fildsofos é, em geral, muito pobre em termos de eventos de grande repercussio. Ja que esses eventos transcorrem, por via de regra, em um plano geral. inicialmente, nas Por este motivo, eu peco licenga para deler ne TT ch inibigoes de uma esfera privada fazendo uma referéncia geralarelacso— entre o privado.e.o.puiblico. Para chegar a esse ponto, € itil uma distingdoe esfera piiblica. Em nossa sociedade, dominada pela midia, @ Publica serve, em primeiro lugar, como espago da auto-2P daqueles que se destacam na sociedade pozumarazc TF 7 ae * isibi finalidade das aparigdes em publico reside of de presenga nos Totoriedade. Astros e estrelas pagam por este ti ~ “asao entre a sua meios de comunicagdo de massa © peo dom ay, vada ¢ piblica. 14 a participagao em controyg oo A diescclorien Faure a finalidade. Aqui, emg elias, Sohre um fema substitu a auto-apresemiagag ped “pilico no configura um espago de ouvintes gare = ‘espago para falantes e destinatérios que se interrogain mugs “Gus tentam formularesposas,Tatasé de uma nee a ‘nao da concenttagio de olhares, He ime endime, a. Nesse cag? As esferas ptiblica e privada no se felagao de complementaridade,_ ram, *Sassumem uy Til tipo de objtividade pode explicar por 00 ni effin a Tlarmossobee ate Professores » Tomas deAquin = os limitamos a fomecer o§ dados biositcossumige es quando morreram, Atéepisedice Turbulentog na vida desses fildsofos passam para segunde Plano, abrindo es para sua obra. sso porque a vida dos fi \Gsofos nfo passui ners? Cancteristiea capa de transform Ja em uma lowe de sant ai { anim dees é,no melhor dos casos, um novo pene eee SACS. O que sad 88 dos tempos. De outro lado iVOs ~ que somos muito mais ~ fil6sofos “minha m ede mel Trante ad “atingiu t -Passei_p ‘uma libe a esfera. publica, entendida como espaco do trato comunicativo e_ “racional entre as pessoas, €0 tema que me persegue a vida toda. De ~fato, a triade constitufda pela esfera ptiblica, pelo discurso e pela raziio dominou minha vida politica e meu trabalho ) cientifico..Toda. A .ss4i0, no entanto, possui raizes na histéria de uma vida. No meu t y. parece q ue quatro experi ncias se destacam: (1) Apés 0 “pascimento € nos primeiros anos da infancia, passei pela experiéncia__ ~traumitica de intervengoes cirtirgicas. (2).0 curriculo de_muitos_ ~ filésofos revela certas experiéncias provocadas por_doengas. Apés. minha matricula na escola, lembro-me de dificuldades de comunicagao ede melindres em conseqiiéncia de minha del iéncia fisica. (3) Du-, “ante a adolescéncia fui marcado pela cesura do ano de 1945 que “aingiu toda minha geragao. (4) ) No decomrer minha. vida adulta. [passei por inquietagdes provocadas pelas-experiéncias politicas de_ uma liberalizaco periclitante e gradativa da sociedade alema do pés-_ “cuerra. Permitam-me, pois, elucidar certas suposig6es sobre eventuais ~Jigagdes entre teoria e histéria de vida. (1) Logo apé6s 0 parto, fui submetido a uma cirurgia, Apesar de suposig6es em contrario, eu nao creio que tal intervenco tenha abalado. definitivamente minha confianca no mundo ambiente. De qualquer forma, essa intervengao poderia ter despertado, também, o sentimento de dependéncia e o sentido para a relevancia do trato com outros_O_ fato é que, mais tarde, a natureza social do homem tornou-se um dos _ pontos de partida de minha TeTexoes Tosoficas. Existem muitas espécies de animais que vivem em sociedade. Inclusive 9s macacos, nossos parentes mais proximos, vivem em hordas € formas de socializacao familiais — desconhecendo, no entanto, os complexos sistemas de parentesco que somente 0 homo sapiens conseguiu inventar. O que caracteriza o homem nao sao as formas de convivéncia social ei geral. Para descobrirmos as caracteristicas especificas da ~ Sta natureza social temos de traduzir textualmente a famosa formulagzo de Aristételes, segundo a qual, o homem é um zoon politikén: ohomem um animal politico, isto é, um animal que vive num espago PuPlCe- Em uma formulagao mais precisa teriamos de afirmar: © ho 19

Você também pode gostar