4.

Sistemas Lineares
Engenharia Elétrica
Profa. Dra. Larissa Ferreira Marques

Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Cornélio Procópio, PR, Brasil

lmarques@utfpr.edu.br

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Introdução

Durante a temporada de exibição de um filme, foram vendidos 2000 bilhetes, com ar-
recadação de R$7600, 00. O preço do bilhete para adulto era R$5, 00 e, para criança,
R$3, 00.

Quantas crianças e quanto adultos assistiram ao filme nesse perı́odo?

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Uma equação linear é uma equação do tipo

a1 x1 + a2 x2 + . . . + an xn = b,

onde a1 , a2 , . . . , an são números reais chamados de coeficientes das incógnitas

x1 , x2 , . . . , xn e b é o termo independente.

Um conjunto de equações lineares da forma

 a x + a x + ... + a x = b1
11 1 12 2 1n n
 a21 x1 + a22 x2 + . . . + a2n xn =

b2
.. ..

 . .
am1 x1 + am2 x2 + . . . + amn xn = bm

é chamado de sistema linear com m equações e n incógnitas.

Uma solução de tal sistema é uma n-úpla (r1 , r2 , . . . , rn ) que satisfaz simultaneamente as
m equações.

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Notação matricial:
 a a12 ... a1n
  x   b1

11 1

 a21 a22 ... a2n  x2  b2

A= .  , X =  ..  , B =  .
  
. .. .. ..
. . ... . . .
am1 am2 ... amn xn bm

Portanto, AX = B, onde A é a matriz dos coeficientes, X é a matriz das incógnitas e B é

a matriz dos termos independentes.
A matriz A é chamada de matriz incompleta do sistema e
 a a12 ... a1n b1

11

 a21 a22 ... a2n b2

C = .

. .. .. .. 
. . ... . .
am1 am2 ... amn bm

é a matriz completa do sistema.

Se b1 = b2 = . . . = bm = 0, o sistema linear é chamado de homogêneo.
A n-upla (0, 0, . . . , 0) é sempre solução do sistema linear homogêneo e é chamada de
solução trivial. Quando existe uma outra solução para o sistema, ela é chamada de solução
não-trivial.

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Quanto à existência de soluções, exitem duas classes de sistema lineares:

1 impossı́veis ou incompatı́veis: não têm solução;

2 possı́veis ou compatı́veis: têm solução;

i determinado: única solução;
ii indeterminado: infinitas soluções.

Definição 1: Sistema normal

Um sistema é dito normal quando o número de equações (m) é igual ao número de incógnitas
(n) e o determinante da matriz incompleta A é não nulo, ou seja, m = n e det A 6= 0.

Consideremos um sistema linear normal com n equações e incógnitas. Temos que det A 6= 0
e, portanto, A é inversı́vel, isto é existe A−1 .

Já vimos que o sistema pode ser representado por AX = B. Logo, X = A−1 B.

Exemplo
(
x + 2y − 3z = 8
Resolver o sistema 3x − 2y + z = 0 .
2x + 4y − 5z = 14

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Regra de Cramer
Todo sistema linear normal tem uma única solução dada por

Di
xi = , i = 1, 2, . . . , n,
D

onde D é o determinante da matriz incompleta A e Di é o determinate da matriz obtida da matriz

incompleta A pela substituição da coluna i pela coluna dos termos independentes.

Exemplo
n
2x + y = 7
Determine a solução do sistema linear a seguir. .
2x − 3y = 3

Exercı́cio
(
x −y +z = 3
Resolva o sistema linear abaixo. 2x + y − z = 0 .
3x − y + 2z = 6

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Sistemas Escalonados

Consideremos o sistema linear S dado por

 a x + a x + ... + a x = b1
11 1 12 2 1n n
 a21 x1 + a22 x2 + . . . + a2n xn

= b2
S: .. ..

 . .
am1 x1 + am2 x2 + . . . + amn xn = bm

em que cada equação possui pelo menos um coeficiente não nulo.

Dizemos que S está na forma escalonada se o número de coeficientes não nulos, antes do primeiro
coeficiente não nulo, aumenta de equação para equação.

Exemplo
(
x − y + 2z = 1
2y + z = 0 .
2z = 5

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Consideremos dois tipos de sistemas escalonados:

1 número de equações = número de incógnitas: (m = n)

 a x + a12 x2 + ... + a1n xn = b1

11 1
a22 x2 + ... + a2n xn = b2


S: .. ..

 . = .
amn xn = bm

onde aii 6= 0, ∀i = 1, 2, . . . , n.

A matriz incompleta do sistema é

 a a12 ... a1n

11
0 a22 ... a2n
A= .
 .
. .. .. 
. . ... .
0 0 ... ann

Como det A = a11 a22 . . . ann 6= 0, temos, pelo teorema de Cramer, que S é possı́vel deter-
minado.
A solução do sistema S pode ser obtida através de substituição.

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Exemplo
(
x + 2y + 3z = 14
Resolva o sistema: 4y + 5z = 23 .
6z = 18

2 número de equações < número de incógnitas (m < n):

 a x + a x + ... + a x = b1
11 1 12 2 1n n
a2j xj + . . . + a2n xn = b2 (j ≥ 2)


S .. ..

 . = .
amr xr + . . . + amn xn = bm (r > j)

com m < n.

Exemplo
Note que o sistema linear a seguir é um sistema que apresenta duas equações e três incógnitas.
n
x + y + 2z = 0
.
5z = 1

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 Para resolver este tipo de sistema, podemos tomar as incógnitas que não aparecem no
começo de nenhuma das equações (chamadas variáveis livres) e transpô-las para o segundo
membro.

O novo sistema assim obtido pode ser visto como sendo um sistem contendo apenas as
incógnitas do primeiro membro das equações.

Nesse caso, atribuindo valores a cada uma das incógnitas do segundo membro, encontrare-
mos várias soluções para o sistema.

Nesse caso, o sistema é possı́vel e indeterminado. Chama-se grau de indeterminação o

número de variáveis livres do sistema, isto é, n − m.

Exemplo
n
x + 4y − z = 2
1 .
y +z = 0

n
x +y −z −t = 0
2 .
3z + 2t = 4

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Sistemas Equivalentes
Dizemos que dois sitemas lineares S1 e S2 são equivalentes quando possuem a mesma solução.

Exemplo
n n
x + 2y = 3 x + 2y = 3
S1 : , e S2 : .
2x + y = 1 −3y = −5

Como sistemas equivalentes têm a mesma solução, vamos transformar um sistema linear qualquer
num outro equivalente, mas na forma escalonada, pois são mais fáceis de serem resolvidos.

Teorema
Se substituı́rmos uma equação de um sistema linear S pela soma, membro a membro, dela com
uma outra, o novo sistema obtido, S 0 , será equivalente a S.

Exemplo
( (
2x + y + 3z = 4 2x + y + 3z = 4
S: x − y + 2z = 1 e S0 : 3x + 5z = 5 são equivalentes.
4x + y + z = 0 4x + y + z = 0

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Para escalonarmos um sistema, devemos seguir os passos:

1 Colocamos como primeira equação aquela em que o coeficiente da primeira incógnita seja
diferente de 0.

2 Anulamos o coeficiente da primeira incógnita de todas as equações (com exceção da pri-

meira), substituindo a i-ésima equação (i ≥ 2) pela soma da mesma com a primeira
multiplicada por um número conveniente.

3 Deixamos de lado a primeira equação e aplicamos o primeiro e segundo passos nas equações
restantes.

4 Deixamos de lado a primeira e segunda equações e aplicamos o primeiro e segundo passos

nas equações restantes, e assim por diante, até o sistema ficar escalonado.

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Exercı́cio
Escalone os sistemas:
(
x + 2y + z = 9
1 2x + y − z = 3 .
3x − y − 2z = −4
(
x + y − 3z + t = 1
2 3x + 3y + z + 2t = 0 ;
2x + y + z − 2t = 4
(
x + 4y = −8
3 3x − y = 15 .
10x − 12y = 7

Observações:
1 Se ao escalonarmos um sistema ocorrer uma equação do tipo 0x1 + 0x2 + . . . + 0xn = 0,
esta deverá ser abandonada do sistema.
2 Se ao escalonarmos um sistema ocorrer uma equação do tipo 0x1 + . . . + 0xn = b, b 6= 0,
o sistema será impossı́vel.

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Caracterı́stica de uma matriz

Dada a matriz A = (aij )m×n , dizemos que A é uma matriz escalonada ou que está na forma
escalonada se o número de zeros que precedem o primeiro elemento não nulo de uma linha
aumenta, linha por linha, até que restem eventualmente apenas linhas nulas.

Exemplo
!
1 2 9 5
A= 0 3 1 2 .
0 0 0 1

Dizemos que a matriz A0 é linha-equivalente à matriz A se A0 for obtida de A por meio de uma
seqüência de operações, chamadas operações elementares sobre linhas, que são:

1 troca de posição de duas linhas;

2 multiplicação de uma linha qualquer por um número k 6= 0;

3 substituição de uma linha pela soma desta com outra qualquer.

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Exemplo
!
1 3 −2 0
A= 4 3 1 1 .
3 0 0 3

Seja A uma matriz qualquer e A0 uma matriz escalonada, linha-equivalente a A. Chamamos de

caracterı́stica da matriz A, indicada por ρ(A), o número de linhas não nulas de A0 .

Do exemplo anterior, temos ρ(A) = 3.

Teorema (Rouché-Capelli)
Um sistema linear de m equações e n incógnitas admine solução se, e somente se, ρ(A) = ρ(C ),
onde A é a matriz incompleta e C a completa do sistema. Ainda,

1 se ρ(A) = ρ(C ) = n, a solução do sistema é única;

2 se ρ(A) = ρ(C ) < n, temos infinitas soluções.

3 Logo, se ρ(A) 6= ρ(C ), o sistema é impossı́vel.

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Exemplo
Utilizando o teorema de Rouché-Capelli, classifique os seguintes sistemas:

(
x +y = 2
1 x −y = 1 ;
x +y = −1
(
x − 2y + z = 5
2 3x − y − 2z = 3 ;
x −y −z = 0
(
2x − y − z = 2
3 −x + 3y − 2z = 4 .
x + 2y − 3z = 6

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Exercı́cio
(
−x + 2y + kz = 1
Dado o sistema kx + 4y − 4z = 2 , determine os valores de k para que este sistema
2x + y + z = −2k
seja
1 indeterminado;

2 impossı́vel.

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 Recomendação:

Faça uma revisão do conteúdo e resolva a 4a lista de

exercı́cios (não deixe acumular!).

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